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juiz tem de descontar nesses 5 anos os 2 anos que ele passou na prisão pela medida de coação.

A
pena final em que será condenado é, então, 3 anos.
Qual é a razão político-criminal deste instituto? Uma razão de justiça: o tempo
anteriormente passado privado da liberdade na sequência da sujeição a medida de coação
processual tem de ser descontado na pena em que o agente venha a ser condenado – é um
instituto relativamente ao qual podemos manifestar, contudo, muitas reservas.
Isto porque o juiz determina a pena a aplicar em concreto ao agente desde logo motivado a titulo
principal pela finalidade preventiva da pena quando o agente chega a tal pena de 5 anos é porque
conclui naquele caso concreto que o agente do ponto de vista preventivo necessita da pena de 5
anos e, logo a seguir, condena-o apenas a 3 anos por ter que descontar o tempo que esteve preso
preventivamente.
Reparemos, então, que quando alguém está sujeito a prisão preventiva, à obrigação de
permanência na habitação ou à detenção por razoes processuais, é obvio que nessa
privação da liberdade não estão presentes as finalidades preventivas da punição (nem
podiam estar: as medidas de coação são aplicadas a alguém que ainda se presume
inocente).
Às vezes há hipóteses práticas em que os tribunais pura e simplesmente fazem cessar
as medidas preventivas para ainda haver pena para cumprir.
Estas reservas, contudo, são inultrapassáveis: não se poderia não descontar o tempo.
Contudo, podemos apostar é em menos prisão preventiva. Há um lamento generalizado
de haver poucas prisões preventivas – algo que consideramos um erro a vários propósitos:
quanto mais tempo o agente estiver em prisão preventiva, mas subvertemos a pena em
que, mais tarde, o vamos condenar (podendo-se pôr em causa as finalidades preventivas
da punição, no limite).
Como se procede ao desconto? Como está no CP, a detenção, a prisão preventiva e a
obrigação de permanência na habitação são descontadas na pena de prisão que vier a ser
aplicada ao agente, sendo o desconto feito por inteiro – isto quando temos uma medida
processual privativa da liberdade e uma pena de prisão (art. 80º/1).
Se a pena em que o agente seja condenado não seja de prisão, mas sim de multa, o nº 2
dita que devemos descontar à razão de um dia de privação da liberdade por pelo menos
um dia de multa – consoante as exigências do caso.
O que se verifica é que um dia de privação da liberdade podem significar mais do que
um dia de multa – há um desconto equitativo, porque de facto do ponto de vista do agente
não é a mesma coisa estar um dia privado da liberdade ou ser condenado num dia de multa
(o primeiro pesa mais).
Temos outras duas hipóteses: o desconto também deve ser feito na pena de
substituição que venha a ser imposta ao agente. O art. 80º pensou nas duas penas
principais, mas acrescentamos que as medidas de natureza processual, pelas mesmas
razões de justiça há pouco mencionadas, hão de ser descontadas na pena de substituição
que venha a ser aplicada.

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