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Motrivivência Ano XXI, Nº 32/33, P. 193-210 Jun-Dez.

/2009

DESAFIOS DO JORNALISMO NA ERA


DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

Anderson Gurgel1

Resumo Abstract
Neste artigo, fazemos um resgate dos In this paper, we make a rescue of
conceitos e histórico do jornalismo the concepts and history to sports
esportivo para, num segundo momento, journalism, second, to propose a re-
propor uma reflexão sobre as práticas flection on the journalistic practices
jornalísticas no mundo do esporte. A in the world of sport. The vision that
visão que norteia este texto é a de que
guides this paper is that the sports
o jornalismo esportivo já não cabe
dentro dos seus próprios parâmetros journalism no longer fits within its
tradicionais de conceituação, técnicas own parameters of traditional con-
e visão de objeto de cobertura cepts, techniques and vision of the
noticiosa. O cenário que descrevemos object of news coverage. The scena-
é motivado pela complexa teia onde o rio we describe is motivated by the
jornalismo esportivo se insere, dentro complex web where the sports jour-
das relações entre a comunicação e nalism falls within the relationship
o esporte, mediados pelo espetáculo between sport and communication,
e o entretenimento. Acentua ainda mediated by the spectacle and

1 Anderson Gurgel, jornalista, professor mestre, é doutorando em Comunicação e Semiótica pela


PUC-SP onde estuda a economia da imagem do esporte, sob orientação do Prof. Dr. Norval
Baitello Junior. Ainda coordena os cursos de Jornalismo e Rádio & TV da Universidade de Santo
Amaro (Unisa) e pesquisa a interface da comunicação com o esporte e a economia e é autor
do livro “Futebol S/A: A Economia em Campo”, lançado em 2006 pela editora Saraiva. E-mail:
andersongurgel@uol.com.br
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mais essa complexidade o fato de que entertainment. Further underlines


um novo desafio impõe-se a toda a this complexity the fact that imposes
sociedade brasileira e ao jornalismo, a new challenge to all of Brazilian
em particular, com a realização dos society and journalism in particular
megaeventos esportivos no Brasil, with the achievement of sporting
sendo os principais dele a Copa do mega events in Brazil, the main goals
Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos of the World Cup Soccer 2014 and
Olímpicos Rio 2016. the Olympic Games 2016.
Palavras-chave: Jornalismo Esportivo; Keywords: Sports Journalism,
Megaeventos Esportivos; Cobertura Sports mega-events; Journalistic
Jornalística; Espetáculo; Economia do Coverage, Entertainment, Economics
Esporte. of Sports.

Tradição e ruptura agendados com a realização da Copa


do Mundo de Futebol de 2014 e
Neste artigo, o desafio dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A
que perseguimos é o de propor partir desses megaeventos, o esporte
uma reflexão sobre o jornalismo coloca-se como item fundamental
esportivo dentro do atual cenário na agenda dos grandes interesses
dos megaeventos esportivos e da ex- nacionais. É um enorme desafio para
pansão do entretenimento na mídia. a cobertura jornalística desportiva
Como pressuposto, adiantamos que dar conta dessa complexidade.
o jornalismo esportivo já não cabe Ao iniciar a discussão,
dentro dos seus próprios parâmetros pontuamos que o jornalismo es-
tradicionais de conceituação, técnica portivo, na definição tradicional,
e objeto de cobertura noticiosa. O apresentada pelo Dicionário En-
enraizamento do esporte no mun- ciclopédico Tubino do Esporte
do do entretenimento midiático, a (2007:719),
espetacularização e o consumo no
mundo desportivo e a atuação dos “é uma atividade especializada
meios de comunicação de massa de Jornalismo na qual são trans-
nesse cenário, ao longo do Século mitidas informações, opiniões
XX, consolidaram o esporte, para (interpretações e críticas) e aná-
além das suas fronteiras naturais, lises do esporte em qualquer as-
como agente econômico e político. pecto de sua abrangência socio-
O caso torna-se ainda mais cultural. O jornalismo esportivo
crítico, no cenário brasileiro, ao se é exercido por jornalistas com
levar em conta os desafios que estão conhecimento em esportes em
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geral ou em aspectos esporti- “O jornalismo esportivo é o res-


vo. (...) A cobertura jornalística ponsável por divulgar tudo o que
esportiva, na sua maioria, é se- acontece em relação ao esporte.
torizada, podendo incidir sobre O que vai desde o conceito de
clubes, modalidades, entidades esporte como ferramenta de in-
dirigentes ou outros aspectos clusão social até os noticiários
esportivos importantes.” especializados em modalidades
esportivas de alto rendimento,
Como podemos perce- onde estão condicionados as-
ber, essa conceituação é bastante pectos como entretenimento e
tradicional e até utópica, no enten- profissionalismo. Todo assunto
dimento do que é jornalismo espor- de interesse da sociedade que
tivo e sobre a prática da profissão. envolva esporte é objeto do jor-
Mas o próprio dicionário (ibidem: nalismo esportivo.”
719) já aprofundando e atualizando
a questão pontua que A citação da pesquisa de
Carvalho, apesar de aparentemente
“o jornalismo esportivo, cada
concordar com o que está no Tubino
vez mais, tem buscado o sen-
do Esporte, apresenta um problema:
na prática do dia-a-dia dos grandes
tido do espetáculo, o que leva
veículos de comunicação, o jornalis-
a uma identificação integrada
mo esportivo acaba não dando conta
com o show, o profissionalis-
da “sua real dimensão” na sociedade
mo e o negócio. A criação, a
atual, ficando mais centrado nos
difusão e o reconhecimento de
aspectos ligados ao esporte de alto
ídolos e mitos no Esporte têm
rendimento. Há muito pouco do
sido algumas das iniciativas do
esporte amador, das políticas públi-
Jornalismo Esportivo na cons-
cas e privadas no âmbito esportivo,
trução do espetáculo.”
da promoção do esporte como fator
de qualidade de vida, do impacto
Já há literatura mais recen- cultural do esporte na sociedade,
te sobre o assunto que apresenta entre outros fatores, na cobertura
uma abordagem mais ampla, que jornalística diária do esporte.
traz uma ruptura e uma atualização No nosso entendimento,
do entendimento sobre o “fazer a questão está longe de ser sim-
jornalismo esportivo”. Joana Car- ples. O problema está muito além
valho (apud PENA, 2005: 81), por dos aspectos formais e técnicos
exemplo, comenta: e envolve também a questão das
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estratégias editorias dos veículos de O nó teórico-prático sobre


comunicação de massa. Vejamos o “fazer jornalismo esportivo” dá-se
que Barbeiro e Rangel (2006:13) justamente na fronteira do esporte
ponderam que espetáculo e agente do consumo
versus esporte amador para a prática
“Jornalismo é jornalismo, seja lúdica e descompromissa; do jorna-
ele esportivo, político, econô- lismo do entretenimento espetacu-
mico, social. Pode ser propaga- lar versus o jornalismo que promove
do em televisão, rádio, jornal, as práticas culturais em prol de uma
revista ou internet. Não impor- sociedade melhor (incluindo-se o
ta. A essência não muda porque esporte nelas) versus o jornalismo
sua natureza é única e está in- que “propagandeia” celebridades e
timamente ligada às regras da produtos na indústria cultural.
ética e ao interesse público.” Carvalho (apud PENA,
ibidem: 81), relativizando sobre as
Apesar de chamar a aten- características desse tipo de prática
ção para o fato de que o jornalismo jornalística, pondera que
focado no mundo esportivo ter que
“a característica fundamental
seguir os dogmas da prática jornalís-
do jornalismo esportivo, e que
tica, Barbeiro e Rangel não negam
diferencia essa editoria de qual-
que a cobertura do jornalismo
quer outra, é a paixão que o
esportivo tem sim suas especifici-
esporte desperta no público. Ao
dades e, daí que eles alertam que
produzir seu texto para jornal,
(ibidem: 13):
rádio ou internet, o jornalista
esportivo tem que estar ciente
“ele (o jornalismo esportivo)
de que está lidando com uma
se confunde, freqüentemente,
paixão do leitor/espectador. E
com puro entretenimento. Isto,
por conta disso, a editoria de
por seu lado, propicia o apare- esporte é a que consegue atin-
cimento de alguns poucos ‘co- gir todas as classes sociais.”
roados’ e o envolvimento com
outras atividades incompatíveis De certa forma, os aspectos
com a prática do jornalismo, passionais que envolvem o esporte
como agenciamento de publi- são um fator preponderante. Se por
cidade, marketing e política um lado permite humanizar a prática
privada dos clubes, federações, jornalística, por outro lado pode ser
confederações e empresas.” ferramenta de manipulações e inte-
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ressantes político-econômicos diluí- várias publicações esportivas esta-


dos em uma singela embalagem de vam sendo criadas. No começo, não
“paixão esportiva”. A partir de tudo havia práticas esportivas majoritárias
o que foi exposto até aqui, vamos , como o futebol, o que permitia uma
agora fazer uma breve explanação percepção do esporte num sentido
sobre a evolução do jornalismo es- mais social e de saúde. Para o Tubino
portivo, também item fundamental, do Esporte (idem: 719), o primeiro
para o que pretendemos desenvolver jornal da América nessa área foi a
neste artigo. publicação Atleta, de 1856, “que
apresentava ensinamentos para o
Parceria histórica aprimoramento físico dos habitantes
da cidade do Rio de Janeiro”.
Ao fazer uma breve ex- Um dos jornais mais an-
planação sobre a evolução do jor- tigos do mundo, o Gazzetta Dello
nalismo esportivo, cabe frisar que Sport, criado em Milão, na Itália, é
há uma boa literatura sobre isso. de 1896, mais precisamente data do
Destacamos inclusive o trabalho de início dos primeiros Jogos Olímpi-
Ribeiro (2007), ao falar detalhada- cos da Era Moderna, disputados em
mente da história da imprensa es- Atenas. Nos primórdios, as publica-
portiva no Brasil. Sobre a evolução
ções apresentavam textos variados,
da imprensa, no diálogo com os ne-
falando de práticas de atividade fí-
gócios do esporte, recomendamos
sica, do turfe, do ciclismo, do remo,
GURGEL (2006). Dentro do obje-
do boxe e muitos outros.
tivo que pretendemos aqui, vamos
Com o surgimento do
somente trazer alguns elementos
rádio novas fronteiras se abrem
cruciais que nos permitam discutir
para a promoção do esporte. Uma
a necessidade de se repensar o
jornalismo esportivo. Para ter uma experiência importante no aperfei-
conceituação mínima, seguiremos çoamento da mídia esportiva foi
a visão do Dicionário Tubino do a primeira transmissão, em 1921,
Esporte (ibidem: 718-721). de uma luta de boxe, nos Estados
O jornalismo esportivo Unidos, envolvendo os lutadores
começou na Europa quando, em pesos-pesados Jack Dempsey e Joe
1852, na Inglaterra, foi publicado o Carpentier. “A transmissão foi da
Sportman, o primeiro diário esporti- Rádio KDK e marcou também a
vo. Longe de ser um fato isolado, no ascensão do rádio como importante
mesmo período, as pesquisas apon- meio de comunicação de massa”
tam que, em outros países europeus, (ibidem: 719).
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Sobre a ascensão do fute- Foi nesse contexto que o


bol como paixão nacional e também futebol, a partir da década de 1930
na sua relação com a mídia indica- desponta como grande modalidade
mos a leitura do livro O Negro no esportiva no Brasil, rompendo com
Futebol Brasileiro (MÁRIO FILHO, seu passado elitizado e ganhando
2003). Mas em linhas gerais, ainda entre todas as classes sociais. O
na década de 1920, o futebol como papel do rádio nesse processo é
a ganhar destaque no noticiário es- inquestionável, já que ele permitiu
portivo tanto na Europa quanto na a uniformização da informação, em
América do Sul. A década de 1930, um país com alto nível de analfabe-
que trouxe a profissionalização do tismo, a começar pela Rádio Nacio-
futebol brasileiro, marca essa expan- nal, do Rio de Janeiro, que levava
são de forma definitiva. a paixão pelos clubes cariocas aos
O Tubino do Esporte pon- mais profundos rincões do Brasil.
tua que os jornais, por exemplo,
Ainda hoje percebemos a marca
começam a formar especializadas
dos meios de comunicação na pro-
para cobrir o esporte, com desta-
pagação do futebol pelo país: o fato
que para a mudança na linguagem,
de clubes como Flamengo e Vasco
com valorização de fotografias e
da Gama ter projeção e torcida em
opiniões. Essa mudança acelerada
gerou um importante fenômeno âmbito nacional dialoga diretamen-
(idem, ibidem: 719): te com as estratégias de veiculação
dos jogos ainda na primeira metade
“... com o tempo, o noticiário do Século XX.
se modificou de acordo com Apesar da força do rádio,
a preferência do público por importantes produtos impressos
determinados esportes. Cada surgiram até meados do século
lugar procurava valorizar mo- passado. Um deles foi o Jornal dos
dalidades específicas que pas- Sports, do Rio de Janeiro, em 1931.
saram a fazer parte de um pro- Nesse veículo, também se destacou
cesso de identidade cultural. O uma personalidade fundamental
esporte se tornou, com a força para o jornalismo esportivo brasilei-
do jornalismo, um importante ro, o jornalista Mário Filho. Ele foi
fenômeno de cultura e não ape- um importante criador de aspectos
nas educacional, e passa a ser fundamentais das técnicas de cober-
tratado na perspectiva do lazer tura jornalística do esporte, além de
e das competições, transmitidas importante agente de mudanças no
como informação pelos veícu- campo da profissionalização espor-
los de comunicação.” tiva e da promoção da inserção do
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esporte social e economicamente imagens e informação” (ibidem:


na sociedade brasileira. Além disso, 720). É importante lembrar que
esse jornalista foi um grande promo- ainda, do ponto de vista de massifi-
tor da paixão futebolística, o que cação, o rádio ainda era fundamen-
culminou na realização em territó- tal, e essa relação somente começa
rio nacional da Copa do Mundo de a mudar na década de 1970. Ainda
1950 (GURGEL, 2006: 07-39). em 1936, por exemplo, a Rádio
Com o cinema, o esporte Nacional cria a primeira progra-
descobriu seu forte apelo visual mação esportiva, o No Mundo da
e sua vocação para o espetáculo, Bola, que tinha como anunciante a
trazendo para o grande público multinacional Sidney Ross.
as imagens que eram imaginadas Voltando à televisão, a
principalmente nas transmissões de primeira transmissão esportiva inte-
rádio ou, ainda, na leitura de jornais gral foi realizada em 1948 nos Jogos
e revistas, para os que sabiam ler. Olímpicos de Londres. De certa ma-
Um marco na expressividade do neira, após a Segunda Guerra Mun-
esporte no cinema é o documen- dial, a realização dos grandes eventos
tário Olympia, da cineasta alemã esportivos agenda a divulgação de
Leni Riefenstahl. Nesse trabalho, a novas e decisivas tecnologias de
cineasta mistura técnicas de cober- telecomunicações. A evolução tec-
tura jornalística com elementos da nológica também permite a comple-
estética clássica e a narratividade xificação da rede criada nos meios de
mítica para documentar os Jogos comunicação de massa amplificando
Olímpicos de Berlim, de 1936, o perder de influência do jornalismo
no auge do Nazismo. A forma de no mundo esportivo. Como já cita-
ela mostrar o corpo do atleta e os do, um caso célebre é o da Copa do
atos dos atletas e impacto desses Mundo de 1950, realizada no Brasil
na plateia influencia as produções (ibidem: 720):
audiovisuais até hoje.
Contudo, foi a partir da as- “O jornalista Mário Filho, por in-
censão da televisão que tudo muda termédio do Jornal dos Sports,
na relação do jornalismo com o desenvolveu uma campanha
esporte e, até, na forma como os tor- para o então governador do Rio
cedores apreciam suas modalidades de Janeiro construir um estádio
e times preferidos. Para o Tubino na região da Tijuca, um bairro
do Esporte, “a televisão modificou de melhor acesso para o públi-
a comunicação e passou a valorizar co. Mário Filho Filho conseguiu
o esporte como um espetáculo de a aprovação da construção do
200

Maracanã, que passou a ser o ção de telespectadores e anun-


maior estádio do mundo.” ciantes.”

Recomendamos para um Reforçando os comentários


aprofundamento na evolução do de Pozzi, trazemos os de Murray
jornalismo esportivo, os pesquisa- (2000: 201-202), para quem um dos
dores e autores aqui já citados. Para principais fatores da transformação
que consigamos dar conta do que se do futebol em produto de consumo
busca neste artigo, vamos agora dar primordial é mesmo a televisão:
alguns saltos históricos, lembrando,
por exemplo, que a Revista Placar, “Embora ela (a televisão) já inte-
da Editora Abril, foi criada em 1970. grasse a vida da maioria das pes-
Com 40 anos de existência, apesar soas do mundo desenvolvido
da circulação inconstante, a revista desde 1960, os avanços tecno-
foi importante agente na consoli- lógicos e os modelos ideológi-
dação do jornalismo esportivo na cos dos anos 1980 tornaram-na
segunda metade do Século XX. um elemento inevitável da vida
Data também do começo cotidiana, junto aos aparelhos
da década de 1970 a expansão de fax, telefones celulares, com-
da televisão no mundo esportivo, putadores pessoais e videoga-
com maior tempo de dedicação e mes. Apesar de não ter causado
também ampliação da publicidade um impacto notável dentro de
especializada. Surge na Rede Glo- campo, revolucionou sua orga-
bo, nesse mesmo ano, o programa nização e modificou seu efeito
Esporte Espetacular. Como salienta sobre o público. Pela televisão,
Pozzi (1998: 106): a arte dos grandes jogadores e o
desempenho dos grandes times
“Na verdade chegamos a um podem ser acompanhados por
estágio tal que o esporte e a mí- milhões de pessoas, que antes
dia são totalmente dependen- só liam ou ouviam as notícias.”
tes um do outro. De um lado,
a mídia (especialmente a TV) O Tubino do Esporte, em
foi a grande responsável pela consonância, enfatiza que “as rela-
popularização de inúmeras ati- ções entre televisão e sua audiência
vidades esportivas. De outro, as começaram a se alterar na década
transmissões esportivas rendem de 1990, com o crescimento das
as maiores audiências que a TV emissoras por assinatura” (ibidem,
pode obter, garantindo a satisfa- 720). Com a criação desses veículos
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de comunicação, o esporte começa do esporte. Os canais de televisão


a ganhar cada vez mais tempo de por assinatura não são tão fortes
exposição imagética e, com isso, quanto em outros países, mas per-
maior público. Esse caminho histó- tencem a grupos de comunicação
rico levou ao surgimento do sistema que são verdadeiros conglomerados
pay-per-view, no qual o telespecta- de entretenimento que acabam ten-
dor compra o direito de assistir a um do tanta força, como na Inglaterra,
programa na sua casa e, no período no exemplo acima.
mais recente, também ao surgimen- Para encerrar esta breve
to de uma alteração nos papéis dos explanação sobre a evolução das
agentes produtores do espetáculo relações entre o jornalismo e o
esportivo (entidades do esporte, esporte, cabe pontuar as novas tec-
clubes, etc.) com o dos agentes pro- nologias e a expansão das mídias
dutores da veiculação da informação digitais, principalmente da cober-
jornalística do esporte2: tura jornalística online. Vejamos o
que diz o sobre isso o Tubino do
“Na Inglaterra, o Esporte passou Esporte (ibidem, 721):
a ser o principal produto para
as emissoras por assinatura. “A internet passou a ser a base
(...) Essa iniciativa fez com que da comunicação global mediada
entidades gestoras passassem a por computadores, constituindo
regular a interligação de clubes em uma rede livre de informa-
com empresas de comunica- ção. Muitos sites esportivos pas-
ção, além de promoção de par- saram a ser desenvolvidos em
cerias com os principais grupos todo o mundo no fim da década
jornalísticos, a fim de prevenir de 1990 e início do ano 2000
possíveis conflitos de interesse por editoras, empresas jornalís-
e negociar os custos dos direi- ticas e entidades de esporte. Os
tos de imagem” (ibidem, 721). sites possibilitaram o acesso a
dados estatísticos, tabelas, infor-
O Brasil tem suas particu- me de eventos e históricos, com-
laridades na questão da ascensão da plementando o noticiário dos
televisão como maior força do jor- jornais e revistas especializados.
nalismo esportivo e também como As grandes coberturas passaram
agente fundamental na promoção a ter o suporte do tempo real”.

2 Para os interessados, informamos que no livro Futebol S/A: A Economia em Campo (GURGEL,
2006) há uma profunda análise da expansão e dos problemas dessas relações.
202

Colocamos o grifo na cita- Após vermos uma breve evolução


ção acima no ponto que nos parece histórica dessa relação, cabe agora
equivocado sobre a internet ser “uma problematizar o cenário em que se
rede livre de informação”, a partir da insere o jornalismo esportivo atu-
evolução da comunicação – e dentro almente. Uma boa forma de iniciar
dela do jornalismo esportivo – no essa discussão é a partir da classi-
início do Século XXI. Inegavelmente ficação dos principais períodos do
a internet revolucionou a forma de jornalismo, criada por Marcondes
se fazer jornalismo, mas de alguma Filho (2000). O pesquisador divide
maneira foi incorporada também o jornalismo em cinco grandes
pelo jornalismo tradicional, já que os fases, sendo a primeira delas a da
principais veículos de comunicação pré-história dessa profissão, carac-
online pertencem a grandes conglo- terizada pelo modelo de operação
merados de mídia que integram suas artesanal e conteúdo formado por
plataformas de comunicação. um misto de literatura e notícia.
Os próprios direitos de Já no Primeiro Jornalismo,
transmissão dos grandes eventos es- logo após a Revolução Francesa,
portivos são vendidos em contratos surge o modelo profissional, com
“casados” envolvendo direitos para a criação das redações e com a
televisão aberta, por assinatura e busca da razão e transparência
internet. Um bom exemplo disso, como fundamentos. O Segundo e o
no Brasil, é a Rede Globo, com as Terceiro Jornalismo são marcados,
transmissões esportivas na TV Glo- respectivamente, pela imprensa cal-
bo, canal aberto, e na Sportv, por cada na sociedade de massa e pela
assinatura, e no GloboEsporte.com, formação de monopólios de comu-
dentro do Portal G1, na internet. nicação (ibidem: 48). Esses dois
Mas esse é justamente o ponto que momentos, também, são cruciais
discutiremos a seguir, para falar dos para o entendimento da expansão
desafios e do jornalismo. do esporte como objeto jornalístico
e, na contrapartida, para o aumento
Jornalismo esportivo revisi- da interdependência entre empresas
tado de comunicação e instituições es-
portivas na sociedade moderna.
Como já vimos anterior- Por fim, acrescentamos
mente, os meios de comunicação que Marcondes Filho denomina a
de massa interferiram significati- atual fase de Quarto Jornalismo.
vamente na construção do esporte Mesmo trazendo características
espetáculo como conhecemos. das fases anteriores, principalmente
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as duas últimas, ela é calcada nos como uma imensa acumulação


avanços tecnológicos e na alteração de espetáculos. Tudo o que era
das funções do jornalista, inclusive diretamente vivido se afastou
com a constatação de que “toda a numa representação. (...) O es-
sociedade passa a produzir informa- petáculo não é um conjunto de
ção” (ibidem: 48), visão que até já imagens, mas uma relação so-
antecipa um pouco o que veio a se cial entre pessoas, mediada por
radicalizar com o surgimento das imagens. (...) O espetáculo é o
redes sociais. capital a um tal grau de acumu-
O momento atual das lação que se torna imagem”.
mídias contempla também a busca
incessante de velocidade, com a O esporte como espetáculo
informatização e a virtualização gera um “show de imagens”, que é
do trabalho jornalístico. Há uma ingrediente perfeito para o entreteni-
relação direta disso tudo com a so- mento na sociedade contemporânea.
ciedade do espetáculo, como con- Jogos, jogadores, jogadas, façanhas
ceituada por Debord (1997). Cabe e narrativas, arenas, torcedores, pro-
pontuar que é comum a associação dutos, dirigentes, políticos, produtos
entre esporte e espetáculo, princi- e celebridades do (e no) esporte são
palmente quando se fala de grandes alguns dos itens fundamentais dessa
eventos esportivos ou megaeventos grande fonte geradora de imagens
esportivos, conceito usado para de- e imaginários que constroem um
finir tais eventos atualmente3. sistema de práticas e de sentido in-
Inferimos que há muito tem- seridos no ambiente capitalista do
po as práticas esportivas tornaram-se trabalho e da geração de interesses
um dos nichos de negócios mais ren- econômicos.
táveis dentro da ascendente economia Quando se fala em espe-
do entretenimento, e a espetaculari- táculo esportivo fala-se, por conse-
zação, como Debord (1997:13-25) qüência, de um sistema de imagens
deixa claro, representa um importante geradas pelo e para o esporte e,
elemento desse processo: mais especificamente, das imagens
geradas pelas dinâmicas ligadas ao
“Toda vida das sociedades nas espetáculo midiatizado relacionado
quais reinam as modernas con- aos esportes. Os megaeventos es-
dições de produção se apresenta portivos – como os Jogos Olímpicos

3 Uma boa referência para o entendimento dessa questão é o livro Legado dos Megaeventos
Esportivos (DaCOSTA et al., 2008).
204

e as Copas do Mundo de Futebol, estádio; uma segunda vez por


entre outros – adquirem papel es- todos aqueles que produzem a
tratégico, pois eles representam o reprodução em imagens e em
ápice desse processo de construção discursos desse espetáculo, no
de imagens esportivas espetacula- mais das vezes sob a pressão
res, que são midiatizadas de forma da concorrência e de todo o
massiva. E são um grande desafio sistema das pressões exercidas
para o jornalismo esportivo. sobre eles pela rede de relações
Podemos afirmar que o objetivas na qual estão inseri-
esporte é ingrediente fundamental da dos (idem, 127)”.
indústria cultural do entretenimento
nos meios de comunicação de massa O problema que se colo-
contemporâneo, como Bourdieu ca, quando se propõe a discutir o
(2007) expõe ao ilustrar o caso dos jornalismo esportivo, é justamente
Jogos Olímpicos. O pensador francês o enfraquecimento do jornalismo
vai além e aponta que o espetáculo no embate com o espetacularização
criado, pelos meios de comunicação do esporte. Como já abordamos as
de massa – sendo o carro-chefe a emissoras de televisão, que fazem
televisão – “deve ser concebido de parte de grandes conglomerados
maneira a atingir e prender o mais de comunicação e entretenimento,
duradouramente possível o público assumiram a função expansionista
mais amplo possível” (idem:124). e reguladora do esporte4. Para a
Dessa percepção, ele constata que o discussão sobre que interesse a este
espetáculo das Olimpíadas e Copas artigo essa constatação revela alguns
do Mundo, entre outros megaeven- problemas: um dos problemas é a
tos esportivos, é produzido de certa questão dos aspectos éticos envol-
maneira duas vezes: vendo a cobertura jornalística, no
caso das emissoras que são agentes
“uma primeira vez por todo um da produção do espetáculo esportivo
conjunto de agentes, atletas, trei- e, ao mesmo, atuam na sua cober-
nadores, médicos, organizadores, tura jornalística. Outro ponto é que
juízes, cronometristas, encena- o poder da televisão enfraqueceu a
dores de todo o cerimonial, que mídia impressa no seu trabalho de
concorrem para o bom transcur- cobertura dos eventos esportivos.
so da competição esportiva no É inegável que nos últimos anos,

4 Ver Gurgel (2006: 41-85)


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com a expansão da internet, esse vocação para o marketing e a pro-


cenário começa a mudar, mas o “big paganda – terá de ser cada vez mais
business” do esporte ainda está na jornalismo, revendo seus conceitos
cobertura televisiva. de escopo de cobertura e interesse
Contudo, como pontua Di- do público-alvo. Ressaltamos que se
nes (1996: 90) o jornalismo clássico apresenta atualmente um contexto
“terá de engolir e aceitar a existência em que, as editorias clássicas do
da TV como veículo noticioso e seu jornalismo, enquanto superfície de
principal concorrente”. O jornalista inscrição das “notícias mais impor-
e pesquisador, quando afirmou isso5, tantes do dia” na sociedade, não
ainda não contemplava a existência dão mais conta da realidade. Os sa-
de mídias digitais, mas o princí- beres antes facilmente classificáveis
pio proposto de que o leitor dos em editorias como Internacional,
impressos “não quer apenas saber Cidades, Esportes, Economia entre
o que acontece à sua volta, mas outros ganham agora contornos
assegurar-se da sua situação den- mais complexos.
tro dos acontecimentos”, continua Tentando dar conta dessa
atual e mais imperativo, no mundo diversidade, surgem cada vez mais
das novas tecnologias e da internet. espaços para suplementos e espe-
Sendo assim, ele ainda sugere uma ciais no dia-a-dia das publicações.
“receita” para “o papel do jornal” à Alguns já se configuram como obri-
luz dos novos tempos: gatórios, outros se transformam em
subeditorias e outros já aspiram à
“Isto (o asseguramento do lei- posição de editorias. No âmbito do
tor) só se consegue com a di- esporte, por exemplo, temos a ques-
mensão comparada, a remissão tão do marketing esportivo e os ne-
ao passado, a interligação com gócios do esporte, abordados com
outros fatos, a incorporação do foco econômico. Ainda há questões
fato a uma tendência e a sua do turismo esportivo, do entreteni-
projeção para o futuro (idem, mento e da cultura do esporte, das
ibidem: 90)”. novas tecnologias de/no esporte,
da qualidade de vida e saúde, da
Ou seja, o jornalismo educação e capacitação profissional
esportivo para sobreviver ao es- de/no esporte, entre outros temas. O
petáculo – com a sua irresistível desafio de áreas que se consolidam

5 O livro O Papel do Jornal, um clássico do Jornalismo, foi escrito na década de 1970, quando da
crise do petróleo e da ascensão da TV na sociedade brasileira.
206

e que provocam uma reação do jor- mente econômicos envolvidos no


nalismo, principalmente no campo contexto da prática esportiva em
do esporte, é o de como dar conta observação jornalística. Vejamos
da imensa variedade de novas de- um caso célebre onde esse enten-
mandas da sociedade de consumo dimento pode lançar luz: Em 08 de
e sem perder a verdadeira vocação março de 20092009, o jornalista
do jornalismo. e até então ombudsman da Folha
de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins e
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Silva, criticava na sua coluna que
pistas em uma trama complexa “Sobra espaço para Ronaldo; falta
espaço para o resto em Esporte”6.
Anteriormente contextuali- Ele acrescenta:
zamos o jornalismo dentro da com-
plexidade que se forma na expansão “Ronaldo, ‘o fenômeno’, é um
espetacular dos megaeventos. Não dos melhores jogadores de fute-
temos a ambição aqui de dar conta bol da história, o maior artilheiro
de todos os caminhos possíveis para em Copas do Mundo. É justificá-
responder a essa realidade. Nessas vel que os veículos de comuni-
consideraçõs finais, pretendemos cação acompanhem seus passos,
deixar algumas pistas sobre temas pelo interesse que desperta em
milhões de pessoas. Mas desde
e estratégias que podem contribuir
que foi contratado pelo Corin-
para uma melhor adequação da
thians, a Folha tem demonstra-
cobertura jornalística frente a esses
do obsessão por ele (...). Nos
novos cenários. O caminho que
84 dias entre a sua contratação
defendemos como uma forma de
e anteontem, o jornal publicou
atualizar o jornalismo esportivo é o
70 fotos de Ronaldo. (...) O mais
da ampliação da ênfase nos aspec-
grave é que esse monte de espa-
tos sócio-econômicos do esporte.
ço é gasto enquanto o caderno
Mesmo que inicialmente
Esporte é cobrado por centenas
soe como contraditório, o fato é de leitores que se queixam de
que para se produzir um bom jor- mau atendimento de suas ex-
nalismo esportivo, cada vez mais, é pectativas na cobertura de seus
fundamental entender os aspectos times de futebol (como a Portu-
sociais, politicos e fundamental- guesa e os grandes de outros Es-

6 Para saber mais, veja Gurgel (2009), artigo feito para o XXXII Congresso Brasileiro da Intercom.
Ano XXI, n° 32/33, junho e dezembro/2009 207

tados) e de outras modalidades Ao falar de economia do


esportivas.” esporte, indicamos um trabalho de
referência que é o de Heinemann
A crítica feita pelo Om- (2001), que analisou o caso de Barce-
budsman da Folha de S.Paulo ao lona, pós-Olimpíadas, como um dos
próprio jornal em que ele trabalhava maiores exemplos de transformação
na época pode ser vista como um urbana e social a partir dos impac-
bom exemplo dos impasses aqui em tos do esporte, é possível distinguir
discussão. Não está em discussão dois tipos de atividades esportivas
a importância do jogador Ronaldo relevantes economicamente: 1. a
para o esporte, mas sim a dificulda- prática esportiva da população com
de que o jornalismo esportivo está os seus interesses e efeitos econômi-
encontrando para equilibrar todos cos e 2. um segundo grupo, que é o
os interesses e temas pertinentes ao dos grandes eventos esportivos, que
seu universo no universo do esporte nos interessa mais diretamente aqui.
espetáculo atual – isso sem falar que Nos dois casos, são analisados valor
praticamente não há espaço para o econômico de oferta e demanda do
esporte amador na cobertura dos ve- mercado esportivo, balança comer-
ículos de comunicação de massa. cial do esporte; o mercado de traba-
Por isso e, por fim, defen- lho relacionado à área e, por fim, os
demos que o jornalismo esportivo efeitos externos ou indiretos.
precisa de uma revisão dos seus Já na questão do legado
conceitos, para dar conta da com- do esporte, dialogamos com os
plexidade que se apresenta. Além trabalhos de Preuss. Como revela
da inegável importância de se dia- Poynter, citando o pesquisador
logar criticamente com o marketing Preuss7, em um estudo do London
esportivo em ascensão dentro do East Research Institute8, de março
esporte brasileiro, a releitura do es- de 2006 (p.13-4), esse
copo da cobertura esportiva precisa
atentar-ser para urgência no enten- “conceito de ‘legado’ decorren-
dimento de novos conceitos como te de importantes megaeventos
economia e legado do esporte. esportivos está agora firmemente

7 Holger Preuss, professor da Universidade de Mainz, Alemanha, é uma das maiores autoridades
do mundo em estudos sobre megaeventos e legado esportivo.
8 O artigo foi traduzido no Brasil no contexto de preparação para o Seminário sobre Megae-
ventos e Legados, realizado no Rio de Janeiro, em maio de 2008. Texto integral consultado
em 30/05/2008. Veja material in: http://www.confef.org.br/arquivos/texto_introducao_semina-
rio_megaeventos.pdf
208

focado em resultados não-es- dos negócios do esporte. Com o


portivos como importante fonte agendamento da Copa do Mundo
de legitimidade para receber os de 2014 e dos Jogos Olímpicos Rio
Jogos (...) as cidades proponen- 2016 na “pauta nacional”, o jorna-
tes têm aliado suas propostas a lismo esportivo está na berlinda.
estratégias de desenvolvimento Ou rapidamente recicla-se para
econômico e regeneração que dar conta desse cenário altamente
tendem refletir a natureza re- complexo para ser acompanhado e
lativamente dinâmica de suas levado aos seus públicos ou perderá
economias regionais e nacio- seu espaço para outros segmentos
nais (Seul, Beijing) ou a relati- do jornalismo, como o econômico,
va falta de dinamismo de suas que já entenderam que o esporte vi-
economias (Barcelona, Atlanta, rou coisa “séria” e item obrigatório
Sydney, Atenas e Londres). Este para o entendimento do Brasil das
último grupo composto na maio- primeiras décadas do Século XXI.
ria por cidades “ocidentais” que Há uma “década de ouro”
utilizaram a candidatura como a ser confirmada nos próximos anos
uma tentativa de ‘catalisar’ a nas políticas esportivas e na pos-
regeneração local através da ex- sibilidade de fazer do esporte um
pansão de serviços com base em elemento único na integração e no
indústrias voltadas ao consumo desenvolvimento nacional. É dever
(...) desde os Jogos Olímpicos dos comunicadores sociais e das
de 1992 em Barcelona, cidades, empresas onde eles trabalham se pre-
têm usado os Jogos como cata- parar para fazer seu papel. E isso não
lisadores de regeneração e con- significa somente criticar problemas
fiado fortemente em diferentes de gestão de recursos ou denunciar o
formas de intervenções estatais descumprimento de prazos.
para se promoverem como cida- O bom jornalismo deve
des globais (...)”. ser a ferramenta para a promoção
da cidadania, para a criação de no-
É claro que entendemos vas lideranças, para o estímulo ao
que a problemática da renovação surgimento de mecanismos sociais
do jornalismo esportivo carece de de controles de possíveis desvios de
outras reflexões. Mas enfatizamos rota que possam surgir em projetos
que um dos pontos fundamentais é tão complexos como são os da Copa
o entendimento de que não é pos- do Mundo e da Olimpíada brasilei-
sível mais acompanhar jornalistica- ras. Esse é o desafio para o jorna-
mente o esporte alheio às questões lismo nos próximos anos: ajudar o
Ano XXI, n° 32/33, junho e dezembro/2009 209

Brasil a aproveitar a oportunidade Dezembro de 2001. Na internet:


histórica que se apresenta. http://www.efdeportes.com/
efd43/econom.htm
_______________. Introdución
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Rio de Janeiro: Jorge Zahar Paulo: Hacker Editores, 2000.
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RIZZUTI, E.; VILLANO, B. e Janeiro: Editora Mauad, 2003.
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Teórico y Problemas Prácticos.” Teoria e Prática do Marketing
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210

RIBEIRO, A. Os Donos do Espetáculo do Esporte. Primeira Edição. RJ:


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Terceiro Nome, 2007.
TUBINO, M. J. G.; TUBINO, F. Recebido: Junho/2010
M. e GARRIDO, F. A. C. G. Aprovado: Agosto/2010
Dicionário Enciclopédico Tubino

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