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Prof.

José Maria
Língua Portuguesa para Agente e Escrivão da Polícia Federal Aula 06

Aula 06 – Pontuação
Língua Portuguesa p/ Agente e Escrivão da
Polícia Federal
Prof. José Maria C. Torres
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Sumário
PONTUAÇÃO ............................................................................................................................................3

A ORDEM DIRETA .................................................................................................................................................. 4


PONTO FINAL ....................................................................................................................................................... 7
Frases Fragmentadas....................................................................................................................................... 7
Frases Siamesas .............................................................................................................................................. 8
Frases Centopeicas .......................................................................................................................................... 9
VÍRGULA ............................................................................................................................................................ 11
Período Simples ............................................................................................................................................. 11
Período Composto ......................................................................................................................................... 21
PONTO E VÍRGULA ............................................................................................................................................... 31
DOIS PONTOS ..................................................................................................................................................... 32
OUTROS SINAIS DE PONTUAÇÃO............................................................................................................................ 33
Usa-se o travessão ... ..................................................................................................................................... 33
Usam-se os parênteses ... ............................................................................................................................... 34
Usam-se as aspas ... ...................................................................................................................................... 34

QUESTÕES COMENTADAS PELO PROFESSOR......................................................................................... 35

LISTA DE QUESTÕES............................................................................................................................... 85

GABARITO ............................................................................................................................................ 119

RESUMO DIRECIONADO ....................................................................................................................... 120

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Olá, meus amigos!


Depois de uma verdadeira batalha na análise sintática, é chegada a hora de pôr todo o conhecimento
aprendido em prática. A pontuação, assunto desta aula, é a aplicação mais direta que podemos dar à Sintaxe.
O emprego dos sinais de pontuação, em especial o uso da vírgula, é assunto presente em qualquer prova,
tenham certeza disso!

Portanto, mantenhamo-nos firmes porque vem muita informação importante nas próximas páginas.
Uma excelente aula a todos! Bom proveito!

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Pontuação
Queridos alunos, estudamos de ponta a ponta o período simples e o composto, esmiuçando cada uma
das funções sintáticas, cada uma das orações subordinadas, cada uma das orações coordenadas. Tudo foi visto
passo a passo. Tenho certeza de que vocês se tornaram ninjas na análise sintática, certo? Não exagera,
professor!

Moçada, brincadeiras à parte, todo o esforço da análise sintática não é em vão. Além de muitas questões
demandarem diretamente a identificação das funções sintáticas, o conhecimento destas é essencialíssimo para
que saibamos corretamente pontuar um texto! É isso mesmo, moçada! Para dominar pontuação, o pré-
requisito é a Sintaxe!
Antes de partir para a teoria, lembra a primeira aula que você teve na vida sobre vírgula? Naquela época,
a tia ou tio pedia para você ler o texto em voz alta e, ao perceber uma pausa na respiração, você deveria fazer
uso da vírgula. E se eu disser que essa foi uma das maiores mentiras já contadas para vocês? Calma! Não estou
chamando a saudosa tia ou o saudoso tio que nos dava aula na alfabetização de mentiroso! Quer dizer, estou
sim, mas, nesse caso, trata-se de uma mentira no bom sentido. Não havia como nossos queridos
alfabetizadores recorrerem à análise sintática para nos explicar, na nossa plena infância, todas as artimanhas
sintáticas que justificavam o emprego da vírgula. Dessa forma, eles recorriam a essa simplificação, fazendo isso
de caso pensado. Portanto, não fique com raiva do tio ou da tia que teve a nobilíssima missão de alfabetizá-lo.
Toda essa viagem eu fiz, moçada, para dizer uma coisa bem simples: NUNCA, eu disse NUNCA, utilize o
critério da pausa oral para justificar o emprego de uma vírgula. JAMAIS! A pausa oral, entenda, é
completamente distinta da pausa escrita. A primeira é regida pela entonação que queremos dar a nossa voz; já
a segunda é regida pela... SINTAXE.

A Ordem Direta
Como já afirmamos, o que rege a pontuação de um texto é a Sintaxe. Toda e qualquer justificativa para
inserir pausas num texto deve ter sustentação sintática, portanto. Entenda por pausa tudo aquilo que
representa uma obstrução ao fluxo natural de termos numa frase. Essa pausa pode ser representada pelo ponto
final, pela vírgula, pelo ponto e vírgula, pelos dois-pontos, etc.
Tudo bem, professor, mas o que seria esse fluxo natural de termos numa frase? É isso, moçada, que define
o conceito da ORDEM DIRETA. Vamos pensar da seguinte forma: a você foi dada a tarefa de construir uma
frase, ok? Qual seria o 1º termo em que você pensaria? E o 2º? E depois?

Intuitivamente, é o SUJEITO o primeiro termo que imaginamos numa frase. Imediatamente após o
sujeito, inserimos o VERBO. Se este solicitar, não há motivos para postergar a entrada do COMPLEMENTO
VERBAL (OBJETO DIRETO OU INDIRETO). Dessa forma, podemos definir o fluxo natural de termos numa
frase, ou, em outras palavras, a ordem direta, da seguinte forma:

OD = S + V + CV + ...
OD = Ordem Direta; S = Sujeito; V = Verbo; CV = Complemento Verbal

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O que vem após o complemento verbal, vamos definir como “resto”, ok? Não que não seja importante,
mas a frase já se farta com a presença dos três elementos sintáticos acima citados: sujeito, verbo e
complemento. Uma frase já se satisfaz se dermos a ela u sujeito, um verbo e um complemento.

Tá, professor! Mas o que isso tem a ver com pontuação?

Galerinha, tem tudo a ver! Observe as seguintes frases:

O petróleo vem subindo de preço devido à sua escassez.

O professor conversou com seus alunos durante toda a aula.

Entregue este recado ao gerente o quanto antes possível.

Identifiquemos os termos sintáticos nessas construções frasais.

Observe que, em todas as frases, a sequência natural dos termos (S + V + CV + ...) é obedecida. Na última
frase, o sujeito não se apresenta de forma explícita, mas é possível identificá-lo por meio da forma verbal de
Imperativo “Entregue” (Sujeito = TT). Temos, portanto, três frases na ordem direta.

O que implica uma frase ser construída na ordem direta? Como a sequência S + V + CV é própria e natural
numa frase, não faria o menor sentido inserir uma pausa (uma vírgula, por exemplo) entre S e V, ou entre V e
CV. De forma facultativa (opcional), até podemos inserir uma pausa isolando o adjunto adverbial, dando
destaque a esse termo.

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Em suma, não há necessidade de pausa quando a oração estiver em sua ORDEM DIRETA.

E o que acontece quando quebramos a ordem direta? Dentre os vários termos que podem ser deslocados
dentro de nossas construções frasais, podemos citar o adjunto adverbial. Veremos, ao longo da teoria, todos
os termos que podem quebrar a ordem direta, mas, por enquanto, concentremo-nos nos adjuntos adverbais.
Vejamos outras possibilidades de construção para as frases anteriores:

Observe que, ao deslocar ou intercalar o adjunto adverbial na frase, surgem as necessidades de pausa. Na
primeira frase, por exemplo, a sequência natural S+V+CV é quebrada pela inserção do adjunto adverbial de
causa “devido à sua escassez” entre sujeito e verbo. Já na segunda frase, há a quebra da ordem direta com a
inserção do adjunto adverbial “o quanto antes possível” entre verbo e complementos. Por fim, na terceira frase,
quebra-se a sequência natural, ao iniciar a frase não por sujeito, mas sim por um adjunto adverbial de tempo.
Todas essas “quebras” da ordem direta exigirão vírgulas.

Em suma, haverá necessidade de pausa quando ocorrer a quebra da ORDEM DIRETA em uma oração.

Moçada, esse é o princípio básico da pontuação. Se eu tivesse cinco minutos para explicar para um
candidato como se empregam as vírgulas, diria exatamente isto: Meus queridos alunos, empreguem vírgulas
para demarcar a quebra da ordem direta, ok? Boa prova!
O que farei na sequência é desdobrar esse princípio geral, detalhando minuciosamente as justificativas
para emprego dos sinais de pontuação: o ponto final, a vírgula, o ponto e vírgula, os dois-pontos, o ponto de
interrogação, o de exclamação, os parênteses, as reticências, as aspas e o travessão.
O ponto de exclamação e o de interrogação são de uso subjetivo. O primeiro indica uma reação, enquanto
que o segundo está presente nas interrogativas diretas. O uso desses sinais fica a cargo do autor do texto,
conforme sua intenção de comunicação.

Os demais sinais são de emprego técnico, regidos por regras específicas. A seguir, detalharemos o
emprego dos sinais de pontuação, dando destaque ao uso da vírgula.

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Ponto Final
É um dos sinais que marcam fim de período e o que assinala a pausa de máxima duração. É muito
importante que saibamos demarcar o final de uma frase.

A incapacidade de reconhecer o que seja uma frase leva à produção de frases fragmentadas, siamesas e
“centopeicas”.

Conhecer esses problemas de redação pode ajudá-los a identificar incorreções gramaticais ou


problemas relacionados à clareza nas famosas questões de reescrita de frases.

Frases Fragmentadas
Este erro de escrita - um dos mais primários - consiste em pontuar uma oração subordinada ou uma
simples locução como se fosse uma frase completa.
Observe as construções a seguir:

Eu estava tentando arranjar disposição para estudar. Quando percebi que minha prova já estava próxima.

O professor ficou chocado com a resposta do aluno. Com a fisionomia bem assustada.

A primeira frase de ambas as construções é completa, pois se trata de um enunciado completo, com
sujeito e predicado. Já a segunda parte de ambas as construções não se constitui como frase, pois representa
termos subordinados, sem os respectivos termos principais. Trata-se de um “pedaço” de frase, ou seja, uma
frase fragmentada.

Para que evitemos esse tipo de erro, devemos observar as seguintes condições:

No caso de um período simples, é necessário haver um sujeito e um predicado. Nas orações sem
sujeito (com verbos impessoais), há somente predicado.
A frase não deve iniciar com um pronome relativo (que, qual, onde, cujo, onde, quando, quanto), uma
vez que esses pronomes sempre retomam um termo antecedente.
Se a frase for introduzida por uma conjunção subordinativa (embora, porque, já que, visto que, se,
quando, enquanto, conforme etc.) deve haver, no período, uma oração principal à qual esteja
subordinada a primeira oração.
Se o verbo iniciar por uma das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio), também deve haver,
no período, uma oração principal que complete o sentido da oração subordinada reduzida.

Vamos corrigir as frases?

Eu estava tentando arranjar disposição para estudar, quando percebi que minha prova já estava próxima.

O professor, com a fisionomia bem assustada, ficou chocado com a resposta do aluno.

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Frases Siamesas
Outro erro primário são as frases siamesas – duas frases completas, escritas como se fossem uma só. Esse
erro nasce, como o anterior, da incapacidade de determinar o que seja exatamente uma frase completa.

Enquanto as frases fragmentadas separam o que não deveria ser separado, as frases siamesas (assim
denominadas por sua analogia com irmãos xifópagos) unem o que não deveria ser unido. Ou seja, frases
distintas, que possuem enunciado completo, são apresentadas como se fossem uma só, por não haver
elemento de ligação entre elas, como sinais de pontuação ou conectivos.

Na sua forma mais grosseira, as duas frases simples são reunidas sem nenhum sinal entre elas:

ERRADO: O engenheiro ficou desanimado teria de refazer todos os cálculos da obra.

ERRADO: Gostou bastante de ler o PDF havia muitas questões comentadas detalhadamente.

Se colocarmos uma vírgula entre as frases, apenas atenuamos a gravidade do erro:

ERRADO: O engenheiro ficou desanimado, teria de refazer todos os cálculos da obra.

ERRADO: Gostou bastante de ler o PDF, havia muitas questões comentadas detalhadamente.

Há diversas maneiras de corrigir esse problema:


Separar as frases por ponto ou ponto-e-vírgula:

CORRETO: O engenheiro ficou desanimado; teria de refazer todos os cálculos da obra.

CORRETO: O engenheiro ficou desanimado. Teria de refazer todos os cálculos da obra.

CORRETO: Gostou bastante de ler o PDF. Havia muitas questões comentadas detalhadamente.

Ligar as frases com uma conjunção coordenativa:

CORRETO: O engenheiro ficou desanimado, pois teria de refazer todos os cálculos da obra.

CORRETO: O engenheiro teria de refazer todos os cálculos da obra, por isso ficou desanimado.

CORRETO: Gostou bastante de ler o PDF, pois havia muitas questões comentadas detalhadamente.

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Transformar uma das frases em oração subordinada:

CORRETO: Como teria de refazer todos os cálculos da obra, o engenheiro ficou desanimado.

CORRETO: Gostou bastante de ler o PDF, na medida em que havia muitas questões comentadas
detalhadamente.

Frases Centopeicas
Assim como a centopeia tem muitas patas, a frase centopeica apresenta muitas orações, resultando num
período longo demais, cansativo, confuso. Uma só oração principal apresenta inúmeras orações subordinadas,
o que torna difícil a leitura do texto, que se torna mais suscetível a falhas.

Mas professor, o que seriam períodos curtos? Não há uma regra, moçada, mas o fato é que o período deve
ser desmembrado em outros mais curtos, dando um melhor entendimento à informação. Sugere-se que um
período seja composto por no máximo 3 ou 4 orações. Veja bem, é só uma sugestão, não se trata de uma regra.

Vejamos um exemplo:

Contrariando a ideia de que adolescente só pensa em “rock”, é rebelde por índole, desconhece a realidade
socioeconômica de seu país e só dá seu voto de confiança aos modismos internacionais, a nova Constituição
Brasileira resolve apostar, ainda que de forma inibida, na capacidade da juventude e no seu potencial de
discernimento, dando-lhe o direito de votar, o que, para uns, é um passo precipitado dos constituintes, pois, aos
dezesseis anos, nenhum jovem possui senso político à altura de opinar sobre questões que afligem o seu país, e,
para outros (talvez para a maioria), a decisão demonstra a valorização de ideias novas, de credibilidade a um
público que, apesar da pouca idade, tem visão crítica das mazelas mais graves da sociedade em que vive.

Veja o tamanho dessa frase! Trata-se de um período gigantesco, composto por 15 orações (observe as
formas verbais destacadas)! Se analisarmos bem, está tudo correto do ponto de vista gramatical, mas a redação
poderia ser mais clara, com frases menores, de mais fácil leitura.

Observe como a “quebra” da frase centopeica em menores torna a leitura mais agradável.

Contrariando a ideia de que adolescente só pensa em “rock”, é rebelde por índole, desconhece a realidade
socioeconômica de seu país e só dá seu voto de confiança aos modismos internacionais, a nova Constituição
Brasileira resolve apostar, ainda que de forma inibida, na capacidade da juventude e no seu potencial de
discernimento, dando-lhe o direito de votar. Para uns, é um passo precipitado dos constituintes, pois, aos dezesseis
anos, nenhum jovem possui senso político à altura de opinar sobre questões que afligem o seu país. Já para outros
(talvez para a maioria), a decisão demonstra a valorização de ideias novas, de credibilidade a um público que,
apesar da pouca idade, tem visão crítica das mazelas mais graves da sociedade em que vive.

Frases de tamanho menor tornam a redação menos suscetível a erros.

Caiu em prova!

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Texto

O Brasil, durante a maior parte da sua história, manteve uma cultura familista e pró-natalista. Por cerca de 450
anos, o incentivo à fecundidade elevada era justificado em função da prevalência de altas taxas de mortalidade,
dos interesses da colonização portuguesa, da expansão da ocupação territorial e do crescimento do mercado
interno.

Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue o item seguinte.

A substituição do ponto empregado logo após “pró-natalista” por vírgula, com a devida alteração da letra inicial
maiúscula para minúscula, manteria a correção do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO:

Ao substituirmos o ponto final pela vírgula, teremos como resultado a produção de uma frase siamesa: duas
construções frasais inadvertidamente unidas numa única frase.

É necessário o ponto final para isolar cada uma das frases produzidas.

Resposta: ERRADO

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Vírgula
A vírgula é o sinal que indica uma pequena pausa na leitura. É o sinal de pontuação que mais gera dúvida
entre os alunos e o alvo preferencial de 99,7% das questões. Seu uso não pode, de forma alguma, ser pautado
pela pausa oral. Por favor, gente, não adotem esse critério de pontuar com base nas pausas da respiração. Se
assim fosse, cada um pontuaria de um jeito, não havendo um padrão único.

Mais uma vez repito: o critério deve ser sintático!

Vamos esmiuçar detalhadamente o emprego da vírgula, aproveitando a oportunidade para revisar


análise sintática, ok?

Período Simples
Quando estudamos Sintaxe, iniciamos pela Sintaxe do Período Simples (Oração), lembra? Adotemos essa
mesma sequência no estudo das vírgulas: comecemos mapeando o emprego desse sinal na oração e,
posteriormente, avancemos rumo ao período composto, pode ser?

Quando NÃO SE EMPREGA vírgula?

Já na largada, digo para vocês que, mais importante do que empregar as vírgulas, é saber quando NÃO
USAR!

Fique atento quando enunciados pedem para você assinalar a opção em que a vírgula foi empregada
incorretamente ou quando enunciados de CERTO ou ERRADO afirmam que houve erro no emprego da vírgula.
Ora, quando surge esse papinho, é sinal de que separamos aquilo que não pode ser separado, resultando no
erro de pontuação.
Há certos pares, moçada, que a Gramática uniu e o homem não há de separar! Rs.

Professor, e que pares seriam esses?

1) Não se empregam vírgulas para isolar SUJEITO & VERBO

Queridos, sejamos bem enfáticos! NUNCA poderá haver vírgula entre sujeito e verbo! Esse é um dos
maiores crimes cometidos contra a norma culta. Mesmo que a frase seja de grande extensão, não podemos
separar o sujeito do seu respectivo verbo, sob hipótese alguma. Veja o exemplo a seguir

Caiu em prova!

Texto 1A1AAA

O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, de acordo com a organização holandesa
Aviation Safety Network (ASN).

A pontuação empregada no texto 1A1AAA permaneceria correta se fosse inserida vírgula logo após “2017”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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RESOLUÇÃO:

Marque ERRADO com força no gabarito!

A vírgula proposta irá separar o sujeito “O ano de 2017” do respectivo verbo “foi”. IMPOSSÍVEL! NUNCA!

Resposta: ERRADO

Caiu em prova!

Está plenamente correta a pontuação da seguinte frase:

d) Existe realmente quem ache um privilégio frequentar os bares, cuja principal atração, é a música
incrivelmente ruidosa?

RESOLUÇÃO:

Analisando apenas a letra D, percebemos o crime: há uma vírgula entre o sujeito “principal atração” e seu
respectivo verbo “é”. IMPOSSÍVEL! NUNCA!

IMPORTANTE

Mesmo se o sujeito estiver deslocado na oração, ele não será isolado por vírgula de seu predicado.

Exemplos:

Foi admitida pelo juiz a denúncia do Ministério Público contra o acusado.

(Sem chance haver uma vírgula após “juiz”, pois esta separaria o predicado “Foi admitida pelo juiz” do sujeito
“a denúncia do Ministério Público contra o acusado”.)

O fato de não haver vírgula entre sujeito e verbo se estende às orações substantivas SUBJETIVAS – os
sujeitos oracionais -, que não podem ser isoladas da principal em hipótese alguma.

Quem estuda, passa! (ERRADO)

Quem estuda passa! (CERTO)

Não separe o sujeito oracional “Quem estuda” do seu verbo “passa”.

Aparentemente, o único gramático que abre uma concessão é Luiz Sacconi, que afirma ser facultativa a vírgula
entre sujeitos oracionais iniciados por “Quem” e seus respetivos verbos. Na visão do nobre gramático, as duas
construções anteriores estariam corretas. Não é essa, contudo, a visão que predomina nas bancas, ok? Saiba
que existe uma concessão, mas continue batendo na tecla de que é crime isolar sujeito – oracional ou não
– do verbo por vírgula.

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2) Não se empregam vírgulas para isolar VERBO & COMPLEMENTOS

Não se separam por vírgulas verbo e complementos verbais – objeto direto ou indireto, oracionais ou não.
Estende-se essa proibição de uso de vírgula entre verbo de ligação e predicativos do sujeito, assim como entre
locução verbal na voz passiva e agentes da passiva.

Caiu em prova!

É plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:

b) O escritor Machado de Assis, notadamente um mestre da ironia, já comparou o fenômeno da traição


amorosa, com a naturalidade de uma pedra que cai.

RESOLUÇÃO:

Analisando apenas a letra B, percebemos o crime: há uma vírgula isolando o verbo “comparou” do seu objeto
indireto “com a naturalidade de uma pedra que cai”. IMPOSSÍVEL! NUNCA!

Caiu em prova!

O acréscimo de uma vírgula mantém a passagem do texto reescrita de acordo com a norma-padrão em:

a) A história de Apolinária, nos ajuda a colocar problemas novos [...]

c) [...] a olaria foi fechada para se transformar, em uma nova escola: os Educandos Artífices.

RESOLUÇÃO:

Analisando apenas as letras A e C, percebemos os crimes: na letra A, há uma vírgula isolando o sujeito “A
história de Apolinária” do seu verbo “nos ajuda a colocar”. Já na letra C, há uma vírgula isolando o verbo de
ligação “se transformar” do seu predicativo “em uma nova escola”.

OBSERVAÇÃO

Se o complemento verbal – objeto direto ou indireto – vier deslocado, é facultativo o emprego da vírgula.

Exemplos:

Muitos exercícios sobre o assunto os professores da disciplina resolveram. (CERTO)

Muitos exercícios sobre o assunto, os professores da disciplina resolveram. (CERTO)

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3) Não se empregam vírgulas para isolar NOME & ADJUNTOS ADNOMINAIS ou COMPEMENTOS NOMINAIS

Caiu em prova!
Está plenamente adequada a pontuação do seguinte período:

a) Tivesse vivido muito menos Eric Hobsbawm, esse grande historiador moderno talvez não pudesse com a
mesma autoridade dar seu testemunho, sobre esse período histórico que batizou como Era dos extremos.

RESOLUÇÃO:

Analisando apenas a letra A, percebemos o crime: a vírgula após “testemunho” separa o nome “testemunho”
do seu complemento nominal “sobre esse período histórico...”.

Caiu em prova!

A frase que permanece correta com o acréscimo de uma vírgula após o termo sublinhado é:

b) Todos os brasileiros devem se preocupar com o problema da fabricação de equipamentos para piratear
sinal de TV por assinatura.

c) Ninguém sabe quando os tais 'gatonets' deixarão de existir em nosso país nem mesmo se todos os
responsáveis serão punidos.

e) Autoridades poderão multar os responsáveis pela pirataria de sinal de TV e também colocá-los na prisão.

RESOLUÇÃO:

Analisando apenas as letras B, C e E, percebemos os crimes: na letra A, se pusermos uma vírgula após
“brasileiros”, isolaremos o sujeito “Todos os brasileiros” da sua forma verbal “devem se preocupar”. Já na letra
C, se pusermos uma vírgula após “sabe”, isolaremos o verbo “sabe” do objeto direto oracional “quando os tais
‘gatonets’ deixarão...”. Por fim, na letra E, se pusermos uma vírgula após “sinal”, isolaremos o nome “sinal” do
adjunto adnominal “de TV”.

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Quando SE EMPREGA vírgula?

Ah, professor! O senhor está mais preocupado em não usar vírgula! Eu quero saber quando se usa, ora?
Calma, jovem! Eu te falei que tão importante quanto usar é quando não se deve usar. Mas atendendo ao seu
pedido, vamos lá!

1) Emprega-se vírgula para isolar VOCATIVOS.

Exemplos:

Professor, o senhor poderia nos tirar uma dúvida?

O senhor poderia nos tirar uma dúvida, professor?

O senhor, professor, poderia nos tirar uma dúvida?

2) Emprega-se vírgula para isolar APOSTOS EXPLICATIVOS.

Exemplos:

O Brasil, uma das economias mais importantes da América do Sul, vive uma crise política sem
precedentes.
O Direção Concursos – o melhor preparatório para concursos do Brasil – está de portas abertas!

A Língua Portuguesa, a mais fascinante das línguas, é crucial em qualquer prova de concurso.

IMPORTANTE!

O aposto de caráter explicativo pode ser isolado por vírgulas, travessões ou parênteses. São muito comuns
questões perguntando se é possível substituir vírgulas por travessões. Tratando-se de apostos explicativos ou
orações adjetivas explicativas – veremos adiante -, é possível sim fazer essa troca.

Caiu em prova!

Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império
Romano.

A correção do texto seria mantida se as vírgulas que isolam o trecho “dos grandes escritores romanos e latinos
e falado pelas classes romanas mais abastadas” (R. 2 e 3) fossem substituídas por travessões.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO:

Observemos o seguinte trecho:

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Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império
Romano.

O trecho isolado por vírgulas é sintaticamente um aposto explicativo, uma informação adicional referente
associada expressão nominal “latim clássico”.

O aposto explicativo pode ser isolado por vírgulas, travessões ou parênteses.

O item está CERTO, portanto!

3) Emprega-se vírgula para isolar PREDICATIVOS DESLOCADOS.

Exemplos:

Atordoado, o aluno saiu de sala.


O funcionário, emocionado, discursou na premiação de final de ano.

Indignado, o Ministro falou à imprensa e se disse alvo de perseguições.

IMPORTANTE! IMPORTANTE! IMPORTANTE!

4) Emprega-se vírgula para isolar ADJUNTOS ADVERBIAIS DESLOCADOS.

Aqui vamos com muita calma! Esse emprego de vírgula é de longe o mais demandado.

Quando estava, no início da aula, explicando para você o significado da ordem direta, o que falei sobre os
adjuntos adverbiais? Você lembra?
Falei, queridos, que a posição natural de um adjunto adverbial é no final da oração, após os
complementos. Estando nessa posição, o emprego de vírgulas é facultativo (opcional).

No entanto, se os adjuntos adverbiais estiverem deslocados da ordem direta, as vírgulas passam a ser
obrigatórias.

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Sumarizando:

Sempre é correto o emprego de vírgulas isolando adjuntos adverbiais. No entanto, se estes estiverem
deslocados da ordem direta – no início ou no meio da oração -, as vírgulas deixam de ser apenas corretas e
passam ser OBRIGATÓRIAS!

IMPORTANTE!

É possível omitir as vírgulas de adjuntos adverbiais de pequena extensão, mesmo quando estes estão
deslocados da ordem direta.

Muita calma nessa hora! O que seriam adjuntos adverbiais de pequena extensão? Existe uma tendência entre
os principais gramáticos de considerar de pequena extensão o adjunto adverbial formado por até 2(duas)
palavras. Esse é o posicionamento adotado pelas bancas de uma forma geral!

Exemplos:

O professor respondeu o e-mail com rapidez. (CERTO)

O professor respondeu o e-mail, com rapidez. (CERTO)

O professor respondeu com rapidez o e-mail. (CERTO)

O professor respondeu, com rapidez, o e-mail. (CERTO)

Note que o adjunto adverbial “com rapidez” é de pequena extensão – formado por 2(duas) palavras. Dessa
forma, são opcionais as vírgulas isolando o adjunto de pequena extensão, mesmo estando deslocado da
ordem direta.

Caiu em prova!

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Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam (500
places to see before they disappear).

Seria incorreta a eliminação da vírgula empregada logo após a expressão “Desta vez” (R.2), pois seu uso é
obrigatório naquele contexto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resolução:

Sabemos que adjuntos adverbiais deslocados da ordem direta são isolados por vírgula.

Acontece que é possível omitir as vírgulas de adjuntos adverbias de pequena extensão, MESMO QUANDO
DESLOCADOS DA ORDEM DIRETA.

E o que faz um adjunto adverbial ser de pequena extensão?

É consensual que adjuntos adverbiais formados por ATÉ DUAS PALAVRAS são considerados de pequena
extensão.

Há controvérsias quanto a adjuntos adverbiais formados por 3 palavras. Algumas gramáticas consideram de
pequena extensão; outras, não! Em provas discursivas, recomenda-se o emprego das vírgulas, fugindo, assim,
de polêmicas. Em provas objetivas, as bancas não costumam causar celeumas nesse sentido.

Resumindo: até 2 termos, o adjunto adverbial é consensualmente de pequena extensão: formado por 3 termos,
não há consenso; formado por 4 ou mais termos, consensualmente o adjunto adverbial NÃO é mais de pequena
extensão.

Analisemos o item:

A expressão “Desta vez” tem valor temporal. É tempo é uma ideia adverbial, assim como lugar, causa,
finalidade, condição, etc. Trata-se sintaticamente de um adjunto adverbial temporal deslocado. Como é de
pequena extensão, a vírgula após “vezes” não é obrigatória.

O item, portanto, está ERRADO!

OBSERVAÇÕES:

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Muitas questões perguntam acerca da possibilidade de substituição das vírgulas por travessões. Vimos que isso
é possível quando se tem um aposto explicativo. Com adjuntos adverbiais, contudo, isso não é possível.
Vejamos:

I – O Brasil, a 8ª maior economia do mundo, vive uma crise sem precedentes.

II – O Brasil, devido aos altos índices de criminalidade, afugenta turistas internacionais.

Na frase I, as vírgulas isolam um aposto explicativo. Elas podem ser substituídas por duplo travessão,
portanto, mantendo-se a correção gramatical e o sentido original.

Já na frase II, as vírgulas isolam um adjunto adverbial de causa deslocado da ordem direta. Nesse caso, não
é possível substituir as vírgulas por um duplo travessão.

Caiu em prova!

No fragmento “Em graus diferentes, todos fazemos parte dessa aventura, todos podemos compartilhar (...)”
(R. 18 e 19) as vírgulas poderiam ser substituídas por travessões, sem prejuízo gramatical para o texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resolução:

A vírgula após “diferentes” isola adjunto adverbial deslocado da ordem direta. Não é possível o emprego de
travessão, pois o sinal de pontuação utilizado para indicar esse deslocamento são as vírgulas.

Já a vírgula após “aventura” isola as orações coordenadas assindéticas “todos fazemos parte dessa aventura” e
“todos podemos compartilhar...”. Não é possível o emprego de travessão, pois o sinal de pontuação utilizado
para indicar essa separação são as vírgulas.

O item, portanto, está ERRADO!

5) Emprega-se vírgula para separar TERMOS EM ENUMERAÇÃO.

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Essa vírgula talvez tenha sido a primeira ensinada a vocês na época de colégio.

Muitas vezes, as questões sofisticam essa justificativa com os seguintes dizeres: “separam-se por vírgulas
os termos coordenados entre si”, “separam-se por vírgulas os termos de mesma função morfossintática”,
“separam-se por vírgulas termos em justaposição”, “separam-se por vírgulas termos em sequência
enumerativa”, etc.
São várias maneiras de dizer a mesma coisa. Portanto, ao visualizar algumas dessas justificativas, associe-
as a frases do tipo:

Estudamos Português, Matemática, Constitucional, Administrativo e Penal.

Só não se põe vírgula antes do “e” final da enumeração. Caso a conjunção “e” seja omitida, emprega-se
no seu lugar a vírgula:

Estudamos Português, Matemática, Constitucional, Administrativo, Penal.

6) Emprega-se vírgula para sinalizar a ELIPSE de uma forma verbal anteriormente citada.

A elipse é uma figura de construção que consiste na omissão de algum termo.

Quando esse termo é um verbo anteriormente já citado, sua elipse tem que ser paga com uma vírgula.
Observe as frases a seguir:
O Brasil é um grande exportador de soja para todo o mundo. Já o Chile, de vinhos
(é um grande exportador).

Adoro estudar Português por PDFs. Já minha irmã, por videoaulas.


(adora estudar Português).

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7) Emprega-se vírgula para separar PALAVRAS E EXPRESSÕES INTERPOSITIVAS de caráter explicativo,


retificador, exemplificativo: isto é, ou seja, a saber, aliás, ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, data
vênia, assim, então, porém, etc.

Exemplos:

Elas gritavam. Eu, porém, nem me importava.

Eles gastaram R$ 500,00, isto é, tudo o que tinham.

Quer dizer que você, então, não foi mais à Eslováquia?

O ditador era muito respeitado, ou antes, muito temido.

Ficamos, assim, livres da vergonha de sermos chamados de trogloditas.

Período Composto
Vimos os critérios para pontuar uma oração, correto? Vamos estender o raciocínio para o período
composto, analisando as situações em que precisamos orações subordinadas e coordenadas por vírgulas.

Período Composto por Subordinação

1) Não se separa por meio de vírgula a oração principal da ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA. A
exceção é a substantiva apositiva, que se separa da principal por vírgulas, dois pontos ou travessões.

Da mesma forma que não separamos sujeito e verbo, verbo e complementos, nome e complementos,
não separamos as orações principais das subordinadas que desemprenham para estas a função de sujeito,
complemento, predicativo, etc.

Exemplos:

Não se imaginava que a propaganda seria tão agressiva.


Or. Principal Or. Sub. Substantiva Subjetiva

É evidente que o culpado é o mordomo.


Or. Principal Or. Sub. Substantiva Subjetiva

Todos nós temos um grande sonho: que chegue o esperado dia do exame final.
Or. Principal Or. Sub. Substantiva Apositiva

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OBSERVAÇÕES

Não se põe vírgula após a conjunção integrante, a não ser que haja algum termo intercalado posicionado
após o conector.

Exemplos:

Comentaram com os alunos que, seria necessária uma nova data para realização da prova. (ERRADO)

Comentaram com os alunos que, devido às fortes chuvas, seria necessária uma nova data para realização
da prova. (CERTO)

2) Emprega-se vírgula para isolar a oração principal da ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA.
Também é possível isolar a adjetiva explicativa por travessões ou por parênteses. As restritivas, por sua
vez, não são isoladas por vírgulas da oração principal.

É muito importante estar a par da mudança de sentido resultado da transformação de uma oração
adjetiva restritiva em explciativa, por meio do acréscimo das vírgulas.

Caiu em prova!

Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após “norte-
americanos” (R.9).

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO:

Observemos o seguinte trecho:

... um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o Atlanta Journal
Constitution.

A oração em destaque, introduzida pelo pronome relativo “que”, é adjetiva restritiva. Dá-se a entender, dessa
forma, que apenas alguns estádios norte-americanos mantêm sua construção original.

Se fizermos a alteração proposta, inserindo a vírgula após “norte-americanos”, teremos uma oração adjetiva
explicativa. Dá-se a entender, dessa forma, que todos os estádios norte-americanos mantêm sua construção
original.

Ocorre, portanto, mudança de sentido com a alteração proposta.

O item, portanto, está ERRADO.

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3) Emprega-se vírgula para isolar a oração principal da ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL. Se esta estiver
deslocada – ou no início, ou no meio da frase -, a vírgula será OBRIGATÓRIA.

Vírgula Facultativa
Exemplos:

O professor repetiu a explicação dada ( , ) porque muitos alunos tiveram de faltar à aula anterior.

Tendo em vista que muitos alunos tiveram de faltar à aula anterior, o professor repetiu a explicação
dada.

Vírgula Obrigatória

IMPORTANTE!
CUIDADO! É possível omitir as vírgulas dos adjuntos adverbiais de pequena extensão, mesmo quando
deslocados. ISSO NÃO VALE PARA ORAÇÕES ADVERBIAIS, OK? Isso significa que uma oração
adverbial, independentemente de sua extensão, deve ser isolada por vírgulas quando deslocada da
ordem direta.
Vírgulas Obrigatórias
Exemplos:

Para passar, é preciso estudar.

Quando chegar, ligue-me imediatamente.

Para as subordinadas reduzidas, valem as mesmas normas das demais orações subordinadas.

Exemplo:

Terminada a aula, compareça à coordenação, por favor!


Or. Sub. Adv. Temporal
Vírgulas Obrigatórias
Reduzida de Particípio

Estudando dia e noite para o concurso, conquistou o 1º lugar.


Or. Sub. Adv. Causal
Reduzida de Gerúndio

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Período Composto por Coordenação

1) Empregam-se vírgulas para separar ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS.

Exemplos:

Pegou o recado, leu-o, disparou para a rua.

Chegou cedo, pegou o melhor lugar, divertiu-se com a apresentação.

IMPORTANTE!

As questões irão justificar as vírgulas acima das seguintes formas: “... as vírgulas empregadas isolam orações
assindéticas”; “... as vírgulas empregadas isolam termos em enumeração”; “... as vírgulas empregadas
isolam termos equivalentes do ponto de vista sintático”, etc.

Trata-se de formas diferentes de dizer a mesma coisa, ok?

2) Empregam-se vírgulas para separar ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADVERSATIVAS,


EXPLICATIVAS e CONCLUSIVAS.

Exemplos:
A beleza empolga a vista, mas o mérito conquista a alma.
Or. Coordenada Sindética Adversativa

Não chore, que será pior.


Or. Coordenada Sindética Explicativa

O lago está na minha fazenda, portanto me pertence.


Or. Coordenada Sindética Conclusiva
IMPORTANTE!
As conjunções adversativas e conclusivas serão isoladas por vírgulas quando deslocadas na oração.
Vale ressaltar que a conjunção adversativa “mas” não pode ser deslocada.

Exemplos:

CORRETO: O funcionário era o profissional que mais dominava o assunto na repartição, porém cometeu
um erro bobo.

CORRETO: O funcionário era o profissional que mais dominava o assunto na repartição. Porém, cometeu
um erro bobo.

CORRETO: O funcionário era o profissional que mais dominava o assunto na repartição. Cometeu, porém,
um erro bobo.

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CORRETO: Eu e minha esposa vamos ter de mudar de cidade, portanto teremos que pedir demissão das
empresas em que trabalhamos.

CORRETO: Eu e minha esposa vamos ter de mudar de cidade. Portanto, teremos que pedir demissão das
empresas em que trabalhamos.

CORRETO: Eu e minha esposa vamos ter de mudar de cidade. Teremos, portanto, que pedir demissão das
empresas em que trabalhamos.

3) Empregam-se vírgulas para separar ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ALTERNATIVAS introduzidas


por OU...OU, ORA...ORA, QUER...QUER, SEJA...SEJA.

Exemplos:

Ele se mostra um viciado em trabalho. Em sua rotina diária, ou está no chão de fábrica inspecionando
a operação, ou está em viagens fechando novos negócios.
Ora ele reclama do excesso de trabalho, ora da falta de oportunidades.
Seja por falta de vocação, seja por falta de iniciativa, o funcionário não se sentia à vontade com aquela
função.

OBSERVAÇÃO:

Antes da conjunção OU, a vírgula é facultativa:

Faremos uma minuciosa revisão nos termos de contrato ( , ) ou simplesmente procederemos à rescisão.

Vírgula Facultativa

4) Não se emprega vírgula para separar ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS ADITIVAS introduzidas pelas
conjunções E e NEM.

Exemplos:

Ele não atendeu o telefone nem deixou qualquer recado com a secretária.
Ele trabalha durante o dia e estuda para concursos à noite.

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IMPORTANTE!!!

Grande parte dos gramáticos entende que é facultativa a vírgula antes do E aditivo quando conecta
orações com diferentes sujeitos. Fique ligado! Essa concessão se dá apenas no caso de os sujeitos das
orações conectadas por essa conjunção serem diferentes! Se os sujeitos forem os mesmos, não há
desculpa para inserir vírgula – ela passa a ser proibitiva.

Veja os exemplos a seguir:

Quantas vezes uma vírgula modifica uma sentença (,) e uma palavra pode destruir uma grande e velha
amizade!
Vírgula Facultativa

Note que o sujeito da primeira oração é “uma vírgula”. Já o sujeito da segunda oração é “uma palavra”. Como
os sujeitos das orações ligadas pelo E aditivo são distintos, é facultativa a presença da vírgula antes dessa
conjunção.

O professor explicou toda a teoria no quadro e resolveu uma série de exercícios.

Vírgula Proibitiva

Note que o sujeito da primeira e da segunda oração é o mesmo: “O professor”. Como os sujeitos das orações
ligadas pelo E aditivo são iguais, não há desculpa para se empregar vírgula antes dessa conjunção. Ela é
proibitiva!

Alguns gramáticos admitem o emprego da vírgula antes do E aditivo, quando se quer dar valor enfático
(de destaque) à oração por ele introduzida. Não é uma necessidade sintática, mas sim um recurso de
estilo.

Veja o exemplo a seguir:

Ele terminou a prova em menos de 1 hora, e saiu de sala sorrindo.

Digo, e repito: não existe vitória sem dor.

E qual postura adoto em prova, professor? Vejamos o direcionamento da questão: se ela disser que é obrigatória
a vírgula antes do E aditivo, assinalemos ERRADO, pois o sujeito das duas orações é o mesmo; se ela disser
que o emprego da vírgula se dá por razões de ênfase, assinalemos CERTO.

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Emprega-se vírgula antes de E com valor adversativo, conclusivo ou consecutivo. Alguns gramáticos,
no entanto, relativizam essa necessidade. As bancas, de uma forma geral, sinalizam que é obrigatória
a vírgula antes de E adversativo.

Jogou os noventa minutos, e não acertou um passe sequer.

(Trata-se de um E com valor adversativo. De uma forma geral, as bancas consideram essa vírgula obrigatória, já
que a oração introduzida é uma coordenada sindética adversativa.)

Cometeu um crime grave, e foi severamente punido.

(Trata-se de um E com valor conclusivo/consecutivo. É possível relativizar a necessidade dessa vírgula, pois a oração
introduzida tem valor consecutivo.)

A vírgula é obrigatória quando há repetição da conjunção no início de cada oração (figura conhecida
pelo nome de polissíndeto) e no início de cada um dos termos coordenados.

Exemplos:

Nem ele, nem você, nem eu seremos convocados para a seleção.

E cantou, e dançou, e bebeu, e se divertiu de um jeito, que caiu tonto de cansado.

É muito importante entender que a vírgula requerida pelas conjunções é sempre antes. Havendo uma
vírgula após, esta se deve sem dúvida a algum termo deslocado na oração introduzida pela conjunção.

Como assim, professor?

Observe a frase:

A Prefeitura anunciou que não multaria motoristas que cometessem a infração nos primeiros meses de
validade das novas regras, mas, a partir de janeiro, todos teriam que se adaptar às novas exigências.

Note que a conjunção “mas” está entre vírgulas. Mas entenda que a vírgula requerida pelo “mas” é a que está
posicionada antes. A vírgula que está posicionada após foi requerida não pelo “mas”, mas sim pelo adjunto
adverbial deslocado da ordem direta na 2ª oração “a partir de janeiro”.

Galera, chegamos ao final de um minucioso detalhamento do emprego da vírgula. Vamos pôr em prática
todo esse conhecimento? Que tal pontuar de ponta a ponta o texto a seguir e justificar cada um dos usos?

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Durante boa parte do século XX a mulher ocupou posições subalternas restritas basicamente a afazeres domésticos.
Isso começou a mudar no período entre as duas grandes guerras quando ela passou a desempenhar funções até
então exercidas pelos homens que se encontravam em campos de batalha.

Diante desse contexto movimentos feministas ganharam bastante força principalmente na década de 60. O
principal alvo a ser combatido era o machismo sentimento que ainda persiste quando de forma preconceituosa
afirma-se que a mulher não tem habilidade para certas tarefas como gerir negócios e até mesmo conduzir veículos.

Pensemos um pouquinho e analisemos período a período:

1º período: Durante boa parte do século XX, a mulher ocupou posições subalternas, restritas (,) basicamente(,) a
afazeres domésticos.

Emprega-se vírgula após “século XX”. Ela deve ser empregada para isolar um adjunto adverbial deslocado
da ordem direta na 1ª oração - Durante boa parte do século XX.
Seria interessante uma vírgula após “subalternas”, haja vista que o termo “restritas basicamente a afazeres
domésticos” tem valor explicativo.
São facultativas as vírgulas isolando o adjunto adverbial de pequena extensão “basicamente”.

2º período: Isso começou a mudar (,) no período entre as duas grandes guerras (,) quando ela passou a desempenhar
funções (,) até então (,) exercidas pelos homens que se encontravam em campos de batalha.

As vírgulas isolando “no período entre as duas grandes guerras” são facultativas, pois se trata de um adjunto
adverbial posicionado no final da 1ª oração.
A vírgula antes de “quando” é facultativa, pois ela isola uma oração adverbial temporal posicionada no final
do período.
São facultativas as vírgulas isolando o adjunto adverbial de pequena extensão “até então”.
Mantendo a coerência do discurso, não deveria haver vírgula após “homens”, pois faz mais sentido
considerar restritiva a oração adjetiva “que se encontravam em campos de batalha”.

3º período: Diante desse contexto, movimentos feministas ganharam bastante força (,) principalmente (,) na
década de 60.

Emprega-se vírgula após “contexto”. Ela deve ser empregada para isolar um adjunto adverbial deslocado
da ordem direta na 1ª oração – Diante desse contexto.
São facultativas as vírgulas após “força” e “principalmente”, haja vista que se trata de adjuntos adverbiais
posicionados no final da oração, não deslocados.

4º período: O principal alvo a ser combatido era o machismo, sentimento que ainda persiste quando, de forma
preconceituosa, afirma-se que a mulher não tem habilidade para certas tarefas, como gerir negócios e (,) até
mesmo(,) conduzir veículos.

Não pode haver vírgula após “combatido”, sob pena de se isolar sujeito – O principal alvo a ser combatido e
verbo - era.

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Emprega-se vírgula após “machismo”, para isolar o aposto explicativo “sentimento que ainda persiste...”.
Empregam-se vírgulas para isolar o adjunto adverbial deslocado da ordem direta “de forma
preconceituosa”. Emprega-se vírgula após “tarefas”, para separar a enumeração introduzida pelo “como”.

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... PARA ISOLAR SUJEITO E VERBO


Exemplo: O principal objetivo, é a aprovação.

... PARA ISOLAR VERBO E COMPLEMENTOS


Exemplo: Vamos estudar, Português.

... PARA ISOLAR NOME E COMPLEMENTOS


Exemplo: Não havia dúvidas, sobre sua honestidade.

... PARA ISOLAR VERBO DE LIGAÇÃO E PREDICATIVOS.


Exemplo: Ele ficou, atordoado com a notícia.

NÃO SE ... PARA SEPARAR LOCUÇÕES DE VOZ PASSIVA E AGENTE DA PASSIVA.


Exemplo: Foi aprovado, pela diretoria.
EMPREGA
VÍRGULA... ... PARA SEPARAR ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS DA PRINCIPAL
(EXCETO AS APOSITIVAS)
Exemplo: Precisamos, que você nos apoie.

... PARA ISOLAR ORAÇÕES ADJETIVAS RESTRITIVAS.

... PARA SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS ADITIVAS


INTRODUZIDAS POR "E" E "NEM"
Exemplo: Ele não estuda, nem trabalha.

... PARA SEPARAR VOCATIVOS


Exemplo: Paulo, atenda o telefone!

... PARA SEPARAR APOSTO EXPLICATIVO OU ORAÇÕES ADJETIVAS


EXPLICATIVAS (ISOLADAS TAMBÉM POR TRAVESSÕES OU
PARÊNTESES)
Exemplo: A Língua Portuguesa, a mais fascinante disciplina, é chave em muitos concursos.
Emprego da Vírgula

... PARA SEPARAR ADJUNTOS ADVERBIAIS OU ORAÇÕES


ADVERBIAIS DESLOCADAS DA ORDEM DIRETA
Exemplo: Durante esta semana, muitas reclamações houve.

... PARA ISOLAR ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS


Exemplo: Fiz as contas, analisei os balanços, decidi pelo investimento.

EMPREGA-SE
... PARA SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS
VÍRGULA...
ADVERSATIVAS, EXPLICATIVAS OU CONCLUSIVAS
Exemplo: Tivemos várias crise, mas conseguimos superá-las.

... PARA SEPARAR COORDENADAS SINDÉTICAS ALERNATIVAS


INTRODUZIDAS POR OU...OU, ORA... ORA, QUER.. QUER,
SEJA...SEJA,...
Exemplo: Ora ele está bem, ora está mal-humorado.

... PARA SINALIZAR ELIPSE DE VERBO.


Exemplo: Ele gosta de futebol; ela, de vôlei.

... PARA SEPARAR TERMOS COORDENADOS ENTRE SI, EM


ENUMERAÇÃO, DE MESMA FUNÇÃO.
Exemplo: Ele estudou Português, Matemática, Racicícnio Lógico e Estatística.

... PARA ISOLAR EXPRESSÕES INTERPOSITIVAS DE ENUMERAÇÃO,


EXPLICAÇÃO, RETIFICAÇÃO, ETC.
Exemplo: Estude Português, ou melhor, estude muito Português.

... ANTES DE ADJUNTOS ADVERBIAIS EM FINAL DE ORAÇÃO OU


ORAÇÕES ADVERBIAIS EM FINAL DE PERÍODO.
Exemplo: Resolvi muitos exercícios (,) durante a preparação.

A VÍRGULA É ... ANTES DA CONJUNÇÃO "OU"


FACULTATIVA... Exemplo: Eu estudarei Português (,) ou Matemática nesse feriado.

ANTES DE "E" ADITIVO QUANDO ESTE CONECTA ORAÇÕES DE


DIFERENTES SUJEITOS.
Exemplo: João trabalha à tarde(,) e sua esposa fica em casa com os filhos.

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Ponto e Vírgula
O sinal de ponto e vírgula consiste numa pausa maior do que a da vírgula e menor do que a do ponto final.
Essa descrição, obviamente, não deixa claras as situações de uso de tal sinal de pontuação. Por isso, faz-se
necessário enumerá-las. Vamos a elas?

1) Emprega-se ponto e vírgula para separar TERMOS EM ENUMERAÇAO DE GRANDE EXTENSÃO, geralmente
trechos oracionais com termos já isolados por vírgulas.

Exemplo:
Para termos um país melhor, é preciso investir em segurança pública, visando a combater o crime de forma
mais preventiva do que repressiva; em saúde pública, dando à população um melhor bem-estar e contribuindo com

sua produtividade; em educação de ponta, qualificando a mão de obra para o concorrido mercado de trabalho do

século XXI; por fim, em mobilidade urbana, tornando mais confortável e prático o sagrado direito de ir e vir do
cidadão.

2) Emprega-se ponto e vírgula no lugar de CONJUNÇÕES COORDENATIVAS.

Exemplo:

Dormiu muito tarde ontem; chegou atrasado ao trabalho.


(Dormiu muito tarde ontem, por isso chegou atrasado ao trabalho.)

Dedicava-se bastante aos estudos; queria mudar de vida.

(Dedicava-se bastante aos estudos, pois queria mudar de vida.)

3) Emprega-se ponto e vírgula para separar ORAÇÕES COORDENADAS, quando se deseja ENFATIZAR UMA
COMPARAÇÃO OU UM CONTRASTE.

Exemplos:

Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses; eu, porém, apoiei-me em fatos.

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política; o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

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IMPORTANTE

Seria equívoco empregar simplesmente uma vírgula no lugar do ponto e vírgula, pois a pausa maior não
pode dar lugar a uma pausa menor.

Algumas alternativas se apresentam ao uso do ponto-e-vírgula. Vejamos:

Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses. Eu, porém, apoiei-me em fatos.

Ponto Final

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política. Já o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

Ponto Final

A pausa menor pode dar espaço para uma pausa maior, com as devidas alterações. Isso significa que o
ponto e vírgula pode ceder espaço para o ponto final.

Dois Pontos
1) Emprega-se o sinal de dois pontos antes ou depois de uma ENUMERAÇÃO.

Exemplos:

Neste clube pratica-se: futebol, natação, voleibol, tênis e basquetebol.


Futebol, tênis, basquetebol, natação: são as modalidades praticadas no clube.

2) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir CITAÇÕES.

Exemplo:

Perguntaram a um sábio: “A quem queres mais, a teu irmão ou a teu amigo?”. E o sábio respondeu:
“Quero a meu irmão, quando é meu amigo”.

3) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir EXPLICAÇÕES.

Exemplos:

Fiquei curioso: circulara o boato da renúncia do presidente.

= Fiquei curioso, pois circulara o boato da renúncia do presidente.

Estava muito preocupado com seu filho: há dias não recebia notícias dele.

= Estava muito preocupado com seu filho, pois há dias não recebia notícias dele.

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4) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir um APOSTO ou uma ORAÇÃO SUBORDINADA
SUBSTANTIVA APOSITIVA.

Exemplos:

Só há um vencedor na política: aquele com mais dinheiro.


O resultado esperado é um só: que todos estejam aptos ao fim do treinamento.

5) Emprega-se o sinal de dois pontos para isolar VOCATIVOS em correspondências.

Exemplos:

Prezados Condôminos:

Informo que a taxa de condomínio sofrerá reajustes.


...

Outros sinais de pontuação


Usa-se o travessão ...

...para introduzir a fala de um personagem.

Exemplo:

O filho perguntou:

- Pai, quando começarão as aulas?

... para isolar expressões de caráter explicativo, como o aposto explicativo e a oração adjetiva explicativa.

Exemplo:

O Curso Direção – a nova sensação na preparação para concursos – fará diversos eventos ao
vivo gratuitos.

IMPORTANTE!
Após os travessões, é possível empregar vírgulas. Caso o trecho entrecortado pelos travessões exija
vírgulas, elas podem ser empregadas normalmente.

Exemplo:

Estudei vorazmente Português – a disciplina-chave em concursos -, mas ainda sinto que devo aprimorar.

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Usam-se os parênteses ...

... para isolar comentários de caráter explicativo, reflexivo ou opinativo.

Exemplo:

Vivemos uma época de restrições às liberdades individuais (e, por acaso, já fomos livres um dia?)

Usam-se as aspas ...

... para isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares.

Exemplo:

Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

... para indicar uma citação textual.

Exemplo:

Houve um presidente que costumava falar frequentemente “Nunca antes na história deste
país...”.

... para indicar sentido irônico.

Exemplo:

Todas as mulheres adorariam ter a “feiura” da Gisele Bündchen.

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Questões comentadas pelo professor


1. CESPE – PRF – 2019

Nos humanos, o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir
drasticamente os níveis de melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
A correção gramatical do texto seria mantida, mas seu sentido seria alterado, caso o trecho “que se infiltra
no ambiente no qual dormimos” fosse isolado por vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO:

Observe o trecho “... excesso de luz urbana QUE SE INFILTRA.

Note que a oração “QUE SE INFILTRA ...” é ADJETIVA RESTRITIVA!

Verificamos que a oração é ADJETIVA, pois o QUE em destaque é PRONOME RELATIVO, sendo possível
sua troca pela forma A QUAL. Além disso, a ADJETIVA é do tipo RESTRITIVA, pois não se encontra isolada por
vírgulas! Isso posto, dá-se a entender que NÃO É TODA A LUZ QUE SE INFILTRA NO AMBIENTE.

Fazendo a alteração proposta, transformaríamos esse trecho numa ORAÇÃO ADJETIVA EXPLICATIVA.
Lembremo-nos de que a ADJETIVA EXPLICATIVA é isolada por vírgulas, travessões ou parênteses. Sendo
explicativa, dá-se a entender que TODA A LUZ SE INFILTRA NO AMBIENTE.

Dessa forma, a alteração proposta mantém a correção gramatical, mas altera o sentido original!

O item está CERTO, portanto!

Resposta: CERTO

2. CESPE – PRF – 2019

Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.

Caso o advérbio “praticamente” fosse isolado por vírgulas, a correção gramatical do trecho seria alterada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO:
É facultativo o emprego de vírgulas para isolar adjuntos adverbiais de pequena extensão, mesmo quando
deslocados da ordem direta. Sendo assim, o isolamento de “praticamente” por vírgulas não compromete a
correção gramatical.

Resposta: ERRADO

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3. CESPE – SEFAZ/RS – 2019

O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de imposto que, embora se pareça com o IVA, não é
administrado pelo governo federal — o que dá aos estados total autonomia para administrar, cobrar e gastar
os recursos dele originados.

O emprego de vírgulas para isolar as expressões “adotado no país” e “embora se pareça com o IVA” é
a) facultativo em ambas as expressões.

b) obrigatório apenas na primeira expressão.

c) apenas uma escolha estilística do autor.

d) justificado por regras distintas de pontuação.

e) necessário devido ao deslocamento dessas expressões dentro do período.


RESOLUÇÃO

As vírgulas que isolam “adotado no país” se justificam por se tratar de uma oração subordinada adjetiva
explicativa reduzida de particípio.

Já as vírgulas que isolam “embora se pareça com o IVA” se justificam por se tratar de uma oração
subordinada adverbial concessiva deslocada da ordem direta.

Trata-se, portanto, de justificativas distintas!

Resposta: D

4. CESPE - ACP (TCE-PB)/TCE-PB/2018

Texto

A história é uma disciplina definida por sua capacidade de lembrar. Poucos se lembram, porém, de como ela é
capaz de esquecer. Há também(b) quem caracterize a história como uma ciência da mudança no tempo, e
quase ninguém aponta sua genuína capacidade de reiteração.

A história brasileira não escapa dessas ambiguidades fundamentais: ela é feita do encadeamento de eventos
que se acumulam e evocam alterações substanciais, mas também anda repleta de lacunas, invisibilidades e
esquecimentos. Além disso, se ao longo do tempo(c) se destacam as alterações cumulativas de fatos e
ocorrências, não é difícil notar, também, a presença de problemas estruturais que permanecem como que
inalterados e assim se repetem, vergonhosamente, na nossa história nacional.
Nessa lista(d) seria possível mencionar os racismos, o feminicídio, a corrupção, a homofobia e o
patrimonialismo. Mas destaco aqui um tema que, de alguma maneira, dá conta de todos os demais: a nossa
tremenda e contínua desigualdade social.

Desigualdade não é uma contingência nem um acidente qualquer, tampouco uma decorrência natural e
mutável de um processo(e) que não nos diz respeito. Ela é consequência de nossas escolhas — sociais,
educacionais, políticas, culturais e institucionais —, que têm resultado em uma clara e crescente concentração
dos benefícios públicos nas mãos de poucos. (...) Quando se trata de enfrentar a desigualdade, não há saída
fácil ou receita de bolo. Prefiro apostar nos alertas(a) que nós mesmos somos capazes de identificar.

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Lilia Moritz Schwarcz. Desigualdade é teimosia. Internet: <www.nexojornal .com.br> (com adaptações).
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se inserisse uma vírgula logo após
a) “alertas”.

b) “também”.

c) “tempo”.
d) “lista”.

e) “processo”.

RESOLUÇÃO:

ALTERNATIVA A: Após “alertas”, a vírgula estaria gramaticalmente correta, mas alteraria o sentido da
frase, pois a oração seguinte deixaria de ser adjetiva restritiva e passaria a ser adjetiva explicativa. Nesse caso,
o pressuposto da frase muda.

ALTERNATIVA B: Após “também”, a vírgula estaria errada, pois separaria o verbo transitivo do seu
complemento.
ALTERNATIVA C: O uso da vírgula após “tempo” seria gramaticalmente incorreto, pois estaria isolando
os termos que diretamente se relacionam na oração condicional iniciada pelo conectivo “se”.

ALTERNATIVA D: A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se inserisse uma
vírgula logo após “lista”. Nesse caso, a vírgula estaria separando corretamente um adjunto adverbial deslocado.

ALTERNATIVA E: Após “processos”, a vírgula estaria gramaticalmente correta, mas alteraria o sentido
da frase, pois a oração seguinte deixaria de ser adjetiva restritiva e passaria a ser adjetiva explicativa. Nesse
caso, o pressuposto da frase muda.

Resposta: D

5. CESPE - Ag (TCE-PB)/TCE-PB/2018

Texto

O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar
sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória
dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o papel
forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais
simples, a escrita teve como missão(d) conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escritas
podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de
destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma
incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.

O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis(e) e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos, foi
considerado um perigo tão grande(a) quanto seu contrário.

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Embora fosse temido, o apagamento era necessário, assim como(b) o esquecimento também o é para a
memória. Nem todos os escritos foram destinados a se tornar arquivos(c) cuja proteção os defenderia da
imprevisibilidade da história. Alguns foram traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois
escrever de novo.

Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino
Ferreira. São Paulo: UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).

Seria mantida a correção gramatical do texto, embora com alteração do sentido original, caso se inserisse uma
vírgula logo após a palavra
a) “grande”.
b) “como”.

c) “arquivos”.

d) “missão”.

e) “inúteis”.
RESOLUÇÃO:

ALTERNATIVA A: Não há vírgula após a palavra “grande”. Nesse caso, os elementos da comparação
(tão...quanto) estariam incorretamente isolados.

ALTERNATIVA B: Não há uma regra que justifique o uso da vírgula após “como”.

ALTERNATIVA C: Seria mantida a correção gramatical do texto, embora com alteração do sentido
original, caso se inserisse uma vírgula logo após a palavra “arquivos”. Nesse caso, o pressuposto da oração
adjetiva, iniciada pelo pronome relativo “cujo”, muda, visto que a oração subordinada deixa de ser restritiva e
passa a ser explicativa.

ALTERNATIVA D: Considerando que cada vírgula em um texto obedece a um critério sintático, não há
uma regra que justifique o uso da vírgula após a palavra “missão”.

ALTERNATIVA E: A vírgula após “abafa” não seria correta, por estaria isolando termos ligados pelo
conectivo “e”.

Resposta: C

6. CESPE - 1º Ten (PM MA)/PM MA/Cirurgião-Dentista/2018

Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há

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séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.

Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).

No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.

As aspas foram empregadas em ‘barato’ e em ‘As carnes se dissolvem na urina’ por motivos distintos.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO:

As aspas em “barato” foram usadas por se tratar da ressignificação do termo. Evidencia-se, no contexto,
que o autor não está referindo-se ao custo, ao valor financeiro do açúcar. Assim, as aspas podem estar
marcando uma alteração de sentido do vocábulo, como uma ironia. No segundo caso, elas foram usadas porque
houve uma citação direta, isto é, a inserção do discurso alheio no texto de Moacyr Scliar.

Resposta: CERTO

7. CESPE - SM (PM MA)/PM MA/Combatente/2018

A respeito de aspectos linguísticos do texto CG2A1BBB, julgue o item.

A vírgula logo após Prezado(a) Senhor(a) foi empregada para isolar um vocativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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RESOLUÇÃO

O trecho “Prezado(a.) Senhor(a.)” é um vocativo. Na gramática normativa, é regra usar a vírgula nessa
situação.

Resposta: CERTO

8. CESPE - Esc Pol (PC MA)/PC MA/2018

Texto 1A1AAA

O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, de acordo com a organização holandesa
Aviation Safety Network (ASN). Foram dez acidentes — nenhum deles envolvendo linhas comerciais regulares
—, com 79 mortos, 44 entre passageiros e tripulantes e outras 35 pessoas que estavam em terra.
Em 2016, foram registrados 16 acidentes, com 303 vítimas fatais, e o último episódio, com um avião de
passageiros de maiores proporções: a queda do Avro RJ85, operado pela empresa LaMia, próximo de Medellín,
na Colômbia. O desastre, que completou um ano no último dia 28 de novembro, matou 71 pessoas, em sua
maior parte atletas do time brasileiro da Chapecoense.

“Desde 1997 a média de acidentes tem caído de forma contínua e persistente”, disse o presidente da ASN,
destacando os esforços da Organização Internacional da Aviação Civil e da Fundação de Segurança no Voo para
melhorar os padrões de segurança da indústria de aviação.
BBC. 2017, o ano mais seguro da história da aviação .Internet: <www.bbc.com> (com adaptações).

A pontuação empregada no texto 1A1AAA permaneceria correta se,


I. no primeiro parágrafo, o segundo travessão fosse eliminado.

II. fosse inserida vírgula logo após “2017”.

III. fosse inserida vírgula logo após ‘1997’.


IV. a vírgula logo após ‘persistente’ fosse eliminada.

Assinale a opção correta.


a) Nenhum item está certo.

b) Apenas o item III está certo.

c) Apenas o item IV está certo.


d) Apenas os itens I e II estão certos.

e) Todos os itens estão certos.

RESOLUÇÃO:
Os itens I e II estão errados. Em I, os travessões foram usados com correção, portanto não devem ser
suprimidos; em II, não poderia haver vírgula depois de “2017”, porque, nesse caso, o sujeito (O ano de 2017)
seria isolado do predicado.
O item III está correto. A vírgula deve ser usada para separar adjunto adverbial deslocado.

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No item IV, a vírgula após “persistente” necessária, pois finaliza uma citação direta, iniciada pelo adjunto
adverbial “Desde 1997”. Dessa forma, sua eliminação prejudicaria a correção gramatical.

Resposta: B

9. CESPE - AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018

Texto 6A2BBB
A obra de Maquiavel causou bastante polêmica por romper com a visão usual da atividade política. Na tradição
cristã, a política era vista como uma forma de preparar a Cidade de Deus na terra. Na Antiguidade, era uma
maneira de “promover o bem comum”. Havia sempre a referência a um objetivo transcendente, a um padrão
implícito ou explícito de justiça. Para Maquiavel, o que importa, na política, é o poder real. Não é uma questão
de justiça ou de princípios, mas de capacidade de impor-se aos outros.

N’O Príncipe, Maquiavel ensina que a meta de toda ação política é ampliar o próprio poder em relação aos
outros.É necessário reduzir o poder dos adversários: semear a discórdia nos territórios conquistados,
enfraquecer os fortes e fortalecer os fracos; em suma, dividir para reinar.

Os Discorsi são uma longa glosa dos dez primeiros livros da História de Roma, de Tito Lívio, vistos como um
documento histórico incontestável, embora hoje se saiba que o autor não se furtava a alterar os fatos para
robustecer seu caráter alegórico ou exemplar — procedimento, aliás, que Maquiavel também adotaria em suas
Histórias Florentinas. Na obra, ele procura, nos costumes dos antigos, elementos que possam ser utilizados na
superação dos problemas de sua época.
Ao buscar as causas da grandeza da Roma antiga, Maquiavel acaba por encontrá-las na discórdia entre seus
cidadãos, naquilo que tradicionalmente era estigmatizado como “tumultos”. Trata-se de uma visão
revolucionária, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade. Até hoje, a busca do
“consenso” e o sonho de uma sociedade harmônica, sem disputa de interesses, estão presentes no discurso
político e, mais ainda, alimentam a desconfiança com que são vistas as lutas políticas.
Para Maquiavel, porém, o conflito é sempre um sintoma de equilíbrio de poder. Na sociedade, uma parte
sempre quer oprimir a outra — nobres e plebeus, ricos e pobres ou, na linguagem que ele prefere usar,o povo e
os “grandes”. Se o conflito persiste, é porque nenhuma parte conseguiu atingir sua meta de dominar a outra.
Portanto, permanece um espaço de liberdade para todos.
L. F. Miguel. A moral e a política. In: L. F. Miguel.O nascimento da política moderna. De Maquiavel a Hobbes.
Brasília: Editora da UnB, 2015, p. 21, 23-4 (com adaptações).
Julgue o item, relativo às estruturas linguísticas do texto 6A2BBB.

A retirada das vírgulas que isolam a expressão “mais ainda” não prejudicaria a correção gramatical do texto,
mas alteraria os seus sentidos originais.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Como afirma o item, a retirada das vírgulas que isolam a expressão “mais ainda” não prejudicaria a
correção gramatical do texto, mas alteraria os seus sentidos originais. Na reescrita do período, muda-se a

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ênfase sobre a qual recai o termo. Da forma como está pontuada da frase, “mas ainda” se liga à oração anterior.
Sem vírgula, “mais ainda” passa a servir como elemento enfático do termo posterior a ele, que é a forma verbal
“alimentam”.

Resposta: CERTO

10. CESPE - TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018

Texto CB4A1BBB

O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.

Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.

Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.

Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).

Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.
A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o período “Ele pode então (...)
sua vida” fosse assim reescrito: Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então,
contente com sua vida.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Não há incorreção gramatical ou mudança do sentido original do texto com a reescrita da frase de “Ele
pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.” para “Para o
apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então, contente com sua vida”. Nesse caso, a reescrita
da frase respeita as regras de pontuação, mantendo a correção gramatical e o sentido do período.

Resposta: CERTO

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11. CESPE - OI (ABIN)/ABIN/Área 1/2018


No começo dos anos 40, os submarinos alemães estavam dizimando os cargueiros dos aliados no Atlântico
Norte. O jogo virou apenas em 1943, quando Alan Turing desenvolveu a Bomba, um aparelho capaz de
desvendar os segredos da máquina de criptografia nazista chamada de Enigma. A complexidade da Enigma —
uma máquina eletromagnética que substituía letras por palavras aleatórias escolhidas de acordo com uma série
de rotores — estava no fato de que seus elementos internos eram configurados em bilhões de combinações
diferentes, sendo impossível decodificar o texto sem saber as configurações originais. Após espiões poloneses
terem roubado uma cópia da máquina, Turing e o campeão de xadrez Gordon Welchman construíram uma
réplica da Enigma na base militar de Bletchey Park. A máquina replicava os rotores do sistema alemão e tentava
reproduzir diferentes combinações de posições dos rotores para testar possíveis soluções. Após quatro anos de
trabalho, Turing conseguiu quebrar a Enigma, ao perceber que as mensagens alemãs criptografadas continham
palavras previsíveis, como nomes e títulos dos militares. Turing usava esses termos como ponto de partida,
procurando outras mensagens em que a mesma letra aparecia no mesmo espaço em seu equivalente
criptografado.

Gabriel Garcia. 5 descobertas de Alan Turing que mudaram o rumo da história. In: Exame, 2/fev./2015.
Internet: <https://exame.abril.com.br> (com adaptações).

Considerando os aspectos linguísticos do texto, julgue o item subsequente.

A vírgula logo após o termo “máquina” poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção gramatical do
período no qual ela aparece.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

A vírgula logo após o termo “máquina” não poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção gramatical
do período no qual ela aparece. Nesse caso, ela é obrigatória, pois isola uma expressão adverbial deslocada.

Resposta: ERRADO

12. CESPE - Tec Enf (IHB DF)/IHB DF/2018

Texto CG2A1AAA

A vida de Florence Nightingale, a criadora da moderna enfermagem, daria um romance. Florence estava
destinada a receber uma boa educação, a casar-se com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da
casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava
de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos dezesseis anos, algo aconteceu: Deus
falou-me — escreveu depois — e convocou-me para servi-lo.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles,
praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais.
Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de

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vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que
aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de
enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma; providenciava
comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos
estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava
das péssimas condições de saneamento.

Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.

É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.
Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.
Moacyr Scliar. Uma estranha, e admirável, mulher. Internet: <http://moacyrscliar.blogspot.com.br> (com
adaptações).
Acerca dos aspectos linguísticos do texto CG2A1AAA, julgue o item.

A inserção de uma vírgula logo após o termo “Hospitalizados” manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

A inserção de uma vírgula logo após o termo “Hospitalizados” não manteria a correção gramatical do
texto. É preciso perceber que o termo em destaque é o núcleo do predicado nominal. Desse modo, não há um
termo deslocado que exija vírgula. Vale lembrar que sujeito e predicado não se separam por vírgula.

Resposta: ERRADO

13.CESPE - Aud Est (TCM-BA)/TCM-BA/Controle Externo/2018


Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um
delito, mas também um crime moral, uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”,
“escandalosa”, “revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a
verdade, trata-se de uma linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a
época em que a burguesia, que assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a
moral e a natureza, oferecendo a uma a garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se
a natureza; finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as

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leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores
do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às prescrições da razão moralizada: “fazer
greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade cívica, é infringir uma legalidade
“natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.

Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa
classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade.

Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza
e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).
Sem prejuízo para a correção gramatical e para as informações veiculadas no texto, poderia ser suprimida
a vírgula empregada imediatamente após
a) ‘revoltante’.

b) “Carlos X”.
c) “sim”.

d) “fundada”.
e) “acontecimentos”.

RESOLUÇÃO
ALTERNATIVA A: Os adjetivos “Inadmissível”, “escandalosa” e “revoltante” exercem função sintática de
predicativos. Pela regra de pontuação, o predicativo deslocado é separado por vírgula, quando o verbo da frase
não é de ligação. Nesse caso, deve-se manter a vírgula após o último adjetivo da enumeração.
ALTERNATIVA B: O termo “Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os eleitores do Fígaro de
hoje” é o que chamamos de dativo de opinião. A identificação desse elemento é bem simples e se dá por meio
da reescrita “Na opinião dos prefeitos de Carlos X, assim como para os eleitores do Fígaro de hoje”.

Pois bem, o dativo de opinião, no que se refere à pontuação, tem comportamento similar aos adjuntos
adverbais. Assim, como o dativo se encontra deslocado e é de grande extensão – mais de 2 palavras -, deve-se
empregar a virgula após “hoje” de forma obrigatória.

Observe, no entanto, que, dentro do dativo, há dois elementos coordenados entre si pela locução
conjuntiva aditiva “assim como”. Lembremo-nos de que a vírgula não é empregada antes das aditivas E e NEM,
com algumas ressalvas. Diante de outros conectores aditivos, é possível omitir a vírgula sem prejuízo sintático.
Dessa forma, a vírgula após “Carlos X” pode ser omitida, mas a vírgula depois de “hoje” não.

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ALTERNATIVA C: Como se trata de um adjunto adverbial deslocado, formado de apenas uma palavra, o
advérbio “sim” poderia vir sem vírgulas ou entre vírgulas. Não há outra forma de pontuar o trecho. É preciso
observar que o conectivo “mas”, que opõe termos, tem vinculação com o termo “racional”, que vem depois da
conjunção adversativa, por isso não se admite a retirada da vírgula somente após o “sim”.
ALTERNATIVA D: Como há um termo intercalado (por assim dizer) após “fundada”, não estaria correta
a retirada da vírgula depois do termo em destaque na alternativa, visto que a expressão intercalada deve vir
obrigatoriamente entre vírgulas.

ALTERNATIVA E: A vírgula após “acontecimentos” é obrigatória, porque há uma oração adjetiva


explicativa finalizando o período. Sem a vírgula, a oração adjetiva passa a ser restritiva, e o pressuposto muda.

Resposta: B

14. CESPE - AJ STJ/STJ/Judiciária/"Sem Especialidade"/2018

Texto CB1A1BBB
O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de pressupostos, todos eles
tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a
natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade
absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que
a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres. Uma vez que todos
esses pressupostos são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade
humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão da universalidade dos direitos
humanos se tornou tão acesamente debatida.

Boaventura de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. Internet:
<www.dhnet.org.br> (com adaptações).

Acerca do texto CB1A1BBB e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se segue.
Os dois pontos empregados logo após “ocidentais” introduzem uma explicação sobre o porquê de os
pressupostos serem considerados tipicamente ocidentais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Os dois pontos empregados logo após “ocidentais” não introduzem uma explicação sobre o porquê de os
pressupostos serem considerados tipicamente ocidentais. Trata-se de uma enumeração. O trecho “conjunto
de pressupostos” já direciona a leitura para o rol de enumerações que vem após os dois pontos.

Resposta: ERRADO

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15.CESPE - Ana Port I (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018


Serviço de tráfego de embarcações

(vessel traffic service – VTS)

O VTS é um sistema eletrônico de auxílio à navegação, com capacidade de monitorar ativamente o tráfego
aquaviário, melhorando a segurança e eficiência desse tráfego, nas áreas em que haja intensa movimentação
de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.

Internacionalmente, os sistemas de VTS são regulamentados pela International Maritime Organization, sendo
seus aspectos técnicos detalhados em recomendações da International Association of Maritime Aids to
Navigation and Lighthouse Authorities. No Brasil, cabe à Marinha do Brasil, autoridade marítima do país,
definir as normas de execução de VTS e autorizar a sua implantação e operação.
Uma estrutura de VTS é composta minimamente de um radar com capacidade de acompanhar o tráfego nas
imediações do porto, um sistema de identificação de embarcações denominado automatic identification
system, um sistema de comunicação em VHF, um circuito fechado de TV, sensores ambientais (meteorológicos
e hidrológicos) e um sistema de gerenciamento e apresentação de dados. Todos esses sensores operam
integrados em um centro de controle, ao qual cabe, na sua área de responsabilidade, identificar e monitorar o
tráfego marítimo, adotar ações de combate à poluição, planejar a movimentação de embarcações e divulgar
informações ao navegante. Adicionalmente, o Centro VTS pode fornecer informações que contribuam para o
aumento da eficiência das operações portuárias, como a atualização de horários de chegada e partida de
embarcações.
Internet: <www defensea com br> (com adaptações)

Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.

A correção gramatical e o sentido do texto seriam preservados se as vírgulas empregadas logo após
“marítimo” e “poluição” e a conjunção “e” fossem substituídas por ponto e vírgula.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

O ponto e vírgula pode ser usado, entre outras situações, em enumeração. Na frase em análise, por
exemplo, enumerações acontecem. Por essa razão, as vírgulas empregadas logo após “marítimo” e “poluição”
e a conjunção “e” podem ser substituídas por ponto e vírgula sem prejuízo à correção gramatical e ao sentido
do texto. A dúvida que se poderia ter é em relação ao último elemento da enumeração, que vem precedido do
conectivo “e”. Nesse caso, não há problema em retirar o “e” e se usar o ponto e vírgula, visto que a conjunção
“e” indica o fim da enumeração.

Resposta: CERTO

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16. CESPE - Ass Port (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018

A crescente internacionalização da economia, decorrente, principalmente, da redução de barreiras ao comércio


mundial, da maior velocidade das inovações tecnológicas e dos grandes avanços nas comunicações, tem
exigido mudanças efetivas na atuação do comércio internacional.

A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.

Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.

A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.

Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)

Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
Os dois-pontos introduzem um esclarecimento a respeito do “resultado último dessa interatuação”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Como afirma a questão, os dois-pontos introduzem um esclarecimento a respeito do trecho “resultado
último dessa interatuação”. Após esse sinal de pontuação, o termo “o preço eficiente dos bens e serviços”
funciona como uma elucidação ou explanação do termo anterior aos dois pontos (resultado último dessa
interatuação).

Resposta: CERTO

17.CESPE - Ass Port (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018


É curioso notar que a ideia de porto está presente nas sociedades humanas desde o aparecimento das cidades.
Isso porque uma das características das primeiras estruturas urbanas existentes na região do Oriente Próximo
foi a presença do porto.

As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido entre 3.100 e 2.900 a.C., na
Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros
agrupamentos urbanos era tripartite: a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os
principais locais de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio, extramuros, local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à
prática do comércio e que era utilizado como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era
vedada nos muros da cidade.

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Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade comercial. O porto aparece como
mais um elemento de uma forte mudança civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da
escrita. O comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das possibilidades do agir
humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação
no grau de complexidade da sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos e as relações de trabalho
no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)

Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
A supressão da vírgula empregada logo após “2.900 a.C.” manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Em geral, usa-se a vírgula para separar adjunto adverbial deslocado (quando esse termo inicia a frase ou
não vem no final dela). É o que corre, por exemplo, nos dois períodos a seguir:
Naquela tarde, comprei o que estava faltando na cozinha.

Comprei, naquela tarde, o que estava faltando na cozinha.

No trecho em análise na questão, porém, a retirada da vírgula entre “2.900 a.C., na Mesopotâmia” não
implica incorreção gramatical, pois esses termos estão na ordem direta da frase, embora entre o sujeito e a
forma verbal “surgiram” haja um termo intercalado e o período seja concluído com um aposto explicativo,
também separado por vírgula.

Resposta: CERTO

Texto para a questão 18

Texto CB1A1AAA
Não há dúvida de que a televisão apresenta ao público uma visão distorcida de como a ciência forense é
conduzida e sobre o que ela é capaz, ou não, de realizar. Os atores que interpretam a equipe de investigação,
por exemplo, são uma mistura de policial, detetive e cientista forense — esse perfil profissional não existe na
vida real. Toda profissão, individualmente, já é complexa o bastante e demanda educação, treinamento e
métodos próprios. A especialização dentro dos laboratórios tornou-se uma norma desde o final da década de
80 do século passado. O cientista forense precisa conhecer os recursos das outras subdisciplinas, mas ninguém
é especialista em todas as áreas da investigação criminal. Além disso, os laboratórios frequentemente não
realizam todos os tipos de análise devido ao custo, à insuficiência de recursos ou à pouca procura.

As séries da TV retratam incorretamente os cientistas forenses, mostrando-os como se tivessem tempo de


sobra para todos os casos. Os programas mostram diversos detetives, técnicos e cientistas dedicando toda sua
atenção a uma investigação. Na realidade, cada cientista recebe vários casos ao mesmo tempo. A maioria dos
laboratórios acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema que enfrentam, e boa parte dos pedidos
de aumento no orçamento baseia-se na dificuldade de dar conta de tanto serviço.

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Os programas de investigação criminal de ficção não reproduzem corretamente o que ocorre na vida real
quando o assunto são as técnicas científicas: um cientista forense da Universidade de Maryland estima que
cerca de 40% do que é mostrado no CSI não existe. Os investigadores verdadeiros não conseguem ser tão
precisos quanto suas contrapartes televisivas. Ao analisar uma amostra desconhecida em um aparelho com
telas brilhantes e luzes piscantes, o investigador de um desses seriados pode conseguir uma resposta do tipo
“batom da marca X, cor 42, lote A-439”. O mesmo personagem talvez interrogue um suspeito e declare
“sabemos que a vítima estava com você, pois identificamos o batom dela no seu colarinho”. No mundo real, os
resultados quase nunca são tão exatos, e o investigador forense provavelmente não confrontaria diretamente
um suspeito. Esse desencontro entre ficção e realidade pode acarretar consequências bizarras. Em Knoxville,
Tennessee, um policial relatou: “Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fibra vermelha no
banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi
usado”.
A realidade do CSI. In: Scientific American Brazil. Segmento. Internet: (com adaptações).

No que se refere aos sentidos do texto CB1A1AAA, julgue os itens a seguir.

18. CESPE – Perito Criminal da Polícia Federal - 2018

Os dois-pontos subsequentes a “técnicas científicas” e “relatou” foram, ambos, empregados com o objetivo de
introduzir um trecho que apresenta um esclarecimento.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
No trecho “Os programas de investigação criminal de ficção não reproduzem corretamente o que ocorre
na vida real quando o assunto são as técnicas científicas: um cientista forense da Universidade de Maryland
estima que cerca de 40% do que é mostrado no CSI não existe.”, os dois-pontos introduzem um esclarecimento.

Já no trecho “Em Knoxville, Tennessee, um policial relatou: ‘Estou com um homem cujo carro foi roubado.
Ele viu uma fibra vermelha no banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada
e qual cartão de crédito foi usado’.”, os dois-pontos introduzem um discurso, uma fala.

Resposta: ERRADO

Texto para a questão 19

Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.

O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses, encontrando todo o conteúdo
pornográfico de pedofilia em computadores, pendrives, smartphones e demais mídias de armazenamento.
Para ajudar o trabalho dos peritos, existem programas que buscam os arquivos de imagem e vídeo através de
sua hash ou sua assinatura digital. Logo nos primeiros testes, a detecção de imagens apresentou mais de 90%
de acerto.

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Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa. Conseguiram 95% de acerto
em 12 minutos. Seu diferencial era não só buscar pela assinatura digital ou nomes conhecidos, mas também
por novos arquivos por intermédio da leitura dos pixels presentes na imagem calibrados a uma paleta de tons
de pele. Começava a revolução em termos de investigação criminal de pornografia infantil.
Além da detecção de imagens e vídeos, todo o processo de busca e obtenção de resultados é simultâneo, o que
economiza tempo e dinheiro.

A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é disponibilizada para forças da lei e
pesquisas acadêmicas. Segundo seus desenvolvedores, nunca houve o intuito de venda, pois não enxergam
sentido em lucrar com algo que seja para salvar crianças. Mas, então, por que não deixá-lo disponível para
todos? Somente para que não possa ser utilizado para criar formas de burlá-lo, explicam.

Desde seu lançamento, o Nudetective já foi compartilhado com Argentina, Paraguai, Suécia, Áustria, Noruega,
Nova Zelândia e Portugal. Ganhou reconhecimento e premiações em congressos forenses no Brasil e no
mundo.
Internet: (com adaptações).

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue os itens seguintes.

19. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018


A inserção de uma vírgula imediatamente após a palavra “Assim” (R.2) alteraria os sentidos do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Observemos o conteúdo do primeiro parágrafo:

Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O trecho “Assim eram feitas as operações...” pode ser reescrita da seguinte forma: “As operações eram
feitas dessa maneira...”ou “As operações eram feitas desse modo...”. O termo “Assim” é um advérbio e
expressa o sentido de “modo”.
Fazendo a alteração proposta, teríamos:

Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim, eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.

A presença da vírgula depois de “Assim” dá a entender que esse vocábulo atua como uma conjunção,
estabelecendo com o período anterior uma ideia de conclusão.

A alteração proposta implica, pois, uma mudança de sentido.

Resposta: CERTO

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Texto para as questões 20 a 22

Texto 12A1AAA

A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.

— Até o ponto a que chegou o seu trabalho? — perguntei.

— Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas,
mas realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse depositada dentro do raio de suas investigações,
esses rapazes, sem dúvida, a teriam encontrado.

Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo aquilo com a máxima seriedade.

— As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia
em serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo conjunto de recursos altamente engenhosos
é, para o delegado, uma espécie de leito de Procusto, ao qual procura adaptar à força todos os seus planos.
Mas, no caso em apreço, cometeu uma série de erros, por ser demasiado profundo ou demasiado superficial.
(...) E, se o delegado e toda a sua corte têm cometido tantos enganos, isso se deve (...) a uma apreciação
inexata, ou melhor, a uma não apreciação da inteligência daqueles com quem se metem. Consideram
engenhosas apenas as suas próprias ideias e, ao procurar alguma coisa que se ache escondida, não pensam
senão nos meios que eles próprios teriam empregado para escondê-la. Estão certos apenas num ponto: naquele
em que sua engenhosidade representa fielmente a da massa; mas, quando a astúcia do malfeitor é diferente
da deles, o malfeitor, naturalmente, os engana. Isso sempre acontece quando a astúcia deste último está acima
da deles e, muito frequentemente, quando está abaixo. Não variam seu sistema de investigação; na melhor das
hipóteses, quando são instigados por algum caso insólito, ou por alguma recompensa extraordinária, ampliam
ou exageram os seus modos de agir habituais, sem que se afastem, no entanto, de seus princípios. (...) Você
compreenderá, agora, o que eu queria dizer ao afirmar que, se a carta roubada tivesse sido escondida dentro
do raio de investigação do nosso delegado — ou, em outras palavras, se o princípio inspirador estivesse
compreendido nos princípios do delegado —, sua descoberta seria uma questão inteiramente fora de dúvida.
Este funcionário, porém, se enganou por completo, e a fonte remota de seu fracasso reside na suposição de
que o ministro é um idiota, pois adquiriu renome de poeta. Segundo o delegado, todos os poetas são idiotas —
e, neste caso, ele é apenas culpado de uma non distributio medii, ao inferir que todos os poetas são idiotas.

— Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas
letras. O ministro, creio eu, escreveu eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um
poeta.

— Você está enganado. Conheço-o bem. E ambas as coisas. Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como
mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria, assim, à mercê do delegado.

— Você me surpreende — respondi — com essas opiniões, que têm sido desmentidas pela voz do mundo.
Naturalmente, não quererá destruir, de um golpe, ideias amadurecidas durante tantos séculos. A razão
matemática é há muito considerada como a razão par excellence.

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Edgar Allan Poe. A carta roubada. In: Histórias extraordinárias. Victor Civita, 1981. Tradução de Brenno Silveira
e outros.

20. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

Feitas as devidas alterações de maiúsculas e minúsculas, o ponto e vírgula empregado logo após “bem” (R.58)
poderia ser corretamente substituído por ponto final.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Observemos o seguinte trecho:


Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e
ficaria, assim, à mercê do delegado.
Utiliza-se o ponto e vírgula para separar orações coordenadas, quando houver a necessidade de enfatizar
a comparação ou o contraste.
Exemplos:
Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses; eu, porém, apoiei-me em fatos.

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política; o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

Seria equívoco empregar simplesmente uma vírgula no lugar do ponto e vírgula, pois a pausa maior não
pode dar lugar a uma pausa menor.

Algumas alternativas se apresentam ao uso do ponto-e-vírgula. Vejamos:


Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses. Eu, porém, apoiei-me em fatos.

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política. Já o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

A pausa menor pode dar espaço para uma pausa maior, com as devidas alterações. Isso significa que o
ponto e vírgula pode ceder espaço para o ponto final.
Dessa forma, mantém-se a correção gramatical com a seguinte reescrita:

Como poeta e matemático, raciocinaria bem. Como mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e
ficaria, assim, à mercê do delegado.

Resposta: CERTO

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21. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

A supressão da vírgula empregada logo após a palavra “algum” (R.59) manteria a correção gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Observemos o seguinte trecho:


... como mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria, assim, à mercê do delegado.

O “e” em destaque introduz oração de natureza consecutiva (consequência). Como esta se posiciona ao
final do período, é possível omitir a vírgula antes do conector.

Resposta: CERTO

22. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

No fragmento “Em graus diferentes, todos fazemos parte dessa aventura, todos podemos compartilhar (...)”
(R. 18 e 19) as vírgulas poderiam ser substituídas por travessões, sem prejuízo gramatical para o texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO
A vírgula após “diferentes” isola adjunto adverbial deslocado da ordem direta. Não é possível o emprego
de travessão, pois o sinal de pontuação utilizado para indicar esse deslocamento são as vírgulas.
Já a vírgula após “aventura” isola as orações coordenadas assindéticas “todos fazemos parte dessa
aventura” e “todos podemos compartilhar...”. Não é possível o emprego de travessão, pois o sinal de pontuação
utilizado para indicar essa separação são as vírgulas.

O item, portanto, está ERRADO!

Resposta: ERRADO

Texto para a questão 23

Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império
Romano. Foi o latim popular, falado pelas tropas invasoras que fez esse papel. Essa variante vulgar sobrepôs-
se às línguas dos povos dominados e com elas caldeou-se, dando origem aos dialetos que viriam a se chamar
genericamente de romanços ou romances (do latim romanice, isto é, à moda dos romanos).
No século V d.C., o Império Romano ruiu e os romanços passaram a diferenciar-se cada vez mais, dando origem
às chamadas línguas neolatinas ou românicas: francês, provençal, espanhol, português, catalão, romeno,
rético, sardo etc.
Séculos mais tarde, Portugal fundou-se como nação, ao mesmo tempo em que o português ganhou seu
estatuto de língua, da seguinte forma: enquanto Portugal estabelecia as suas fronteiras no século XIII, o galego-
português patenteava-se em forma literária.

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Cerca de três séculos depois, Portugal lançou-se em uma expansão de conquistas que, à imagem do que Roma
fizera, levou a língua portuguesa a remotas regiões: Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cingapura, Índia e
Brasil, para citar uns poucos exemplos em três continentes.

Muito mais tarde, essas colônias tornaram-se independentes — o Brasil no século XIX, as demais no século XX
—, mas a língua de comunicação foi mantida e é hoje oficial em oito nações independentes: Brasil, Portugal,
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Instituto Antônio Houaiss. José Carlos de Azevedo (Coord.). Escrevendo pela nova ortografia: como usar as
regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 16-7 (com
adaptações).

Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens seguintes.

23.CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018


A correção do texto seria mantida se as vírgulas que isolam o trecho “dos grandes escritores romanos e latinos
e falado pelas classes romanas mais abastadas” (R. 2 e 3) fossem substituídas por travessões.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Observemos o seguinte trecho:


Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas
classes romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo
Império Romano.
O trecho isolado por vírgulas é sintaticamente um aposto explicativo, uma informação adicional referente
associada expressão nominal “latim clássico”.

O aposto explicativo pode ser isolado por vírgulas, travessões ou parênteses.

O item está CERTO, portanto!

Resposta: CERTO

Texto para as questões 24 a 25

Texto 13A1AAA
No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algumas grandes fogueiras, a melancólica festa de
punição de condenados foi-se extinguindo. Em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo como alvo
principal da repressão penal: o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto
ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo. Ficou a suspeita de que tal rito que dava um
“fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espúrias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em
selvageria, acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos queriam vê-los afastados,
mostrando-lhes a frequência dos crimes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes com
assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de
admiração.

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A punição vai-se tornando a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o
campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade,
não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime, e não mais o
abominável teatro.
Sob o nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos definidos pelo Código.
Porém julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos
de meio ambiente ou de hereditariedade. Punem-se as agressões, mas, por meio delas, as agressividades, as
violações e, ao mesmo tempo, as perversões, os assassinatos que são, também, impulsos e desejos. Dir-se-ia
que não são eles que são julgados; se são invocados, é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até
que ponto a vontade do réu estava envolvida no crime. As sombras que se escondem por trás dos elementos
da causa é que são, na realidade, julgadas e punidas.

O juiz de nossos dias — magistrado ou jurado — faz outra coisa, bem diferente de “julgar”. E ele não julga mais
sozinho. Ao longo do processo penal, e da execução da pena, prolifera toda uma série de instâncias anexas.
Pequenas justiças e juízes paralelos se multiplicaram em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos ou
psicológicos, magistrados da aplicação das penas, educadores, funcionários da administração penitenciária
fracionam o poder legal de punir. Dir-se-á, no entanto, que nenhum deles partilha realmente do direito de
julgar; os peritos não intervêm antes da sentença para fazer um julgamento, mas para esclarecer a decisão dos
juízes. Todo o aparelho que se desenvolveu há anos, em torno da aplicação das penas e de seu ajustamento aos
indivíduos, multiplica as instâncias da decisão judiciária, prolongando-a muito além da sentença.

Michel Foucault. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 8-
26 (com adaptações).

Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 13A1AAA, julgue os itens a seguir.

24. CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018


A coerência textual seria prejudicada se, após “teatro” (R.20), fossem inseridos dois-pontos e o trecho a
mecânica exemplar da punição muda as engrenagens, como conclusão das consequências enumeradas,
dado o emprego, nesse trecho, de linguagem figurada, incompatível com o gênero do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

A punição vai-se tornando a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa
o campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade,
não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime, e não mais o
abominável teatro: a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens.

A alteração proposta apresenta problemas de construção. Os dois pontos após “consequências”


introduzem uma enumeração. E outro sinal de dois pontos após “teatro” introduziria uma explicação. Para dar
mais clareza a essa frase e fazer com esses sentidos sejam mais facilmente identificados pelo leitor, uma
proposta seria não um sinal de dois pontos após “teatro”, mas sim um sinal de travessão.

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Outro ponto que deixa errado o item é dizer que a linguagem figurada é incompatível com o gênero em
questão. Ora, trata-se de um gênero argumentativo de cunho pessoal e o emprego de palavras ou expressões
de sentido figurado não prejudicaria o texto.

O item está ERRADO, portanto!

Resposta: ERRADO

25.CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018


Sem prejuízo para o sentido original e a correção gramatical do texto, a oração “se são invocados” (R. 28 e 29)
poderia ser deslocada para logo após a palavra “crime” (R.31), desde que estivesse isolada por vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Observemos o trecho original:

... se são invocados, é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até que ponto a vontade do réu
estava envolvida no crime. ...

As vírgulas foram aí empregadas para isolar uma oração subordinada adverbial condicional deslocada da
ordem direta. Seu emprego, nesse caso, é obrigatório.

Observemos a proposta de reescrita:


... é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até que ponto a vontade do réu estava envolvida no
crime, se são invocados ...

Pode-se questionar se, nessa posição, não se geraria uma ambiguidade: “invocados” tanto poderia se
referir a “eles (desejos)” como a “fatos”.

Além disso, como a oração adverbial condicional está agora posta ao final da construção frasal, o
emprego da vírgula deixa de ser obrigatório e passa a ser facultativo.

O item está ERRADO, portanto!

Resposta: ERRADO

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Texto para as questões 26 a 28

Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam
(500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto
a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston,
inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o
Atlanta Journal Constitution.

Revista da Semana, dez./2008 (com adaptações).


Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado.

26. CESPE – MPE/PI - 2018


A substituição do parêntese, na linha 4, por travessão não comprometeria a correção gramatical do texto,
desde que o parêntese na linha 5 fosse suprimido.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Observemos o seguinte trecho:

Desta vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que
desapareçam (500 places to see before they disappear).

O trecho isolado por parênteses tem caráter explicativo, o que torna possível isolá-lo por travessões sem
gerar prejuízo gramatical ao texto.

Resposta: CERTO

27.CESPE – MPE/PI - 2018


Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após “norte-
americanos” (R.9).
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Observemos o seguinte trecho:

... um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o Atlanta Journal
Constitution.

A oração em destaque, introduzida pelo pronome relativo “que”, é adjetiva restritiva. Dá-se a entender,
dessa forma, que apenas alguns estádios norte-americanos mantêm sua construção original.

Se fizermos a alteração proposta, inserindo a vírgula após “norte-americanos”, teremos uma oração
adjetiva explicativa. Dá-se a entender, dessa forma, que todos os estádios norte-americanos mantêm sua
construção original.

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Ocorre, portanto, mudança de sentido com a alteração proposta.

O item, portanto, está ERRADO.

Resposta: ERRADO

28. CESPE – MPE/PI - 2018

Seria incorreta a eliminação da vírgula empregada logo após a expressão “Desta vez” (R.2), pois seu uso é
obrigatório naquele contexto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Sabemos que adjuntos adverbiais deslocados da ordem direta são isolados por vírgula.

Acontece que é possível omitir as vírgulas de adjuntos adverbias de pequena extensão, MESMO
QUANDO DESLOCADOS DA ORDEM DIRETA.

E o que faz um adjunto adverbial ser de pequena extensão?

É consensual que adjuntos adverbiais formados por ATÉ DUAS PALAVRAS são considerados de
pequena extensão.

Há controvérsias quanto a adjuntos adverbiais formados por 3 palavras. Algumas gramáticas


consideram de pequena extensão; outras, não! Em provas discursivas, recomenda-se o emprego das vírgulas,
fugindo, assim, de polêmicas. Em provas objetivas, as bancas não costumam causar celeumas nesse sentido.

Resumindo: até 2 termos, o adjunto adverbial é consensualmente de pequena extensão: formado por
3 termos, não há consenso; formado por 4 ou mais termos, consensualmente o adjunto adverbial NÃO é mais
de pequena extensão.

Analisemos o item:

A expressão “Desta vez” tem valor temporal. É tempo é uma ideia adverbial, assim como lugar, causa,
finalidade, condição, etc. Trata-se sintaticamente de um adjunto adverbial temporal deslocado. Como é de
pequena extensão, a vírgula após “vezes” não é obrigatória.

O item, portanto, está ERRADO!

Resposta: ERRADO

Texto para a questão 29

Texto CB1A1-I

Escrita, secreta e submetida, para construir as suas provas, a regras rigorosas, a investigação penal é uma
máquina que pode produzir a verdade na ausência do réu. E, por isso mesmo, esse procedimento tende
necessariamente para a confissão, embora em direito estrito não a exija. Por duas razões: em primeiro lugar,
porque constitui uma prova tão forte que não há necessidade de acrescentar outras, nem de entrar na difícil e

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duvidosa combinatória dos indícios; a confissão, desde que seja devidamente feita, quase exime o acusador de
fornecer outras provas (em todo o caso, as mais difíceis); em segundo, a única maneira para que esse
procedimento perca toda a sua autoridade unívoca e para que se torne uma vitória efetivamente obtida sobre
o acusado, a única maneira para que a verdade exerça todo o seu poder, é que o criminoso assuma o seu próprio
crime e assine aquilo que foi sábia e obscuramente construído pela investigação.
No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso confesso desempenha o papel de verdade viva. Ato
do sujeito criminoso, responsável e falante, a confissão é a peça complementar de uma investigação escrita e
secreta. Daí a importância que todo processo de tipo inquisitorial atribui à confissão. Por um lado, tenta-se
fazê-la entrar no cálculo geral das provas, como se fosse apenas mais uma: não é a evidentia rei; tal como a mais
forte das provas, não pode por si só implicar a condenação e tem de ser acompanhada por indícios anexos e
presunções, pois já houve acusados que se declararam culpados de crimes que não cometeram; se não tiver em
sua posse mais do que a confissão regular do culpado, o juiz deverá então fazer investigações complementares.
Mas, por outro lado, a confissão triunfa sobre quaisquer outras provas. Até certo ponto, transcende-as;
elemento no cálculo da verdade, a confissão é também o ato pelo qual o réu aceita a acusação e reconhece os
seus bons fundamentos; transforma uma investigação feita sem a sua participação em uma afirmação
voluntária.
Michel Foucault. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Trad. Pedro Elói Duarte. Ed. 70: 2013 (com adaptações).

Com relação às ideias e aos sentidos do texto CB1A1-I, julgue os próximos itens.

29. CESPE – MPE/PI - 2018


A correção gramatical do texto seria preservada se o trecho “sábia e obscuramente” (R.16) fosse isolado por
vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Analisemos o seguinte trecho:
... e assine aquilo que foi sábia e obscuramente construído pela investigação.

O termo “sábia e obscuramente” constitui dois adjuntos adverbiais coordenados entre si. Uma vez que
eles estão intercalados entre o verbo auxiliar “foi” e o principal “construídos”, admite-se o emprego de vírgulas
isolando esse termo.

Resposta: CERTO

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30. CESPE - Assistente Administrativo (EBSERH)/2018 (e mais 3 concursos)

O Brasil, durante a maior parte da sua história, manteve uma cultura familista e pró-natalista. Por cerca de 450
anos, o incentivo à fecundidade elevada era justificado em função da prevalência de altas taxas de mortalidade,
dos interesses da colonização portuguesa, da expansão da ocupação territorial e do crescimento do mercado
interno.

Durante o período do Estado Novo (1937-1945), no governo de Getúlio Vargas, foram adotados dispositivos
legais para fortalecer a família numerosa, por meio de diversas medidas: desestímulo ao trabalho feminino;
facilidades para a aquisição de casa própria pelos indivíduos que pretendessem se casar; complemento de renda
dos casados com filhos e regras que privilegiavam os homens casados e com filhos quanto ao acesso e à
promoção no serviço público.

O artigo 124 da Constituição Brasileira de 1937 afirmava: “A família, constituída pelo casamento indissolúvel,
está sob a proteção especial do Estado. Às famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção
de seus encargos”. Naquele período, além dos incentivos ao casamento e à reprodução, vigia uma legislação
que proibia o uso de métodos contraceptivos e o aborto: o Decreto Federal n.º 20.291, de 1932, que vedava a
prática médica que tivesse por fim impedir a concepção ou interromper a gestação, e a Lei das Contravenções
Penais, sancionada em 1941, que proibia “anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar o
aborto ou evitar a gravidez”.
José Eustáquio Diniz Alves O planejamento familiar no Brasil Internet: <www ecodebate com br>
(com adaptações)

Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue o item seguinte.


A substituição do ponto empregado logo após “pró-natalista” por vírgula, com a devida alteração da letra inicial
maiúscula para minúscula, manteria a correção do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Com a alteração proposta, teríamos:

O Brasil, durante a maior parte da sua história, manteve uma cultura familista e pró-natalista, por cerca de
450 anos, o incentivo à fecundidade elevada era justificado em função da prevalência de altas taxas de
mortalidade,...

Gera-se, assim, um problema de coesão, pois não fica claro quem o adjunto adverbial “por cerca de 450
anos” modifica – se a forma verbal “manteve” na primeira oração; ou “era justificado”, na oração seguinte.

Resposta: ERRADO

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31.CESPE - Técnico Tributário da Receita Estadual (SEFAZ RS)/2018


Texto 1A1-I

Peças de barro de 4.000 a.C. encontradas na Mesopotâmia são os documentos escritos mais antigos que
conhecemos. E o mais antigo desses documentos faz referência aos impostos. Naquela época, além de
entregar parte dos alimentos que produziam ao governo, os sumérios, um dos povos que viviam por ali, eram
obrigados a passar até cinco meses por ano trabalhando para o rei.

Os mais sortudos eram empregados para realizar a colheita ou para retirar lama dos canais da cidade. Os menos
afortunados entravam para o exército, com grandes chances de morrer em uma guerra. Quem era rico
escapava: mandava escravos para fazer o serviço sujo. Assim que surgiu a moeda, surgiu também a ideia de
substituir a contribuição braçal por dinheiro.
Era assim também no antigo Egito. As evidências indicam que, em 3.000 a.C., os faraós coletavam impostos
em dinheiro ou em serviços pelo menos uma vez por ano. Ninguém era tão temido quanto os escribas,
responsáveis por determinar a dívida de cada um. O controle era tão rigoroso que fiscalizavam até o consumo
de óleo de cozinha nas residências, já que essa era uma substância tributada. Os impostos eram mais altos para
estrangeiros, e especula-se que foi para pagar dívidas tributárias que os hebreus, por exemplo, acabaram como
escravos.
O Império Romano aperfeiçoou a técnica de impor tributos a estrangeiros. Em economias pré-industriais, a
terra e o trabalho são os principais ingredientes da riqueza. Por isso, a conquista de outras terras e de povos
dava aos romanos acesso a mais riqueza, o que, por sua vez, permitia que conquistassem e controlassem um
território ainda maior.

O censo, usado até hoje em muitos países, foi criado pelos romanos para decidir quanto deveriam cobrar de
cada província. Os cálculos eram feitos com base no número de pessoas. Até hoje, a capacidade de cobrar
impostos é diretamente proporcional à quantidade e à qualidade de informações disponíveis sobre os
contribuintes.

Internet: <https://super.abril.com.br> (com adaptações).

A correção e a coesão do texto 1A1-I seriam preservadas caso fosse suprimida a vírgula empregada
imediatamente após

a) “em 3.000 a.C.”

b) “ali”

c) “Naquela época”

d) “Até hoje”
e) “censo”

RESOLUÇÃO:

ALTERNATIVA A – ERRADA – Para suprimir a vírgula após “em 3000 a.C.”, é necessário suprimir também
a vírgula que o antecede. Já que se trata de um adjunto adverbial de pequena extensão, tanto é correto isolá-lo
por virgulas, como não empregar vírgula alguma.

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ALTERNATIVA B – ERRADA - A vírgula após “ali” é necessária, uma vez que o termo “um dos povos que
viviam ali” é um aposto explicativo e requer isolamento por vírgulas, travessões ou parênteses.
ALTERNATIVA C – ERRADA - A vírgula após “Naquela época” é necessária, pois ela compõe o
isolamento da oração de natureza inclusiva intercalada “além de entregar parte dos alimentos que produziam
ao governo”.

ALTERNATIVA D – CERTA - A vírgula após “Até hoje” pode ser suprimida sem comprometer a correão
gramatical, uma vez que se trata de um adjunto adverbial de pequena extensão.

ALTERNATIVA E – ERRADA - A vírgula após “censo” é necessária, uma vez que o termo “usado até hoje
em muitos países” é uma oração adjetiva explicativa e requer isolamento por vírgulas, travessões ou
parênteses.

Resposta: D

32.CESPE - Técnico Tributário da Receita Estadual (SEFAZ RS)/2018


Texto 1A2-I

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida
e à liberdade, o direito à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos
outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.

O direito internacional relacionado aos direitos humanos estabelece obrigações para que os governos ajam de
determinadas maneiras ou se abstenham de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e
as liberdades de grupos ou indivíduos.

Desde o estabelecimento das Nações Unidas, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e
encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas.

Os direitos humanos são fundados no respeito pela dignidade e no valor de cada pessoa. São universais, ou
seja, são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas. São inalienáveis — e ninguém pode
ser privado de seus direitos humanos —, mas podem ser limitados em situações específicas: o direito à liberdade
pode ser restringido se, após o devido processo legal, uma pessoa for julgada culpada de um crime punível com
privação de liberdade.

Internet: <https://nacoesunidas.org> (com adaptações).

Os sentidos e a correção gramatical do texto 1A2-I seriam preservados se o trecho “Todos merecem estes
direitos, sem discriminação.” fosse substituído por:

a) Todos, sem discriminação merecem tais direitos.

b) Todos, sem discriminação, merecem estes direitos.


c) Sem discriminação, todos, merecem tais direitos.

d) Todos, merecem, sem discriminação estes direitos.

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e) Todos sem discriminação, merecem estes direitos.


RESOLUÇÃO:

O termo “sem discriminação” é um adjunto adverbial de pequena extensão. Isso significa que ele pode ou
não ser isolado por vírgulas. Ou se empregam virgulas cercando-o ou não se emprega vírgula alguma.

A letra A está errada, pois só há vírgula antes de “sem discriminação”.

As letras C e D estão erradas, pois há uma vírgula separando o sujeito “todos” da forma verbal “merecem”.

A letra D está errada, pois só há uma vírgula após “sem discriminação”.

Resposta: B

33.CESPE - Analista do Ministério Público da União/Apoio Jurídico/Direito/2018


Falar em desigualdade é falar também em pobreza. A reprodução social das desigualdades contribui para o
aprofundamento das situações de pobreza, por isso uma estratégia de enfrentamento deve considerar a
conexão entre as duas pautas.

É necessário compreender que a desigualdade se expressa em diferentes dimensões na vida das pessoas e que
apenas uma minoria se beneficia com a acumulação de riqueza e de poder. No caso do Brasil, há especificidades
que devem ser observadas. A história de colonização e de escravidão deixou heranças ainda presentes, que
resguardam a condição desigual no acesso a bens, serviços e equipamentos públicos.

A desigualdade não é natural; ela é uma construção social. Quando a desigualdade é naturalizada, ela passa a
instituir o poder da opressão social. Os mecanismos que reproduzem as desigualdades devem ser revelados de
forma que se possibilite seu enfrentamento pela sociedade civil por meio da cidadania ativa, buscando-se o
aprofundamento da democracia e a garantia da justiça de gênero, da igualdade racial e dos direitos humanos.

Kátia Maia. Vamos falar sobre desigualdade? Internet: <www.oxfam.org.br> (com adaptações).
A respeito dos aspectos linguísticos do texto, julgue o item subsecutivo.

A introdução de uma vírgula imediatamente após a palavra “revelados” manteria a correção gramatical do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Com a alteração proposta, teremos:

“Os mecanismos que reproduzem as desigualdades devem ser revelados, de forma que se possibilite seu
enfrentamento pela sociedade...”

A oração “de forma que se possibilite...” é adverbial do tipo consecutiva e está posicionada no final do
período. Dessa forma, é facultativo o emprego da vírgula para introduzir essa oração.

Resposta: CERTO

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34. CESPE - Técnico do Ministério Público da União/Apoio Técnico e Administrativo/Administração/2018

Se a cultura, no que tange a valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo), limitarmo-nos a
ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode
nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo, dessa forma, representa uma
visão de mundo que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado,
primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, o que faz o
indivíduo limitar-se à visão que possui como referência cultural. A herança cultural que recebemos de nossos
pais e antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa.

Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e seus hábitos acaba por gerar uma visão
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está,
certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia. Basta pensarmos nas
relações entre norte-americanos e latinos imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente
africano que buscam residência em países estrangeiros, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha
na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como
a Internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.
Internet: <https://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações).
Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.

Na linha marcada, a correção do texto seria prejudicada caso a vírgula empregada logo após o parêntese fosse
substituída por ponto e vírgula.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO
Com a alteração proposta, teremos:

Se a cultura, no que tange a valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo); limitarmo-nos a
ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode nos
levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana.

A oração adverbial condicional “Se a cultura... indivíduos” está deslocada da ordem direta e, portanto,
deve ser isolada da oração principal por vírgula, e não por ponto e vírgula, como sugere o item.

Isso significa que a substituição da vírgula por ponto e vírgula prejudicaria sim a correção gramatical.

Resposta: CERTO

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35.CESPE - Técnico do Ministério Público da União/Apoio Técnico e Administrativo/Administração/2018


Se a cultura, no que tange a valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo), limitarmo-nos a
ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode
nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo, dessa forma, representa uma
visão de mundo que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado,
primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, o que faz o
indivíduo limitar-se à visão que possui como referência cultural. A herança cultural que recebemos de nossos
pais e antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa.

Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e seus hábitos acaba por gerar uma visão
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está,
certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia. Basta pensarmos nas
relações entre norte-americanos e latinos imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente
africano que buscam residência em países estrangeiros, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha
na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como
a Internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.

Internet: <https://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações).

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.

A inserção de uma vírgula após “global” alteraria os sentidos originais do texto, mas não sua correção
gramatical.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

No trecho original “... contramão do processo de integração global decorrente da modernização...”, o


segmento “decorrente da modernização...” tem natureza restritiva, dando a entender que se está falando de
um processo de integração global específico.

Pondo uma virgula após “global”, o mesmo segmento passa a e natureza explicativa, dando-se a entender
que todo processo de integração global é decorrente da modernização dos meios de comunicação.
Isso posto, a alteração sugerida no item altera os sentidos originais, mas não compromete a correção
gramatical do texto.

Resposta: CERTO

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36. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018


Texto 1A1-I

Dói. Dói muito. Dói pelo corpo inteiro. Principia nas unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, penaliza a
memória e se estende pela altura da pele. Nada fica sem dor. Também os olhos, que só armazenam as imagens
do que já fora, doem. A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros
futuros. Não se chora pelo amanhã. Só se salga a carne morta.

No princípio, se um de nós caía, a dor doía ligeiro.Um beijo seu curava a cabeça batida na terra, o dedo
espremido na dobradiça da porta, o pé tropeçado no degrau da escada, o braço torcido no galho da árvore. Seu
beijo de mãe era um santo remédio. Ao machucar, pedia-se: mãe, beija aqui!

Há que experimentar o prazer para, só depois, bem suportar a dor. Vim ao mundo molhado pelo desenlace. A
dor do parto é também de quem nasce. Todo parto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se — em
lágrimas — do paraíso, é condenar-se à liberdade. Houve, e só depois, o tempo da alegria ao enxergar o mundo
como o mais absoluto e sucessivo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo. Sem a mãe, a casa veio a
ser um lugar provisório.

Uma estação com indecifrável plataforma, onde espreitávamos um cargueiro para ignorado destino. Não se
desata com delicadeza o nó que nos amarra à mãe. Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nosso bilhete
de partida. Sem poder recuar, os trilhos corriam exatos diante de nossos corações imprecisos. Os cômodos
sombrios da casa — antes bem- aventurança primavera — abrigavam passageiros sem linha do horizonte. Se
fora o lugar da mãe, hoje ventilava obstinado exílio.
Bartolomeu Campos de Queirós. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 5 (com
adaptações).

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o seguinte item.
Seriam preservadas a coerência e a correção gramatical do texto caso o vocábulo “exatos” fosse isolado por
vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
O elemento adverbial “diante de nossos corações” se encontra no final da oração. Dessa forma, é
facultativa a vírgula antes dele.

Isso posto, a alteração proposta não comprometeria a correção e a coerência do texto.

Resposta: CERTO

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37. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018

Dói. Dói muito. Dói pelo corpo inteiro. Principia nas unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, penaliza a
memória e se estende pela altura da pele. Nada fica sem dor. Também os olhos, que só armazenam as imagens
do que já fora, doem. A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros
futuros. Não se chora pelo amanhã. Só se salga a carne morta.
No princípio, se um de nós caía, a dor doía ligeiro. Um beijo seu curava a cabeça batida na terra, o dedo
espremido na dobradiça da porta, o pé tropeçado no degrau da escada, o braço torcido no galho da árvore. Seu
beijo de mãe era um santo remédio. Ao machucar, pedia-se: mãe, beija aqui!

Há que experimentar o prazer para, só depois, bem suportar a dor. Vim ao mundo molhado pelo desenlace. A
dor do parto é também de quem nasce. Todo parto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se — em
lágrimas — do paraíso, é condenar-se à liberdade. Houve, e só depois, o tempo da alegria ao enxergar o mundo
como o mais absoluto e sucessivo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo. Sem a mãe, a casa veio
a ser um lugar provisório.
Uma estação com indecifrável plataforma, onde espreitávamos um cargueiro para ignorado destino. Não se
desata com delicadeza o nó que nos amarra à mãe. Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nosso bilhete
de partida. Sem poder recuar, os trilhos corriam exatos diante de nossos corações imprecisos. Os cômodos
sombrios da casa — antes bem- aventurança primavera — abrigavam passageiros sem linha do horizonte. Se
fora o lugar da mãe, hoje ventilava obstinado exílio.

Bartolomeu Campos de Queirós. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 5 (com adaptações).
Ainda a respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 1A1-I, julgue o item que se segue.

A mesma regra de pontuação justifica o emprego do sinal de dois-pontos nas linhas 12 e 19.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
No trecho “Ao machucar, pedia-se: mãe, beija aqui!”, os dois pontos foram utilizados para introduzir um
discurso.

Já no trecho “...como o mais absoluto e sucessivo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo.”,
os dois pontos introduzem uma enumeração.

Trata-se, portanto, de motivações distintas.

Resposta: ERRADO

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38. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito
após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto e por toda a vida,
na condição de menoridade. As mesmas causas explicam por que parece tão fácil outros afirmarem-se como
seus tutores. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que
tem consciência por mim, um médico que me prescreve uma dieta etc.: então não preciso me esforçar. Não me
é necessário pensar, quando posso pagar; outros assumirão a tarefa espinhosa por mim.

A maioria da humanidade vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à
maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente
embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que essas pacatas criaturas não ousem dar qualquer
passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram
andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam
finalmente a andar; basta, entretanto, o exemplo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo
para que não façam novas tentativas.

Kant. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento?

Tradução de Pedro Caldas. In: Danilo Marcondes. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Zahar, 4.ª edição,
2008 (com adaptações).

A respeito das propriedades linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.

Seriam preservadas a correção e a coesão do texto caso fosse inserida uma vírgula imediatamente após
“explicam”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Fazendo-se a alteração proposta, teríamos:

Preguiça e covardia são as causas que explicam, por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito
após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto e por toda a vida, na
condição de menoridade.
Note que a vírgula após “explicam” separa essa forma verbal da oração que funciona como seu objeto
direto – “por que uma grande...”.

Não se pode empregar vírgula para isolar verbo e complemento, o que faz da alteração proposta um
equívoco gramatical.

Resposta: ERRADO

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39. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018

A respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 2A1-II, julgue o item que se segue.

Seria correto isolar a expressão “nós sabemos” (l.8) entre vírgulas, para dar maior destaque às ideias do trecho
em que ela aparece.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Analisando sintaticamente a construção “o que nós sabemos”, temos como sujeito “nós”; como verbo
transitivo direto “sabemos”; como objeto direto a construção “o que”.

Ao se propor uma vírgula após “que”, está-se fazendo uma pausa na sequência sujeito – verbo –
complemento, o que não é permitido, não importa a ordem desses termos.

Resposta: ERRADO

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Texto para as questoes 40 a 41

Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e a aspectos linguísticos do texto 2A1-I.

40. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018

No terceiro parágrafo, os travessões isolam trecho que exemplifica “características de transações já feitas pelo
usuário”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

Muito sutil!

Observemos o trecho “... informações sobre características de transações já feitas pelo usuário – como
valores médios gastos, horários de compra...”.

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O segmento isolado por travessões diz respeito não a “características”, mas sim a “informações”.
Cruel! Muito cruel!

Resposta: ERRADO

41. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018

A inserção de vírgula imediatamente após a palavra “diretamente” (l.29) não comprometeria a correção
gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Se pusermos uma vírgula após “diretamente”, necessariamente precisaremos de uma vírgula antes,
isolando, assim, o adjunto adverbial de pequena extensão. Ou se isola com duas vírgulas – uma antes, outra
depois –, ou não se utiliza vírgula alguma.

Se empregarmos apenas uma vírgula depois de “diretamente”, a construção resultante será: ...
interfere diretamente, no registro de falsos positivos... Ocorre que, assim feito, separaremos a forma verbal
“interfere” do seu complemento “no registro de falsos positivos...”, o que configura erro gramatical.

Resposta: ERRADO

42. CESPE - Técnico de Gestão Educacional (SEDF)/Apoio Administrativo/2017 (e mais 1 concurso)

As críticas à extrema confiança que demos à ciência como forma única de conhecimento são muitas e
espalham-se em diversas frentes. Embora não possamos desconsiderar o avanço científico a que os últimos
séculos assistiram — as revoluções consideráveis no campo da medicina, da física, da química e das próprias
ciências sociais e humanas —, essa ciência capitalista, androcêntrica e colonial não tem conseguido dar conta
de resolver o problema que ela própria ajudou a construir.
Atualmente há uma grande preocupação quanto à capacidade dessa ciência, criada pelos interesses do
desenvolvimento e da exploração da natureza, de oferecer soluções para lidar com a crise ambiental, social e
econômica.
Pensar a crise socioambiental no contexto da razão moderna é pensar que essa crise é o resultado do triunfo
do capitalismo e da racionalidade técnico-científica. Falamos não só de uma crise ecológica, mas também de
uma crise civilizatória de amplas dimensões, do funcionamento de um sistema que destrói e ameaça as suas
próprias bases de sobrevivência, sustentado pela separação homem/natureza, com repercussões para toda a
vida social.

J. Dourado et al. Escolas sustentáveis. São Paulo: Oficina de Textos, 2015, p. 25-6 (com adaptações).
Considerando as ideias e estruturas linguísticas do texto, julgue o item a seguir.

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Mantém-se a correção gramatical do período caso os travessões empregados no primeiro parágrafo sejam
substituídos por parênteses.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

O termo isolado entre travessões é um aposto explicativo, que pode ser isolado por vírgulas, travessões
ou parênteses.

Resposta: CERTO

43. CESPE - Técnico de Gestão Educacional (SEDF)/Apoio Administrativo/2017 (e mais 1 concurso)

Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor
hipótese, se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso.
É bem característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil
retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para
o outro se estivessem amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é
condição obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada
de outros elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma
de fogo posta nas mãos de um cego.
Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com
adaptações).
Julgue o item a seguir, que trata de aspectos gramaticais do texto.
Em “é comparável, em certos casos, a uma arma de fogo posta nas mãos de um cego”, as vírgulas foram
empregadas para isolar termo acessório da oração.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
O termo “em certos casos” é um adjunto adverbial de tempo deslocado da ordem direta e, portanto,
isolado por vírgulas. Trata-se sim de um termo acessório da oração.

Resposta: CERTO

44. CESPE - Monitor de Gestão Educacional (SEDF)/2017

O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos profissionais mais
atuantes na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos pelo nome e é um
dos primeiros a ser procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado rapidamente. Contudo,
ele nem sempre é valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem que quem atua nessa
função deve apenas controlar os espaços coletivos para impedir a ocorrência de agressões, depredações e
furtos, vigiar grupos de alunos, observar comportamentos suspeitos e até mesmo revistar armários e mochilas.

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Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam se
manifestando com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os estudantes.
E uma relação fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que deveria ser um dos
objetivos de todas as escolas.

Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à equipe
gestora realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens nos diversos
espaços (como o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa formação, eles
serão capazes de trazer informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que poderão ser objeto
de análise para que o orientador educacional, juntamente com o diretor e a equipe docente, planeje e execute
intervenções.

O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).

A respeito dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.


Seria mantida a correção gramatical do texto caso a vírgula empregada imediatamente após “educadores”
fosse suprimida.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

A vírgula antes de “e” aditivo é possível somente no caso de essa conjunção conectar orações com sujeitos
distintos, o que é o caso do trecho em destaque.

A vírgula nesse caso, portanto, é facultativa! Sus supressão não implicaria erro gramatical.

Resposta: CERTO

45. CESPE - Analista de Gestão Educacional (SEDF)/Administração/2017 (e mais 8 concursos)

Texto CB1A1BBB

Pedir ao educador que situe o centro de gravidade na própria criança é pedir-lhe nada menos que fazer uma
revolução, se é verdade que até agora o centro de gravidade foi situado fora dela. É essa revolução — exigência
fundamental do movimento da educação nova — que Claparède compara à que Copérnico realizou na
astronomia, e que ele define, com tanta felicidade, nas seguintes linhas: “são os métodos e os programas que
gravitam em torno da criança e não mais a criança que gira em torno de um programa decidido fora dela. Essa
é a revolução copernicana à qual a psicologia convida o educador”.

M. A. Bloch. Filosofia da educação nova. Paris: PUF, 1973, p. 33 (com adaptações).


Com relação às ideias do texto CB1A1BBB e aos seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.

Os travessões foram empregados no texto para isolar uma expressão de natureza explicativa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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RESOLUÇÃO

Exatamente! O trecho isolado entre travessões é um aposto explicativo, que pode ser isolado também
por vírgula ou por parênteses.

Resposta: CERTO

46. CESPE - Analista Judiciário (TRE PE)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017 (e mais 4 concursos)

Texto CG1A1AAA

No quadro da democracia liberal, cidadania corresponde ao conjunto das liberdades individuais — os chamados
direitos civis de locomoção, pensamento e expressão, integridade física, associação etc. O advento da
democracia social acrescentou, àqueles direitos do indivíduo, os direitos trabalhistas ou direitos a prestações
de natureza social reclamadas ao Estado (educação, saúde, seguridade e previdência.). Em ambos os casos, o
cidadão é titular de direitos e liberdades em relação ao Estado e a outros particulares — mas permanece situado
fora do campo estatal, não assumindo qualquer titularidade quanto a funções públicas. Preserva-se, assim, a
perspectiva do constitucionalismo clássico: direitos do homem e do cidadão são exercidos frente ao Estado,
mas não dentro do aparelho estatal.
Na teoria constitucional moderna, cidadão é o indivíduo que tem um vínculo jurídico com o Estado, sendo
portador de direitos e deveres fixados por determinada estrutura legal (Constituição, leis), que lhe confere,
ainda, a nacionalidade. Cidadãos, em tese, são livres e iguais perante a lei, porém súditos do Estado.

Como lembra Marilena Chaui, a cidadania se define pelos princípios da democracia, significando
necessariamente conquista e consolidação social e política. A cidadania requer instituições, mediações e
comportamentos próprios, constituindo-se na criação de espaços sociais de lutas (movimentos sociais,
sindicais e populares) e na definição de instituições permanentes para a expressão política, como partidos,
legislação e órgãos do poder público. Distingue-se, portanto, a cidadania passiva, aquela que é outorgada pelo
Estado, com a ideia moral do favor e da tutela, da cidadania ativa, aquela que institui o cidadão como portador
de direitos e deveres, mas essencialmente criador de direitos para abrir novos espaços de participação política.

Maria Victoria de Mesquita Benevides. Cidadania e democracia. Internet: <www.scielo.br> (com adaptações).

Seriam mantidas a correção gramatical e o sentido original do texto CG1A1AAA, caso, no trecho “Como
lembra Marilena Chaui, a cidadania se define pelos princípios da democracia, significando necessariamente
conquista e consolidação social e política”

a) o vocábulo “necessariamente” fosse isolado por vírgulas.

b) fosse suprimida a vírgula empregada logo após “Chaui”.


c) fosse inserida uma vírgula logo após “significando”.

d) a vírgula empregada logo após “democracia” fosse substituída por ponto e vírgula.

e) o trecho “pelos princípios da democracia” fosse isolado por vírgulas.

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RESOLUÇÃO:

ALTERNATIVA A – CERTA – O adjunto adverbial “necessariamente”, por ser de pequena extensão, pode
ser isolado por duas vírgulas – uma antes, outra depois – ou por nenhuma.

ALTERNATIVA B – ERRADA – A vírgula após “Chauí” é mandatória, pois isola a oração adverbial
conformativa “Como lembra Marilena Chauí” deslocada da ordem direta.

ALTERNATIVA C – ERRADA – Se pusermos uma vírgula após “significando”, seremos obrigados a pôr
uma vírgula após “necessariamente”, isolando, assim, o adjunto adverbial de pequena extensão. Ou se isola
com duas vírgulas – uma antes, outra depois –, ou não se utiliza vírgula alguma.

Se empregarmos apenas uma vírgula após “significando”, a construção resultante será: ... significando,
necessariamente conquista e consolidação...”. Ocorre que, assim feito, separaremos a forma verbal
“significando” do seu complemento “conquista e consolidação...”, o que configura erro gramatical.

ALTERNATIVA D – ERRADA – A oração “significando necessariamente conquista...” é subordinada


adjetiva explicativa reduzida de gerúndio, que pode ser isolada por vírgulas, travessões ou parênteses. O sinal
de ponto e vírgula não é indicado para esse fim.

ALTERNATIVA E – ERRADA – Essas vírgulas separariam a forma verbal “se define” do objeto indireto
“pelos princípios da democracia...”.

Resposta: A

47. CESPE - Analista Judiciário (TRE PE)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017 (e mais 4 concursos)

Texto CG3A1AAA
A moralidade, que deve ser uma característica do conjunto de indivíduos da sociedade, deve caracterizar de
modo mais intenso ainda aqueles que exercem funções administrativas e de gestão pública ou privada. Com
relação a essa ideia, vale destacar que o alcance da moralidade vincula-se a princípios ou normas de conduta,
aos padrões de comportamento geralmente reconhecidos, pelos quais são julgados os atos dos membros de
determinada coletividade. Disso é possível deduzir que os membros de uma corporação profissional — no caso,
funcionários e servidores da administração pública — também devem ser submetidos ao julgamento ético-
moral. A administração pública deve pautar-se nos princípios constitucionais que a regem. É necessário, ainda,
que tais princípios estejam pública e legalmente disponíveis ao conhecimento de todos os cidadãos, para que
estes possam respeitá-los e vivenciá-los. Nesse contexto, destacam-se os princípios constitucionais tidos como
base da função pública e que, sem dúvida, constituem pilares de sustentabilidade da função gestora.

O Estado constitui uma esfera ético-política caracterizada pela união de partes que lhe conferem a
característica de um organismo vivo, composto pela participação dos cidadãos e de todos aqueles que se
abrigam em sua circunscrição constitucional e legal, ou seja, se abrigam sob a égide de uma Constituição.

A ética e a cidadania não se desvinculam da questão dos princípios da ação do Estado e da moralidade
administrativa, uma vez que, por mais alargados que pareçam os direitos e as esferas individuais — as quais
parecem ser extremamente flexíveis nos atuais contextos —, urge que sejam regulamentadas as vinculações
estreitas que existem entre esferas individuais e esferas coletivas, pressupondo-se, assim, níveis de avanço no
campo do progresso moral da sociedade.

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Z. A. L. Rodriguez. Ética na gestão pública. Curitiba: InterSaberes, 2016, p. 130-1 (com adaptações).
A correção gramatical do texto CG3A1AAA seria mantida caso
a) fosse suprimida a vírgula empregada imediatamente após o travessão em vermelho.

b) fosse inserida uma vírgula imediatamente após “gestão”

c) fosse suprimida a vírgula empregada logo após “dúvida”.


d) fossem suprimidas as vírgulas que isolam o conectivo “ou seja”.

e) fosse empregada vírgula imediatamente após o travessão na linha 5.

RESOLUÇÃO:

ALTERNATIVA A – ERRADA – Observe o trecho: “...uma vez que, por mais alargados que pareçam os
direitos e as esferas individuais — as quais parecem ser extremamente flexíveis nos atuais contextos —, urge
que sejam regulamentadas as vinculações ...”. Não é possível suprimir a vírgula após o travessão, haja vista que
essa vírgula isola a oração adverbial concessiva deslocada da ordem direta “por mais alargados que pareçam...”

ALTERNATIVA B – CERTA – Sem vírgula, o termo “pública ou privada” funciona sintaticamente como
adjunto adnominal. Com a vírgula, o termo “pública ou privada” funciona como predicativo. Muda-se a função
sintática, mas a correção gramatical permanece.

ALTERNATIVA C – ERRADA – Para que a vírgula após “dúvida” seja suprimida, é necessário também
suprimir a vírgula antes. O termo “sem dúvida” é um adjunto adverbial de pequena extensão. Dessa forma, ele
pode ser isolado por duas vírgulas – uma antes, outra depois – ou por nenhuma.

ALTERNATIVA D – ERRADA – A expressão “ou seja” é interpositiva e deve sim ser isolada por vírgulas.

ALTERNATIVA E – ERRADA – Observe o trecho: “Disso é possível deduzir que os membros de uma
corporação profissional — no caso, funcionários e servidores da administração pública — também devem ser
submetidos ao julgamento ético-moral.”. Se pusermos uma vírgula após o travessão, separaremos o sujeito
“os membros de uma corporação profissional” do predicado “também devem ser submetidos...”, o que
configura erro gramatical.

Resposta: B

48. CESPE - Agente de Segurança Penitenciária (SJDH PE)/2017

Texto

Após o processo de redemocratização, com o fim da ditadura militar, em meados da década de 80 do século
passado, era de se esperar que a democratização das instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram mais desafios para a cidadania brasileira, como a
violência urbana — que ameaça os direitos individuais — e o desemprego — que ameaça os direitos sociais.

No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de 1980, impacto do processo de modernização pelo
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou em circulação bens de alto valor e,

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consequentemente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusive porque a maior mobilidade de pessoas
torna o espaço social mais anônimo, menos supervisionado.

Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais dissociada de justiça social e reconstrução da
sociedade. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem menos ambicioso: o controle. A prisão ganha
mais importância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla necessidade dessa nova cultura: castigo e
controle do risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém não segurança, pois o Estado tem o poder
limitado de manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de controle com
organizações locais e com a comunidade.

Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e garantia dos direitos individuais: os desafios da
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev.
– mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).

No primeiro parágrafo do texto, os dois-pontos introduzem


a) uma enumeração das “categorias de direitos”.

b) resultados da “consolidação da cidadania”.

c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como algo “amplo”.


d) uma generalização do termo “direitos”.

e) objetivos do “processo de redemocratização”.


RESOLUÇÃO:

Observe o trecho: “... abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos e sociais.”. Os dois pontos
empregados introduzem uma enumeração, que detalha o termo antecedente “categorias de direitos”.

Resposta: A

49. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-PE)/Auditoria de Contas Públicas/2017 (e mais 1 concurso)

Comecemos pelo conceito. A democracia veio dos gregos. Democracia não é só a eleição do governo pelo povo,
mas, sim, a atribuição, pelo povo, do poder — que inclui mais que o mero governo; inclui o direito de fazer leis.
Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na praça pública.

Um grande êxito dos atenienses, se comparados aos modernos, era o amor à política. Moses Finley, um dos
maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se reunia cerca de quarenta vezes
ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um total de quarenta mil
possíveis (a presença não era obrigatória.) Comparo esse empenho ao nosso. Quantos não resmungam para
votar uma só vez a cada dois anos? Nesse período, o ateniense teria passado oitenta tardes na praça, ouvindo,
votando.
Mas a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos. Não havia proteção contra as decisões da
assembleia soberana. Ela podia decretar o banimento de quem quisesse, sem se justificar: assim Temístocles
foi sentenciado ao ostracismo pelo mesmo povo que ele salvara dos persas. Desde a era moderna, os direitos

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do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais. Estes são os grandes legados das três revoluções
modernas — a inglesa, a americana e a francesa: somos protegidos não só dos desmandos do monarca
absoluto, contra os quais o melhor antídoto seria a soberania popular, mas também da tirania do próprio povo
e de seus eleitos.

Renato Janine Ribeiro. Os direitos humanos e a democracia. In: Valor Econômico. 7/1/2013. Internet:
<www.valor.com.br> (com adaptações).

Com o emprego das aspas na palavra ‘falha’, o autor deixa explícita uma marca de opinião que interfere no
sentido dessa palavra no texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Se a palavra “falha” não estivesse isolada por aspas, entenderíamos seu sentido de forma literal,
denotativa. Tratava-se de um erro cometido pela sociedade ateniense.

Com as aspas, fica sinalizado um posicionamento do autor, pois este dá a entender que não se trata de
uma falha propriamente dita, uma vez que a noção de direitos humanos é ulterior à realidade ateniense.

Resposta: CERTO

50. CESPE - Analista de Controle Externo (TCE-PE)/Auditoria de Contas Públicas/2017

Texto CB2A1AAA
A auditoria, uma das instâncias que garantem a credibilidade das instituições, consiste na análise, à luz da
legislação em vigor e das boas práticas administrativas, do contrato entre as partes, governos e entidades
prestadoras de serviços, e dos procedimentos efetivados, de modo a aferir a sua execução e a conferir os valores
cobrados para garantir que o pagamento seja justo e correto. Consiste, também, no acompanhamento dos
eventos para verificar a qualidade dos serviços prestados por esses agentes.
No âmbito da auditoria, o fundamento da credibilidade consiste na preservação da idoneidade ética. Os
pressupostos éticos da auditoria são três: o princípio da dignidade, o da equidade e o da transparência.
Formulado pelo filósofo alemão Immanuel Kant, no final do século XVIII, o princípio da dignidade afirma que
toda pessoa deve ser tratada, sempre, como fim e nunca como meio. O princípio da equidade, uma ampliação
do princípio da dignidade feita pela Organização das Nações Unidas, em sua Carta de 1946, diz que todo ser
humano possui a mesma dignidade e deve ser tratado com igual consideração e respeito. O princípio da
transparência tem duas versões no próprio Kant: uma diz que se deve sempre agir de tal forma que os motivos
de atuação possam ser divulgados publicamente; a outra afirma que se deve agir de tal modo que a norma de
atuação possa se tornar lei universal. Assim, os negócios escusos, a corrupção, a gatunagem, os procedimentos
ilícitos fogem da luz da divulgação como os vampiros da luz do Sol. Certamente, o princípio da transparência é
o que dá credibilidade à gestão pública e à gestão em geral. Nas pesquisas de opinião, vê-se como a sociedade
coloca-se frente às instituições, exigindo transparência.

Nos momentos de amadurecimento democrático, constata-se que a auditoria ganha espaço nas organizações.
A auditoria seria o primeiro capítulo da transparência na gestão. Quando a sociedade quer tudo em pratos
limpos, a auditoria ascende a um primeiro lugar no seio das organizações, porque é o elemento que permite à
sociedade ter consciência de como está sendo efetivada a gestão. Se não há auditoria, ou se essa não é

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praticada de forma constante e transparente, as instituições perdem credibilidade. Quando uma auditoria séria
é praticada, as instituições são mais bem aceitas.

Ricardo Vélez Rodríguez. Auditoria, fundamentos éticos. In: Auditoria, uma abordagem interdisciplinar:
aspectos relevantes para o setor público. Anais da V Jornada Brasileira de Controle Interno. Rio de Janeiro,
dez./2003, p. 32. Internet: <www.rio.rj.gov.br> (com adaptações).

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto CB2A1AAA, julgue o item seguinte.

Os sentidos originais do texto seriam alterados caso fosse suprimida a vírgula empregada imediatamente
após “serviços”.

( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

Observe o seguinte trecho: “A auditoria, uma das instâncias que garantem a credibilidade das
instituições, consiste na análise, à luz da legislação em vigor e das boas práticas administrativas, do contrato
entre as partes, governos e entidades prestadoras de serviços, e dos procedimentos efetivados, de modo a
aferir a sua execução e a conferir os valores cobrados para garantir que o pagamento seja justo e correto.”

A vírgula depois de “serviços” é uma necessidade, haja vista que ela isola o aposto explicativo “governos
e entidades prestadoras de serviços”. Note que esse termo está subordinado ao substantivo “partes”.
Se retirássemos a vírgula após “serviços”, entenderíamos que “partes”, “governos” e “entidades
prestadoras de serviço” compõem uma enumeração , sendo, portanto, três elementos distintos.

Dessa forma, ocorre mudança de sentido com a alteração proposta.

Resposta: CERTO

51.CESPE - Analista de Gestão (TCE-PE)/Administração/2017


O princípio constitucional da eficiência exige do administrador público não apenas a execução de políticas
públicas, mas, acima de tudo, a valorização do bem comum, com menos esforço, com menos custo e com
melhores resultados.

Assim, caminha-se em direção ao controle do mérito das atividades governamentais. Quando se anula um
contrato ou se edita medida preventiva, impedindo-se a sua consumação por ser antieconômica, afirma-se que
os benefícios decorrentes do projeto ou da ação governamental não justificam os custos. Anula-se, em outras
palavras, por má gestão administrativa.

À medida que se fiscaliza, se orienta e se previne, sobram mais recursos públicos; consequentemente, quem
ganha é a sociedade, em especial os menos favorecidos.
É consensual que uma administração pública moderna, orientada por princípios de racionalidade, deve iniciar
o seu controle na própria atuação de seus agentes públicos. Daí a importância do controle da utilização de
valores públicos, para extinguir práticas ilegais e evitar o desperdício de recursos que, por serem escassos,
devem ser geridos criteriosamente, de forma a deles se tirar o máximo de utilidade com o mínimo de sacrifício
para a coletividade.

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Idem. Ibidem.

Julgue o item, relativo a aspectos linguísticos e às ideias do texto precedente.

Na linha 12, a substituição do ponto e vírgula por ponto final prejudicaria a correção gramatical do trecho, ainda
que a letra inicial de “consequentemente” fosse ajustada para maiúscula.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Fazendo-se a alteração proposta, teremos: “À medida que se fiscaliza, se orienta e se previne, sobram
mais recursos públicos. Consequentemente, quem ganha é a sociedade, em especial os menos favorecidos.”.

A redação resultante preserva a correção gramatical. É possível substituir o ponto e vírgula por uma pausa
maior, no caso a do ponto final.

Resposta: ERRADO

52.CESPE - Analista de Gestão (TCE-PE)/Julgamento/2017


As últimas décadas registraram o ressurgimento do campo do conhecimento denominado políticas públicas,
assim como das instituições, das regras e dos modelos que regem sua decisão, elaboração, implementação e
avaliação.
A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica surgiu nos Estados Unidos da América
(EUA.), em um rompimento com a tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam,
então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos governos. Na Europa, a área
de política pública despontou como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre
o papel do Estado e de uma das mais importantes instituições do Estado: o governo, produtor, por excelência,
de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, o surgimento da área no mundo acadêmico ocorreu sem relações
com bases teóricas sobre o papel do Estado, mas com ênfase nos estudos sobre a ação dos governos.
O pressuposto analítico que regeu a constituição e a consolidação dos estudos sobre políticas públicas é o de
que, em democracias estáveis, aquilo que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser formulado
cientificamente e analisado por pesquisadores independentes. A trajetória da disciplina, que nasceu como
subárea da ciência política, abriu o terceiro grande caminho trilhado pela ciência política norte-americana no
que se refere ao estudo do mundo público. O primeiro caminho, seguindo a tradição de Madison, cético da
natureza humana, focalizava o estudo das instituições, consideradas fundamentais para limitar a tirania e as
paixões inerentes à natureza humana. O segundo seguiu a tradição de Paine e Tocqueville, que viam nas
organizações locais a virtude cívica para promover o “bom” governo. O terceiro caminho foi o das políticas
públicas como um ramo da ciência política para se entender como e por que os governos optam por
determinadas ações.

A política pública, embora seja formalmente um ramo da ciência política, a ela não se resume, podendo
também ser objeto analítico de outras áreas do conhecimento, inclusive da econometria, já bastante influente
em uma das subáreas da política pública, a da avaliação, que também vem recebendo influência de técnicas
quantitativas. Esse seu caráter holístico não implica carência de coerência teórica e metodológica.

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Desenhadas e formuladas, as políticas públicas desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de dados
ou sistema de informação e pesquisas. Postas em ação, são implementadas, devendo ficar, então, submetidas
a sistemas de acompanhamento e avaliação.

Celina Souza. Políticas públicas: uma revisão da literatura. In: Sociologias. Ano 8, n.º 16, Porto Alegre, jul. –
dez./2006, p. 20-45 (com adaptações).

Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto precedente, julgue o item a seguir.

Feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas, a substituição do ponto final empregado logo após
“pesquisas” por ponto e vírgula manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO

De fato! Um dos empregos do sinal de ponto e vírgula objetiva enfatizar uma comparação ou um
contraste. No caso específico, faz-se uma comparação entre os trechos oracionais “Desenhadas as fórmulas,
as políticas públicas...” e “postas em ação, são implementadas...”.

Resposta: CERTO

53. CESPE - Delegado de Polícia (PJC MT)/2017


A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do
ser em si e a do ser com o outro. O homem(c) é inteiro em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual(d) em sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em sua individualidade.
O direito é o instrumento da fraternização(e) racional e rigorosa. O direito à vida é a substância em torno da qual
todos os direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que o sistema fique mais e mais próximo da ideia
concretizável de justiça social.
Mais(a) valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a
revelação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
vida mais digna(b) para que a convivência política seja mais fecunda e humana.

Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com
adaptações).
A correção e o sentido do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula logo após

a) “Mais”.

b) “digna”.
c) “homem”.

d) “Igual”.

e) “fraternização”.
RESOLUÇÃO:

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ALTERNATIVA A – ERRADA – Originalmente, entende-se a palavra “mais” como adjunto adverbial de


intensidade, modificadora do verbo “valorizar”. Com a vírgula proposta, entender-se-ia um valor aditivo.
Ocorreria, assim, mudança no sentido original.

ALTERNATIVA B – CERTA – A vírgula isolaria a oração adverbial de finalidade “para que a convivência
política...”. Com esta se encontra no final do período, a vírgula é facultativa.

ALTERNATIVA C – ERRADA – A vírgula isolaria o sujeito “O homem” da forma verbal “é”, o que configura
grave erro gramatical.

ALTERNATIVA D – ERRADA – Originalmente, a expressão “em sua humanidade” é complemento do


nome “Igual”. Com a vírgula proposta, passa ser objeto indireto da forma verbal “desiguala-se”. Ocorre,
portanto, mudança de sentido.

ALTERNATIVA E – ERRADA – Originalmente, sem a vírgula, o termo “racional e rigorosa” tem valor
restritivo. Dá-se a entender que nem toda fraternização é racional e rigorosa. Com a vírgula, o termo “racional
e rigorosa” passa a ter valor explicativo, dando a entender que toda fraternização é racional e rigorosa.

Resposta: B

Texto para as questões 54 e 55

Trânsito mata mais do que assassinatos no Brasil

Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência que impera nas cidades do País,
um outro número não recebe tanta atenção quanto os cerca de 60 mil assassinatos registrados anualmente no
Brasil. No trânsito, morrerão, neste ano de 2018, segundo estimativas oficiais, 80 mil pessoas. A projeção está
baseada no fato de que, nos primeiros meses do ano, os acidentes de trânsito já provocaram 19.398 mil mortes
e 20 mil casos de invalidez permanente no País. Os dados são do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro,
órgão da Escola Nacional de Seguros. As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e motociclistas.

Além das mortes e sequelas as mais diversas, muitas deixando inválidos pelo resto da vida homens, mulheres
e crianças, pessoas jovens, ainda há um brutal prejuízo, calculado em torno dos R$ 96 bilhões pelas faltas ao
trabalho dos acidentados.

Ora, tantas vítimas mostram um quadro de insegurança que está presente e que vem ceifando, dia após dia,
vidas nas ruas, avenidas e, muito mais, nas rodovias da nação. Pois, da mesma forma que todos condenam o
grande número de mortes violentas por conta do tráfico de drogas, da disputa entre gangues, de desavenças
familiares, pouca atenção é dada para o massacre que ocorre no trânsito. Da mesma forma que se pede mais
educação, devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante.

Jornal do Comércio

(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/09/648589-transito-mata-mais-do-
que-assassinatos-no-brasil.html)

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54. INÉDITTA

A eliminação das vírgulas isolando o termo “com razão” não prejudicaria a correção gramatical, apesar de
alterar o sentido original.

( ) CERTO ( ) ERRADO

RESOLUÇÃO
Observe o trecho: Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência...

Nele, o termo “com razão” possui valor adverbial, modificando a forma verbal “está escandalizada”.

Se retirarmos as vírgulas, o termo “com razão” passa a ter valor adjetivo, modificando o substantivo
“população”.

No trecho original, dá-se a entender que a maioria da população tem razão quando se escandaliza com a
violência. No trecho reescrito sem as vírgulas, dá-se a entender somente a parcela da população que tem razão
(há uma parcela que não tem) se escandaliza com a violência.

Dessa forma, a alteração proposta não prejudica a correção gramatical, mas altera o sentido original.

Resposta: CERTO

55.INÉDITA
A vírgula após “Centro de Pesquisa e Economia do Seguro” poderia ser substituída por um travessão,
sem que isso prejudicasse a correção e o sentido original.
( ) CERTO ( ) ERRADO
RESOLUÇÃO

De fato, a expressão “órgão da Escola Nacional de Seguros” funciona sintaticamente como um aposto de
caráter explicativo. Trata-se de uma informação adicional referente ao nome “Centro de Pesquisa e Economia
do Seguro”.

O aposto explicativo pode ser isolado por vírgulas, travessões ou parênteses.

Dessa forma, a alteração proposta não prejudica a correção gramatical nem o sentido original.

Resposta: CERTO

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Lista de Questões
1. CESPE – PRF – 2019

Nos humanos, o excesso de luz urbana que se infiltra no ambiente no qual dormimos pode reduzir
drasticamente os níveis de melatonina, que regula o nosso ciclo de sono-vigília.
A correção gramatical do texto seria mantida, mas seu sentido seria alterado, caso o trecho “que se infiltra
no ambiente no qual dormimos” fosse isolado por vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

2. CESPE – PRF – 2019

Nas sociedades tribais, o trabalho está em tudo, e praticamente todos trabalham. Sahlins propôs que tais
sociedades fossem conhecidas como “sociedades de abundância” ou “sociedades do lazer”, pelo fato de que
nelas a satisfação das necessidades básicas sociais e materiais se dá plenamente.

Caso o advérbio “praticamente” fosse isolado por vírgulas, a correção gramatical do trecho seria alterada.

( ) CERTO ( ) ERRADO

3. CESPE – SEFAZ/RS – 2019

O ICMS, adotado no país, é o único caso no mundo de imposto que, embora se pareça com o IVA, não é
administrado pelo governo federal — o que dá aos estados total autonomia para administrar, cobrar e gastar
os recursos dele originados.

O emprego de vírgulas para isolar as expressões “adotado no país” e “embora se pareça com o IVA” é
a) facultativo em ambas as expressões.
b) obrigatório apenas na primeira expressão.

c) apenas uma escolha estilística do autor.

d) justificado por regras distintas de pontuação.


e) necessário devido ao deslocamento dessas expressões dentro do período.

4. CESPE - ACP (TCE-PB)/TCE-PB/2018

Texto

A história é uma disciplina definida por sua capacidade de lembrar. Poucos se lembram, porém, de como ela é
capaz de esquecer. Há também(b) quem caracterize a história como uma ciência da mudança no tempo, e
quase ninguém aponta sua genuína capacidade de reiteração.

A história brasileira não escapa dessas ambiguidades fundamentais: ela é feita do encadeamento de eventos
que se acumulam e evocam alterações substanciais, mas também anda repleta de lacunas, invisibilidades e
esquecimentos. Além disso, se ao longo do tempo(c) se destacam as alterações cumulativas de fatos e

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ocorrências, não é difícil notar, também, a presença de problemas estruturais que permanecem como que
inalterados e assim se repetem, vergonhosamente, na nossa história nacional.
Nessa lista(d) seria possível mencionar os racismos, o feminicídio, a corrupção, a homofobia e o
patrimonialismo. Mas destaco aqui um tema que, de alguma maneira, dá conta de todos os demais: a nossa
tremenda e contínua desigualdade social.

Desigualdade não é uma contingência nem um acidente qualquer, tampouco uma decorrência natural e
mutável de um processo(e) que não nos diz respeito. Ela é consequência de nossas escolhas — sociais,
educacionais, políticas, culturais e institucionais —, que têm resultado em uma clara e crescente concentração
dos benefícios públicos nas mãos de poucos. (...) Quando se trata de enfrentar a desigualdade, não há saída
fácil ou receita de bolo. Prefiro apostar nos alertas(a) que nós mesmos somos capazes de identificar.

Lilia Moritz Schwarcz. Desigualdade é teimosia. Internet: <www.nexojornal .com.br> (com adaptações).

A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se inserisse uma vírgula logo após

a) “alertas”.
b) “também”.

c) “tempo”.

d) “lista”.
e) “processo”.

5. CESPE - Ag (TCE-PB)/TCE-PB/2018

Texto
O medo do esquecimento obcecou as sociedades europeias da primeira fase da modernidade. Para dominar
sua inquietação, elas fixaram, por meio da escrita, os traços do passado, a lembrança dos mortos ou a glória
dos vivos e todos os textos que não deveriam desaparecer. A pedra, a madeira, o tecido, o pergaminho e o papel
forneceram os suportes nos quais podia ser inscrita a memória dos tempos e dos homens.
No espaço aberto da cidade, no refúgio da biblioteca, na magnitude do livro e na humildade dos objetos mais
simples, a escrita teve como missão(d) conjurar contra a fatalidade da perda. Em um mundo no qual as escritas
podiam ser apagadas, os manuscritos podiam ser perdidos e os livros estavam sempre ameaçados de
destruição, a tarefa não era fácil. Paradoxalmente, seu sucesso poderia criar, talvez, outro perigo: o de uma
incontrolável proliferação textual de um discurso sem ordem nem limites.

O excesso de escrita, que multiplica os textos inúteis(e) e abafa o pensamento sob o acúmulo de discursos, foi
considerado um perigo tão grande(a) quanto seu contrário.

Embora fosse temido, o apagamento era necessário, assim como(b) o esquecimento também o é para a
memória. Nem todos os escritos foram destinados a se tornar arquivos(c) cuja proteção os defenderia da
imprevisibilidade da história. Alguns foram traçados sobre suportes que permitiam escrever, apagar e depois
escrever de novo.

Roger Chartier. Inscrever e apagar: cultura escrita e literatura (séculos XI-XVIII). Trad.: Luzmara Curcino
Ferreira. São Paulo: UNESP, 2007, p. 9-10 (com adaptações).

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Seria mantida a correção gramatical do texto, embora com alteração do sentido original, caso se inserisse uma
vírgula logo após a palavra
a) “grande”.

b) “como”.
c) “arquivos”.

d) “missão”.
e) “inúteis”.

6. CESPE - 1º Ten (PM MA)/PM MA/Cirurgião-Dentista/2018


Quando dizemos que uma pessoa é doce, fica bem claro que se trata de um elogio, e de um elogio emocionado,
porque parte de remotas e ternas lembranças: o primeiro sabor que nos recebe no mundo é o gosto adocicado
do leite materno, e dele nos lembraremos pelo resto de nossas vidas. A paixão pelo açúcar é uma constante em
nossa cultura. O açúcar é fonte de energia, uma substância capaz de proporcionar um instantâneo “barato” que
reconforta nervos abalados. É paradoxal, portanto, a existência de uma doença em que o açúcar está ali, em
nossa corrente sanguínea, mas não pode ser utilizado pelo organismo por falta de insulina. As células imploram
pelo açúcar que não conseguem receber, e que sai, literalmente, na urina. O diabetes é conhecido desde a
Antiguidade, sobretudo porque é uma doença de fácil diagnóstico: as formigas se encarregam disso. Há
séculos, sabe-se que a urina do diabético é uma festa para o formigueiro. Também não escapou aos médicos
de outrora o fato de que a pessoa diabética urina muito e emagrece. “As carnes se dissolvem na urina”, diziam
os gregos.
Moacyr Scliar. Doce problema. In: A face oculta — inusitadas e reveladoras histórias da medicina. Porto Alegre:
Artes e Ofícios, 2001 (com adaptações).

No que concerne às ideias e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1BBB, julgue o item.

As aspas foram empregadas em ‘barato’ e em ‘As carnes se dissolvem na urina’ por motivos distintos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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7. CESPE - SM (PM MA)/PM MA/Combatente/2018

A respeito de aspectos linguísticos do texto CG2A1BBB, julgue o item.


A vírgula logo após Prezado(a) Senhor(a) foi empregada para isolar um vocativo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. CESPE - Esc Pol (PC MA)/PC MA/2018

Texto 1A1AAA

O ano de 2017 foi o mais seguro da história da aviação comercial, de acordo com a organização holandesa
Aviation Safety Network (ASN). Foram dez acidentes — nenhum deles envolvendo linhas comerciais regulares
—, com 79 mortos, 44 entre passageiros e tripulantes e outras 35 pessoas que estavam em terra.
Em 2016, foram registrados 16 acidentes, com 303 vítimas fatais, e o último episódio, com um avião de
passageiros de maiores proporções: a queda do Avro RJ85, operado pela empresa LaMia, próximo de Medellín,
na Colômbia. O desastre, que completou um ano no último dia 28 de novembro, matou 71 pessoas, em sua
maior parte atletas do time brasileiro da Chapecoense.

“Desde 1997 a média de acidentes tem caído de forma contínua e persistente”, disse o presidente da ASN,
destacando os esforços da Organização Internacional da Aviação Civil e da Fundação de Segurança no Voo para
melhorar os padrões de segurança da indústria de aviação.

BBC. 2017, o ano mais seguro da história da aviação .Internet: <www.bbc.com> (com adaptações).

A pontuação empregada no texto 1A1AAA permaneceria correta se,

I. no primeiro parágrafo, o segundo travessão fosse eliminado.

II. fosse inserida vírgula logo após “2017”.

III. fosse inserida vírgula logo após ‘1997’.

IV. a vírgula logo após ‘persistente’ fosse eliminada.


Assinale a opção correta.

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a) Nenhum item está certo.


b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas o item IV está certo.

d) Apenas os itens I e II estão certos.

e) Todos os itens estão certos.

9. CESPE - AJ (STM)/STM/Apoio Especializado/Revisão de Texto/2018

Texto 6A2BBB

A obra de Maquiavel causou bastante polêmica por romper com a visão usual da atividade política. Na tradição
cristã, a política era vista como uma forma de preparar a Cidade de Deus na terra. Na Antiguidade, era uma
maneira de “promover o bem comum”. Havia sempre a referência a um objetivo transcendente, a um padrão
implícito ou explícito de justiça. Para Maquiavel, o que importa, na política, é o poder real. Não é uma questão
de justiça ou de princípios, mas de capacidade de impor-se aos outros.
N’O Príncipe, Maquiavel ensina que a meta de toda ação política é ampliar o próprio poder em relação aos
outros.É necessário reduzir o poder dos adversários: semear a discórdia nos territórios conquistados,
enfraquecer os fortes e fortalecer os fracos; em suma, dividir para reinar.

Os Discorsi são uma longa glosa dos dez primeiros livros da História de Roma, de Tito Lívio, vistos como um
documento histórico incontestável, embora hoje se saiba que o autor não se furtava a alterar os fatos para
robustecer seu caráter alegórico ou exemplar — procedimento, aliás, que Maquiavel também adotaria em suas
Histórias Florentinas. Na obra, ele procura, nos costumes dos antigos, elementos que possam ser utilizados na
superação dos problemas de sua época.

Ao buscar as causas da grandeza da Roma antiga, Maquiavel acaba por encontrá-las na discórdia entre seus
cidadãos, naquilo que tradicionalmente era estigmatizado como “tumultos”. Trata-se de uma visão
revolucionária, já que o convencional era fazer o elogio da harmonia e da unidade. Até hoje, a busca do
“consenso” e o sonho de uma sociedade harmônica, sem disputa de interesses, estão presentes no discurso
político e, mais ainda, alimentam a desconfiança com que são vistas as lutas políticas.

Para Maquiavel, porém, o conflito é sempre um sintoma de equilíbrio de poder. Na sociedade, uma parte
sempre quer oprimir a outra — nobres e plebeus, ricos e pobres ou, na linguagem que ele prefere usar,o povo e
os “grandes”. Se o conflito persiste, é porque nenhuma parte conseguiu atingir sua meta de dominar a outra.
Portanto, permanece um espaço de liberdade para todos.

L. F. Miguel. A moral e a política. In: L. F. Miguel.O nascimento da política moderna. De Maquiavel a Hobbes.
Brasília: Editora da UnB, 2015, p. 21, 23-4 (com adaptações).

Julgue o item, relativo às estruturas linguísticas do texto 6A2BBB.

A retirada das vírgulas que isolam a expressão “mais ainda” não prejudicaria a correção gramatical do texto,
mas alteraria os seus sentidos originais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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10. CESPE - TJ (STM)/STM/Administrativa/"Sem Especialidade"/2018

Texto CB4A1BBB

O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de Sol, Alemão
conseguiu abrir o cadeado de sua jaula e escapou. O largo horizonte do mundo estava à sua espera. As árvores
do bosque estavam ao alcance de seus dedos. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando
conseguiu, em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o
restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão.

Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente,
para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade e da superioridade
de sua espécie. Ele pode então voltar para o apartamento financiado em quinze anos satisfeito com sua vida.
Pode abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV; acordar
na segunda-feira feliz para o batente.

Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil e a única com
satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho, sem glamour e também
sem volta.

Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas, nascidos em
cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará realidade. Adivinham as
selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o Sol escorrega sobre a região
metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores
que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado
não do que foi, mas do que poderia ter sido.

Eliane Brum. O cativeiro. In: A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago, 2006, p. 53-4 (com adaptações).

Com relação aos sentidos e aos aspectos gramaticais do texto CB4A1BBB, julgue o item que se segue.

A correção gramatical e o sentido original do texto seriam preservados caso o período “Ele pode então (...)
sua vida” fosse assim reescrito: Para o apartamento financiado em quinze anos, pode ele voltar então,
contente com sua vida.

( ) CERTO ( ) ERRADO

11.CESPE - OI (ABIN)/ABIN/Área 1/2018


No começo dos anos 40, os submarinos alemães estavam dizimando os cargueiros dos aliados no Atlântico
Norte. O jogo virou apenas em 1943, quando Alan Turing desenvolveu a Bomba, um aparelho capaz de
desvendar os segredos da máquina de criptografia nazista chamada de Enigma. A complexidade da Enigma —
uma máquina eletromagnética que substituía letras por palavras aleatórias escolhidas de acordo com uma série
de rotores — estava no fato de que seus elementos internos eram configurados em bilhões de combinações
diferentes, sendo impossível decodificar o texto sem saber as configurações originais. Após espiões poloneses
terem roubado uma cópia da máquina, Turing e o campeão de xadrez Gordon Welchman construíram uma
réplica da Enigma na base militar de Bletchey Park. A máquina replicava os rotores do sistema alemão e tentava
reproduzir diferentes combinações de posições dos rotores para testar possíveis soluções. Após quatro anos de
trabalho, Turing conseguiu quebrar a Enigma, ao perceber que as mensagens alemãs criptografadas continham

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palavras previsíveis, como nomes e títulos dos militares. Turing usava esses termos como ponto de partida,
procurando outras mensagens em que a mesma letra aparecia no mesmo espaço em seu equivalente
criptografado.

Gabriel Garcia. 5 descobertas de Alan Turing que mudaram o rumo da história. In: Exame, 2/fev./2015.
Internet: <https://exame.abril.com.br> (com adaptações).

Considerando os aspectos linguísticos do texto, julgue o item subsequente.


A vírgula logo após o termo “máquina” poderia ser eliminada sem prejuízo para a correção gramatical do
período no qual ela aparece.
( ) CERTO ( ) ERRADO

12. CESPE - Tec Enf (IHB DF)/IHB DF/2018


Texto CG2A1AAA

A vida de Florence Nightingale, a criadora da moderna enfermagem, daria um romance. Florence estava
destinada a receber uma boa educação, a casar-se com um cavalheiro de fina estirpe, a ter filhos, a cuidar da
casa e da família. Mas logo ficou claro que a menina não se conformaria a esse modelo. Era diferente; gostava
de matemática, e era o que queria estudar (os pais não deixaram). Aos dezesseis anos, algo aconteceu: Deus
falou-me — escreveu depois — e convocou-me para servi-lo.

Servir a Deus significava, para ela, cuidar dos enfermos, e especialmente dos enfermos hospitalizados. Naquela
época, os hospitais curavam tão pouco e eram tão perigosos (por causa da sujeira, do risco de infecção) que os
ricos preferiam tratar-se em casa. Hospitalizados eram só os pobres, e Florence preparou-se para cuidar deles,
praticando com os indigentes que viviam próximos à sua casa. Viajou por toda a Europa, visitando hospitais.
Coisa que os pais não viam com bons olhos: enfermeiras eram consideradas pessoas de categoria inferior, de
vida desregrada. Mas Florence foi em frente e logo surgiu a oportunidade para colocar em prática o que
aprendera. Sidney Herbert, membro do governo inglês e amigo pessoal, pediu-lhe que chefiasse um grupo de
enfermeiras enviadas para o front turco, uma tarefa a que Florence entregou-se de corpo e alma; providenciava
comida, remédios, agasalhos, além de supervisionar o trabalho das enfermeiras. Mais que isso, fez estudos
estatísticos (sua vocação matemática enfim triunfou) mostrando que a alta mortalidade dos soldados resultava
das péssimas condições de saneamento.
Isso tudo não quer dizer que Florence fosse, pelos padrões habituais, uma mulher feliz. Para começar, não
havia, em sua vida, lugar para ligações amorosas. Cortejou-a o político e poeta Richard Milnes, Barão
Houghton, mas ela rejeitou-o. Ao voltar da guerra, algo estranho lhe aconteceu: recolheu-se ao leito e nunca
mais deixou o quarto.

É possível, e até provável, que isso tenha resultado de brucelose, uma infecção crônica contraída durante a
guerra; mas havia aí um óbvio componente emocional, uma forma de fuga da realidade. Contudo — Florence
era Florence —, mesmo acamada, continuou trabalhando intensamente. Colaborou com a comissão
governamental sobre saúde dos militares, fundou uma escola para treinamento de enfermeiras, escreveu um
livro sobre esse treinamento.

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Estranha, a Florence Nightingale? Talvez. Mas estranheza pode estar associada a qualidades admiráveis.
Grande e estranho é o mundo; grandes, ainda que estranhas, são muitas pessoas. E se elas têm grandeza, ao
mundo pouco deve importar que sejam estranhas.

Moacyr Scliar. Uma estranha, e admirável, mulher. Internet: <http://moacyrscliar.blogspot.com.br> (com


adaptações).

Acerca dos aspectos linguísticos do texto CG2A1AAA, julgue o item.


A inserção de uma vírgula logo após o termo “Hospitalizados” manteria a correção gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

13.CESPE - Aud Est (TCM-BA)/TCM-BA/Controle Externo/2018


Ainda existem pessoas para as quais a greve é um “escândalo”: isto é, não só um erro, uma desordem ou um
delito, mas também um crime moral, uma ação intolerável que perturba a própria natureza. “Inadmissível”,
“escandalosa”, “revoltante”, dizem alguns leitores do Figaro, comentando uma greve recente. Para dizer a
verdade, trata-se de uma linguagem do tempo da Restauração, que exprime a sua mentalidade profunda. É a
época em que a burguesia, que assumira o poder havia pouco tempo, executa uma espécie de junção entre a
moral e a natureza, oferecendo a uma a garantia da outra. Temendo-se a naturalização da moral, moraliza-se
a natureza; finge-se confundir a ordem política e a ordem natural, e decreta-se imoral tudo o que conteste as
leis estruturais da sociedade que se quer defender. Para os prefeitos de Carlos X, assim como para os leitores
do Figaro de hoje, a greve constitui, em primeiro lugar, um desafio às prescrições da razão moralizada: “fazer
greve é zombar de todos nós”, isto é, mais do que infringir uma legalidade cívica, é infringir uma legalidade
“natural”, atentar contra o bom senso, misto de moral e lógica, fundamento filosófico da sociedade burguesa.

Nesse caso, o escândalo provém de uma ausência de lógica: a greve é escandalosa porque incomoda
precisamente aqueles a quem ela não diz respeito. É a razão que sofre e se revolta: a causalidade direta,
mecânica, essa causalidade é perturbada; o efeito se dispersa incompreensivelmente longe da causa, escapa-
lhe, o que é intolerável e chocante. Ao contrário do que se poderia pensar sobre os sonhos da burguesia, essa
classe tem uma concepção tirânica, infinitamente suscetível, da causalidade: o fundamento da moral que
professa não é de modo algum mágico, mas, sim, racional. Simplesmente, trata-se de uma racionalidade linear,
estreita, fundada, por assim dizer, numa correspondência numérica entre as causas e os efeitos. O que falta a
essa racionalidade é, evidentemente, a ideia das funções complexas, a imaginação de um desdobramento
longínquo dos determinismos, de uma solidariedade entre os acontecimentos, que a tradição materialista
sistematizou sob o nome de totalidade.
Roland Barthes. O usuário da greve. In: R. Barthes. Mitologias. Tradução de Rita Buongermino, Pedro de Souza
e Rejane Janowitzer. Rio de Janeiro: DIFEL, 2007, p. 135-6 (com adaptações).

Sem prejuízo para a correção gramatical e para as informações veiculadas no texto, poderia ser suprimida
a vírgula empregada imediatamente após
a) ‘revoltante’.

b) “Carlos X”.

c) “sim”.

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d) “fundada”.
e) “acontecimentos”.

14. CESPE - AJ STJ/STJ/Judiciária/"Sem Especialidade"/2018

Texto CB1A1BBB

O conceito de direitos humanos assenta em um bem conhecido conjunto de pressupostos, todos eles
tipicamente ocidentais: existe uma natureza humana universal que pode ser conhecida racionalmente; a
natureza humana é essencialmente diferente e superior à restante realidade; o indivíduo possui uma dignidade
absoluta e irredutível que tem de ser defendida da sociedade ou do Estado; a autonomia do indivíduo exige que
a sociedade esteja organizada de forma não hierárquica, como soma de indivíduos livres. Uma vez que todos
esses pressupostos são claramente ocidentais e facilmente distinguíveis de outras concepções de dignidade
humana em outras culturas, teremos de perguntar por que motivo a questão da universalidade dos direitos
humanos se tornou tão acesamente debatida.

Boaventura de Sousa Santos. Por uma concepção multicultural dos direitos humanos. Internet:
<www.dhnet.org.br> (com adaptações).

Acerca do texto CB1A1BBB e de seus aspectos linguísticos, julgue o item que se segue.

Os dois pontos empregados logo após “ocidentais” introduzem uma explicação sobre o porquê de os
pressupostos serem considerados tipicamente ocidentais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

15.CESPE - Ana Port I (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018


Serviço de tráfego de embarcações
(vessel traffic service – VTS)

O VTS é um sistema eletrônico de auxílio à navegação, com capacidade de monitorar ativamente o tráfego
aquaviário, melhorando a segurança e eficiência desse tráfego, nas áreas em que haja intensa movimentação
de embarcações ou risco de acidente de grandes proporções.

Internacionalmente, os sistemas de VTS são regulamentados pela International Maritime Organization, sendo
seus aspectos técnicos detalhados em recomendações da International Association of Maritime Aids to
Navigation and Lighthouse Authorities. No Brasil, cabe à Marinha do Brasil, autoridade marítima do país,
definir as normas de execução de VTS e autorizar a sua implantação e operação.

Uma estrutura de VTS é composta minimamente de um radar com capacidade de acompanhar o tráfego nas
imediações do porto, um sistema de identificação de embarcações denominado automatic identification
system, um sistema de comunicação em VHF, um circuito fechado de TV, sensores ambientais (meteorológicos
e hidrológicos) e um sistema de gerenciamento e apresentação de dados. Todos esses sensores operam
integrados em um centro de controle, ao qual cabe, na sua área de responsabilidade, identificar e monitorar o
tráfego marítimo, adotar ações de combate à poluição, planejar a movimentação de embarcações e divulgar
informações ao navegante. Adicionalmente, o Centro VTS pode fornecer informações que contribuam para o

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aumento da eficiência das operações portuárias, como a atualização de horários de chegada e partida de
embarcações.
Internet: <www defensea com br> (com adaptações)

Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto apresentado, julgue o item que se segue.
A correção gramatical e o sentido do texto seriam preservados se as vírgulas empregadas logo após
“marítimo” e “poluição” e a conjunção “e” fossem substituídas por ponto e vírgula.

( ) CERTO ( ) ERRADO

16. CESPE - Ass Port (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018


A crescente internacionalização da economia, decorrente, principalmente, da redução de barreiras ao comércio
mundial, da maior velocidade das inovações tecnológicas e dos grandes avanços nas comunicações, tem
exigido mudanças efetivas na atuação do comércio internacional.

A abordagem desse tipo de comércio, inevitavelmente, passa pela concorrência, visto que é por meio da
garantia e da possibilidade de entrar no mercado internacional, de estabelecer permanência ou de engendrar
saída, que se consubstancia a plena expansão das atividades comerciais e se alcança o resultado último dessa
interatuação: o preço eficiente dos bens e serviços.

Defesa da concorrência e defesa comercial são instrumentos à disposição dos Estados para lidar com distintos
cenários que afetem a economia. Destaca-se como a principal diferença o efeito que cada instrumento busca
neutralizar.

A política de defesa da concorrência busca preservar o ambiente competitivo e coibir condutas desleais
advindas do exercício de poder de mercado. A política de defesa comercial busca proteger a indústria nacional
de práticas desleais de comércio internacional.

Elaine Maria Octaviano Martins Curso de direito marítimo Barueri: Manoele, v 1, 2013, p 65 (com adaptações)

Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue o item a seguir.
Os dois-pontos introduzem um esclarecimento a respeito do “resultado último dessa interatuação”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

17.CESPE - Ass Port (EMAP)/EMAP/Administrativa/2018


É curioso notar que a ideia de porto está presente nas sociedades humanas desde o aparecimento das cidades.
Isso porque uma das características das primeiras estruturas urbanas existentes na região do Oriente Próximo
foi a presença do porto.

As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido entre 3.100 e 2.900 a.C., na
Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros
agrupamentos urbanos era tripartite: a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os
principais locais de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio, extramuros, local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à
prática do comércio e que era utilizado como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era
vedada nos muros da cidade.

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Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade comercial. O porto aparece como
mais um elemento de uma forte mudança civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da
escrita. O comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das possibilidades do agir
humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação
no grau de complexidade da sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos e as relações de trabalho
no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)

Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
A supressão da vírgula empregada logo após “2.900 a.C.” manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para a questão 18

Texto CB1A1AAA
Não há dúvida de que a televisão apresenta ao público uma visão distorcida de como a ciência forense é
conduzida e sobre o que ela é capaz, ou não, de realizar. Os atores que interpretam a equipe de investigação,
por exemplo, são uma mistura de policial, detetive e cientista forense — esse perfil profissional não existe na
vida real. Toda profissão, individualmente, já é complexa o bastante e demanda educação, treinamento e
métodos próprios. A especialização dentro dos laboratórios tornou-se uma norma desde o final da década de
80 do século passado. O cientista forense precisa conhecer os recursos das outras subdisciplinas, mas ninguém
é especialista em todas as áreas da investigação criminal. Além disso, os laboratórios frequentemente não
realizam todos os tipos de análise devido ao custo, à insuficiência de recursos ou à pouca procura.

As séries da TV retratam incorretamente os cientistas forenses, mostrando-os como se tivessem tempo de


sobra para todos os casos. Os programas mostram diversos detetives, técnicos e cientistas dedicando toda sua
atenção a uma investigação. Na realidade, cada cientista recebe vários casos ao mesmo tempo. A maioria dos
laboratórios acredita que o acúmulo de trabalho é o maior problema que enfrentam, e boa parte dos pedidos
de aumento no orçamento baseia-se na dificuldade de dar conta de tanto serviço.

Os programas de investigação criminal de ficção não reproduzem corretamente o que ocorre na vida real
quando o assunto são as técnicas científicas: um cientista forense da Universidade de Maryland estima que
cerca de 40% do que é mostrado no CSI não existe. Os investigadores verdadeiros não conseguem ser tão
precisos quanto suas contrapartes televisivas. Ao analisar uma amostra desconhecida em um aparelho com
telas brilhantes e luzes piscantes, o investigador de um desses seriados pode conseguir uma resposta do tipo
“batom da marca X, cor 42, lote A-439”. O mesmo personagem talvez interrogue um suspeito e declare
“sabemos que a vítima estava com você, pois identificamos o batom dela no seu colarinho”. No mundo real, os
resultados quase nunca são tão exatos, e o investigador forense provavelmente não confrontaria diretamente
um suspeito. Esse desencontro entre ficção e realidade pode acarretar consequências bizarras. Em Knoxville,
Tennessee, um policial relatou: “Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fibra vermelha no
banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi
usado”.

A realidade do CSI. In: Scientific American Brazil. Segmento. Internet: (com adaptações).

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No que se refere aos sentidos do texto CB1A1AAA, julgue os itens a seguir.

18. CESPE – Perito Criminal da Polícia Federal - 2018

Os dois-pontos subsequentes a “técnicas científicas” e “relatou” foram, ambos, empregados com o objetivo de
introduzir um trecho que apresenta um esclarecimento.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para a questão 19

Imagine uma operação de busca na selva. Sem mapas, binóculos ou apoio logístico; somente com um facão.
Assim eram feitas as operações de combate à pornografia infantil pela Polícia Federal até o dia em que peritos
criminais federais desenvolveram, no estado de Mato Grosso do Sul, o Nudetective.
O programa executa em minutos uma busca que poderia levar meses, encontrando todo o conteúdo
pornográfico de pedofilia em computadores, pendrives, smartphones e demais mídias de armazenamento.
Para ajudar o trabalho dos peritos, existem programas que buscam os arquivos de imagem e vídeo através de
sua hash ou sua assinatura digital. Logo nos primeiros testes, a detecção de imagens apresentou mais de 90%
de acerto.

Para o teste, pegaram um HD com conteúdo já periciado e rodaram o programa. Conseguiram 95% de acerto
em 12 minutos. Seu diferencial era não só buscar pela assinatura digital ou nomes conhecidos, mas também
por novos arquivos por intermédio da leitura dos pixels presentes na imagem calibrados a uma paleta de tons
de pele. Começava a revolução em termos de investigação criminal de pornografia infantil.
Além da detecção de imagens e vídeos, todo o processo de busca e obtenção de resultados é simultâneo, o que
economiza tempo e dinheiro.

A licença de uso do software, que é programado em Java, é gratuita e só é disponibilizada para forças da lei e
pesquisas acadêmicas. Segundo seus desenvolvedores, nunca houve o intuito de venda, pois não enxergam
sentido em lucrar com algo que seja para salvar crianças. Mas, então, por que não deixá-lo disponível para
todos? Somente para que não possa ser utilizado para criar formas de burlá-lo, explicam.

Desde seu lançamento, o Nudetective já foi compartilhado com Argentina, Paraguai, Suécia, Áustria, Noruega,
Nova Zelândia e Portugal. Ganhou reconhecimento e premiações em congressos forenses no Brasil e no
mundo.
Internet: (com adaptações).

No que se refere aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue os itens seguintes.

19. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

A inserção de uma vírgula imediatamente após a palavra “Assim” (R.2) alteraria os sentidos do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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Texto para as questões 20 a 22

Texto 12A1AAA

A polícia parisiense — disse ele — é extremamente hábil à sua maneira. Seus agentes são perseverantes,
engenhosos, astutos e perfeitamente versados nos conhecimentos que seus deveres parecem exigir de modo
especial. Assim, quando o delegado G... nos contou, pormenorizadamente, a maneira pela qual realizou suas
pesquisas no Hotel D..., não tive dúvida de que efetuara uma investigação satisfatória (...) até o ponto a que
chegou o seu trabalho.

— Até o ponto a que chegou o seu trabalho? — perguntei.

— Sim — respondeu Dupin. — As medidas adotadas não foram apenas as melhores que poderiam ser tomadas,
mas realizadas com absoluta perfeição. Se a carta estivesse depositada dentro do raio de suas investigações,
esses rapazes, sem dúvida, a teriam encontrado.

Ri, simplesmente — mas ele parecia haver dito tudo aquilo com a máxima seriedade.

— As medidas, pois — prosseguiu —, eram boas em seu gênero, e foram bem executadas: seu defeito residia
em serem inaplicáveis ao caso e ao homem em questão. Um certo conjunto de recursos altamente engenhosos
é, para o delegado, uma espécie de leito de Procusto, ao qual procura adaptar à força todos os seus planos.
Mas, no caso em apreço, cometeu uma série de erros, por ser demasiado profundo ou demasiado superficial.
(...) E, se o delegado e toda a sua corte têm cometido tantos enganos, isso se deve (...) a uma apreciação
inexata, ou melhor, a uma não apreciação da inteligência daqueles com quem se metem. Consideram
engenhosas apenas as suas próprias ideias e, ao procurar alguma coisa que se ache escondida, não pensam
senão nos meios que eles próprios teriam empregado para escondê-la. Estão certos apenas num ponto: naquele
em que sua engenhosidade representa fielmente a da massa; mas, quando a astúcia do malfeitor é diferente
da deles, o malfeitor, naturalmente, os engana. Isso sempre acontece quando a astúcia deste último está acima
da deles e, muito frequentemente, quando está abaixo. Não variam seu sistema de investigação; na melhor das
hipóteses, quando são instigados por algum caso insólito, ou por alguma recompensa extraordinária, ampliam
ou exageram os seus modos de agir habituais, sem que se afastem, no entanto, de seus princípios. (...) Você
compreenderá, agora, o que eu queria dizer ao afirmar que, se a carta roubada tivesse sido escondida dentro
do raio de investigação do nosso delegado — ou, em outras palavras, se o princípio inspirador estivesse
compreendido nos princípios do delegado —, sua descoberta seria uma questão inteiramente fora de dúvida.
Este funcionário, porém, se enganou por completo, e a fonte remota de seu fracasso reside na suposição de
que o ministro é um idiota, pois adquiriu renome de poeta. Segundo o delegado, todos os poetas são idiotas —
e, neste caso, ele é apenas culpado de uma non distributio medii, ao inferir que todos os poetas são idiotas.

— Mas ele é realmente poeta? — perguntei. — Sei que são dois irmãos, e que ambos adquiriram renome nas
letras. O ministro, creio eu, escreveu eruditamente sobre o cálculo diferencial. É um matemático, e não um
poeta.

— Você está enganado. Conheço-o bem. E ambas as coisas. Como poeta e matemático, raciocinaria bem; como
mero matemático, não raciocinaria de modo algum, e ficaria, assim, à mercê do delegado.

— Você me surpreende — respondi — com essas opiniões, que têm sido desmentidas pela voz do mundo.
Naturalmente, não quererá destruir, de um golpe, ideias amadurecidas durante tantos séculos. A razão
matemática é há muito considerada como a razão par excellence.

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Edgar Allan Poe. A carta roubada. In: Histórias extraordinárias. Victor Civita, 1981. Tradução de Brenno Silveira
e outros.

20. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

Feitas as devidas alterações de maiúsculas e minúsculas, o ponto e vírgula empregado logo após “bem” (R.58)
poderia ser corretamente substituído por ponto final.
( ) CERTO ( ) ERRADO

21. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

A supressão da vírgula empregada logo após a palavra “algum” (R.59) manteria a correção gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

22. CESPE – Agente da Polícia Federal - 2018

No fragmento “Em graus diferentes, todos fazemos parte dessa aventura, todos podemos compartilhar (...)”
(R. 18 e 19) as vírgulas poderiam ser substituídas por travessões, sem prejuízo gramatical para o texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para a questão 23


Como se pode imaginar, não foi o latim clássico, dos grandes escritores romanos e latinos e falado pelas classes
romanas mais abastadas, que penetrou na Península Ibérica e nos demais espaços conquistados pelo Império
Romano. Foi o latim popular, falado pelas tropas invasoras que fez esse papel. Essa variante vulgar sobrepôs-
se às línguas dos povos dominados e com elas caldeou-se, dando origem aos dialetos que viriam a se chamar
genericamente de romanços ou romances (do latim romanice, isto é, à moda dos romanos).
No século V d.C., o Império Romano ruiu e os romanços passaram a diferenciar-se cada vez mais, dando origem
às chamadas línguas neolatinas ou românicas: francês, provençal, espanhol, português, catalão, romeno,
rético, sardo etc.

Séculos mais tarde, Portugal fundou-se como nação, ao mesmo tempo em que o português ganhou seu
estatuto de língua, da seguinte forma: enquanto Portugal estabelecia as suas fronteiras no século XIII, o galego-
português patenteava-se em forma literária.

Cerca de três séculos depois, Portugal lançou-se em uma expansão de conquistas que, à imagem do que Roma
fizera, levou a língua portuguesa a remotas regiões: Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Cingapura, Índia e
Brasil, para citar uns poucos exemplos em três continentes.

Muito mais tarde, essas colônias tornaram-se independentes — o Brasil no século XIX, as demais no século XX
—, mas a língua de comunicação foi mantida e é hoje oficial em oito nações independentes: Brasil, Portugal,
Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Instituto Antônio Houaiss. José Carlos de Azevedo (Coord.). Escrevendo pela nova ortografia: como usar as
regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2008, p. 16-7 (com
adaptações).

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Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens seguintes.

23.CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018


A correção do texto seria mantida se as vírgulas que isolam o trecho “dos grandes escritores romanos e latinos
e falado pelas classes romanas mais abastadas” (R. 2 e 3) fossem substituídas por travessões.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para as questões 24 a 25

Texto 13A1AAA
No fim do século XVIII e começo do XIX, a despeito de algumas grandes fogueiras, a melancólica festa de
punição de condenados foi-se extinguindo. Em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo como alvo
principal da repressão penal: o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto
ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo. Ficou a suspeita de que tal rito que dava um
“fecho” ao crime mantinha com ele afinidades espúrias: igualando-o, ou mesmo ultrapassando-o em
selvageria, acostumando os espectadores a uma ferocidade de que todos queriam vê-los afastados,
mostrando-lhes a frequência dos crimes, fazendo o carrasco se parecer com criminoso, os juízes com
assassinos, invertendo no último momento os papéis, fazendo do supliciado um objeto de piedade e de
admiração.

A punição vai-se tornando a parte mais velada do processo penal, provocando várias consequências: deixa o
campo da percepção quase diária e entra no da consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade,
não à sua intensidade visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime, e não mais o
abominável teatro.

Sob o nome de crimes e delitos, são sempre julgados corretamente os objetos jurídicos definidos pelo Código.
Porém julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as enfermidades, as inadaptações, os efeitos
de meio ambiente ou de hereditariedade. Punem-se as agressões, mas, por meio delas, as agressividades, as
violações e, ao mesmo tempo, as perversões, os assassinatos que são, também, impulsos e desejos. Dir-se-ia
que não são eles que são julgados; se são invocados, é para explicar os fatos a serem julgados e determinar até
que ponto a vontade do réu estava envolvida no crime. As sombras que se escondem por trás dos elementos
da causa é que são, na realidade, julgadas e punidas.

O juiz de nossos dias — magistrado ou jurado — faz outra coisa, bem diferente de “julgar”. E ele não julga mais
sozinho. Ao longo do processo penal, e da execução da pena, prolifera toda uma série de instâncias anexas.
Pequenas justiças e juízes paralelos se multiplicaram em torno do julgamento principal: peritos psiquiátricos ou
psicológicos, magistrados da aplicação das penas, educadores, funcionários da administração penitenciária
fracionam o poder legal de punir. Dir-se-á, no entanto, que nenhum deles partilha realmente do direito de
julgar; os peritos não intervêm antes da sentença para fazer um julgamento, mas para esclarecer a decisão dos
juízes. Todo o aparelho que se desenvolveu há anos, em torno da aplicação das penas e de seu ajustamento aos
indivíduos, multiplica as instâncias da decisão judiciária, prolongando-a muito além da sentença.

Michel Foucault. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987, p. 8-
26 (com adaptações).

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Com relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 13A1AAA, julgue os itens a seguir.

24. CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018

A coerência textual seria prejudicada se, após “teatro” (R.20), fossem inseridos dois-pontos e o trecho a
mecânica exemplar da punição muda as engrenagens, como conclusão das consequências enumeradas,
dado o emprego, nesse trecho, de linguagem figurada, incompatível com o gênero do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

25.CESPE – Escrivão da Polícia Federal - 2018


Sem prejuízo para o sentido original e a correção gramatical do texto, a oração “se são invocados” (R. 28 e 29)
poderia ser deslocada para logo após a palavra “crime” (R.31), desde que estivesse isolada por vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para as questões 26 a 28

Saiu a mais nova lista de coisas que devem ou não ser feitas, moda que parece ter contagiado o planeta. Desta
vez, Arthur Frommer e Holly Hugues elencam os 500 locais que precisamos visitar antes que desapareçam
(500 places to see before they disappear). O livro traz lugares naturais e históricos, de antigos centros de culto
a paisagens em vias de extinção, assim como tesouros culturais únicos, como o Fenway Park, de Boston,
inaugurado em 1912: um dos últimos estádios norte-americanos que mantêm sua construção original, diz o
Atlanta Journal Constitution.

Revista da Semana, dez./2008 (com adaptações).

Julgue os itens a seguir, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto apresentado.

26. CESPE – MPE/PI - 2018

A substituição do parêntese, na linha 4, por travessão não comprometeria a correção gramatical do texto,
desde que o parêntese na linha 5 fosse suprimido.

( ) CERTO ( ) ERRADO

27.CESPE – MPE/PI - 2018


Os sentidos originais do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula imediatamente após “norte-
americanos” (R.9).

( ) CERTO ( ) ERRADO

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28. CESPE – MPE/PI - 2018

Seria incorreta a eliminação da vírgula empregada logo após a expressão “Desta vez” (R.2), pois seu uso é
obrigatório naquele contexto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Texto para a questão 29

Texto CB1A1-I

Escrita, secreta e submetida, para construir as suas provas, a regras rigorosas, a investigação penal é uma
máquina que pode produzir a verdade na ausência do réu. E, por isso mesmo, esse procedimento tende
necessariamente para a confissão, embora em direito estrito não a exija. Por duas razões: em primeiro lugar,
porque constitui uma prova tão forte que não há necessidade de acrescentar outras, nem de entrar na difícil e
duvidosa combinatória dos indícios; a confissão, desde que seja devidamente feita, quase exime o acusador de
fornecer outras provas (em todo o caso, as mais difíceis); em segundo, a única maneira para que esse
procedimento perca toda a sua autoridade unívoca e para que se torne uma vitória efetivamente obtida sobre
o acusado, a única maneira para que a verdade exerça todo o seu poder, é que o criminoso assuma o seu próprio
crime e assine aquilo que foi sábia e obscuramente construído pela investigação.
No interior do crime reconstituído por escrito, o criminoso confesso desempenha o papel de verdade viva. Ato
do sujeito criminoso, responsável e falante, a confissão é a peça complementar de uma investigação escrita e
secreta. Daí a importância que todo processo de tipo inquisitorial atribui à confissão. Por um lado, tenta-se
fazê-la entrar no cálculo geral das provas, como se fosse apenas mais uma: não é a evidentia rei; tal como a mais
forte das provas, não pode por si só implicar a condenação e tem de ser acompanhada por indícios anexos e
presunções, pois já houve acusados que se declararam culpados de crimes que não cometeram; se não tiver em
sua posse mais do que a confissão regular do culpado, o juiz deverá então fazer investigações complementares.
Mas, por outro lado, a confissão triunfa sobre quaisquer outras provas. Até certo ponto, transcende-as;
elemento no cálculo da verdade, a confissão é também o ato pelo qual o réu aceita a acusação e reconhece os
seus bons fundamentos; transforma uma investigação feita sem a sua participação em uma afirmação
voluntária.

Michel Foucault. Vigiar e punir – nascimento da prisão. Trad. Pedro Elói Duarte. Ed. 70: 2013 (com adaptações).

Com relação às ideias e aos sentidos do texto CB1A1-I, julgue os próximos itens.

29. CESPE – MPE/PI - 2018


A correção gramatical do texto seria preservada se o trecho “sábia e obscuramente” (R.16) fosse isolado por
vírgulas.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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30. CESPE - Assistente Administrativo (EBSERH)/2018 (e mais 3 concursos)

O Brasil, durante a maior parte da sua história, manteve uma cultura familista e pró-natalista. Por cerca de 450
anos, o incentivo à fecundidade elevada era justificado em função da prevalência de altas taxas de mortalidade,
dos interesses da colonização portuguesa, da expansão da ocupação territorial e do crescimento do mercado
interno.
Durante o período do Estado Novo (1937-1945), no governo de Getúlio Vargas, foram adotados dispositivos
legais para fortalecer a família numerosa, por meio de diversas medidas: desestímulo ao trabalho feminino;
facilidades para a aquisição de casa própria pelos indivíduos que pretendessem se casar; complemento de renda
dos casados com filhos e regras que privilegiavam os homens casados e com filhos quanto ao acesso e à
promoção no serviço público.
O artigo 124 da Constituição Brasileira de 1937 afirmava: “A família, constituída pelo casamento indissolúvel,
está sob a proteção especial do Estado. Às famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção
de seus encargos”. Naquele período, além dos incentivos ao casamento e à reprodução, vigia uma legislação
que proibia o uso de métodos contraceptivos e o aborto: o Decreto Federal n.º 20.291, de 1932, que vedava a
prática médica que tivesse por fim impedir a concepção ou interromper a gestação, e a Lei das Contravenções
Penais, sancionada em 1941, que proibia “anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar o
aborto ou evitar a gravidez”.
José Eustáquio Diniz Alves O planejamento familiar no Brasil Internet: <www ecodebate com br>
(com adaptações)
Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue o item seguinte.
A substituição do ponto empregado logo após “pró-natalista” por vírgula, com a devida alteração da letra inicial
maiúscula para minúscula, manteria a correção do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

31.CESPE - Técnico Tributário da Receita Estadual (SEFAZ RS)/2018


Texto 1A1-I

Peças de barro de 4.000 a.C. encontradas na Mesopotâmia são os documentos escritos mais antigos que
conhecemos. E o mais antigo desses documentos faz referência aos impostos. Naquela época, além de
entregar parte dos alimentos que produziam ao governo, os sumérios, um dos povos que viviam por ali, eram
obrigados a passar até cinco meses por ano trabalhando para o rei.

Os mais sortudos eram empregados para realizar a colheita ou para retirar lama dos canais da cidade. Os menos
afortunados entravam para o exército, com grandes chances de morrer em uma guerra. Quem era rico
escapava: mandava escravos para fazer o serviço sujo. Assim que surgiu a moeda, surgiu também a ideia de
substituir a contribuição braçal por dinheiro.

Era assim também no antigo Egito. As evidências indicam que, em 3.000 a.C., os faraós coletavam impostos
em dinheiro ou em serviços pelo menos uma vez por ano. Ninguém era tão temido quanto os escribas,
responsáveis por determinar a dívida de cada um. O controle era tão rigoroso que fiscalizavam até o consumo
de óleo de cozinha nas residências, já que essa era uma substância tributada. Os impostos eram mais altos para

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estrangeiros, e especula-se que foi para pagar dívidas tributárias que os hebreus, por exemplo, acabaram como
escravos.
O Império Romano aperfeiçoou a técnica de impor tributos a estrangeiros. Em economias pré-industriais, a
terra e o trabalho são os principais ingredientes da riqueza. Por isso, a conquista de outras terras e de povos
dava aos romanos acesso a mais riqueza, o que, por sua vez, permitia que conquistassem e controlassem um
território ainda maior.

O censo, usado até hoje em muitos países, foi criado pelos romanos para decidir quanto deveriam cobrar de
cada província. Os cálculos eram feitos com base no número de pessoas. Até hoje, a capacidade de cobrar
impostos é diretamente proporcional à quantidade e à qualidade de informações disponíveis sobre os
contribuintes.

Internet: <https://super.abril.com.br> (com adaptações).

A correção e a coesão do texto 1A1-I seriam preservadas caso fosse suprimida a vírgula empregada
imediatamente após
a) “em 3.000 a.C.”

b) “ali”

c) “Naquela época”
d) “Até hoje”

e) “censo”

32.CESPE - Técnico Tributário da Receita Estadual (SEFAZ RS)/2018


Texto 1A2-I

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo,
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida
e à liberdade, o direito à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos
outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.

O direito internacional relacionado aos direitos humanos estabelece obrigações para que os governos ajam de
determinadas maneiras ou se abstenham de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e
as liberdades de grupos ou indivíduos.

Desde o estabelecimento das Nações Unidas, um de seus objetivos fundamentais tem sido promover e
encorajar o respeito aos direitos humanos para todos, conforme estipulado na Carta das Nações Unidas.

Os direitos humanos são fundados no respeito pela dignidade e no valor de cada pessoa. São universais, ou
seja, são aplicados de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas. São inalienáveis — e ninguém pode
ser privado de seus direitos humanos —, mas podem ser limitados em situações específicas: o direito à liberdade
pode ser restringido se, após o devido processo legal, uma pessoa for julgada culpada de um crime punível com
privação de liberdade.

Internet: <https://nacoesunidas.org> (com adaptações).

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Língua Portuguesa para Agente e Escrivão da Polícia Federal Aula 06

Os sentidos e a correção gramatical do texto 1A2-I seriam preservados se o trecho “Todos merecem estes
direitos, sem discriminação.” fosse substituído por:
a) Todos, sem discriminação merecem tais direitos.

b) Todos, sem discriminação, merecem estes direitos.


c) Sem discriminação, todos, merecem tais direitos.

d) Todos, merecem, sem discriminação estes direitos.


e) Todos sem discriminação, merecem estes direitos.

33.CESPE - Analista do Ministério Público da União/Apoio Jurídico/Direito/2018


Falar em desigualdade é falar também em pobreza. A reprodução social das desigualdades contribui para o
aprofundamento das situações de pobreza, por isso uma estratégia de enfrentamento deve considerar a
conexão entre as duas pautas.

É necessário compreender que a desigualdade se expressa em diferentes dimensões na vida das pessoas e que
apenas uma minoria se beneficia com a acumulação de riqueza e de poder. No caso do Brasil, há especificidades
que devem ser observadas. A história de colonização e de escravidão deixou heranças ainda presentes, que
resguardam a condição desigual no acesso a bens, serviços e equipamentos públicos.

A desigualdade não é natural; ela é uma construção social. Quando a desigualdade é naturalizada, ela passa a
instituir o poder da opressão social. Os mecanismos que reproduzem as desigualdades devem ser revelados de
forma que se possibilite seu enfrentamento pela sociedade civil por meio da cidadania ativa, buscando-se o
aprofundamento da democracia e a garantia da justiça de gênero, da igualdade racial e dos direitos humanos.
Kátia Maia. Vamos falar sobre desigualdade? Internet: <www.oxfam.org.br> (com adaptações).

A respeito dos aspectos linguísticos do texto, julgue o item subsecutivo.

A introdução de uma vírgula imediatamente após a palavra “revelados” manteria a correção gramatical do
texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

34. CESPE - Técnico do Ministério Público da União/Apoio Técnico e Administrativo/Administração/2018


Se a cultura, no que tange a valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo), limitarmo-nos a
ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode
nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo, dessa forma, representa uma
visão de mundo que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado,
primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, o que faz o
indivíduo limitar-se à visão que possui como referência cultural. A herança cultural que recebemos de nossos
pais e antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa.

Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e seus hábitos acaba por gerar uma visão
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está,
certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia. Basta pensarmos nas

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relações entre norte-americanos e latinos imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente
africano que buscam residência em países estrangeiros, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha
na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como
a Internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.
Internet: <https://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações).

Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.


Na linha marcada, a correção do texto seria prejudicada caso a vírgula empregada logo após o parêntese fosse
substituída por ponto e vírgula.
( ) CERTO ( ) ERRADO

35.CESPE - Técnico do Ministério Público da União/Apoio Técnico e Administrativo/Administração/2018


Se a cultura, no que tange a valores e visões de mundo, é fundamental para nossa constituição enquanto
indivíduos (servindo-nos como parâmetro para nosso comportamento moral, por exemplo), limitarmo-nos a
ela, desconhecendo ou depreciando as demais culturas de povos ou grupos dos quais não fazemos parte, pode
nos levar a uma visão estreita das dimensões da vida humana. O etnocentrismo, dessa forma, representa uma
visão de mundo que toma a cultura do outro (alheia ao observador) como algo menor, sem valor, errado,
primitivo. Ou seja, a visão etnocêntrica desconsidera a lógica de funcionamento de outra cultura, o que faz o
indivíduo limitar-se à visão que possui como referência cultural. A herança cultural que recebemos de nossos
pais e antepassados contribui para isso, pois nos condiciona ao mesmo tempo em que nos educa.

Tomar conhecimento do outro sem aceitar sua lógica de pensamento e seus hábitos acaba por gerar uma visão
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos diretos. O etnocentrismo está,
certamente, entre as principais causas da intolerância internacional e da xenofobia. Basta pensarmos nas
relações entre norte-americanos e latinos imigrantes, entre franceses e os povos vindos do norte do continente
africano que buscam residência em países estrangeiros, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha
na contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios de comunicação como
a Internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de tolerância.

Internet: <https://brasilescola.uol.com.br> (com adaptações).


Considerando os sentidos e os aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.

A inserção de uma vírgula após “global” alteraria os sentidos originais do texto, mas não sua correção
gramatical.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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36. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018


Texto 1A1-I

Dói. Dói muito. Dói pelo corpo inteiro. Principia nas unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, penaliza a
memória e se estende pela altura da pele. Nada fica sem dor. Também os olhos, que só armazenam as imagens
do que já fora, doem. A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros
futuros. Não se chora pelo amanhã. Só se salga a carne morta.

No princípio, se um de nós caía, a dor doía ligeiro.Um beijo seu curava a cabeça batida na terra, o dedo
espremido na dobradiça da porta, o pé tropeçado no degrau da escada, o braço torcido no galho da árvore. Seu
beijo de mãe era um santo remédio. Ao machucar, pedia-se: mãe, beija aqui!

Há que experimentar o prazer para, só depois, bem suportar a dor. Vim ao mundo molhado pelo desenlace. A
dor do parto é também de quem nasce. Todo parto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se — em
lágrimas — do paraíso, é condenar-se à liberdade. Houve, e só depois, o tempo da alegria ao enxergar o mundo
como o mais absoluto e sucessivo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo. Sem a mãe, a casa veio a
ser um lugar provisório.

Uma estação com indecifrável plataforma, onde espreitávamos um cargueiro para ignorado destino. Não se
desata com delicadeza o nó que nos amarra à mãe. Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nosso bilhete
de partida. Sem poder recuar, os trilhos corriam exatos diante de nossos corações imprecisos. Os cômodos
sombrios da casa — antes bem- aventurança primavera — abrigavam passageiros sem linha do horizonte. Se
fora o lugar da mãe, hoje ventilava obstinado exílio.
Bartolomeu Campos de Queirós. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 5 (com
adaptações).

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o seguinte item.
Seriam preservadas a coerência e a correção gramatical do texto caso o vocábulo “exatos” fosse isolado por
vírgulas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

37. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018

Dói. Dói muito. Dói pelo corpo inteiro. Principia nas unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, penaliza a
memória e se estende pela altura da pele. Nada fica sem dor. Também os olhos, que só armazenam as imagens
do que já fora, doem. A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros
futuros. Não se chora pelo amanhã. Só se salga a carne morta.

No princípio, se um de nós caía, a dor doía ligeiro. Um beijo seu curava a cabeça batida na terra, o dedo
espremido na dobradiça da porta, o pé tropeçado no degrau da escada, o braço torcido no galho da árvore. Seu
beijo de mãe era um santo remédio. Ao machucar, pedia-se: mãe, beija aqui!

Há que experimentar o prazer para, só depois, bem suportar a dor. Vim ao mundo molhado pelo desenlace. A
dor do parto é também de quem nasce. Todo parto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afastar-se — em
lágrimas — do paraíso, é condenar-se à liberdade. Houve, e só depois, o tempo da alegria ao enxergar o mundo

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como o mais absoluto e sucessivo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo. Sem a mãe, a casa veio
a ser um lugar provisório.
Uma estação com indecifrável plataforma, onde espreitávamos um cargueiro para ignorado destino. Não se
desata com delicadeza o nó que nos amarra à mãe. Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nosso bilhete
de partida. Sem poder recuar, os trilhos corriam exatos diante de nossos corações imprecisos. Os cômodos
sombrios da casa — antes bem- aventurança primavera — abrigavam passageiros sem linha do horizonte. Se
fora o lugar da mãe, hoje ventilava obstinado exílio.

Bartolomeu Campos de Queirós. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac Naify, 2013, p. 5 (com adaptações).
Ainda a respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 1A1-I, julgue o item que se segue.
A mesma regra de pontuação justifica o emprego do sinal de dois-pontos nas linhas 12 e 19.

( ) CERTO ( ) ERRADO

38. CESPE - Soldado Policial Militar (PM AL)/Combatente/2018

Preguiça e covardia são as causas que explicam por que uma grande parte dos seres humanos, mesmo muito
após a natureza tê-los declarado livres da orientação alheia, ainda permanecem, com gosto e por toda a vida,
na condição de menoridade. As mesmas causas explicam por que parece tão fácil outros afirmarem-se como
seus tutores. É tão confortável ser menor! Tenho à disposição um livro que entende por mim, um pastor que
tem consciência por mim, um médico que me prescreve uma dieta etc.: então não preciso me esforçar. Não me
é necessário pensar, quando posso pagar; outros assumirão a tarefa espinhosa por mim.

A maioria da humanidade vê como muito perigoso, além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à
maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de bom grado a sua supervisão. Após terem previamente
embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, para que essas pacatas criaturas não ousem dar qualquer
passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso queiram
andar por conta própria. Tal perigo, porém, não é assim tão grande, pois, após algumas quedas, aprenderiam
finalmente a andar; basta, entretanto, o exemplo de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por completo
para que não façam novas tentativas.

Kant. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento?


Tradução de Pedro Caldas. In: Danilo Marcondes. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Zahar, 4.ª edição,
2008 (com adaptações).

A respeito das propriedades linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.

Seriam preservadas a correção e a coesão do texto caso fosse inserida uma vírgula imediatamente após
“explicam”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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39. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018

A respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 2A1-II, julgue o item que se segue.

Seria correto isolar a expressão “nós sabemos” (l.8) entre vírgulas, para dar maior destaque às ideias do trecho
em que ela aparece.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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Texto para as questoes 40 a 41

Julgue o próximo item, relativos aos sentidos e a aspectos linguísticos do texto 2A1-I.

40. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018

No terceiro parágrafo, os travessões isolam trecho que exemplifica “características de transações já feitas pelo
usuário”.
( ) CERTO ( ) ERRADO

41. CESPE – Analista Bancário – BNB - 2018


A inserção de vírgula imediatamente após a palavra “diretamente” (l.29) não comprometeria a correção
gramatical do texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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42. CESPE - Técnico de Gestão Educacional (SEDF)/Apoio Administrativo/2017 (e mais 1 concurso)

As críticas à extrema confiança que demos à ciência como forma única de conhecimento são muitas e
espalham-se em diversas frentes. Embora não possamos desconsiderar o avanço científico a que os últimos
séculos assistiram — as revoluções consideráveis no campo da medicina, da física, da química e das próprias
ciências sociais e humanas —, essa ciência capitalista, androcêntrica e colonial não tem conseguido dar conta
de resolver o problema que ela própria ajudou a construir.

Atualmente há uma grande preocupação quanto à capacidade dessa ciência, criada pelos interesses do
desenvolvimento e da exploração da natureza, de oferecer soluções para lidar com a crise ambiental, social e
econômica.

Pensar a crise socioambiental no contexto da razão moderna é pensar que essa crise é o resultado do triunfo
do capitalismo e da racionalidade técnico-científica. Falamos não só de uma crise ecológica, mas também de
uma crise civilizatória de amplas dimensões, do funcionamento de um sistema que destrói e ameaça as suas
próprias bases de sobrevivência, sustentado pela separação homem/natureza, com repercussões para toda a
vida social.

J. Dourado et al. Escolas sustentáveis. São Paulo: Oficina de Textos, 2015, p. 25-6 (com adaptações).

Considerando as ideias e estruturas linguísticas do texto, julgue o item a seguir.

Mantém-se a correção gramatical do período caso os travessões empregados no primeiro parágrafo sejam
substituídos por parênteses.

( ) CERTO ( ) ERRADO

43. CESPE - Técnico de Gestão Educacional (SEDF)/Apoio Administrativo/2017 (e mais 1 concurso)


Não têm conta entre nós os pedagogos da prosperidade que, apegando-se a certas soluções onde, na melhor
hipótese, se abrigam verdades parciais, transformam-nas em requisito obrigatório e único de todo progresso.
É bem característico, para citar um exemplo, o que ocorre com a miragem da alfabetização. Quanta inútil
retórica se tem desperdiçado para provar que todos os nossos males ficariam resolvidos de um momento para
o outro se estivessem amplamente difundidas as escolas primárias e o conhecimento do abc.
A muitos desses pregoeiros do progresso seria difícil convencer de que a alfabetização em massa não é
condição obrigatória nem sequer para o tipo de cultura técnica e capitalista que admiram. Desacompanhada
de outros elementos fundamentais da educação, que a completem, é comparável, em certos casos, a uma arma
de fogo posta nas mãos de um cego.

Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. 27.ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015 (com
adaptações).

Julgue o item a seguir, que trata de aspectos gramaticais do texto.

Em “é comparável, em certos casos, a uma arma de fogo posta nas mãos de um cego”, as vírgulas foram
empregadas para isolar termo acessório da oração.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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44. CESPE - Monitor de Gestão Educacional (SEDF)/2017

O monitor — também chamado, em algumas instituições, de inspetor e bedel — é um dos profissionais mais
atuantes na esfera educacional. Ele transita por toda a escola, em geral conhece os alunos pelo nome e é um
dos primeiros a ser procurado quando há algum problema que precisa ser solucionado rapidamente. Contudo,
ele nem sempre é valorizado como deveria. Infelizmente, muitos diretores entendem que quem atua nessa
função deve apenas controlar os espaços coletivos para impedir a ocorrência de agressões, depredações e
furtos, vigiar grupos de alunos, observar comportamentos suspeitos e até mesmo revistar armários e mochilas.

Esse tipo de controle, além de perigoso — pois os conflitos abafados por ações repressoras acabam se
manifestando com mais violência —, contribui para reforçar a desconfiança entre a instituição e os estudantes.
E uma relação fundada na insegurança fragiliza a construção de valores democráticos, que deveria ser um dos
objetivos de todas as escolas.

Como qualquer profissional do ambiente escolar, os monitores também são educadores, e cabe à equipe
gestora realizar ações formativas para que eles saibam como interagir com as crianças e os jovens nos diversos
espaços (como o pátio, os corredores, as quadras, a cantina, o banheiro etc.). Com uma boa formação, eles
serão capazes de trazer informações importantes sobre a convivência entre os alunos e que poderão ser objeto
de análise para que o orientador educacional, juntamente com o diretor e a equipe docente, planeje e execute
intervenções.

O papel do monitor na formação dos alunos. Internet: <http://gestaoescolar.org.br> (com adaptações).

A respeito dos sentidos e de aspectos linguísticos do texto, julgue o próximo item.


Seria mantida a correção gramatical do texto caso a vírgula empregada imediatamente após “educadores”
fosse suprimida.

( ) CERTO ( ) ERRADO

45. CESPE - Analista de Gestão Educacional (SEDF)/Administração/2017 (e mais 8 concursos)


Texto CB1A1BBB

Pedir ao educador que situe o centro de gravidade na própria criança é pedir-lhe nada menos que fazer uma
revolução, se é verdade que até agora o centro de gravidade foi situado fora dela. É essa revolução — exigência
fundamental do movimento da educação nova — que Claparède compara à que Copérnico realizou na
astronomia, e que ele define, com tanta felicidade, nas seguintes linhas: “são os métodos e os programas que
gravitam em torno da criança e não mais a criança que gira em torno de um programa decidido fora dela. Essa
é a revolução copernicana à qual a psicologia convida o educador”.

M. A. Bloch. Filosofia da educação nova. Paris: PUF, 1973, p. 33 (com adaptações).

Com relação às ideias do texto CB1A1BBB e aos seus aspectos linguísticos, julgue o item a seguir.

Os travessões foram empregados no texto para isolar uma expressão de natureza explicativa.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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46. CESPE - Analista Judiciário (TRE PE)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017 (e mais 4 concursos)

Texto CG1A1AAA

No quadro da democracia liberal, cidadania corresponde ao conjunto das liberdades individuais — os chamados
direitos civis de locomoção, pensamento e expressão, integridade física, associação etc. O advento da
democracia social acrescentou, àqueles direitos do indivíduo, os direitos trabalhistas ou direitos a prestações
de natureza social reclamadas ao Estado (educação, saúde, seguridade e previdência.). Em ambos os casos, o
cidadão é titular de direitos e liberdades em relação ao Estado e a outros particulares — mas permanece situado
fora do campo estatal, não assumindo qualquer titularidade quanto a funções públicas. Preserva-se, assim, a
perspectiva do constitucionalismo clássico: direitos do homem e do cidadão são exercidos frente ao Estado,
mas não dentro do aparelho estatal.
Na teoria constitucional moderna, cidadão é o indivíduo que tem um vínculo jurídico com o Estado, sendo
portador de direitos e deveres fixados por determinada estrutura legal (Constituição, leis), que lhe confere,
ainda, a nacionalidade. Cidadãos, em tese, são livres e iguais perante a lei, porém súditos do Estado.

Como lembra Marilena Chaui, a cidadania se define pelos princípios da democracia, significando
necessariamente conquista e consolidação social e política. A cidadania requer instituições, mediações e
comportamentos próprios, constituindo-se na criação de espaços sociais de lutas (movimentos sociais,
sindicais e populares) e na definição de instituições permanentes para a expressão política, como partidos,
legislação e órgãos do poder público. Distingue-se, portanto, a cidadania passiva, aquela que é outorgada pelo
Estado, com a ideia moral do favor e da tutela, da cidadania ativa, aquela que institui o cidadão como portador
de direitos e deveres, mas essencialmente criador de direitos para abrir novos espaços de participação política.

Maria Victoria de Mesquita Benevides. Cidadania e democracia. Internet: <www.scielo.br> (com adaptações).

Seriam mantidas a correção gramatical e o sentido original do texto CG1A1AAA, caso, no trecho “Como
lembra Marilena Chaui, a cidadania se define pelos princípios da democracia, significando necessariamente
conquista e consolidação social e política”

a) o vocábulo “necessariamente” fosse isolado por vírgulas.

b) fosse suprimida a vírgula empregada logo após “Chaui”.

c) fosse inserida uma vírgula logo após “significando”.


d) a vírgula empregada logo após “democracia” fosse substituída por ponto e vírgula.

e) o trecho “pelos princípios da democracia” fosse isolado por vírgulas.

47. CESPE - Analista Judiciário (TRE PE)/Administrativa/"Sem Especialidade"/2017 (e mais 4 concursos)

Texto CG3A1AAA
A moralidade, que deve ser uma característica do conjunto de indivíduos da sociedade, deve caracterizar de
modo mais intenso ainda aqueles que exercem funções administrativas e de gestão pública ou privada. Com
relação a essa ideia, vale destacar que o alcance da moralidade vincula-se a princípios ou normas de conduta,
aos padrões de comportamento geralmente reconhecidos, pelos quais são julgados os atos dos membros de
determinada coletividade. Disso é possível deduzir que os membros de uma corporação profissional — no caso,
funcionários e servidores da administração pública — também devem ser submetidos ao julgamento ético-

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moral. A administração pública deve pautar-se nos princípios constitucionais que a regem. É necessário, ainda,
que tais princípios estejam pública e legalmente disponíveis ao conhecimento de todos os cidadãos, para que
estes possam respeitá-los e vivenciá-los. Nesse contexto, destacam-se os princípios constitucionais tidos como
base da função pública e que, sem dúvida, constituem pilares de sustentabilidade da função gestora.

O Estado constitui uma esfera ético-política caracterizada pela união de partes que lhe conferem a
característica de um organismo vivo, composto pela participação dos cidadãos e de todos aqueles que se
abrigam em sua circunscrição constitucional e legal, ou seja, se abrigam sob a égide de uma Constituição.

A ética e a cidadania não se desvinculam da questão dos princípios da ação do Estado e da moralidade
administrativa, uma vez que, por mais alargados que pareçam os direitos e as esferas individuais — as quais
parecem ser extremamente flexíveis nos atuais contextos —, urge que sejam regulamentadas as vinculações
estreitas que existem entre esferas individuais e esferas coletivas, pressupondo-se, assim, níveis de avanço no
campo do progresso moral da sociedade.

Z. A. L. Rodriguez. Ética na gestão pública. Curitiba: InterSaberes, 2016, p. 130-1 (com adaptações).

A correção gramatical do texto CG3A1AAA seria mantida caso

a) fosse suprimida a vírgula empregada imediatamente após o travessão em vermelho.

b) fosse inserida uma vírgula imediatamente após “gestão”

c) fosse suprimida a vírgula empregada logo após “dúvida”.

d) fossem suprimidas as vírgulas que isolam o conectivo “ou seja”.

e) fosse empregada vírgula imediatamente após o travessão na linha 5.

48. CESPE - Agente de Segurança Penitenciária (SJDH PE)/2017

Texto

Após o processo de redemocratização, com o fim da ditadura militar, em meados da década de 80 do século
passado, era de se esperar que a democratização das instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abrangendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram mais desafios para a cidadania brasileira, como a
violência urbana — que ameaça os direitos individuais — e o desemprego — que ameaça os direitos sociais.

No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de 1980, impacto do processo de modernização pelo
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou em circulação bens de alto valor e,
consequentemente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusive porque a maior mobilidade de pessoas
torna o espaço social mais anônimo, menos supervisionado.

Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais dissociada de justiça social e reconstrução da
sociedade. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem menos ambicioso: o controle. A prisão ganha
mais importância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla necessidade dessa nova cultura: castigo e
controle do risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém não segurança, pois o Estado tem o poder
limitado de manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de controle com
organizações locais e com a comunidade.

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Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pública e garantia dos direitos individuais: os desafios da
polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev.
– mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).

No primeiro parágrafo do texto, os dois-pontos introduzem

a) uma enumeração das “categorias de direitos”.

b) resultados da “consolidação da cidadania”.

c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como algo “amplo”.

d) uma generalização do termo “direitos”.


e) objetivos do “processo de redemocratização”.

49. CESPE - Auditor de Controle Externo (TCE-PE)/Auditoria de Contas Públicas/2017 (e mais 1 concurso)
Comecemos pelo conceito. A democracia veio dos gregos. Democracia não é só a eleição do governo pelo povo,
mas, sim, a atribuição, pelo povo, do poder — que inclui mais que o mero governo; inclui o direito de fazer leis.
Na democracia antiga, direta, isso cabia ao povo reunido na praça pública.
Um grande êxito dos atenienses, se comparados aos modernos, era o amor à política. Moses Finley, um dos
maiores conhecedores do tema, conta que, em Atenas, a assembleia popular se reunia cerca de quarenta vezes
ao ano. Pelo menos mil pessoas costumavam comparecer, às vezes dez mil, de um total de quarenta mil
possíveis (a presença não era obrigatória.) Comparo esse empenho ao nosso. Quantos não resmungam para
votar uma só vez a cada dois anos? Nesse período, o ateniense teria passado oitenta tardes na praça, ouvindo,
votando.
Mas a “falha” dos atenienses era a inexistência de direitos humanos. Não havia proteção contra as decisões da
assembleia soberana. Ela podia decretar o banimento de quem quisesse, sem se justificar: assim Temístocles
foi sentenciado ao ostracismo pelo mesmo povo que ele salvara dos persas. Desde a era moderna, os direitos
do homem, protegendo-o do Estado, se tornam cruciais. Estes são os grandes legados das três revoluções
modernas — a inglesa, a americana e a francesa: somos protegidos não só dos desmandos do monarca
absoluto, contra os quais o melhor antídoto seria a soberania popular, mas também da tirania do próprio povo
e de seus eleitos.
Renato Janine Ribeiro. Os direitos humanos e a democracia. In: Valor Econômico. 7/1/2013. Internet:
<www.valor.com.br> (com adaptações).
Com o emprego das aspas na palavra ‘falha’, o autor deixa explícita uma marca de opinião que interfere no
sentido dessa palavra no texto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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50. CESPE - Analista de Controle Externo (TCE-PE)/Auditoria de Contas Públicas/2017

Texto CB2A1AAA

A auditoria, uma das instâncias que garantem a credibilidade das instituições, consiste na análise, à luz da
legislação em vigor e das boas práticas administrativas, do contrato entre as partes, governos e entidades
prestadoras de serviços, e dos procedimentos efetivados, de modo a aferir a sua execução e a conferir os valores
cobrados para garantir que o pagamento seja justo e correto. Consiste, também, no acompanhamento dos
eventos para verificar a qualidade dos serviços prestados por esses agentes.

No âmbito da auditoria, o fundamento da credibilidade consiste na preservação da idoneidade ética. Os


pressupostos éticos da auditoria são três: o princípio da dignidade, o da equidade e o da transparência.
Formulado pelo filósofo alemão Immanuel Kant, no final do século XVIII, o princípio da dignidade afirma que
toda pessoa deve ser tratada, sempre, como fim e nunca como meio. O princípio da equidade, uma ampliação
do princípio da dignidade feita pela Organização das Nações Unidas, em sua Carta de 1946, diz que todo ser
humano possui a mesma dignidade e deve ser tratado com igual consideração e respeito. O princípio da
transparência tem duas versões no próprio Kant: uma diz que se deve sempre agir de tal forma que os motivos
de atuação possam ser divulgados publicamente; a outra afirma que se deve agir de tal modo que a norma de
atuação possa se tornar lei universal. Assim, os negócios escusos, a corrupção, a gatunagem, os procedimentos
ilícitos fogem da luz da divulgação como os vampiros da luz do Sol. Certamente, o princípio da transparência é
o que dá credibilidade à gestão pública e à gestão em geral. Nas pesquisas de opinião, vê-se como a sociedade
coloca-se frente às instituições, exigindo transparência.
Nos momentos de amadurecimento democrático, constata-se que a auditoria ganha espaço nas organizações.
A auditoria seria o primeiro capítulo da transparência na gestão. Quando a sociedade quer tudo em pratos
limpos, a auditoria ascende a um primeiro lugar no seio das organizações, porque é o elemento que permite à
sociedade ter consciência de como está sendo efetivada a gestão. Se não há auditoria, ou se essa não é
praticada de forma constante e transparente, as instituições perdem credibilidade. Quando uma auditoria séria
é praticada, as instituições são mais bem aceitas.

Ricardo Vélez Rodríguez. Auditoria, fundamentos éticos. In: Auditoria, uma abordagem interdisciplinar:
aspectos relevantes para o setor público. Anais da V Jornada Brasileira de Controle Interno. Rio de Janeiro,
dez./2003, p. 32. Internet: <www.rio.rj.gov.br> (com adaptações).

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto CB2A1AAA, julgue o item seguinte.

Os sentidos originais do texto seriam alterados caso fosse suprimida a vírgula empregada imediatamente
após “serviços”.

( ) CERTO ( ) ERRADO

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51.CESPE - Analista de Gestão (TCE-PE)/Administração/2017


O princípio constitucional da eficiência exige do administrador público não apenas a execução de políticas
públicas, mas, acima de tudo, a valorização do bem comum, com menos esforço, com menos custo e com
melhores resultados.

Assim, caminha-se em direção ao controle do mérito das atividades governamentais. Quando se anula um
contrato ou se edita medida preventiva, impedindo-se a sua consumação por ser antieconômica, afirma-se que
os benefícios decorrentes do projeto ou da ação governamental não justificam os custos. Anula-se, em outras
palavras, por má gestão administrativa.

À medida que se fiscaliza, se orienta e se previne, sobram mais recursos públicos; consequentemente, quem
ganha é a sociedade, em especial os menos favorecidos.
É consensual que uma administração pública moderna, orientada por princípios de racionalidade, deve iniciar
o seu controle na própria atuação de seus agentes públicos. Daí a importância do controle da utilização de
valores públicos, para extinguir práticas ilegais e evitar o desperdício de recursos que, por serem escassos,
devem ser geridos criteriosamente, de forma a deles se tirar o máximo de utilidade com o mínimo de sacrifício
para a coletividade.
Idem. Ibidem.

Julgue o item, relativo a aspectos linguísticos e às ideias do texto precedente.


Na linha 12, a substituição do ponto e vírgula por ponto final prejudicaria a correção gramatical do trecho, ainda
que a letra inicial de “consequentemente” fosse ajustada para maiúscula.

( ) CERTO ( ) ERRADO

52. CESPE - Analista de Gestão (TCE-PE)/Julgamento/2017


As últimas décadas registraram o ressurgimento do campo do conhecimento denominado políticas públicas,
assim como das instituições, das regras e dos modelos que regem sua decisão, elaboração, implementação e
avaliação.

A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica surgiu nos Estados Unidos da América
(EUA.), em um rompimento com a tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam,
então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos governos. Na Europa, a área
de política pública despontou como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre
o papel do Estado e de uma das mais importantes instituições do Estado: o governo, produtor, por excelência,
de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, o surgimento da área no mundo acadêmico ocorreu sem relações
com bases teóricas sobre o papel do Estado, mas com ênfase nos estudos sobre a ação dos governos.

O pressuposto analítico que regeu a constituição e a consolidação dos estudos sobre políticas públicas é o de
que, em democracias estáveis, aquilo que o governo faz ou deixa de fazer é passível de ser formulado
cientificamente e analisado por pesquisadores independentes. A trajetória da disciplina, que nasceu como
subárea da ciência política, abriu o terceiro grande caminho trilhado pela ciência política norte-americana no
que se refere ao estudo do mundo público. O primeiro caminho, seguindo a tradição de Madison, cético da
natureza humana, focalizava o estudo das instituições, consideradas fundamentais para limitar a tirania e as
paixões inerentes à natureza humana. O segundo seguiu a tradição de Paine e Tocqueville, que viam nas

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organizações locais a virtude cívica para promover o “bom” governo. O terceiro caminho foi o das políticas
públicas como um ramo da ciência política para se entender como e por que os governos optam por
determinadas ações.

A política pública, embora seja formalmente um ramo da ciência política, a ela não se resume, podendo
também ser objeto analítico de outras áreas do conhecimento, inclusive da econometria, já bastante influente
em uma das subáreas da política pública, a da avaliação, que também vem recebendo influência de técnicas
quantitativas. Esse seu caráter holístico não implica carência de coerência teórica e metodológica.

Desenhadas e formuladas, as políticas públicas desdobram-se em planos, programas, projetos, bases de dados
ou sistema de informação e pesquisas. Postas em ação, são implementadas, devendo ficar, então, submetidas
a sistemas de acompanhamento e avaliação.

Celina Souza. Políticas públicas: uma revisão da literatura. In: Sociologias. Ano 8, n.º 16, Porto Alegre, jul. –
dez./2006, p. 20-45 (com adaptações).

Com relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto precedente, julgue o item a seguir.

Feitos os devidos ajustes de maiúsculas e minúsculas, a substituição do ponto final empregado logo após
“pesquisas” por ponto e vírgula manteria a correção gramatical do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO

53. CESPE - Delegado de Polícia (PJC MT)/2017


A valorização do direito à vida digna preserva as duas faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a do
ser em si e a do ser com o outro. O homem(c) é inteiro em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
social. Igual(d) em sua humanidade, o homem desiguala-se, singulariza-se em sua individualidade.

O direito é o instrumento da fraternização(e) racional e rigorosa. O direito à vida é a substância em torno da qual
todos os direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que o sistema fique mais e mais próximo da ideia
concretizável de justiça social.
Mais(a) valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a
revelação da justiça. Quando os descaminhos não conduzirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
vida mais digna(b) para que a convivência política seja mais fecunda e humana.

Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º. In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB, Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1 (com
adaptações).

A correção e o sentido do texto seriam preservados caso se inserisse uma vírgula logo após

a) “Mais”.

b) “digna”.

c) “homem”.

d) “Igual”.

e) “fraternização”.

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Texto para as questões 54 e 55

Trânsito mata mais do que assassinatos no Brasil

Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência que impera nas cidades do País,
um outro número não recebe tanta atenção quanto os cerca de 60 mil assassinatos registrados anualmente no
Brasil. No trânsito, morrerão, neste ano de 2018, segundo estimativas oficiais, 80 mil pessoas. A projeção está
baseada no fato de que, nos primeiros meses do ano, os acidentes de trânsito já provocaram 19.398 mil mortes
e 20 mil casos de invalidez permanente no País. Os dados são do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro,
órgão da Escola Nacional de Seguros. As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e motociclistas.

Além das mortes e sequelas as mais diversas, muitas deixando inválidos pelo resto da vida homens, mulheres
e crianças, pessoas jovens, ainda há um brutal prejuízo, calculado em torno dos R$ 96 bilhões pelas faltas ao
trabalho dos acidentados.

Ora, tantas vítimas mostram um quadro de insegurança que está presente e que vem ceifando, dia após dia,
vidas nas ruas, avenidas e, muito mais, nas rodovias da nação. Pois, da mesma forma que todos condenam o
grande número de mortes violentas por conta do tráfico de drogas, da disputa entre gangues, de desavenças
familiares, pouca atenção é dada para o massacre que ocorre no trânsito. Da mesma forma que se pede mais
educação, devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante.

Jornal do Comércio

(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/09/648589-transito-mata-mais-do-
que-assassinatos-no-brasil.html)

54. INÉDITTA

A eliminação das vírgulas isolando o termo “com razão” não prejudicaria a correção gramatical, apesar de
alterar o sentido original.

( ) CERTO ( ) ERRADO

55.INÉDITA
A vírgula após “Centro de Pesquisa e Economia do Seguro” poderia ser substituída por um travessão,
sem que isso prejudicasse a correção e o sentido original.
( ) CERTO ( ) ERRADO

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Gabarito
01 C 02 E 03 D 04 D 05 C

06 C 07 C 08 B 09 C 10 C

11 E 12 E 13 B 14 E 15 C

16 C 17 C 18 E 19 C 20 C

21 C 22 E 23 C 24 E 25 E

26 C 27 E 28 E 29 C 30 E

31 D 32 B 33 C 34 C 35 C

36 C 37 E 38 E 39 E 40 E

41 E 42 C 43 C 44 C 45 C

46 A 47 B 48 A 49 C 50 C

51 E 52 C 53 B 54 C 60 C

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Resumo direcionado
... PARA ISOLAR SUJEITO E VERBO
Exemplo: O principal objetivo, é a aprovação.

... PARA ISOLAR VERBO E COMPLEMENTOS


Exemplo: Vamos estudar, Português.

... PARA ISOLAR NOME E COMPLEMENTOS


Exemplo: Não havia dúvidas, sobre sua honestidade.

... PARA ISOLAR VERBO DE LIGAÇÃO E PREDICATIVOS.


Exemplo: Ele ficou, atordoado com a notícia.

NÃO SE ... PARA SEPARAR LOCUÇÕES DE VOZ PASSIVA E AGENTE DA PASSIVA.


Exemplo: Foi aprovado, pela diretoria.
EMPREGA
VÍRGULA... ... PARA SEPARAR ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS DA
PRINCIPAL (EXCETO AS APOSITIVAS)
Exemplo: Precisamos, que você nos apoie.

... PARA ISOLAR ORAÇÕES ADJETIVAS RESTRITIVAS.

... PARA SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS ADITIVAS


INTRODUZIDAS POR "E" E "NEM"
Exemplo: Ele não estuda, nem trabalha.

... PARA SEPARAR VOCATIVOS


Exemplo: Paulo, atenda o telefone!

... PARA SEPARAR APOSTO EXPLICATIVO OU ORAÇÕES ADJETIVAS


EXPLICATIVAS (ISOLADAS TAMBÉM POR TRAVESSÕES OU
PARÊNTESES)
Exemplo: A Língua Portuguesa, a mais fascinante disciplina, é chave em muitos concursos.
Emprego da Vírgula

... PARA SEPARAR ADJUNTOS ADVERBIAIS OU ORAÇÕES


ADVERBIAIS DESLOCADAS DA ORDEM DIRETA
Exemplo: Durante esta semana, muitas reclamações houve.

... PARA ISOLAR ORAÇÕES COORDENADAS ASSINDÉTICAS


Exemplo: Fiz as contas, analisei os balanços, decidi pelo investimento.

EMPREGA-SE
... PARA SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS SINDÉTICAS
VÍRGULA...
ADVERSATIVAS, EXPLICATIVAS OU CONCLUSIVAS
Exemplo: Tivemos várias crise, mas conseguimos superá-las.

... PARA SEPARAR COORDENADAS SINDÉTICAS ALERNATIVAS


INTRODUZIDAS POR OU...OU, ORA... ORA, QUER.. QUER,
SEJA...SEJA,...
Exemplo: Ora ele está bem, ora está mal-humorado.

... PARA SINALIZAR ELIPSE DE VERBO.


Exemplo: Ele gosta de futebol; ela, de vôlei.

... PARA SEPARAR TERMOS COORDENADOS ENTRE SI, EM


ENUMERAÇÃO, DE MESMA FUNÇÃO.
Exemplo: Ele estudou Português, Matemática, Racicícnio Lógico e Estatística.

... PARA ISOLAR EXPRESSÕES INTERPOSITIVAS DE


ENUMERAÇÃO, EXPLICAÇÃO, RETIFICAÇÃO, ETC.
Exemplo: Estude Português, ou melhor, estude muito Português.

... ANTES DE ADJUNTOS ADVERBIAIS EM FINAL DE ORAÇÃO OU


ORAÇÕES ADVERBIAIS EM FINAL DE PERÍODO.
Exemplo: Resolvi muitos exercícios (,) durante a preparação.

A VÍRGULA É ... ANTES DA CONJUNÇÃO "OU"


FACULTATIVA... Exemplo: Eu estudarei Português (,) ou Matemática nesse feriado.

ANTES DE "E" ADITIVO QUANDO ESTE CONECTA ORAÇÕES DE


DIFERENTES SUJEITOS.
Exemplo: João trabalha à tarde(,) e sua esposa fica em casa com os filhos.

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Ponto e Vírgula
1) Emprega-se ponto e vírgula para separar TERMOS EM ENUMERAÇAO DE GRANDE EXTENSÃO, geralmente
trechos oracionais com termos já isolados por vírgulas.

Exemplo:

Para termos um país melhor, é preciso investir em segurança pública, visando a combater o crime de forma
mais preventiva do que repressiva; em saúde pública, dando à população um melhor bem-estar e contribuindo com

sua produtividade; em educação de ponta, qualificando a mão de obra para o concorrido mercado de trabalho do

século XXI; por fim, em mobilidade urbana, tornando mais confortável e prático o sagrado direito de ir e vir do
cidadão.

2) Emprega-se ponto e vírgula no lugar de CONJUNÇÕES COORDENATIVAS.

Exemplo:

Dormiu muito tarde ontem; chegou atrasado ao trabalho.

(Dormiu muito tarde ontem, por isso chegou atrasado ao trabalho.)

Dedicava-se bastante aos estudos; queria mudar de vida.

(Dedicava-se bastante aos estudos, pois queria mudar de vida.)

3) Emprega-se ponto e vírgula para separar ORAÇÕES COORDENADAS, quando se deseja ENFATIZAR UMA
COMPARAÇÃO OU UM CONTRASTE.

Exemplos:

Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses; eu, porém, apoiei-me em fatos.

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política; o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

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IMPORTANTE

Seria equívoco empregar simplesmente uma vírgula no lugar do ponto e vírgula, pois a pausa maior não
pode dar lugar a uma pausa menor.

Algumas alternativas se apresentam ao uso do ponto-e-vírgula. Vejamos:

Vocês, sem exceção, basearam-se em hipóteses. Eu, porém, apoiei-me em fatos.

Ponto Final

Os dois primeiros anos do seu rumoroso governo foram pautados pela exibição de suas façanhas atléticas e
política. Já o terceiro (e último) foi consumido por denúncias e patifarias.

Ponto Final

A pausa menor pode dar espaço para uma pausa maior, com as devidas alterações. Isso significa que o
ponto e vírgula pode ceder espaço para o ponto final.

Dois Pontos
1) Emprega-se o sinal de dois pontos antes ou depois de uma ENUMERAÇÃO.

Exemplos:

Neste clube pratica-se: futebol, natação, voleibol, tênis e basquetebol.


Futebol, tênis, basquetebol, natação: são as modalidades praticadas no clube.

2) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir CITAÇÕES.

Exemplo:

Perguntaram a um sábio: “A quem queres mais, a teu irmão ou a teu amigo?”. E o sábio respondeu:
“Quero a meu irmão, quando é meu amigo”.

3) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir EXPLICAÇÕES.

Exemplos:

Fiquei curioso: circulara o boato da renúncia do presidente.

= Fiquei curioso, pois circulara o boato da renúncia do presidente.

Estava muito preocupado com seu filho: há dias não recebia notícias dele.

= Estava muito preocupado com seu filho, pois há dias não recebia notícias dele.

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4) Emprega-se o sinal de dois pontos para introduzir um APOSTO ou uma ORAÇÃO SUBORDINADA
SUBSTANTIVA APOSITIVA.

Exemplos:

Só há um vencedor na política: aquele com mais dinheiro.


O resultado esperado é um só: que todos estejam aptos ao fim do treinamento.

5) Emprega-se o sinal de dois pontos para isolar VOCATIVOS em correspondências.

Exemplos:

Prezados Condôminos:

Informo que a taxa de condomínio sofrerá reajustes.


...

Outros sinais de pontuação


Usa-se o travessão ...

...para introduzir a fala de um personagem.

Exemplo:

O filho perguntou:

- Pai, quando começarão as aulas?

... para isolar expressões de caráter explicativo, como o aposto explicativo e a oração adjetiva explicativa.

Exemplo:

O Curso Direção – a nova sensação na preparação para concursos – fará diversos eventos ao
vivo gratuitos.

IMPORTANTE!
Após os travessões, é possível empregar vírgulas. Caso o trecho entrecortado pelos travessões exija
vírgulas, elas podem ser empregadas normalmente.

Exemplo:

Estudei vorazmente Português – a disciplina-chave em concursos -, mas ainda sinto que devo aprimorar.

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Usam-se os parênteses ...

... para isolar comentários de caráter explicativo, reflexivo ou opinativo.

Exemplo:

Vivemos uma época de restrições às liberdades individuais (e, por acaso, já fomos livres um dia?)

Usam-se as aspas ...

... para isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares.

Exemplo:

Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a mim requerido.

... para indicar uma citação textual.

Exemplo:

Houve um presidente que costumava falar frequentemente “Nunca antes na história deste
país...”.

... para indicar sentido irônico.

Exemplo:

Todas as mulheres adorariam ter a “feiura” da Gisele Bündchen.

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FIM
NÃO DESISTA!
CONTINUE NA DIREÇÃO CERTA!

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