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TCC - Spda Uerj 2017
TCC - Spda Uerj 2017
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
BRASILEIRO DE
PESQUISAS FÍSICAS
Rio de Janeiro
2016
INGRID FERNANDES MORAES DE SOUZA
BRASILEIRO DE
PESQUISAS FÍSICAS
Rio de Janeiro
2016
II
ESTUDO DA NORMA ABNT 5419/2015 COM ESTUDO DE CASO NO ANTIGO
PRÉDIO DO CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS
Aprovado por:
________________________________________
________________________________________
________________________________________
Rio de Janeiro
2016
III
Dedicatória
IV
Agradecimentos
A Deus por ter me dado a vida e ter me colocado em uma família tão boa.
Aos meus pais, que são meu exemplo, por sempre terem me dado força e apoio
quando eu precisei, e também por terem me cobrado quando necessário.
Aos meus amigos, pela ajuda nos bons e maus momentos, compreensão e
estímulo para chegar ao final com êxito.
V
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.
Estudo da norma ABNT 5419/2015 com estudo de caso no antigo prédio do Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas
Setembro/2016
Este trabalho apresenta as principais orientações fixadas pela norma ABNT 5419
– Proteção de Edificação contra Descargas Atmosféricas, bem como ressalta as
principais alterações pertinentes à sua atualização realizada no ano de 2015.
VI
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
Study of ABNT standard 5419/2015 with case study on Brazilian Center for Physics
Research
Setembro/2016
VII
Sumário
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1. Objetivo ............................................................................................................................. 1
2. Descargas Atmosféricas ........................................................................................................ 2
2.1. Descargas Atmosféricas no Brasil..................................................................................... 2
2.2. Como são formadas as descargas atmosféricas ................................................................. 4
2.3. Forma de onda e características da descarga atmosférica ................................................. 5
2.4. Orientação para proteção de seres humanos...................................................................... 6
3. Princípios gerais da proteção contra descargas atmosféricas ................................................ 7
3.1. Danos provocados pelas descargas atmosféricas .............................................................. 7
3.2. Necessidade de proteção contra descargas atmosféricas ................................................... 8
3.3. Medidas de proteção.......................................................................................................... 9
3.4. Critérios para a proteção das estruturas ............................................................................. 9
4. Gerenciamento do risco de uma descarga atmosférica atingir uma estrutura ..................... 12
4.1. Riscos e suas componentes ............................................................................................. 12
4.2. Gerenciamento de Risco.................................................................................................. 14
4.3. Análise dos componentes de risco .................................................................................. 15
4.3.1. Análise dos componentes de risco devido às descargas atmosféricas na Estrutura
(S1)............. ................................................................................................................................. 16
4.3.2. Análise dos componentes de risco devido a descargas atmosféricas nas proximidades
da estrutura (S2) .......................................................................................................................... 16
4.3.3. Análise dos componentes de risco devido a descargas atmosféricas em uma linha
conectada à estrutura (S3) ........................................................................................................... 16
4.3.4. Análise dos componentes de risco devido a descargas atmosféricas nas proximidades
de uma linha conectada à estrutura (S4)...................................................................................... 16
4.3.5. Dividindo a estrutura ................................................................................................... 17
4.4. Análise do número anual N de eventos perigosos ........................................................... 17
4.4.1. Princípios Básicos ....................................................................................................... 17
4.4.2. Análise do número médio anual de eventos perigosos ND devido a descargas
atmosféricas na estrutura e NDJ em estrutura adjacente............................................................... 17
4.4.2.1. Número de eventos perigosos ND para a estrutura .................................................. 17
4.4.2.1.1. Determinação da área de exposição equivalente AD ............................................... 17
4.4.2.1.2. Localização relativa da estrutura ............................................................................. 18
4.4.2.2. Número de eventos perigosos NDJ para uma estrutura adjacente: ........................... 18
4.4.2.2.1. Tipo de linha............................................................................................................ 18
VIII
4.4.3. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NM devido a descargas
atmosféricas próximas da estrutura ............................................................................................. 19
4.4.4. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NL devido a descargas
atmosféricas na linha ................................................................................................................... 19
4.4.5. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NI devido a descargas
atmosféricas próximas à linha ..................................................................................................... 20
4.5. Avaliação da probabilidade PX de danos ......................................................................... 20
4.5.1. Probabilidade PA de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar ferimentos a
seres vivos por meio de choque elétrico...................................................................................... 20
4.5.2. Probabilidade PC de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar falhas a
sistemas internos ......................................................................................................................... 21
4.5.3. Probabilidade PM de uma descarga atmosférica perto de uma estrutura causar falha em
sistemas internos ......................................................................................................................... 22
4.5.4. Probabilidade PU de uma descarga atmosférica em uma linha causar ferimentos a seres
vivos por choque elétrico ............................................................................................................ 24
4.5.5. Probabilidade PV de uma descarga atmosférica em uma linha causar danos físicos ... 25
4.5.6. Probabilidade PW de uma descarga atmosférica em uma linha causar falha de sistemas
internos............... ......................................................................................................................... 25
4.5.7. Probabilidade PZ de uma descarga atmosférica perto de uma linha que entra na
estrutura causar falha dos sistemas internos ................................................................................ 25
4.6. Análise de quantidade de perda LX ................................................................................. 26
4.6.1. Quantidade relativa média de perda por evento perigoso ........................................... 26
4.6.2. L1 – Perda de vida humana ......................................................................................... 26
4.6.3. L2 – Perda inaceitável de serviço ao público .............................................................. 28
4.6.4. L3 – Perda inaceitável de patrimônio cultural............................................................. 29
4.6.5. L4 – Perda econômica ................................................................................................. 29
5. Perigos à vida e danos físicos a estrutura ............................................................................ 31
5.1. Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas ................................................... 31
5.1.1. Continuidade da armadura de aço em estruturas de concreto armado ........................ 31
5.2. Sistema externo de proteção contra descargas atmosféricas ........................................... 32
5.2.1. Subsistema de Captação .............................................................................................. 32
5.2.1.1. Método do Ângulo de Proteção ou Método de Franklin ......................................... 33
5.2.1.2. Método da Esfera Rolante ou Método Eletrogeométrico ........................................ 34
5.2.1.3. Método das Malhas ou Método da Gaiola de Faraday ............................................ 36
5.2.1.4. Captores para descargas laterais .............................................................................. 37
5.2.1.5. Construção do subsistema de captação ................................................................... 37
5.2.1.6. Componentes naturais ............................................................................................. 38
IX
5.2.2. Subsistema de Descida ................................................................................................ 38
5.2.2.1. Divisão da corrente da descarga atmosférica entre os condutores de descida......... 39
5.2.2.2. Posicionamento ....................................................................................................... 42
5.2.2.3. Construção............................................................................................................... 43
5.2.2.4. Componentes Naturais: ........................................................................................... 44
5.2.3. Subsistema de Aterramento ......................................................................................... 44
5.2.4. Componentes ............................................................................................................... 46
5.2.4.1. Fixação .................................................................................................................... 46
5.2.5. Materiais e Dimensões ................................................................................................ 48
5.3. Sistema interno de proteção contra descargas atmosféricas ............................................ 49
5.3.1. Equipotencialização com o objetivo de proteger contra descargas atmosféricas ........ 49
5.3.1.1. Equipotencialização para instalações metálicas ...................................................... 50
5.3.1.2. Equipotencialização para elementos condutores externos ...................................... 51
5.3.1.3. Equipotencialização para sistemas internos ............................................................ 51
5.3.1.4. Equipotencialização para as linhas conectadas à estrutura a ser protegida ............. 51
5.4. Manutenção, inspeção e documentação de um SPDA .................................................... 52
5.5. Medidas de proteção contra acidentes com seres vivos .................................................. 52
5.5.1. Medidas de proteção contra tensão de toque ............................................................... 52
5.5.2. Medidas de proteção contra tensão de passo ............................................................... 53
5.6. Estruturas com material sólido explosivo ....................................................................... 53
6. Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura ......................................................... 54
6.1. Projeto e instalação de medidas de proteção contra surtos (MPS) .................................. 54
6.1.1. Zonas de Proteção contra raios (ZPR) ......................................................................... 55
6.1.2. Medidas básicas de proteção contra surtos.................................................................. 56
6.2. Aterramento e Equipotencialização................................................................................. 56
6.2.1. Barras de equipotencialização ..................................................................................... 58
6.2.2. Dimensões e materiais dos componentes que compõem a equipotencialização ......... 58
6.3. Blindagem magnética e roteamento de linhas ................................................................. 58
6.4. Coordenação de DPS....................................................................................................... 59
6.4.1. Seleção do DPS ........................................................................................................... 59
7. Verificação da necessidade de SPDA no antigo prédio do Centro Brasileiro de Pesquisas
Físicas (CBPF) ............................................................................................................................ 60
7.1. Análise do Número Anual N de eventos perigosos ......................................................... 60
7.1.1. Densidade de Descargas Atmosféricas para a terra..................................................... 60
X
7.1.2. Análise do número médio anual de eventos perigosos ND devido a descarga
atmosféricas na estrutura e NDJ em uma estrutura adjacente ....................................................... 60
7.1.2.1. Determinação da área de exposição equivalente AD ............................................... 61
7.1.2.2. Número de eventos perigosos ND para a estrutura .................................................. 61
7.1.2.3. Número de eventos perigosos NDJ para uma estrutura adjacente ............................ 61
7.1.3. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NM devido a descargas
atmosféricas perto da estrutura.................................................................................................... 62
7.1.4. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NL devido a descargas
atmosféricas na linha ................................................................................................................... 63
7.1.5. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NI devido a descargas
atmosféricas perto da linha .......................................................................................................... 63
7.2. Avaliação da Probabilidade PX de danos......................................................................... 64
7.2.1. Probabilidade PA de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar ferimentos a
seres vivos por meio de choque elétrico...................................................................................... 64
7.2.2. Probabilidade PB de uma descarga atmosférica em uma estrutura causando danos
físicos................ .......................................................................................................................... 64
7.2.3. Probabilidade PC de uma descarga atmosférica em uma estrutura causar falhas a
sistemas internos ......................................................................................................................... 64
7.2.4. Probabilidade PM de uma descarga atmosférica perto de uma estrutura causar falhas
em sistemas internos ................................................................................................................... 65
7.2.5. Probabilidade PU de uma descarga atmosférica em uma linha causar ferimentos a seres
vivos por choque elétrico ............................................................................................................ 65
7.2.6. Probabilidade PV de uma descarga atmosférica em uma linha causar danos
físicos......... ................................................................................................................................. 65
7.2.7. Probabilidade PW de uma descarga atmosférica em uma linha causar falha de sistemas
internos.... .................................................................................................................................... 66
7.2.8. Probabilidade PZ de uma descarga atmosférica perto de uma linha que entra na
estrutura causar falhas dos sistemas internos .............................................................................. 66
7.3. Análise da quantidade de perda LX ................................................................................. 66
7.3.1. L1 – Perda de vida humana ......................................................................................... 66
7.3.2. L2 – Perda inaceitável de serviço ao público .............................................................. 68
7.3.3. L3 – Perda inaceitável de patrimônio cultural............................................................. 69
7.3.4. L4 – Perda econômica ................................................................................................. 69
7.4. Análise dos riscos RX ...................................................................................................... 69
7.4.1. R1 – Risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas ................................ 69
7.4.2. R2 – Risco de perda de serviço público ...................................................................... 70
8. Níveis de proteção (Classes do SPDA) ............................................................................... 72
8.1. Influência dos parâmetros ............................................................................................... 73
XI
9. Instalação do SPDA ............................................................................................................ 74
9.1. Subsistema de captação ................................................................................................... 74
9.1.1. Método do ângulo de proteção: ................................................................................... 74
9.1.2. Método das malhas ...................................................................................................... 75
9.1.3. Método da Esfera Rolante ........................................................................................... 75
9.1.4. Comparação e definição do método a ser utilizado ..................................................... 76
9.2. Subsistema de descida ..................................................................................................... 76
9.3. Subsistema de Aterramento ............................................................................................. 78
10. Conclusão e Trabalhos Futuros ....................................................................................... 80
11. Referências: ..................................................................................................................... 81
12. Anexo A - Mudanças na NBR 5419................................................................................ 82
XII
Índice de Figuras
XIII
Figura 27: Ângulo de proteção de acordo com a classe do SPDA..................................85
XIV
Índice de Tabelas
XV
Tabela 25: Perda L3: Valores de perda para cada zona .................................................. 29
Tabela 26: Perda L3: Valor médio típico de LF.............................................................. 29
Tabela 27: Perda L4: Valores de perda para cada zona .................................................. 29
Tabela 28:Perda L4: Valores médios típicos de LT, LF e LO...........................................30
Tabela 29: Relação entre níveis de proteção para descargas atmosféricas e classe de
SPDA .............................................................................................................................. 31
Tabela 30: Valores do raio da esfera rolante em função da classe do SPDA ................. 35
Tabela 31: Valores do Método das malhas de acordo com a classe do SPDA............... 36
Tabela 32: Espessura mínima de chapas metálicas ou tubulações metálicas em sistema
de captação ..................................................................................................................... 37
Tabela 33: Valores das distâncias entre os condutores de descida em função das classes
do SPDA ......................................................................................................................... 38
Tabela 34: Valores do coeficiente kc .............................................................................. 39
Tabela 35: Valores do coeficiente ki .............................................................................. 43
Tabela 36: Valores do coeficiente km ............................................................................. 44
Tabela 37: Valores aproximados do coeficiente kc ........................................................ 44
Tabela 38: Materiais para SPDA e condições de utilização...........................................47
Tabela 39: Material, configuração e área de seção mínima dos condutores de captação,
hastes captoras e condutores de descida ......................................................................... 48
Tabela 40: Material, configuração e dimensões mínimas de eletrodo de aterramento ... 49
Tabela 41: Dimensões mínimas dos condutores que interligam diferentes barramentos
de equipotencialização (BEP ou BEL) ou que ligam essas barras ao sistema de
aterramento ..................................................................................................................... 50
Tabela 42: Dimensões mínimas dos condutores que ligam as instalações metálicas
internas aos barramentos de equipotencialização (BEP ou BEL) .................................. 50
Tabela 43:Comprimento de cabo a ser considerado segundo a condição de blindagem...
........................................................................................................................................ 52
Tabela 44: Seção transversal mínima para componentes de equipotencialização.......... 58
Tabela 45: Perda L1: Valores para cada zona ................................................................ 67
Tabela 46: Perda L2: Valores para cada zona ................................................................ 68
Tabela 47: Comparação da eficiência de acordo com o nível de proteção......................82
XVI
Tabela 49: Comparação dos valores da malha captora de acordo com a classe do
SPDA...............................................................................................................................86
XVII
Abreviaturas e Siglas
AD: Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas a uma estrutura isolada
AI: Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas perto de uma linha
AM: Área de exposição equivalente para descargas atmosféricas perto de uma estrutura
XVIII
D2: Danos físicos
KS2: Fator relevante à efetividade da blindagem por malha dos campos internos de uma
estrutura
L: Comprimento da estrutura
LA: Perda relacionada aos ferimentos a seres vivos por choque elétrico (descargas
atmosféricas à estrutura)
LC: Perda relacionada à falha dos sistemas internos (descargas atmosféricas à estrutura)
LU: Perda relacionada a ferimentos de seres vivos por choque elétrico (descargas
atmosféricas na linha)
LV: Perda em uma estrutura devido a danos físicos (descargas atmosféricas na linha)
XIX
LX: Perda consequente a danos relevantes à estrutura
NI: Número de eventos perigosos devido às descargas atmosféricas perto de uma linha
XX
PLI: Probabilidade de reduzir PZ dependendo das características da linha e da tensão
suportável do equipamento (descargas atmosféricas perto da linha conectada)
PM: Probabilidade de falha de sistemas internos (descargas atmosféricas perto da linha
conectada)
RM: Componente de risco (falha dos sistemas internos -descarga atmosférica perto da
estrutura)
XXI
Rs: Resistência da blindagem por unidade de comprimento de um cabo
RW: Componente de risco (falha dos sistemas internos -descarga atmosférica na linha
conectada)
RZ: Componente de risco (falha dos sistemas internos - descarga atmosférica perto da
linha)
tZ: Tempo, em horas por ano, que pessoas estão presentes em um local perigoso
XXII
1. Introdução
A descarga atmosférica é um fenômeno conhecido por todos os seres humanos, uma
vez que a mesma gera curiosidade, já que muitas pessoas não conseguem entender como
é possível um raio cair do céu para a terra, e medo, em função do trovão que é posterior
ao raio e aos danos que ela pode provocar.
Quando se fala dos danos gerados pela descarga atmosférica, isso inclui danos às
estruturas e aos seres vivos, os quais podem chegar a óbito caso recebam uma corrente
elevada acima de uma determinada faixa proveniente da descarga atmosférica. Com o
intuito de evitar tais danos, sistemas de proteção contra descargas atmosféricas foram
desenvolvidos a fim de proteger estruturas e seres vivos que se encontrem dentro da
mesma.
A seleção dos componentes naturais bem como qual SPDA deve ser utilizado e a
definição de suas principiais características devem seguir os critérios expressos na
norma NBR – 5419 que teve sua última atualização realizada no ano de 2015.
1.1. Objetivo
O objetivo deste Projeto de Graduação é apresentar, em um primeiro estágio, as
principais orientações fixadas pela nova norma NBR 5419 e, com base na mesma, além
de em livros didáticos e outros trabalhos de graduação, apresentar os resultados de um
estudo de caso.
1
2. Descargas Atmosféricas
2.1. Descargas Atmosféricas no Brasil
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), caem
aproximadamente 50 milhões de descargas atmosféricas por ano apenas no Brasil. Com
esse número elevado, o Brasil assume o posto de um dos países que mais é atingido em
todo o mundo. A explicação para tal fato se dá porque o Brasil é um país tropical com
clima quente, o que ajuda na formação de raios e tempestades. Uma consequência dessa
característica climática é que cerca de 86% dos casos com vítimas fatais de 2000 a 2014
ocorreram na primavera ou verão, estações onde as tempestades devido às altas
temperaturas estão mais presentes.
2
Figura 1: Mapa isocerâunico do Brasil
É claro que a perda de vida humana é a de maior consequência, mas não é a única
que se apresenta quando uma descarga atmosférica atinge a estrutura. Outro ponto de
extrema importância são as perdas materiais causadas pelas mesmas. Dentre as perdas
que mais influenciam na vida da população estão os desligamentos na distribuição
3
elétrica e na transmissão, gerando um prejuízo anual de aproximadamente um bilhão de
reais em nosso país.
4
Figura 3: Formação de uma descarga atmosférica
5
Além da forma de onda relativa às descargas atmosféricas, dados como tempo,
corrente e tensão serão de extrema importância para poder dimensionar o SPDA que
será utilizado. Na tabela a seguir, são apresentados os intervalos em que se encontram
esses e outros dados característicos da descarga atmosférica.
6
3. Princípios gerais da proteção contra descargas atmosféricas
3.1. Danos provocados pelas descargas atmosféricas
A descarga atmosférica é uma força da natureza, desta forma sendo impossível fazer
com que pare de ocorrer ou escoar. Todavia, medidas podem ser tomadas a fim de evitar
que essas descargas provoquem danos à população e às estruturas, sendo a adoção de
sistema de proteção contra descargas atmosféricas a maneira mais eficiente.
Quando uma descarga atmosférica atinge uma estrutura, podem ocorrer danos ao seu
conteúdo, a seus ocupantes e à própria estrutura, além de, em alguns casos, gerar falhas
aos sistemas internos. A considerar, entretanto, que cada estrutura será submetida a
danos cuja extensão é determinada por alguns fatores, tais como: tipo de construção,
função da estrutura, linhas elétricas e tubulações metálicas que adentram na construção,
entre outros.
Para uma descarga atmosférica gerar danos a uma estrutura, não é necessário que
esta seja atingida de maneira direta. São quatro as situações onde a descarga atmosférica
pode ocorrer e provocar danos na estrutura:
Dentre as quatro situações (S1, S2, S3 e S4), S1 é a que pode causar um maior
estrago à estrutura, ao seu conteúdo e aos seus ocupantes, seguida de S3, S2 e S4, onde
as duas últimas têm como consequência apenas falhas ou mau funcionamento dos
sistemas elétricos, não colocando em risco vidas humanas.
Os danos que são causados às estruturas podem ser divididos em três categorias
(D1, D2 e D3), onde cada uma delas produz no máximo quatro perdas diferentes (L1,
L2, L3 e L4).
Danos:
o D1: danos a seres humanos em função de choques elétricos;
7
o D2: danos físicos (fogo, explosão, destruição mecânica) devido aos
efeitos das correntes das descargas atmosféricas, incluindo
centelhamento;
o D3: falhas de sistemas internos em função de pulsos
eletromagnéticos;
Perdas:
o L1: perda de vida humana (incluindo ferimentos);
o L2: perda de serviço ao público;
o L3: perda de patrimônio cultural;
o L4: perda de valor econômico.
8
R1: risco de perdas ou danos permanentes em vidas humanas;
R2: risco de perdas ao serviço público;
R3: risco de perdas do patrimônio cultural;
R4: risco de perdas de valor econômico.
O último dano que é estudado na NBR 5419 é o dano D3 (falhas dos sistemas
eletroeletrônicos) que pode ser evitado a partir das medidas de proteção contra surtos.
As possíveis MPS a serem adotadas são: aterramento e equipotencialização, blindagem
magnética, interfaces isolantes, roteamento da fiação e sistema de dispositivos
coordenados de proteção contra surtos.
.., n: zona onde a corrente de surto pode ser ainda mais limitada por
uma divisão da corrente da descarga atmosférica e pela aplicação de interfaces
isolantes e/ou DPS adicionais na fronteira. Uma blindagem espacial adicional
pode ser usada para atenuar ainda mais o campo eletromagnético da descarga
atmosférica.
10
responsável por dispersar a corrente na terra. Enquanto isso, o sistema interno através da
distância de segurança e da ligação equipotencial evita que haja centelhamento na
estrutura.
11
4. Gerenciamento do risco de uma descarga atmosférica atingir uma estrutura
4.1. Riscos e suas componentes
Como mencionado na Parte 1, de acordo com a NBR 5419 são quatro os riscos
que devem ser analisados (R1, R2, R3 e R4). Para ser desconsiderada a instalação de
um SPDA relativamente a cada tipo de perda, o risco será expresso por um valor
associado a uma provável perda anual média e que deverá ser menor do que seu valor
tolerável. O valor tolerável para cada tipo de perda é dado na tabela 3.
* O risco tolerável para o tipo de perda L4 é fixado em 10-3 caso os dados para
comparação custo/benefício não sejam fornecidos.
R3 = RB3 + RV3
Como pode ser visto através das equações, são oito os possíveis componentes de
risco. Os mesmos serão divididos nas quatro fontes de danos (S1, S2, S3 e S4) e
explicados a seguir, em conformidade com a norma NBR 5419-2/2015.
12
Componentes de risco de descargas atmosféricas atingirem a estrutura
diretamente:
o RA: essa componente de risco está ligada ao tipo de perda L1 e,
em casos de perda de vida animal, à perda L4. É referente a
ferimentos nos seres vivos causados por choque elétrico
provocado pelas tensões de toque e passo dentro da estrutura e
fora dela no entorno até 3 metros ao redor dos condutores de
descida;
o RB: se refere a danos físicos causados por centelhamentos
perigosos que possam vir a gerar incêndios ou explosões,
colocando o meio ambiente em risco. Todos os tipos de perdas
(L1, L2, L3 e L4) estão ligados a essa componente;
o RC: referente a falhas nos sistemas internos provocadas por
impulsos eletromagnéticos gerados pelas descargas atmosféricas.
Está sempre relacionado às perdas L2 e L4, e a L1 apenas quando
há risco de explosão.
Componentes de risco de descargas atmosféricas atingirem região
próxima à estrutura:
o RM: igual a componente RC.
Componentes de risco de descargas atmosféricas atingirem linhas
conectadas à estrutura:
o RU: essa componente de risco está ligada ao tipo de perda L1 e,
em casos de perda de vida animal, à perda L4. É referente a
ferimentos nos seres vivos causados por choque elétrico devido às
tensões de toque e passo dentro da estrutura;
o RV: esta componente de risco se refere a danos físicos devido à
corrente da descarga atmosférica transmitida ao longo das linhas.
Está relacionada aos tipos de perda (L1, L2, L3 e L4);
o RW: esta componente de risco se refere a falhas nos sistemas
internos causados por sobretensões induzidas nas linhas que
entram na estrutura. Está relacionada às perdas L2 e L4 em todos
os casos e, apenas no caso de explosão, relacionada a L1.
13
Componentes de risco de descargas atmosféricas atingirem região
próxima às linhas conectadas à estrutura:
o RZ: igual a componente RW.
14
Figura 6: Procedimento para analisar a necessidade da proteção e selecionar MPS
Se RA + RB < RT um SPDA completo não se faz necessário; neste caso DPS são
suficientes, de acordo com a norma ABNT 5419-4.
15
4.3.1. Análise dos componentes de risco devido às descargas atmosféricas na
Estrutura (S1)
Correspondente ao dano D1 (ferimentos a seres vivos por choque
elétrico):
RA = ND x PA x LA
Correspondente ao dano D2 (danos físicos):
RB = ND x PB x LB
Correspondente ao dano D3 (falhas de sistemas internos):
RC = ND x PC x LC
RU = (NL + NDJ) x PU x LU
RV = (NL + NDJ) x PV x LV
RW = (NL + NDJ) x PW x LW
16
4.3.5. Dividindo a estrutura
Uma estrutura ao invés de assumir uma única zona, também pode ser dividida
em “n” zonas, definidas, por exemplo, de acordo com o tipo de piso, blindagem
espacial ou compartimentos a prova de fogo. Quando se tem duas zonas, por
exemplo, dois valores devem ser definidos para cada um dos componentes de risco.
No caso dos parâmetros RA, RB, RU, RV, RW e RZ, quando se tem mais de uma
zona e mais de um valor, o maior dentre os obtidos é que deve ser escolhido. Já para
os componentes RC e RM, uma nova probabilidade deve ser calculada a fim de se
obter o valor final do componente de risco. O novo cálculo das probabilidades para
PC e PM é dado a seguir.
17
altura (H), todos em metros, é possível calcular o valor de AD a partir da fórmula a
seguir.
AD = L x W + 2 x (3 x H) x (L + W) + π x (3 x H)2
AD’ = π x (3 x HP)2
Localização relativa CD
Estrutura cercada por objetos mais altos 0,25
Estrutura cercada por objetos de mesma altura ou mais
baixos 0,5
Estrutura isolada: nenhum outro objeto nas vizinhanças 1
Estrutura isolada no topo de uma colina ou monte 2
Tabela 4: Fator de localização da estrutura
ND = NG x AD x CD x 10-6
Instalação CT
Linha de energia ou sinal 1
Linha de energia em AT (com transformador AT/BT) 0,2
Tabela 5: Fator tipo de linha
18
Depois de determinado o fator tipo de linha, determina-se o fator de localização
da estrutura adjacente através da Tabela 4, e a área de exposição equivalente da
estrutura adjacente (mesma fórmula utilizada para AD, porém com os valores de
comprimento, largura e altura correspondentes a estrutura adjacente). Com os quatro
fatores determinados, pode-se obter o valor do número de eventos perigosos NDJ para
uma estrutura adjacente.
AM = 2 x D x (L + W) + π x D2
NM = NG x AM x 10-6
NL = NG x AL x CI x CE x CT x 10-6
AL = 1000 x LL
O fator de instalação de linha (CI) terá seu valor obtido a partir da Tabela 6, onde se
determina qual tipo de roteamento é feito na linha que teve seu tipo (CT) determinado
anteriormente (Tabela 5). A área ambiental onde esta linha se encontra também deve ser
avaliada. Neste caso, a área ambiental corresponde ao fator ambiental da linha CE
(Tabela 7).
19
Roteamento CI
Aéreo 1
Enterrado 0,5
Cabos enterrados instalados
completamente dentro de uma malha
0,01
de aterramento (ABNT NBR 5419-
4:2015, 5.2)
Tabela 6: Fator de instalação da linha
Ambiente CE
Rural 1
Suburbano 0,5
Urbano 0,1
Urbano com edifícios mais altos que 20 m 0,01
Tabela 7: Fator ambiental da linha
NI = NG x AI x CI x CE x CT x 10-6
AI = 1000 x LL
PA = PTA x PB
20
Classe do
Característica da estrutura SPDA PB
Estrutura não protegida por SPDA - 1
IV 0,2
III 0,1
Estrutura protegida por SPDA
III 0,05
I 0,02
Estrutura com subsistema de captação conforme SPDA classe I e com
estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como subsistema 0,01
de descida natural
Estrutura com cobertura metálica e um subsistema de captação,
possivelmente incluindo componentes naturais, com proteção completa de
qualquer instalação na cobertura contra descargas atmosféricas diretas e uma 0,001
estrutura metálica contínua ou de concreto armado atuando como subsistema
de descida natural
Tabela 8: Valores de PB em função das medidas de proteção para reduzir danos físicos
PC = PSPD x CLD
*NOTA 2: Os valores de PSPD podem ser reduzidos para os DPS que tenham características
melhores de proteção (maior corrente nominal /N, menor nível de proteção Up etc.) comparados com os
requisitosdefinidos para NP I nos locais relevantes da instalação.
21
Tipo de linha externa Conexão na entrada CLD CLI
Linha aérea não blindada Indefinida 1 1
Linha enterrada não blindada Indefinida 1 1
Linha de energia com neutro multiaterrado Nenhuma 1 0,2
Blindagem não interligada ao mesmo
Linha enterrada blindada (energia ou sinal) barramento de equipotencialização que o 1 0,3
equipamento
Blindagem não interligada ao mesmo
Linha aérea blindada (energia ou sinal) barramento de equipotencialização que o 1 0,1
equipamento
PM = PSPD x PMS
22
KS2: leva em consideração a eficiência da blindagem por malha de
blindagem interna a estrutura na interface ZPR X/Y (X>0, Y>1);
KS3: leva em consideração as características da fiação interna (Tabela
12);
KS4: leva em consideração a tensão suportável de impulso do sistema a
ser protegido (UW).
Dentro de uma ZPR os dois primeiros fatores podem ser calculados a partir das
larguras de blindagem em forma de grade, ou dos condutores de descida do
correspondente SPDA tipo malha, ou a distância entre as colunas metálicas da estrutura,
ou a distância entre as estruturas de concreto armado atuando como um SPDA natural
(wm1 e wm2), lembrando que o valor dos fatores não pode ultrapassar um.
23
Assim como os três fatores anteriores, KS4 também tem seu valor limitado a 1, e
pode ser determinado através da fórmula a seguir, onde UW é a tensão suportável
nominal de impulso do sistema a ser protegido.
Dentre os quatro fatores que são necessários para a realização do cálculo dessa
probabilidade, apenas CLD é de prévio conhecimento (Tabela 11). Os demais fatores são
relacionados nas próximas tabelas e estão ligados às medidas de proteção a serem
instaladas, DPS projetados em função dos níveis de proteção e resistência de blindagem
em função da tensão de impulso suportável.
*NOTA 4: Os valores de PEB podem ser reduzidos para DPS que tenham melhores características
de proteção (correntes nominais maiores /N, níveis de proteção menores Up etc.) comparados com os
requisitos definidos para NP I nos locais relevantes da instalação.
24
Tipo da Tensão suportável UW em kV
Condições do roteamento, blindagem e interligação
linha 1 1,5 2,5 4 6
Linha aérea ou enterrada, não blindada ou com a
blindagem não interligada ao mesmo barramento de 1 1 1 1 1
equipotencialização do equipamento
Linhas de 5Ω/km < RS ≤ 20 1 1 0,95 0,9 0,8
energia ou Ω/km
Blindada aérea ou enterrada
sinal 1 Ω/km < RS ≤ 5
cuja blindagem está interligada
Ω/km 0,9 0,8 0,6 0,3 0,1
ao mesmo barramento de
equipotencialização do RS ≤ 1 Ω/km 0,6 0,4 0,2 0,04 0,02
equipamento
Tabela 15: Valores de PLD em função da resistência da blindagem e da tensão suportável de impulso
Ao analisar a equação acima é possível afirmar que nenhum dos três fatores é
desconhecido. Assim, basta consultar as Tabelas 10, 11 e 15 para extrair os três valores
necessários para obtenção do resultado.
Nesta equação, é possível notar dois fatores que ainda não foram apresentados, PLI
CLI. O segundo, assim como CLD (Tabela 11) está relacionado ao isolamento, blindagem
e aterramento aos quais a linha está sujeita. Enquanto isso, PLI relaciona o tipo de linha
com a tensão suportável de impulso dos equipamentos.
25
Tipo da linha Tensão suportável UW em kV
1 1,5 2,5 4 6
Linhas de
energia 1 0,6 0,3 0,16 0,1
Linhas de sinais 1 0,5 0,2 0,08 0,04
Tabela 16: Valores de PLI em função do tipo de linha e da tensão suportável de impulso
Os valores médios típicos dos fatores LT, LF e LO, bem como os fatores: de
redução da perda vida humana em função do tipo de piso ou solo (rt), de redução da
perda devido a danos físicos de acordo com providências que podem ser tomadas para
diminuir as consequências de um possível incêndio (rp), de redução da perda devido a
danos físicos de acordo com o risco de explosão ou incêndio e de aumento da perda
devido a danos físicos quando houver perigo especial, são tabelados a seguir.
26
Tipo de danos Valor de perda típico Tipo de estrutura
Providências rp
Nenhuma providência 1
Uma das seguintes providências: extintores, instalações fixas operadas manualmente, 0,5
instalações de alarme manuais, hidrantes, compartimentos a prova de fogo, rotas de escape
Uma das seguintes providências: instalações fixas operadas automaticamente, instalações de 0,2
alarme automático 1
1
somente se protegidas contra sobretensões e outros danos e se os bombeiros puderem chegar em
menos de 10 minutos
Tabela 20: Fator de redução rp em função das providências tomadas para reduzir as consequências
de um incêndio
27
Risco Quantidade de risco rf
Zonas 0, 20 e explosivos
sólidos 1
Explosão
Zonas 1, 21 0,1
Zonas 2, 22 0,001
Alto 0,1
Incêndio Normal 0,01
Baixo 0,001
Explosão ou
Incêndio Nenhum 0
Tabela 21: Fator de redução rf em função do risco de incêndio ou explosão na estrutura
Como pode ser observado na tabela 23, os únicos valores que são alterados quando
comparados a perda L1 são os valores médios típicos de LF e LO, que agora assumem os
seguintes valores.
28
Tipo de dano Valor da perda Tipo de Serviço
típica
0,1 Gás, água, fornecimento de energia
D2 danos físicos LF
0,01 TV, linhas de sinais
D3 Falhas de 0,01 Gás, água, fornecimento de energia
LO
sistemas internos 0,001 TV, linhas de sinais
Tabela 24: Perda L2: Valores médios típicos de LF e LO
Como pode ser visto na tabela 27 alguns parâmetros ainda não foram definidos. Para
um melhor entendimento das fórmulas os fatores ca, cb, cc, cs e ct serão explicados a
seguir, de acordo com a ABNT NBR 5419-2:2015.
29
cs: valor dos sistemas internos incluindo suas atividades na zona;
ct: valor total da estrutura (animais, conteúdo, edificação e sistemas internos
incluindo suas atividades).
Valor de perda
Tipo de danos Tipo de estrutura
típico
D1 ferimento LT 0,01 Todos os tipos somente onde animais são presentes
devido à choque
1 Risco de explosão
0,5 Hospital, industrial, museu, agricultura
D2 danos físicos LF
0,2 Hotel, escola, escritório, igreja, entretenimento público, comercial
0,1 Outros
0,1 Risco de explosão
D3 falha de 0,01 Hospital, industrial, escritório, hotel, comercial
LO
sistemas internos 0,001 Museu, agricultura, escola, igreja, entretenimento público
0,0001 Outros
Tabela 28: Perda L4 - Valores médios típicos de LT, LF e LO
30
5. Perigos à vida e danos físicos a estrutura
5.1. Sistemas de Proteção Contra Descargas Atmosféricas
As características do SPDA estão diretamente ligadas aos níveis de proteção e aos
dados da estrutura na qual o SPDA será instalado. As possíveis classes do SPDA estão
relacionadas aos níveis de proteção como mostra a tabela a 29.
Nível de Classe do
Proteção SPDA
I I
II II
III III
IV IV
Tabela 29: Relação entre níveis de proteção para descargas atmosféricas e classe de SPDA
Ao escolher a classe de SPDA, alguns parâmetros são modificados, uma vez que os
mesmos têm seus valores determinados a partir da classe utilizada. Os parâmetros que
dependem da escolha da classe são: parâmetros da descarga atmosférica, raio da esfera
no método da esfera rolante, máximo afastamento dos condutores da malha para o
método das malhas, ângulo utilizado no método do ângulo de proteção, distância entre
os condutores de descida e dos condutores em anel, distância de segurança “s” e o
mínimo comprimento dos eletrodos de terra.
Este ensaio é feito com a utilização de um equipamento que forneça uma corrente
elétrica entre 1 A e 10 A e que tenha uma frequência diferente de 60 Hz e seus
múltiplos. Com o aparelho em mãos, deve-se medir a resistência ôhmica para diferentes
31
segmentos da estrutura, a fim de se obter valores inferiores a 1Ω. Caso contrário, não há
continuidade.
Este SPDA pode ser feito de componentes naturais que são materiais condutores
encontrados dentro ou na estrutura de forma definitiva (fazem parte da estrutura da
construção), não podendo assim, ser modificados (vigas metálicas, armaduras de aço
para concreto armado, entre outras).
32
5.2.1.1. Método do Ângulo de Proteção ou Método de Franklin
Este método é utilizado em estruturas com área horizontal pequena e altura limitada
de acordo com a classe do SPDA a ser implementado. O mesmo deve oferecer uma
proteção que é efetivada através de um cone com vértice na extremidade superior do
captor e cuja geratriz faz um ângulo α° com a vertical. Caso a área correspondente ao
cone seja menor do que a área da edificação a ser protegida, mais de um captor deve ser
instalado na edificação a fim de proteger a mesma em sua totalidade.
Sendo:
A – Topo do Captor;
B – Plano de Referência;
OC – Raio do Cone;
RP (OC) = h1 x tg(α)
33
Figura 9: Ângulo de proteção de acordo com a classe do SPDA
34
Figura 10: Método da Esfera Rolante
35
5.2.1.3. Método das Malhas ou Método da Gaiola de Faraday
Este método é aconselhável para estrutura com uma grande área horizontal,
diferentemente do Método de Franklin, além de ser apropriado para proteger superfícies
planas laterais contra descargas atmosféricas. O mesmo consiste em uma malha captora
de condutores espaçados entre si de uma distância correspondente ao seu nível de
proteção.
Como pode ser visto, a norma não exige que mini captores sejam instalados.
Todavia, recomenda-se instalá-los uma vez que os mesmos podem preservar os cabos
de danos térmicos no caso de descargas atmosféricas os atingirem diretamente. Caso os
36
mini captores sejam instalados, eles devem estar presentes nos cruzamentos de cabos,
nas quinas e a cada 5 metros de perímetro.
A captação lateral pode ser feita com elementos metálicos externos que
devem cumprir os valores mínimos apresentados na Tabela 32, ou com condutores
externos de descida localizados nas arestas verticais da estrutura quando não houver
a presença de condutores externos metálicos e naturais.
Classe do
SPDA Material Espessura t (mm) 1 Espessura t' (mm) 2
Chumbo - 2
Aço (inoxidável, galvanizado a quente) 4 0,5
Titâneo 4 0,5
I a IV
Cobre 5 0,5
Alumínio 7 0,65
Zinco - 0,7
1
t previne perfuração, pontos quentes ou ignição
2
t' somente para chapas metálicas, se não for importante prevenir a perfuração, pontos quentes ou
problemas com a ignição
Tabela 32: Espessura mínima de chapas metálicas ou tubulações metálicas em sistema de captação
37
essas não podem nunca estar localizadas abaixo de qualquer componente metálico que
possa vir a derreter caso uma descarga atmosférica o atinja.
38
5.2.2.1. Divisão da corrente da descarga atmosférica entre os condutores de
descida
O coeficiente da divisão da corrente de descarga atmosférica entre os
condutores de descida presentes na estrutura está diretamente ligado ao número total
de condutores de descida e suas respectivas posições, número dos condutores em
anel de interligação, bem como aos tipos de subsistemas de captação e aterramento.
39
Figura 12: Caso de subsistema de captores em malha e sistema de aterramento em anel
Sendo:
40
Figura 13: Caso de sistema de captores em malha, um anel de interconexão a cada nível e um
sistema de aterramento em anel
41
Com isso, é possível obter os valores do coeficiente kc para cada um dos níveis.
5.2.2.2. Posicionamento
O posicionamento de um SPDA é influenciado pelo fato do mesmo ser ou
não isolado. Para um SPDA não isolado, o número de condutores de descida tem
que ser igual ou maior do que dois, mesmo que o resultado da divisão perímetro por
distâncias de acordo com a classe seja inferior.
42
terminação dos condutores para captores que formam uma rede de condutores. O
único caso em que condutores de descida não são necessários ocorre quando os
captores consistem em mastros metálicos e interconectados às armaduras.
5.2.2.3. Construção
Os condutores de descida devem ser colocados de maneira que tenham o
caminho mais curto e direto para a terra, sendo posicionados paralelamente e
verticalmente, a fim de evitar laços. Porém, em alguns casos isso não é possível, de
modo que quando isso ocorre, deve ser calculada a distância de segurança “s”.
43
Material km
Ar 1
Concreto, tijolos 0,5
1
no caso de vários materiais isolantes
estarem em série, é uma boa prática
usar o menor valor de km
2
a utilização de outros materiais
isolantes está sob consideração
Tabela 36: Valores do coeficiente km
44
Utilizando-se um dos dois métodos mencionados acima, é preciso que o raio
médio da área englobada pelos eletrodos seja maior ou igual a l1, cujo valor pode ser
obtido através da figura 15.
Figura 15: Comprimento mínimo do eletrodo de aterramento de acordo com a classe do SPDA
l1 = 0,03ρ – 10 (classe I)
lr = l1 - re (componente horizontal)
5.2.4. Componentes
Um SPDA deve ser feito de materiais que suportem os efeitos que as
correntes das descargas atmosféricas provocam sobre a estrutura. O SPDA deve ser
feito com os materiais listados a seguir ou com materiais que apresentem características
equivalentes.
5.2.4.1. Fixação
Os condutores de descida e captores devem ser instalados de maneira firme,
a fim de não sofrerem danos em função de força eletrodinâmica ou mecânica. A fixação
dos condutores do SPDA deve obedecer as distâncias máximas permitidas.
46
47
5.2.5. Materiais e Dimensões
Os materiais e as dimensões do SPDA são dados pelas tabelas 39 e 40. Na
primeira são mostrados materiais e valores para os subsistemas de captação e de
descida, enquanto que a segunda tabela corresponde ao subsistema de aterramento.
Área da
seção
Material Configuração Comentários
mínima
(mm²)
Fita maciça 35 Espessura 1,75 mm
Arredondado maciço 35 Diâmetro 6 mm
Cobre Diâmetro de cada fio da cordoalha 2,5
Encordoado
35 mm
Arredondado maciço
(minicapacitores) 200 Diâmetro 16 mm
Fita maciça 70 Espessura 3 mm
Arredondado maciço 70 Diâmetro 9,5 mm
Alumínio Diâmetro de cada fio da cordoalha 3,5
Encordoado
70 mm
Arredondado maciço
(minicapacitores) 200 Diâmetro 16 mm
Aço Arredondado maciço 50 Diâmetro 8 mm
cobreado
IACS 30% Encordoado 50 Diâmetro de cada fio da cordoalha 3 mm
Aço Arredondado maciço 50 Diâmetro 8 mm
cobreado Diâmetro de cada fio da cordoalha 3,6
IACS 64% Encordoado 70 mm
Fita maciça 50 Espessura mínima 2,5 mm
Arredondado maciço 50 Diâmetro 8 mm
Aço
galvanizado Encordoado Diâmetro de cada fio da cordoalha 1,7
a quente 50 mm
Arredondado maciço
(minicapacitores) 200 Diâmetro 16 mm
Fita maciça 50 Espessura 2 mm
Arredondado maciço 50 Diâmetro 8 mm
Aço Diâmetro de cada fio da cordoalha 1,7
inoxidável Encordoado 70 mm
Arredondado maciço
(minicapacitores) 200 Diâmetro 16 mm
Tabela 39: Material, configuração e área de seção mínima dos condutores de captação, hastes
captoras e condutores de descida
48
Dimensões Mínimas
Material Configuração Eletrodo Comentários
Cravado Eletrodo não
(Diâmetro) cravado
Diâmetro de cada fio da
Encordoado - 50 mm² cordoalha 3 mm
Arredondado
Maciço - 50 mm² Diâmetro 8 mm
Cobre Fita maciça - 50 mm² Espessura 2 mm
Arredondado
Maciço 15 mm - -
Espessura da parede 2
Tubo 20 mm - mm
Arredondado Diâmetro 10
Maciço 16 mm mm -
Aço Espessura da parede 2
galvanizado a Tubo 25 mm - mm
quente
Fita maciça - 90 mm² Espessura 3 mm
Encordoado - 70 mm² -
Arredondado Diâmetro de cada fio da
Maciço 12,7 mm 70 mm² cordoalha 3,45 mm
Aço cobreado
Diâmetro de cada fio da
Encordoado 12,7 mm 70 mm² cordoalha 3,45 mm
Arredondado Diâmetro 10
Aço Maciço 15 mm mm Espessura mínima 2 mm
inoxidável
Fita maciça 15 mm 100 mm² Espessura mínima 2 mm
Tabela 40: Material, configuração e dimensões mínimas de eletrodo de aterramento
49
5.3.1.1. Equipotencialização para instalações metálicas
A equipotencialização é realizada em função do tipo de SPDA. Para um
SPDA externo isolado, deve ser implementada apenas no nível do solo, enquanto que,
para um SPDA externo não isolado, as equipotencializações podem ser feitas na base da
estrutura, próximo do nível do solo ou onde os requisitos de isolação não são
cumpridos. As dimensões mínimas dos condutores utilizados são mostradas nas tabelas
a seguir.
Área da
Nível do
Modo de Material seção reta
SPDA
instalação (mm2)
Cobre 16
Não enterrado Alumínio 25
Aço galvanizado a
fogo 50
I a IV
Cobre 50
Enterrado Alumínio Não aplicável
Aço galvanizado a
fogo 80
Tabela 41: Dimensões mínimas dos condutores que interligam diferentes barramentos de
equipotencialização (BEP ou BEL) ou que ligam essas barras ao sistema de aterramento
Área da
Nível do
Material seção reta
SPDA
(mm2)
Cobre 6
I a IV Alumínio 10
Aço galvanizado a
fogo 16
Tabela 42: Dimensões mínimas dos condutores que ligam as instalações metálicas internas aos
barramentos de equipotencialização (BEP ou BEL)
Iimp ≥ kc x I
50
5.3.1.2. Equipotencialização para elementos condutores externos
Nesta situação, a equipotencialização deve ser feita desde as vizinhançs do
ponto onde os elementos condutores externos penetram na estrutura analisada. No caso
de não poder ser feita uma interligação direta, é necessário que os DPS tenham algumas
características, tais como: nível de proteção menor do que o nível de suportabilidade a
impulso da isolação entre as partes, tensão de impulso disruptiva menor do que o nível
de impulso suportável de isolação entre as partes e corrente da descarga atmosférica que
se dissipa através dos elementos condutores externos menor ou igual à corrente de
impulso.
Sendo:
51
UW: tensão suportável de impulso do sistema eletroeletrônico alimentado
pelo cabo (kV).
Condição da blindagem LC
Em contato com um solo de resistividade ρ
(Ωm)
LC distância entre a estrutura e o
Isolado do solo ou no ar ponto de aterramento da blindagem
mais próxima
Tabela 43: Comprimento de cabo a ser considerado segundo a condição de blindagem
52
ter um subsistema de descida composto por no mínimo dez descidas
naturais;
ter uma pequena probabilidade de proximidade de pessoas;
a presença de pessoas fora da estrutura durar pouco tempo;
a resistividade da camada superficial do solo deve ser maior ou igual a 100
kΩ.m, considerando uma distância máxima de 3 metros até os condutores de
descida.
53
6. Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura
6.1. Projeto e instalação de medidas de proteção contra surtos (MPS)
Antes de qualquer MPS ser instalada, é necessária uma prévia divisão da
estrutura em ZPR’s determinadas a partir da intensidade dos impulsos eletromagnéticos
provenientes das descargas atmosféricas. A estrutura pode ser dividida em n ZPR’s,
porém, o mais comum é que o número máximo de zonas não ultrapasse duas. Depois de
determinadas as zonas, é necessário determinar as MPS, que, neste caso, são os DPS e a
blindagem. A blindagem atua como proteção em dois locais distintos, na delimitação
das zonas ou no invólucro que protege um determinado equipamento como pode ser
visto na figura 16.
54
Figura 17: MPS usando linhas internas blindadas e proteção por meio do DPS
Zonas externas:
ZPR0: zona onde a descarga atmosférica pode atingir diretamente, fazendo
com que os sistemas internos fiquem sujeitos às correntes de surto de modo
total (ZPR0a) ou parcial (ZPR0b);
Zonas internas:
ZPR1: zona onde a corrente de surto é limitada uma vez que a mesma já se
distribui devido à blindagem da zona externa e à presença de DPS.
ZPR2...n: zona na qual a corrente de surto é ainda mais limitada já que se
distribui por mais blindagens e DPS.
55
No caso de duas estruturas serem conectadas por uma linha de sinal ou
energia, é preciso que esta interligação das duas zonas seja feita através de instalação de
DPS na entrada de cada uma das zonas ou através de cabos ou dutos blindados. Ambas
as medidas vão evitar que a corrente de surto passe nessa linha, evitando possíveis
danos às estruturas.
56
fazendo com que seus componentes metálicos fiquem isolados de tal subsistema. Este
tipo de configuração é ideal para sistemas internos que se encontram em pequenas zonas
e que possuam um único ponto de entrada para todas as linhas.
Figura 18: Integração de partes condutoras de sistemas internos em uma interligação para
equipotencialização
57
6.2.1. Barras de equipotencialização
Para as fronteiras de uma ZPR, as barras de equipotencialização devem ser
instaladas individualmente o mais próximo possível de cada um dos pontos de entrada.
Depois que cada ponto de entrada tiver sua barra correspondente, uma conexão entre as
barras precisa ser feita. Para isso é indicado usar uma barra de equipotencialização em
forma de anel. Além disso, sempre que uma linha entrar na ZPR, deve-se fazer uma
ligação equipotencial através de DPS, a fim de equipotencializar tais linhas.
Seção
Componentes da equipotencialização Materialatransversal
(mm2)
Barras de equipotencialização (cobre, aço cobreado ou aço Cu 50
galvanizado) Fe 50
Condutores para conexão de barras de equipotencialização para o Cu 50
subbsistema de aterramento Fe 80
Condutores para conexão de barras de equipotencialização Cu 16
(conduzindo total ou parte significativa da corrente da descarga Al 25
atmosférica) Fe 50
Condutores para conexão de partes metálicas internas da instalação Cu 6
para as barras de equipotencialização (conduzindo uma parcela da Al 10
corrente de raio) Fe 16
Classe I 16
Condutores de aterramento para os DPS Classe II 6
(conduzindo a totalidade ou parte significativa da Cu
Classe III 1
corrente da descarga atmosférica) b
Outro DPS c 1
a
Outros materiais utilizados devem ter seção transversal assegurando resistência mecânica e
condutância equivalentes
b
Para DPS usados em aplicações de energia, informações adicionais de condutores para
conexão são fornecidas na ABNT NBR 5419:2004, 6.3.5
c
Incluindo DPS usados em sistema de sinal
Tabela 44: Seção transversal mínima para componentes de equipotencialização
58
para proteger uma determinada zona, mas também pode ser utilizada para proteger toda
a estrutura ou ainda o gabinete do equipamento. As blindagens de linhas internas e
externas são efetivadas através da blindagem dos cabos e de dutos metálicos fechados.
O DPS pode ser instalado em três locais diferentes, de acordo com seu nível
de proteção. O DPS com maior NP deve ser instalado no local onde a linha adentra a
estrutura, no caso, o quadro de distribuição principal. Depois de instalado no quadro
principal, com o intuito de proteger ainda mais a estrutura, DPS’s devem ser instalados
nos quadros de distribuição adjacentes e diretamente nas tomadas ligadas aos
equipamentos. A eficiência do DPS vai de acordo com a sua proximidade em relação ao
equipamento ou a linha que adentra a estrutura. Quanto mais próximo do equipamento,
mais eficiente é a proteção e quanto mais próxima da linha que adentra a estrutura,
maior é o número de equipamentos protegidos pelo DPS.
59
7. Verificação da necessidade de SPDA no antigo prédio do Centro Brasileiro
de Pesquisas Físicas (CBPF)
É considerado o antigo prédio do CBPF para análise da necessidade de
instalação de um SPDA, e em caso afirmativo, analisar qual a classe do sistema deve ser
implementada bem como a necessidade de outras medidas de proteção tais como, os
dispositivos de proteção contra surtos.
60
apresentadas as medidas da estrutura e, alguns parâmetros serão calculados a partir
destas medidas e de valores tabelados através da NBR 5419/2015.
AD = 4539,34 m2
ND = 118 x 10-4
L (comprimento da Subestação) = 12 m;
W (largura da Subestação) = 7,6 m;
H (altura da Subestação) = 6,5 m.
61
ADJ = L x W + 2 x (3 x H) x (L + W) + π x (3 x H)2
AD = 2050,19 m2
ND = 5330,5 x 10-6
AM = 2 x 500 x (L + W) + π x 5002
AM = 804998,16 m2
NM = 4185990,45 x 10-6
62
7.1.4. Avaliação do número médio anual de eventos perigosos NL devido a
descargas atmosféricas na linha
Ao se analisar esta equação é possível perceber que apenas NG e CT são de
prévio conhecimento. Os parâmetros CI (fator de instalação da linha), CE (fator
ambiental) serão dados pelas Tabelas 6 e 7, respectivamente. A instalação da linha será
enterrada (CI = 0,5) e o prédio se encontra em uma área urbana (CE = 0,1). Outro fator
que deve ser considerado é a área de exposição equivalente de descargas atmosféricas
que atingem a linha, dada através da equação:
AL = 40 x LL
AL = 4 x 100
AL = 400
NL = 1040 x 10-6
Nesta equação o único fator que não se tem conhecimento é a área de exposição
equivalente de descargas atmosféricas para a terra perto da linha (AI), a qual é calculada
através da equação:
AI = 4000 x LL
Onde LL, como mencionado anteriormente, vale 100 metros. Sendo assim, é
possível calcular o valor de NI:
NI = 104000 x 10-6
63
7.2. Avaliação da Probabilidade PX de danos
7.2.1. Probabilidade PA de uma descarga atmosférica em uma estrutura
causar ferimentos a seres vivos por meio de choque elétrico
PA = PTA x PB
PA = 10-1 x 1
PA = 0,1
PC = 1 x 1
PC = 1
64
7.2.4. Probabilidade PM de uma descarga atmosférica perto de uma estrutura
causar falhas em sistemas internos
PM = PSPD x PMS
PM = 1 x (1 x 1 x 0,2 x 0,4)2
PM = 6,4 x 10-8
De acordo com a Tabela 13, PTU assumirá valor igual a 10-1 por ter como medida
de proteção apenas avisos de alerta e como ainda não foi considerada instalação de
DPS, PEB = 1 (Tabela 14). Levando-se em consideração que a tensão suportável de
impulso é de 2,5 kV e que a linha de energia é enterrada e não blindada, temos, através
da Tabela 15, PLD = 1 e CLD = 1 (Tabela 11).
PU = 10-1 x 1 x 1 x 1
PU = 0,1
PV = 1 x 1 x 1
PV = 1
65
7.2.7. Probabilidade PW de uma descarga atmosférica em uma linha causar
falha de sistemas internos
PW = PSPD x PLD x CLD
PW = 1 x 1 x 1
PW = 1
PZ = 1 x 0,3 x 1
PW = 0,3
66
Tipo de Dano Perda Típica
D1 LA = rt x LT x nz/nt x tz/8760
D1 LU = rt x LT x nz/nt x tz/8760
D2 LB = LV = rp x rf x hz x LF x nz/nt x tz/8760
D3 LC = LM= LW = LZ = LO x nz/nt x tz/8760
Tabela 45: Perda L1: Valores para cada zona
Começando pelos fatores presentes no dano 1 (D1) tem-se o fator rt o qual está
relacionado a redução da perda humana dependendo do tipo de solo ou piso da
construção. No caso do CBPF será utilizado um piso de madeira, que através dos dados
da Tabela 19 retornará um valor de 10-5 para rt.
LB = LV = 0,6 x 10-2
67
(Tabela 22), que neste caso será igual a 5 uma vez que se terá um nível médio de
pânico, o qual compreende um número de pessoas entre 100 e 1000.
LB = LV = 1,5 x 10-2
O tipo de dano D3 (falha de sistemas internos) não é considerado uma vez que
esta estrutura não é uma área de hospital, nem tão pouco, tem risco de explosão.
Os fatores rp, rf, nz e nt são os mesmos que foram admitidos para a perda de vida
humana (L1). Na perda L2 o fator LF passa a ser o número relativo médio de usuários
que deixam de ser servidos em função dos danos físicos e, LO o número relativo médio
de usuários que deixam de ser servidos em função de falhas dos sistemas internos. Caso
uma descarga atmosférica venha a atingir a estrutura, o serviço que será cortado dos
servidores é o fornecimento de energia. Com base nesse conhecimento e utilizando a
tabela 24, tem-se que os valores para LF e LO são 10-1 e 10-2, respectivamente. Através
dos valores adquiridos, as perdas típicas são:
Dano 2:
LB = LV = 0,5 x 10-2
68
Dano 3:
LC = LM = LW = LZ = 10-2 x (200 / 200)
LC = LM = LW = LZ = 10-2
Onde os quatro fatores de risco podem ter ser calculados da seguinte forma:
RA = ND x PA x LA
RB = ND x PB x LB
RU = (NL + NDJ) x PU x LU
RV = (NL + NDJ) x PV x LV
69
Todos os parâmetros necessários para calcular os valores dos quatro riscos que
compõe R1 já foram calculados nas seções anteriores, facilitando assim, a resolução das
equações:
Com os quatro fatores calculados pode-se obter o risco R1, o qual tem um limite
tolerável de 1 x 10-5. Caso o valor encontrado seja maior do que o limite, a estrutura
necessita da instalação de SPDA.
R1 = 27,26 x 10-5
Como o valor encontrado foi maior do que o risco tolerável (Tabela 03), conclui-
se que um SDPA é necessário para essa estrutura.
RB = ND x PB x LB
RC = ND x PC x LC
RM = NM x PM x LM
RV = (NL + NDJ) x PV x LV
RW = (NL + NDJ) x PW x LW
RZ = NI x PZ x LZ
70
Todos os fatores que compõem os seis riscos já foram calculados anteriormente,
com isso, tem-se:
R2 = 5,9 x 10-5 + 1,18 x 10-4 + 7,55 x 10-7 + 3,19 x 10-5 + 6,38 x 10-5 + 3,12 x10-4
R2 = 0,59 x 10-3
Apesar o risco R2 ter sido menor do que risco tolerável para esse caso, basta que
apenas um dos riscos dê maior do que seu tolerável correspondente para haver a
necessidade de se instalar um SPDA.
71
8. Níveis de proteção (Classes do SPDA)
Com o valor do risco R1 ultrapassando o limite, o próximo passo deve ser a
determinação da classe do SPDA que deve ser instalada. O SPDA é dividido em quatro
níveis definidos a seguir.
Primeiramente realiza-se o cálculo utilizando um SPDA nível IV. Caso o risco ainda
esteja maior do que o tolerável, muda para a classe III e assim por diante, até que a
estrutura esteja protegida.
Como dito anteriormente, caso o SPDA classe IV não seja suficiente, utiliza-se
um classe III, sem DPS. Porém, o novo risco R1 (11,33 x 10-5) ainda não é compatível
com o esperado. Novamente se acrescentam DPS classe I, II, III ou IV, porém nenhum
deles é suficiente para proteger a estrutura.
Após diversos cálculos realizados como abordado acima, é possível concluir que
a estrutura estará protegida com a instalação de um SPDA classe II e com DPS classe I
(R1 = 9,81 x 10-6) ou com SPDA classe I com qualquer classe de DPS.
72
Como o número de descidas é igual para ambas as classes (I ou II), o subsistema
de captação vem de um captor natural (telha metálica presente na estrutura) e o
subsistema de aterramento não é afetado pela classe do SPDA, o material utilizado tanto
para classe II quanto para classe I será o mesmo. Com isso, tendo em vista que o nível
de proteção I é mais seguro quando comparado ao II, aconselha-se a utilizar um SPDA
classe I no antigo prédio do CBPF.
O valor do risco 1 sem SPDA e sem DPS era 27,2592 vezes maior do que o limite
tolerável de 1,0 x 10-5. Com isso, alterando-se gradativamente os valores dos parâmetros
PB e PEB o valor de 27,2592 diminui aos poucos até que quando PB = 0,5 (SPDA classe
II) e PEB = 0,01 (DPS classe I) o risco assume o valor de 9,81 x 10-6, sendo menor do
que o risco tolerável.
Quando se protege a estrutura com os níveis mais fortes de SPDA e DPS (classe I de
ambos), mudando apenas os parâmetros PB e PEB, o valor do risco inicial (27,2592 x10-
5
) -sem SPDA e sem DPS - fica dividido por 60,62635, assumindo assim, o menor risco
possível, com valor igual a 4,49626 x 10-6.
73
9. Instalação do SPDA
Depois de definido o nível de proteção do SPDA que será utilizado para proteger o
antigo prédio do CBPF é preciso definir todas as características do mesmo. Como a
estrutura analisada já está construída e sua construção não foi acompanhada, será
utilizado um SPDA externo não isolado. O passo seguinte é determinar como serão
realizados os três subsistemas que compõem um sistema de proteção contra descargas
atmosféricas.
Rbase = H x tg(α)
Rbase = 11,94 m
74
Figura 20: Estrutura com três captores instalados na cobertura
75
estrutura é possível calcular qual é a altura do captor a ser instalado com o intuito de
proteger toda a estrutura.
76
Como o resultado não foi um número inteiro é necessário que o número de
condutores de descida seja o primeiro número inteiro depois do resultado, neste caso, 11
condutores. Tendo conhecimento do número preciso, o próximo passo é distribuir esses
condutores de acordo com a norma. Primeiro deve ser feita a instalação dos condutores
em cada vértice da estrutura e, em seguida a distribuição, de maneira mais igualitária
possível dos demais condutores, lembrando que a distância entre os mesmos pode ser
até 20% acima do valor tabelado (10 metros + 20%, totalizando um valor máximo de 12
metros de distância entre eles).
Tendo em vista que no antigo prédio do CBPF não há nada que impeça os
condutores de descida descerem de maneira vertical e contínua, a formação de laços não
será considerada, sendo assim não é imprescindível calcular a distância de segurança.
77
Figura 23: Demonstração de cabo de descida de alumínio nú
78
Figura 24: Conexão da descida de barra chata de alumínio com o aterramento
79
10. Conclusão e Trabalhos Futuros
O tema proposto neste trabalho atingiu seu objetivo de verificar a necessidade de um
SPDA e de projetá-lo para o antigo prédio do CBPF, o qual era a estrutura
correspondente ao estudo de caso.
Além disso, a partir desse Projeto de Graduação é possível que qualquer engenheiro
eletricista consiga determinar a necessidade de instalação de um sistema de proteção
contra descargas atmosféricas e, em caso afirmativo, projetá-lo.
Todavia, com o decorrer do trabalho uma dúvida surgiu, a qual pode vir a servir de
base para possíveis futuros trabalhos. Com a atualização da NBR 5419 novos
parâmetros foram inseridos, sendo todos imprescindíveis para os cálculos que devem
ser realizados. Porém, dependendo da combinação de opções selecionadas para
determinados parâmetros, o risco R1 assume valor nulo, o que não é possível uma vez
que por menor que seja o risco, o mesmo existe, sendo assim, diferente de zero.
80
11. Referências:
[1] ABNT NBR 5419: Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Rio de
janeiro, 2005.
[2] ABNT NBR 5419: Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas. Rio de
janeiro, 2015.
[3] ABNT NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão. Rio de janeiro, 2005.
[4] MAMEDE FILHO,J. Instalação Elétrica Industrial. 8.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011.
81
12. Anexo A - Mudanças na NBR 5419
Com a atualização da NBR 5419 ocorreram algumas mudanças significativas, as
quais, quando aplicadas, trazem uma maior segurança e eficiência para os SPDA.
Eficiência
Nível de
Proteção 2005 2015
I 98% 99%
II 95% 97%
III 90% 91%
IV 80% 84%
Tabela 47 – Comparação da eficiência de acordo com o nível de proteção
82
Além disso, a antiga norma não explica a existência das zonas de proteção, as
quais são importantes para o entendimento da proteção contra descargas atmosféricas.
Na figura 26 podem ser vistas três zonas diferentes (ZPR0a, ZPR0b, ZPR1),
cada uma com sua característica e áreas de proteção:
83
Ainda analisando o que antes era Anexo B, nota-se que a delimitação da área de
exposição aumentou, uma vez que a distância que antes era H (altura da estrutura
analisada) passou a ser três vezes maior, alterando assim o valor da área de exposição
equivalente.
Este método foi o que apresentou as maiores mudanças uma vez que deixou de ter
ângulos com valores fixos para cada classe e alturas correspondentes e passou a ser uma
curva para cada uma das classes, gerando assim, uma maior flexibilidade nos valores
dos ângulos em questão. Outra grande mudança foi que com a atualização da norma os
pequenos captores passaram a ter um alcance muito maior do que antes. Ambas as
mudanças serão mostradas a seguir.
84
Ângulo de proteção (α) - Método de Franklin, em
função da altura do captor (h) e do nível de proteção
Nível de
Proteção 0 - 20 m 21 - 30 m 31 - 45 m 46 - 60 m > 60 m
*1 *1 *1 *2
I 25°
*1 *1 *2
II 35° 25°
*1 *2
III 45° 35° 25°
*2
IV 55° 45° 35° 25°
*1
Aplicam-se somente os métodos eletromagnético, malha ou gaiola
de Faraday
*2
Aplica-se somente o método da gaiola de Faraday
Tabela 48 – Valores do ângulo de proteção de acordo com a classe do SPDA
Como pode ser visto na figura 27 a altura limite de cada uma das quatro classes
foi mantida. Assim como na norma de 2005, caso a altura ultrapasse o valor máximo, o
método de Franklin não poderá ser utilizado, tendo que escolher entre um dos outros
dois métodos.
85
são valores tabelados de quadrados, uma vez que para todas as classes têm-se valores
iguais de largura e comprimento.
),
aumentando assim, a quantidade de pontos capazes de escoar a descarga atmosférica
recebida na estrutura para o subsistema de aterramento.
86
Todavia, com a atualização da norma, este valor de resistência de aproximadamente 10
Ω foi retirado da norma.
Uma segunda alteração correspondente a este subsistema se deu nas condições nos
arranjos de aterramento. O Arranjo A (NBR 5419/2005), o qual trazia uma explicação
de aterramento pontual, aplicável em estruturas pequenas e com solos de baixa
resistividade deixou de ser apresentando na NBR 5419/2015, permanecendo apenas o
antigo Arranjo B, correspondente ao aterramento em anel. Além do aterramento em anel
ter sido mantido na norma, foi acrescida a informação de que pelo menos 80% do
comprimento total deve estar em contato com o solo.
Outra atualização significativa foi no que diz respeito ao comprimento mínimo do
eletrodo de aterramento de acordo com a classe do SPDA. Em 2005, apenas o nível I de
proteção possuía comprimento mínimo enquanto que os demais (II, III, IV) eram
independentes da resistividade do solo. Com a mudança, o nível II deixou de ser
independente da resistividade do solo e passou a ter sua própria curva ρs x l1.
87
Figura 29 - Comprimento mínimo do eletrodo de aterramento – NBR 5419/2015
Valores do coeficiente
ki
Nível de
Proteção 2005 2015
I 0,1 0,08
II 0,075 0,06
III e IV 0,05 0,04
Tabela 51 – Comparação dos valores do coeficiente ki
88
4. Parte 4 – Sistemas elétricos e eletrônicos internos na estrutura:
89
90