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MATERIAIS
CIÊNCIAS DOS
MATERIAIS
Marília/SP
2023
Diretor Geral | Valdir Carrenho Junior
“
A Faculdade Católica Paulista tem por missão exercer uma
ação integrada de suas atividades educacionais, visando à
geração, sistematização e disseminação do conhecimento,
para formar profissionais empreendedores que promovam
a transformação e o desenvolvimento social, econômico e
cultural da comunidade em que está inserida.
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salvo quando indicada a referência, sendo de inteira responsabilidade da autoria a
emissão de conceitos.
CIÊNCIAS DOS MATERIAIS
PROF. FRANCIS EUZÉBIO PEREIRA
SUMÁRIO
CAPÍTULO 01 INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS 08
MATERIAIS E SEU TETRAEDRO
INTRODUÇÃO
Olá meus queridos alunos, sejam muito bem-vindos a essa disciplina, que é uma
paixão na minha vida, assunto que gosto muito e tive a oportunidade de trabalhar
por vários anos nas indústrias em todo país e no mundo. A Ciência e Engenharia de
Materiais é uma das principais engenharias de construção que temos no mundo hoje, e,
que possibilitou diversos crescimentos em muitas áreas diferentes. Para começarmos,
vamos entender as definições, as quais, e todo o livro, será baseado num dos mais
respeitados e reconhecidos autores internacionais, o prof. William Callister Júnior e
seus colaboradores.
Podemos definir a Ciência dos Materiais como a investigação entre a composição e
a estrutura para obtenção das propriedades desejadas. Já a Engenharia dos Materiais
é responsável por projetar, desenvolver, aperfeiçoar as técnicas de processamento e
fabricação, com base nas relações composição/estrutura e propriedades, e, de uma
forma bem sucinta, realiza a adequação ao uso, às necessidades humanas.
Então, meus queridos alunos, esse livro foi dividido em capítulos, baseado na
proposta pedagógica da Faculdade Católica Paulista. Vamos entender os objetivos e
conteúdo de cada um.
No Capítulo 1, conversaremos sobre a Introdução à Ciência e Engenharia e Materiais
e o Tetraedro dos Materiais. Iniciamos falando um pouco da história e fechamos o
capítulo falando do Tetraedro de Callister et al, cujo objetivo é entendermos a forma
simples para que os materiais, seja qual for sua natureza, será projetado e especificado
de acordo a sua aplicação.
No capítulo 2, conversaremos sobre as Ligações Químicas, que são os princípios
básicos para a associação química entre os metais e que estruturam os materiais para
que possam suportá-los nos esforços que serão submetidos. E, o capítulo 3, é uma
continuidade das ligações, e, terá a finalidade de Classificar os Materiais, baseados
justamente em suas características e composição química.
Já os capítulos 4, 5, 6, vai abordar sobre a Estrutura dos Materiais, de todas as
naturezas: Cerâmicos, Metálicos e Poliméricos. Daremos continuidade no capítulo 7
discutindo sobre a Estrutura Amorfa, com a finalidade de entender a sua peculiaridade
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA E
ENGENHARIA DOS MATERIAIS
E SEU TETRAEDRO
Queridos estudantes, vocês sabiam que nossos ancestrais não tiveram muitas
oportunidades de muitos materiais? Sim, somente aqueles que ocorreram naturalmente
em nosso planeta: pedra, madeira, argila, peles, e assim por diante. Imaginem só futuros
engenheiros, a necessidade que tinham de caçar e o escasso recurso ferramental? Na figura
2, temos algumas ferramentas que eram confeccionadas na Idade da Pedra para caçar.
Artefatos de pedra
Queridos alunos, os primeiros seres humanos vivam de uma forma bem diferente da
nossa, não tendo local fixo, denominados nômades. A principal forma de se alimentarem
era da caça, da pesca e da coleta de frutos silvestres e não praticavam a agricultura. A
madeira e o osso foram importantes instrumentos, mas a pedra, sem dúvida, é quem
passou a ocupar o primeiro lugar como matéria-prima para a confecção de instrumento
do uso cotidiano. Na figura 4, temos um exemplo de como confeccionavam suas
ferramentas de pedras e ossos.
Meus amigos, a história diz que no decorrer da evolução do homem, com o tempo,
eles foram percebendo e começaram a desenvolver técnicas para a construção de
materiais que tinham características e propriedades superiores aos materiais naturais;
como exemplo podemos citar as cerâmicas e vários metais. O Sílex, figura 5 a seguir,
é outro material muitíssimo utilizado por eles na Idade da Pedra. Confeccionavam
principalmente armas e suas lascas eram aproveitadas para fabricar objetos cortantes
ou as poliam para construção de outras ferramentas.
Figura 5: Sílex
Fonte: https://aminoapps.com/c/ciencias-geografia-hist/page/blog/divisoes-da-pre-historia-resumo/qg6X_n8tRuwVejonvdEXBvblleRNRQD65D
ANOTE ISSO
Vocês sabiam que esse modelo representado pelo diagrama acima, já foi chamado
por alguns de paradigma central da ciência e engenharia de materiais ou às vezes
simplesmente de paradigma dos materiais. (O termo “paradigma” significa um modelo
ou conjunto de ideias). O autor que estamos seguindo para dar uma sequência lógica
com fácil entendimento meus amigos, Callister et al (2019), salienta que esse paradigma,
fora formulado nos anos 1990, e, é essencialmente, segundo ele, nosso núcleo da
disciplina ciência e engenharia de materiais. Callister comenta que ele descreve o
procedimento para a seleção e o projeto de materiais para aplicações específicas e
bem definidas, e tem tido uma profunda influência sobre o campo dos materiais. Meus
https://www.youtube.com/watch?v=PKozmAxPbEw
CAPÍTULO 2
LIGAÇÕES QUÍMICAS
ANOTEM ISSO
ANOTE ISSO
Devemos entender que cada elemento químico é caracterizado pelo número de
prótons no seu núcleo, ou seu número atômico (Z). Para um átomo eletricamente
neutro ou completo, o número atômico também é igual ao número de elétrons.
E cada átomo consiste em um núcleo muito pequeno composto por prótons e
nêutrons, o qual está envolto por elétrons em movimento, ilustrado na figura 3
abaixo. Todas essas informações são do livro do nosso autor William Callister, que
trás de uma forma bem didática, e, recomendo que o leiam, pois, está disponível em
nossa biblioteca virtual.
Portanto, para fechar nosso entendimento das ligações químicas, temos que, o peso
atômico de um elemento ou o peso molecular de um composto pode ser especificado
em termos de um por átomo (molécula) ou de massa por mol de material. Em um mol
de uma substância existem 6,022 × 1023 (número de Avogadro) átomos ou moléculas.
Esses dois conceitos de peso atômico estão relacionados pela seguinte equação:
1 uma/átomo (ou molécula) = 1 g/mol
Queridos alunos, estou muito feliz por estarem aqui comigo, entendendo os
fundamentos para termos materiais para as mais variadas aplicações e necessidades
humanas. Os comentários agora serão sobre as configurações eletrônicas. Iniciamos,
com os elétrons de valência, que são aqueles que ocupam a camada mais externa.
Observem o quão importantes esses elétrons são; conforme vamos conversar para
entendermos, eles participam da ligação entre os átomos para formar agregados
atômicos e moleculares. Além disso, muitas das propriedades físicas e químicas dos
sólidos estão baseadas nesses elétrons de valência.
Temos três tipos diferentes de ligações primárias ou ligações químicas, que são
encontrados nos sólidos — iônica, covalente e metálica. Para cada tipo, a ligação
envolve necessariamente os elétrons de valência; além disso, a natureza da ligação
depende das estruturas eletrônicas dos átomos constituintes. Vamos utilizar a figura
4 para exemplificar:
Figura 2.4: Representações esquemáticas: (a) formação de íons Na+ e Cl. E (b) ligação iônica no cloreto de sódio (NaCl)
Fonte: Callister et al (2019)
Figura 2.6: Átomo de Sódio (Na) sendo transferido para o elemento Cloro (Cl)
Fonte: Adaptado de https://www.manualdaquimica.com/quimica-geral/ligacoes-quimicas.htm
Meus queridos alunos, muito importante que saibam que todos os elementos
foram classificados de acordo com suas configurações eletrônicas na tabela periódica
(Figura 7). Nessa tabela, observamos que os elementos estão posicionados em ordem
crescente de número atômico, em sete fileiras horizontais chamadas de períodos. A
organização (arranjo) é apresenta que todos os elementos localizados em uma dada
coluna ou grupo possuem estruturas semelhantes dos seus elétrons de valência,
assim como propriedades químicas e físicas similares. Essas propriedades variam de
forma gradual ao se mover horizontalmente ao longo de cada período e verticalmente
para baixo em cada coluna (Conforme Callister et al, 2020).
Figura 2.8: A tabela periódica dos elementos. Os números entre parênteses são os pesos atômicos dos isótopos mais estáveis ou mais comuns
Fonte: Adaptado de Callister et al, 2020
Figura 2.9: Representação esquemática da ligação covalente em uma molécula de hidrogênio (H2).
Fonte: Adaptado de Callister et al, 2020
ANOTE ISSO
Nos tipos de ligações, temos também a ligação metálica, que é encontrada nos
metais e nas suas ligas. Foi proposto um modelo relativamente simples que muito
se aproxima da configuração dessa ligação. Os metais, como mencionado, são
espécies químicas que possuem uma baixa energia de ionização, o que quer dizer
que perdem elétrons de valência com facilidade. Com base nessa propriedade,
cientistas desenvolveram a teoria do mar de elétrons (figuras 10 e 11) para justificar
a ligação entre átomos de um determinado metal.
Nesse modelo, os elétrons de valência não estão ligados a nenhum átomo em
particular no sólido e estão mais ou menos livres para se movimentar ao longo de
todo o metal. Eles podem ser considerados como pertencentes ao metal como um
todo, ou como se formassem um “mar de elétrons” ou uma “nuvem de elétrons”. Os
elétrons restantes, os que não são elétrons de valência, juntamente com os núcleos
atômicos, formam o que é denominado núcleos iônicos, os quais possuem uma
carga resultante positiva com magnitude equivalente à carga total dos elétrons de
valência por átomo.
Meus queridos alunos, entendam que a presença dos elétrons entre dois átomos
os deixa unidos numa ligação covalente, a presença dos elétrons livres nesse mar
de elétrons é que mantém os átomos metálicos unidos, no que conhecemos como
ligação metálica. A afirmação ou teoria do mar de elétrons, ajuda a explicar por que os
metais têm a propriedade de bons condutores de corrente elétrica no estado sólido.
Importante saberem que a corrente elétrica é o mesmo que cargas em movimento,
em um fluxo ordenado, explica o professor Novais (2021).
https://www.youtube.com/watch?v=4mULIo4BXl0
https://www.youtube.com/watch?v=5-fa4IKp5bU
Considerações Finais
Olá meus queridos alunos, é muito importante entendermos as configurações eletrônicas,
tipos de ligações, pois, daqui para frente, tudo estará relacionado a isso. Ajudaremos a
entender melhor, no próximo capítulo, onde classificaremos os materiais, e, essa classificação
dependem e são influenciadas diretamente pelas ligações e seus tipos.
Temos conversado neste capítulo, que, algumas correlações foram definidas entre
o tipo de ligação e a classificação do material, quais sejam: ligação iônica (cerâmicas),
ligação covalente (polímeros), ligação metálica (metais) e ligação de van der Waals (sólidos
moleculares). Sintetizamos essas correlações no tetraedro do tipo de material mostrado
na Figura 2.12b, que é o tetraedro de ligação da Figura 2.12a, em que estão superpostos
o local/região de ligação tipificado por cada uma das quatro classes de materiais.
Figura 2.12: (a) Tetraedro de ligação: cada um dos quatro tipos de ligação extremos (ou puros) estão localizados em um vértice do tetraedro; três tipos de
ligações mistas estão incluídos ao longo das arestas do tetraedro. (b) Tetraedro do tipo de material: correlação de cada classificação de material (metais,
cerâmicas, polímeros etc.) com seu(s) tipo(s) de ligação.
Fonte: Adaptado de Callister et al (2020)
CAPÍTULO 3
CLASSIFICAÇÃO
DOS MATERIAIS
3.1 Conceitos fundamentais
A classificação tradicional dos materiais é geralmente baseada na estrutura atômica
e química destes (conforme Prof. Becker 2020).
ANOTE ISSO
3.2.1 Metais
Meus queridos alunos, Callister e seus colaboradores (2020), definem os metais como
materiais compostos por um ou mais elementos metálicos (por exemplo, ferro, alumínio,
cobre, titânio, ouro, níquel), e, normalmente por elementos não metálicos (por exemplo,
carbono, nitrogênio, oxigênio) em quantidades relativamente pequenas. Os átomos
nos metais e nas suas ligas estão arranjados segundo uma maneira muito ordenada
(como discutido no Capítulo 2) e, em comparação às cerâmicas e aos polímeros,
são relativamente densos e mais resistentes. Os mais comumente utilizados estão
ilustrados na figura 3.1.
Por serem considerados os materiais mais versáteis, com uma gama enorme de
aplicação e utilização em nosso dia a dia, veremos no capítulo 14, os principais tipos
de processamentos dos metais, sua aplicação e utilização pela engenharia. Como
vimos no capítulo 1, a utilização dos metais pelo homem pré-histórico foi fundamental
para o desenvolvimento da agricultura (produção de alimentos), surgida do período
neolítico, posto que as ferramentas produzidas eram mais eficazes e auxiliavam no
trabalho tal qual o arado e a enxada.
Além da presença forte na construção civil, a importância dos metais também
está em outras áreas produtivas, por exemplo, as indústrias navais, ferroviárias,
automobilísticas e aeronáuticas (dentre outras), que precisam dos metais para suas
produções. Por outro lado, está mais um setor bastante amplo, que é o de produção
de ferramentas e máquinas.
3.2.2 Cerâmicas
Meus amigos, dando continuidade à classificação dos materiais, temos as cerâmicas,
que são considerados compostos constituídos por elementos metálicos e não metálicos
(normalmente). Em sua maioria são óxidos, nitretos e carbetos. Vamos entender
melhor, os materiais cerâmicos comuns incluem o óxido de alumínio (ou alumina,
Al2O3), o dióxido de silício (ou sílica, SiO2), o carbeto de silício (SiC), o nitreto de silício
(Si3N4) e, ainda, o que alguns chamam de as cerâmicas tradicionais (Callister e seus
colaboradores (2020) — aqueles materiais compostos por minerais argilosos (por
exemplo, a porcelana), assim como o cimento e o vidro. Em relação ao comportamento
3.2.3 Polímeros
Agora, dedicados alunos, falaremos de um material também bastante utilizado em
nosso dia a dia e industrialmente. Os polímeros mais conhecidos são os plásticos
e a borracha. Na maioria são compostos orgânicos que têm sua origem química
baseada no carbono, hidrogênio e outros elementos não metálicos (isto é, O, N e
Si). Observamos também, que possuem estruturas moleculares muito grandes, com
frequência na forma de cadeias, que frequentemente possuem uma estrutura composta
por átomos de carbono (também conhecida como polimerização). Vejam alguns
exemplos (Figura 3.3) comumente encontrado desses materiais como os polietileno
(PE), náilon, poli (cloreto de vinila) (PVC), policarbonato (PC), poliestireno (PS) e a
borracha de silicone, em suas variadas aplicações. É normal encontrarmos nesses
materiais baixas massas específicas, e, suas características mecânicas são, em geral,
diferentes das características exibidas pelos materiais metálicos e cerâmicos — eles
não são tão rígidos nem tão resistentes quanto esses outros tipos de materiais (Callister
et al 2020). Entretanto, em função das suas densidades reduzidas, muitas vezes sua
rigidez e sua resistência em relação à massa são comparáveis às dos metais e das
cerâmicas.
3.2.4 Compósitos
Vejam só que interessante meus queridos alunos, os materiais compósitos são
compostos por dois (ou mais) materiais individuais, cujos materiais se classificam
nas categorias já discutidas, sendo elas: metais, cerâmicas e polímeros. O desafio dos
engenheiros e cientistas de materiais, na construção de um projeto de um compósito é
atingir uma combinação de propriedades que não é exibida por nenhum material isolado,
pois tem características específicas, e também atribuir as melhores características de
cada um dos materiais que o compõe. Temos hoje, uma vasta aplicação de materiais
de tipos de compósitos, que são, representados por diferentes combinações de metais,
cerâmicas e polímeros (veja a figura 3.4). Vejam que interessante, a natureza também
produz esses materiais compósitos, como por exemplo, a madeira e o osso. Porém,
a maioria dos compósitos que consideramos em nossas discussões são sintéticos
(ou feitos pelo homem).
ANOTEM ISSO
Semicondutores
Os materiais semicondutores se caracterizam por possuírem boas propriedades
elétricas, que são intermediárias entre aquelas exibidas pelos condutores elétricos, (isto
é, os metais e as ligas metálicas) e os isolantes (isto é, as cerâmicas e os polímeros).
Observem ainda, que suas características elétricas são extremamente sensíveis à
presença de concentrações mínimas de átomos de impurezas, cujas concentrações
podem ser controladas em regiões espaciais muito pequenas do material. Vejam na
figura 3.5 alguns exemplos de materiais semicondutores e suas aplicações.
Biomateriais
Ao longo dos anos, meus queridos alunos, os seres humanos têm buscado prolongar
e melhorar o tempo e a qualidade de nossas vidas. Boa parte dessas conquistas
tem sido devido aos avanços na habilidade de substituir partes do corpo doentes
e danificadas, pelos biomateriais. Esses implantes de substituição são construídos
a partir dos biomateriais, que são materiais naturais ou sintéticos, devendo serem
utilizados em contato com sistemas biológicos, e cuja finalidade é reparar ou substituir
tecidos, órgãos ou funções do organismo, com o objetivo de manter ou melhorar a
qualidade de vida do paciente. Uma questão importante é que os biomateriais devem
ser biocompatíveis, ou seja, compatíveis com os tecidos e fluidos do corpo, com os
quais eles ficam em contato ao longo de períodos de tempo aceitáveis. Os materiais
biocompatíveis não devem causar rejeição, respostas fisiologicamente inaceitáveis,
nem liberar substâncias tóxicas. Exemplos de aplicações de biomateriais (figura 3.6)
incluem próteses de articulações (por exemplo, da bacia e do joelho) e de válvulas
Nanomateriais
Então meus queridos alunos, fechando a classificação dos materiais, vamos
finalizando com uma nova classe de materiais que surgiram com características e
propriedades fascinantes, além de serem uma enorme promessa tecnológica, que
são os nanomateriais. A figura 3.7 ilustra algumas aplicações importantes nos dias
de hoje. Prestem atenção nesse momento, pois, esses podem ser de qualquer um
dos quatro tipos básicos de materiais — metais, cerâmicas, polímeros e compósitos.
Todavia, ao contrário desses outros materiais, eles não são diferenciados com
base em suas ligações químicas, mas, incrivelmente, em função de suas dimensões,
ou seja, do seu tamanho. Acompanhem comigo que o prefixo nano indica que as
dimensões desses materiais ou entidades estruturais são da ordem do nanômetro
(10–9 m) — como regra, menos de 100 nanômetros (nm; equivalente ao diâmetro de
aproximadamente 500 átomos), interessante não é mesmo? Os materiais conseguiram
ser aperfeiçoados graças também ao avanço dos Microscópios.
Alimentos-materiais-energia
Segundo a Agência Fapesp (2021), processar e converter resíduos em recursos é
uma das alternativas chamada economia circular - quando esses resíduos são advindos
da biomassa, caracteriza-se a bioeconomia circular.
Conforme Daniel Corrêa, da Embrapa de São Carlos:
Existem muitas dificuldades encontradas, dentre elas, que, para levar as pesquisas
do laboratório para a economia real está na sazonalidade da própria geração dos
resíduos agroalimentares: Determinados resíduos são abundantes em certas épocas
do ano e escassos em outras. Além disso, quando disponíveis, a própria composição
dessa pretensa matéria-prima é, geralmente, variável. As figuras 3.8 (a, b e c), ilustram,
algumas das principais pesquisas que tem sido desenvolvida sobre o assunto.
https://nano.ufabc.edu.br/2016/09/07/bioquimica-aplicada-a-nanociencia-e-
materiais-avancados/
https://www.youtube.com/watch?v=RGL0cFH3pds
https://www.youtube.com/watch?v=L_bcAHdeZrE
Considerações finais
Meus queridos alunos, gostaria de finalizar a classificação dos materiais, falando
brevemente dos “materiais inteligentes”, que os cientistas e engenheiros de materiais
os definem como um grupo de novos materiais de última geração, que estão sendo
desenvolvidos atualmente e que terão uma influência significativa sobre muitas das
nossas tecnologias. Existem muitos desafios para o campo de desenvolvimento.
O adjetivo inteligente significa que esses materiais são capazes de sentir mudanças
nos seus ambientes e assim responder a essas mudanças segundo padrões
predeterminados, que tem um comportamento fundamental, e cujas características,
também são encontradas nos organismos vivos. Para fecharmos, estão estendendo
esse conceito de inteligente a sistemas razoavelmente sofisticados que consistem
tanto em materiais inteligentes quanto tradicionais, conclui Callister et al (2020).
A constituição química de um material (ou sistema) inteligente, está incluso algum
tipo de sensor (que detecta um sinal de entrada) e um atuador (que executa uma
função de resposta e adaptação). Os atuadores podem provocar mudança de forma,
de posição, da frequência natural ou das características mecânicas em resposta a
mudanças na temperatura, nos campos elétricos e/ou nos campos magnéticos.
CAPÍTULO 4
ESTRUTURAS DOS
MATERIAIS CERÂMICOS
A ligação atômica nesses materiais varia desde puramente iônica até totalmente
covalente; muitas cerâmicas exibem uma combinação desses dois tipos de ligação,
sendo o grau do caráter ou natureza iônica dependente das eletronegatividades dos
átomos. A Tabela 4.1 apresenta o percentual de caráter iônico para vários materiais
cerâmicos comuns.
Material Percentual de Caráter Iônico
CaF2 89
MgO 73
NaCl 67
Al2O3 63
SiO2 51
Si3N4 30
ZnS 18
SiC 12
Tabela 4.1: Percentual de Caráter Iônico das Ligações Interatômicas para Vários Materiais Cerâmicos
Fonte: Callister et al (2020)
ANOTE ISSO
Figura 4.3: Célula unitária para a estrutura cristalina do sal-gema, ou cloreto de sódio (NaCl)
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 4.4: Célula unitária para a estrutura cristalina do cloreto de césio (CsCl)
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 4.5: Célula unitária para a estrutura cristalina da blenda de zinco (ZnS)
Fonte: Callister et al (2020)
A razão entre os raios iônicos, rC/rA, para o CaF2 é de aproximadamente 0,8, o que,
estabelece um número de coordenação de 8.
O prof. Viana (2018), explica porque ocorre essa reação, pois, devido a relação e à
magnitude da carga elétrica, o cristal deve ser eletricamente neutro. Ou seja, todas
as cargas dos cátions devem ser equilibradas de forma compatível com o número de
cargas dos ânions, estando relacionados com a estabilidade energética do retículo
cristalino, que consiste na adequação da estequiometria, na proporção da fórmula
química, conforme explicado na tabela 4.2. Observa-se que cada íon de cálcio (cátion)
tem uma carga 2+, e cada íon de flúor tem associada uma única carga negativa -1.
Por conseguinte, devem existir duas vezes mais íons negativos (F-) do que positivos
(Ca2+), o que culminará na fórmula química (CaF2), onde a carga total é igual a 0.
Tabela 4.2 (Tabela Periódica): Para o exemplo da Fluorita (CaF2) Porcentagem da natureza iônica entre vários materiais cerâmicos
A fluorita é um mineral que pertence à família dos haletos. É um mineral composto por
um óxido de cálcio e flúor, e ocorre na forma de cristais, figura 4.7, que podem assumir
várias cores que vão do verde ao incolor. Existem também cristais multicoloridos,
chamados γιaινόcolifiats.
Figura 4.8: Exemplo de aplicação e Célula unitária para a estrutura cristalina da perovskita
Figura 4.9: Arranjo dos átomos de silício e oxigênio em uma célula unitária de cristobalita, um polimorfo do SiO2.
Fonte: Adaptado de Callister et al (2020)
Considerações finais
Conforme vimos no capítulo, a Estrutura Cristalina apresentada nos materiais
cerâmicos, são ligações interatômicas, e, variam desde puramente iônica até totalmente
covalente. Temos também, que para uma ligação predominantemente iônica, os cátions
metálicos estão carregados positivamente, enquanto os íons não metálicos têm
cargas negativas. E, para determinarmos a sua estrutura cristalina, deve-se verificar
a magnitude da carga em cada íon e o raio de cada tipo de íon.
Muitas das estruturas cristalinas mais simples são descritas em termos de células
unitárias, representadas pela figura 4.10 a seguir: Sal-gema, Cloreto de césio, Blenda
de zinco, Fluorita e Perovskita.
Vimos também, que, algumas estruturas cristalinas podem ser geradas a partir
do empilhamento de planos compactos de ânions; os cátions preenchem posições
intersticiais tetraédricas e/ou octaédricas que existem entre planos adjacentes. E que,
em geral, a estrutura cristalina dos materiais cerâmicos é mais complexa que a dos
metais, uma vez que eles são compostos pelo menos por dois elementos, em que
cada tipo de átomo ocupa posições determinadas no reticulado cristalino.
https://www.youtube.com/watch?v=dtdcBV-uw5M
https://www.youtube.com/watch?v=oVzZ68NQLfk
CAPÍTULO 5
ESTRUTURAS DOS MATERIAIS
METÁLICOS
ANOTEM ISSO
Na relação entre o raio atômico (r) e o parâmetro de rede (a) para o sistema cúbico
simples, os átomos se tocam na face, portanto, temos que a = 2 R. Observem a figura
3.6 a seguir.
Figura 3.7: Exemplo de uma célula unitária da estrutura cúbica de corpo centrado
Fonte: Adaptado de edisciplina.usp.br (2020)
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5486413/course/section/6002127/AULA%204.pdf?time=1599110905622
Vários metais se cristalizam e apresentam a estrutura CCC, como: Cr, Fe, Mo, W,
etc. Na estrutura CCC cada átomo dos vértices do cubo é dividido com 8 células
unitárias. Já o átomo do centro pertence somente a sua célula unitária. Cada átomo
de uma estrutura CCC é cercado por 8 átomos adjacentes. Há 2 átomos por célula
unitária na estrutura CCC.
Para entendermos o número de átomos por célula unitária, utilizaremos o seguinte
exemplo abaixo:
Vários metais apresentam a estrutura CCC: Cu, Al, Ni, Au, Pb, Pt, etc. O parâmetro
de rede e o raio atômico estão relacionados para este sistema por:
E na CFC cada átomo dos vértices do cubo é dividido com 8 células unitárias.
Já os átomos das faces pertencem somente a duas células unitárias. Vejam o
exemplo abaixo:
Portanto, temos 4 átomos por célula unitária na estrutura CFC. Observem o exemplo
através da figura 3.10, a seguir:
Vamos entender agora, a relação entre o raio atômico (R) e o parâmetro de rede
(a) para o sistema CFC, através da figura 3.11 abaixo.
camada está diretamente abaixo ou acima dos interstícios formados entre as camadas
adjacentes.
Cada átomo tangencia 3 átomos da camada de cima, 6 átomos no seu próprio plano
e 3 na camada de baixo do seu plano. O número de coordenação para a estrutura HC
é 12, e, portanto, o fator de empacotamento é o mesmo da CFC 0,74. Ou seja, 74%
do volume da célula unitária está preenchido por átomos.
Vamos entender agora, o número de átomos por célula unitária, através da figura
3.13, como exemplo.
Sistemas cristalinos
O sistema cristalino é um esquema segundo o qual as estruturas cristalinas são
classificadas de acordo com a geometria da célula unitária. Essa geometria é especificada
em termos das relações entre comprimento de arestas e ângulos interaxiais. Existem
somente sete combinações diferentes dos parâmetros de rede. Cada uma dessas
combinações constitui um sistema cristalino.
Em meados do século XIX, A. Bravais estudou as diferentes maneiras de se arranjar
pontos geométricos de forma periódica no espaço tridimensional. Seu trabalho deu
origem ao que se conhece hoje como redes de Bravais. Na figura 3.14, temos os 7
sistemas cristalinos e as 14 Redes Bravais conhecidas nos dias de hoje.
Polimorfismo ou alotropia
A alotropia é a possibilidade da existência de duas ou mais estruturas cristalinas diferentes
para uma substância, em geral, um sólido elementar (sólido elementar é um material formado
por um único elemento químico). Quando há a ocorrência de duas ou mais estruturas cristalinas
diferentes para compostos de mesma fórmula molecular, damos o nome de polimorfismo.
Em ambos os casos, a estrutura cristalina que prevalece, irá depender da pressão e
temperatura.
Geralmente as transformações polimórficas são acompanhadas de mudanças na
densidade e outras propriedades físicas.
ANOTEM ISSO
https://www.youtube.com/watch?v=BUI5wPjq7Wg
https://www.youtube.com/watch?v=EoywrUmFT6c
CAPÍTULO 6
ESTRUTURAS DOS
MATERIAIS E POLIMÉRICOS
6.1 Introdução
Bem meus queridos alunos, esse capítulo de estrutura dos materiais poliméricos,
também é bem bacana, concordam? Vamos ver um pouco de como surgiram esses
interessantes materiais, começando com a Etimologia da palavra “polímero”?
A palavra polímero origina-se do grego poli (muitos) e mero (unidade de repetição), com
isso teremos: “muitas partes repetidas”. Esse capítulo, segue nossa referência principal, do
livro de Ciência e Tecnologia dos Materiais, de William D. Callister Jr. e seus colaboradores.
Os polímeros que ocorrem naturalmente, derivados principalmente de plantas como
as seringueiras e de animais, têm sido usados desde os primórdios, há muitos séculos.
Incluímos nesses materiais a madeira, borracha, algodão, lã, couro e seda. Outros
polímeros naturais, como proteínas, enzimas, amidos e celulose, são importantes em
processos biológicos e fisiológicos nas plantas e nos animais. Nos dias de hoje, com os
avanços tecnológicos, e com as ferramentas modernas de pesquisa científica, podemos
tornar possíveis a determinação das estruturas moleculares desse grupo de materiais
e o desenvolvimento de inúmeros polímeros que são sintetizados a partir de moléculas
orgânicas pequenas. Muitos plásticos, borrachas e materiais fibrosos que nos são úteis
são polímeros sintéticos.
Como ocorre para os metais e as cerâmicas, as propriedades dos polímeros estão
relacionadas de maneira complexa com os elementos estruturais do material.
ANOTEM ISSO
são covalentes. Cada átomo de carbono possui quatro elétrons que podem participar
de ligações covalentes, enquanto cada átomo de hidrogênio possui apenas um elétron
de ligação. Uma ligação covalente simples existe quando cada um dos dois átomos da
ligação contribui com um elétron, as ligações duplas e triplas entre dois átomos de carbono
envolvem o compartilhamento de dois e três pares de elétrons, respectivamente. Como
representado esquematicamente abaixo para uma molécula de hidrogênio (H2).
Figura 6.1: Exemplo de ligações simples e duplas (Etileno) e de ligação tripla Acetileno
Fonte: Callister et al (2020)
Tabela 6.1: Composições e Estruturas Moleculares para Alguns Compostos Parafínicos: CnH2n+2
Fonte: Adaptado de Callister et al (2020)
Cada um dos dois elétrons de valência restantes em cada átomo de carbono pode
estar envolvido em ligações laterais com átomos ou radicais que estejam posicionados
adjacentes à cadeia. Essas longas moléculas são compostas por entidades estruturais
chamadas unidades repetidas, que se repetem sucessivamente ao longo da cadeia.
Entendam que, o termo monômero refere-se à pequena molécula a partir da qual um
polímero é sintetizado. Dessa forma, monômero e unidade repetida significam coisas
diferentes, tudo bem meus queridos. A tabela 6.2, apresenta as unidades repetidas
mais comuns nos materiais poliméricos.
Figura 6.2: Para o polietileno, (a) uma representação esquemática da unidade repetida e das estruturas da cadeia e (b) uma perspectiva da molécula,
indicando a estrutura em zigue-zague da cadeia.
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 6.3: Representações esquemáticas de como a forma da cadeia polimérica é influenciada pelo posicionamento dos átomos de carbono na cadeia
principal (círculos cinza)
Fonte: Callister et al (2020)
Observem que, em (a), o átomo mais à direita pode localizar-se em qualquer posição
sobre o círculo tracejado, e ainda assim subtender um ângulo de 109° com a ligação
entre os outros dois átomos. Segmentos de cadeia em linha reta e retorcidos são
gerados quando os átomos na cadeia principal estão posicionados como em (b) e (c),
respectivamente. Os polímeros consistem em grandes números de cadeias moleculares,
cada uma das quais pode dobrar, enrolar e contorcer. Além de terem características
mecânicas e térmicas em função da habilidade da cadeia poder sofrer rotações, em
resposta as tensões aplicadas.
Figura 6.4: Representações esquemáticas de estruturas moleculares (a) linear, (b) ramificada, (c) com ligações cruzadas e (d) em rede (tridimensional).
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 6.4: Classificação dos polímeros sintéticos de acordo com a sua estrutura intermolecular
Fonte: Adaptado de Prof. Correa (2014)
Disponível em: https://engenhariacivilfsp.files.wordpress.com/2014/05/aula-polc3admeros.pdf
6.6.1 Termoplásticos
Os termoplásticos amolecem (e posteriormente se liquefazem) quando são aquecidos
e endurecem quando são resfriados — processos que são totalmente reversíveis e que
podem ser repetidos. Em uma escala molecular, conforme a temperatura é elevada,
as forças de ligação secundárias diminuem (pelo maior movimento das moléculas),
tal que o movimento relativo de cadeias adjacentes é facilitado quando uma tensão é
aplicada. Uma degradação irreversível ocorre quando a temperatura de um polímero
termoplástico fundido é aumentada em excesso. Além disso, os termoplásticos são
relativamente macios. A maioria dos polímeros lineares e aqueles que têm algumas
estruturas ramificadas com cadeias flexíveis são termoplásticos. Esses materiais
normalmente são fabricados com aplicação simultânea de calor e pressão. Exemplos
de polímeros termoplásticos comuns (figura 6.5) incluem o polietileno, o poliestireno,
o poli (tereftalato de etileno) e o poli (cloreto de vinila).
6.6.1 Termorrígidos
Os polímeros termofixos são polímeros em rede. Eles se tornam permanentemente
rígidos durante sua formação e não amolecem sob aquecimento. Os polímeros em rede
apresentam ligações cruzadas covalentes entre as cadeias moleculares adjacentes. Durante
os tratamentos térmicos, essas ligações prendem as cadeias umas às outras para resistir
aos movimentos de vibração e de rotação da cadeia em temperaturas elevadas. Dessa
forma, os materiais não amolecem quando são aquecidos. A densidade de ligações
cruzadas é geralmente elevada, tal que entre 10 e 50% das unidades repetidas na cadeia
têm ligações cruzadas. Apenas um aquecimento até temperaturas excessivas causará o
rompimento dessas ligações cruzadas e a degradação do polímero. Os polímeros termofixos
são, em geral, mais duros e mais resistentes que os termoplásticos, e possuem melhor
estabilidade dimensional. A maioria dos polímeros com ligações cruzadas e em rede, os
quais incluem as borrachas vulcanizadas, os epóxis, as resinas fenólicas e algumas resinas
poliéster, são termofixos. Vamos ver na figura 6.6, um exemplo muito utilizado na aplicação
dos polímeros termofixos, juntamente com o aço (fios de aço), para a construção de um
material muito conhecido nosso da indústria automotiva, os pneus.
Figura 6.6: Exemplo de polímeros utilizados na fabricação do pneu (borracha sintética – Copolímeros)
Fonte: Adaptado de Mário Caetano (2022)
Disponível em: (1) https://www.ctborracha.com/borracha-sintese-historica/aplicacoes/pneus/o-que-e-um-pneu/
(2) https://www.ctborracha.com/borracha-sintese-historica/materias-primas/borrachas/borrachas-sinteticas/borracha-de-estireno-butadieno-sbr/
Muitas aplicações exigem polímeros de adição, que são formados por monômeros iguais,
para a fabricação das borrachas sintéticas que são constituídas também de copolímeros,
isto é, são formadas pela união de monômeros diferentes, explica Fogaça (2018). Dessas, a
borracha mais importante é a utilizada na produção de pneus (figura 6.6). Esses polímeros
são conhecidos pela sigla em inglês GRS (government rubber styrene) - borracha estireno
do governo ou SBR (styrene butadiene rubber) - borracha de estireno butadieno. Essas
siglas indicam que essa borracha é formada pela união dos monômeros do eritreno (buta-
1,3-dieno) e do estireno, conforme a reação de polimerização abaixo. Esse polímero é
também chamado de buna-S, sendo que o termo “bu” vem de “butadieno”, “na” vem de
“sódio” (Natrium) e “S” de “estireno” (styrene).
Considerações finais
Bem meus queridos alunos, estamos finalizando essa área da ciência que vem
crescendo muito no mundo atualmente, devido a versatilidade dos produtos obtidos, os
custos acessíveis para a maioria dos produtos, dentre outras características. Algumas
observações para relembrarmos, vimos que, para os polímeros lineares, a cristalização
é obtida com facilidade, pois existem poucas restrições para prevenir o alinhamento das
cadeias. E também, importante citarmos que praticamente qualquer ramificação lateral
pode interferir com a cristalização, e que, os polímeros ramificados nunca são altamente
cristalinos. Para ajudar a entender, vamos associar a aplicação desses materiais no dia
a dia, conforme características estruturas e moleculares, através da figura 6.7.
Figura 6.7: Exemplo de aplicação de alguns polímeros com ramificações cruzadas e a representação estrutural e molecular Fonte: Adaptado de Fogaça
(2018)
Disponíveis em: (1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADmero_ramificado
(2) https://www.preparaenem.com/quimica/classificacao-dos-polimeros-sinteticos.htm
E lembrando que, um fato que não podemos esquecer, é que a presença excessiva
de ramificações pode prevenir por completo qualquer cristalização. Vimos também,
que a maioria dos polímeros em rede e com ligações cruzadas é quase totalmente
amorfo, e, por que isso acontece?
Porque as ligações cruzadas previnem que as cadeias poliméricas se rearranjem e
se alinhem em uma estrutura cristalina. Uns poucos polímeros com ligações cruzadas
são parcialmente cristalinos.
Para os copolímeros, como regra geral, quanto mais irregulares e maior a aleatoriedade
dos arranjos das unidades repetidas, maior a tendência de desenvolvimento de um
material não cristalino. Para os copolímeros alternados e em bloco, existe alguma
probabilidade de cristalização. Entretanto, os copolímeros aleatórios e com enxerto
são, em geral, amorfos.
Até certo ponto, as propriedades físicas dos materiais poliméricos são influenciadas
pelo grau de cristalinidade. Os polímeros cristalinos são, em geral, mais resistentes
mecanicamente e mais resistentes à dissolução e ao amolecimento pelo calor.
https://www.youtube.com/watch?v=ZoZo6v-lLwM&t=18s
https://www.youtube.com/watch?v=cN6zmrpekMs
CAPÍTULO 7
ESTRUTURA AMORFA
7.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, vamos entender agora sobre a estrutura amorfa. Vimos
até aqui, segundo Caram (2016) que, conforme a distribuição espacial dos átomos,
moléculas ou íons, os sólidos podem ser classificados em:
– Cristalinos: compostos por átomos, moléculas ou íons arranjados de uma forma
periódica em três dimensões. As posições ocupadas seguem uma ordenação que se
repete para grandes distâncias atômicas (de longo alcance).
– Amorfos: compostos por átomos, moléculas ou íons que não apresentam uma
ordenação de longo alcance. Podem apresentar ordenação de curto alcance.
Sobre os cristalinos, já vimos um pouco nos capítulos 3 e 5, se lembram?
Falaremos agora sobre as estruturas amorfas, também conhecidas de estruturas
vítreas, sendo formadas por arranjos atômicos aleatórios e sem simetria ou ordenação
de alcance. A figura 7.1 ilustra esse comportamento desordenado.
Encontramos esse tipo de estrutura em gases, líquidos e em alguns sólidos,
representados basicamente pelos vidros.
Figura 7.1: Representação das estruturas dos materiais conhecidos (cristalino, amorfo e nanocristalino)
Fonte: Magmattec.com (2023)
Disponível em: https://www.magmattec.com.br/materiais-magneticos-e-aplicacoes/o-que-sao-materiais-nanocristalinos
Figura 7.2: Variação da viscosidade com a temperatura para materiais vítreos e cristalinos.
Fonte: Prof. Caram - Unicamp (2016)
Disponível em: http://www.fem.unicamp.br/~caram/capitulo7.pdf
A figura 7.4 mostra a variação do volume específico com a temperatura para materiais
vítreos e para materiais cristalinos. Resumindo, explica Caram (2016), é possível afirmar
que a vidro tem estrutura de um Líquido “congelado”. Este “congelamento” da estrutura
do líquido se dá à temperatura de vitrificação, que é inferior à temperatura de cristalização.
Figura 7.4: Variação do volume específico com a temperatura para materiais vítreos e cristalinos.
Fonte: Prof. Caram - Unicamp (2016)
Disponível em: http://www.fem.unicamp.br/~caram/capitulo7.pdf
7.3 Vidro
Geralmente o vidro (oriundo de silicatos), explica Avancini (2016), é conhecido como
um material sólido obtido a partir do resfriamento de um líquido sem cristalizar. É
obtido de materiais inorgânicos (óxidos e minerais), fundidos e resfriados de maneira
a não apresentar ordenamento e periodicidade em longas e médias distâncias. Têm o
aspecto sólido, porém, fisicamente, a existência única de uma temperatura de transição
vítrea (Tg), com seu valor dependente da taxa de resfriamento, caracterizaria o vidro
como um líquido de altíssima viscosidade. A definição menos ambígua seria a de um
líquido super-resfriado.
Figura 7.5: Taxas de resfriamento R1 e R2, com R1>R2 e respectivos limites superiores (Tg1) e (Tg3)
Fonte: Adaptado de Avancini – UFRS (2016)
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/151377/001010927.pdf?sequence=1
Figura 7.6: Volume específico versus temperatura, sobre arrefecimento de fundidos, curva vermelha (vidro), curva azul (sólido cristalino)
Fonte: Adaptado de Avancini – UFRS (2016)
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/151377/001010927.pdf?sequence=1
Figura 7.7: Unidade estrutural básica da rede de sílica no vidro, tetraedro silício-oxigênio SiO4 -4
Fonte: Adaptado de Avancini – UFRS (2016)
Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/151377/001010927.pdf?sequence=1
Assim, conclui Avancini (2016), a respeito dos vidros e sua estrutura vítrea, amorfa,
que pode ser representada pelos tetraedros de sílica ligados entre si pelos vértices,
através do compartilhamento do átomo de oxigênio com dois átomos de silício, o qual
será ilustrado pela figura 7.8 abaixo.
Podemos observar na figura 7.8, a Estrutura amorfa de sílica, onde temos os pontos
pretos (menores) representando átomos de Si e pontos cinzas (maiores) representando
os átomos de O2 .
No mercado, temos normalmente três tipos de vidros mais comuns, classificados de
acordo com sua composição química: sódico-cálcico (usados na produção de garrafas),
os plúmbeos (vidro cristal), e borosilicatos (usados na fabricação de materiais para
laboratório). Com o Quadro 7.1 abaixo, exemplificamos a composição química destes
três principais tipos de vidros encontrados no mercado.
A sílica (SiO2) é o exemplo clássico de material que em condições especiais pode exibir o
processo de cristalização e formar o quartzo. Por outro Iado, se o resfriamento da sílica,
a partir do liquido, ocorre em condições normais, a estrutura resultante é a amorfa. A figura
7.9 mostra as duas estruturas observada na sílica: estrutura cristalina e estrutura vítrea.
ANOTEM ISSO
Figura 7.10: Exemplo de um ensaio de tração de um metal vítreo e o comportamento micrografico do material
Fonte: Retirado do Site Inovação Tecnológica – (2014)
Disponível em: https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nova-tecnica-transforma-metal-vidro&id=010160140903
Considerações finais
Meus queridos alunos, estamos encerrando o capítulo que fala de uma estrutura
bem peculiar, e que comercialmente, são muito aplicados em nossas vidas, estamos
falando dos materiais mais conhecidos e infinitamente recicláveis (figura 7.12), os
vidros. Esses materiais sólidos não cristalinos carecem de um arranjo sistemático e
regular dos átomos ou íons ao longo de distâncias relativamente grandes (em uma
escala atômica). Às vezes, o termo amorfo também é considerado para descrever
esses materiais.
Claro, não nos esqueçamos dos vidros metálicos, também bastante utilizado no
dia a dia. Os vidros metálicos ou metais amorfos são ligas em que a estrutura não
é cristalina (como na maioria dos metais), mas sim desordenada, com os átomos
https://www.youtube.com/watch?v=q_zshp9eiX0
https://youtu.be/r0FCcfUKrls
CAPÍTULO 8
MATERIAIS COMPÓSITOS
8.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, vamos ver agora sobre um dos materiais mais
interessantes: Os Compósitos. Façamos a reflexão novamente: Por que estudá-los?
Segundo Callister (2020) muitas das nossas tecnologias modernas exigem materiais
com combinações incomuns de propriedades que não podem ser atendidas pelas ligas
metálicas, cerâmicas ou materiais poliméricos convencionais. Isso é especialmente
verdadeiro para os materiais necessários para aplicações aeroespaciais, subaquáticas e
de transporte. Por exemplo, os engenheiros da indústria aeronáutica, conforme ilustrado
pela figura 8.1, estão cada vez mais buscando materiais estruturais que possuam baixas
densidades, sejam fortes, rígidos e apresentem resistência à abrasão e ao impacto,
e que ao mesmo tempo não sejam facilmente corroídos. Isso é uma combinação de
características consideravelmente formidável. Com frequência, os materiais mais fortes
são relativamente densos; ainda, o aumento da resistência ou da rigidez resulta, em
geral, em uma diminuição da resistência ao impacto.
Figura 8.1: Material compósito no EMB 170 (Vista explodida da aeronave EMB-170, mostrando os componentes fabricados em compósitos poliméricos
avançados)
Fonte: Mirabel C. Rezende - CTA, IAE, Divisão de Materiais (2020)
Disponível em: https://www.scielo.br/j/po/a/rQcRpJnpNfTGrTQqsLN4RyB/?lang=pt#
Gráfico 8.1: Percentagem global dos materiais utilizados na fabricação das aeronaves - a) distribuição % global de peso: BOEING 777; b) distribuição %
global de peso: AIRBUS A380; e c) Distribuição % global de peso: EMBRAER 170
Fonte: Mirabel C. Rezende -CTA, IAE, Divisão de Materiais (2020)
Disponível em: https://www.scielo.br/j/po/a/rQcRpJnpNfTGrTQqsLN4RyB/?lang=pt#
ANOTE ISSO
produzem uma combinação de propriedades que não são alcançadas com apenas
um dos constituintes agindo sozinho, conforme Zanchetta (2020).
Nos compósitos as fibras são as principais responsáveis pela resistência às cargas.
A matriz aderida (conforme ilustra a figura 8.2) e envolvente mantém as fibras no
local desejado garantindo sua orientação, e transferindo as cargas entre as fibras, e
ainda as protege de danos causados por intempéries, umidade e agentes químicos.
Uma característica importante da maioria dos materiais, especialmente dos frágeis,
é a de que uma fibra com pequeno diâmetro é muito mais resistente que o material
bruto.
Os materiais classificados como fibras podem ser tanto policristalinos quanto
amorfos e possuem diâmetros pequenos; os materiais fibrosos são geralmente
polímeros ou cerâmicas (por exemplo, aramidas poliméricas, vidro, carbono, boro,
óxido de alumínio e carbeto de silício).
A classificação pode ser, quanto ao tipo de reforço, onde as principais fibras sintéticas
para reforços de compósitos poliméricos são usualmente utilizadas. A expressão
fiberglass ou fibra de vidro (figuras 8.3 e 8.4 respectivamente) identifica simplesmente
um compósito que consiste em fibras de vidro, contínuas ou descontínuas, contidas em
uma matriz polimérica; esse tipo de compósito é produzido nas maiores quantidades.
Figura 8.6: Alguns tipos de compósitos e as características de alguns de seus constituintes dos compósitos
Fonte: Zanchetta (2020)
Disponível em: https://graduacao.iqsc.usp.br/files/Materiais-Comp%C3%B3sitos-2.pdf
4.3.1 Pultrusão
Nosso mestre Callister et al (2020) explica que, a pultrusão é usada para a fabricação
de componentes com comprimentos contínuos e, que, formem constante seção
transversal, como exemplo, podemos citar as barras, tubos, vigas, etc. Nessa técnica,
que está ilustrada esquematicamente na Figura 8.7, as mechas, ou cabos, de fibras
contínuas são primeiro impregnadas com uma resina termofixa; elas são então puxadas
através de um molde de aço que as pré-conforma para a forma desejada e que também
estabelece a razão resina/fibra. O material passa então por um molde de cura que
é usinado com precisão para conferir à peça sua forma final; esse molde também é
aquecido para iniciar a cura da resina. Um dispositivo puxa o material através dos
moldes e também determina a velocidade de produção.
Figura 8.8: Diagrama esquemático ilustrando a produção de fitas de prepreg usando um polímero termofixo.
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 8.9: Representações esquemáticas das técnicas de enrolamento filamentar helicoidal, circunferencial e polar
Fonte: Callister et al (2020)
4.5 Painéis-sanduíche
Olá meus queridos alunos, estamos finalizando o capítulo dos materiais compósitos,
e falaremos sobre os painéis-sanduíche, que são considerados, segundo Callister et all
(2020), como uma classe de compósitos estruturais, sendo projetados para servirem
principalmente como vigas ou painéis de baixo peso, apresentando boa rigidez e
alta resistência. Esse tipo de material compósito, é normalmente composto por duas
lâminas externas, ou faces, que estão separadas e unidas por adesivo a um núcleo
mais espesso (Figura 8.11). As lâminas externas são fabricadas na maioria das vezes,
por material relativamente rígido e resistente, sendo usado normalmente as ligas de
alumínio, aço e aço inoxidável, plásticos reforçados com fibras, e madeira compensada;
que possuem como finalidade suportarem as cargas de flexão que são aplicadas sobre
o painel. Quando um painel-sanduíche é dobrado, uma face experimenta tensões de
compressão, enquanto a outra experimenta tensões de tração.
Figura 8.12: Diagrama esquemático mostrando a construção de um painel-sanduíche com núcleo de colmeia.
Fonte: Adaptado de Callister et al (2020)
Considerações finais
Fechamos mais um capítulo meus queridos alunos, o que estão achando da disciplina
até o momento? Não fazemos quase nada sem os materiais, não é mesmo?
Figura 8.14: Representação gráfica dos materiais Isótropos (a) e Anisotropos (b)
Fonte: https://fisicoquimica601.wordpress.com/2014/01/15/propiedades-de-los-compuestos-covalentes-y-moleculares/
https://www.youtube.com/watch?v=krY-x0r7YfI
https://www.youtube.com/watch?v=Tr4jGUzoDTw
CAPÍTULO 9
DEFEITOS DA
ESTRUTURA CRISTALINA
9.1 Introdução
Por que estudamos as Imperfeições nos Sólidos? Vocês imaginam a importância
desse tema meus queridos alunos?
As Imperfeições nos Sólidos ou Defeitos da Estrutura Cristalina (Ambas as definições
estão corretas, vão variar conforme o autor), virá nos mostrar que as propriedades de
alguns materiais são profundamente influenciadas pela presença de imperfeições ou
defeitos, como explica Callister et al (2020).
ANOTEM ISSO
Portanto, é importante ter um conhecimento sobre os tipos de defeitos que existem
e sobre a influência deles na estrutura e como afetam o comportamento dos
materiais. Por exemplo, as propriedades mecânicas dos metais puros apresentam
alterações significativas quando esses materiais são ligados (isto é, quando são
adicionados átomos de impurezas) — por exemplo, o latão (70% cobre-30% zinco) é
muito mais duro e resistente que o cobre puro.
Entendam meus queridos alunos, que, um tipo de sólido ideal (perfeito) não existe,
todos os materiais contêm grandes números de uma variedade de defeitos ou
imperfeições. Então, defeito cristalino (ilustrado na figura 9.1), pode ser definido
como uma irregularidade na rede cristalina com uma ou mais das suas dimensões
na ordem do diâmetro atômico. Normalmente, a classificação de imperfeições
cristalinas é feita de acordo com a geometria ou com a dimensionalidade do defeito.
Figura 9.4: As posições atômicas em torno de uma discordância em aresta; o semiplano extra de átomos é mostrado em perspectiva.
Fonte: Callister et al (2020)
Contornos de Macla
Esse tipo de defeito, o contorno de macla é uma forma especial de contorno de
grão, pelo qual existe uma simetria em espelho específica da rede cristalina, isto é, os
átomos em um dos lados do contorno estão localizados em posições de imagem em
espelho em relação aos átomos no outro lado do contorno (Figura 9.6). A macla é um
tipo de defeito cristalino que pode ocorrer durante a solidificação, deformação plástica,
recristalização ou crescimento de grão. Tipos de macla: maclas de recozimento e
maclas de deformação. A região de material entre esses contornos é, apropriadamente,
denominada uma macla.
Considerações finais
Meus queridos alunos, esse capítulo também é muito interessante, não acham?
Quando iniciei minha carreira na Metalurgia e Materiais, e estudava sobre os defeitos,
achava que eram problemas enormes e que só prejudicavam os materiais. Na medida
em que fui entendendo melhor, percebi que são, as vezes, provocados para melhorar
as propriedades e características de muitos materiais, isso não é muito interessante?
Vimos no capítulo que defeito cristalino é uma irregularidade na rede cristalina com
uma ou mais das suas dimensões na ordem do diâmetro atômico. Com frequência, a
classificação de imperfeições cristalinas é feita de acordo com a geometria ou com
a dimensionalidade do defeito, alguns exemplos desses defeitos estão ilustrados na
figura 9.7.
https://www.youtube.com/watch?v=qyO653z1lyI
https://www.youtube.com/watch?v=NJ4RGBzj6kQ
CAPÍTULO 10
DIFUSÃO E MECANISMOS
DE DIFUSÃO
10.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, estão acompanhando como obtemos os materiais, sua
importância e os utilizamos. Vamos fazer aquele exercício mental legal, que vocês
adoram? Vamos entender por que estudar difusão?
É muito comum, para diversas aplicações, muitos materiais (mais comumente os
metálicos) serem submetidos a tratamentos térmicos para melhorar suas propriedades.
E, vamos saber porque, com a aplicação de calor e carregamento mecânico, conseguimos
melhorar as características desses materiais? O que acontece no tratamento térmico,
normalmente ou quase sempre, está relacionado à difusão atômica. Bom, em muitos
casos, se deseja aumentar a taxa de difusão, e, ocasionalmente, entretanto, são tomadas
medidas para reduzi-la. As temperaturas e os tempos de duração dos tratamentos
térmicos e/ou as taxas de resfriamento podem ser estimados com frequência aplicando
a matemática da difusão e constantes de difusão apropriadas. A engrenagem de aço,
como exemplo na figura 10.1, teve sua superfície endurecida, isto é, sua dureza e
resistência a falhas por fadiga foram aumentadas pela difusão de carbono ou nitrogênio
para o interior da camada superficial mais externa.
ANOTEM ISSO
Difusão Intersticial
No próximo tipo de difusão, vamos ter átomos que vão migrar de uma posição
intersticial para uma posição intersticial vizinha que esteja vazia. Esse mecanismo é
encontrado para a interdifusão de impurezas tais como hidrogênio, carbono, nitrogênio
e oxigênio, que têm átomos pequenos o suficiente para se encaixar nas posições
intersticiais. Os átomos hospedeiros ou de impurezas substitucionais raras vezes
formam intersticiais e, normalmente, não se difundem por esse mecanismo. Esse
fenômeno é apropriadamente denominado difusão intersticial (Figura 10.3).
Difusão Volumétrica
Quando os átomos se movem, Prof. Nilson C. Cruz (2015), através do cristal de uma
posição cristalina ou intersticial para outra. E com isso, devido aos átomos vizinhos,
a energia de ativação é alta e a difusão é lenta. Como exemplo prático, ilustrado pela
figura 10.4, temos o processo de sinterização de materiais cerâmicos. Onde podemos
verificar que a força motriz para a sinterização é a redução da área superficial de um
pó solto tendo superfícies com alta energia (sólido-vapor) por um sólido ligado tendo
contornos de grão com energia associada mais baixa.
Como podemos ver na figura 10.7, a 1º lei de Fick, estabelece que, em condições
estacionárias, a corrente global de átomos é igual ao produto do coeficiente de difusão,
D, pelo gradiente de concentração. E, pela 1ª Lei de Fick, os fatores que afetam a
difusão, são:
Q = energia de ativação (cal/mol)
R = constante real dos gases (1,987 cal/mol*K)
T = temperatura em K
D0 = constante pré-exponencial
pelo hidrogênio e por outras espécies gasosas tais como nitrogênio, oxigênio e vapor
d’água. O hidrogênio difunde-se seletivamente através da lâmina até o lado oposto,
que é mantido sob uma pressão constante, porém menor, de hidrogênio.
Figura 10.8: (a) Difusão em regime estacionário através de uma placa delgada. (b) Um perfil de concentrações linear para a situação de difusão
representada em (a).
Fonte: Adaptado de Callister et al (2020)
Considerações finais
Vejam bem meus queridos alunos, e prestem bem atenção, para entenderem o que
vamos conversar agora. Prontos? Então, vamos nessa...
Figura 10.12: Exemplo de aplicação da difusão para melhorar as propriedades da engrenagem, utilizada na transmissão automotiva
Fonte: Callister et al (2020)
https://www.youtube.com/watch?v=vpnv4wIJIHw
CAPÍTULO 11
MECANISMOS DE
DEFORMAÇÃO PLÁSTICA
ANOTE ISSO
Figura 11.4: Exemplo de uma máquina para ensaio de tensão x deformação – Tração
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_de_tra%C3%A7%C3%A3o
Figura 11.5: Exemplo de um Corpo de Prova e Curva tensão versus deformação e algumas propriedades que podem ser obtidas.
Fonte: Adaptado de Gonçalves – UFSCAR (2021)
Disponível em: http://www.ccdm.ufscar.br/2021/08/05/ensaio-de-tracao/
O corpo de prova é preso por suas extremidades, nas garras de fixação do dispositivo
de testes. A máquina de ensaio de tração alonga o corpo de prova, em uma taxa
constante crescente, medindo precisamente os alongamentos resultantes. O resultado
do ensaio é registrado como a carga ou força em função do alongamento. A tensão
(σ) é definida por (Equação 11.1):
Figura 11.6: Gráfico de tensão x deformação (onde representa a deformação elástica do material e representa a deformação plástica)
Fonte: edisciplinas.usp.br (2018)
Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5486413/course/section/6068833/aula%2018.pdf?time=1604970779168
Na prática, muitas vezes, é difícil definir a posição do ponto P com precisão. Como
consequência, geralmente se define uma TENSÃO LIMITE DE ESCOAMENTO (Yield
Strength) (LE ou σ y) como sendo a tensão necessária para se produzir uma pequena
deformação plástica. Para os metais, assume-se que essa pequena deformação plástica
é igual a ε = 0,002 = 0,2%.
Deformação elástica: é reversível, ou seja, quando a carga é retirada, o corpo de
prova volta às suas dimensões originais. Sob carga, as distâncias interatômicas se
expandem, mas são ocupam novas posições na rede cristalina. Na curva σ x ε, a
região elástica é a parte linear inicial do gráfico.
Deformação plástica: é irreversível, ou seja, quando a carga é retirada, o corpo de
prova não recupera as suas dimensões originais. Sob carga, os átomos se deslocam
para novas posições em relação aos vizinhos originais.
Os ensaios de tração são mais comuns, pois são mais fáceis de serem executados;
além disso, para a maioria dos materiais usados em aplicações estruturais, muito
pouca informação adicional é obtida a partir de ensaios de compressão. Os ensaios
de compressão são usados quando se deseja conhecer o comportamento de um
material submetido a deformações grandes e permanentes (isto é, plásticas), como
ocorre em aplicações de fabricação, ou quando o material é frágil sob tração.
onde F é a força imposta paralelamente às faces superior e inferior, sendo que cada
uma delas tem uma área A0. A deformação cisalhante (γ) é definida como a tangente
do ângulo de deformação (θ), veja a figura 11.9.
típicos, a magnitude desse módulo varia entre 45 GPa (6,5 X IO6 psi), para o magnésio, e
407 GPa (59 X IO6 psi), para o tungstênio. Os valores para o módulo de elasticidade para
vários metais à temperatura ambiente estão apresentados na Tabela 11.1.
Tabela 11.1: Módulos de Elasticidade e de Cisalhamento, e Coeficiente de Poisson para várias ligas Metálicas a Temperatura Ambiente
Fonte: Callister et al (2008)
Figura 11.13: Diagramas de tensão-deformação convencional e real para um material dúctil (aço) – não está em escala
Fonte: https://docente.ifsc.edu.br/anderson.correia/MaterialDidatico/Engenharia_Mecanica/Fase_4/Mec%C3%A2nica_dos_S%C3%B3lidos_I/
Cap%C3%ADtulo%203%20-%20Propriedades%20Mec%C3%A2nicas%20dos%20Materiais.pdf
Considerações finais
Meus queridos alunos, estamos finalizando um capítulo importante sobre as propriedades
e características dos materiais. Avaliar sua deformação plástica e elástica, com ensaios
destrutivos dos corpos de prova é verificar a resposta dos materiais aos esforços
Figura 11.14: Ensaios de tração típicos para o aço baixo carbono, cobre e ferro fundido cinzento
Fonte: Adaptado de Biopdi (2023)
Disponível em: https://biopdi.com.br/artigos/ensaio-de-tracao/
https://youtu.be/9MF4ayO6Tuk
https://youtu.be/eIOw86E0WwY
https://youtu.be/vDb3Mrr_yrA
CAPÍTULO 12
MECANISMOS DE
ENDURECIMENTO
12.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, estamos quase finalizando a disciplina, e, gostaria de
saber o que estão achando. Começamos com as ligações e classificação dos materiais.
Vimos os tipos de materiais e suas estruturas, propriedades e processo de deformação
plástica. Importante relembrarmos que no Tetraedro de William Callister, temos, as
premissas básicas:
Após essa breve revisão, aquele exercício mental que temos praticado e muito importante:
Por que estudar as discordâncias e os Mecanismos de Aumento da Resistência? Refletimos...
O capítulo que vamos estudar agora, levando em consideração o Tetraedro de Callister,
pertence ao processo de fabricação, que vamos definir por qual técnica será implementada
no material para que possa atribuir o aumento da resistência para a aplicação na qual foi
definida em projeto. E, com o conhecimento da natureza das discordâncias e do papel que
elas desempenham no processo de deformação plástica, somos capazes de compreender
os mecanismos que estão por trás das técnicas usadas para aumentar a resistência e
endurecer os metais e suas ligas. Dessa forma, torna-se possível projetar e adaptar as
propriedades mecânicas dos materiais — por exemplo, a resistência ou a tenacidade de
um compósito de matriz metálica (figura 12.1 abaixo).
Figura 12.1: Exemplo de material compósito com matriz metálica – PNEU de carro
Fonte: Adaptado de acheipneus.com.br (2023)
Disponível em: https://www.blog.acheipneus.com.br/post/partes-do-pneu-e-funcoes
No Capítulo 11 foi mostrado que os materiais podem sofrer dois tipos de deformação:
elástica e plástica.
ANOTE ISSO
Já uma discordância em espiral pode ser definida como resultante de uma distorção
por cisalhamento, sendo que sua linha da discordância passa através do centro de
uma rampa em espiral de planos atômicos (Figura 12.3).
Figura 12.6: Rearranjos atômicos que acompanham o movimento de uma discordância em aresta conforme ela se move em resposta à aplicação de uma
tensão cisalhante.
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 12.7: A formação de um degrau na superfície de um cristal pelo movimento de (a) uma discordância em aresta e (b) uma discordância em espiral.
Fonte: Callister et al (2020)
Vamos fazer uma analogia ao movimento que uma lagarta faz para se locomover,
ilustrado pela figura 12.8.
Figura 12.8: Representação de forma análoga entre os movimentos de uma lagarta e de uma discordância.
Fonte: Callister et al (2020)
Ambas formam uma corcova próxima à sua extremidade posterior, puxando para
a frente seu último par de pernas o equivalente a uma unidade de comprimento da
perna. A corcova é impelida para a frente pelo movimento repetido de elevação e de
mudança dos pares de pernas. Quando a corcova atinge a extremidade anterior, toda
a lagarta terá se movido para a frente o equivalente a uma distância de separação
entre os pares de pernas. A corcova da lagarta e seu movimento correspondem ao
semiplano de átomos extra no modelo da deformação plástica por discordâncias.
Várias características das discordâncias são importantes em relação às propriedades
mecânicas dos metais. Entre elas estão incluídos os campos de deformação que existem
ao redor das discordâncias, que são importantes na determinação da mobilidade das
discordâncias, assim como em relação às suas habilidades em se multiplicar.
Figura 12.9: (a) Um sistema de escorregamento {111}〈110〉 mostrado em uma célula unitária CFC. (b) O plano (111) mostrado em (a) e três direções de
escorregamento 〈110〉 (indicadas pelas setas) contidas naquele plano formam possíveis sistemas de escorregamento.
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 12.11: O movimento de uma discordância conforme ela encontra um contorno de grão, ilustrando como o contorno atua como barreira à
continuidade do escorregamento. Os planos de escorregamento são descontínuos e mudam de direção através do contorno.
Fonte: Callister et al (2020)
O contorno de grão atua como uma barreira ao movimento das discordâncias por
duas razões:
1. |Uma vez que os dois grãos têm orientações diferentes, uma discordância que
passe para o grão B terá que mudar a direção do seu movimento; isso se torna
mais difícil conforme aumenta a diferença na orientação cristalográfica.
2. A falta de ordem atômica na região do contorno de grão resulta em uma
descontinuidade dos planos de escorregamento de um grão para o outro.
Vamos relembrar que, para os contornos de grão de alto ângulo, pode não ocorrer
algumas vezes, de as discordâncias atravessarem os contornos de grão durante a
deformação; em vez disso, as discordâncias tendem a se “acumular” (ou empilhar)
nos contornos de grão. Esses empilhamentos introduzem concentrações de tensão
à frente dos seus planos de escorregamento, o que gera novas discordâncias nos
grãos adjacentes.
A figura 12.12 ilustra, baseado na figura anterior, o efeito do contorno de grão, na
resistência dos materiais. Quando uma discordância encontra um contorno de grão,
ela tem que mudar de direção.
Figura 12.12: Exemplo da propagação de uma discordância mudando de direção no contorno de grão
Fonte: Adaptado de Santana (2014)
Disponível em: https://pt.slideshare.net/10511090/discordancia-e-atomos-interticiais
Um material com granulação fina (um que possui grãos pequenos) tem dureza
maior e é mais resistente que um material com granulação grosseira, uma vez que o
primeiro possui maior área total de contornos de grão para impedir o movimento das
discordâncias. Para muitos materiais, o limite de escoamento σl varia com o tamanho
de grão de acordo com:
Figura 12.14: Variação do (a) limite de resistência à tração, (b) limite de escoamento e (c) ductilidade (%AL), mostrando o aumento da resistência, em
função do teor de níquel para ligas cobre-níquel.
Fonte: Callister et al (2020)
As ligas são mais resistentes que os metais puros porque os átomos de impurezas
que estão participando na solução sólida normalmente impõem deformações de
rede sobre os átomos hospedeiros vizinhos. Assim, resultam interações do campo
de deformação da rede entre as discordâncias e esses átomos de impurezas, e,
consequentemente, o movimento das discordâncias fica restrito.
A resistência ao escorregamento é maior quando os átomos de impurezas estão
presentes, pois a deformação global da rede deve aumentar se uma discordância for
separada deles. Adicionalmente, as mesmas interações das deformações de rede
(Figuras 12.15b e 12.16b) existem entre os átomos de impureza e as discordâncias
que estão em movimento durante a deformação plástica.
Figura 12.15: (a) Representação das deformações de tração da rede que são impostas sobre os átomos hospedeiros por um átomo de impureza
substitucional menor. (b) Possíveis localizações dos átomos de impureza menores em relação a uma discordância em aresta, de modo que existe um
cancelamento parcial das deformações de rede causadas pelas impurezas e pela discordância.
Figura 12.16: (a) Representação das deformações compressivas impostas sobre os átomos hospedeiros por um átomo de impureza substitucional maior.
(b) Possíveis localizações dos átomos de impureza maiores em relação a uma discordância em aresta, de modo que existe um cancelamento parcial das
deformações de rede causadas pelas impurezas e pela discordância.
Fonte: Callister et al (2020)
Dessa forma, é necessária a aplicação de uma tensão maior para, primeiro, iniciar
e, então, dar continuidade à deformação plástica em ligas com solução sólida, de
maneira oposta ao que ocorre nos metais puros; isso fica evidenciado pelo aumento
da resistência e da dureza.
12.5 Encruamento
Encruamento, ou endurecimento por deformação, é o fenômeno pelo qual um metal
dúctil se torna mais duro e mais resistente à medida que é deformado plasticamente.
Às vezes esse fenômeno também é chamado de endurecimento por trabalho, ou,
pelo fato de a temperatura na qual a deformação ocorre ser “fria” em relação à
temperatura absoluta de fusão do metal, de trabalho a frio. A maioria dos metais
encrua à temperatura ambiente.
Às vezes é conveniente expressar o grau de deformação plástica como porcentagem
de trabalho a frio, em lugar de deformação. A porcentagem de trabalho a frio (%TF)
é definida como:
Figura 12.17: Para o aço 1040, o latão e o cobre, (a) o aumento no limite de escoamento, (b) o aumento no limite de resistência à tração e (c) a redução na
ductilidade (%AL) em função da porcentagem de trabalho a frio.
Fonte: Callister et al (2020)
O preço a ser pago por esse aumento na dureza e na resistência está na ductilidade
do metal. Isso é mostrado na Figura 12.17c, na qual a ductilidade, em termos do
alongamento percentual, apresenta redução com o aumento da porcentagem de
trabalho a frio para essas mesmas três ligas. A influência do trabalho a frio sobre o
comportamento tensão-deformação de um aço com baixo teor de carbono é mostrada
na Figura 12.18; nessa figura, as curvas tensão-deformação estão traçadas para 0%TF,
4%TF e 24%TF.
Figura 12.18: A influência do trabalho a frio sobre o comportamento tensão-deformação de um aço com baixo teor de carbono; são mostradas as curvas
para 0%TF, 4%TF e 24%TF.
Callister et al (2020)
Considerações finais
Em resumo, discutimos os três mecanismos que podem ser aplicados para aumentar
a resistência e endurecer ligas metálicas monofásicas: o aumento da resistência
pela redução no tamanho de grão, o aumento da resistência por solução sólida e o
encruamento. Obviamente, eles podem ser usados em conjunto; por exemplo, uma
liga que tenha tido sua resistência aumentada por solução sólida também pode ser
encruada.
Também deve ser observado que os efeitos do aumento da resistência causados
pela redução do tamanho de grão e pelo encruamento podem ser eliminados, ou pelo
menos reduzidos, por um tratamento térmico em alta temperatura. Por outro lado, o
aumento de resistência por solução sólida não é afetado por um tratamento térmico.
Como será visto no Capítulo 13, outras técnicas, além daquelas que acabaram de ser
discutidas, podem ser usadas para melhorar as propriedades mecânicas de algumas
ligas metálicas. Essas ligas são multifásicas e as alterações nas suas propriedades
resultam de transformações de fases, as quais são induzidas por tratamentos térmicos
especificamente projetados.
https://www.youtube.com/watch?v=vzcFzfHXUHs
https://www.youtube.com/watch?v=v5TMvKOn948
https://www.youtube.com/watch?v=rUQpoAsDwS4
CAPÍTULO 13
DIAGRAMAS DE FASE
13.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, que tal pensarmos na importância de estudarmos os
Diagramas de Fases. Vamos refletir?
Sabemos que, conforme o Tetraedro de William Callister, o processamento é a fase
mais importante da construção/fabricação dos materiais. E que as características
e propriedades estão relacionadas a estrutura, que também já estudamos. E meus
queridos alunos, o conhecimento e a compreensão dos diagramas de fases são
importantes para o engenheiro, pois, está relacionado com o projeto e o controle dos
procedimentos utilizados em tratamentos térmicos, etapa a qual atribui algumas das
propriedades dos materiais, organizando as suas microestruturas e, consequentemente,
esse processo depende de seus históricos térmicos.
Apesar de quase todos diagramas de fases demonstrarem estados e microestruturas
estáveis (ou em equilíbrio), podemos com eles, mesmo assim, utilizá-los para
entendermos o desenvolvimento e a preservação de estruturas fora de equilíbrio,
bem como das suas respectivas propriedades. Isso ocorre com frequência, pois, são
propriedades muito desejadas, e que, estão associadas ao estado de equilíbrio. Isso
pode ser ilustrado convenientemente pelo fenômeno do endurecimento por precipitação.
Vamos entender, de uma forma bem simples, com um elemento muito conhecido
nosso, e fundamental para nossa sobrevivência: Água pura (H2O). O diagrama de fases
da água será ilustrado pela figura 13.1 abaixo.
ANOTE ISSO
Figura 13.2: Exemplo de como é construído um diagrama de fases metálico de 2 variáveis (Temperatura x Composição)
Fonte: Adaptado de Caran – Unicamp (2018)
Disponível em: http://www.fem.unicamp.br/~caram/10.%20DIAGRAMA%20DE%20FASES%20GRAD.pdf
Os componentes são metais puros e/ou os compostos que compõem uma liga. Por
exemplo, em um latão cobre-zinco, os componentes são Cu e Zn. Soluto e solvente, que
também são termos comuns, foram definidos no capítulo 9 e está ilustrado pela figura 13.3.
Figura 13.3: Exemplo de uma estrutura cristalina e o Diagrama de fases do composto Cu-Zn.
Fonte: Adaptado de Callister et al (2010)
Outro termo usado nesse contexto é sistema, que possui dois significados.
Primeiramente, vamos entender, que um sistema pode referir-se a um corpo específico
do material que está sendo considerado (por exemplo, um cadinho de aço fundido);
ou então pode estar relacionado com a série de possíveis ligas compostas pelos
mesmos componentes, porém de maneira independente à composição da liga (por
exemplo, o sistema ferro-carbono).
O conceito de solução sólida foi introduzido no capítulo 10. Para fins de revisão,
uma solução sólida consiste em átomos de pelo menos dois tipos diferentes, onde,
os átomos de soluto ocupam posições substitucionais ou intersticiais na rede do
solvente, sem alterar a estrutura cristalina deste.
Bom, meus queridos alunos, no exemplo acima da figura 13.4, temos, na medida
que adicionamos o açúcar à água, uma solução ou um xarope de açúcar-água que se
formou. À medida que adicionamos mais açúcar, a solução fica mais concentrada, até
que o limite de solubilidade seja atingido, quando então, a solução fica saturada com
açúcar. Com isso, teremos que a solução não será mais capaz de dissolver nenhuma
quantidade de açúcar, e as adições subsequentes simplesmente se sedimentam no
fundo do recipiente, conforme ilustrado na figura. Com isso teremos então, basicamente,
um novo sistema constituído de duas substâncias separadas: uma solução líquida de
xarope açúcar-água e cristais sólidos de açúcar que não foram dissolvidos.
Esse limite de solubilidade do açúcar na água depende da temperatura da água e
pode ser representado na forma de um gráfico, em que a temperatura é traçada ao
longo da ordenada e a composição (em porcentagem em peso de açúcar) é traçada
ao longo da abscissa, como mostrado no gráfico da Figura 13.4.
13.3 Fases
Também de fundamental importância para o entendimento dos diagramas de fases
é o conceito de fase. Definimos uma fase como uma porção homogênea de um
sistema que possui características físicas e químicas uniformes. Todo material puro
é considerado uma fase, bem como, que, também o são todas as soluções sólidas,
líquidas e gasosas. Para o exemplo que apresentamos acima, a solução de xarope
açúcar-água é uma fase, enquanto o açúcar sólido é outra fase.
Cada fase possui propriedades físicas diferentes (uma é um líquido, enquanto a outra
é um sólido). E temos também, importantíssimo dentro desses conceitos, que cada
uma é quimicamente diferente (isto é, possui uma composição química diferente); uma
é virtualmente açúcar puro, enquanto a outra é uma solução de H2O e C12H22O11.
Quando água e gelo, exemplo da figura 13.1, estão num mesmo recipiente, existem
duas fases separadas, e, elas são fisicamente diferentes (uma é um sólido, enquanto a
outra é um líquido), porém ambas são idênticas em composição química (constituídas
por Hidrogênio e Oxigênio – H2O). Além disso, podemos ter casos em que a substância
pode existir em duas ou mais formas polimórficas (por exemplo, tendo tanto estrutura
CFC quanto CCC), cada uma dessas estruturas é uma fase separada, pois suas
respectivas características físicas são diferentes (ilustrado pela figura 13.5 a seguir.
13.4 Microestrutura
Na maioria dos casos, as propriedades físicas e, principalmente, o comportamento
mecânico (propriedades e características) de um material dependem de sua
microestrutura. Para se verificar a microestrutura de um material, precisamos do
auxílio de um microscópio, podendo ser aparelhos ópticos ou eletrônicos. Esse tópico
não teremos tempo de abordá-lo nessa disciplina por não fazer parte da ementa
pedagógica. Nas ligas metálicas, a microestrutura é caracterizada pelo número de
fases presentes, por suas proporções e pela maneira como elas estão distribuídas ou
arranjadas (figura 13.5 ilustra a liga – Ferro-Carbono). A microestrutura de uma liga
depende de variáveis tais como os elementos de liga presentes, suas concentrações
e o tratamento térmico da liga (isto é, a temperatura, o tempo de aquecimento a essa
temperatura e a taxa de resfriamento até a temperatura ambiente).
ANOTE ISSO
Um sistema está em equilíbrio se sua energia livre está em um valor mínimo sob
uma combinação específica de temperatura, pressão e composição. Para facilitar
o entendimento, em termos macroscópicos, isso significa que as características
do sistema não mudam ao longo do tempo, mas persistem indefinidamente, ou
seja, o sistema tende a ficar estável. Uma alteração na temperatura, pressão e/ou
composição de um sistema em equilíbrio resulta em um aumento na energia livre e
em uma possível mudança espontânea para outro estado no qual a energia livre é
reduzida. Vamos ver o exemplo com o diagrama de fases da Água, na figura 13.6.
A primeira etapa na determinação das composições das fases (em termos das
concentrações dos componentes) consiste em localizar o ponto temperatura-
composição no diagrama de fases. São usados diferentes métodos para as regiões
monofásicas e bifásicas. Se apenas uma fase estiver presente, o procedimento é
simples: a composição dessa fase é simplesmente a mesma que a composição global
da liga. Por exemplo, considere a liga com 60%p Ni–40%p Cu a 1100ºC (ponto A,
Figura 13.8). Nessa composição e temperatura, apenas a fase α está presente, tendo
uma composição de 60%p Ni–40%p Cu.
Se temos uma liga com composição e temperatura localizadas em uma região
bifásica, a situação é mais complexa. Em todas as regiões bifásicas (e somente nas
regiões bifásicas) pode ser imaginada a existência de uma série de linhas horizontais,
uma para cada temperatura; cada uma dessas linhas é conhecida como uma linha de
amarração, ou às vezes como uma isoterma. Essas linhas de amarração se estendem
pela região bifásica e terminam, em ambas as extremidades, nas curvas de fronteira
entre as fases. Para calcular as concentrações de equilíbrio das duas fases, o seguinte
procedimento é usado:
1. Uma linha de amarração é construída pela região bifásica na temperatura em
que a liga se encontra;
2. São anotadas as interseções, em ambas as extremidades, da linha de amarração
com as fronteiras entre as fases;
3. A partir dessas interseções, são traçadas linhas perpendiculares à linha de
amarração até o eixo horizontal das composições, onde é lida a composição
de cada uma das respectivas fases.
Bom, sigamos com o exemplo da liga com 35%p Ni–65%p Cu a 1250ºC, apresentada
no ponto B na Figura 13.8 e que está no interior da região α + L. Assim, o problema
consiste em determinar a composição (em %p Ni e %p Cu) tanto para fase α quanto
para fase líquida. O ponto limite é definido pela região da fase α + L, como mostrado
na Figura 13.9 abaixo.
Figura 13.9: Uma parte do diagrama de fases cobre-níquel no qual as composições e as quantidades das fases estão determinadas para o ponto B.
Fonte: Callister et al (2020)
Figura 13.10: Representação esquemática do desenvolvimento da microestrutura durante a solidificação em equilíbrio para uma liga com 35%p Ni–65%p
Cu.
Fonte: Callister et al (2020)
de fases, iremos restringir aos aços que possuem resfriamento muito lento, em que
o equilíbrio é mantido continuamente.
Bom, para que ocorram as mudanças de fases ao se migrar da região γ para o campo
das fases α + Fe3C (Figura 13.11) são normalmente complexas e semelhantes àquelas
descritas para os sistemas eutéticos. Vamos estabelecer, para facilitar o entendimento,
uma liga com composição eutetoide (0,76%p C) à medida que ela é resfriada desde
uma temperatura na região da fase γ, digamos, 800ºC — isto é, começando no ponto
(a) na Figura 13.11, e se movendo para baixo ao longo da linha vertical xx′.
Figura 13.11: Representações esquemáticas das microestruturas para uma liga ferro-carbono com composição eutetoide (0,76%p C) acima e abaixo da
temperatura eutetoide.
Fonte: Callister et al (2020)
Inicialmente, a liga é composta inteiramente pela fase austenita, com uma composição
de 0,76% de C e a microestrutura correspondente, também indicada na Figura 13.11.
Com o resfriamento da liga, não há mudanças até a temperatura eutetoide (727ºC) ser
atingida. Ao cruzar essa temperatura e até o ponto (b), a austenita se transforma. O
líquido solidifica para formar as fases austenita e cementita. O resfriamento subsequente
até a temperatura ambiente promove mudanças de fases adicionais. Observe que existe
um ponto invariante eutetoide para uma composição de 0,76%p C e uma temperatura
de 727ºC. O resfriamento subsequente da perlita a partir do ponto b na Figura produz
mudanças microestruturais relativamente insignificantes.
Figura 13.12: Representação esquemática da formação da perlita a partir da austenita; a direção da difusão do carbono é a indicada pelas setas.
Fonte: Callister et al (2020)
Considerações finais
Os diagramas de fases de equilíbrio são a melhor forma de representar as relações
mais estáveis entre as fases em sistemas de ligas. Vimos também, que, uma fase é
alguma porção de um corpo de material através da qual as características físicas e
químicas são homogêneas. E, que as microestruturas possuem três características
importantes, em si tratando de ligas multifásicas: o número de fases presente, as
proporções relativas das fases e a maneira na qual as fases estão arranjadas. E
também, conforme discutimos no capítulo, que três fatores afetam a microestrutura
de uma liga, sendo eles: os elementos de liga que estão presentes, as concentrações
(percentuais %) desses elementos na liga e, qual tratamento térmico essa liga foi
submetida.
Um sistema em equilíbrio está no seu estado mais estável, ou seja, as características
das suas fases não mudam ao longo do tempo. E os sistemas metaestáveis são
Sobre as ligas metálicas (Aço e suas ligas), considerando sua versatilidade e sua
gama de utilização na Engenharia, Indústria, Construção Civil, Indústria Automotiva,
Naval, Ferroviária, Metal Mecânica, dentre outros diversos setores que as aplicam,
falaremos no capítulo 14 do processamento, características e aplicações, portanto,
voltamos a discutir o assunto no próximo capítulo. Aguardo ansioso por vocês, bons
estudos!
https://www.youtube.com/watch?v=TZjLcZg341k
https://www.youtube.com/watch?v=4QZJJuIwE4Y
CAPÍTULO 14
LIGAS METÁLICAS (AÇOS)
E SUAS APLICAÇÕES
14.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, estamos chegando no final da disciplina, e vimos até
aqui muitas informações interessantes. É impossível esgotarmos esse tema tão
complexo e abrangente, e, temos muitos cursos de pós-graduação para contribuir no
aperfeiçoamento técnico de quem desejar seguir na área. Bom, como vocês já sabem,
gosto de iniciar o capítulo, fazendo com que reflitam a respeito do que já estudamos e
discutimos, e, o por que de estudarmos o assunto que começaremos. Então, imaginam
e pensem em por que estudar o processamento das ligas e suas aplicações?
ANOTE ISSO
14.2.1 Aços
Os aços são ligas ferro-carbono que, normalmente, contém porcentagens
consideráveis de outros elementos de liga. Temos hoje no mercado milhares de ligas
Tabela 14.1: Exemplos de composições e as propriedades mecânicas de vários aços-carbono comuns com baixo teor de carbono
Fonte: Adaptado de cimm.com.br
Disponível em: https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6339-acos-carbono-estruturais#
Figura 14.2 – Algumas aplicações para aços com baixos teores de carbono
Fonte: Adaptado de portosenavios.com.br
Disponível em: https://www.portosenavios.com.br/noticias/ind-naval-e-offshore/petrobras-planeja-voltar-a-ter-plataformas-proprias
Meus queridos alunos, fechando o grupo de aços e ligas de baixo teor de carbono,
temos esse aço de engenharia, desenvolvido pela indústria automotiva e muito
utilizado na fabricação de carros, ônibus, caminhões, dentre outros. São os aços de
alta resistência com baixa liga (ARBL ou HSLA — high-strength, low-alloy). Eles são
normalmente constituídos de outros elementos de liga, tais como cobre, vanádio, nióbio,
níquel e molibdênio, dentre outros, em concentrações combinadas que podem ser
tão elevadas quanto 10%p, e apresentam maiores resistências que os aços-carbono
comuns com baixo teor de carbono.
Em muitos casos, dependendo da aplicação e solicitações mecânicas, eles podem ter
sua resistência aumentada por tratamento térmico, alcançando limites de resistência
à tração superiores a 480 MPa (70.000 psi). E possuem outras características como
ductilidade, conformabilidase e usinabilidade. Vários desses aços serão apresentados
nas Tabelas 14.2 a, b e c. Em condições e atmosferas normais, os aços ARBL são
mais resistentes à corrosão que os aços-carbono comuns, os quais eles substituíram
em muitas aplicações em que a resistência estrutural é fundamental (por exemplo,
em pontes, torres, colunas de sustentação em prédios altos e vasos de pressão).
Tabela 14.2: Exemplo de aços baixa liga (Composição (a), elementos e influência (b) e denominação e características mecânicas (c).
Fonte: Adaptado de cimm.com.br
Disponível em: https://www.cimm.com.br/portal/material_didatico/6339-acos-carbono-estruturais
A figura 14.3, ilustra algumas aplicações desses aços de ultra alta resistência.
Tabela 14.3: Alguns aços médio carbono e suas classes e composição química
Fonte: AAR 2014
E na figura 14.4, ilustramos algumas das aplicações dos aços médio carbono.
Tabela 14.4: Composição e Classificação AISI para alguns tipos de aços ferramenta
Fonte: Adaptado de moldes.injeção.com.br
Disponível em: http://moldesinjecaoplasticos.com.br/wp-content/uploads/2018/02/re-2.png
Considerações Finais
Vimos nesse capítulo, as principais ligas ferrosas, na família dos aços carbono
(baixo, médio e altos teores), de forma bem resumida, mas, no entanto, de fundamental
importância dentro da ciência e engenharia de materiais, por ser o material mais versátil,
mais utilizado pela engenharia e um dos mais abundantes, sem ressaltar a facilidade
de reciclagem, o que é muito importante conforme veremos no próximo capítulo. Não
foi possível esgotarmos o tema, em virtude do tempo. Mas, conseguimos ter uma
idéia com relação à composição química, aplicação e principais características. Com
relação ao processamento, controles e ensaios (visando atender as especificações dos
clientes), não foi possível abordar nesse capítulo, no entanto, segue um resumo para
que possam ter conhecimento. Além de sua utilização final, as suas classificações
do aço, segundo o Instituto do Aço Brasil (2023) que são:
Aços Carbono:
São aços ao carbono, ou com baixo teor de liga, de composição química definida
em faixas amplas.
Aços Ligados/Especiais:
São aços ligados ou de alto carbono, de composição química definida em estreitas
faixas para todos os elementos e especificações rígidas.
Em aços carbono:
Perfis leves (h < 80 mm)
Perfis médios (80 mm < h <= 150 mm)
Perfis pesados (h > 150 mm)
Vergalhões / Fio-máquina (principalmente para arames) / Barras (qualidade
construção civil) / Tubos sem costura / Trefilados
Em aços ligados / especiais:
Fio-máquina (para parafusos e outros) / Barras em aços construção mecânica
Barras em aços ferramenta / Barras em aços inoxidáveis e para válvulas
Tubos sem costura / Trefilados
https://www.youtube.com/watch?v=_b79dxh7sDY
https://www.youtube.com/watch?v=JP2bJMZBCR4
https://www.youtube.com/watch?v=6t8oEv1cgGw
CAPÍTULO 15
QUESTÕES AMBIENTAIS
E SOCIAIS NA CIÊNCIA
DOS MATERIAIS
15.1 Introdução
Olá meus queridos alunos, enfim, estamos finalizando nosso livro sobre Engenharia
e Ciência dos Materiais. Tivemos o cuidado de tratar dos principais assuntos e ainda
existe uma vasta quantidade de informações, no entanto, os fundamentos básicos para se
desenvolverem no assunto, foram considerados. Estou há 20 anos nessa área, e, confesso,
sou um eterno aprendiz e cada dia aprendo algo novo. Para não perdermos o costume, ao
iniciar cada capítulo, vamos fazer aquela reflexão: Por que devemos estudar as questões
ambientais e sociais na Ciência e Engenharia dos Materiais? Pensem e reflitam a respeito.
Entendam o quanto importante é esse tema Ambiental e Social na vida dos Engenheiros,
pois, todas as demandas em relação aos recursos naturais do planeta aumentam sem
parar a cada dia. Outra situação crítica e importante de ser salientada, é que os níveis
de poluição sobem exponencialmente. Portanto, meus queridos futuros engenheiros, as
decisões que terão que tomar na engenharia de materiais, tanto nas escolhas das matérias
primas bem como nos processos de fabricação e no consumo de energia, têm impactos
diretos em nossas vidas e na sociedade. Ainda não falamos da contaminação da nossa
água, a saúde das pessoas, as mudanças climáticas, observem, não é amplo e temos
muitas responsabilidades e um mundo para zelar ao definirmos qual o melhor processo
a ser estabelecido para construirmos ou fabricarmos um material?
Para fechar nosso raciocínio a respeito dessas reflexões, é extremamente importante,
aos engenheiros, que, possuem todo esse conhecimento técnico, orientar e conscientizar a
todos em relação ao consumo exacerbado, à urgente necessidade de descarte adequado
dos resíduos bem como o seu reaproveitamento e reciclagem relativo aos produtos
consumidos no dia a dia. Tenhamos em mente, que, a qualidade de vida da atual geração
e das próximas, está diretamente relacionada a essas questões e como são tratadas e
abordadas pela comunidade mundial da engenharia.
que são o que podemos definir como materiais engenheirados, tais como ligas metálicas,
pós cerâmicos, vidros, plásticos, compósitos, semicondutores e elastômeros. Após esse
beneficiamento primário, esses materiais engenheirados são ainda conformados, tratados
e montados em produtos, dispositivos e eletrodomésticos que estão prontos para o
consumidor, constituindo assim a etapa de “projeto, fabricação e montagem do produto”
na Figura 15.1. O consumidor vai adquirir esses produtos e os utiliza-los (o estágio das
“aplicações”), até que se deteriorem ou se tornem obsoletos e sejam descartados. A partir
desse momento, os constituintes do produto podem tanto ser reciclados/reutilizados
(situação em que retornam ao ciclo dos materiais) ou eliminados como rejeito, sendo
normalmente incinerados ou descartados como resíduos sólidos em aterros municipais,
e, portanto, retornam para a terra e completam o ciclo dos materiais.
ANOTE ISSO
Uma forma que a indústria vem fazendo para melhorar o desempenho de seus
produtos em relação ao meio ambiente é denominado análise/avaliação do
ciclo de vida. Para que isso aconteça no projeto de um produto, é levado em
consideração a avaliação ambiental do produto desde o seu nascimento até
seu descarte, ou seja, desde a extração das matérias primas até a fabricação
do produto, seu uso e, por fim, sua reciclagem e descarte (Muitas vezes esse
procedimento também é conhecido como projeto verde).
Uma fase importante desse procedimento é a quantificação das várias entradas
(isto é, materiais e energia) e saídas (isto é, rejeitos) para cada fase do ciclo de
vida; isso está representado esquematicamente na Figura 15.2. Além disso, uma
avaliação em relação aos impactos sobre o meio ambiente é conduzida, tanto no
âmbito global quanto no local, em termos dos efeitos sobre a ecologia, a saúde
humana e as reservas de recursos.
Figura 15.2: Exemplo esquemático do ciclo de vida do produto até sua disposição final
Fonte: Adaptado do Prof. Ometto (USP-2015)
Disponível em: http://www.shs.eesc.usp.br//neper/isimposio/palestras/03122009-tarde/ALDO_OMETTO-AvaliacaoDeCicloDeVida.pdf
15.3.1 Metais
As ligas metálicas em sua maior parte (aquelas com Fe ou Cu), com maior ou
em menor grau, sofre corrosão e é biodegradável. Entretanto, alguns metais (por
exemplo, Hg, Pb) são tóxicos e, se descartados em aterros, trazem perigo à saúde.
E, apesar das ligas metálicas serem recicláveis, não é factível a reciclagem de todos
os metais. Além de, com o tempo e ciclos, essas ligas recicladas tendem a diminuir
sua qualidade (isto é, elas são deterioradas a cada ciclo, ou “down-cycled”). O ciclo
do aço está representado pela figura 15.3.
15.3.1 Vidro
Dentre os materiais cerâmicos, o vidro é o mais utilizado em termos de quantidades
em nossa sociedade, normalmente como recipientes. Por ser um material relativamente
inerte e, com isso, não se decompõe. Portanto, não é material biodegradável. Uma
proporção significativa dos aterros municipais consiste em sucatas de vidros, sendo
também considerado para os resíduos de incineradores. O vidro é um material reciclável
ideal, podendo ser reciclado várias vezes sem uma depreciação significativa da sua
qualidade. A figura 15.4 ilustra o ciclo de fabricação e reciclagem do vidro.
Figura 15.5: Ciclo de Vida do capacete de obras considerando os dois materiais de comparação: Polipropileno (PP) puro e o Compósito de Fibra Vegetal
(CFV) com sisal
Fonte: Medeiros D. L. et al. (2016)
Disponível em: Rev. Virtual Quim., 2016, 8 (4), 1166-1180. Web: http://rvq.sbq.org.br
Figura 15.6: (a) Vista geral da máquina de IMC e (b) sua representação esquemática do processo IMC
Considerações finais
A cada dia mais meus queridos alunos, os impactos ambientais e sociais oriundos
dos processos produtivos estão se tornando questões significativas na engenharia.
Com isso, o ciclo de vida de um material “do berço ao túmulo” é uma consideração
importante. Esse ciclo “do berço ao túmulo” consiste nos estágios de extração, síntese/
processamento, projeto/fabricação do produto, aplicação e descarte, conforme já foi
ilustrado no capítulo (Figura 15.1).
Para facilitar e controlar as operações de forma eficaz dos ciclos dos materiais,
consideramos a implantação de um inventário de entradas/saídas para a avaliação do
ciclo de vida de um produto. Os materiais e a energia são os parâmetros de entrada,
enquanto as saídas incluem os produtos usáveis, os efluentes aquosos, as emissões
para a atmosfera e os resíduos sólidos (Figura 15.2).
Nosso planeta Terra é um sistema fechado, ou seja, os recursos materiais são
finitos; de certa maneira, o mesmo pode ser dito a respeito dos recursos energéticos.
As questões ambientais envolvem os danos ecológicos, a poluição e o descarte de
rejeitos. A reciclagem de produtos usados e a implantação de um projeto verde reduzem
alguns desses problemas ambientais.
https://youtu.be/KmGFOYlZslk
https://www.youtube.com/watch?v=wFZVgjJJfQU
CONCLUSÃO
Olá meus queridos alunos, estamos terminando esse livro, e, espero que vocês
estejam apenas “começando’’. Conforme foi proposto na introdução, nossos objetivos
planejados foram atendidos, pois, conseguimos falar de forma bem objetiva sobre
cada assunto, que norteia o cientista e o engenheiro de materiais para buscar novas
soluções, com custo x benefícios, sem agredir ou prejudicar tanto o meio ambiente.
Espero que busquem outros autores, que pesquisem, e continuem buscando
conhecimento. Aos que trabalham, numa indústria, laboratórios, inspeções, ensaios,
auditorias, pesquisas e certificações ou outro setor que possui relação ao assunto,
que, aproveitem o local de trabalho como um laboratório gigante de pesquisa e
aplicação prática do conhecimento. Esse livro, trouxe as informações que consideramos
essenciais. O campo de atuação e a abrangência são enormes.
Acredito que, por questões de oportunidades, talvez, cada um de vocês vá se dedicar
a uma área específica, ou, aquela que tiveram mais afinidades. Desejo que possam
seguir em frente se desenvolvendo, ajudando a encontrar soluções e nas decisões que
direcionam as empresas de vocês rumo ao mais prático, simples, objetivo e cuidando
do meio ambiente. E, que possam também, ajudar os demais colaboradores que
trabalharem ou conviverem com vocês no treinamento e capacitação, facilitando a
compreensão e o entendimento de cada um, auxiliando-os a se tornarem melhores,
quando se tratar da ciência e engenharia de materiais.
Por fim, eu como professor e a Instituição de Ensino Faculdade Católica Paulista, nos
colocamos a disposição para continuar auxiliando-os no desenvolvimento e crescimento
de vocês. Contem sempre conosco!
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
LIVRO
FILME
WEB
REFERÊNCIAS
CRAIG JR, ROY R. Mecânica dos Materiais. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos.
https://embrapii.org.br/competencias/materiais-de-alto-desempenho/ Acessado
em 20/07/23