Você está na página 1de 21

Neuropsicologia

História e Metodologia de Estudo do Cérebro


Relação Mente-Corpo

Cognição
-descrição dos processos mentais em operações componentes.
-perceção, atenção, memória, linguagem, imagens mentais, pensamento, ação.

Perspetivas Filosóficas da Relação Mente-Corpo


-Dualista
Vê a mente e o cérebro como sendo entidades de natureza distinta, embora possam, de facto,
interagir. Platão, Descartes. A mente é vista como sendo algo imaterial, imortal, de dimensão
espiritual, e que inclui a consciência. O corpo é visto como sendo algo mortal, físico e divisível.
Ambos interagem através da glândula pineal, que se encontra no centro do cérebro, ou seja,
faz parte do sistema endócrino.

-Monista
Mente e cérebro são vistos como sendo aspetos diferentes, mas pertencentes à mesma
entidade. Aristóteles, Spinoza

-Reducionista
Inclui conceitos mentais como os da cognição e diz que estes são atualmente úteis, mas que
serão substituídos por construtos da biologia. Há conceitos que são abandonados quando são
encontradas melhores explicações. Churchland, Crick.

Abordagem Científica da Relação Corpo-Mente


Parte 1

Aristóteles
A relação entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo é maior nos animais
intelectualmente desenvolvidos. A cognição é um produto do coração (durou mais de 1500
anos).

Romanos
Os nervos são projeções e projetam-se no cérebro.

Parte 2

Gall e Spurzheim: Frenologia


Diferentes regiões do cérebro desempenham diferentes funções e estão associados a
diferentes comportamentos (especialização funcional).
O tamanho dessas regiões reflete-se na forma do escalpe e correlaciona-se com diferenças
individuais na cognição e na personalidade de cada um (sem fundação científica).
Definem-se funções da substância branca e cinzenta.
A estrutura enrugada do cérebro serve para poupar e otimizar espaço.

Broca
Pacientes com lesão cerebral com dificuldades na prodição da fala, mas preservação de outras
capacidades cognitivas. Ou seja, a linguagem está localizada numa região específica do
cérebro.
Lichtheim e Wernicke
Lesões em diferentes localizações conduzem a defeitos diferentes na fala. A linguagem não é
uma função unitária, pode ser seletivamente afetada.

Em suma:
Observações empíricas (experiência) passam a ser utilizadas para determinar os componentes
da cognição. Foi possível desenvolver modelos da cognição sem referência direta ao cérebro.

Nasce a Neuropsicologia, que utiliza o estudo dos pacientes com lesão cerebral para conceber
teorias sobre o normal funcionamento cognitivo.

Progressos tecnológicos permitiram o desenvolvimento de técnicas de imagiologia e registo


cerebral e impulsionaram o aparecimento das neurociências cognitivas.
Os métodos diferem quanto à:
-resolução temporal: precisão com que é medido o momento em que ocorre um evento
(milésimas de segundo, etc);
-resolução espacial: precisão com que é medido onde ocorre um evento (nível do milímetro,
nível do neurónio…);
-grau de invasão: registo feito interna ou externamente.

Técnicas de Imagiologia
Trouxeram uma melhor precisão de respostas, novas variáveis dependentes que podem ser
estudadas e comparadas com as anteriores…

A psicologia cognitiva precisa das neurociências


-metáfora computacional: software (processos mentais) vs hardware (cérebro e redes que
suportam os processos).
-será possível descrever os processos mentais sem atender à natureza que os suporta
(cérebro)?
Os dados neurobiológicos ajudam a restringir possíveis teorias computacionais, estreitando o
campo de investigação. Fornecem também dados sobre a estrutura e funcionamento do
cérebro, que são informações cruciais para o entendimento dos processos estudados pela
psicologia cognitiva. As neurociências fornecem dados sobre onde e quando ocorrem os
processos cognitivos, a ordem dos processos, e se duas tarefas partilham ou não etapas de
processamento.

As neurociências precisam da psicologia cognitiva


As técnicas de imagiologia fornecem registos de atividade elétrica, consumo de oxigénio, fluxo
sanguíneo, entre outros.. mas é necessário enquadrar essas informações com os processos
mentais adequados (memória, linguagem, pensamentos, leitura…).

Introdução ao estudo do cérebro


Estrutura e função do neurónio e organização cerebral

-Todos os neurónios têm a mesma estrutura;


-Há diferenças entre tipos de neurónios no arranjo espacial das dendrites e axónio.

Corpo Celular
-núcleo: contém o código genético e está implicado na síntese de proteínas;
-organeias.
Dendrites
-recebem informação de outros neurónios na proximidade;
-cada neurónio tem várias dendrites;
-número e estrutura das dendrites varia entre os diferentes tipos de neurónios.

Axónio
-envia informação para outros neurónios;
-cada neurónio tem só um axónio.

Sinapse
-intervalo entre o terminal do axónio do neurónio pré-sináptico e a dendrite do neurónio pós
sináptico;
-quando um neurónio pré-sináptico está ativo, uma corrente elétrica, o potencial de ação, é
propagada ao longo do axónio, e os neurotransmissores são libertados na fenda sináptica;
-neurotransmissores excitatórios aumentam a probabilidade de um potencial de ação,
enquanto que neurotransmissores inibitórios diminuem a probabilidade de um potencial de
ação e aumentam a polaridade negativa no interior da célula.

Propagação do Potencial de Ação


-bainha de mielina bloqueia a transferência de iões Na+/K+;
-há uma transmissão passiva do potencial de ação ao longo do axónio e nos pontos onde a
mielina é inexistente (nós de ranvier).

Como é que os neurónios codificam a informação?


-não pela amplitude do potencial de ação, que é constante, mas sim pela variação da taxa de
potenciais de ação (número de potenciais de ação por segundo);
-neurónios que respondem ao mesmo tipo de informação tendem a estar juntos
(especialização funcional das regiões cerebrais);
-o tipo de informação que processa depende do imput que recebe e do output que envia para
outros neurónios.

Organização Cerebral
-substância cinzenta: corpos celulares dos neurónios;
-substância branca: axónios e células de suporte (glia);
-fluído cerebrospinal: transporta restos metabólicos e tem uma função protetora (de
amortecimento), e transmite algumas mensagens.

Por debaixo dos fascílulos de substância branca, existe um conjunto de estruturas de


substância cinzenta, o subcortex, que inclui:
-gânglios basais;
-sistema límbido;
-diencéfalo.

O cérebro tem um conjunto de cavidades por onde circula o líquido cerebrospinal: os


ventrículos.

Córtex
-2 superfícies de matéria cinzenta, enrugadas e organizadas em 2 hemisférios;
-3 mm de espessura.
Subcortex
-gânglios da base: programação e coordenação de atos motores complexos (ex: coordenação
de vários músculos simultaneamente); terminação da ação; aprendizagem e hábitos;
patologia: Parkinson, Tourette.

-sistema límbico: relação do organismo com o ambiente em função das necessidades, contexto
presente e experiências anteriores; deteção de estímulos relevantes; relação entre odores,
memória, estado de humor; deteção e expressão de respostas emocionais; aprendizagem,
deteção de novidade; patologia: Parkinson, Tourette.

-diencéfalo: tálamo: estrutura intermédia entre todos os órgãos dos sentidos e o córtex; região
posterior; hipotálamo: núcleos especializados relacionados com diferentes funções do corpo
humano; regulação da temperatura corporal, fome, sede, atividade sexual e regulação de
funções endócrinas. Relacionado com tumores, perturbações alimentares, puberdade precoce,
nanismo ou gigantismo.
Estudo do Cérebro
Medidas Eletrofísicas e Métodos de Imagiologia Cerebral

Como percepcionamos e compreendemos o mundo a partir do funcionamento dos neurónios?


Há neurónios que respondem a estímulos visuais, outros a estímulos auditivos… Os sistemas
cognitivos e neuronais criam representações do mundo. Estas representações podem ser das
propriedades físicas do mundo (cores) ou das propriedades abstratas (crenças, conhecimento
geral...). As representações neuronais não são cópias do mundo exterior.

Métodos Eletrofisiológicos
1. Gravação da atividade de unidades celulares (single-cell recordings)
2. Electroencefalografia (EEG) e Potenciais Evocados (Event Related Potentials, ERPs)
3. Magnetoencefalografia

1. Single Cell Recordings medem as alterações na resposta de um neurónio, em função


de mudanças num estímulo ou na tarefa (componentes básicos do processamento
cognitivo); medem o potencial de ação dentro do axónio ou fora da membrana celular;
número de potenciais de ação por segundo; método invasivo, utilizado
maioritariamente em animais, e em seres humanos durante cirurgias; possível registar
a atividade simultânea de 100 neurónios (multi cell recordings).

Como é que os neurónios codificam a informação?


Hubel and Wiesel
O estudo da atividade elétrica dos neurónios nas áreas do córtex visual do gato levou à
conclusão de que o processamento na perceção visual é hierárquico:
-elementos visuais básicos, integração em elementos mais complexos; formas, combinação de
formas.

Existirá um neurónio que responde a um estímulo em particular?


-Representações locais: toda a informação é processada num neurónio (grandmother cell)
-Representações distribuídas: toda a informação de um estímulo/evento é processada pela
totalidade dos neurónios de uma dada população.
-Representação dispersa: toda a informação é processada por uma pequena porção de
neurónios.
Neurónios do córtex temporal respondem preferencialmente a faces (comparativamente a
outros objetos) e a diferentes faces. Contraria a hipótese de uma representação local.
Certos neurónios respondem ainda a padrões mais complexos (ex: direção do olhar).

-Codificação da Informação através da alteração do ritmo base (rate code): um


estímulo/evento está associado ao aumento/alteração da atividade dos neurónios (número de
potenciais de ação por segundo).

-Codificação temporal da informação (temporal coding): toda a informação de um


estímulo/evento é processada através da sincronização da atividade de diferentes neurónios.

A representação distribuída ou dispersa apresenta diversas vantagens:


-elevada capacidade de memória;
-conservação de energia;
-permite evitar a perda de informação se se perderem neurónios ou sinapses;
-permite explicar os processos cognitivos de categorização ou generalização: um estímulo novo
que se assemelhe a uma representação já existente vai ativar parcialmente essa
representação.

2. Eletroencefalografia tem por base fisiológica correntes dendríticas pós sinápticas. São
sinais elétricos captados por elétrodos colocados no escalpe.
Para o sinal ser detetado: uma população completa de neurónios tem de estar ativa
em sincronia; os neurónios têm de estar alinhados em paralelos, de modo a que os
sinais elétricos se somem e não se anulem; é necessário comparar a voltagem entre
dois ou mais pontos; é escolhido um ponto de referência, que não é expectável que
seja influenciado pela variável.
Os elétrodos são designados de acordo com a localização.

Potenciais Evocados
O registo dos Potenciais Evocados reflete a atividade neuronal de todo o cérebro, mas apenas
uma parte estará relacionada com o estímulo/evento. A maior parte está relacionada com a
atividade espontânea dos neurónios. O rácio sinal/ruído é muito baixo numa única
apresentação do estímulo/evento, por isso vai-se aumentando o rácio e calculando a média do
EEG para múltiplas apresentações do estímulo/evento.
Os resultados são apresentados graficamente para cada elétrodo.
As ondas de PE têm diferentes variações ao longo do tempo, sendo possível que estas
variações estejam relacionadas com as diversas etapas de processamento. Podemos investigar
o que significam essas variações manipulando a tarefa na sua amplitude. A investigação das
diferentes etapas de processamento é extremamente importante para a psicologia cognitiva e
para as neurociências.

Vantagens do Potencial Evocado:


-permitem inferir as diferentes etapas de funcionamento;
-estabelecer uma relação com os processos neuronais;
-obter medidas sobre o processamento de estímulos não atendidos.

Este método tem uma excelente resolução temporal, mas uma fraca resolução espacial.

Métodos de Imagiologia Cerebral


-Imagiologia estrutural e funcional;
-Aspetos metodológicos relevantes relacionados com o estudo dos processos mentais;
-Como os dados da imagiologia funcional são utilizados para analisar as regiões de ativação e
potenciais limites na interpretação dos dados.

Imagiologia Estrutural
-tecidos diferem nas propriedades físicas;
-“mapas” estáticos das estruturas físicas do cérebro;
-TAC;
-Ressonância Magnética.

Imagiologia Funcional
-atividade neuronal provoca alterações fisiológicas locais;
-“mapas” dinâmicos da atividade cerebral durante a execução de tarefas;
-Tomografia por Emissão de Positrões;
-Ressonância Magnética Funcional.

Métodos de Imagiologia Estrutural


TAC: a capacidade de absorção de raios x pelos diferentes tecidos é diferente; é utilizada no
diagnóstico de tumores, hemorragias e alterações “macro” das estruturas cerebrais.
Ressonância Magnética: não utiliza radiação; campo magnético que altera a orientação de
alguns protões das moléculas de H2O presentes nos tecidos e quando estes regressão à sua
posição inicial produzem alterações mensuráveis no campo magnético; melhor resolução
espacial do que o TAC; melhor discriminação entre substância branca e cinzenta.

Métodos de Imagiologia Funcional


PET: mede diretamente o fluxo sanguíneo; é radioativo; resolução espacial e temporal pior do
que a ressonância magnética funcional; número de scans por participante é reduzido; não
pode haver manipulação de estímulos porque a resolução temporal é muito fraca.
Ressonância Magnética Funcional: não utiliza radiação; baseia-se na medição da concentração
de oxigénio; múltiplos scans por paciente; permite manipulação de estímulos.

Para medir as alterações na atividade fisiológica é necessário ter um valor de referência (o


cérebro está sempre ativo).

-Método Subtrativo: compara-se a atividade do cérebro nas diferentes regiões na execução da


tarefa experimental com a atividade a execução de uma tarefa muito semelhante que difere
apenas “no processo a estudar”.
-Métodos Paramétricos: medem a relação entre as mudanças introduzidas numa variável
(contínua) e a atividade neuronal. Ex: ritmo do discurso e atividade neuronal.
-Métodos Fatoriais: mede a interdependência da atividade nas diferentes regiões cerebrais
através de análises estatísticas como os modelos de equações estruturais e análise dos
componentes principais.

A organização estrutural e funcional do cérebro varia de pessoa para pessoa.

Como é que as técnicas de imagiologia resolvem a questão das diferenças individuais?


Processo de Normalização: processo de mapeamento das regiões de cada cérebro com um
cérebro standard.
Processo de Difusão: regiões isoladas ativas sofrem redução; regiões com pouca atividade
rodeadas de áreas ativas têm aumento.

Que significado pode ter uma região ativa?


O sinal gerado nessa região numa dada condição é superior ao gerado em condições utilizadas
para comparação. Porém, pode estar associada a processos que não são essenciais ou
específicos para a tarefa.

Estudo do Cérebro
O cérebro lesionado

Estudo do desempenho cognitivo de doentes com lesão cerebral


Procura-se inferir a função de um componente (ou região cerebral) pela observação do que o
resto do sistema cognitivo consegue ou não fazer quando uma determinada região ou
componente é removida.
Implica a identificação dos processos cognitivos preservados e dos que exibem defeito.

Neuropsicologia Clássica
-Estuda preferencialmente grupos; identificação das funções preservadas ou deficitárias.

Neuropsicologia Cognitiva
-Recorre a estudos de caso; a informação dos pacientes contribui para teorias e modelos sobre
o funcionamento normal; serve de enquadramento a muitos estudos de imagiologia.

Grupos vs Estudo de Caso


Grupos ajudam a fazer associações entre as lesões e as funções deficitárias; Estudos de Caso
ajudam a perceber como os processos cognitivos se podem subdividir.

Causas de Lesão Cerebral


-Neurocirurgias; AVC, Traumatismos Cranianos; Tumores; Infeções Virais; Doenças
Degenerativas.

Dissociações e Duplas Dissociações


Dissociação permite dizer, com toda a certeza, que duas funções são asseguradas por áreas
diferentes (ex: produção e compreensão da fala).

Dissociação Simples: Mau desempenho numa tarefa, sendo que o desempenho noutra está
intacto. Paciente X: mau desempenho em A, mas desempenho normal em B.
Dissociação Dupla: Dois casos, ou grupo de casos, em que o padrão de perturbação é oposto.
Paciente X: mau desempenho em A, mas desempenho normal em B + Paciente Y: desempenho
em normal em A, mas mau desempenho em B.

Artefactos Metodológicos
Exemplo: O paciente desempenhou a tarefa X num nível sub-óptimo, porque não
compreendeu a tarefa ou adotou uma estratégia peculiar.

Como podem ser contornados os artefactos metodológicos?


Recolhendo informações específicas e detalhadas sobre o sujeito (escolaridade, etc), avaliando
o funcionamento intelectual geral (matrizes coloridas…), fornecer informações simples e claras
e verificar se foram entendidas e repetir a aplicação dos testes com intervalos de tempo
regulares.

Modularidade
Isomorfismo: relação entre a organização física do cérebro e a do sistema cognitivo.
Modularidade: processos/módulos independentes, lesões afetam módulos seletivamente,
lesões num módulo podem não afetar os restantes, dupla dissociação, ou seja, módulos
diferentes para processos diferentes.
Associações e Síndromes
Síndromes: clusters ou associações de determinados sintomas.
A maioria dos pacientes podem ser categorizados por síndromes, e isto traz vantagens: põe
ordem aos n casos de doentes com lesões cerebrais já estudadas; identifica áreas do cérebro
responsáveis por x funções cognitivas.
Porém, também traz desvantagens: exagera as semelhanças entre pacientes, sendo que cada
caso é um caso.

Como agrupar os pacientes?


-cluster de sintomas, se possuem um sintoma particular ou se têm uma lesão numa região em
particular.

Estudos de Caso
Nem sempre é possível encontrar pacientes com defeitos semelhantes; cada paciente é
estudado numa ampla variedade de tarefas; evita-se a simplificação por categorias.

Neuroanatomia Funcional
Perceção

Perceção Visual
Os olhos, obviamente têm um papel crucial no que toca à visão, mas é o cérebro que constrói
uma representação do mundo. Esta representação não é uma simples reprodução do padrão
de luz que atinge a retina, já que o cérebro divide o padrão de luz em superfícies e objetos
discretos, transforma uma imagem retiana 2D em 3D e faz com que percecionemos objetos
onde estes não existem.

Olho
Tem como função a projeção do padrão do dispositivo
ótico na retina, formando uma imagem. A lente atua na
formação da imagem, as células fotorecetoras
transformam os raios luminosos em impulso nervoso
(fototransdução).

Projeção do Campo Visual


Campo Visual: totalidade da imagem do mundo exterior
fornecida aos dois olhos sem movimento da cabeça.
Inversão da Imagem: plano horizontal, plano vertical.
Organização Funcional
Olho
Células Ganglionares: Células X: temanho médio, poucos dendritos, visão de elevada acuidade;
Células Y: mais volumoso, mais dendritos, análise inicial grosseira das formas; Células W:
pequeno corpo celular, implicadas nos movimentos da cabeça e do pescoço, coordenados pela
visão.
Campos recetores: Célula On: zona central excitadora e zona periférica inibidora; Célula Off:
estimulação do centro inibe atividade da célula e a da periferia intensifica-a.

Organização Funcional
Córtex Visual Primário
Organização funcional em colunas de dominância ocular, estrias alternadamente escuras e
claras, informações provenientes de cada olho por canais separados. Células dispostas
verticalmente implicadas na visão a cores. Informação visual decomposta em n categorias.
Campos recetores não são circulares, e são ativados por linhas com orientações específicas:
Células Simples: respondem a segmentos de luz com uma orientação e posição particular,
combinação de respostas das células on e off.
Células Complexas: respondem a segmentos de luz com uma orientação particular, campos
recetivos de maiores dimensões, combinação da atividade de células simples.

Estrutura Global
-cubos com sequência completa de colunas de dominância ocular e de orientação:
hipercolunas;
-cada hipercoluna analisa todas as características de uma porção do campo visual: organização
modular.

Hierarquia funcional
Córtex visual primário: origem de circuitos neuronais destintos, que funcionam em paralelo.
Áreas associativas: células hipercomplexas – de ordem superior recebem o efeito inibidor ou
ativador de 2 ou mais células complexas; campos recetores cada vez mais extensos.

Agnosias
Perturbações no reconhecimento de objetos.

Agnosia Percetiva: afeta principalmente os estádios iniciais do processamento percetivo


(integração das partes, agnosia integrativa…).
Agnosia Integrativa: dificuldade no reconhecimento e nomeação de objetos; capaz de copiar
ou desenhar de memória os objetos; está preservada a capacidade de discriminação do
comprimento, orientação e posição.
Agnosia Associativa: afeta o conhecimento funcional relativamente aos objetos, o contexto
onde podem ocorrer, o acesso à representação do objeto que está armazenada na memória.
Pode ser testada através de testes de reconhecimento de objetos e de desenho de objetos
(acesso à memória).

Prosopagnosia
Perturbações no reconhecimento de faces.
Dupla dissociação: reconhecimento de faces familiares vs emparelhamento de faces não
familiares.

Neuroanatomia Funcional
Espaço, Localização Espacial e Atenção

Espaço
Em comum: onde as coisas estão localizadas no espaço.

Onde tenho a minha mão?


Em que posição está a caneta em relação ao bloco?
Mapas sensoriais do espaço: espaço egocêntrico, espaço retinotópico e espaço alocêntrico.

De que lado da rua fica a farmácia?


Onde fica o supermercado mais próximo e como vou até lá?
Representações mentais do espaço e memória de mapas do espaço.

O cérebro representa o espaço a diferentes níveis de abstração e de diferentes maneiras.


Para o cérebro, o espaço não é uma entidade única, mas o espaço é uma dimensão comum
para os diferentes sistemas percetivos e para o sistema motor. O cérebro utiliza esta dimensão
para integrar a informação de diferentes modalidades sensoriais: percepção inter-modal.
O espaço é importante para definir a prioridade da informação - processamento selectivo da
informação: atenção espacial.

Atenção
Processo através do qual uma parte da informação é selecionada para ser mais processada, e
outra parte é descartada. Serve para evitar sobrecarga do sistema, já que este tem uma
capacidade limitada.

Atenção visual: metáfora do foco atencional


-destaca uma dada região (ponto) do espaço;
-desloca-se de um ponto para o outro;
-pode variar a dimensão do foco (zoom);
-atenção aberta vs encoberta (olhar pelo canto do olho);
-pode ser dividida entre pontos não adjacentes;
- dirigido por pistas externas- orientação exógena- ou pelos objetivos/expectativas do sujeito-
orientação endógena.

A atenção funciona numa base espacial


Posner e Cohen:
Tarefa: carregar num botão quando detecta o E alvo.
-até 150 ms são rápidos a detectar o alvo se aparece na mesma localização, ou seja, a pista
facilita o processamento quando está na mesma localização.
-> 300 ms são mais lentos a detectar o alvo quando aparece na mesma posição que a pista
porque, como o alvo tardou, a atenção dirigiu-se para outro local- inibição do retorno.

O hemisfério direito está mais especializado no processamento da informação espacial


O HD representa o lado esquerdo do espaço e em menor grau o lado direito, enquanto que o
HE só representa o lado direito do espaço.

Consequências:
-lesões no HD têm consequências na atenção espacial: heminegligência;
-num cérebro não lesionado há uma maior atenção ao lado esquerdo do espaço
(Pseudoneglect);
-tendemos a seccionar um segmento mais para a esquerda;
-os atores entram pelo lado direito quando querem passar despercebidos;
-temos menos tendência a chocar contra objetos posicionados à esquerda do que à direita.

Atenção Dirigida a Objetos Visuais


Teoria da Integração de Características

1. Processamento inicial em paralelo


-Rápido, automático;
-Características percetivas como cor e forma

2. Processamento em série
-Características são combinadas focando a atenção na localização dos objetos;
-A combinação de características pode ser influenciada pelo conhecimento prévio;
-Na ausência de atenção focalizada, as características dos objetos podem ser combinadas ao
acaso – conjunções ilusórias. Ex. quadrados azuis, triângulos amarelos, círculos verdes – R:
quadrado verde, triângulo azul, círculo amarelo.
Críticas à Teoria
-O que constitui uma característica percetiva? É mais fácil encontrar L no meio de Ts, se os Ts
estiverem rodados 0 ou 90º, do que se estiverem rodados 180.
-Outros fatores, para além da saliência percetiva, são determinantes: semelhança dos
distratores, expectativas do sujeito, estrutura e significado da cena visual, experiência de
prévia de pesquisa e valor do alvo e dos distratores.

Atenção dirigida a objectos visuais


-a seleção dos objetos que vão ser mais processados faz-se precocemente ou mais
tardiamente consoante as exigências da tarefa;
-a integração de características pode fazer-se a diferentes níveis, parte antes da focalização da
atenção.

Espaço, Atenção e Lobos Parietais


Lobos Parietais
-localização de objetos no espaço, ação dirigida a objetos, respondem à saliência dos
estímulos.
- Hemisfério Direito responde a estímulos no lado esquerdo e direito do espaço e o Hemisfério
Esquerdo responde a estímulos só do lado direito- heminegligência.
- pacientes com heminegligência detetam pistas à esquerda e direita, mas se a pista for
apresentada à direita e o alvo aparecer à esquerda já não detetam o alvo.
-estão envolvidos na integração de características nas tarefas de busca visual.
-integração multi-sensorial (Visão, audição, tato…).

Defeitos no processamento do espaço: perder o espaço


Síndrome de Balint
Ver um objeto de cada vez.
-lesões nos lobos parietais esquerdo e direito;
-só veem um objeto de cada vez- simultanagnosia: ex., colar mas não vê quem o está a usar;
chávena de chá mas não consegue alcançar;
-duplas dissociações no processamento espacial do próprio corpo e no processamento do
espaço externo (ex., RM: apontar e localizar - def.; partes do corpo - OK; outro caso padrão
inverso);
-erros de combinação ilusória;
-partes podem ser agregadas num mesmo objeto se tiverem a mesma forma, cor ou ligadas.

Defeitos no processamento do espaço: perder metade do espaço


Heminegligência
-Omitem objectos do lado esquerdo do espaço;
-mais acentuado quando há vários objectos;
-extinção;
-Não é uma perturbação perceptiva;
-há activação do cortex visual para o lado do espaço negligenciado;
-há processamento da informação negligenciada;
-não se restringe à visão.

Recordar o espaço: o papel hipocampo na memorização a longo prazo dos mapas do espaço
-difere da localização de objetos no espaço envolvente;
-mais relacionado com a memória do espaço do que com a perceção do espaço;
-hipocampo parece ter um mapa espacial;
-neurónios do hipocampo que disparam quando o rato é colocado num dado local;
-diferentes neurónios codificam diferentes localizações;
-atividade de diferentes neurónios - mapa do espaço;
-mapas alocêntricos;
-lateralização à direita.

Efeitos de lesão no hipocampo HD e HE


Navegação de pacientes por uma cidade; recebiam ou recolhiam objectos, encontravam
pessoas.

HD: défices na navegação, desenho de mapas, reconhecimento de cenários.


HE: não recordavam quem lhes tinha dado os objetos, ordem ou localização em que os tinham
recebido/recolhido.

Como se concilia a atividade dos lobos parietais e do hipocampo?


Lobos parietais
-Transformam mapas sensoriais em mapas egocêntricos para facilitar a interação com o meio
Alcançar, agarrar);
-Integram a informação das diferentes modalidades sensoriais;
-Priorizam a informação através do mecanismo de atenção espacial.

Hipocampo
-armazenamento na memória a longo-prazo dos mapas sensoriais;
-mapas são invariantes em relação ao ponto de vista- alocêntricos.

Memória
A memória é imprescindível à nossa sobrevivência, tendo claras vantagens evolutivas.
-aprender com a experiência passada;
-prever situações futuras a partir da experiência;
-adaptar ao ambiente (ex., localizar alimento, evitar o perigo…).

A memória está relacionada com a plasticidade cerebral, ou seja, com a capacidade de o


cérebro se modificar em função da experiência. Esta é maior na infância, mas persiste por toda
a vida.
A nível neuronal:
-alteração do padrão de ligações sinápticas entre neurónios;
-propriedade de todo o cérebro;
-memória e aprendizagem correspondem a uma característica de todo o cérebro: não há casos
em que a memória tenha ficado completamente destruída.

O caso de Clive Wearing


Homem de 40 anos, músico talentoso. Encefalite herpética, coma (várias semanas). Lesões
cerebrais extensas e amnésia severa.
Incapaz de aprender/reter nova informação: pessoas, eventos, objectos. Recuperação de
memórias antigas é deficitária: sabe quem é e consegue fazer uma descrição geral do que foi a
sua vida antes da doença, mas com pouca precisão e detalhe.
Conhecimento geral acerca do mundo é deficitário. Consegue tocar. Impacto nas attividades
de Vida Diária (AVDs): Não consegue: manter uma conversa, ler, sair à rua sozinho…

William James (1890)


-Memória Primária (= Memória a Curto-Prazo): informação que permanece na consciência
após percecionada; presente psicológico.
-Memória Secundária (= Memória a Longo Prazo): informação sobre os acontecimentos que já
deixou a consciência; passado psicológico.

Memória a Curto Prazo e Memória de Trabalho

Memória a Curto Prazo


A informação na MCP é a informação que está ativada. O acesso a esta informação é imediato
e efetuado sem esforço. O estado de ativação é frágil e, se há quebra da ativação, a
informação sai da MCP. A ativação é mantida por ensaio/articulação fonológica. Memória para
palavras curtas melhor do que para palavras longas.

Memória de Trabalho (extensão do conceito de MCP)


Ansa fonológica: permite adquirir, evocar e manter ativa a informação verbal: aquisição de
vocabulário, leitura, cálculo mental, contagem, compreensão oral ou da linguagem escrita.
-efeito de semelhança fonológica, efeito de comprimento das palavras (conseguem recordar
tantas palavras quantas conseguem ler em 2 segundos).

Esquiço visuo-espacial: armazenamento e manipulação de informação visuoespacial (forma,


cor, localização no espaço). Ex: planeamento de tarefas espaciais, orientação geográfica.
Armazém Visual de Cor: armazena informação visual acerca da forma e da cor; Escriba Interno:
lida com informação espacial e informação sobre o movimento, ensaia a informação do
armazém visual, transfere a informação do armazém visual para o executivo central e faz o
planeamento e execução dos movimentos do corpo e dos membros.

Executivo Central: funciona como um sistema atencional, tem capacidade limitada, coordena
os sistemas escravos. Ex. de tarefas: raciocínio, resolução de problemas, cálculo.

Buffer Episódico: sistema de capacidade limitada, integra informação de várias fontes,


funciona como um intermediário entre a ansa fonológica, o esquiço visuo-espacial e a
informação da MLP, processo de ligação ativa.

Memória a Longo Prazo


Capacidade ilimitada, Retenção por longos períodos, Múltiplos componentes, Esquecimento
envolve mecanismos ≠, Ex. ausência de pistas para evocação: informação está na memória mas
inacessível à consciência.

Memória Explícita
Exige evocação consciente de eventos ou factos; memórias que podem ser explicitadas,
descritas.

---- Memória Episódica


armazenamento e evocação de acontecimentos específicos ou episódios que ocorreram num
determinado momento e num determinado local; consciência qdo evocamos um dado
acontecimento
---- Memória Semântica
conhecimento organizado acerca do mundo (palavras ou símbolos verbais, significados e
referentes, relações entre elas, regras, fórmulas e algoritmos para a manipulação desses
símbolos, conceitos); consciência do conhecimento em si.

Memória implícita
Quando o desempenho numa tarefa é facilitado/progride na ausência de uma evocação
consciente da informação que influencia a execução da tarefa.

---- Memória Procedimental


“Refere-se à aprendizagem de habilidades cognitivas e motoras, e manifesta-se numa ampla
variedade de situações. Aprender a andar de bicicleta ou aprender a ler são exemplos de
memória procedimental.”

----Sistema de representação/memória perceptiva


“Conjunto de módulos específicos de um determinado domínio que operam sobre a
informação perceptiva referente à forma ou estrutura de palavras ou de objectos”
Implicado na identificação de objectos após um primeiro “encontro”.

Amnesia
-défices seletivos na memória declarativa;
-memória implícita mantida;
-tanto a memória semântica como a memória episódica estão afectadas;
-défice da memória semântica é variável (idade de aquisição e repetição de múltiplos
eventos?);
-défice na consolidação, i.e., formação permanente de novas conexões;
-defeito na aquisição de novas memórias (defeito anterógrado);
-defeito na evocação de memórias antigas que não foram bem consolidadas até ao momento
da lesão (defeito retrógrado).

Amnésia Anterógrada – incapacidade de reter nova informação após o início da amnésia (ex.,
HM; Clive Wearing)
Amnésia Retrógrada – incapacidade de evocar acontecimentos imediatamente anteriores ao
episódio/ momento de amnésia.

Esquecimento
Processos passivos
Ex., Decadência do traço mnésico: as memórias enfraquecem espontaneamente

Processos ativos
Ex., Interferência
Ex., Mecanismos inibitórios voluntários

Teoria da Consolidação
-A consolidação é um processo que fixa a informação na MLP e que demora várias horas, dias,
meses, anos;
-“o processo de consolidação envolve um rápido e duradouro aumento da probabilidade dos
neurónios pós-sinápticos do hipocampo dispararem em resposta aos neurotransmissores
libertados pelos neurónios pré-sinápticos”;
-Memórias recentes estão particularmente vulneráveis a efeitos de decadência do traço
mnésico e a interferência;
-Consistente com as taxas de esquecimento ao longo do tempo;
-Consistente com os dados da amnésia retrógrada – os eventos mais próximos do momento da
lesão são os mais vulneráveis a esquecimento e os mais antigos os mais robustos;
-Ekstrand (1972): O sono após a aprendizagem melhora a retenção (81% vs. 66%).
Teoria da Interferência
-A aprendizagem ou recordação condicionados por aprendizagens anteriores ou posteriores;
-Interferência proactiva – aprendizagem anterior interfere com a aprendizagem subsequente;
-Interferência retroactiva – aprendizagem interfere com aprendizagens feitas antes;
-Só recentemente se começaram a investigar os processos ativos utilizados para reduzir os
efeitos de interferência;
-Evidência: A retenção foi melhor se seguida da ingestão de alcool porque reduziu a
interferência de nova informação (Bruce e Phil,1997):
-Há mais conhecimento sobre os processos de interferência em memórias explícitas do que em
memórias implícitas;
-A interferência ocorre em condições particulares.

Especificidade da codificação (Tulving, 1974)


2 tipos de esquecimento
-esquecimento dependente do traço – a inf. já não está armazenada na memória
-Esquecimento dependente das pistas – a inf. permanece na memória mas não está acessível

Papel das regiões laterais dos lobos frontais na memória


• manutenção da informação na memória de trabalho
• selecção da informação do ambiente em que deve incidir o foco da atenção
• pistas e estratégias para a evocação da informação
• avaliação do conteúdo das memórias

Linguagem
Linguagem humana: produto da biologia e da cultura/ambiente

• O ser humano pode, à semelhança de outras espécies, comunicar de diferentes maneiras (ex.
gesto, olhar, frase, choro..)
• A comunicação é universal a todas as espécies animais
• Comunicação = processo de troca de informação
• codificação (formulação utilizando um código),
• transmissão
• descodificação (compreensão)
• Linguagem - forma particular de comunicação, i.e., uma entre várias formas de comunicação,
com características notáveis!

Linguagem oral
• capacidade de transmissão de ideias/pensamentos de X para Y
• meio físico comum: moléculas do ar
implica:
• transformação/codificação de pensamentos em palavras e frases
• comandos para o aparelho articulatório
• alterações na onda sonora captadas pela cóclea do ouvinte

O processamento da linguagem é complexo


• Que áreas/regiões cerebrais estão implicadas no processamento da fala?
• Evidências
• pacientes com lesões cerebrais (afásicos)
• pacientes submetidos a cirurgias
• comissuroctomias
• hemisferectomias
• Erros espontâneos na produção da fala

Percepção da fala
A natureza do sinal acústico
• Sem pausas/silêncios entre palavras - a segmentação da fala tem baseia-se no conhecimento
das palavras e em pistas/regularidades fonológicas (ex. acento da palavra)
• a concretização de uma palavra depende de quem a produz: falta de invariância acústica

Como lida o cérebro com a variância acústica da fala?


• Percepção categorial - alterações contínuas do imput são emparelhadas com perceptos
discretos
• não conseguimos ouvir um percepto intermédio entre da (vozeada) e ta (não vozeada)
• Teoria motora da percepção da fala (Liberman & Mattingly, 1985); Liberman & Whalen,
2000): os sons da fala são reconhecidos inferindo os gestos articulatórios necessários para os
produzir
• PET e TMS: Ativação dos sistema motor durante tarefas de percepção da fala

Processamento auditivo precoce


1. nervo auditivo, tálamo (corpo geniculado medial), cortex auditivo primário: Giro de Heschl
2. ouvido direito projeta-se no cortex auditivo esquerdo; ouvido esq. projeta-se no cortex
auditivo direito 3. outras vias sub-corticais (ex., colliculus inferior)

1. Cortex auditivo primário


1. sons de frequência semelhante estão representados próximo uns dos outros:
organização tonotópica
2. processamento auditivo envolve uma elevada resolução temporal
1. HE: processamento de rápidas alterações/transições temporais
2. HD: processamento de aspectos mais melódicos

Lesões no Cortex Auditivo do HE


• Agnosia auditiva:
• surdez para palavras
• reconhecimento de sons do ambiente e música preservados
Duas vias para a produção e compreensão da fala
1. Via ventral - via “what?” : processamento lexico-semântico
2. Via dorsal - via “how?” /“where?”: localização da fonte da fala e correspondência auditivo-
motora
Reconhecimento e selecção de palavras
Afasia de Wernicke (processamento lexical afectado)
• Lesões na região posterior do HE
• Discurso fluente e gramaticalmente correcto mas sem sentido
• Compreensão afectada

Memória semântica (conhecimento semântico) e significado das palavras

“leão” - animal, 4 patas, carnívoro, originário de África


• este conhecimento é amodal (independente da palavra ter sido ser ouvida, escrita, ou do
objeto ter sido visto ou evocado)
• conceitos semelhantes são representados de forma semelhante e partilham características
semânticas

• algumas características podem estar preservadas enquanto outras deficitárias

Compreender e produzir frases: processamento gramatical


• as palavras têm informação semântica (significado) e sintáctica (classe gramatical das
palavras: nomes, verbos,…)
• construir uma frase implica atribuir um papel sintáctico às palavras
• sintaxe e semântica são aspectos relativamente independentes:
• Demência semântica: produzem frases gramaticalmente correctas mas perdem acesso ao
significado de determinadas palavras; conseguem dizer se as frases são gramaticalmente
correctas mesmo que não conheçam o significado das palavras

Afasia de Broca (processamento gramatical afectado)


• Discurso disfluente (lento e laborioso)
• Agramatismo
• Compreensão mantida para frases em que o conteúdo é previsível a partir das palavras:
• o rapaz come um gelado
• compreensão de frases afectada quando conteúdo das palavras não permite distinções
• o gato persegue o cão
• o cão persegue o gato

Projeção entre Área de Wernicke e de Broca


• Afasia de Condução
• Incapacidade de repetição de palavras ouvidas
• Produção e compreensão mantidas

Você também pode gostar