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Vencer a profunda identificação que temos com a matéria não tem sido fácil. As
arraigadas paixões físicas, a prisão da grade sensorial exercem uma hipnose intensa
sobre o ser humano.
Ascender a um outro patamar de experiências espirituais é um movimento
desafiador e Exige superação onde o contributo da dor é fator importante a fim de
que libertemo-nos da letargia espiritual e possamos enxergar a vida sobre uma ótica
mais vasta.
Sinceramente, necessitamos das desilusões das coisas do mundo, ainda que
para o imã aprisionador da alma, que é a matéria, perca paulatinamente seu vigor e
domínio sobre nós. Outro recurso libertador é a averiguação mental sobre os
diversos níveis de manifestação da vida em universos de frequência vibratória
diversas daquela que caracteriza experiência na carne.
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Não tenhamos dúvidas: nossos entes queridos, ainda que em coma, recebem as
impressões dos nossos sentimentos e emoções e, às vezes, com uma clarividência
impressionante, uma lucidez encantadora.
Tenho algumas experiências pessoais que me favoreceram com essa convicção.
Certa feita, acompanhávamos o desenlace do tio de um grande amigo meu, vitimado
pela AIDS. Ali estava agonizante no aconchego dos familiares, pedira para viver
últimos momentos em casa, não desejava expirar no quarto frio de um hospital.
Queria humanidade. Ele era uma criatura culta, sensível, humaníssimo. Os familiares
carinhosamente o trouxeram para casa. A época, não existia as drogas da atualidade
e, portanto, a síndrome agira avassaladoramente. Pude ver o quanto o afeto dos
familiares o deixou tranquilo, um tanto sereno. É muito importante para o
moribundo saber-se amado, querido e respeitado.
Percebi que a hora extrema havia chegado. Por fim, o amigo deixa de respirar.
Banhara-se de rigidez cadavérica. Tudo encaminhava-se para o funeral. Ao
aproximar-se da sala onde estava agora colocado o corpo, percebi que o “suposto"
desencarnado ainda estava ligado ao corpo, sem divisá-lo claramente. Guardei a
forte impressão do fato. Meu grande amigo, seu sobrinho, aproximou-se certa hora e
ao pousar sua mão sobre o tórax do desencarnante este reagiu, soltando um longo
suspiro. Ante o susto imenso de todos, corri e afastei as mão do sobrinho e vi que
logo após, o desenlace se concretizava. Expliquei, então, ao amigo, oque se passara.
A energia vitalizante dele, com o fluido animal em plena carga e o sentimento de
perda que ele carregava fez com que o moribundo aparentemente cadaverizado
retornasse ao corpo, de inopino. Foi um “sugador". Aspirou o espirito que estava
prestes a partir. Claro que isto não funciona sempre assim. Não se pode precisar as
condições para que isso ocorra. São forças ainda não devidamente conhecidas que
estão em jogo num momento como esse. O homem na terra ainda pouco sabe a
respeito das potências da alma e das manifestações das inúmeras formas de energia
que envolvem e vibram em torno e por dentro de cada um de nós.
Quem está desencarnado está mergulhado em seu universo pessoal, de
maneira emocionalmente solitaria mais interagindo com as forcas mentais
circundantes, assim, são importantíssimos para que eles se sintam bem, tranquilos e
possam ter um desligamento mais aprazível.
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Remonto, agora, acerca de 20 anos atrás. Nesta presente edição, são passados
37 anos da desenlace de minha mãe (2017)
Minha mãe em estado de coma no Hospital Samaritano no município do cabo
de Santo Agostinho PE. Dois dias em que ela se encontrava naquele estado. Havia
feito, cerca de 30 dias antes, uma cirurgia de vesícula. O quadro complicou-se de
forma tal que não permitiu a recuperação de sua saúde. Por um problema no
momento da cirurgia, quando fora esquecido um pedaço de gaze em seu abdômen,
ela sentia muitas dores e febre. Voltou à sala cirúrgica quando constatou-se o
problema. A esta altura após tomar tanto soro glicosado, fora vitimada com o
surgimento da diabetes. A ferida não cicatrizava.
A infecção espalhou-se por todo o organismo, levando-a ao coma. Por volta das
quatro e quarenta e cinco da manhã de uma terça-feira de maio, eu me encontrava
no apartamento do hospital, sozinho, lendo um livro, acompanhado aquele coração
amado naquele trânsito doloroso. A convicção de que somos imortais me auxiliava
bastante naquele momento. De repente, minha atenção voltou-se para porta de
entrada do apartamento. A princípio divisei apenas dois vultos um tanto
transparentes, sem enxergar uma forma específica. Depois, eles ficaram mais nítidos
à minha percepção psíquica e tive uma das mais belas emoções de minha vida:
aqueles seres vinheram efetuar o desligamento final de minha mãe em relação ao
seu corpo. Um dos espíritos olhou para mim, sorriu, voltou-se ao objetivo da visita e
iniciaram movimentos que eu entendia representar delicada operação para o
desenlace. Eu estava paralisado. Na verdade era a primeira vez que este fato me
ocorria, estava lívido e profundamente emocionado, quando observei com mais
detalhes os dois saírem carregando-as nos braços e imediatamente a fisionomia do
corpo cadaverizado ganhou uma feição tranquila, amena. Não houve nada de
aterrador naquela cena. Era um momento de morte e, no entanto, o ambiente
guardava aspectos de elevação e serenidade. Posso afirmar que, embora a emoção, a
candura da sena, a singeleza do momento emprestava à circunstância um leve toque
de poesia e beleza.
Para mim, ficava patente que minha mãe morrera para o mundo e tivera um
outro nascimento, para uma vida mais ampla, amorosa, compassiva, demonstrando
com maior fidelidade o amor de Deus para com tudo e todos nós. O instante da
morte, encarado por esse prisma, nos comprova isso.
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