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CENTRO UNIVERSITÁRIO

UNIÃO DAS AMÉRICAS


BIOMEDICINA

PARECER TÉCNICO FARMACOLÓGICO


DE ANTIBIOGRAMA

Anna Lucia Lisbôa


Gabrielly Cristiny de Souza
Professora Layse de Souza

Foz do Iguaçu
2022
INTRODUÇÃO

O antibiograma é um teste laboratorial realizado para detectar com mais eficácia a


bactéria a ser eliminada, esse exame irá verificar por meio de técnicas específicas a bactéria
que esta hospedada no paciente causando sintomas específicos. Este teste mede a capacidade
de um antibiótico inibir o crescimento bacteriano, avalia a eficácia de um antibiótico sobre as
bactérias. O exame irá auxiliar o médico a ter uma melhor direção para saber qual o
medicamento correto a prescrever para o paciente, com esse exame ele saberá se a bactéria
analisada está sensivel ou resistente aos antimicrobianos testados no antibiograma.
Nem todo antibiótico é eficaz contra qualquer bactéria e testes de sensibilidade
auxiliam o médico a escolher o antibiótico que deve ser prescrito, após realizar esse teste
laboratorial, o médico tem menos chances de errar a prescrição do antibiótico, ou seja, de não
prescever um medicamento em que a bactéria já seja resistente a este, obtendo assim um
tratamento eficiente e rápido. O uso de antibióticos que não são adequados e eficazes para um
microorganismo atrasa a recuperação do paciente, trata parcialmente a infecção e favorece o
desenvolvimento de mecanismos de resistência microbiano, tornando a infecção mais
resistente e difícil de ser tratada.

OBJETIVO

O antibiograma, também conhecido por Teste de Sensibilidade a Antimicrobianos


(TSA), é um exame que tem como objetivo determinar o perfil de sensibilidade e resistência
de bactérias e fungos aos antibióticos. Através do resultado do antibiograma o médico pode
indicar qual o antibiótico mais indicado para tratar a infecção da pessoa, evitando, assim, o
uso de antibióticos desnecessários e que não combatem a infecção, além de evitar o
surgimento de resistência. Normalmente o antibiograma é realizado após a identificação de
microrganismos em grande quantidade no sangue, urina, fezes e tecidos. Assim, de acordo
com o microrganismo identificado e perfil de sensibilidade, o médico pode indicar o
tratamento mais adequado.

MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

 Ágar Müeller Hinton;


 Água destilada;
 Alça microbiológica descartável;
 Álcool-acetona;
 Amostra de bactéria isolada;

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 Bico de Bunsen;
 Cristal-violeta;
 Discos de difusão de antibióticos;
 Fucsina;
 Lâmina;
 Lugol;
 Microscópio;
 Peróxido de hidrogênio;
 Pinça;
 Placa de Petri de tamanho grande;
 Plasma sanguíneo;
 Soro fisiológico;
 Tubo de ensaio;
 Tubo de escala MacFarlland 0,5.

PROCEDIMENTO

Preparação dos substratos

Os discos a serem utilizados devem ter passado por controle de qualidade prévio
quanto a sua eficácia para evitar quaisquer desvios na leitura e consequente erro ao reportar o
status de sensibilidade de um microrganismo. Quanto ao meio de cultura, observar seu estado
aparente (descolamento da placa, espessura, possíveis contaminações, etc.) caso esteja pré-
pronto. Ao se optar pela fabricação do meio de cultivo in house, deve-se determinar qual o
meio mais adequado para o crescimento do microrganismo a ser avaliado.
Para testes com microrganismos de crescimento rápido (E. coli e Staphylococcus) usar
meio de Mueller Hinton não suplementado. Para testes com microrganismos nutricionalmente
exigentes (Haemophilus spp., Neisseria spp. e pneumococos), usar meio de Mueller Hinton
suplementado com sangue e/ou nutrientes específicos para o desenvolvimento do
microrganismo. Em todos os casos atentar para a validade dos produtos utilizados.

Preparação do inóculo

O inóculo deverá ser preparado a partir de colônias isoladas e representativas do


microrganismo, presentes em placa de isolamento primário. Deve-se suspender em salina
estéril ou caldo de cultivo a colônia a ser testada de forma a obter uma suspensão com
turvação equivalente a 0,5 da escala de McFarlland. Essa turvação pode ser obtida por:

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 Pré-incubação do inóculo (método do crescimento), onde a colônia isolada e
suspendida em meio de cultura e seu crescimento é monitorado até que atinja a
concentração desejada.
 Inoculação direta (método da suspensão direta), onde se suspende um número
suficiente de colônias para se atingir a concentração desejada. A confirmação da
concentração do inóculo pode ser feita através do método de comparação visual com
padrão de turvação correspondente a 0,5 da escala de McFarlland ou com leitura pelo
espectrofotômetro.

Inoculação na Placa

Imergir um swab estéril na suspensão bacteriana e retirando o excesso de inóculo


através da compressão do swab nas paredes do tubo, semear a placa uniformemente em
estrias. A placa é uniformemente semeada por rotações a cada +- 60 graus.

Identificação da bactéria para escolha adequada dos antibióticos

 Coloração de gram
A coloração de gram é feita à partir da diluição de uma colônia de bactéria em uma
gota de soro fisiológico encima de uma lâmina. Após a secagem da gota, deve-se cobrir a
lâmina de cristal-violeta e manter por um minuto, após derramar o produto e cobrir com lugol
por mais um minuto. Enxaguar a lâmina com álcool-acetona, cobrir a lâmina com fucscina
por mais um minuto e enxaguar com água destilada. Após a secagem, acresentar uma gota de
óleo de imersão e ler com o microscópio.
 Gram positivos
Antes que os antibióticos sejam escolhidos, é importante que a bactéria seja
préviamente identificada através de provas como a catalase, a coagulase, semeaduras em
caldos diferenciais e o teste de suscetibilidade à novobiocina.
Para a identificação primeiro será realizada a prova da catalase, onde uma colônia de
bactéria será colocada em uma gota de peróxido de hidrogênio. Se bolhas aparecerem à partir
da exposição o teste realizado é considerado positivo. Resultados positvos apresentam
bactérias pertencentes a Staphylococcus spp. e resultados negativos apresentam bactériais
pertencentes a Streptococcus spp..
Após identificação de Streptococcus spp., são realizadas diversos processos para a
identificação da bactéria.

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O teste da coagulase é realizado para Staphylococcus spp. onde é realizado o mesmo
processo da catale, porém ao invés do processo ser realizado em uma gota de peróxido de
hidrogênio, é realizado em uma gota de plasma sanguíneo. O resultado positivo é quando
surgem pequenos coagulos no plasma. O resultado positivo da coagulase identifica a bactéria
Staphylococcus aureus.
Para resultados negativos da coagulase é utilizidado o teste de suscetibilidade à
novobiocina, que é realizado da mesma maneira da aplicação dos discos de sensibilidade do
antibiograma. Se apresentar sensibilidade, a bactéria se trata de Staphylococcus epidermidis,
se apresentar resistência, se trata de Staphylococcus saprophyticus.
 Gram-negativos
As bactérias gram-negativas são identificadas através de um processo um pouco mais
extenso e demorado:

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Escolha dos antibióticos
Os antibióticos devem ser preferencialmente selecionados seguindo as seguintes
tabelas:

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Aplicação dos discos de sensibilidade

Os antibióticos a serem utilizados no teste de sensibilidade são definidos por um


laboratório de referência através de documentos periodicamente atualizados. No Brasil, o
padrão utilizado é o estabelecido pelo CLSI e pelo BrCAST.
A técnica se trata de distribuir com o auxílio de uma pinça estéril os discos na
superfície do ágar guardando distância aproximada de 24mm de centro a centro. Não deve-se
remover ou reposicionar os discos após fixação no ágar. Posicionar no máximo 12 discos
(placas de 150mm) ou 5 discos (placas de 100mm) por placa de teste.

Incubação das placas

Após 15 minutos à temperatura ambiente, incubar as placas, invertidas, a 37ºC por 24-
48 horas.

RESULTADOS

Após o período de incubação, checar a característica do crescimento e o padrão das


zonas de inibição ao redor dos discos. Usando um paquímetro ou régua, medir as zonas de
inibição, em milímetros, incluindo o diâmetro do disco.

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Observações: Discos com crescimento adjacente às bordas devem ser medidos a partir
do crescimento externo.
Qualquer crescimento dentro dos halos de inibição deve ser subcultivado,
reidentificado e retestado. No caso de bactérias hemolíticas, fazer a leitura da zona de
crescimento e não da zona de hemólise. No caso de antibiograma para Proteus spp., deve-se
ignorar o véu formado na zona de inibição e ler normalmente seu diâmetro.

LAUDO DO ANTIBIOGRAMA

LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS MARROCOS

Endereço: Avenida Brasil, 100 – Centro


Foz do Iguaçu - Paraná CEP: 85851-000 Telefone: (45) 3524-0000 / (45) 99999-0000
Aberto das 07:00 às 18:00 de Segunda a Sexta e aos Sábados das 07:00 às 12:00

www.laboratoriomarrocos.com.br

Nome:..............................................................................................ANNA LUCIA LISBOA


Telefone:.........................................................................................(45) 98433-4928
RG:....................................................................................................11.070.453-4
CPF:..................................................................................................121.698.639-82
DN:....................................................................................................29/05/2001
Idade:...............................................................................................20 ANOS, 10 MESES E 25
DIAS
Sexo:................................................................................................FEMININO
Convênio:........................................................................................UNIMED FOZ
Médico solicitante:......................................................................DR MOACIR OLIVEIRA
CRM:.................................................................................................39429-6
Requisição:.....................................................................................00246653
Data da entrada:...........................................................................15/04/2022 - 07:39
Emissão do laudo:........................................................................23/04/2022 - 12:26

ANTIBIOGRAMA

Material: Soro Frasco/tubo: Coletado em tubo gel Coleta: 15/04/2021 – 07:39/Método em


difusão de discos proporcionando resultado qualitativo.

RESULTADO:

Coloração de gram: Cocos gram-positivos

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Prova de Catalase: Positivo

Prova de Coagulase: Coagulase positivo para Staphylococcus aureus

Resultado antibiograma final:

Agente Abreviação Tam. do halo Inibição


Amoxicilina AMC30 31mm Sensível
Ampicilina+Sulbactam ASB20 38mm Sensível
Azitromicina/Ác. clavulânico AZT15 28mm Sensível
Cefalotina CFL30 33mm Sensível
Cefazolina CFZ30 44mm Sensível
Cefepime CPM30 24mm Sensível
Cefoxitina CFO30 22mm Intermed.
Ciprofloxacin CIP5 38mm Sensível
Clindamicina CLI2 32mm Intermed.
Penicilina G PEN10 23mm Resistente
Piperacilina/Tazobactam PPT110 21mm Resistente
Teicoplamina TEC30 34mm Sensível

Valores de referência: O antibiograma pela metodologia da difusão do disco expressa se o


microrganismo é sensível (S), resistente (R) ou possui sensibilidade intermediária (I) aos
antimicrobianos testados, de acordo com as normas do CLSI (Clinical Laboratory Standard
Institute), antigamente denominado de NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory
Standards). Esta interpretação é feita de acordo com as leituras dos halos de inibição (em
mm) observada frente aos diversos antimicrobianos testados, que são selecionados de acordo
com a espécie bacteriana e o material clínico de onde a mesma foi isolada. - Tais critérios
guardam relação com os níveis do antimicrobiano habitualmente atingíveis no sangue.

Condição: Jejum desejável de pelo menos duas horas.

Nota médico(a): Seguir os valores de referência expostos nos resultados dos exames
laboratoriais.

“Esta determinação pode sofrer grande variabilidade biológica, devendo ser avaliada a
necessidade de confirmação pelo(a) médico(a)”

Liberado: Dia 23/04/2022 – 12:26

Gabrielly Cristiny de Souza

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Biomédica responsável pela liberação do laudo

“A interpretação de qualquer resultado laboratorial requer correlação de dados clínico-


epidemiológicos, devendo ser realizada apenas pelo(a) médico(a).”

” Registro do laboratório no CRBM/PR sobre o número 259809”

Licença de funcionamento: 12/01/2022 n° 34562200

Responsável técnico pelo estabelecimento: Dra. Anna Lucia Lisbôa CRBM/PR 62543-6

Data: 23/04/2022

Foz do Iguaçu

INTERPRETAÇÃO DE LAUDO

 Sensível: A classificação significa que uma dada infecção causada por tal
microrganismo pode ser tratada eficientemente com a dose recomendada do agente
antimicrobiano.

 Intermediária: Esta classificação inclui organismos com valores de CIM


(Concentração Inibitória Mínima) semelhantes àqueles atingidos por antibacterianos
no sangue e tecidos e cuja avaliação da resposta venha a ser inferior a isolados
"sensíveis". A classificação "intermediária" encontra aplicação clínica em sítios
corpóreos onde as drogas são fisiologicamente concentradas ou quando uma alta dose
de droga pode ser usada.

 Resistente: Tal microrganismo não é inibido pelas concentrações usuais do


antibiótico testado.

Principais Fatores de Erro na Técnica:

 Erro na transcrição de dados;


 Erro na leitura dos halos de inibição;

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 Erro na padronização do inóculo;
 Padrão velho da escala de McFarlland;
 Espectrofotômetro não calibrado;
 Temperatura ou atmosfera impróprias para incubação;
 Semeadura não homogênea no ágar;
 Variações no desempenho do meio de cultivo;
 Perda de potência do disco durante o armazenamento (excesso de umidade,
temperatura inadequada, expiração do prazo de validade).
Para uso o clínico o recomendado deve ser o antibiótico classificado como sensível de
menor halo, significando que o antibiótico a ser usado nesse caso é o Cefepime.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAHON, Connie R.; LEHMAN, Donald C. Textbook of Diagnostic Microbiology. 6 ed.
St- Louis, Missouri: Elsevier, 2019.

LABORCLIN. Manual para Antibiograma - Difusão em disco (Kirby & Bauer). 2011.


Disponível em: <https://www.interlabdist.com.br/dados/noticias/pdf_190.pdf>. Acesso em:
22/04/2022.

MUXFELDT, P. Antibiograma. 2018. Disponível em: <https://saude.ccm.net/faq/6366-


antibiograma>. Acesso em: 22/04/2022.

SILVA, E. Q. Antibiograma. O que é?. 2020. Disponível em:


<https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/conteudo/antibiograma/38901>
Acesso em: 22/04/2022.

SILVA, W. R. Antibiograma. 2020. Disponível em:


<https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/biologia/antibiograma/23026>
Acesso em: 22/04/2022.

ANVISA. Gram-positivos. 2008. Disponível em:


<https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo4/
fluxo_stre2.htm> Acesso em: 22/04/2022.

QUINTANILHA, M. J. C. Identificação de bactérias gram-positivas e negativas. Trabalho


não publicado, 2016.

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