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LABORATÓRIO DE CIVIL

ENSAIO DE ADENSAMENTO UNIDIMENSIONAL

ENSAIO DE ADENSAMENTO
UNIDIMENSIONAL

O desempenho de obras está associado ao comportamento dos solos que


suportam as suas cargas. Todo material sofre deformação quando está sujeito a esforços
e os solos não são diferentes. Entre as deformações, pode-se citar as associadas ao
adensamento. O adensamento é um processo lento e gradual em que há redução do
índice de vazios de um solo por expulsão do fluido intersticial. Este processo pode
ocorrer em diversas áreas da engenharia, como por exemplo na aplicação de uma
sobrecarga sobre o solo, durante a drenagem de um determinado volume de água dos
poros ou por bombeamento da água do solo (KNAPPETT e CRAIG, 2016). A variação de
volume dos solos por efeito de compressão é influenciada por diversos fatores, como:
granulometria, grau de saturação, permeabilidade, densidade e tempo de ação em que
a carga de compressão é aplicada.
O adensamento unilateral é um método utilizado para determinar as
propriedades de adensamento do solo, caracterizadas pela velocidade e magnitude das
deformações quando uma amostra indeformada de solo é lateralmente confinada e
axialmente carregada e drenada. De acordo com Craig (2007), no ensaio, são aplicados
ao solo sucessivos incrementos de carga (que dobram de intensidade a cada novo
carregamento). Com os resultados, pode-se obter a variação da espessura do corpo de
prova e o índice de vazios no final de cada período de incremento de pressão em relação
à tensão efetiva correspondente.
Os procedimentos desse ensaio são detalhados pela NBR 16853 (ABNT, 2020) –
Solo – Ensaio de Adensamento Unidimensional. O ensaio utiliza um elemento de solo,
lateralmente confinado e axialmente carregando com pressão constante a cada
incremento até que todo o excesso de pressão na água dos poros seja dissipado. Para
isso, alguns equipamentos são necessários, como: sistema de aplicação de carga (prensa
de adensamento), célula de adensamento para o corpo de prova, talhador, balança,

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deflectômetro, cronometro, relógio, termômetro e equipamentos gerais. A célula de


adensamento do tipo anel fixo é detalhada na Figura 1. Essa célula é composta de uma
base rígida, um anel para fixar o corpo de prova, pedras porosas e um cabeçote rígido
para o carregamento. O anel de adensamento tipo fixo tem diâmetro interno de no
mínimo 50 mm e altura de, no mínimo, 13 mm. A altura não pode ser inferior a dez vezes
o máximo diâmetro da partícula do solo. A relação entre as medidas do diâmetro interno
e altura do anel deve respeitar a proporção de, no mínimo, 2,5.

Figura 1 – Célula de adensamento tipo fixo.

Já as pedras porosas devem ser quimicamente inertes ao solo e a água contida


nos poros. Pode-se utilizar também um papel filtro resistente entre a mesma e o solo. O
conjunto de pedra porosa e papel filtro deve ter permeabilidade suficientemente alta
para não influenciar nos resultados dos ensaios. O diâmetro da pedra porosa deve ser
de 0,2mm e a 0,5mm menor que o diâmetro interno do anel.
O corpo de prova utilizado no ensaio pode ser obtido através de amostras
indeformadas a partir de blocos que devem ser talhados. Deve-se preparar o material
em laboratório com temperatura e umidade controladas. O corpo de prova é então,
introduzido com sobre altura ao anel de adensamento utilizado, permitindo assim,
regularização da superfície final do topo com ajuda de uma régua biselada ou material
semelhante. Nessa etapa também deve-se obter a massa do corpo de prova, diâmetro
interno e altura do anel de adensamento. Obter também a massa do conjunto do corpo
de prova e anel de adensamento. Com as aparas remanescentes da talhagem, obter o
teor de umidade do material.

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A montagem da célula de adensamento deve ser realizada seguindo as diretrizes


da NBR 16853(ABNT, 2020). A sequência a ser seguida é: base rígida, pedra porosa
inferior, papel filtro, corpo de prova no anel, papel filtro e pedra porosa superior. Após
essa montagem, o cabeçote metálico ajusta-se ao conjunto. O deflectômetro também
deve ser ajustado. No primeiro momento, uma carga de pressão de assentamento é
aplicada, sendo de 5kPa (quilopascal) para solos resistentes e 2kPa para solos
classificados como moles. O deflectômetro é novamente zero após essa carga inicial.
Após 5 minutos da aplicação da carga de assentamento, o ensaio de
adensamento inicia. É transmitida à célula de adensamento pressões totais de
aproximadamente 10kPa, 20 kPa, 40 kPa, 80 kPa, 160kPa e assim sucessivamente,
sempre dobrando o valor da carga. A cada incremento, deve-se observar as leituras no
deflectômetro da altura (ou variação de altura do corpo de prova original) nos seguintes
intervalos de tempo: 1/8 min, ¼ minutos, ½ minutos, 1 minuto, 2 minutos, 4 minutos, 8
minutos, 15 minutos, 30 minutos, 1 hora, 2 horas, 4 horas, 8 horas e por fim, 24 horas.
Ou seja, cada carga (ou incremento) terá diversas leituras no intervalo de tempo de 24
horas.
Realizadas as leituras, deve-se realizar o descarregamento do corpo de prova em,
no mínimo, três estágios, ou seja, três etapas. O deflectômetro também deve ter suas
leituras lidas. Após todo o descarregamento, chegando a 10kPa, deve-se retirar o corpo
de prova da célula e determinar sua massa e umidade após fim do ensaio.
Com os resultados obtidos, além da massa específica aparente seca inicial e do
índice de vazios inicial, pode ser diversos parâmetros. O primeiro é a altura dos sólidos,
seguindo a equação a seguir:
𝐻𝑖
𝐻𝑆 =
1 + 𝑒𝑖

Sendo:
HS = altura dos sólidos, em cm;
Hi = altura inicial do corpo de prova, em cm;
ei = índice de vazios inicial.

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Pode-se calcular também o índice de vazios para cada estágio de carga, conforme
a equação:
𝐻
𝑒= −1
𝐻𝑆

Sendo:
e = índice de vazios final em cada estágio;
H = altura do corpo de prova ao fim de cada estágio;
HS = altura dos sólidos, em cm.
Por fim, ainda é possível calcular o coeficiente de adensamento. O processo pode
ser realizado por Casagrande, sendo o mais difundido. Para cada carga, deve-se
desenhar a curva de adensamento, sendo no eixo das ordenadas os dados referentes à
altura do corpo de prova e das abcissas o logaritmo de tempo. A partir da intersecção
das retas tangentes aos ramos da curva de que definem compressões primárias e
secundárias, determina-se o ponto que corresponde a 100% do adensamento primário.
Para o ponto que corresponde a 0%, seleciona-se duas alturas H1 e H2, em que
os tempos t1 e t2 tenham a relação t2/t1 igual a 4 e calcula-se o H0 pela equação:

H0 = H1 +(H1 – H2)

Assim, pode-se calcular o valor H50:

𝐻0 + 𝐻100
𝐻50 =
2

A partir desses parâmetros, pode-se finalmente calcular o coeficiente de


adensamento:

0,197 (0,5 𝐻50 )²


𝑐𝑣 =
𝑡50
Sendo:
cv = coeficiente de adensamento, em cm²/s;

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H50 = altura do corpo de prova correspondente a 50% do adensamento primário,


em cm;
t50 = tempo correspondente a 50% do adensamento primário.

A pressão de pré adensamento também pode ser determinada pelo processo de


Casagrande. A partir da curva índice de vazios por pressão, obter o ponto de mínimo
raio da curva, traçar uma paralela ao eixo das abcissas e uma tangente a curva. Traça-se
então, a bissetriz do angulo formado entre as retas. A abcissa da intersecção da bissetriz
com o prolongamento do trecho virgem corresponde à pressão de pré adensamento. A
tensão de pré-adensamento é um dos parâmetros mais relevantes na estimativa de
recalques de aterros em solos de classificação muito moles. Essa é a tensão que separa
o regime de pequenas e grandes deformações de um solo sob compressão.
Por fim, pode-se encontrar também o índice de compressão a partir da curva
logarítmica entre a pressão aplicada e índice de vazios, conforme a Figura 2:

Figura 2 – Curva entre índice de vazios e pressão.

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A partir do trecho virgem da reta, pode-se calcular o índice pela equação:

𝑒1 − 𝑒2
𝐶𝑐 =
𝑙𝑜𝑔𝜎2 − 𝑙𝑜𝑔𝜎1

Sendo:
CC = índice de compressão;
e1, e2 = índice de vazios em 2 pontos quaisquer do trecho virgem;
σ1, σ2 = pressão associada aos índices de vazios.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 16853 - Solo – Ensaio de


adensamento unidimensional. Rio de Janeiro, 2020.

CRAIG, R. F.; KNAPPETT, J. A. Mecanica Dos Solos. 7. ed. [s.l.] LTC, 2007.

KNAPPETT, J. A.; CRAIG, R. F. Mecânica dos Solos. Tradução de A. E. A. KURBAN. 8ª. ed.
Rio de Janeiro: LTC, 2016.

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