Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Nestes casos, o laudo pericial deve ser emitido de forma conclusiva pela respectiva
Delegacia Regional do Ministério do Trabalho ou por outro órgão ou instituição
credenciada pelo Governo, que detenha idoneidade e capacidade técnica específica para
realização de análise quantitativa da substância química encontrada nas máquinas
fotocopiadoras utilizadas em cada caso, denominada Negro de Fumo.
Nesse sentido, citamos o Laudo Pericial nº 01/90, de 19/03/1990, realizado pelo Conselho
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Paraíba - CREA/PB, emitido pela
DRT/PB, do qual merecem destaque os seguintes excertos, in verbis:
"(...) 4.2 - Dos possíveis riscos ocupacionais: nos toners são encontrados o negro de
fumo, substância essa que pode provocar alterações no sistema hematopoético dos
trabalhadores.
Para que possamos esclarecer melhor a matéria em destaque, mister que façamos
algumas considerações sobre a substância química de que trata o presente artigo.
Textos relacionados
Não obstante a grande utilidade desta substância na indústria de plásticos, borrachas, etc,
a exposição humana acima dos limites de tolerância expõe o servidor a um elevado risco
de contaminação.
Nesse sentido, minucioso estudo publicado na Revista Química Nova, do qual extraímos
os seguintes excertos, textualmente:
(...) Dentre suas inúmeras fontes, podem ser citados os processos de combustão de
material orgânico (particularmente exaustão de motores a diesel ou a gasolina), a queima
de carvão, as fotocopiadoras, a exaustão de plantas de incineração de rejeitos, a fumaça
de cigarro, além de vários processos industrializados como, por exemplo, a produção de
alumínio e a gaseificação do coque, etc.
Por outro lado, a mesma Portaria nº 09/92, em seu art. 1º,§§ 1º e 2º, determina que o limite
de tolerância de exposição humana ao negro de fumo "é de 3,5 mg/m³ para uma jornada
de 48 (quarenta e oito) horas semanais de exposição", considerando insalubre no grau
máximo as atividades e operações que envolvam a produção ou utilização do negro de
fumo, sempre que ultrapassado o referido limite de tolerância.
Todavia, o TRE do Rio Grande do Sul paga 10% (dez por cento) de adicional de
insalubridade aos servidores fotocopistas, sendo a perícia realizada pela Delegacia
Regional do Trabalho daquele Estado.
O TRE do Ceará informou que a perícia naquele Tribunal foi também realizada pela DRT
local, quando se constatou que "o nível tóxico a que os servidores estariam submetidos
está dentro dos limites toleráveis, e por isso não foi concedida insalubridade".
Por sua vez, o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí informou que não paga adicional de
insalubridade aos servidores fotocopistas.
De tudo que vimos, constatamos que a insalubridade em estudo decorre de vários fatores,
e não apenas da simples presença ou contato dos servidores com a substância tóxica
denominada negro de fumo.
Exerce grande repercussão no organismo humano o local onde são desempenhadas tais
atividades. Mister que seja um local arejado, bem iluminado ou com manutenção periódica
no sistema de ar-condicionado, caso exista, de forma a evitar a umidade, além de diversos
outros fatores, que somados à exposição ao negro de fumo, determinam o grau de
insalubridade do ambiente de trabalho.
No caso, a insalubridade deve ser medida caso a caso, através de uma perícia quantitativa
do grau de exposição humana à substância nociva conhecida como negro de fumo,
observando-se o tipo de equipamento utilizado e o ambiente de trabalho.
De fato, não seria difícil encontrar-se uma condição insalubre com determinado
equipamento/marca de fotocopiadora, enquanto outro tipo de equipamento/marca, utilizado
no mesmo ambiente, não ofereça risco aos servidores. Pelos mesmos fundamentos, pode-
se fazer a experiência utilizando o mesmo equipamento/marca em ambientes diferentes e
alcançar-se dois resultados distintos, um insalubre e outro não.
Ultrapassado o limite de tolerância de 3,5 mg/m³ para uma jornada de 48 horas semanais
de exposição, é justo e legítimo o pagamento do adicional de insalubridade no grau
máximo (20%) aos servidores fotocopistas, com fundamento na CF/88, art. 7°, inciso XXIII
e nas Leis nº 8.112/90, arts. 68 e seguintes; e 8.270/91, art. 12, além das demais normas
regulamentadoras da matéria, expedidas pelo Ministério do Trabalho (Portaria nº 3214/78,
NR nº15, Anexos 11 e 13, e Portaria nº 09/92).
Em todo caso, para implantação do adicional de insalubridade se faz necessário um laudo
pericial conclusivo e objetivo, com análise quantitativa do nível de exposição humana ao
negro de fumo.
1- Annibal D. Pereira Netto, Josino C. Moreira, Ana Elisa X. O. Dias, e outros - Avaliação
da contaminação humana por Hidrocarbonetos ; Policíclicos Aromáticos (HPAs) e seus
derivados nitrados (NHPAs): Uma revisão metodológica; in Química Nova, de 23/06/2000,
p. 765 a 773;
2- Davis, Roberto. Fotocopistas. Jornal Trabalhista, vol 12 n 558 p 542 maio 1995.