Você está na página 1de 16

1

Universidade de Brasília
Instituto de Geociências
Graduação em Geologia

Monique dos Santos Costa


Vitória Rodrigues Ferreira Barbosa

ENSAIO DE INFILTRAÇÃO SLUG TEST NA BACIA


DO RIO JARDIM, PLANALTINA-DF

Relatório apresentado como requisito parcial


para aprovação na disciplina Hidrogeologia, do
curso de graduação em Geologia, da
Universidade de Brasília.
Prof. Dr. José Eloi Guimarães Campos

Brasília-DF
2018
2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 3
1.1 Localização e vias de acesso ......................................................................................... 3
1.2 Características da área de estudo ................................................................................ 3
1.2.1 Geologia .......................................................................................................................... 3
1.2.2 Pedologia e Geomorfologia ............................................................................................ 4
1.2.3 Zoneamento Hidrogeológico .......................................................................................... 5
1.2.4 Clima ...............................................................................................................................5

2 MÉTODOS .................................................................................................................... 6
2.1 Método da Vazão .......................................................................................................... 6
2.2 Método Bouwer & Rice ................................................................................................ 6

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................ 8


3.1 Variação do Tempo-Nível Freático ............................................................................. 8
3.2 Condutividade Hidráulica: Método da Vazão e de Bouwer & Rice ...................... 12
3.3 Parâmetros Físico-Químicos ...................................................................................... 14

4 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 15

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 16
3

1 INTRODUÇÃO

O estudo do fluxo da água em subsuperfície é fundamental para a compreensão dos


processos relacionados ao estágio de pós-precipitação, tais como os mecanismos de infiltração,
escoamento interno e/ou de base, e recarga de aquíferos. A determinação da condutividade
hidráulica vertical da zona saturada de um aquífero, a partir de ensaios de infiltração in situ do
tipo slug test, fornece informações importantes para os estudos hidrogeológicos.
O objetivo deste estudo é determinar a condutividade hidráulica vertical da zona
saturada de aquíferos em poços localizados na região da Bacia do Rio Jardim, Planaltina, a
partir do ensaio de infiltração in situ do tipo slug test. Os objetivos específicos são: i) avaliar o
método de aquisição de dados em campo; ii) comparar os valores de condutividade hidráulica
obtidos a partir dos métodos da Vazão e de Bouwer & Rice; e iii) relacionar estes resultados
com os parâmetros físico-químicos do aquífero e com o contexto geológico/pedológico local.

1.1 Localização e vias de acesso


O trabalho de campo ocorreu no dia 05 de maio, ao longo da Bacia do Rio Jardim,
porção sudeste da região administrativa Planaltina, Distrito Federal. O acesso principal ocorre
pela rodovia DF-130. Foram visitados sete pontos distintos, onde localizam-se sete poços de
monitoramentos (Tab.1.1).

Tabela 1.1 – Valores das coordenadas UTM, cota de elevação e solos constituintes dos pontos visitados nos
arredores do Parque Nacional de Brasília.
Coordenadas UTM 23 L Elevação
Ponto Poço Solo
UTM N (m) UTM E (m) (m)
P01 05 217373 8251223 1040 Plintossolo
P02 54 218419 8247406 1006 Latossolo vermelho
P03 30 219034 8245396 1055 Latossolo vermelho-amarelo
P04 27 225205 8247913 927 Gleissolo
P05 24 224145 8248961 956 Latossolo vermelho-amarelo
P06 46 221943 8258300 1073 Latossolo vermelho-amarelo
P07 11 222002 8259781 1152 Latossolo vermelho-amarelo

1.2 Características da área de estudo

1.2.1 Geologia
O Distrito Federal situa-se na região de transição entre as porções externa e interna da
Faixa Brasília (Fuck et al., 1994; Freita-Silva e Campos, 1998). Na região de estudo, afloram
as unidades Meso-Neoproterozóicas Canastra (filitos), Paranoá (quartzitos/Q3 e metarrimitos
argilosos/R4) e Bambuí (metassiltitos e metarcóseos) (Fig.1.1). Tectonicamente, esta região é
marcada pelo sistema de cavalgamento Bartolomeu-Paranã.
4

Figura 1.1 – Mapa geológico do Distrito Federal na região da Bacia do Rio Jardim. Os pontos visitados estão
inseridos nos Grupos Canastras, Bambuí e Paranoá (Q3 e R4). Fiori (2010).

1.2.2 Pedologia e Geomorfologia


Os solos do Distrito Federal são característicos do bioma Cerrado. Na área de estudo, é
identificado o predomínio de latossolos vermelhos e latossolos vermelho-amarelos, seguido de
cambissolos, solos hidromórficos e neossolos (EMBRAPA, 1978). Geomorfologicamente, a
região insere-se na unidade de compartimento de dissecação intermediária, caracterizada por
um padrão de relevo suave ondulado, com predomínio de latossolos de textura argilosa e
moderado risco de erosão.
5

1.2.3 Zoneamento Hidrogeológico


A região do Distrito Federal insere-se na província hidrogeológica Escudo Central, onde
são descritos diversos domínios hidrogeológicos (Tab.1.2). Na área de estudo, observa-se o
predomínio de aquíferos livres do sistema P2, pertencentes ao domínio freático. Esses aquíferos
são intergranulares, com espessuras maiores que 20 metros e condutividade hidráulica
moderada (~10-6 m.s-1). Há forte controle da geologia e geomorfologia e uma de suas principais
características é o predomínio de solos e manto de alteração das rochas.

1.2.4 Clima
O clima do Distrito Federal é tropical com a concentração da precipitação pluviométrica
no período de verão. Os meses mais chuvosos são novembro, dezembro e janeiro, e a época
seca ocorre nos meses de inverno, ou seja, de junho a agosto (Baptista, 1998). Segundo
Embrapa (1978), as precipitações variam entre 1500 e 2000 mm anuais, sendo a média em torno
de 1600 mm, alcançando em janeiro o seu maior índice pluviométrico (320 mm/mês) e durante
os meses de junho, julho e agosto, chegando à média mensal total da ordem de 50 mm

Tabela 1.2 – Domínios, sistemas, subsistemas dos principais tipos de aquíferos característicos do Distrito Federal.
Adaptado de Fiori (2010).
Vazão
Domínio Sistema Subsistema Pedologia/Geologia
(m³h-1)
Freático P1 <0,8 latossolo arenoso e neossolo quartzarênico
P2 latossolo argiloso
– <0,5
P3 plintossolo e argissolo
P4 <0,3 cambissolo e neossolo litólico
Fraturado Paranoá S/A 12,5 metassiltito
A 4,5 ardósia
R3/Q3 12,0 quartzito e metarritmito arenoso
R4 6,5 metarritmito argiloso
Canastra F 7,5 filito micáceo
Bambuí – 6,0 siltito e arcóseo
Araxá – 3,6 mica xisto
Físsuro- Paranoá PPC 9,0 metassiltito, lentes de mármore
Cárstico Canastra F/Q/M 33,0 calcifilito, quartzito e mármore
6

2 MÉTODOS

O método de recuperação do nível, ou slug test, é utilizado para determinação dos


parâmetros hídricos da zona saturada de um aquífero. Consiste, basicamente, na inserção de um
volume conhecido de água em um poço, onde serão medidos o rebaixamento e o tempo, os
quais há o retorno ao nível estático original, inicialmente medido (Fig.2.1-A-D).
Os dados de rebaixamento e tempo medidos são utilizados para calcular a condutividade
hidráulica vertical da zona saturada nos poços em questão, a partir dos métodos da Vazão e
Bouwer & Rice.
Simultaneamente, amostras de água de cada poço foram coletadas para determinação
das propriedades físico-químicas (e.g. temperatura, Eh, pH e condutividade hidráulica), a partir
de um multímetro.

2.1 Método da Vazão


Este método consiste em calcular a condutividade hidráulica vertical (kv) em poços com
parâmetros não conhecidos. É utilizada a equação:

Q
kv = Equação 2.1
5,5∆hr

Onde kv é a condutividade hidráulica vertical (m³s-1); Q é a vazão do volume de água inserido


(m³s-1); 5,5 é a constante empírica; ∆h é a variação da carga hidráulica (m); e r é o raio do
revestimento do poço (m).

2.2 Método Bouwer & Rice


Este método é utilizado para aquíferos infinitos e isotrópicos, podendo ser aplicado para
aquíferos confinados, desde que a base da camada confinante fique acima do filtro. É utilizada
a equação:

R
r2 ln e h
kv = R
ln ( h0 ) Equação 2.2
2L∆t t

Onde kv é a condutividade hidráulica vertical (m³s-1); R é o raio do revestimento do poço (m);


Re é o raio de perfuração do poço de observação (m); L é o comprimento da seção de filtro (m);
h0 é o rebaixamento no tempo zero; ht é o rebaixamento no tempo t; e ∆t é o tempo total de
duração do ensaio.
7

A B

C D

Figura 2.1 – A) O ensaio é iniciado quando um volume conhecido de água é inserido no poço; B) Rapidamente, é
feito a medição do rebaixamento do nível da água, simultaneamente à contagem de tempo. O ensaio é finalizado
quando atinge-se o nível estático do poço; C) Amostras de água do aquífero são coletadas para D) medição dos
parâmetros físico-químicos a partir de um multímetro.
8

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Variação do Tempo-Nível Freático


A medição do rebaixamento do nível freático, simultaneamente à contagem do tempo,
até a sua estabilização no nível estático, possibilita a comparação visual entre os sete poços de
monitoramento (Tab.3.1; Fig.3.1-A-G). Nos casos em que foram realizados dois ensaios para
um mesmo poço (Pontos 3 e 5; Fig.3.1-C,E), nota-se uma divergência de valores nas primeiras
medições realizadas. Esta divergência deve-se à alta taxa de rebaixamento logo nos segundos
iniciais do ensaio; porém, é amenizada nos minutos seguintes, onde a taxa diminui ao se
aproximar do nível estático do poço. A perda de precisão nestas medidas iniciais implica,
posteriormente, no cálculo errôneo da condutividade hidráulica da zona saturada.

(A) 6

8
Ponto 1
Nível Freático (m)

10

12

14
NE
16
Plintossolo
18
0 500 1000 1500 2000 2500
tempo (s)

(B) 5.0

Ponto 2
5.2
Nível Freático (m)

5.4

5.6

5.8 NE
Latossolo vermelho
6.0
0 200 400 600 800 1000
t empo (s)

Figura 3.1 – Variação das medidas do rebaixamento do nível freático, em metros, em relação ao tempo de duração,
em segundos. Notar a alta taxa de rebaixamento nos segundos iniciais em comparação ao término do ensaio, onde
os valores se estabilizam próximo ao nível estático. Foram realizados os ensaios nos: A) Ponto 1 (Poço 05); B)
Ponto 2 (Poço 54); continua.
9

(C) 15

Ponto 3

Nível Freático (m)


Grupo 1
16
Grupo 2

17
NE

Latossolo vermelho-amarelo
18
0 200 400 600 800 1000
tempo (s)

(D) 1.9

Ponto 4
Nível Freático (m)

2.0

NE

Gleissolo
2.1
0 50 100 150 200
tempo (s)

(E) 2
Latossolo vermelho-amarelo
Ponto 5
3
Nível Freático (m)

Grupo 1
4 Grupo 2

6
NE
7
0 500 1000 1500 2000 2500
tempo (s)

Continuação. Figura 3.1 – C) Ponto 3 (Poço 30), onde houveram medições realizadas por dois grupos distintos;
D) Ponto 4 (Poço 27); E) Ponto 5 (Poço 24), onde houveram medições realizadas por dois grupos distintos. Notar
as divergências entre os valores medidos para um mesmo poço, em ensaios diferentes. As principais diferenças de
medição, ocorrem nos segundos iniciais dos ensaios de infiltração, devido à alta taxa de rebaixamento. Porém, nos
minutos posteriores, há uma diminuição da taxa de rebaixamento, até a estabilização no nível estático do poço.
Nesta porção final, há uma coerência maior entre as medições dos grupos; continua.
10

(F) 18

Ponto 6

Nível Freático (m)


19

NE

Latossolo vermelho-amarelo
20
0 200 400 600 800
tempo (s)

(G) 2.5
Latossolo vermelho-amarelo
Ponto 7
Nível Freático (m)

2.6

2.7 NE

0 200 400 600 800


tempo (s)

Continuação. Figura 3.1 – F) Ponto 6 (Poço 46); e G) Ponto 7 (Poço 11). NE – Nível Estático.

O ensaio realizado no Ponto 1, sobre plintossolo, tem duração de, aproximadamente, 35


minutos, sendo o mais demorado (Fig.3.1-A). O rebaixamento do nível freático no tempo inicial
é menos brusco, em relação aos demais, atingindo a estabilidade parcial em 10 minutos de
ensaio. Já a duração do ensaio no Ponto 4, sobre gleissolo drenado, é menor, atingindo cerca de
3 minutos (Fig.3.1-D). Isso se deve ao fato do nível estático ser menos profundo, condizente ao
caráter hidromórfico deste tipo de solo.
Por ser a solo mais abundante, há uma maior quantidade de ensaios realizados em pontos
sobrejacentes ao latossolo vermelho. Dessa forma, é possível observar uma uniformidade nos
estágios iniciais: a estabilização parcial do nível freático ocorre, geralmente, antes dos primeiros
4 minutos de ensaio, como nos Pontos 2, 3, 5, 6 e 7 (Fig.3.1-B,C,E,F,G). Os ensaios têm duração
entre 15 e 45 minutos, sendo os mais curtos referentes aos pontos localizados nos Grupos
Canastra e Paranoá, enquanto que o mais demorado ocorreu no Grupo Bambuí.
11

Tabela 3.1 – Variação da profundidade do nível freático em relação ao tempo, nos sete poços de monitoramento distribuídos na Bacia do Rio Jardim.
Ponto 1 Ponto 2 Ponto 3a Ponto 3b Ponto 4 Ponto 5a Ponto 5b Ponto 6 Ponto 7
Poço 05 Poço 54 Poço 30 Poço 30 Poço 27 Poço 24 Poço 24 Poço 46 Poço 11
NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s) NF (m) t (s)
7,56 7 0 15,66 20 15,95 0 2,00 0 2,74 0 4,27 0 18,37 0 2,53 0
10,75 15 5,13 10 15,86 45 16,23 10 2,04 10 3,61 15 4,43 10 18,74 10 2,58 15
11,48 30 5,50 20 16,20 60 16,40 20 2,04 30 3,98 30 4,53 30 18,92 30 2,59 30
11,63 60 5,63 35 16,98 90 16,59 30 2,04 45 4,11 45 4,64 60 19,06 60 2,60 45
12,00 90 5,68 45 17,17 120 16,75 45 2,04 60 4,21 60 4,84 90 19,15 90 2,61 60
12,35 120 5,73 60 17,21 150 16,85 60 2,04 90 4,37 90 4,94 120 19,23 120 2,61 90
12,90 180 5,78 90 17,23 180 17,04 90 2,04 120 4,49 120 5,01 150 19,33 180 2,61 120
13,42 240 5,80 120 17,24 210 17,12 120 2,04 180 4,60 150 5,09 210 19,39 240 2,61 180
13,85 300 5,82 150 17,25 240 17,17 150 4,74 180 5,16 240 19,43 300 2,62 300
14,20 360 5,83 180 17,27 270 17,20 180 5,47 300 5,28 300 19,50 450 2,62 420
14,69 480 5,84 240 17,27 300 17,22 210 5,57 450 5,39 360 19,52 600 2,62 600
15,02 600 5,84 300 17,28 330 17,23 240 5,62 600 5,50 420 19,53 750 2,62 900
15,15 660 5,84 420 17,29 360 17,24 270 5,99 900 5,55 450 19,54 805
15,25 720 5,84 600 17,29 420 17,25 300 6,22 1200 5,77 600
15,32 780 5,84 900 17,31 600 17,26 330 6,36 1500 5,95 750
15,43 900 17,31 720 17,27 360 6,45 1800 6,08 900
15,48 1020 17,31 840 17,28 420 6,50 2100 6,28 1200
15,51 1140 17,32 960 17,30 600 6,54 2400 6,41 1500
15,52 1260 17,32 1200 17,30 720 6,56 2700 6,47 1800
15,53 1500 17,32 1500 17,31 840 6,52 2100
15,53 1800 17,32 1800 17,31 960 6,55 2400
15,54 2100 17,31 1200 6,57 2700
17,32 1500
17,32 1800
NF – nível freático
t – tempo
12

3.2 Condutividade Hidráulica: Métodos da Vazão e de Bouwer & Rice


A maior condutividade hidráulica (kv) calculada, a partir do Método da Vazão,
corresponde ao Ponto 4 (gleissolo; kv = 4,70x10-3 m³s-1), enquanto que a menor corresponde ao
Ponto 5a (latossolo vermelho-amarelo; kv = 1,41x10-5 m³s-1), ambos pertencentes ao Grupo
Bambuí. Os demais valores são bastante próximos e variam entre 1,76x10-5 e 4,64x10-4 m³s-1
(Tab.3.2; Fig.3.2). No geral, estes valores refletem as condutividades hidráulicas altas a
moderadas dos aquíferos livres pertencentes à área de estudo.

Tabela 3.2 – Principais parâmetros utilizados para calcular a condutividade hidráulica vertical (Método da Vazão)
da zona saturada dos sete poços de monitoramento. O raio de revestimento dos poços estudados é igual a r = 25
mm, enquanto que o diâmetro de perfuração é igual a 2”.
Ponto (Poço) NF (m) V (m³) Δt (s) Q (m³/s) h (m) h0 (m) Δh (m) kV (m³s-1)
1 (05) 15,57 0,05 2100 2,38E-05 15,54 7,56 7,98 2,17x10-5
2 (54) 5,86 0,03 900 3,33E-05 5,84 5,13 0,71 3,40x10-4
3a (30) 17,33 0,05 1800 2,78E-05 17,32 15,66 1,66 1,22x10-4
3b (30) 17,33 0,05 1800 2,78E-05 17,32 15,95 1,37 1,48x10-4
4 (27) 2,05 0,01 180 2,78E-05 2,04 2,00 0,04 4,70x10-3
5a (24) 6,63 0,02 2700 7,41E-06 6,56 2,74 3,82 1,41x10-5
5b (24) 6,63 0,02 2700 5,56E-06 6,57 4,27 2,30 1,76x10-5
6 (46) 19,54 0,01 805 1,24E-05 19,54 18,37 1,17 7,75x10-5
7 (11) 2,63 0,01 900 5,56E-06 2,62 2,53 0,09 4,64x10-4

Por outro lado, a condutividade hidráulica, calculada a partir do Método de Bouwer &
Rice, não reflete mudanças no que diz respeito à hierarquia de valores obtidos anteriormente
(Tab.3.3). Porém, há pequenas variações em função do raio efetivo (Re) considerado, em
relação a este método (Fig.3.3). Os maiores valores de kv correspondem a Re = 7R, enquanto
que os menores correspondem a Re = 3R.

0.005
Latossolo Vermelho
4 Gleissolo
0.004 Grupo Bambuí
Plintossolo
0.003
kv (m³s-1)

Grupo Canastra Grupo Paranoá


0.002

0.001 7
2
1 3a 3b 5a 5b 6
0.000

-0.001

Figura 3.2 – Comparação entre os valores de condutividade hidráulica vertical da zona saturada dos sete pontos
estudados. O Ponto 4 destaca-se em relação aos demais, sendo o maior valor de kv.
13

Tabela 3.3 – Principais parâmetros utilizados para calcular a condutividade hidráulica vertical (Método Bouwer &
Rice) da zona saturada dos sete poços de monitoramento. O raio de revestimento dos poços estudados é igual a r
= 25 mm, enquanto que o diâmetro de perfuração é igual a 2”.
Seção kV (m³s-1)
Ponto (Poço) de ht (m) h0 (m)
Filtro 3R 4R 5R 7R
1 (05) 6 0,024 8,005 2,80x10-7 2,00x10-7 2,32x10-7 2,80x10-7
2 (54) 4 0,013 0,725 6,79x10-7 4,84x10-7 5,62x10-7 6,79x10-7
3a (30) 6 0,004 1,665 3,40x10-7 2,42x10-7 2,81x10-7 3,40x10-7
3b (30) 6 0,008 1,375 2,90x10-7 2,06x10-7 2,40x10-7 2,90x10-7
4 (27) 4 0,004 0,047 2,08x10-6 1,48x10-6 1,72x10-6 2,08x10-6
-7 -7 -7
5a (24) 4 0,069 3,890 2,27x10 1,62x10 1,88x10 2,27x10-7
5b (24) 4 0,058 2,360 2,09x10-7 1,49x10-7 1,73x10-7 2,09x10-7
6 (46) 4 0,001 1,165 7,53x10-7 9,50x10-7 1,10x10-6 1,33x10-6
7 (11) 4 0,008 0,095 4,18x10-7 2,98x10-7 3,46x10-7 4,18x10-7

5.00E-03
Método da Vazão
Método Bouwer & Rice (3R)
Método Bouwer & Rice (4R)
Método Bouwer & Rice (5R)
3.00E-03 Método Bouwer & Rice (7R)
kv (m³s-1)

1.00E-03

-1.00E-03

2.50E-06
4
2.00E-06

1.50E-06 6
kv (m³s-1)

1.00E-06
2
7
5.00E-07 1 3a 3b 5a 5b

0.00E+00

Figura 3.3 – Acima, comparação entre os métodos da Vazão e de Bouwer & Rice. Notar a coerência entre os
métodos, porém, os valores do primeiro método são mais altos; Abaixo, comparação entre os valores de
condutividade hidráulica em função dos diferentes valores do raio efetivo considerado. Notar que, quanto maior o
valor de Re, maior é a condutividade hidráulica para um dado aquífero.
14

A principal diferença observada quando os métodos da Vazão e de Bouwer & Rice são
comparados é a tendência de o primeiro apresentar valores de condutividade hidráulica maiores
em relação ao segundo. De fato, essa discrepância de valores é esperada, uma vez que o primeiro
método é utilizado quando os parâmetros hidráulicos do aquífero são desconhecidos, enquanto
que o segundo é, inicialmente, utilizado para aquíferos livres.

3.3 Parâmetros Físico-químicos


A condutividade elétrica da água está relacionada ao TDS (Total de Sais Dissolvidos).
Os maiores valores deste parâmetro correspondem aos Ponto 5, 1 e 2. Contudo, os valores são
baixos para todos os pontos, tendo em vista a geologia regional, onde as rochas têm pouco sais
em sua formação e, consequentemente, os solos derivados das mesmas apresentam as mesmas
características. Adicionalmente, a temperatura da água oscila em valores ambientes
correspondendo, possivelmente, aos fluxos hidrogeológicos de caráter local. Estes dois
parâmetros indicam a tendência de menor mineralização das águas dos aquíferos estudados.
O pH destas águas varia de 5,91 (Ponto 3) a 6,89 (Ponto 5) sendo, em todos os casos,
consideradas ácidas. De fato, não é observada a presença de rochas carbonáticas na região de
estudo e sim de rochas siliciclásticas provenientes dos Grupos Canastra, Bambuí e Paranoá. Da
mesma forma, o Eh varia de 19,7 (Ponto 3) a -36,8 (Ponto 5); a água do Ponto 3 é a mais
oxidante, enquanto que a do Ponto 5 é a mais redutora.

Tabela 3.4 – Parâmetros físico-químicos medidos, a partir de um multímetro, nos poços de monitoramento.
CE Eh Temperatura Geologia
Ponto (Poço) pH Solo
(𝛍S.cm-1) (mV) (°C)
1 (05) 7,60 6,52 -15,6 25,0 Grupo Canastra Plintossolo
2 (54) 6,97 5,94 17,5 23,4 Grupo Canastra Latossolo vermelho
3 (30) 4,19 5,91 19,7 25,7 Grupo Canastra Latossolo vermelho-amarelo
4 (27) 5,89 6,09 9,0 24,0 Grupo Bambuí Gleissolo
5 (24) 8,45 6,89 -36,8 24,9 Grupo Bambuí Latossolo vermelho-amarelo
6 (46) - - - - Grupo Paranoá Latossolo vermelho-amarelo
7 (11) 4,94 6,55 -17,3 24,3 Grupo Paranoá Latossolo vermelho-amarelo
15

4 CONCLUSÃO

A determinação da condutividade hidráulica vertical da zona saturada de aquíferos


estudados na região da Bacia do Rio Jardim, a partir de diferentes métodos de análise, indicam:
• Os valores de kv da zona saturada dos aquíferos estudados, calculados a partir do
Método da Vazão, variam entre altas a moderadas;
• No caso do Método de Bouwer & Rice, os valores de kv são menores, variando de baixos
a muito baixos. Estes resultados não apresentam uma mudança significativa em função
do raio efetivo considerado. Contudo, os maiores valores estão associados ao 7R,
enquanto que os menores estão associados ao 3R;
• Apesar de existir uma coerência no padrão de variação de kv entre os métodos da Vazão
e de Bouwer & Rice, ambos apresentam um grande contraste de valores; e
• As águas analisadas apresentam parâmetros físico-químicos dentro esperado: baixa
condutividade elétrica, devido à baixa quantidade de sólidos dissolvidos/suspensos; pH
ligeiramente ácido, condizente com a geologia regional; Eh variando entre redutor e
oxidante; e temperatura ambiente, indicando fluxo hidrogeológico local.
16

REFERÊNCIAS

BAPTISTA, G.M.M. 1998. Caracterização climatológica do Distrito Federal. In: Inventário


Hidrogeológico e dos Recursos Hídricos Superficiais do Distrito Federal. Brasília.
IEMA/SEMATEC/UnB. Parte I. 87p
EMBRAPA. 1978. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação dos Solos. Levantamento
de Reconhecimento dos Solos do Distrito Federal. Escala 1:100.000. Rio de JaNFiro.
EMBRAPA. SNLCS. Boletim Técnico, 455p
FIORI, J.P.O. 2010. Avaliação de métodos de campo para a determinação de condutividade
hidráulica em meios saturados e não saturados. Dissertação de Mestrado. Instituto de
Geociências. Universidade de Brasília. 110p
FREITAS-SILVA, F.H., CAMPOS, J.E.G. 1998. Geologia do Distrito Federal. In: Inventário
Hidrogeológico e dos Recursos Hídricos Superficiais do Distrito Federal. Brasília.
IEMA/SEMATEC/UnB. Parte I. 87p
FUCK, R.A., PIMENTEL, M.M., SILVA, L.J.H.D. 1994. Compartimentação Tectônica na
porção oriental da Província Tocantins. In: XXXVIII Congresso Brasileiro de Geologia.
Camboriú, SBG, 1:215-216

Você também pode gostar