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Cognição
-descrição dos processos mentais em operações componentes.
-perceção, atenção, memória, linguagem, imagens mentais, pensamento, ação.
-Monista
Mente e cérebro são vistos como sendo aspetos diferentes, mas pertencentes à mesma
entidade. Aristóteles, Spinoza
-Reducionista
Inclui conceitos mentais como os da cognição e diz que estes são atualmente úteis, mas que
serão substituídos por construtos da biologia. Há conceitos que são abandonados quando são
encontradas melhores explicações. Churchland, Crick.
Aristóteles
A relação entre o tamanho do cérebro e o tamanho do corpo é maior nos animais
intelectualmente desenvolvidos. A cognição é um produto do coração (durou mais de 1500
anos).
Romanos
Os nervos são projeções e projetam-se no cérebro.
Parte 2
Broca
Pacientes com lesão cerebral com dificuldades na prodição da fala, mas preservação de outras
capacidades cognitivas. Ou seja, a linguagem está localizada numa região específica do
cérebro.
Lichtheim e Wernicke
Lesões em diferentes localizações conduzem a defeitos diferentes na fala. A linguagem não é
uma função unitária, pode ser seletivamente afetada.
Em suma:
Observações empíricas (experiência) passam a ser utilizadas para determinar os componentes
da cognição. Foi possível desenvolver modelos da cognição sem referência direta ao cérebro.
Nasce a Neuropsicologia, que utiliza o estudo dos pacientes com lesão cerebral para conceber
teorias sobre o normal funcionamento cognitivo.
Técnicas de Imagiologia
Trouxeram uma melhor precisão de respostas, novas variáveis dependentes que podem ser
estudadas e comparadas com as anteriores…
Corpo Celular
-núcleo: contém o código genético e está implicado na síntese de proteínas;
-organeias.
Dendrites
-recebem informação de outros neurónios na proximidade;
-cada neurónio tem várias dendrites;
-número e estrutura das dendrites varia entre os diferentes tipos de neurónios.
Axónio
-envia informação para outros neurónios;
-cada neurónio tem só um axónio.
Sinapse
-intervalo entre o terminal do axónio do neurónio pré-sináptico e a dendrite do neurónio pós
sináptico;
-quando um neurónio pré-sináptico está ativo, uma corrente elétrica, o potencial de ação, é
propagada ao longo do axónio, e os neurotransmissores são libertados na fenda sináptica;
-neurotransmissores excitatórios aumentam a probabilidade de um potencial de ação,
enquanto que neurotransmissores inibitórios diminuem a probabilidade de um potencial de
ação e aumentam a polaridade negativa no interior da célula.
Organização Cerebral
-substância cinzenta: corpos celulares dos neurónios;
-substância branca: axónios e células de suporte (glia);
-fluído cerebrospinal: transporta restos metabólicos e tem uma função protetora (de
amortecimento), e transmite algumas mensagens.
Córtex
-2 superfícies de matéria cinzenta, enrugadas e organizadas em 2 hemisférios;
-3 mm de espessura.
Subcortex
-gânglios da base: programação e coordenação de atos motores complexos (ex: coordenação
de vários músculos simultaneamente); terminação da ação; aprendizagem e hábitos;
patologia: Parkinson, Tourette.
-sistema límbico: relação do organismo com o ambiente em função das necessidades, contexto
presente e experiências anteriores; deteção de estímulos relevantes; relação entre odores,
memória, estado de humor; deteção e expressão de respostas emocionais; aprendizagem,
deteção de novidade; patologia: Parkinson, Tourette.
-diencéfalo: tálamo: estrutura intermédia entre todos os órgãos dos sentidos e o córtex; região
posterior; hipotálamo: núcleos especializados relacionados com diferentes funções do corpo
humano; regulação da temperatura corporal, fome, sede, atividade sexual e regulação de
funções endócrinas. Relacionado com tumores, perturbações alimentares, puberdade precoce,
nanismo ou gigantismo.
Estudo do Cérebro
Medidas Eletrofísicas e Métodos de Imagiologia Cerebral
Métodos Eletrofisiológicos
1. Gravação da atividade de unidades celulares (single-cell recordings)
2. Electroencefalografia (EEG) e Potenciais Evocados (Event Related Potentials, ERPs)
3. Magnetoencefalografia
2. Eletroencefalografia tem por base fisiológica correntes dendríticas pós sinápticas. São
sinais elétricos captados por elétrodos colocados no escalpe.
Para o sinal ser detetado: uma população completa de neurónios tem de estar ativa
em sincronia; os neurónios têm de estar alinhados em paralelos, de modo a que os
sinais elétricos se somem e não se anulem; é necessário comparar a voltagem entre
dois ou mais pontos; é escolhido um ponto de referência, que não é expectável que
seja influenciado pela variável.
Os elétrodos são designados de acordo com a localização.
Potenciais Evocados
O registo dos Potenciais Evocados reflete a atividade neuronal de todo o cérebro, mas apenas
uma parte estará relacionada com o estímulo/evento. A maior parte está relacionada com a
atividade espontânea dos neurónios. O rácio sinal/ruído é muito baixo numa única
apresentação do estímulo/evento, por isso vai-se aumentando o rácio e calculando a média do
EEG para múltiplas apresentações do estímulo/evento.
Os resultados são apresentados graficamente para cada elétrodo.
As ondas de PE têm diferentes variações ao longo do tempo, sendo possível que estas
variações estejam relacionadas com as diversas etapas de processamento. Podemos investigar
o que significam essas variações manipulando a tarefa na sua amplitude. A investigação das
diferentes etapas de processamento é extremamente importante para a psicologia cognitiva e
para as neurociências.
Este método tem uma excelente resolução temporal, mas uma fraca resolução espacial.
Imagiologia Estrutural
-tecidos diferem nas propriedades físicas;
-“mapas” estáticos das estruturas físicas do cérebro;
-TAC;
-Ressonância Magnética.
Imagiologia Funcional
-atividade neuronal provoca alterações fisiológicas locais;
-“mapas” dinâmicos da atividade cerebral durante a execução de tarefas;
-Tomografia por Emissão de Positrões;
-Ressonância Magnética Funcional.
Estudo do Cérebro
O cérebro lesionado
Neuropsicologia Clássica
-Estuda preferencialmente grupos; identificação das funções preservadas ou deficitárias.
Neuropsicologia Cognitiva
-Recorre a estudos de caso; a informação dos pacientes contribui para teorias e modelos sobre
o funcionamento normal; serve de enquadramento a muitos estudos de imagiologia.
Dissociação Simples: Mau desempenho numa tarefa, sendo que o desempenho noutra está
intacto. Paciente X: mau desempenho em A, mas desempenho normal em B.
Dissociação Dupla: Dois casos, ou grupo de casos, em que o padrão de perturbação é oposto.
Paciente X: mau desempenho em A, mas desempenho normal em B + Paciente Y: desempenho
em normal em A, mas mau desempenho em B.
Artefactos Metodológicos
Exemplo: O paciente desempenhou a tarefa X num nível sub-óptimo, porque não
compreendeu a tarefa ou adotou uma estratégia peculiar.
Modularidade
Isomorfismo: relação entre a organização física do cérebro e a do sistema cognitivo.
Modularidade: processos/módulos independentes, lesões afetam módulos seletivamente,
lesões num módulo podem não afetar os restantes, dupla dissociação, ou seja, módulos
diferentes para processos diferentes.
Associações e Síndromes
Síndromes: clusters ou associações de determinados sintomas.
A maioria dos pacientes podem ser categorizados por síndromes, e isto traz vantagens: põe
ordem aos n casos de doentes com lesões cerebrais já estudadas; identifica áreas do cérebro
responsáveis por x funções cognitivas.
Porém, também traz desvantagens: exagera as semelhanças entre pacientes, sendo que cada
caso é um caso.
Estudos de Caso
Nem sempre é possível encontrar pacientes com defeitos semelhantes; cada paciente é
estudado numa ampla variedade de tarefas; evita-se a simplificação por categorias.
Neuroanatomia Funcional
Perceção
Perceção Visual
Os olhos, obviamente têm um papel crucial no que toca à visão, mas é o cérebro que constrói
uma representação do mundo. Esta representação não é uma simples reprodução do padrão
de luz que atinge a retina, já que o cérebro divide o padrão de luz em superfícies e objetos
discretos, transforma uma imagem retiana 2D em 3D e faz com que percecionemos objetos
onde estes não existem.
Olho
Tem como função a projeção do padrão do dispositivo
ótico na retina, formando uma imagem. A lente atua na
formação da imagem, as células fotorecetoras
transformam os raios luminosos em impulso nervoso
(fototransdução).
Organização Funcional
Córtex Visual Primário
Organização funcional em colunas de dominância ocular, estrias alternadamente escuras e
claras, informações provenientes de cada olho por canais separados. Células dispostas
verticalmente implicadas na visão a cores. Informação visual decomposta em n categorias.
Campos recetores não são circulares, e são ativados por linhas com orientações específicas:
Células Simples: respondem a segmentos de luz com uma orientação e posição particular,
combinação de respostas das células on e off.
Células Complexas: respondem a segmentos de luz com uma orientação particular, campos
recetivos de maiores dimensões, combinação da atividade de células simples.
Estrutura Global
-cubos com sequência completa de colunas de dominância ocular e de orientação:
hipercolunas;
-cada hipercoluna analisa todas as características de uma porção do campo visual: organização
modular.
Hierarquia funcional
Córtex visual primário: origem de circuitos neuronais destintos, que funcionam em paralelo.
Áreas associativas: células hipercomplexas – de ordem superior recebem o efeito inibidor ou
ativador de 2 ou mais células complexas; campos recetores cada vez mais extensos.
Agnosias
Perturbações no reconhecimento de objetos.
Prosopagnosia
Perturbações no reconhecimento de faces.
Dupla dissociação: reconhecimento de faces familiares vs emparelhamento de faces não
familiares.
Neuroanatomia Funcional
Espaço, Localização Espacial e Atenção
Espaço
Em comum: onde as coisas estão localizadas no espaço.
Atenção
Processo através do qual uma parte da informação é selecionada para ser mais processada, e
outra parte é descartada. Serve para evitar sobrecarga do sistema, já que este tem uma
capacidade limitada.
Consequências:
-lesões no HD têm consequências na atenção espacial: heminegligência;
-num cérebro não lesionado há uma maior atenção ao lado esquerdo do espaço
(Pseudoneglect);
-tendemos a seccionar um segmento mais para a esquerda;
-os atores entram pelo lado direito quando querem passar despercebidos;
-temos menos tendência a chocar contra objetos posicionados à esquerda do que à direita.
2. Processamento em série
-Características são combinadas focando a atenção na localização dos objetos;
-A combinação de características pode ser influenciada pelo conhecimento prévio;
-Na ausência de atenção focalizada, as características dos objetos podem ser combinadas ao
acaso – conjunções ilusórias. Ex. quadrados azuis, triângulos amarelos, círculos verdes – R:
quadrado verde, triângulo azul, círculo amarelo.
Críticas à Teoria
-O que constitui uma característica percetiva? É mais fácil encontrar L no meio de Ts, se os Ts
estiverem rodados 0 ou 90º, do que se estiverem rodados 180.
-Outros fatores, para além da saliência percetiva, são determinantes: semelhança dos
distratores, expectativas do sujeito, estrutura e significado da cena visual, experiência de
prévia de pesquisa e valor do alvo e dos distratores.
Recordar o espaço: o papel hipocampo na memorização a longo prazo dos mapas do espaço
-difere da localização de objetos no espaço envolvente;
-mais relacionado com a memória do espaço do que com a perceção do espaço;
-hipocampo parece ter um mapa espacial;
-neurónios do hipocampo que disparam quando o rato é colocado num dado local;
-diferentes neurónios codificam diferentes localizações;
-atividade de diferentes neurónios - mapa do espaço;
-mapas alocêntricos;
-lateralização à direita.
Hipocampo
-armazenamento na memória a longo-prazo dos mapas sensoriais;
-mapas são invariantes em relação ao ponto de vista- alocêntricos.
Memória
A memória é imprescindível à nossa sobrevivência, tendo claras vantagens evolutivas.
-aprender com a experiência passada;
-prever situações futuras a partir da experiência;
-adaptar ao ambiente (ex., localizar alimento, evitar o perigo…).
Executivo Central: funciona como um sistema atencional, tem capacidade limitada, coordena
os sistemas escravos. Ex. de tarefas: raciocínio, resolução de problemas, cálculo.
Memória Explícita
Exige evocação consciente de eventos ou factos; memórias que podem ser explicitadas,
descritas.
Memória implícita
Quando o desempenho numa tarefa é facilitado/progride na ausência de uma evocação
consciente da informação que influencia a execução da tarefa.
Amnesia
-défices seletivos na memória declarativa;
-memória implícita mantida;
-tanto a memória semântica como a memória episódica estão afectadas;
-défice da memória semântica é variável (idade de aquisição e repetição de múltiplos
eventos?);
-défice na consolidação, i.e., formação permanente de novas conexões;
-defeito na aquisição de novas memórias (defeito anterógrado);
-defeito na evocação de memórias antigas que não foram bem consolidadas até ao momento
da lesão (defeito retrógrado).
Amnésia Anterógrada – incapacidade de reter nova informação após o início da amnésia (ex.,
HM; Clive Wearing)
Amnésia Retrógrada – incapacidade de evocar acontecimentos imediatamente anteriores ao
episódio/ momento de amnésia.
Esquecimento
Processos passivos
Ex., Decadência do traço mnésico: as memórias enfraquecem espontaneamente
Processos ativos
Ex., Interferência
Ex., Mecanismos inibitórios voluntários
Teoria da Consolidação
-A consolidação é um processo que fixa a informação na MLP e que demora várias horas, dias,
meses, anos;
-“o processo de consolidação envolve um rápido e duradouro aumento da probabilidade dos
neurónios pós-sinápticos do hipocampo dispararem em resposta aos neurotransmissores
libertados pelos neurónios pré-sinápticos”;
-Memórias recentes estão particularmente vulneráveis a efeitos de decadência do traço
mnésico e a interferência;
-Consistente com as taxas de esquecimento ao longo do tempo;
-Consistente com os dados da amnésia retrógrada – os eventos mais próximos do momento da
lesão são os mais vulneráveis a esquecimento e os mais antigos os mais robustos;
-Ekstrand (1972): O sono após a aprendizagem melhora a retenção (81% vs. 66%).
Teoria da Interferência
-A aprendizagem ou recordação condicionados por aprendizagens anteriores ou posteriores;
-Interferência proactiva – aprendizagem anterior interfere com a aprendizagem subsequente;
-Interferência retroactiva – aprendizagem interfere com aprendizagens feitas antes;
-Só recentemente se começaram a investigar os processos ativos utilizados para reduzir os
efeitos de interferência;
-Evidência: A retenção foi melhor se seguida da ingestão de alcool porque reduziu a
interferência de nova informação (Bruce e Phil,1997):
-Há mais conhecimento sobre os processos de interferência em memórias explícitas do que em
memórias implícitas;
-A interferência ocorre em condições particulares.
Linguagem
Linguagem humana: produto da biologia e da cultura/ambiente
• O ser humano pode, à semelhança de outras espécies, comunicar de diferentes maneiras (ex.
gesto, olhar, frase, choro..)
• A comunicação é universal a todas as espécies animais
• Comunicação = processo de troca de informação
• codificação (formulação utilizando um código),
• transmissão
• descodificação (compreensão)
• Linguagem - forma particular de comunicação, i.e., uma entre várias formas de comunicação,
com características notáveis!
Linguagem oral
• capacidade de transmissão de ideias/pensamentos de X para Y
• meio físico comum: moléculas do ar
implica:
• transformação/codificação de pensamentos em palavras e frases
• comandos para o aparelho articulatório
• alterações na onda sonora captadas pela cóclea do ouvinte
Percepção da fala
A natureza do sinal acústico
• Sem pausas/silêncios entre palavras - a segmentação da fala tem baseia-se no conhecimento
das palavras e em pistas/regularidades fonológicas (ex. acento da palavra)
• a concretização de uma palavra depende de quem a produz: falta de invariância acústica