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PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE - PMPA

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE - SMS


GERÊNCIA DE SAÚDE DO SERVIDOR MUNICIPAL - GSSM
EQUIPE DE PERÍCIA TÉCNICA - EPTEC

LAUDO 008/2022
Atividade de Diluição e Envase
Central de Diluição
HMIPV – SMS

LAUDO PERICIAL DE INSALUBRIDADE/ PERICULOSIDADE N.° 008/2022

1. IDENTIFICAÇÃO

ÓRGÃO: SMS

SETOR: Hospital Materno Infantil Presidente Vargas - HMIPV

ENDEREÇO: Avenida Independência n.º 661

TÉCNICO QUE REALIZOU A PERÍCIA:


Artur Wolffenbüttel - Engenheiro de Segurança do Trabalho - matrícula 45902.4
Marco A. F. Simioni – Técnico de Segurança do Trabalho – matrícula 47962.0

SERVIDOR ENTREVISTADO:
Rogério Antonio Dias – operário – matrícula n.º 65654/04
Cleber Volnei Silveira – enfermeiro – matrícula n.º 536353

DATA DA PERÍCIA: Abril de 2022.


2. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO

2.1 INTRODUÇÃO

Este documento tem como objetivo a análise e qualificação das atividades de


servidores na Central de Diluição no HMIPV, especialmente nos aspectos
relacionados com as atividades e operações insalubres e perigosas descritas na Lei
Municipal n.º 6309/1988 regulamentada pela Ordem de Serviço n.º 019/1994 da
PMPA, a qual referencia a Lei Federal n.º 6514/1977, as Normas Regulamentadoras
NR-15 Atividades e Operações Insalubridades e NR-16 Atividades e Operações
Perigosas da Portaria Federal n.º 3214/1978 e a Portaria Federal n.º 518/2003 –
Radiações Ionizantes ou Substâncias Radioativas.

2.2. DESCRIÇÃO DOS AMBIENTES DE TRABALHO

O Hospital Materno Infantil Presidente Vargas - HMIPV está localizado na


avenida Independência n.º 661 em confluência com a rua Garibaldi; constituído por
três blocos que abrigam a assistência hospitalar (Bloco A - 14 pavimentos), os
serviços de apoio estruturais, manutenção e oficinas (Bloco B - quatro pavimentos) e
os serviços ambulatoriais e administrativos (Bloco C - oito pavimentos), além de um
prédio anexado ao hospital (rua Garibaldi n.º 1036); prédio apresenta paredes em
alvenaria com pintura e divisórias, teto em concreto e rebaixo em gesso, piso
cerâmico e vinílico, ventilação e iluminação natural e artificial através de janelas de
metal, aparelhos de ar condicionado e luminárias tipo calha com lâmpadas de LED.
Central de Diluição – NHR: localiza-se no prédio anexo, dividida em três
compartimentos: Central de Diluição com área física aproximada de 3 m², Diluição
com área física aproximada de 4 m² e ponto de depósito com aproximadamente de 6
m², pé-direito aproximado de 2,9 metros, paredes em alvenaria, piso cerâmico,
janelas em metal e madeira, iluminação com lâmpadas de LED, equipados e
mobiliados com bancada e cubas em aço inoxidável, torneiras, diluidor eletrônico e
bombonas plásticas.

3. ANALISE QUALITATIVA

3.1 DA FUNÇÃO DO TRABALHADOR

Atividade de Diluição e Envase: atua na Central de Diluições na realização da


diluição de detergente concentrado a base de quaternário de amônia e biguanida;
envase de detergente em bombonas de cinco litros e posterior distribuição nas
unidades assistenciais, tanto abertas quanto nas fechadas (UTI, Bloco Cirúrgico,
etc.), recolhimentos de bombonas de detergentes após esvaziadas, para
reabastecimento posterior; limpeza e higienização das mesmas, com detergente e

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água corrente, para novo envasamento; recebimento, armazenamento e distribuição
de insumos e materiais de higienização (sacos de lixo, desinfetantes hospitalares,
hipoclorito de sódio, papéis toalhas e papel higiênico, produtos de limpeza, etc.);
higienização e limpeza da Central de Diluições usando água e hipoclorito de sódio.

3.2 D OS POSSÍVEIS RISCOS OCUPACIONAIS

Atividade de Diluição e Envase: os servidores estão expostos a riscos químicos pelo


contato permanente com produtos de limpeza - quaternário de amônia, biguanida e
hipoclorito de sódio

3.3 DO TEMPO DE EXPOSIÇÃO AO RISCO

Atividade de Diluição e Envase: os servidores estão expostos a riscos químicos de


forma permanente.

4. EPI

Para realização dos serviços são fornecidos equipamentos de proteção individual –


EPI (máscara N95 e luvas de borracha), sem controle técnico. A utilização depende
da iniciativa dos servidores.

5. CONCLUSÃO

5.1 FUNDAMENTO LEGAL

No âmbito da Legislação Municipal, a Lei n.º 6309/1988 – Plano de Carreira


dos Funcionários da Administração Centralizada em seus artigos 60 e 62, apresenta
o texto legal que concede os adicionais de insalubridade e periculosidade aos
servidores expostos a agentes nocivos a saúde e atividades perigosas.
As condições para definição de insalubridade nos locais de trabalho ou
atividades dos trabalhadores estão regulamentadas através da Ordem de Serviço n.º
19 de 20/05/1994, na Legislação Federal, aprovadas pela Portaria Federal n.º 3214,
de 08/06/1978, que considera como insalubre as atividades ou operações que se
desenvolvem acima dos limites de tolerância, no que se refere ao ruído contínuo,
intermitente ou de impacto, calor, radiações ionizantes, agentes químicos e poeiras
minerais; as atividades de trabalho sob condições hiperbáricas, envolvendo agentes
químicos e agentes biológicos. Considera ainda as atividades que, através de
inspeção no local de trabalho, verifique o estabelecido em lei no que se refere às
radiações não ionizantes, vibração, frio e umidade. O exercício de trabalho em
condições insalubres assegura ao trabalhador a percepção de adicional de acordo

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com a classificação de grau máximo - 40%, médio - 20% ou mínimo - 10%.
As situações a que se refere à legislação quanto aos riscos químicos, físicos

Anexo 1: L. Ruído Contínuo ou Intermitente Anexo 8: Vibração;


Anexo 2: L. Tolerância para Ruído de Impacto Anexo 9: Frio;
Anexo 3: L. Tolerância para Exp. ao Calor Anexo 10: Umidade;
Anexo 4: Rev. pela Portaria 3.751 de 23.11.90; Anexo 11: Agentes Químicos (aval quantitativa)
Anexo 5: Radiações Ionizantes Anexo 12: L. Tolerância para Poeiras Minerais
Anexo 6: Trabalho sob Cond. Hiperbáricas; Anexo 13: Agentes Químicos;
Anexo 7: Radiações Não-Ionizantes Anexo 14: Agentes Biológicos

*L.T.: limite de tolerância

De acordo com a NR-16 Atividades e Operações Perigosas, conforme


legislação vigente, as hipóteses para enquadramento de periculosidade aos
trabalhadores em geral são:

Anexo 1: Atividades e Operações Perigosas Anexo 4: Atividades e Operações Perigosas com


com Explosivos Energia Elétrica
Anexo 2: Atividades e Operações Perigosas Anexo 5: Atividades e Operações Perigosas em
com Inflamáveis Motocicletas
Anexo 3: Atividades e Operações Perigosas
Portaria Federal n.º 518/2003: Radiações
com Exposição a Roubos ou Outras Espécies
ionizantes ou substâncias Radioativas
de Violência Física nas Atividades Profissionais
de Segurança Pessoal ou Patrimonial
Nesses casos é obrigatório o pagamento de adicional de periculosidade no
valor de 30% do salário básico.

5.2 FUNDAMENTO CIENTÍFICO

Para caracterização de atividades e operações insalubres ou perigosas é


necessária a existência de agente nocivo à saúde ou a integridade física acima dos
limites de tolerância estabelecidos em legislação própria e fixados em função da
natureza e da intensidade do agente, bem como do tempo que o trabalhador fica
exposto aos seus efeitos. Na Atividade Gari – Central de Diluição existe exposição a
agentes insalubres – agentes químicos - contato com produtos de limpeza de acordo
com a NR-15 ou perigosos conforme a NR-16 da Portaria Federal n.º 3214/1978.

AGENTES QUÍMICOS
Os produtos químicos manipulados pelos trabalhadores nas atividades de
diluição de produtos de limpeza, sem a devida proteção, podem provocar irritação
cutânea (por exemplo: dermatite de contato).

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Detergentes
O principal ingrediente orgânico dos detergentes é o surfactante, agente que
tem a propriedade de baixar a tensão superficial da água. Atualmente é obtido
principalmente do petróleo, mas pode ser produzido a partir de gorduras, açúcares e
outros materiais orgânicos. Os surfactantes são geralmente classificados de acordo
com a sua carga elétrica em três categorias: surfactantes aniônicos, surfactantes
catiônicos e surfactantes não-iônicos. Os mais utilizados são os aniônicos porque os
demais são mais caros e apresentam toxidade relativamente baixa. Em geral são
irritantes da pele, especialmente por causa de sua ação desengordurante, podendo
produzir dermatite papular. São também irritantes da mucosa ocular. Quando
ingeridos determinam náuseas, vômitos, cólicas abdominais e, ocasionalmente,
diarreias.

Agentes de Limpeza à Base de Hipocloritos


O principal efeito lesivo dos produtos contendo hipocloritos é a irritação ou
corrosão da pele e mucosas, consequente a um mecanismo duplo: ação oxidante do
cloro liberado e ação dos agentes alcalinos. Parece que as soluções ácidas são
mais perigosas, por liberarem cloro livre e ácido hipocloroso. Este, pouco ionizável,
pode penetrar mais profundamente nas mucosas. O quadro clínico resulta da
irritação da mucosa digestiva e compreende: dores na boca, esôfago e estômago,
disfagia, sialorreia, vômitos que podem se tornar sanguinolentos e, posteriormente,
distúrbios circulatórios com hipotensão e choque, podendo ocorrer também um
quadro neurológico com confusão, delírio e coma. É possível também o
aparecimento de edema de glote. Esofagite ulcerativa e estenose cicatricial de
esôfago, embora de aparecimento muito pouco frequente, já foram descritas e
devem merecer os devidos cuidados profiláticos durante o atendimento de um caso
agudo.

6. BIBLIOGRAFIA

- Riscos Químicos, São Paulo, FUNDACENTRO, 1993.


- Segurança e Medicina do Trabalho, Manuais de Legislação Atlas; 78ª Edição, São
Paulo, Editora Atlas S.A ., 2017.
- Schvartsman, Samuel. Produtos Químicos de Uso Domiciliar – Segurança e
Risco Toxicológicos. São Paulo; Almed; 2ª ed.; 1988.

7. CONCLUSÃO FINAL

O exercício de trabalho em condições de insalubridade ou periculosidade, de


acordo com as Normas Regulamentadoras 15 e 16 da Portaria Federal n.º
3214/1978, adotadas pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, conforme Lei 6309
de 28/12/1988 e Ordem de Serviço n.º 019 de 20/05/1994, assegura ao servidor a
percepção de um adicional. No caso de incidência de mais de um adicional, será

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apenas considerado o de grau mais elevado, sendo vedada a percepção cumulativa.
Para fins de concessão de insalubridade verificar todas as atividades desenvolvidas
pelo servidor.

Atividade de Diluição e Envase: aos servidores desempenhando as atividades


referentes a esta função é devido o adicional de insalubridade em grau médio – 20
%, pela exposição a agentes químicos contendo álcalis cáusticos de acordo
conforme o anexo n.º 13 da NR 15 Atividades e Operações Insalubres da Portaria
Federal n.º 3214/1978.

Porto Alegre, 16 maio de 2022.

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Marco A. F. Simioni Artur Wolffenbüttel
Téc. de Segurança do Trabalho Eng.º de Seg. do Trabalho
Matrícula n.º 47962.0 Matrícula n.º 45902.4
EPTEC/GSSM/SMS EPTEC/GSSM/SMS

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