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Educação Matemática com as Escolas da Educação Básica: interfaces entre pesquisas e salas de aula

FUNÇÃO QUADRÁTICA NOS LIVROS DIDÁTICOS: UMA


ANÁLISE A LUZ DA TEORIA ANTROPOLÓGICA DO DIDÁTICO
Andreza Thalia Menezes Monteiro1
Andreza dos Santos Viana 2
Thainá Castro de Brito3

Resumo

O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise praxeológica de questões referefentes
ao assunto Função Quadrática em livros didáticos do ensino médio. Para a elaboração
desta pesquisa utilizamos a Teoria Antropologia do Didático (TAD), de Yves Chevallard,
por meio da organização praxeológica para identificar os diferentes tipos de tarefas,
técnicas, tecnologias e teorias presentes na praxeologia do ensino da Função Quadrática.
Para tal, realizamos uma pesquisa bibliográfica e analisamos três livros didáticos
presentes no guia do Plano Nacional do Livro Didático de 2018. Os livros utilizados em
nossas análises referem-se às obras de Souza e Garcia (2016), Dante (2016) e Iezzi et al
(2016), nos quais verificamos que as tarefas encontradas indicam determinar o zero da
função, os valores de máximo e mínimo, a lei de formação, o estudo da variação do sinal
e a construção de gráfico.

Palavras-chave: Livro didático; Teoria Antropológica do Didático; Função Quadrática.

1. Introdução

O livro didático é um importante recurso no processo de ensino e aprendizagem,


pois ele auxilia e algumas vezes orienta o professor durante o planejamento de sua aula e
é também um instrumento acessível para a autoaprendizagem do aluno, desse modo,
identificamos e analisamos a matemática proposta e a forma como ela é estudada nos
livros didáticos.

Para Santos e Martins (2011) o livro didático é um instrumento que dissipa


conhecimento para o mundo, o que pode provocar transformações sociais no indivíduo,
“pois lhe dá uma oportunidade de acesso para o mundo letrado e literário” (p. 14). Além
disso, os autores acreditam que esse instrumento é um “manual de instrução” para o
professor, visto que ele tem a função de ajudar na elaboração e execução das aulas do
educando e não padronizá-la. Desse modo, nossa preocupação em analisar livros

1
Universidade do Estado do Pará: andrezathaliamm@gmail.com
2
Universidade do Estado do Pará: dreza.viana20@gmail.com
3
Universidade do Estado do Pará: annabellee4848@gmail.com
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didáticos considera o fato de que esse recurso apresenta relevância tanto para aquisição
de conhecimento dos alunos quanto para orientar os professores em suas escolhas
metodológicas, além disso, representa, em muitos casos, o único instrumento usado em
sala de aula.

Quando voltamos nosso olhar para os Livros Didáticos de Matemática,


identificamos que o conteúdo de Funções, sobretudo da Função Quadrática tem uma
amplitude no ensino, bem como às diversas aplicações que o assunto tem em diferentes
situações. Nesse sentido, de acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares - PCN
(BRASIL, 1999) o conceito de Função desempenha um papel importante para descrever
e estudar por meio da leitura, interpretação e construção de gráficos, o comportamento de
fenômenos tanto do cotidiano, como de outras áreas do conhecimento, como a Física,
Geografia ou Economia. Assim, é possível compreender que o estudo desse conteúdo vai
para além da área de Matemática, por isso se faz necessário que o aluno compreenda o
conceito para que possa usar esse conhecimento em outros contextos.

Diante do exposto, nossa intenção nesse trabalho é fazer uma análise de três livros
didáticos do ensino médio apontados pelo Plano Nacional do Livro Didático - PNLD
2018, na perspectiva da Teoria Antropológica do Didático (TAD), de Yves Chevallard,
para identificar as tarefas, técnicas, tecnologias e teorias de questões resolvidos e
propostos acerca do conteúdo Função Quadrática.

Nesse sentido, delineamos a questão de pesquisa a seguir: Quais tarefas são


apresentadas em livros didáticos do ensino médio acerca do conteúdo Função Quadrática?
Para responder a tal questão analisamos três livros didáticos de Matemática do Ensino
Médio, dos autores Souza e Garcia (2016), Dante (2016) e Iezzi et al (2016).

2. Noções Teóricas

2.1 Pesquisas Correlatas

No âmbito da Educação Matemática diversas pesquisas versam sobre o ensino e


aprendizagem de Funções, sendo assim, buscamos alguns trabalhos a respeito do ensino
desse conteúdo. Destacaremos aqui os trabalhos de Jorge e Saviolli (2016) e Soares
(2013) que desenvolveram estudos sobre as dificuldades no ensino de Função Quadrática.

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O estudo de Jorge e Savioli (2016), tinha por objetivo verificar as dificuldades
apresentadas por estudantes sobre a representação gráfica do objeto matemático Função,
precisamente, Função Quadrática. Em sua pesquisa os autores utilizaram a análise de
dados, na qual foram propostas algumas atividades para os estudantes, buscando perceber
a sua compreensão de função. A organização para analisar as atividades foi dividida em
três etapas, a pré-análise, a exploração do material e o tratamento dos resultados e a sua
interpretação.

Os autores descrevem uma atividade composta de produções escritas em que


haviam questões de responder e representar graficamente. Eles observaram que os
estudantes tinham dificuldade em construir gráficos e esboços, por meio de Funções
algébricas; compreender a distribuição da reta numérica nos eixos; noção de escala; a
posição dos pontos no plano cartesiano; a orientação da concavidade da parábola e a
orientação dos eixos do plano cartesiano. Para Jorge e Savioli (2016) o conceito de
Função ainda não havia sido compreendido e segundo eles, os alunos não tinham
habilidades em construir gráficos, além disso, ainda faziam confusão entre o objeto e sua
representação, o que acarretava em uma perda de compreensão e dos conhecimentos, que
são adquiridos, tornando-se inutilizáveis durante o processo de aprendizagem.

Um segundo trabalho, que se destinou a examinar essa questão, foi a dissertação


de Soares (2013), a fim de apresentar a Função Quadrática e suas propriedades a partir de
problemas que contém equações do segundo grau e da técnica de completar quadrados.
O autor procurou construir todo o assunto e justificou cada passo e desse modo abandonou
as formas decoradas, pois prezou pelo raciocínio. Soares (2013) destacou que é
importante para o professor explorar essa prática de resolver problemas por tentativa, e
que o aluno seja independente para procurar soluções sem utilizar seu caderno,
incentivando o raciocínio lógico. Assim sendo, seu estudo oferece uma nova estratégia
metodológica para o ensino de Função Polinomial do Segundo Grau.

O norte teórico do nosso estudo foi a Teoria Antropológica do Didático, porém,


compreendemos que um levantamento de pesquisas como a de Jorge e Savioli (2016) e a
de Soares (2013), a respeito da temática levantada mostra-se relevante ao nosso estudo.
Essa verificação também nos possibilitou identificar algumas dificuldades no ensino e
aprendizagem de Função Quadrática.

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2.2 A Noção da Teoria Antropológica do Didático

A Teoria Antropológica do Didático (TAD) é um instrumento que contribui para


área da Didática da Matemática, uma vez que analisa o comportamento do ser humano
diante do conhecimento matemático (CHEVALLARD, 1991). De acordo com
Almouloud (2015), tal teoria estuda o homem frente ao saber matemático, e mais
especificamente, frente à situações matemáticas.

Desse modo a Teoria Antropológica do Didático, revela-se como uma importante


via para se analisar as ações e práticas voltadas para o ensino de matemática, visto que a
mesma estuda as organizações praxeológicas didáticas para o ensino e aprendizagem do
saber matemático.

Segundo Chevallard (2001, apud PANTOJA 2017), toda atividade humana, entre
elas a atividade matemática, é constituída de duas partes dependentes uma da outra: a
prática (do grego práxis) e o saber (do grego logos). Dessa maneira para a execução da
TAD é fundamental existir um conjunto de atividades que resultam na praxeologia. Como
mostra Pantoja (2017):

A práxis está relacionada ao saber fazer em meio a um bloco de (tarefas e técnicas);


enquanto que o logos, refere-se ao entendimento desse saber fazer através de outro
bloco que envolve (tecnologia e teoria). Quando juntas as palavras gregas práxis e
logos, resultam na palavra praxeologia, que é o modelo da atividade humana na TAD.
(p.60).

A atividade praxeológica é organizada e simbolizada, com a realização de uma


determinada tarefa (𝑡) que sempre vem acompanhada por um verbo e que pertence a um
conjunto de tarefas do mesmo tipo (T), usa uma técnica (𝜏) para representar a maneira
como a tarefa será realizada, a qual é justificada por uma tecnologia (θ), que por sua vez,
é fundamentada por uma teoria (Θ).

Acreditamos que a TAD é um modelo importante de análise na área da Educação


Matemática, pois possibilita analisar a organização matemática e didática dos livros
didáticos. Desse modo, utilizamos a análise praxeológica para identificar as tarefas
presentes em livros didáticos do ensino médio acerca do conteúdo Função Quadrática.

3 Procedimentos Metodológicos

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Nessa investigação utilizamos uma metodologia de caráter qualitativa por meio
de uma pesquisa bibliográfica de viés documental, uma vez que envolve a obtenção de
dados descritivos e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a
situação estudada (GIL, 2008). Desse modo, procuramos compreender os fenômenos
segundo a perspectiva da Teoria Antropológica do Didático, ou seja, uma análise
praxeológica presente nos livros didáticos (LD).

A escolha dos livros didáticos se deu mediante a relação apontada pelo Guia dos
Livros Didáticos (PNLD-2018) cujos critérios de análises foram as questões resolvidas e
as questões propostas pelo LD. Assim, investigamos as seguintes obras:

Livro 1 (L1): #Contato Matemática, Volume 1- Ensino Médio

Fonte: Souza; Garcia (2016)

Livro 2 (L2): Matemática Contexto e Aplicações, Volume 1- Ensino Médio

Fonte: Dante (2016)

Livro 3 (L3): Matemática Ciência e Aplicações, Volume 1 – Ensino Médio

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Fonte: Iezzi; Dolce; Degenszajn; Périgo; Almeida (2016)


4 Análise Dos Resultados

Na análise realizada nos livros didáticos buscamos verificar como o conteúdo de


Função Quadrática é desenvolvido em tais obras e enfatizamos como são discorridos os
exercícios propostos e os exercícios resolvidos.

Em nossas análises, identificamos os seguintes tipos de tarefas presentes nos LD:

T1: Construir o gráfico da Função Quadrática

T2: Determinar a lei de formação da Função Quadrática

T3: Determinar o zero da função

T4: Determinar os valores de máximo e mínimo

T5: Estudar a variação do sinal da função

Ao analisarmos o livro L1 identificamos que o mesmo aborda uma situação sobre


a ocupação de terrenos baldios por meio de hortas comunitárias com canteiros
retangulares e em seguida utiliza os dados da horta para construir a Função e dessa forma,
o autor define a Função Quadrática. Em L2, o assunto é iniciado com perguntas sobre
área e perímetro de um retângulo. Por meio dessa ideia, o autor do livro conduz o aluno
a pensar em valores que satisfaçamos dados fornecidos, por exemplo, são fornecidos o
perímetro de um retângulo e pede-se possíveis valores para os lados dessa figura.
Identificamos em L2 uma linguagem compreensível e que sempre incentiva o aluno a
pensar, como nos quadros de “você sabia?” ou “para refletir”, além de apresentar dicas
para resolver algumas questões ou relembrar algum assunto que é necessário para resolvê-
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la. No Livro L3, o autor desenvolve os conceitos e apresenta as propriedades e definições,
desse modo contextualiza o assunto de Função Quadrática, por meio de problemas do
cotidiano, a exemplo da abordagem de uma situação em que associa a ideia do cálculo do
total de jogos que serão realizados em um campeonato de futebol à construção de uma
Função Quadrática. Verificamos que L3 apresenta uma linguagem compreensível e
direta, além de incentivar o aluno a pensar. Também possui exercícios tanto
contextualizados quanto diretos. Em relação às respostas dos exercícios, mostra
resultados prontos, explica a resolução passo a passo e apresenta situações-problema
simples.

A seguir mostraremos as análises realizadas a partir dos exercícios resolvidos e


propostos presentes nas obras analisadas. Na sequência, o exercício resolvido no L1,
conforme a figura abaixo.

Figura 4: Exercício Resolvido (R7) de L1

Fonte: Souza; Garcia (2016, p.117)

Esse exercício resolvido surge em L1 logo após a ideia de que para determinar os
zeros da Função é preciso fazer 𝑓(𝑥) = 0 e resolver a equação do 2º grau 𝑎𝑥 2 + 𝑏𝑥 +
𝑐 = 0. Os autores ressaltam que essa equação pode ser resolvida por meio da fórmula:

−𝑏±√∆
𝑥= , na qual ∆= 𝑏 2 − 4𝑎𝑐
2𝑎

Identificamos a partir da figura 4 a seguinte análise praxeológica:

Tarefa (𝑡): Determinar os zeros da função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 𝑥 − 12.

Técnica 1 (𝜏): Utilizar a fórmula da soma e produto

Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores de a, b e c nas respectivas fórmulas encontrando os


valores de 𝑥1 𝑒 𝑥2 .

Tecnologia (θ): Fórmula de soma e produto


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Teoria (Θ): Teoria das funções, a qual abrange suas propriedades sobre soma e produto.

Dentre as questões propostas em L1, destacamos o exercício 20 indicado a seguir.

Figura 5: Exercício Proposto 20 de L1

Fonte: Souza; Garcia (2016, p. 118)

No exercício proposto apresentado na figura 5, temos a recorrência da tarefa


solicitada, por esse motivo comentaremos e resolveremos aqui apenas a alternativa ‘a’.

Resolução:

𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 7𝑥 + 10

𝑏 7
𝑥1 + 𝑥2 = − =− =7
𝑎 1
𝑐 10
𝑥1 ∙ 𝑥2 = = = 10
𝑎 1
Neste caso, os dois números cujo a soma é 7 e o produto é 10 são 2 e 5, ou seja,
𝑥1 = 2 𝑒 𝑥2 = 5. Sendo assim, existem os zeros da função.

Desse modo, como base na questão proposta na figura 5, realizaamos a análise


praxeológica abaixo:

Tarefa (𝑡): Determinar os zeros da função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 7𝑥 + 10.

Técnica 1 (𝜏): Utilizar a fórmula da soma e produto

Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores de a, b e c nas respectivas fórmulas encontrando os


valores de 𝑥1 𝑒 𝑥2 .

Tecnologia (θ): Fórmula de soma e produto

Teoria (Θ): Teoria das funções, a qual envolve as propriedades sobre soma e produto.

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O exercício acima demonstra como determinar os zeros da função a partir da
fórmula da soma e produto. O exercício é proposto pelo autor de L1 de forma direta e
pode ser visto como uma aplicação de tal fórmula, conforme é possível observar na obra
analisada. Dessa forma, é possível perceber que o autor de L1 não estimula a resolução
sem o uso das fórmulas.

Em semelhança ao primeiro livro analisado, identificamos em L2 exercícios da


forma “determine” e encontre, para ilustrar destacamos a seguir a (figura 6).

Figura 6: Exercício Resolvido (2) do L2

Fonte: Dante (2016, p.108)

Esse exercício resolvido foi dado após mostrar que os zeros da Função Quadrática
correspondem a f(x) = 0 e para resolver a equação do 2º grau deve ser utilizada a fórmula:
−𝑏±√𝑏 2 −4𝑎𝑐
𝑥= .
2𝑎

Por meio da figura 6 realizamos a seguinte análise praxeológica.


Tarefa (𝑡): Determinar os zeros da função quadrática 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 12𝑥 + 35.
Técnica 1 (𝜏): Utilizar a fórmula de Bhaskara.
Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores dos coeficientes a, b e c fórmula, encontrando os
valores de 𝑥 ′ e 𝑥 ′′ .
Tecnologia (θ): Fórmula Bhaskara.
Teoria (Θ): Uso do conceito de equação do segundo grau para chegar à fórmula de
Bhaskara.
No que se refere às questões propostas, apresentamos o exercício 21 indicado
abaixo, na figura 7.

Figura 7: Exercício do livro L2

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Fonte: Dante (2016, p.109)

O exercício proposto acima é uma situação-problema que envolve os zeros de uma


Função Quadrática. A seguir desenvolveremos a resolução de tal situação.

Resolução:

Como os alunos estão dispostos de forma retangular, então a área é dada por:
𝐵. 𝐻 = 180

Admitindo o número de alunos em cada fila como a altura H do retângulo, temos


que:

𝐻 = 𝐵 + 8 𝑜𝑢 𝐵 = 𝐻 – 8
Juntando as equações, fica:
𝐵. 𝐻 = 180
(𝐻 − 8). 𝐻 = 180
𝐻 2 − 8𝐻 − 180 = 0
Temos: 𝑎 = 1; 𝑏 = −8; 𝑐 = −180
∆ = b2 − 4ac
∆ = (−8)2 − 4.1. (−180)
∆ = 64 + 720 = 784
∆ = 784 → ∆ > 0 ( há 2 raízes reais e diferentes).
−𝑏 + √∆ −(−8) + √784 8 + 28
𝑥′ = = = = 18
2𝑎 2.1 2
−𝑏 − √∆ −(−8) − √784 8 − 28
𝑥′ = = = = −10
2𝑎 2.1 2

Dessa forma, já que não pode ter número negativo de alunos, e portanto há 18
alunos em cada fila.

Em vista da resolução apresentada, destacamos a seguinte análise praxeológica


para a questão destacada na figura 7.

Tarefa (𝑡): Determinar o número de alunos em cada fila por meio da função quadrática
𝐻 2 − 8𝐻 − 180 = 𝑓(𝐻)

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Técnica 1 (𝜏): Identificar a função quadrática na situação problema.

Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores dos coeficientes a, b e c na fórmula, encontrando os


valores de 𝑥 ′ e 𝑥 ′′ .

Tecnologia (θ): Fórmula da área de um retângulo e fórmula de Bhaskara.

Teoria (Θ): Uso de conceitos de área de figuras planas e conceito de equações do segundo
grau, chegamos na fórmula da área do retângulo e fórmula de Bhaskara.

Os exercícios apresentados acima demonstram como determinar os zeros da


função mediante o uso da fórmula de Bhaskara. O exercício resolvido do L2 é de forma
direta, já o exercício proposto é uma situação problema em que é preciso utilizar conceitos
de área de figuras planas e o uso da fórmula de Bhaskara. O livro mostra a aplicação da
fórmula e o autor não estimula a resolução sem o uso das fórmulas.

No terceiro livro analisado, encontramos que a apresentação do assunto dos zeros


da Função ocorre por meio da fórmula de Bhaskara, conforme identificado no exercício
(figura 10) apresentado abaixo.

Figura 8: Exercício Resolvido de L3

Fonte: Iezzi; Dolce; Degenszajn; Périgo; Almeida; (2016 p. 98)

Para apresentar o exercício resolvido, o autor mostrou a definição de zeros de uma


Função Quadrática e fez uma demonstração da fórmula:

−𝑏± √𝑏 2 −4𝑎𝑐
𝑥= .
2𝑎

A seguir temos a análise praxeológica do exercício resolvido, presente em L3,


como indicado na figura 8.

Tarefa (𝑡): Determinar os zeros da função 𝑓(𝑥) = 𝑥 2 − 5𝑥 + 6.

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Técnica 1 (𝜏): Utilizar a fórmula de bhaskara

Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores de a, b e c na respectiva fórmula encontrando os


valores de 𝑥1 𝑒 𝑥2 .

Tecnologia (θ): Fórmula bhaskara

Teoria (Θ): uso do conceito da equação do 2º grau.

Figura 9: Exercício Proposto 4 de L3

Fonte: Iezzi et al (2016 p. 100)

No exercício proposto apresentado acima (figura 9), temos a recorrência da tarefa


solicitada, por esse motivo comentaremos e resolveremos aqui apenas a alternativa ‘a’.

Resolução:

Da Função 𝑦 = 2𝑥² − 3𝑥 + 1, temos que: 𝑎 = 2; 𝑏 = − 3; 𝑐 = 1

−𝑏± √𝑏2 −4𝑎𝑐 −(−3)±√9−8 3±1 𝑥1 = 1


𝑥= = = = {𝑥 = 1
2𝑎 2.2 4 2 2

1
Assim, obtemos os zeros da função 𝑥1 = 1 𝑒 𝑥2 = 2

Desse modo, com base na questão proposta na figura 9, identificamos a análise


praxeológica abaixo.

Tarefa (𝑡): Determinar os zeros da função 𝑦 = 2𝑥 2 − 3𝑥 + 1.

Técnica 1 (𝜏): Utilizar a fórmula de bhaskara

Técnica 2 (𝜏): Substituir os valores de a, b e c na respectiva fórmula encontrando os


valores de 𝑥1 𝑒 𝑥2 .

Tecnologia (θ): Fórmula Bhaskara


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Teoria (Θ): uso do conceito de equação do 2º grau.

Os exercícios apresentados acima demonstram como determinar os zeros da


função mediante o uso da fórmula de Bhaskara. O exercício resolvido do L3 é de forma
direta, o exercício proposto traz a mesma ideia da questão resolvida, ou seja, a mesma
tarefa e a mesma técnica. O livro mostra a aplicação da fórmula e o autor não estimula a
resolução sem o uso das fórmulas. Assim, podemos inferir que as tarefas propostas em
L3 divergem das ideias apontadas por Soares (2013) quando destaca a importância de se
explorar a prática de resolver problemas por tentativa, no intuito de incentivar o raciocínio
lógico.

De modo geral, nos livros analisados é possível perceber que os autores utilizam
a mesma linha de pensamento em relação aos tipos de tarefas e as técnicas utilizadas, isto
é, o estudo da Função Quadrática centrado em procedimentos algébricos ou aritméticos,
o que pode conduzir os alunos, como explicitado por Jorge e Savioli (2016), a uma perda
de compreensão entre o objeto Função e sua representação.

5 Considerações Finais

O objetivo deste trabalho foi identificar as tarefas presentes de três livros didáticos
do ensino médio apontados pelo PNLD 2018, na perspectiva da Teoria Antropológica do
Didático (TAD), por meio de questões resolvidas e propostas de cada livro.

A Teoria Antropológica do Didático junto com a atividade praxeológica se


mostraram eficaz para analisar as tarefas presentes nos LD, pois sabemos que os mesmos
contribuem para o processo de construção do conhecimento de uma aprendizagem mais
significativa, e como estes livros sofrem várias modificações, há uma necessidade de
analisá-los.

Por meio dessa investigação concluímos que as tarefas dos livros L1, L2 e L3
apresentam similaridades de raciocínio e que levam o aluno a uma compreensão adequada
do que deve ser feito nas questões, ou seja, as questões resolvidas auxiliam os alunos a
resolverem as questões propostas, assim sendo, podemos considerar os livros didáticos
como um orientador dos alunos.

Referências

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Educação Matemática com as Escolas da Educação Básica: interfaces entre pesquisas e salas de aula
ALMOULOUD, Saddo. Teoria Antropológica do Didático: metodologia de análise de
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42, p. 09-34, 2015.

ARAUJO, A. J. de. O Ensino de álgebra no Brasil e na França: Um Estudo Sobre o


Ensino de Equações do 1° Grau à Luz da Teoria Antropológica do Didático. 2009. 291
f. Tese apresentada no Programa de Pós- Graduação em Educação, Universidade
Federal de Pernanbuco, 2009.

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(PCN): Matemática/ secretaria de educação fundamental. Brasília: MEC/ SEF, 1999.

DANTE, L.R. Matemática contexto e aplicações. v. 1. 3 ed. São Paulo: Ática, 2016.

GIL, A.C. Metodologia do ensino superior. São Paulo: Atlas, 2005.

JORGE, J.L; SAVIOLI, A.M.P.D. Dificuldades de estudantes da 1ª série do ensino


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Encontro Nacional de Educação Matemática. São Paulo, 2016. Disponível em:
<http://www.sbembrasil.org.br/enem2016/anais/pdf/5352_2534_ID.pdf > . Acessado
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PANTOJA, L.F.L. Transposição didática interna: as transformações adaptativas


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SANTOS, Vanessa; MARTINS, Liziane. A Importância Do Livro Didático. Revista


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SOARES, J.H.S. Função quadrática. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


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SOUZA, J; GARCIA. J. #Contato Matemática, volume 1. São Paulo: FTD, 2016.

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