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Guia de cultivo

P s i l o c y b e c u b e n s i s
2021
conteudo

indice

01 21
Imitando o ciclo de Coletando esporos
vida do fungo em
nossa casa

03 23
O que preciso para Como criar minha
iniciar meu cultivo de seringa de esporos?
cogumelos mágicos?

08 26
Preparo de bolos Usando grãos no
PF Tek cultivo

19 30
Como secar de Introdução ao
maneira devida cultivo com
seus cogumelos substrato bulk
recém-colhidos?

R todos os direitos reservados Green Power


1. Imitando o ciclo de vida
do fungo em nossa casa

Cultivar seus próprios cogumelos em seu


próprio lar é um hobbie divertido e recom-
pensador. O cultivo em casa é o passo inicial
para um dia, quem sabe, esse passatempo
se tornar seu ganha-pão. Como muitas outras
coisas, não é necessário você ter graduações Fase vegetativa (colonização):
ou ser alguém treinado para conseguir chegar
do ponto A (sem cogumelos) ao ponto B (com
a primeira fase do cultivo.
cogumelos). Para apenas ter alguns singelos
cogumelos, não é exigido do estudante que
Imagine que o micélio do fungo se desenvolve
tenha domínio das técnicas mais avançadas.
nas camadas não superficiais do solo, do es-
Tudo o que é necessário são os mínimos equi-
terco ou dos troncos (dependendo da espécie
pamentos, paciência, compreensão das met-
do fungo), de maneira que ele se encontra não
odologias de cultivo e das práticas de assep-
exposto ao sol e ao ar fresco. Portanto, na fase
sia e esterilidade.
de incubação é isso o que forneceremos a ele:
O cultivo indoor se resume basicamente
um ambiente com pouca claridade ou com-
em imitar o ciclo de vida do cogumelo ao pon-
pletamente escuro, úmido (a umidade vai vir
to que ele entenda que é possível produzir
do próprio substrato que vai ser colonizado) e
seus frutos para espalhar seu material genéti-
com prevalência do dióxido de carbono (CO2)
co no ambiente através dos esporos. Para
sobre o oxigênio (O2). Em relação a tempera-
fazer isso, é elaborado pelo cultivador um sub-
tura, a incubação varia de espécie para espé-
strato para simplesmente expandir o micélio,
cie, mas para o Psilocybe cubensis a faixa de
que depois é colocado em outras condições
temperatura aceitável se encontra entre 23 e
totalmente diferentes de ambiente do que ele
29 °C. Para obter tais parâmetros, você pode
estava. Estas condições ambientais divergen-
simplesmente deixar seus potes colonizando
tes vão servir como sinais ambientais que vão
dentro de algum armário (caso a temperatura
ser entendidos pelo fungo de que agora ele
ambiente esteja dentro do aceitável), ou você
pode produzir seus cogumelos e disseminar
pode construir uma incubadora que será uti-
seus esporos. Fazendo isso, você estará com
lizado apenas para isso e que te dá a possib-
belos cogumelos olhando para você.
ilidade de cultivar em épocas do ano onde a
temperatura está mais baixa do que o ideal.
Vamos ver como montar uma incubadora mais
afrente.

1
Fase reprodutiva (frutificação):
segunda fase do cultivo

Pense que o fungo que estava no interior do


solo foi consumindo seu substrato até o mo-
mento em que o mesmo chega na superfície,
ou muito próximo dela, entrando em contato
assim com o ambiente externo. Nesse mo-
mento, caso as condições de temperatura
e umidade estiverem favoráveis, o mesmo
entende que tem a chance de produzir seus
frutos para que seja possível disseminar seus
esporos e estes sejam carregados pelo vento.
Fazendo isso, o fungo tem a possibilidade de
dar continuidade à sua linhagem. Portanto, na
fase de frutificação, imitaremos ao máximo as
condições naturais dessa etapa reprodutiva,
onde o fungo encontra exposição à luz, umi-
dade, maiores níveis de O2 do que de CO2 e
à ventilação; tudo isso dentro da faixa de tem-
peratura adequada.
Para reproduzir essas condições em
nosso lar precisamos dar procedimento à
elaboração de um terrário, e você vai apren-
der como montar um também mais afrente,
então fique tranquilo. Os fatores ambientais
que precisarão serem atendidos nos terrários
são: temperatura e umidade adequada, boa
oxigenação e luz. Essas variáveis são chama-
das de gatilhos de frutificação e quanto mais
gatilhos forem fornecidos ao fungo no terrário,
melhor o desenvolvimento dos nós hifais e as-
sim, um melhor desenvolvimento de pins, que
são os nossos cogumelos jovens. O conjunto
dos pins distribuídos ao longo do substrato é
chamado de pinset.
Saber como funciona o ciclo de vida dos
cogumelos ajuda bastante que um cultivador
tenha uma visão mais aprofundada do porque
fazemos o que fazemos no cultivo desses
carinhas, assim como também, permite que
com o passar do tempo e a experiência ad-
quirida, o mesmo possa vir a elaborar suas
próprias técnicas/metodologias que mais se
enquadram a sua preferência, simplesmente
porque os princípios por trás de tudo foi com-
preendido.

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2. O que preciso para iniciar
meu cultivo de cogumelos
mágicos?

Se você está com vontade de dar início ao seu cultivo de Psilocybe cuben-
sis ou se apenas tem planos futuros para cultivá-los mas não sabe ao certo
o que você vai precisar ter e saber para começar, fique tranquilo, esse guia
rápido foi feito especialmente para te entregar todas essas informações
básicas, parte por parte, cobrindo as etapas, os materiais necessários e os
parâmetros de cultivo. Então vamos lá. O cultivo de cogumelos, de maneira
resumida, pode ser separado em seis etapas:

1. Preparo do substrato: aqui você vai prepa- 4. Incubação: é a fase em que colocaremos
rar o seu substrato onde o fungo vai crescer, o substrato inoculado em um ambiente onde
podendo ser tanto com o uso de grãos quanto colocaremos o recipiente com o substrato que
os tão famosos bolos de PF Tek. Para inici- foi inoculado, para que ali o fungo encontre as
antes, recomendamos que comecem pela PF condições ideais de temperatura e escuridão
Tek, que é feita com vermiculita, água e farinha para se alimentar do substrato e se expandir,
de arroz integral. Cobriremos com detalhes em até colonizá-lo por completo
outro momento o passo a passo de como fazer
a PF Tek.
5. Frutificação: é quando o substrato já
está todo colonizado e irá ser retirado das
2. Esterilização: é o momento em que você condições de colonização e será colocado em
deixará seu substrato de cultivo livre de outros condições diferentes de ambiente, condições
microrganismos, promovendo um ambiente essas que darão ao fungo sinais de que seu
sem competição para seu fungo se desenvolv- ciclo de vida está chegando ao fim, e assim,
er. É muito importante respeitar os tempos de gerando os tão desejados cogumelos.
esterilização determinados.
Observação: o cultivo com grãos possui uma
etapa a mais que é o bulk. Como cultivar utili-
3. Inoculação do substrato: é onde vamos zando o substrato bulk será visto mais afrente
inserir um propágulo do fungo dentro do sub- e é recomendado para pessoas que já tiveram
strato esterilizado; substrato esse que contém algum contato com o cultivo de cogumelos.
as condições adequadas para que o desen- Como dito anteriormente, se é sua primeira
volvimento do micélio ocorra bem. vez, dê preferência à PF Tek para ir criando
noções de esterilização e assepsia.
3
O que preciso para a esterilização O que preciso para a inoculação
do meu substrato? do meu substrato?
Para esterilizar seu substrato é necessário Agora com o substrato já esterilizado temos
uma panela de pressão, que é a ferramenta que inserir um inóculo do fungo no interior do
que vai fornecer uma combinação de altas substrato. Esse inóculo pode ser um carim-
temperaturas e pressão capaz de promover bo de esporos, uma seringa de esporos ou
a esterilização devida do substrato. A panela uma seringa de micélio. Existem outras for-
de pressão da nossa casa faz substituição à mas de propágulo, como por exemplo, por
autoclave, que é um equipamento de labo- placas de petri colonizadas, mas que são
ratório muito similar a uma panela de pressão para cultivadores mais avançados, então não
gigante. O tempo de esterilização varia con- abordaremos isso aqui.
forme o substrato que for esterilizado, para Recomendamos que para seus primeiros
grãos se mantém por no mínimo 90 minutos na cultivos a inoculação seja feita a partir de uma
pressão dependendo de quanto estamos es- seringa de micélio ou de esporos, já que com
terilizando, enquanto bolos de PF Tek se man- um carimbo de esporos em mãos, você mes-
tém por 60 minutos na pressão. É muito impor- mo terá que fazer suas seringas e, como inici-
tante respeitar esse tempo e não deixar menos ante, você correrá mais riscos de contaminar
que isso. sua produção tendo que realizar esta etapa.
Por isso, uma seringa pronta é o caminho mais
certeiro. A seringa de micélio é a melhor opção
pois o micélio está uma etapa na frente dos
esporos, colonizando assim o substrato de
maneira mais rápida, já que ao inocular com
esporos, os mesmos ainda têm que germinar
para poder dar início ao processo de coloni-
zação do substrato.

Carimbo de esporos de P.cubensis strain australian

Seringa de esporos à esquerda e seringa de micélio à Placa de petri colonizada de P.cubensis strain Golden
direita de P.cubensis strain Golden Teacher Teacher

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O que preciso para a incubação
do substrato?
Se seu substrato escolhido para cultivo já foi
esterilizado e inoculado, agora ele deve ficar
em um lugar com pouca claridade ou comple-
tamente escuro e com temperatura entre 23
e 29°C. Para isso, basta utilizar uma caixa de
isopor e um termostato de aquário dentro de
uma garrafa de água. A potência necessária
do termostato vai variar conforme o tamanho
de sua caixa de isopor, porém um termostato
de 50 W já está ótimo para fazer o serviço. É
bom frisar que o termostato se faz necessário
apenas se no momento do seu cultivo você se
encontra em condições de temperatura abaixo
das ideais de incubação.
Para usar o termostato, programe o mes-
mo para 28°C e após inseri-lo na água, você
pode vedar a boca da garrafa com alguma fita
(durex, silver ou isolante), mas isso é opcional.
Caso não vedar, apenas tome cuidado caso
com o volume da água, para que o termostato
não fiquei para fora da água e queime. Agora
sua incubadora já está pronta para receber
seus potes de substrato inoculados.
Incubadora feita com isopor, garrafa de 5 L
de água e termostato de 100 W. Aqui neste
caso, a boca da garrafa não foi tapada com
alguma fita, sendo necessário repor pequenas
quantidades de água de vez em quando.

O que preciso para a fase da O terrário ideal para o cultivo dos cogumelos
mágicos possui umidade alta, por volta dos
frutificação? 90%, troca gasosa e uma temperatura um
pouco mais baixa do que na incubação, entre
Vão se passar por volta de 15 dias até você 20 e 25°C. Porém, se por ventura o seu terrário
estar vendo seu substrato totalmente branco, estiver com uma temperatura pro volta de uns
colonizado em sua incubadora. Esse tempo vai 28°C, seus cogumelos ainda irão se desen-
variar dependendo de alguns fatores genéti- volver, não em todo seu potencial, mas irão se
cos e ambientais, mas esse é um tempo mé- desenvolver (o P. cubensis é um fungo resili-
dio; pode levar menos, como também, mais. ente). O terrário também deve receber lumino-
Agora chegou a hora de levá-lo a um ambiente sidade, sem receber luz direta do sol. Não há
onde ele frutificará: o terrário. É aqui que seu necessidade do uso de lâmpadas específicas,
fungo vai perceber as alterações ambientais a própria claridade do dia já é o suficiente.
e vai dar início à formação de seus corpos de Esses fatores ambientais alterados são conhe-
frutificação, que são os cogumelos. cidos como gatilhos de frutificação.

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A construção do terrário pode ser feita com uma caixa organizacional transparente. Nessa caixa, o ide-
al é que você faça alguns furos. Os furos podem ser como mostrado na Figura 5, podendo ser feito com
uma serra copos ou com uma faca quente, onde devem então ser tapados com fita micropore, tyvek ou
lã-acrílica. Outra opção que também pode ser feita são vários furos pequenos espalhados por todo o
terrário, como mostrado na Figura 6. Nesse caso, os furos permanecem sem serem tapados (esse tipo de
terrário é conhecido como Shotgun Fruiting Chamber e não é dos mais indicados).

Furos feitos com serra-copos ou com uma faca quente.


Lembre-se de tapá-los com fita micropore ou lâ-acrílica.
(Fonte da foto: healing-mushrooms.net)

Furos de terrário estilo ShotGun Fruiting Chamber


(SGFC). Aqui os furos não precisar ser tapados. (Fonte da
foto: reddit.com)

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No fundo do terrário, colocaremos água para
manter o ambiente úmido, por isso, é preciso
colocar junto algum substrato como perlita,
vermiculita ou argila expandida para evitar o
contato com a água. Vamos preencher 3 de-
dos no fundo do terrário com substrato e co-
locar água até a metade dessa base de sub-
strato. Caso você for utilizar argila expandida,
para limpá-la, é preciso deixá-la submersa por
12 h em uma mistura de água com água san-
itária. Após essas 12 h, remova a água e lave
bem a argila para remover a água sanitária
remanescente e também retirar as sujidades
da própria argila.

Terrário com fundo de vermiculita à esquerda e com fundo


de perlita à direita. (fonte da foto: en.psilosophy.info)

(fonte da foto: en.psilosophy.info)

Para manter a temperatura no terrário, caso


você se encontre em um ambiente mais frio do
que a temperatura ideal de frutificação do P.
cubensis, é recomendado a colocação de um
termostato da mesma maneira que foi utilizada
na incubadora, para que assim possa elevar
a temperatura de dentro do terrário. Mas caso
você se encontre em um local com tempera-
turas muito acima do ideal de frutificação, o
recomendando para amenizar os impactos
calor excessivo, é: primeiramente, colocar o
seu terrário no local mais fresco de sua casa.
Se isso ainda não resolveu o problema, para
ajudar a tornar a temperatura dentro do terrário
mais amena pode-se colocar uma garrafinha
de água congelada no terrário. E lembrando
que caso você estiver em um local onde a Terrário em condições de temperatura acima dos ideais de
temperatura está entre as aceitáveis para a frutificação, onde foi necessário a colocação de garrafa de
água congelada para amenizar os impactos da alta tem-
frutificação dos cogumelos, não será preciso peratura. (Fonte: teonanacatl.com)
nem termostato e nem garrafa congelada no
seu terrário.
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Outro ponto importante a fase de frutificação é a troca gasosa e a manutenção da umidade. Nesse
momento, o fungo respirará bastante, gerando uma quantidade significativa de CO2, principalmente no
momento da formação dos cogumelos. Queremos que o CO2 possa sair, e por esse motivo, o ideal é que
você abra a tampa e dê uma abanada no seu terrário para dissipar qualquer excesso de CO2 contido ali
dentro, sendo esse processo feito 1 vez ao dia enquanto os cogumelos ainda não se formaram e 2 vezes
ao dia quando os cogumelos estão em maturação; nesse momento o que é fungo quer é oxigênio e umi-
dade. Em contrapartida, ao abrir seu terrário, a umidade ali retida será dissipada aos poucos pro ambi-
ente onde ele se encontra, por isso você deve ficar atento com as paredes de seu terrário, elas devem
estar cheias de gotículas de água, e caso não estejam, basta borrifar água nas paredes. Outra opção a
isso, é deixar uma janela aberta ou algum ventilador conectado a um timer para ligar a cada 30 minutos
e gerar brisas no local que o terrário está instalado, sem estar direcionado ao terrário. Isso já vai servir
como uma boa fonte de ventilação.

3. Preparo de bolos PF Tek

O que é a PF Tek?
Este método de cultivo de cogumelos mundialmente conhecido como PF Tek foi originalmente publicado
em 1995 por um indivíduo cujo pseudônimo era Psilocybe Fanaticus (por isso PF), Esta metodologia con-
siste simplesmente no uso de vermiculita, farinha de arroz integral e água para a produção de um sub-
strato que torna possível um fácil cultivo de cogumelos em casa.
São vários os motivos do porque essa é uma excelente técnica para iniciantes. Primeiramente, faz-
se uso de materiais facilmente encontrados; a vermiculita se encontra na maioria das floriculturas ou cen-
tros de jardinagem e horticultura, enquanto que a farinha de arroz integral está disponível tanto em lojas
de produtos naturais como também em supermercados. Além disso, é possível, caso você possua um
triturador de café, triturar grãos de arroz integral e assim você mesmo fazer sua própria farinha. Em se-
gundo, é um processo relativamente rápido e de pouca manutenção que vai permitir que em menos de
30 dias a partir do momento da sua preparação, você seja retribuído com seus próprios cogumelos (caso
você tenha feito tudo como o fungo gosta). Sendo ainda que com esta técnica é possível cultivar tanto
cogumelos enteógenos, como cogumelos gourmets.

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P. cubensis Golden Teacher Shimeji rosa (Pleurotus djamour)

Como se faz o preparo da PF


Tek?
O preparo da técnica desenvolvida pelo Psilocybe Fanaticus é simples, porém é de extrema importância
respeitar a ordem de mistura de cada ingrediente. Os ingredientes serão utilizados nas seguintes pro-
porções em VOLUME:

2 partes de vermiculita
1 parte de água
1 parte de farinha de arroz integral (FAI)

Ou seja, se você for utilizar 200 ml de vermic-


ulita, você utilizará 100 ml e água e 100 ml de
FAI.

250 ml de vermiculita, 125 ml de água e 125 ml de


FAI

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Vamos lá para o passo a passo
da elaboração:

1.Coloque a quantidade de vermiculita desejada em um bowl de cozinha, ou qualquer outro recipiente


disponível aí na sua casa que seja possível homogenizar bem os ingredientes.

2.Em seguida adicione toda a água. Misture bem esses dois ingredientes. Nesse momento o que quer-
emos é deixar a vermiculita hidratada. Não se preocupe se ficar sobrando água no recipiente, quando
colocarmos a FAI, essa água será absorvida e o substrato vai ficar exatamente com a umidade no ponto
de capacidade de campo, que é ponto de umidade ideal. Não se preocupe com o termo “capacidade de
campo” nesse momento.

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3.Agora, com a vermiculita já hidratada, a FAI deve ser adicionada e também muito bem homogeni-
zada. A ideia aqui é “encapsular” a vermiculita hidratada com farinha de arroz integral, sendo que a lógi-
ca do processo é fornecer um substrato nutritivo, úmido e com a presença de micro e macroporos para
um saudável desenvolvimento do micélio. Evite utilizar vermiculita superfina por esta razão. Mas se for o
que tiver disponível para você, siga firme.

4.Agora com o substrato já elaborado, basta colocá-lo em um recipiente de boca larga SEM PRENSAR
O SUBSTRATO, apenas colocando-o cuidadosamente colher por colher, deixando um pouco mais de 1
dedo de distância da boca do recipiente.
A boca larga do recipiente é necessária para que seja possível retirar o “bolo” inteiro de dentro do recip-
iente quando o substrato estiver todo colonizado. Para isso, é possível utilizar copos de cozinha, frascos
de requeijão e diversos recipientes feitos de polipropileno 5 facilmente encontrados em lojas de embala-
gens plásticas.

IMPORTANTE: tenha certeza de que o recipiente plástico que você está utilizando é de polipropileno 5,
para isso, basta procurar pelo símbolo PP5 em algum local (normalmente na parte de baixo) do seu recip-
iente escolhido. Caso não for de PP5, ele virá a se deformar por completo no momento da esterilização,
ou até mesmo derreter.

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5. Agora que você colocou seu substrato no
recipiente e deixou um espaço no final, limpe
com um papel toalha qualquer sujeira na bor-
da que ficou ali proveniente da inserção do
substrato no pote. Se não ficou sujo, está tudo
certo, você não precisa desta etapa.

6. Após limpo, preencha o espaço rema-


nescente no seu pote com vermiculita SECA.
Esta camada final de vermiculita seca, sem
água e sem FAI, vai atuar como um filtro para
qualquer inóculo de contaminante que possa
vir a cair no interior do seu recipiente durante
o processo de inoculação do substrato.

Substrato de PF Tek inserido em recipiente


de PP5

Camada protetora de vermiculita seca colo-


cada em cima do substrato PF

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7. Para fechar seu recipiente, coloque um papel-alumínio na boca e vede BEM com uma fita durex,
crepe ou isolante, para evitar que entre água proveniente da esterilização do substrato. Após isso, cubra
com uma outra camada de papel-alumínio, mas dessa vez, sem o uso de alguma fita. Essa camada extra
de papel-alumínio servirá, depois da esterilização, como uma proteção para que possíveis contaminantes
do ambiente não entrem em contato com a camada de papel-alumínio de baixo, que é onde a seringa
será inserida para inocular o substrato.

Recipiente de PP5 vedado devidamente com papel-alumínio à esquerda e colocado uma camada extra à direita.

8. Já estamos quase!! Agora leve o seu re-


cipiente à panela de pressão, evitando que
fique em contato com seu fundo, e mantenha
lá por 60 minutos na pressão para esterilizar
o substrato. Após esse tempo se completar,
espere a panela resfriar para poder retirar o
recipiente de dentro.

Agora foi!!
Após resfriado seu bolo PF Tek
está pronto para ser inoculado e
incubado.
Frasco com substrato pronto para ser esterilizado sem
tocar o fundo da panela
13
Como posso inocular meus bolos
PF Tek?
A inoculação do seu bolo PF Tek via seringas de micélio ou de esporos é o momento em que você in-
serirá o seu fungo de interesse no substrato esterilizado, onde ele vai ter a oportunidade de se nutrir e
expandir. Caso feita sem cuidado, a inoculação pode se tornar um meio de inserir contaminantes ao seu
substrato, o que não é o nosso objetivo. Para evitar essa possível perda por contaminação logo no início
de um ciclo de cultivo, é necessário ter alguns cuidados básicos no momento da inoculação, principal-
mente os cultivadores caseiros que não possuem uma glovebox ou uma câmara de fluxo laminar, que são
equipamentos feitos para criar um ambiente estéril, ou quase estéril no caso da glovebox. A glovebox
nada mais é do que alguma caixa (pode ser organizadora ou pode ser construída de madeira e plástico,
ou madeira e vidro) que vai servir para criar um microambiente isolado do ambiente externo, ficando as-
sim mais fácil de deixar ele asséptico, principalmente se for instalado uma luz UV-C nela.
Vamos supor que você não possui uma glovebox ou uma câmara de fluxo laminar, seja você um
iniciante no cultivo de fungos, ou alguém que não cultiva tão frequentemente a ponto de sentir a neces-
sidade de ter estes equipamentos; e você está precisando inocular seus bolos para dar início a um ciclo
de cultivo. Para isso, você precisa escolher um local para criar um ambiente o mais limpo o possível com
certas estratégias para diminuir ao máximo a chance de contaminar seus bolos via inoculação.

Então para inocular:

1.Escolha um local de sua casa com mesa/ 4.Se possível, coloque luvas, máscara e
balcão de vidro ou pedra, e remova desse am- caso tenha cabelo grande, toca para cabe-
biente qualquer tapete que possa vir a levantar lo (podendo usar um boné também). Se for
possíveis contaminantes caso você passe por necessário apontar o mais importante dos três,
ali. com certeza seria a máscara, e caso você não
tenha, improvise. Amarre uma camiseta ou um
outro pano tapando seu nariz e sua boca para
evitar que sua respiração faça correntes de ar
no local, podendo levar os contaminantes até a
2.Leve para mesa de trabalho: seu bolo es- inserção da agulha no bolo.
terilizado, sua seringa, fita micropore e algu-
ma fonte de fogo (isqueiro, lamparina, vela ou
maçarico).

5.Rasgue dois quadradinhos de fita micropo-


re e deixe pendurado no canto da mesa, para

3.Ventilador ou ar-condicionado desligados, que você possa pegar com facilidade depois
já que você pode estar utilizando luvas. Fica
janelas e portas fechadas. muito difícil rasgar um pedaço de fita na hora
da inoculação com uma luva.

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6.Limpe bem a mesa do local com álcool 70° 7.Borrife álcool 70° na parte externa de seu
ou hipoclorito de sódio (a famosa água sani- bolo, da sua seringa e em suas mãos, para
tária). realizar uma limpeza externa.

8.Espere alguns segundos para o álcool evaporar e evitar acidentes, e somente então, retire a tampa
de sua seringa aquecendo-a por inteiro na sua fonte de fogo, mas deixando uma pequena distância de
segurança da parte plástica ao final da agulha. Aqueça bem.

9.Pegue a fita micropore com sua outra mão


e levante a camada extra de papel-alumínio de
seu bolo PF Tek simultaneamente à agulha no
fogo.

10.Imediatamente insira a agulha no bolo,


evitando inserir a parte dela que não foi flam-
bada no fogo, e coloque 1 ou 2 ml, depen-
dendo o tamanho do bolo (aqui nem sempre
mais é melhor, colocar muitos mililitros em um
pequeno bolo pode deixar o ambiente muito
úmido e atrapalhar o desenvolvimento inicial
do micélio).

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11.Ao iniciar a remoção da agulha, rapidamente cubra o furo com a fita micropore e recoloque a
camada extra de papel-alumínio.

12. Caso queira que seu substrato seja 13.Rotule o bolo com a data de inoculação,
colonizado mais rápido, borrife álcool 70° no e a espécie utilizada e coloque na incubadora.
outro lado da tampa e repita o processo de
inoculação do outro lado do bolo.

Agora, por volta de duas semanas, caso você tenha preparado o substrato de maneira correta, ester-
ilizado e inoculado devidamente seu bolo PF Tek, você deve estar tendo a chance de ver seu substrato
totalmente branco, colonizado pelo fungo. Chegou a hora de aniversariar. Aniversariar seus bolos é uma
nomenclatura dado no meio do cultivo de cogumelos que representa tirá-lo de condições de colonização
e inseri-lo em condições de frutificação. Para isso, alguns cultivadores recomendam fornecer fontes de
stress ao fungo que induzam o processo de frutificação.

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Dunk, cold shock e roll:

1.Retire seu bolo do recipiente

2.Insira o bolo em um recipiente grande o


bastante para deixá-lo submerso em água,
usando algum objeto para deixá-lo la dentro, já
que ele vai tentar boiar. Esse processo é de-
nominado dunk.

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3.Coloque o recipiente dentro de uma geladeira por umas 12 horas para promover um choque tér-
mico. Caso você for aniversariar muitos bolos e não conseguir colocar todos em sua geladeira, não se
preocupe, o dunk é muito mais importante do que o choque térmico, e ficar sem essa etapa não atrapal-
hará seu cultivo, inclusive, alguns cultivadores apontam esta etapa como desnecessária, portanto isso
fica a seu critério.

4.Após as 12 horas, caso tenha optado dar o choque térmico, retire o bolo submerso e o role ele bem
sob um local com vermiculita. A ideia aqui é realmente empanar o bolo na vermiculita. Esse processo,
o roll, é realizado para fornecer um meio termo entre o micélio e o ambiente, atuando como um fonte de
retenção de água da atmosfera do terrário para o micélio, ajudando seu bolo contra o ressecamento. A
vermiculita não vai ser capaz de preencher seu bolo por completo, e está tudo bem assim.

5.Insira o bolo no terrário.

Ao longo do tempo, você preparou, esterilizou, inoculou, incubou e aniversariou seu bolo PF Tek; agora
sua colônia está submetida em condições de frutificação e, com seus devidos cuidados, de 7 a 14 dias
você terá seus cogumelos prontos para serem colhidos. Então aproveite! Ver seus cogumelos se desen-
volvendo é um momento de admiração e de alegria por todo tempo, trabalho e cuidado aplicados ao
cultivo.

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4. Como secar de maneira
devida seus cogumelos
recém-colhidos?

Um dos caminhos que o cultivador pode Vamos partir do ponto que você não
possui a necessidade de construir uma seca-
tomar após a colheita é secar seus cogume-
dora. Você vai precisar primeiro realizar uma
los com a intenção de conservá-los. A con-
pré-secagem colocando os seus cogumelos
servação via secagem é um método fácil mas
em frente a uma fonte de vento por cerca de
que requer alguns cuidados básicos para ser
12 ou 24 horas, variando conforme tamanho
realizado com êxito, podendo ser direciona-
e quantidade das amostras e a potência do
do tanto para cogumelos comestíveis ou me-
vento. Criar esse ambiente com vento con-
dicinais. Os cogumelos possuem em média
stante pode ser feito colocando-os em frente a
cerca de 90% de água em sua constituição, o
um ventilador clássico que maioria possui em
que quer dizer que 100 gramas de cogumelos
casa, como também elaborando um túnel do
frescos resultam em uma média de 10 gramas
vento. Esse túnel do vento nada mais é do que
de cogumelos secos. Porém isso varia, cogu-
um cano (ou qualquer outro material cilíndrico,
melos como o P. cubensis possuem 92% de
podendo ser feito até com garrafas plásticas
água, enquanto o Ganoderma lucidum possui
de 2L) com um cooler de computador ou um
cerca de 75%.
pequeno exaustor em uma das pontas. Dessa
Mas primeiro de tudo, preciso fazer a
forma, o vento irá se concentrar apenas no in-
secagem para conservar os cogumelos? Para
terior do cano ou do outro recipiente que você
armazenar por longos períodos de tempo, a
optou por utilizar. O princípio dessa primeira
resposta é sim! A conservação sem secagem,
parte é básico: vento nos cogumelos por 12 ou
apenas via refrigeração dos cogumelos fres-
24 h, conforme necessidade.
cos consegue ser eficiente até cerca de 10
dias. Isso porque o cogumelo é uma estrutura
de fácil decomposição por outros microrgan-
ismos, além de que em nenhum momento ao
longo de seu desenvolvimento foi aplicado
algum defensivo, então mesmo refrigerado ele
não consegue manter sua qualidade por muito
tempo, sendo o único jeito para conservá-los
com qualidade (por um longo período de tem-
po) é proceder com a retirada total da água
existente nele, através da secagem.
E como secar se eu não tenho um de-
sidratador de alimentos? Bem, é fácil. Você
pode ou construir uma secadora, ou utilizar
apenas vento e dissecante para tal processo.

Fonte imagem: Teonanacatl.com

19
Após essas 12 ou 24 h eles estarão com bem menos água, mas não estarão secos. Agora para finalizar
o processo você precisa utilizar algum dissecante que retire a umidade do ambiente, como a sílica. E
você tem duas possibilidades aqui: você pode utilizar daqueles anti-mofo que se utiliza em armários, ou
você pode utilizar tanto sílica LARANJA quanto sílica de para gatos.

Para a opção do anti-mofo, é só colocar os Para a opção da sílica laranja, basta pegar um
cogumelos semi secos dentro de uma caixa recipiente com tampa (ou uma caixa), forrar a
fechada junto com esse anti-mofo; em até 48 base do recipiente com a sílica, colocar jornal
horas seus cogumelos estarão completamente ou papel toalha acima da sílica (os cogume-
secos. Porém, aqui é importante escolher um los ainda não podem tocar a sílica) e colocar
produto sem aroma artificial, senão seus cogu- os cogumelos apoiados em cima da folha e
melos irão ficar com o aroma do produto (para fechar bem o recipiente. Aqui também até 48
muitos isso não é um problema, para muitos h seus cogumelos já estarão completamente
isso é). secos. É muito importante que o recipiente es-
teja bem fechado para que não fique entrando
umidade externa dentro do sistema. A intenção
aqui é que o dissecante retire a umidade dos
cogumelos e não que fique retirando umidade
do ar que está entrando dentro do recipiente.
Você vai notar que a sua sílica alaranjada ag-
ora está azul, e isso é completamente normal,
ela fica azulada quando está hidratada, e para
reutilizá-la basta colocar a sílica no forno aque-
cido com a boca (do forno é claro) um pouco
aberta até voltar a ficar laranja.

Fonte imagem: edabea.com

Fonte imagem: edabea.com

20
Agora já secos, basta guardá-los dentro de um
recipiente hermético e em um local fresco sem
o contato com sol direto, sendo a geladeira
uma boa opção para preservar mais ainda as
propriedades medicinais dos seus cogume-
los! Alguns cultivadores ainda colocam alguns
saquinhos de sílica em gel junto ao recipiente
para evitar que os cogumelos absorvam umi-
dade do ar, mas isso é opcional, se ficar em
um recipiente bem vedado e na geladeira es-
tará tudo ok.

Cogumelos completamente desidratados

5. Coletando esporos

O carimbo de esporos é um dos métodos


de preservação da genética que você está
cultivando. Os esporos gerados por um fungo
são provenientes de uma reprodução sexua-
da, o que representa que em um carimbo de
esporos existe uma diversidade de genótipos,
já que cada esporo ali presente consiste em
uma linhagem diferente. Sendo assim, uma
produção feita a partir de um carimbo de es-
poros nunca vai apresentar a genética igual ao
cogumelo de onde esse carimbo foi retirado,
porém, os cogumelos Psilocybe são consider-
ados relativamente estáveis de uma geração
a outra, resultando em esporos que vão se
comportar de maneira parecida a seus progen-
itores, apesar de apresentarem uma genética fonte: reddit
diferente.

21
Então primeiramente, para fazer o carimbo de esporos você vai precisar de um cogumelo cujo chapéu
está totalmente aberto. Preferencialmente, escolha algum cogumelo que se desenvolveu agrupado a
outros cogumelos, e desse grupo, selecione aquele que apresenta as características mais robustas (ou
escolha qualquer um que você desejar) para seguir então com os seguintes passos:

1.De luvas limpas e higienizadas pegue um 6.Após esse tempo, mas antes de retirar o
pedaço de papel-alumínio e limpe bem a su- copo (ou qualquer outro recipiente que você
perfície dele com álcool 70°. usou para isolar seu chapéu), pegue um out-
ro pedaço de papel-alumínio, sendo esse um
pedaço grande, que você seja capaz de envel-
opar seu carimbo de esporos com essa nova
2.Com uma tesoura (ou outra lâmina) pre- folha. Limpe bem esse outro pedaço com ál-
viamente limpa, corte o chapéu da estirpe cool 70°.
do cogumelo escolhido próximo ao ponto de
união entre estas duas estruturas, para que
quando você colocar o chapéu para tirar o ca-
rimbo, ele esteja elevado 1 ou 2 milímetros da
superfície. Tente fazer um corte o mais reto o
7. Limpe bem suas mãos, retire então o copo
e depois cuidadosamente o chapéu.
possível para que o pedaço remanescente da
estirpe sirva de apoio, fornecendo assim uma
base estável e horizontal.

8.Envelope de maneira delicada, sem pres-


sionar, seu carimbo de esporos com esse out-
3.Coloque o chapéu no local limpo e cubra-o ro pedaço de papel-alumínio.
com um copo (ou outro recipiente) limpo para
evitar contato com as correntes de ar, para
que assim seja possível manter o chapéu iso-
lado do ambiente ao seu redor. Um recipiente
grande como um bowl de cozinha é uma óti- 9.Dobre as bordas para selar bem o carimbo
ma opção; quanto maior o recipiente menor a e formar tipo um “pacotinho”.
chance de criar condensação no carimbo.

4.Passo opcional: inserir um palito de dente 10.Coloque o nome da genética fornece-


dora dos esporos e a data da manufatura do
no chapéu, para você conseguir remover ele
carimbo para um maior controle de seu cultivo.
mais facilmente deixando um belo carimbo
intacto.

11.Idealmente, reserve dentro de um zip-


5.Deixe os esporos caírem de 6 a 10 horas. lock e coloque para armazenar longe do calor,
luz e umidade. Não coloque o carimbo na ge-
ladeira.

22
Caso você for fazer carimbos de vários
chapéus ao mesmo tempo, você pode colocar Agora que você obteve os esporos daquele
os papéis-alumínio dentro de uma tupperware lindo cogumelo que você cultivou, você é
grande, e então em vez de usar vários copos, capaz de dar continuidade a seu cultivo de
isole os chapéus do ambiente externo colocan- cogumelos, mas para isso, você deverá a par-
do a tampa do pote. tir de seus carimbos, produzir sua seringa de
esporos. A seringa de esporos vai ser uma das
suas possíveis ferramentas para que o seu
próximo ciclo de cultivo venha à vida.

6. Como criar minha


seringa de esporos?

Bem, agora que já foi explicado como se prepara um carimbo de esporos, é de grande importância que
seja repassado a vocês como preparar uma seringa de suspensão de esporos, ou simplesmente, uma
seringa de esporos. Esse é o objetivo de tirar um carimbo: poder dar sequência ao cultivo, e para isso,
precisamos fazer uma seringa. Essa seringa é composta por nada mais do que esporos diluídos em água
estéril, e servirá como uma fonte de inóculo para você inocular seus bolos PF Tek ou seus grãos para
spawn.

O número de seringas que é possível fazer a partir de um carimbo é variável, dependendo completa-
mente do tamanho do carimbo e da densidade de esporos que ali presente, porém, em média, um bom
carimbo de esporos pode ser transformado em cerca de 30 seringas de 10 ml, e cada uma dessas serin-
gas pode inocular de 4 a 5 bolos PF Tek.

23
Então vamos lá, para poder manufaturar sua seringa de esporos, você vai precisar ter em mãos:

Carimbo de esporos Seringa de plástico estéril (de quantos mL


você achar melhor)
Água esterilizada (sendo a melhor opção
água destilada, mas não é obrigatório o uso Agulha estéril para seringa
dela)
Um frasco de conserva de tamanho médio
Algo de metal para raspar os esporos (colher ou pequeno (ou algum outro recipiente
de chá, bisturi ou algo similar) como um pequeno frasco Erlenmeyer).

Beleza, agora que você tem tudo em ordem vamos ao passo a passo:

1 Coloque a quantidade de água desejada


para fazer as seringas no frasco de sua es-
colha. Feche o frasco e caso seu frasco não
4 4. Se você tiver uma glovebox, sanitize-a e
deixe-a preparada para receber os materi-
ais. Caso não tiver, organize e limpe muito
possui uma tampa própria, feche a boca do bem o local onde será feito o procedimento,
recipiente com papel-alumínio. podendo ser colocado algumas velas ou
lamparinas da mesma forma utilizada para a
inoculação dos bolos.

2 Em papel-alumínio, enrole BEM o material


de metal escolhido para a raspar os espo-
ros.

5 Após resfriados, leve os materiais esteril-


izados, o carimbo de esporos, a seringa e a

3
agulha para o local de trabalho.
Coloque o frasco e o metal enrolado
para esterilizar na panela de pressão por
20 minutos. Para o seu enrolado de pa-

6
pel-alumínio não ficar em contato direto com
a água, você pode colocar ele dentro de um Pulverize álcool 70° na parte externa de to-
outro frasco de conserva apenas para apo- dos os materiais.
io, não precisando tampá-lo.

7 Desenrole sua colher de chá (ou outro mate-


rial que você escolheu) do papel-alumínio e
em seguida já abra seu carimbo de esporos

24
8
Raspe parte do carimbo de esporos com a
colher para dentro do frasco de conserva
com a água esterilizada e em seguida já
tampe o frasco e feche seu carimbo.
IMPORTANTE: contrariamente ao que um
iniciante nos estudos de cogumelos pode
pensar é que nas seringas de esporos,
menos é mais. Não queremos uma seringa
super escura com uma alta concentração
de esporos, pois como o carimbo de es-
poros não é algo estéril, quando utilizamos
seringas com altas concentrações, aumen-
tamos a chance de ter um contaminante ali
presente. Por isso, queremos uma solução
que dê para ver alguns grupos de esporos
flutuando, não algo preto.

9
Chacoalhe bem o recipiente contendo os
esporos. 13 Não utilize a seringa de esporos nas pri-
meiras 12 horas a partir de sua manufatura.
É necessário um tempo de hidratação dos
esporos para que eles possam melhor ger-
minar quando utilizados.

10
Com os esporos já em solução, abra os pa-
cotes de seringa e da agulha e rosqueie as
agulhas nas seringas rapidamente. Sua seringa de esporos está pronta! Ago-
ra você já pode utilizá-la (depois de 12 horas
ao menos) em seus bolos PF Tek ou em seus
grãos hidratados. Caso não for utilizar as suas

11
seringas em uma data breve, agora que os
esporos estão diluídos em solução você pode
Abra o recipiente e comece a puxar a armazená-la em geladeira por alguns anos
solução com as seringas, tapando a agulha mantendo ainda sua qualidade.
assim que terminar a sucção.

12
Nomeie cada seringa com a genética uti-
lizada para melhor controle de seus culti-
vos.

25
7. Usando grãos no cultivo
Diversos grãos podem ser utilizados para o desenvolvimento do spawn (semente do cogumelo), sendo
que alguns aspectos dentre eles variam, como tamanho e a capacidade de retenção de água. Os grãos
mais comuns na micologia são: milho pipoca, aveia (com ou sem casca), trigo, sorgo, arroz e milheto
(painço). Um detalhe importante é de que assim como tudo no cultivo de cogumelos, alguns cultivadores
juram que o grão X é melhor que o grão Y, porém isso não existe; é puramente uma questão de adap-
tação e funcionalidade. Se algo não funcionou bem para uma pessoa não significa que não pode trazer
lindos resultados para você, e vice-versa.
Caso você pretenda cultivar cogumelos constantemente outro fator importante à escolha do grão
que você usará em seus cultivos, além da adaptação, é o preço. Alguns grãos podem chegar até 10 reais
o kg enquanto outros podem ser encontrados a 2 reais o kg. Fazendo um balanço entre adaptação, fun-
cionalidade e preço você vai encontrar o seu grão ideal que lhe dê bons resultados e poupe custos. Ago-
ra, caso você cultive de maneira esporádica, você pode se ater mais ao que você gosta de utilizar do que
ao preço do insumo.
Para a utilização dos grãos como meio de expansão do micélio é preciso:

1. Hidratá-lo: para ser possível com que o micélio apresente um bom desenvolvimento no grão, o mesmo
precisa possuir uma quantidade boa de água em seu interior, mas sem ser em excesso, pois a hidratação
excessiva dos grãos causa com que eles se rompam e possam grudar entre si, dificultando assim a que-
bra do spawn futuramente no momento da inoculação do substrato bulk. A hidratação excessiva também
promove uma condensação intensa no interior dos recipientes utilizados após o processo de esteril-
ização. Mas fique tranquilo estudante, hoje já existem receitas de hidratação dos grãos que o deixam
exatamente no ponto ideal de hidratação, então basta seguir o protocolo, ajustar às suas condições caso
necessário, e dar procedimento a seu cultivo. Vamos conferir uma metodologia de hidratação do milho
pipoca como exemplo:

Coloque o milho em uma panela de pressão. Ao atingir pressão, abaixe o fogo e conte 30
minutos.
Encha a panela com água, utilizando um
pouco mais que o dobro do volume do grão. Após este tempo, desligue o fogo.

Adicione aditivo se assim desejado. Espere uns 10 minutos e então comece a tirar
a pressão da panela através do pino, man-
Feche a tampa da panela e deixe em fogo ualmente e com cuidado!
alto.
Após a pressão toda sair, os grãos devem
ser imediatamente separado da água e colo-
cado para secar externamente.

26
2. Secá-lo por fora: após o tempo de hidratação ter sido completado, a água deve ser escorrida e sepa-
rada dos grãos com o auxílio de uma peneira ou de qualquer outra tela. Após a remoção da água, o grão
deve ser espalhado (quanto mais espalhado, mais rápida e melhor será a secagem) em algum recipiente,
superfície ou telado. Se estiver com muita pressa, você pode ir secando os grãos com o auxílio de pa-
pel toalha, mas isso se torna viável apenas para pequenas quantidades de grão. A secagem externa dos
grãos é um fator de extrema importância para o bom desenvolvimento do micélio como também para a
ótima germinação dos esporos. A ideia aqui é fornecer um grão seco por fora e hidratado por dentro. A
não secagem devida dos grãos é um outro fator que auxilia no desenvolvimento de uma condensação in-
tensa nos recipientes onde estão os grãos. A presença de água livre nos frascos atrasa o desenvolvimen-
to do micélio e, quando em excesso, pode até impedir sua colonização nas partes inferiores do frasco e
também facilitar o desenvolvimento de bactérias contaminantes. Por esses motivos, é muito importante
deixar o grão seco por fora. Caso não fique seco por completo, o que é completamente normal já que
nem sempre temos tempo ou a paciência para esperar o grão secar perfeitamente, basta adicionar algum
dos outros aditivos que retenham essa água, como o gesso e/ou a vermiculita.

3. Colocar nos recipientes: após ter escol- 4. Esterilizá-lo: a esterilização de grãos pre-
hido, hidratado e ter deixado secar externa- cisa ser mais longa do que as esterilizações
mente seu grão, chegou a hora de inseri-lo no feitas para os bolos PF Tek pois os grãos são
recipiente de sua escolha. Para isso, pode ser mais rígidos e portanto precisam de mais tem-
utilizado frascos de conservar de diferentes po para que atinjam por completo as altas
tamanhos, potes de polipropileno 5 e também temperaturas da esterilização. Para todos os
bags de cultivo, sejam elas desenvolvidas na grãos, deve-se esterilizá-los por 90 minutos na
sua própria casa ou compradas já prontas. pressão.

5. Resfriamento e inoculação: após o tempo de esterilização ter sido completado, a panela de pressão
deve ser deixada resfriar por completo antes de ser aberta. Aqui você pode escolher tanto deixar seus re-
cipientes com grãos resfriarem dentro da panela (essa opção é boa para esterilizações feitas no período
da noite), como também você pode, após resfriamento da panela, retirar seus recipientes e deixá-los em
local limpo e fresco para resfriarem de maneira mais rápida. Não é recomendado colocar seus grãos para
resfriarem na geladeira, isso vai causar uma condensação excessiva na parte interna do frasco. Após
resfriados, basta proceder com a inoculação dos recipientes da mesma forma que seria feita com bolos
PF Tek. Agora com os grãos, é possível realizar também o grain-to-grain (G2G), caso seja o desejado.

6. Incubação: a incubação dos grãos deve ser


realizada como os bolos PF Tek.
O uso de aditivos em qualquer uma das
etapas de preparação do grão é uma prática
completamente opcional. Nesta fase de culti-
vo, a adição de nutrientes não visa impactar o
rendimento de nossos futuros frutos, mas sim
apenas fornecer um melhor desenvolvimento
do micélio em nosso grão, por ser uma fon-
te de nutrientes extra. Quando utilizados de
maneira correta, esta aplicação auxiliará em
uma melhor expansão do micélio, porém tenha
claro em mente que a utilização excessiva de
aditivos em qualquer etapa do cultivo de cogu-
melos prejudicará ou até mesmo impedir o
desenvolvimento do nosso fungo. Vamos con-
ferir alguns exemplos de aditivos para o grão
no momento da hidratação:
27
Café (líquido) Gesso

1. O uso de café deve ser feito com a apli- 1. A aplicação do gesso na água de hi-
cação de 1,5 xícara para cada 1 kg de grãos dratação é uma das duas maneiras de se
secos que irão ser hidratados. utilizar este aditivo. Ao ser usado durante a
hidratação, o gesso deve ser aplicado a 5% do
2. Basta aplicar a quantidade de café direta- volume dos grãos secos que serão hidratados.
mente na água de hidratação e esta será uma
maneira de promover com que o grão absorva 2. O gesso fornecerá Ca e S para ser absorvi-
pequenas quantidades de nutrientes, prin- do pelo grão e então utilizado pelo micélio.
cipalmente N para ser depois utilizado pelo
micélio durante a colonização.

3. O uso de café em pó direto na água deve


ser evitado.

Após realizar estas etapas e tendo seus grãos hidratados, com ou sem o uso de aditivos, você deverá
então colocar seus lindos grãos para secarem por fora.
Como no momento da hidratação, na secagem externa também é possível fazer uso de aditivos que
vão auxiliar na retenção de qualquer excesso de água presente no momento pré envasamento dos grãos
e/ou no pós esterilização, onde ocorre condensação. O uso dos aditivos não é pra ser feito logo em se-
guida à retirada dos grãos da panela, mas sim para ser feito antes da colocação deles nos recipientes.
Vamos então conferir o que dá pra ser utilizado como aditivo de secagem externa:

Gesso Vermiculita

1. A aplicação de gesso diretamente nos grãos 1. Se utilizada, deve ser aplicado diretamente
é a forma mais eficiente de utilização deste no recipiente escolhido. Utiliza-se a medida de
aditivo já que é aproveitado duas funções uma colher de sopa para cada frasco de con-
desse aditivo: secagem dos grãos e forneci- serva.
mento de nutrientes.
2. Agite bem a vermiculita com o grão para
2. O recomendado é ser aplicado 2% do peso que ela não que por completo no fundo.
dos grãos secos que foram hidratados, porém,
caso os seus grãos estiverem já bem secos,
você pode aplicar menos. Caso os seus grãos
estiverem ainda muito úmidos por fora, você
pode aplicar um pouco mais.

28
Após ter escolhido, hidratado e deixado seu grão secar por fora, chegou a hora de inseri-lo em um recipi-
ente de sua escolha, afinal, você precisa de algo para envasar os seus grãos para ser possível esterilizar
eles. Para isso, pode ser utilizado frascos de conserva de diferentes tamanhos, potes de polipropileno 5
e também bags de cultivo, sejam elas desenvolvidas na sua própria casa ou as fabricadas especialmente
para o cultivo de cogumelos.

Esterilização dos grãos

Chegou um dos momentos mais cruciais no preparo de seu spawn. É hora de deixá-lo devidamente livre
de contaminantes e apto ao desenvolvimento do nosso micélio de P cubensis: a esterilização. Aqui para
o spawn, a esterilização não é a mesma que a feita nos bolos PF Tek. Como os grãos são mais rígidos e
de maior espessura do que os ingredientes utilizados para criação dos bolos, é necessário deixá-los um
maior período de tempo sob exposição ao tratamento térmico. É de uso geral no cultivo de cogumelos
o tempo de esterilização de 90 minutos (1 h 30 min) sob pressão para proceder com a esterilização dos
grãos. Se quiser, pode deixar mais tempo como prevenção, porém, tempos menores devem ser evitados.
Para grandes quantidades de grãos dentro um único recipiente, o ideal é deixá-las por 2 horas ou até
mais.
Como a esterilização utiliza bastante água e vapor, e nossos recipientes todos possuem filtros para
troca gasosa, devemos cobrir esses filtros com papel-alumínio para que eles não sirvam como uma for-
ma de entrada de água nos nossos grãos. Após embrulhar bem seu recipiente, coloque-o na panela de
pressão e dê início ao processo de esterilização. Assim que o tempo de esterilização for atingido, desli-
gue o fogo de sua panela de pressão e deixa-a resfriar e perder sua pressão interna normalmente. Isso
pode levar algumas horas. Ao se encontrar resfriada, você pode remover os frascos de dentro da panela
e deixá-los em algum local limpo para que os mesmos resfriem mais rapidamente e você possa seguir à
próxima etapa: a inoculação dos grãos. Deixar os frascos resfriando naturalmente dentro da panela de
pressão também é uma opção muito válida, sendo interessante deixar os recipientes resfriarem em um
ambiente estéril, porém não é algo obrigatório.

Inoculação e G2G

A inoculação dos grãos pode ser feita pelo uso 1. Os frascos que receberão o spawn via G2G
das seringas de cultura líquida; maneira que já devem ser preenchidos até a metade com
foi vista por nós com os bolos de PF Tek. grãos hidratados, para que ao receberem o
Os grãos possuem também outras formas spawn, fiquem preenchidos ¾ do volume total
de serem inoculados. Eles podem, por exem- do frasco.
plo, serem inoculados com o uso de pedaços
de placa de petri colonizadas e com partes 2. O G2G deve ser preferencialmente feito
de outros frascos de spawn. A prática de uti- dentro de uma glovebox ou em frente a uma
lizar grãos colonizados para inocular outros câmara de fluxo laminar, já que abriremos a
recipientes com grãos se chama grain-to-grain boca do nosso recipiente para receber a car-
(G2G). ga de inóculo. É possível fazer o G2G apenas
Proceder com o G2G é relativamente com algumas fontes de fogo como proteção,
simples. A lógica do procedimento é que bas- mas as chances de contaminação são bem
ta jogar um pouco de spawn de um recipiente mais relevantes.
colonizado para um outro recém-preparado
e esterilizado. Porém, para isso ser realiza- 3. Evite fazer mais de 2 gerações de G2G.
do com sucesso alguns cuidados devem ser
tomados:
29
Incubação dos grãos

Após incubado alguns dias após a data da Alertas:


inoculação observaremos pontos brancos de 1. É muito importante aqui que seja evitado
crescimento micelial em nosso grão. Quando ao máximo bater o frasco de vidro contra sua
cerca de 30% do nosso recipiente estiver col- própria mão pois caso algum frasco apresente
onizado, podemos proceder com a agitação uma rachadura que não observamos, um belo
do nosso recipiente e, caso necessário, batê- acidente pode acontecer. Este é para ser um
lo contra algum travesseiro ou bola tênis para hobby saudável, então vamos tentar evitar
que o micélio possa ser quebrado e então isso, certo?
disperso por todo o recipiente. Esse manejo
vai possibilitar com o que o micélio colonize 2. Não é bom agitar nosso frasco por mais de
os grãos de maneira mais rápida, justamente um dia. Faça isso apenas uma única vez; mexa
por que assim espalharemos diversos pontos bem e depois deixe o micélio se expandir nos
de inóculo dentro do nosso frasco, acelerando dias a vir. Não queremos ficar estressando
então a colonização do todo. nosso fungo com batidas o tempo todo fazen-
do-o ter de retomar seu crescimento constan-
temente. Grandes recipientes, como bags de
cultivo podem ser agitadas até duas vezes,
garantindo uma colonização uniforme; uma por
volta de 30% colonizado e outra por volta de
70%.

8. Introdução ao cultivo
com substrato bulk

A principal intenção de ter produzido grãos hidratados e ter deixado eles cheio de micélio em sua com-
posição é a de utilizar esse grão como uma fonte de inóculo em um substrato subsequente. Ok, até aí
tudo certo, mas e qual é esse outro substrato? Esse substrato secundário a qual o grão será adicionado
é chamado de substrato bulk; termo esse que em tradução literal do inglês significa volume/tamanho.
A elaboração do substrato bulk tem como intuito fornecer um ótima ambiente de crescimento ao micélio,
dando as melhores chances possíveis para que ele colonize e domine todo o substrato. É com o substra-
to bulk que você vai poder produzir seus casings e seus tão sonhados monotubs.
Esse é um método fácil e eficiente de cultivo, sendo evitado por iniciantes que infelizmente não en-
contram informações diretas e de fácil compreensão sobre sua elaboração. Caso você já cultivou bolos
algumas vezes, não tenha medo de montar seu bulk, basta apenas seguir devidamente os princípios e
tudo poderá dar certo.
30
Elaboração e composição

O substrato bulk pode ser elaborado através da união de diferentes substratos de base acompanhados
de água. O substrato bulk pode também receber alguns aditivos em sua composição, que visam for-
necer nutrientes e podem também ser utilizados para regulação do pH do substrato. Os aditivos não são
obrigatórios. Como o nome já diz é algo adicional, mas que ajuda na preparação de um delicioso substra-
to para o micélio digerir e trazer melhorias no aspecto químico (nutricional e de acidez) do substrato. Di-
versos cultivadores juram ter encontrado a melhor fórmula de substrato, onde na verdade, o melhor sub-
strato é aquele que atende as suas necessidades, seja ela por questão de custos, facilidade de preparo
ou qualquer outro motivo.
Os substratos base mais comumente utilizados são: vermiculita, fibra de coco, esterco de gado,
esterco de cavalo, palhas, vermicomposto e turfa. Enquanto que aditivos clássicos são: gesso (sulfato de
cálcio), calcário (carbonato de cálcio), borra de café e cama de frango.
Se quisermos ser detalhistas na arte e buscar um substrato bem formulado, que atende diferentes
demandas do micélio, devemos procurar elementos que hajam de maneira equilibrada os seguintes as-
pectos físico-químicos: acidez, nutrição, retenção de água e porosidade.

É muito importante destacar aqui a importância do balanço desses componentes, pois tanto o excesso
quanto a falta de algum destes fatores pode afetar alguma parte do processo; alguns em pontos mais
importantes e outros em menos. Por exemplo, ao utilizar apenas vermiculita, fibra de coco ou palha soz-
inhas ou em conjunto e sem nenhum aditivo nutritivo, cogumelos serão sim desenvolvidos e será obtido
sucesso no cultivo, podendo-se alcançar excelentes rendimentos com apenas estes substratos. Entretan-
to, estamos falando aqui do substrato ideal, cujo todas as demandas do micélio são atendidas, e quando
elaboramos um substrato sem algum componente nutritivo na sua composição, teremos uma quantidade
menor de metabólitos secundários nos nossos frutos quando comparado com frutos crescidos em um
meio nutritivo e nas mesmas condições de ambiente.

31
Dentre as receitas existentes no mundo do cultivo de cogumelos mágicos, vai aí algumas para você se
basear:

Vermiculita (100%) Esterco (50%) e palha (50%)

Pó de coco (100%) Esterco (40%), vermiculita (30%) e palha


(30%)
Vermiculita (50%) e pó de coco (50%)
Esterco (40%), vermiculita (30%) e pó de
Vermiculita (40%), pó de coco (40%) e turfa coco (30%)
(20%)
Esterco (30%), pó de coco (30%), vermiculita
Vermiculita (50%) e palha (50%) (30%) e turfa (10%)

Esterco (50%) e vermiculita (50%) Esterco (40%), pó de coco (30%) e palha


(30%)
Esterco (50%) e pó de coco (50%)

Algumas observações são importantes para você estudante:


1. O esterco pode ser substituído por vermi- 4. Você iniciante, depois de estar familiarizado
composto em qualquer uma das receitas. com o processo de cultivo sinta-se livre para
experimentar diferentes substratos além dos
2. A proporção do esterco e dos outros ingre- citados, mas primeiro siga uma receita e tenha
dientes pode variar conforme disponibilidade sucesso, somente após algumas repetições e
ou preferência pessoal. estando seguro na realização dos processos,
aí sim é o momento de experimentar caso você
3. Aditivos podem ser colocados em qualquer deseje.
uma das receitas, RESPEITANDO SEMPRE a
dosagem indicada.

Capacidade de campo

Provavelmente você já se deparou com o termo capacidade de campo durante sua pesquisa sobre como
cultivar seus lindos cogumelos mágicos em casa. Capacidade de campo é um termo utilizado na ciência
dos solos que se refere ao máximo de água que um solo (aqui no nosso caso seria o substrato bulk ou
até mesmo o PF Tek) consegue reter sem que seus poros estejam obstruídos com água. Aqui, queremos
que o substrato fique o mais úmido quanto possível sem criar poças de água na parte de baixo do nosso
recipiente. A capacidade de campo é um ponto que sempre traz insegurança para os cultivadores ini-
ciantes ao preparar um substrato, pois a dúvida de se o substrato está acima, abaixo ou exatamente no
ponto de capacidade de campo está sempre ali martelando na cabeça. Existe ainda uma amplitude de
aceitação tanto para mais água quanto para menos, por isso, não se preocupe de maneira excessiva em
acertar o ponto perfeito de capacidade de campo; um pouco a mais ou um pouco a menos não afetará
negativamente o desenvolvimento do seu micélio.

32
Para observar o ponto de capacidade de campo:

1. Pegue um punhado de substrato com a mão, sem apertá-lo. Nesse momento não deve haver água es-
correndo na sua mão.

Se logo ao pegar o substrato ele já escorre, ele está acima da capacidade de campo, e você deverá colo-
car mais substrato nele para diminuir assim o volume excedente de água.

2. Apertando de maneira gentil o substrato, você deverá observar algumas poucas gotas caindo.

Se aqui não houver nenhum gotejamento, o substrato está abaixo da capacidade de campo, se houver um
escorrimento excessivo, muito além de algumas gotas, ele está acima.

3. Apertando de maneira forte o substrato você deverá observar um escorrimento de água que deve parar
em alguns segundos.

Se ao apertar dessa maneira o substrato gotejar pouco, o substrato está abaixo da capacidade de campo.

Técnica fácil de pasteurização de substratos inertes: Bucket Tek

Agora que você já sabe um pouco mais sobre Então vamos pasteurizar o substrato em vez de
o substrato bulk, vamos dar uma conferida em esterilizar. Não precise ter medo, basta seguir
uma metodologia de pasteurização que é ex- a metodologia e tomar os devidos cuidados
tremamente fácil, sendo ela indicada para os com a assepsia do local onde o procedimento
estudantes que estão com a intenção de mex- será feito.
er pela primeira vez com substrato bulk. Para realizar a bucket tek, você vai pre-
A pasteurização é algo diferente da es- cisar de algum recipiente que contenha uma
terilização. Na pasteurização não são todos tampa. O mais utilizado, que contempla o
os microrganismos que são eliminados, como nome da técnica, são baldes com tampa. A
acontece na esterilização. Aqui, queremos metodologia consiste em simplesmente colo-
apenas deixar o substrato mais limpo e com car a quantidade de substrato desejada dentro
uma carga microbiana mais reduzida. Como de um recipiente, adicionar água fervendo,
trabalharemos posteriormente com esse sub- misturar bem, fechar a tampa e deixar des-
strato em um ambiente aberto, a pasteurização cansar. Muito fácil, não? Vamos ver o passo a
se torna mais interessante do que a esteril- passo:
ização por que ao manter uma mínima carga
microbiana no substrato, os contaminantes
encontram ali outros microrganismos competi-
dores (mas que não são contaminantes para
nosso substrato) que não vão deixá-los coloni-
zar o substrato tão facilmente.

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1.Coloque todo o substrato em um balde 5. Com alguma colher de pau (ou qualquer
com tampa. Caso você for fazer muito pouco outra) previamente limpa, mexa bem os ingre-
substrato para um balde, você pode optar por dientes, mas sem demorar muito, pois quere-
fazer esse procedimento em qualquer outro mos que o substrato fique o mínimo possível
recipiente com tampa, como por exemplo, al- exposto ao ar e perdendo caloria.
guma tupperware ou uma panela previamente
limpa, é claro.

2.Para cada 1L de substrato seco que irá 6.Após mexer bem, feche a tampa e deixe o
ser pasteurizado, ferva a quantidade de água substrato esfriar naturalmente.
necessária para atingir a capacidade de cam-
po.

3.Ao chegar no ponto de fervura forte, segu- 7.Quanto maior a quantidade de substrato
ra ali por 1 minuto e então desligue o fogo. utilizada, mais demorado será o resfriamento.

4.Espalhe a água no substrato dentro do 8.Após resfriado, o substrato está pronto


recipiente. para uso.

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O único cuidado que vale a pena você se atentar é que, antes de realizar o procedimento, você separe
um pouco do substrato que você vai utilizar e defina quanto de água é preciso para deixar 1 litro do seu
substrato na capacidade de campo. Para isso, pegue 1 L do seu substrato, adicione 400 ml de água e
misture bem. Veja então se está acima da capacidade de campo ou abaixo, e assim, faça os ajustes. Se
está muito molhado você sabe que precisa ser menos água, e se estiver muito seco você já sabe que o
substrato aceita um pouco mais de água. Vá adicionando de pouco em pouco até achar o ponto. Fazen-
do isso você já sabe exatamente o quanto de água ferver para cada litro de substrato que será pasteur-
izado. Não é possível colocar uma receita fixa de X de água para X de substrato porque os substratos
sempre mudam, e consequentemente, a capacidade de reter água. Por exemplo, se você utilizar um
substrato 50% farelo de coco e 50% vermiculita, vai ser encontrado uma capacidade de campo diferente
de um substrato 100% vermiculita, ou 100% fibra de coco; isso que ainda existem diferentes granulome-
trias de vermiculita, cada uma com uma capacidade de retenção de água. Por isso, sempre teste qual o
volume de água ideal para 1 L de seu substrato que será utilizado. Fazendo o teste uma vez e utilizando
sempre o mesmo substrato você já terá a medida exata. Mas podemos colocar 400 ml de água por litro
de substrato como um valor médio.

Monotub feito a partir da bucket tek

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Corpo Técnico Green Power:

Rafael Rodrigues da Silva


[Engenheiro Agrônomo]

Indicaçōes de livros complementares:

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