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Quem é Juliana Ribeiro?

Farmacêutica Bioquímica, CEO do Grupo


Eficacia Brasil desde 2002: Farmácia
Humana, Pet, Cursos e eventos e Mestre em
Ciências da Saúde (UEPG).
@dra.julianaribeiro | www.drajulianaribeiro.com.br

Especialista em Farmácia Clínica , Farmácia


Magistral, cosmetologia, homeopatia, saúde
Quântica, florais, tecnologia em biofísica na
saúde.

Possui título internacional pelo Bach Centre


– England, como “practitioner de Bach”,
MBA administração de empresas.

Pós graduanda em Farmácia Estética e


gestão da Longevidade e Nutrigenomica,
criadora do Método Saúde Integral, aplica no
consultório farmacêutico, a Floralterapia,
fitoterapia brasileira e chinesa,
aromaterapia, terapia ortomolecular,
Auriculoterapia, bioeletrografia e
biorressonancia.

Geradora de conteúdos e dicas práticas


sobre saúde através do Instagram, Telegram
e YouTube.

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Manual avançado
Disruptores
Endócrinos.
DESTOXIFICAR não é tão simples
assim.

Você, terapeuta ou profissional da saúde, já


deve ter percebido que para pensarmos em
limpar o corpo físico de algum paciente,
temos que analisar como está a capacidade
imunológica do indivíduo, inclusive o próprio
‘querer’ deste paciente.

Tudo é livre arbítrio e até a cura, é claro,


para o sucesso do protocolo, depende de
quanto o paciente está disposto a se
disciplinar frente a tantas toxinas expostas
em seu cotidiano.

Nesse Guia, apresento o universo do


disruptores endócrinos, um dos grupo de
toxinas mais abundantes e agressivas que
existem em nosso ecossistema.

3
Com esse guia, pretendo trazer maior
compreensão auxiliando você, terapeuta ou
profissional da saúde a diagnosticar, tratar e
eliminar esses males que fazem tão mal às
nossas vidas e na vida dos nossos pacientes.

Esse Guia conta com um conteúdo exclusivo


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extraído do meu livro Sinta o Efeito Detox


onde conto com a participação do
especialista Nivaldo Santos para falar sobre
esse tema.

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Mas afinal, o que são disruptores
endócrinos?

Também conhecidos como desreguladores


endócrinos, esses inimigos invisíveis estão
presentes em todos os lugares como, por
exemplo, em cosméticos, produtos de
limpeza, solventes, tintas, embalagens de
alimentos e até mesmo conservantes
presentes nos alimentos..

Os disruptores endócrinos são substâncias


que se passam por hormônios, ocupando o
espaço que deveria ser ocupado pelos
hormônios naturais do seu organismo
levando a diversos problemas de saúde e até
mesmo diferentes tipos de câncer.

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O sistema endócrino possui um mecanismo
“chave-fechadura”, onde cada hormônio tem
o formato certo para os seus receptores
(figura anterior).

Em condições normais, os hormônios


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naturais se encaixam nesses receptores e


“disparam” toda a cascata biológica do
corpo, melhorando não só a nossa
imunidade, mas também garantindo a
homeostasia do nosso organismo.

Nesse sentido, os disruptores endócrinos


possuem o mesmo encaixe que os
hormônios naturais do corpo, competindo
entre si por esses espaços.

Quando um hormônio natural chega, ele não


encontra espaço nesses receptores, levando
à depleção do nosso organismo.

Em 2016, a Comissão Europeia divulgou


uma lista com 66 compostos químicos,
levando a uma avaliação que identificou
“clara evidência de perturbação da atividade
endócrina”.

São eles...

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Alguns ativos que contêm em
cosméticos aprovados pela Vigilância
Sanitária.

Evitar: petrolatum, irgasan (triclosan), e


alguns blends químicos que compõe os
filtros solares, como as benzofenonas, ainda
há evidencias que os parabenos também
participem, além dos desodorantes com
alumínio.

DICA de farmacêutica e cosmetóloga:


Gestantes, devem utilizar sempre filtro solar
que contenham ativos hidrossolúveis ou
vegetais ricos em flavonoides (inclusive os
polifenois são excelentes protetores solares);

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Substâncias químicas em especial
presentes nos plásticos de utensílios
domésticos como mamadeiras,
vasilhames, entre outros.

Ao serem submetidos ao alta temperaturas


(calor) e radiações, como as de micro-ondas
liberam ftalatos, (BBP, DEHP, DOP e DBP).

Uma pesquisa desenvolvida pela


Universidade de Rochester, em Nova York
(2016), apontou que alguns ftalatos
bloqueiam a ação do hormônio masculino
testosterona em bebês, interferindo no
desenvolvimento genital e cerebral de
meninos. Prestar atenção em produtos que
também contenham bisfenol A, dioxina,
atrazina.

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Análogos hormonais.

É melhor fugir dos hormônios sintéticos,


caso necessite repô-los prefira os
“bioidênticos”.

Medicamentos.
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Mesmo os naturais como os fitoestrógenos


da soja, competem com receptor
tireoidiano.

Outro muito utilizado por mulheres nos anos


50 e 70 foi o Dietilestilbestrol, que na época
apresentou resultados desastrosos, como o
câncer de vagina e infertilidade nas filhas
nascidas de mães que o usaram, além de
deformações irreversíveis do útero, segundo
a OMS.

Pesticidas e Herbicidas.

Evitar todos os sintéticos.

Químicos industriais

Tolueno, Benzeno, álcool isopropílico pode


levar até a metástase (CLARK, 2018) e, por
fim, vale citar o amianto.

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Metais tóxicos e ligas metálicas

Este é um caso bem especial, porque no


mundo tecnológico em que vivemos (celular,
tv, tablet, relógio digital), além da exigência
estética de uma sociedade corrompida pela
aparência,.

Os metais tóxicos estão cada vez mais


abundantes em nosso dia-a-dia, estando
presentes nos alimentos (peixes, grãos,
cereais), cosméticos, maquiagens, tinturas
para cabelo, na água, no ar, no solo, até em
nosso corpo (amálgamas e implantes) e
também em panelas e cigarros.

É difícil ter um equilíbrio harmônico e é por


isso que o diagnóstico é fundamental para
averiguar os níveis de toxicidade e
determinar o protocolo de tratamento.

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Segundo Katzung & Trevor (2016), “quando
ocorre intoxicação, é pos- sível utilizar
moléculas quelantes (de quelar, “agarrar”),
ou produtos de sua biotransformação
(homeográficos) in vivo, para ligação com
esses metais a fim de facilitar sua excreção”.
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Existem outras substâncias químicas tais


como EDTA que são efetivas, mas não serão
abordados aqui.

Prefiro os florais Quellanthus (Fisioquantic),


Canela (St. Germain) ou óleo essenciai (com
muita precaução ao ingerir).

Tem ainda o óleo essencial de Coentro que


pode ser consumido também como chá ou
no próprio alimento.

Vale citar também os compostos


homeopáticos e homeográficos específicos
de cada metal tóxico detectado.

No meu livro Sinta o Efeito Detox, eu


aponto algumas sugestões para eliminar
essas toxinas.

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A doença é o resultado de agressões sofridas
pelo corpo, endógenas ou exógenas, que
provocam alterações funcionais contra as
quais o organismo reage. As ideias acerca de
que substâncias químicas presentes no meio
ambiente podem causar uma resposta
biológica nos organismos expostos não é
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nova. Os efeitos causados ao sistema


endócrino de animais de laboratório por
substâncias estrogênicas, foram
primeiramente evidenciados nos anos 1900
por alguns pesquisadores.

Há atualmente maior interesse científico


nesse grupo de substâncias químicas
presentes no meio ambiente, que podem
interferir no sistema endócrino de humanos
e, com isso, afetar a saúde. Estas substâncias
são conhecidas como Desreguladores
Endócrinos (DE´s). Os compostos podem ser
de origem sintética (xenoestrogênio) ou de
origem natural (fitoestrogênios).

Algumas definições são propostas para essas


substâncias, denominadas em inglês
“Endocrine Disrupting Chemicals” (EDCs). Os
termos mais usados são perturbadores
endócrinos e desreguladores endócrinos.

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A maioria das pessoas não sabe o que são os
desreguladores endócrinos, e os efeitos que
essas substâncias podem causar. Porém,
pesquisas apontam que estes compostos
podem afetar o equilíbrio funcional do
organismo, por isso, o desenvolvimento de
estudos desta interatividade é urgente e de
fundamental importância não só para
corrigir, mas também para prevenir os
danos.

O número de pessoas acometidas de


doenças crônicas e degenerativas cresceu
muito nos últimos anos, mesmo assim, a
realização de pesquisas e a divulgação de
estudos sobre DE´s ainda são muito raras.

Por isso, é fundamental discutir o grau de


vulnerabilidade e os fatores interferentes no
funcionamento adequado do corpo humano.
Afinal, os hormônios são gestores
fundamentais dos equilíbrios fisiológicos.

A identificação dos DE´s envolve um


processo complexo de análise de
contaminantes ambientais e investigação de
novas substâncias. Porém, há certa
dificuldade em determinar a relação entre os

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efeitos e estas substâncias, principalmente
em decorrência de múltipla exposição a
agentes químicos.

Alguns dos componentes que agem como


desreguladores são utilizados pelas
indústrias e também estão presentes em
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nossos lares, como: protetores e filtros


solares, agrotóxicos, panelas, brinquedos e
embalagens plásticas etc. Os desreguladores
estão ainda em inseticidas, detergentes,
repelentes, desinfetantes, fragrâncias,
solventes, colas, antiaderentes da
construção civil ou mesmo em utensílios de
cozinha. Isto apenas confirma que não é um
problema de saúde distante de nosso
cotidiano e sim que nos atinge diretamente
(BILA; DEZOTTI, 2007).

Os compostos organoclorados, na maioria


das vezes, utilizados na agricultura, são de
utilização restrita e regulamentada por leis
específicas. Contudo, devido à sua elevada
persistência no ambiente, essas substâncias
são bastante encontradas no organismo
humano. Atualmente, o uso destes
compostos tem diminuído
consideravelmente, tanto devido às
restrições legais, quanto ao desenvolvimento

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de novas substâncias químicas mais
eficientes e mais facilmente degradadas no
ambiente (BILA; DEZOTTI, 2007).

O impacto dos DE´s, sua comercialização,


suas formas de propagação, reações e
efeitos, não podem mais ser tratados em
segundo ou terceiro plano, mas tem que ser
discutidos dentro da máxima prioridade e
disponíveis e divulgados à população.

Nesse sentindo, o objetivo deste estudo é


conduzir à reflexão, quanto ao grau de
vulnerabilidade da biossegurança da
população e do próprio ecossistema. Afinal,
a todo tempo consumimos e utilizamos
substâncias que podem influenciar ou alterar
o equilíbrio do organismo.

OS DESREGULADORES ENDÓCRINOS

Os DE´s abrangem uma grande faixa de


substâncias com estruturas distintas,
incluindo hormônios (sintéticos e naturais),
substâncias naturais e compostos sintéticos.

As substâncias classificadas como DE´s,


usadas ou produzidas para diversos tipos de
finalidades podem ser agrupadas em duas
classes:

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SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS - que incluem os
hormônios sintéticos (hormônios idênticos
aos naturais, fabricados pelo homem e
utilizados como contraceptivos orais e
aditivos na alimentação animal), bem como
os xenoestrogênios, substâncias produzidas
para utilização nas indústrias, na agricultura
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e para os bens de consumo. Também estão


incluídos nesta categoria os pesticidas e
aditivos plásticos, as bifenilas policloradas,
os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos,
compostos de organoestanho, alquilfenóis, e
ainda subprodutos de processos industriais,
como as dioxinas e furanos, metais pesados,
entre outros, compostos farmacêuticos,
como os estrogênios sintéticos DES e α-
etinilestradiol (BILA; DEZOTTI, 2007);

SUBSTÂNCIAS NATURAIS - os hormônios


naturais que incluem estrogênio,
progesterona e testosterona, presentes no
corpo humano e nos animais, e os
fitoestrogênios, substâncias contidas em
algumas plantas, como nas sementes de
soja, e que apresentam uma atividade
semelhante aos esteroides hormonais
quando ingeridas por um determinado
organismo (BILA; DEZOTTI, 2007). Abaixo, na
Tabela 1 citamos exemplos de substâncias
desreguladoras.

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TIPOS DE DESREGULADORES
ENDÓCRINOS SEUS USOS E
OCORRÊNCIAS.

DISRUPTORES ENDÓCRINOS USO E/OU OCORRÊNCIA

2,4-D; 2,4,5-T; alacloro; atrazina Herbicidas

Cloreto de cádmio; metiram; mancozeb;


maneb; zineb (os 3 últimos contém Fungicidas
etilenotiouréia);

Carbaril; clordano; dieldrin; DDT;


endosulfan; heptacloro;HCH;
Inseticidas
metoxicloro; mirex; paration;
piretróides; toxafeno

Aldicarb; DBCP NematOcidas

TratamentO de água e esgotO; flOcu-


Acrilamida lante; prOdução de papel e celulOse;
impressão definitiva de tecidOs
Óleo isOlante dielétricO; papel cOpiativO
não- carbOno, adesivOs, lubrificante para
Ascarel (pcb) lâminas de cOrte, tintas, revesti- mentO
interno de silOs para estOcagem de grãos
e leite nos anos 80
Alcatrão; asfaltO; cOquerias; emissÕes de
Benzo(a)antraceno; benzo(a)
diesel; fundição de alumínio; graxas e
Pireno
óleos minerais

Resinas epÓxi; revestimentO interno de


Bisfenol a
latas para alimentOs diversOs

Tintas, sOlventes, gasOlina, thinner,


Btx (benzeno, tolueno e xilenos)
remOvedOres

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Ligas metálicas; sOlda; pigmentOs; esta-
Cádmio bilizante de plásticOs; baterias; cinzas de
incineradOres; chapas galvanizadas

Baterias; pigmentOs; sOldagem; ligas;


Chumbo
tintas; primmers; gasOlina de aviação
Compostos pirimidínicos(Metirimol,
Fungicidas aplicadOs em frutas e cereais
Etirimol e Ciprodinil)

Incineração de resíduOs urbanos e de


resíduOs perigosOs; prOdução e queima
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de pesticidas, cOmO pentaclOrOfenol,


Dibenzo-p-dioxinas policloradas e
agente laranja, benzenos clOradOs;
Dibenzofuranos policlorados
aciarias; queima de carvão; fundição de
alumínio; prOdução de PVC; emissÕes de
diesel

DBPC (Dibromocloropropano) Nematicida

Fabricação de celOfane e de rayOn;


sOlvente para ceras, Óleos, lacas e resinas;
Dissulfeto de Carbono vulcanização a frio de bOrrachas; cOm-
pOnente de certOs tipOs de inseticidas,
parasiticidas e herbicidas

Fabricação de plásticOs (ex.: cOpinhOs


Estireno
descartáveis) e bOrrachas diversas

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Portaria


1.339 de 18 de novembro de 1999.

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HORMÔNIOS E AÇÃO DOS
DESREGULADORES

Os hormônios começam a agir a partir do


momento que estabelecem uma relação com
o receptor específico de uma determinada
célula. Certas substâncias químicas podem
também se ligar ao receptor hormonal e,
consequentemente, mimetizar ou bloquear a
ação do próprio hormônio (BEVAN; PRASAD;
HENDERSON, 2001 apud GHISELLI; JARDIM,
2007).

Um receptor hormonal interage


sensivelmente com um determinado
hormônio especifico, produzido no
organismo, porém, os receptores hormonais
também podem se ligar a substâncias
químicas; sendo possível estabelecerem
relações com DE´s (baixas concentrações),
gerando efeitos e reações (Figura 2)
(LINTELMANN et al., 2003 apud GHISELLI;
JARDIM, 2007).

A comissão das Comunidades Europeias


(2001 apud GHI- SELLI; JARDIM, 2007
resume que as interferências dos DE´s
podem ocorrer de três formas:

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imitando a ação de um hormônio produzido
de forma natural, bloqueando os receptores
hormonais ou afetando a síntese, o
transporte, o metabolismo e a excreção dos
hormônios.
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Figura 2 - Os interferentes hormonais.


Fonte: PIMENTEL, P. A - Estudo da Variação Temporal da Presença de
Estrógenos em duas ETE. do estado de São Paulo - Tese Doutorado –
IQAr – UNESP, 2014.

21
As alterações no sistema endócrino
acontecem a partir do momento que os DE´s
se relacionam com os receptores hormonais,
modificando o sistema natural. A substância
química pode se ligar ao receptor hormonal
e produzir uma resposta, atuando então
como um mimetizador, ou seja, imitando a
ação de um determinado hormônio, esse
processo é chamado de efeito agonista
(LINTELMANN et al., 2003 apud GHISELLI;
JAR- DIM, 2007).

Porém, se a substância química se ligar ao


receptor, e não produzir resposta, ela estará
agindo como um bloqueador, ou seja, estará
impedindo a interação entre um hormônio
natural e seu respectivo receptor, a esse
processo chama-se de efeito antagonista
(BIRKETT; LESTER, 2003 apud BILA; DEZOTTI,
2007). É teoricamente plausível a hipótese
de que a exposição aos DE’s seja capaz de
induzir efeitos adversos para a saúde
(KOIFMAN; PAUMGARTTEN, 2002).

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ONDE PODEM SER ENCONTRADOS OS
DESREGULADORES ENDÓCRINOS

A presença de DE´s é comum no meio


ambiente, porque a todo tempo são
descartados vários detritos contendo
diversas substâncias em nosso ecossistema.
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Em casa ou no trabalho entramos em


contato com diversos tipos de compostos,
além de ingerirmos água, comer alimentos
ou entrar em contato com o solo; em
qualquer uma dessas situações estaremos
expostos a contaminação. Até no lixo
domiciliar há DE´s: cádmio, chumbo,
manganês e mercúrio podem ser
encontrados em chorumes captados em
aterros e lixões, que recebem o lixo coletado
na cidade (BILA; DEZOTTI, 2007). As
substâncias utilizadas na agricultura
correspondem aos DE´s sintéticos mais
perigosos, pois eles encontram diversas
opções de propagação e dispersão. Os
processos agrários envolvem a utilização do
solo e da água (lagos, lagoas, rios, estações
de tratamento, efluentes, etc.), gerando a
produção de diversos alimentos (frutas,
verduras, legumes e outros), além do
fornecimento de vários tipos de carne.

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Segundo Krimski (2000) apud Romano et al.
(2009) entre os compostos utilizados na
agricultura, que possuem funções
desreguladoras estão: alquifenóis, glifosato,
ácido diclorofenoxiacético, praguicidas
organoclorados, metolacloro, acetocloro,
alacloro, clorpirifóis, metoxicloro e
piretróides sintéticos.

Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos


(HAP) são substâncias que apresentam
potencial de bioacumulação e atividade
estrogênica (SANTODONATO, 1997 apud
BILA, 2005). E podem ser encontrados na
indústria petroquímica e na queima da
gasolina e óleo diesel.

No caso dos seres humanos estima-se que


mais de 90% dessas substâncias ambientais
são absorvidas por via digestiva,
principalmente por meio de alimentos (REYS,
2001 apud BILA; DEZOTTI, 2007). Por
exemplo, as substâncias naturais com
atividade estrogênica são a zearalenona,
uma micotoxina produzida por um fungo
presente nos alimentos embolorados, como
milho, algodão e cevada, e o β-sitosterol
encontrado em óleos vegetais, legumes e na
madeira.

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O beta-sitosterol é usado como um
moderador lipídico em medicamentos,
podendo também ser detectado, em
elevadas concentrações, nos efluentes
provenientes de indústrias de óleo, polpa e
papel (BILA; DEZOTTI, 2007).
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Para Bila e Dezotti (2007) carnes, peixes,


ovos e derivados do leite podem apresentar
altos níveis de DE´s, por terem a grande
capacidade de se dissolverem em gordura.
Hartmann et al (1998) apud Bila e Dezotti
(2007) apontam a ocorrência de hormônios
sexuais: 17β-estradiol, estrona, testosterona
e progesterona nesses alimentos.

Outras fontes de exposição direta dos


alquilfenóis são através do uso de produtos
pessoais, como maquiagem, cremes,
produtos para cabelo e banho (BIRKETT;
LESTER, 2003 apud BILA; DEZOTTI, 2007).

A substância bisfenol A é comumente


encontrada em meio ao revestimento de
latas alimentícias e selante dentário; além de
estar presente em esgoto doméstico,
efluente e nas estações de tratamento de
esgoto (BILA; DEZOTTI, 2007).

25
É também utilizado na produção de plásticos
– policarbonatos e resina epóxi (FURHACKER
et al., 200 apud BILA, 2005). Além de estar
presente em adesivos, papéis para fax,
tubulações, painéis de carros, produtos
eletrônicos e frascos para bebês (BILES et al.,
1997 apud BILA, 2005). Já os ftalatos são
usados como aditivos (plastificantes) em
alguns plásticos, como PVC, também podem
estar em embalagens de alimentos e
brinquedos infantis (WILKINSON; LAMB,
1999 apud BILA; DEZOTTI, 2007).

A exposição relacionada a equipamentos


médicos se torna importante pela presença
de DEHP em materiais como bolsa de
armazenar sangue, instrumentos de infusão
parenteral e aparelhos de oxigenação
extracorpórea (RAIS-BAHRAMI et al., 2004
apud ALVES et al., 2007). Devido à
persistência no meio ambiente, os ftalatos,
como butilbenzil ftalato (BBP), di-n-butil
ftalato (DBP) e o DHP sempre estão expostos
nas águas superficiais e do subsolo
(FROMME et. al, 2002 apud BILA, 2005).

26
Recentemente, ftalatos, HAP, PCD,
alquilfenóis e seus metabólitos, pesticidas e
foram encontrados no ar e na poeira de
residências, portanto, outra via de
contaminação pode ser a respiratória
(RUDEL et al., 2003 apud BILA; DEZOTTI,
2007).
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Os retardadores de chamas bromados


(BFR) e os Difenil-éteres polibromados
(PBDE) são compostos existentes em alguns
produtos, como computadores, TVs e tecidos
domésticos no intuito de atrasar a
combustão. Entre eles estão:
polibromobifelina (PBB), tetrabromobisfenol
A (TBBA) e hexabromociclododecano (HBCD)
(BIRKETT; LESTER, 2003 apud BILA, 2005).

A água é outro exemplo claro de presença de


DE´s, tanto as águas superficiais, fontes de
água potável, como as do subsolo, podem
estar sendo contaminadas por compostos
advindos do solo. Além das substâncias
estrogênicas lançadas diretamente no
ambiente aquático por meio de efluentes e
estações de trata- mento de esgoto (BILA;
DEZOTTI, 2007).

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As bifenilas polibromadas (PBB) são
empregadas como aditivos nas formulações
de materiais usados como agentes
retardantes de chama, no combate a
incêndios. Tais agentes são usa- dos em
plásticos, circuitos eletrônicos, pela indústria
têxtil e em outros materiais empregados
para prevenir incêndios (BILA; DEZOTTI,
2007).

As dioxinas e furanos são denominações


genéricas para dois grupos similares de
substâncias químicas aromáticas e
policloradas: as policlorodibenzo-p-dioxinas
(PCDD) e os policlorodibenzofuranos (PCDF).
Estas substâncias não são produzidas
comercialmente e sim geradas como
subprodutos de vários processos industriais e
de combustão (BILA; DEZOTTI, 2007).
Pesquisas demonstram que estas
substâncias persistentes e bioacumulam no
meio ambiente (LOUIE; SIN, 2003 apud BILA,
2005). Já foram identificadas 75 moléculas
diferentes na família das dioxinas cloradas
(CDD), 135 nas do benzofuranos (CDF) e 209
na dos bifenilos (CBF) (REYS, 2001 apud BILA,
2005).

28
Os diésteres derivados do ácido ftálico são
empregados basicamente como
plastificantes, principalmente aqueles
contendo o grupo vinil como o cloreto de
polivinila (PVC) e outras resinas como
acetato de polivinila e poliuretano, bem
como na fabricação de tintas, adesivos,
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papelão, lubrificantes e fragrâncias. Ftalatos


podem ser introduzidos no ambiente através
da lixiviação, sobretudo dos plastificantes
utilizados na fabricação de plásticos de uso
comum. Tais ftalatos são encontrados
também nos lodos provenientes dos esgotos,
na água superficial, no sedimento e em
algumas espécies aquáticas, inclusive peixes
(GHISELLI; JARDIM, 2007).

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos


(PAH) compreendem um grupo de mais de
100 substâncias químicas formadas
principalmente durante a combustão
incompleta da matéria orgânica, tais como
combustíveis derivados do petróleo (gasolina
e óleo diesel) ou ainda a partir do carvão,
madeira, etc (BILA; DEZOTTI, 2007).

Os parabenos são ésteres de alquil de ácido


para-hidrobenzóico, são compostos
utilizados como conservantes em cosméticos
e em algumas pastas usadas por dentistas.

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Vários compostos deste grupo mimetizam
hormônios endógenos, apresentando assim
atividade estrogênica (REYS, 2001 apud
BILA, 2005). Os estrogênios estrona, 17β-
estradiol e 17α-etinilestradiol precisam de
atenção especial, pois são contínua e
diariamente excretados no esgoto e não são
completamente removidos nas estações de
tratamento de esgoto (TERNES et al., 1999
apud BILA; DEZOTTI, 2007). Com isso, muitas
fontes de água potável ficam contaminadas.
De acordo com Jobling et al (1998) apud Bila
e Dezotti (2007), os processos normais de
tratamento não removem esses compostos
totalmente, deixando as pessoas e animais
exposto a contaminação.

Os estrogênios naturais são excretados na


urina fêmeas, em menor quantidade, por
homens na forma de conjugados polares
inativos, predominantemente como
glucuronídeos e sulfatos. Porém, estudos
demonstram que esses estrogênios são
encontrados nas estações de tratamento de
esgoto na forma livre, sugerindo que
ocorrem reações de transformações dessas
substâncias durante o processo de
tratamento nas estações de esgoto
(JOHNSON; SUMPTER, 2001 apud BILA;
DEZOTTI, 2007).

30
COMO AGEM OS DESREGULADORES
ENDÓCRINOS NO ORGANISMO

Estudos apontam que diversos compostos


xenobióticos quando misturados em doses
suficientes (geralmente em altos níveis)
podem interagir no funcionamento do
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sistema endócrino. Segundo Koifman e


Paumgartten (2002) estes compostos podem
atingir inclusive no eixo hipotalâmico-
hipofisário, função tireóide e órgãos sexuais.

Segundo Borges et. al (2008) os estudos


sobre os efeitos do uso dos DE´s firmaram-se
após a publicação do livro de Raquel Carson
“Silent Spring” (Primavera Silenciosa) que
alertou sobre os perigos de substâncias
sintético nos organismos das aves. Já em
1996, Theo Colborn, Dianne Dumanoski e
John Peterson Myers lançaram o livro “Our
Stolen Future” (O Nosso Futuro Roubado)
que abordou os perigos dos agrotóxicos e
pesticidas, mas também enfatizou o uso de
outras substâncias mais comuns, como os
aditivos plásticos, além das interações entres
estes compostos e o organismo.

31
Após a publicação destas pesquisas e a
introdução do tema na mídia, vários outros
estudos foram desenvolvidos e tem
confirmado a presença de DE´s (DDT) em
determinadas populações, como: diminuição
na eclosão de ovos (pássaros, peixes e
tartarugas), feminização de peixes machos,
problemas no sistema reprodutivo (peixes,
répteis, pássaros e mamíferos) e alterações
no sistema imunológico de mamíferos
marinhos (BILA; DEZOTTI, 2007).

Mesmo assim, muitos pesquisadores


questionam esses efeitos, devido às baixas
quantidades dos DE´s presentes no meio
ambiente, argumentando que a incidências
de algumas doenças não estariam
verdadeiramente relacionadas com os DE´s.
Segundo Bila (2005) esse grupo de cientistas
defende a ideia de que os dados são apenas
hipotéticos e que ainda não são convincentes
para confirmar os surgimentos de doenças
em relação aos DE´s.

Apesar deste ponto de vista, os principais


estudos estão focados nos que afetam
diretamente os hormônios.

32
Segundo Elango; Shepherd e Chen (2006)
apud Grando et. al (2008) os desreguladores
estereoidais interferem na atividade de
hormônios sexuais, e os desreguladores
tireoidianos prejudicam a função dos
hormônios tireoidianos. Porém, também
podem atuar prejudicialmente em outros
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hormônios, como a prolactina e


hormônio do crescimento.

Os desreguladores que alteram a


homeostase dos hormônios tireoideanos
(HT) são compostos que inibem o transporte
ativo de iodo inorgânico para a célula
folicular tireoideana prejudicando a ação do
HT (JENSSEN, 2006 apud GRANDO et al.,
2008). Os mais comuns são: alaclor,
isoflavonas (fitoesteróides presente na soja),
etilenouréia (substância presente em
inúmeros fungicidas) e tionamidas (classe de
fármacos usada no tratamento de
hipertireoidismo). Grando et al (2008) expõe
que os desreguladores tireoideanos podem
criar alterações na maturação do sistema
nervoso central em mamíferos e também
prejudicar a metamorfose de anfíbios, além
do aparecimento de bócio endêmico e
tumores na tireóide.

33
Segundo Paulino (2006) a carência de HT
durante o desenvolvimento fetal e pós-natal
pode desencadear inúmeros problemas,
como: danos irreversíveis ao sistema
auditivo periférico e ao central, o retardo
mental e a surdez.

Os chamados desreguladores estereoidais


podem causar prejuízos a diferenciação
sexual, como consequente masculinização ou
feminização, e ao sistema reprodutivo,
causando danos à fertilidade (KELCE;
WILSON, 1997 apud GRANDO et al., 2008).

Entre os DE´s estereoidais mais comuns


estão: dimetoato, glifosato, tricloroetano,
cetoconazol, fenarimol, procloraz, DDT,
metoxiclor, vinclozolin entre outros.

Em seres humanos encontram-se problemas


na redução da quantidade de espermas,
infertilidade, o aumento da incidência de
câncer de testículo e de próstata. Já para
Weber et al (2002) apud Bila e Dezotti (2007)
essas substâncias também podem causar
efeitos no sistema reprodutor feminino,
como:

34
diferenciação sexual, ovários policísticos e
aumento no câncer de vagina e mama, além
da endometriose, doença na qual o tecido
que deveria recobrir o útero se move sem
motivos para o abdome.

Já a exposição a estrogênios exógenos, como


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os fitoestrógenos, presente não apenas na


soja, mas também em cereais (arroz, trigo),
leguminosas (feijão, vagem, ervilha e
lentilha), frutas (maçã, romã, cereja) e chás,
podem causar telarca precoce. A doença é
definida como o início do desenvolvimento
mamário antes dos oito anos de idade,
devido à antecipação da produção puberal
ovariana de estrogênios (FORTES et al.,
2006).

Fuqua e Haddad (2001) apud Fortes et al


(2006) destacam que dentre os
fitoestrógenos mais comuns na dieta
humana estão as isoflavonas e os lignanos.
Esses alimentos apresentam grande
quantidade de genisteína e daidzeína que
possuem elevadas atividades estrogênicas
com maior afinidade pelo receptor Eβ,
podendo agir como agonistas ou
antagonistas estrogênicos (KUIPER et al.,
1998, apud FORTES et al., 2006).

35
São os compostos mais pesquisados por seus
potenciais aplicações terapêuticas, assim
como os seus metabólitos, o o-
desmetilangolesina e o equol (GRUBER et al.,
2002, apud FORTES et al., 2006). Os lignanos
são encontrados em cereais, sementes,
legumes e em muitas frutas. Estes incluem o
metairesinol, o enterodiol e seus produtos de
metabolização, o enterolactona e o
secoisolariciresinol. Essas substâncias atuam
no metabolismo dos hormônios sexuais e
tem demonstrado também uma possível
ação como fator de proteção ao câncer
(CLAPAUCH et al., 2002, apud FORTES et al.,
2006).

Segundo Ghiselli e Jardim (2007), um dos


maiores exemplos dos problemas causados
por estas substâncias é o caso do estrogênio
sintético dietil-estilbestrol (DES). Essa
substância foi prescrita durante os anos de
1948 a 1971 como forma de combate ao
aborto espontâneo e promoção do
crescimento do feto. Vários estudos apontam
que as filhas dessas mulheres são hoje
estéreis e, uma minoria, tem desenvolvido
um tipo raro de câncer vaginal, além de
disfunção no sistema reprodutivo, gravidez
anormal, redução na fertilidade e desordem
no sistema imunológico (COLBORN et. al.,
1993, apud BILA, 2005).

36
ALGUNS DESREGULADORES
ENDÓCRINOS E SEUS EFEITOS EM
HUMANOS.

DISRUPTORESENDÓCRINOS EFEITOS EM HUMANOS

Redução na qualidade dO esperma (SWAN,


Atrazina
2003)
Declínio da função dO sistema
imunolÓgicO e aumentO de dOenças
infecciosas (PENTEADO;VAZ, 2001);
acumula-se no leitematerno (WHO,
Ascarel (PCB) 2001); EndOmetriose (SANTAMARTA,
2001); Atravessa a barreira placentária e
chega ao fetO; crianças nascidas de
mães cOm PCB no sangue têm pesO
reduzidO e QI inferior (BAIRD, 2002);

Acumula-se nos tecidOs dO fetO (NOGUEIRA


et al., 1987); FilhOs de mães que ingeriram
Óleo cOntaminadO cOm PCB tiveram O
tamanhO dO pênis reduzidO quandO na
puberdade (COLBORN et al., 2002)

Danos aos OÓcitOs; alteram a ação de


BenzO(a)antraceno; BenzO(a)pireno linfÓcitOs; sãomutagênicOs (PATNAIK, 2002)

Substitui a recepção dO estrOgênio.


Diminui a Ovulação; aumentO de secreção
Bisfenol A da prOlactina (WOZNIAK et al., 2005)

Anomalias menstruais, cOmO aumentO dO


sangramentO e dOs intervalOs dO ciclO
BTX (Benzeno, tOlueno (MENDES,1997); Na cOrrente sanguínea,
e xilenos) fixam-se nos glÓbulOs vermelhOs (AZEVEDO &
CHASIN, 2003)

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InibidOr de acetilcOlinesterase, causadOr de
hipOtireoidismO (LARINI, 1999);
Carbaril Redução na cOntagem de espermatOzOides
e presença excessiva de
espermatOzOides anormais (MENDES, 1997)
Câncer de prÓstata (CARDOSO & CHASIN,
2001);
COncentra-se no pâncreas, testículOs,
Cádmio tireoide e glândulas salivares (DELLA ROSA
& GOMES, 1988);
Acumula-se no leite materno (WHO, 2001);
AtrOfia testicular; redução no vOlume dO
esperma,
tumOres

Este estudo despertou reflexões para uma


ação mais in- tensiva, em busca de soluções
mais rápidas e eficientes para o combate aos
DE´s, que são de fundamental importância e
que afetam todas as pessoas
independentemente de classe social ou
localização geográfica.

Para avaliar os riscos da exposição de


organismos, tanto humanos como os dos
animais a tais substâncias, devemos
compreender também os mecanismos de
degradação que as envolvem, além de
entender e acompanhar as concentrações
dos mesmos no meio ambiente.

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As constatações e conhecimentos sobre
substâncias químicas, que agem como
desreguladores, devem ser utilizadas para
identificar aquelas que apresentam maior
potencial de risco a fim de eliminá-las do
mercado. E os novos produtos devem ser
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analisados e testados para que só então


possam ser liberados para uso. A precaução
e a responsabilidade devem ser as medidas
adotadas para que não se precise lutar
contra os danos.

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