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ARTIGO DE REVISÃO

Relações entre esporte e mídia


no Brasil

Relationship between sports and media in Brazil

Nei Jorge dos Santos Junior Resumo: O artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre relações
Mestre em História Comparada pela entre esporte e mídia no Brasil. Para tanto, faz-se um breve panorama
Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre a importância dos jornais para a consolidação do campo esportivo
(UFRJ). Membro do grupo Sport: Labo- na transição dos séculos XIX e XX e, em seguida, sua articulação com a
ratório de História do Esporte e do Lazer televisão ainda na década de 1960. Na segunda parte, promove uma dis-
(UFRJ). cussão sobre a formação do telespectador esportivo e como os meios de
comunicação influenciam ações de atletas e entidades ligadas ao esporte.
Por fim, a terceira seção discute de que forma os meios de comunicação
de massa contribuíram para o crescimento do futebol.

Palavras-chave: Esporte; Mídia; Espetáculo esportivo.

Abstract: The article aims to present reflections on the relationship betwe-


en sport and media in Brazil. Therefore, it is a brief overview of the impor-
tance of newspapers to the consolidation of the sports field in the transition
of the nineteenth and twentieth centuries and then linking it with the TV still
in the 1960. In the second part, promotes a discussion of the formation
of the spectator sports and how the media influence the actions of entities
related to sports. Finally, the third section discusses how the mass media
contributed to the growth of football.

Keywords: Sports; Media; Sports Entertainment.

Caderno de Educação Física (ISSN 1676-2533 | e-ISSN 1983-8883)


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Santos Junior
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1 INTRODUÇÃO portes e os meios de comunicação de massa são


fenômenos que se desenvolvem na teia cultural
da sociedade, portanto, não estão isolados, suas
No âmbito das ciências sociais a discussão
relações não se dão unicamente na esfera de um
entre esporte e mídia vem ganhando cada vez
e ou de outro, interligam-se e influenciam outros
mais espaço no cenário acadêmico. Seu interes-
aspectos sociais. Estão também na esfera políti-
se é resultado das transformações decorrentes da
ca, econômica e no espaço das artes. Enfim, são
mundialização dos bens culturais, o que permite
fenômenos da dimensão cultural do homem. A
automaticamente, um emaranhado de conceitos e
mídia exerce influência muito forte na sociedade
modelos para compreensão desses dois fenôme-
contemporânea, e seu papel está muito além de
nos.
meros “canais de informação” como já foi consi-
O esporte constitui uma parte importante derada outrora.
no cenário midiático atual, portanto, uma gran-
Feitas estas considerações iniciais, segue-se
de parte da teorização sociológica sobre o esporte
o desenvolvimento do estudo, obedecendo à se-
tem-se centrado na dinâmica e na ideologia de
quência proposta pelo autor, começando com um
atividades da cultura esportiva. A mídia, em es-
breve panorama sobre as relações entre esporte e
pecial a televisão e o jornal impresso, desempe-
mídia; em seguida, discussões sobre a formação
nha um papel central na produção, reprodução e
do telespectador esportivo e, posteriormente, a
ampliação de muitas das questões associadas ao
importância dos meios de comunicação de massa
esporte no mundo moderno. Assim, percebe-se a
para o crescimento do futebol.
importância em examinar tanto os fatores políti-
cos, quanto as estruturas econômicas da relação
mídia-esporte, bem como suas representações. 2 ESPORTE E MÍDIA NO BRASIL: UM BREVE
Embora consciente que essa discussão con- PANORAMA
ceitual mostra-se de suma importância na constru-
ção e consolidação do campo, o texto prende-se Durante a segunda metade do século XIX,
na relação mutuamente dependente desses dois os jornais brasileiros passaram a incorporar novas
fenômenos. Partindo da hipótese que o esporte, propostas de valorização dos fatos em detrimen-
enquanto fenômeno, se auto-afirma na formação to das opiniões. As escritas, que naquele período
do discurso midiático, levando em consideração eram dominantes e exigiam textos longos que im-
que essa relação se estabelece por meio de moe- punham aos jornais páginas cinzas e monótonas,
das de trocas, isto é, na construção de índices para foram substituídas pela escritura de fatos, o que
discussão pública. fragmentou o discurso da imprensa em sequên-
Nesse contexto, Pires (2002), Coakley cias curtas e heterogêneas, cuja unidade não pro-
(1998), Wernner (1989), Cintra Sobrinho (2004) vém mais apenas da ordem interna do discurso,
têm observado a existência de uma relação simbi- mas também, por exemplo, da ordem externa da
ótica entre o esporte e os meios de comunicação diagramação.
de massa na sociedade contemporânea. No cen- Neste contexto de transformações editoriais,
tro desta simbiose, podem-se destacar dois pontos não demorou muito para que surgissem os pri-
importantes para tal argumento. Por um lado, o meiros jornais e revistas específicas dedicadas ao
aumento da popularidade do esporte, que é em tema esporte. Nas considerações apontadas por
parte, resultado do espaço dedicado a ele pelos Melo (2004), é possível diferenciar dois tipos de
meios de comunicação de massa. Por outro, a mí- publicação específica. A primeira, o esporte não
dia com maior volume de faturamento e publici- era conteúdo único, mas ocupava um espaço im-
dade, efeito do uso extensivo do esporte. A mídia, portante como, por exemplo, em O Binóculo: folha
portanto, gera um aumento sobre o interesse no literária sportiva e theatral (1894) e A Arena: jornal
esporte e este aumento posteriormente garante sportivo, literário, humorístico e noticioso (1887).
a atenção de vários meios de comunicação, tais Já no segundo, o esporte era o único conteúdo,
como jornais, revistas, rádio, televisão e, mais re- sendo quase todo espaço dedicado ao turf - O Turf
centemente, a Internet (COAKLEY, 1998). (1889). Mesmo aqueles que apresentavam no títu-
Cintra Sobrinho (2004) destaca que os es- lo o termo Sport, no entanto eram completamente
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(ou quase) dedicados ao turf. Por exemplo, Revis- Por exemplo, era comum pagar alguém para ler o
ta Sportiva (1884), O Sportsman (1887) e O Sport jornal. Por outra, aqueles que não podiam pagar,
(1887). Vale à pena salientar que existiam tam- buscavam em algum conhecido alfabetizado a
bém periódicos dedicados a outros esportes como: possibilidade de leitura, o que normalmente acon-
O Remo (1900) e O Cyclismo (1900). tecia em uma roda para várias pessoas atentas
às notícias da cidade, inclusive esportiva (MELO,
O jornal era praticamente o único meio de
2001).
comunicação de massa naquela época, ocupando
assim, um papel fundamental na construção das Algumas transformações no jornalismo es-
representações sociais como formadores de opi- portivo ocorrem no momento que o futebol co-
nião. A partir destas publicações, pode-se acom- meça a entrar em cena. Na década de 1910, as
panhar o trajeto da memória das mídias esporti- partidas e campeonatos de futebol ganhariam
vas pioneiras no Brasil. suas primeiras páginas inteiras dedicadas aos jo-
gos nos jornais mais importantes do Rio de Janei-
É importante destacar que as relações entre
ro e São Paulo, com fotos de lances de futebol,
imprensa e publicidade esportiva estavam direta-
descritos de forma a detalhar todo o evento: as
mente ligadoas a um mercado que começava a
condições climáticas, o fluxo das pessoas em torno
surgir em torno das práticas esportivas no século
do estádio, o ânimo dos espectadores e todos os
XIX. De acordo com Melo (2004, p. 99), “um dos
lances da partida.
fortes indícios da constituição de um campo espor-
tivo no Brasil”.
O aspecto era sobremado grandioso e deslum-
Praticar esportes naquele período significa- brante: um mar de gente agrupado em torno
do quadrilátero gramado, por sobre tudo cen-
va a aquisição de gostos e práticas do continente tenas de bandeiras de nações amigas e de
europeu, de caráter civilizatório, excetuando-se as entidades esportivas, e ao longe, circundando
práticas dos imigrantes trabalhadores que refle- este conjunto um círculo de montanhas que,
tiam suas identidades originais. Assim, na virada majestosamente, parecia proteger os que ali se
achavam vibrantes de vitalidade e entusiasmo,
do século XIX o esporte já ocupava importante es- contra qualquer imprevisto que, porventura,
paço, progressivamente crescente, na imprensa pretendesse vir a quebrar a harmonia àquela
do Rio de Janeiro e São Paulo (MELO, 2001). imponência.

Os embalos proporcionados pela repre-


Pouco antes de ser iniciada a peleja, dois ae-
sentatividade ocupada pelo turfe no cenário so- roplanos vieram evoluir por sobre o stadium,
cial da época, fizeram com que se mantivesse em praticando proezas de verdadeiros dominado-
grande parte, um espaço dedicado nas primeiras res do ar. Eram campeões de nobres sports, que
vieram homenagear o irmão de um outro sport
colunas esportivas dedicadas ao turfe, visto que, não menos nobre. O início do Campeonato foi
nessa época já se mantinha um relacionamento honrado com a presença de S. Excia. O Sr. Pre-
mutuamente lucrativo. O jornal, por sua vez, dedi- sidente da República, que chegou ao local do
cava-se em aumentar a lucratividade nas vendas match pouco antes do mesmo principiar, só se
retirando depois de seu final. (MAZZONI, 1950,
de jornais, ocorrendo, por consequência, um au- p. 42).
mento dos espaços publicitários. Já os clubes, in-
teressavam-se na divulgação dos campeonatos, o Nesse sentido, se nos períodos anteriores ao
que automaticamente, atrairia um número maior século XX, o jornalista era apenas um indivíduo
de espectadores para os locais de competição. Se que, guiado por critérios cronológicos, dispunha
a princípio os anúncios eram imensamente enlea- discursos em páginas, agora ele é um profissional
dos, com o tempo foram melhorados e tornaram- que seleciona dentre uma infinidade de aconteci-
se mais atraentes. De acordo com Melo (2004), tal mentos aqueles que merecem ser levados ao co-
divulgação era de suma importância para garantir nhecimento público. Além de definir o que é noti-
público nos hipódromos, pois a imprensa ocupava ciável, o jornalista passava a construir textos com
um papel importante por ser a única de comuni- características particulares, nos quais a narrativa
cação que atingia as massas. não seria mais definida pela ordem cronológica,
mas pela ordem de importância daquilo que pode
Ainda que grande parte da população não
ser captado no acontecimento. Vale lembrar que
soubesse ler, sempre se encontrava uma forma
nesse período o processo de construção de uma
de ter acesso as notícias dadas pelos periódicos.
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identidade nacional ainda não se encontrava con- objetos e referências culturais traduzidas em ter-
figurada, onde sua formação se inicia com grande mos imagéticos, imediatamente inteligíveis numa
força através da expansão do rádio nas décadas concepção global (ORTIZ, 2006).
de 30 e 40 associados ao discurso nacionalista do
Contudo, é preciso reconhecer que “a cultu-
Estado Novo varguista (ORTIZ, 2006). Ou seja, re-
ra nacional não se extingue, mas se converte em
velava-se uma preponderância dos vínculos locais
uma fórmula para designar a continuidade de uma
sobre os nacionais.
memória história instável, que se reconstrói em in-
A partir da década de 1960, os meios de co- teração com referentes culturais transnacionais.”
municação de massa apoiado à incipiente televi- (CANCLINI, p. 46). Portanto, cotidianamente es-
são, desenvolvem uma nova concepção de narra- tamos ressignificando novos valores mundializa-
tiva. Sensibilizado com as inovações tecnológicas, dos, expressos por um mecanismo que reorienta a
auxilia na formação de novos hábitos no cotidia- organização das sociedades contemporânea, em
no, unificando padrões de consumo numa visão que facilmente o esporte incorpora essas expres-
nacionalista (CANCLINI, 2006). sões pelo poder de penetrabilidade social que o
concebe, atraindo olhares significativos por todas
Como os meios eram predominantemente de as partes.
capitais nacionais e aderiam à ideologia desen-
volvimentista, que confiava a modernização à
substituição de importações e ao fortalecimento
industrial de cada país, mesmo os atores mais 3 A FORMAÇÃO DO TELESPECTADOR ESPOR-
internacionalizados naquele momento - como TIVO
a TV e a publicidade - nos incitavam a comprar
produtos nacionais e difundiam o conhecimen-
to do próprio (CANCLINI, 2006, p. 130). Particularmente no Brasil, a televisão carac-
terizou-se pela centralização das emissoras num
Nesse contexto, o advento da televisão e
processo de industrialização acelerado e centra-
sua significativa introdução nos lares brasileiros
lizado nas grandes metrópoles brasileiras. A in-
nas décadas de 60 e 70 ampliaram o alcance de
dustrialização articulada com o crescimento dos
alguns esportes, tornando-se definitivamente um
meios de comunicação despontou como elemento
fenômeno de massas em nível nacional (SANTOS
difusor para uma maior concentração urbana, na
JUNIOR, 2010).
perspectiva incessante de obter maior lucrativida-
Na década de 80, tudo isso começa resva- de. Para Mattos (1990), isto contribuiu para faci-
lar. Configura-se a partir da abertura do merca- litar a distribuição e circulação da mídia impressa
do global, um processo de revolução tecnológica e maior penetração da mídia eletrônica, aumen-
nas comunicações e na eletrônica. Acompanhado tando o faturamento total destes veículos oriundos
por transformações econômicas, esse mecanismo das indústrias de consumo.
possibilita a redução dos processos de integração
Ainda de acordo com autor, outro fator re-
regionais ao âmbito das culturas nacionais. Nesse
levante deve-se a construção de novas rodovias,
sentido, a transnacionalização das tecnologias e
aeroportos e na modernização do sistema de tele-
da comercialização de bens culturais diminuiu a
comunicações. Essas ações permitiram a abertura
importância dos referencias tradicionais de identi-
de novos canais de distribuição, tanto para mídia
dade (CANCLINI, 2006).
impressa, quanto para mídia eletrônica. O que, de
O esporte ressignifica novos valores através certa forma, contribuiu para o crescimento da TV
desses processos mundializados1, oportuniza uma como difusora do esporte moderno.
adaptação ao público global atraindo investimen-
Em sua gênese, a TV, já se fazia perceber
tos bilionários, visibilidade entre os atletas, recur-
pela capacidade de repercussões que poderia
sos tecnológicos, disputa de publicidade, entre ou-
causar ao esporte. Burke e Briggs (2004) citam um
tras, nas quais irá articular-se para consolidação
escritor que ao final do século XIX, previa inúme-
de uma cultura internacional-popular2, ou seja,
ras possibilidades de acompanhar os esportes.
1 Considero como mundialização as categorias trabalhadas
[...] o artista do futuro será capaz de viajar com
por Ortiz (2006).
as corridas de Derby ou Leger, as apostas de
2 Categoria trabalhada por Renato Ortiz no livro Mundiali-
zação e cultura (2006), para definir uma memória cultural coletiva compartilhada por diversas nações.
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Cesarewitch ou jubilee; com o jogo ( de crí- captando sons no campo e na torcida etc.), o te-
quete) dos Gentlemen contra os Players [que
lespectador tem a falsa sensação de estar olhan-
não sobreviveu por razões que ele não previu],
o campeonato amador [de boxe], a corrida de do por uma “janela de vidro”, quando na verdade
barros de Varsity, ou um murro com luvas no aprecia uma interpretação da realidade, media-
National Sporting Club; para mostrar a você os da pelas câmaras televisivas (BETTI, 2004). Nesse
espectadores, os dirigentes, os árbitros, os juí-
zes, os cavalos, os jóqueis, os barcos, a água, os
sentido, o volume cada vez maior sobre a cober-
campos esportivos e tudo mais, e deitá-lo com tura esportiva, aliada aos avanços tecnológicos,
um dia de esportes quando quiser ou quando resulta no desenvolvimento de novas formas de
planejar (BURKE; BRIGGS, 2004, p.180). distribuição comercial.
A televisão, portanto, transforma-se clara-
Na atualidade, não se concebe a um evento es-
mente no principal meio de propagação da glo- portivo sem a presença dos meios de comuni-
balização econômica do esporte moderno, por cação, em função da sua importância na divul-
possibilitar um relatório vivo, não somente pelo gação e agendamento dos eventos esportivos;
da mesma forma não se pode pensar numa
áudio visual, mas pela sensação do ser, o que programação televisiva e/ou jornalística sem o
permite um espetáculo sem sair de suas casas espaço para notícias esportivas (BIANCHI; HAT-
(BECK; BOSSHART, 2003). Decerto, o esporte es- JE, 2006, p.167).
petacularizado tende a valorizar a forma em re-
A transformação do esporte em espetácu-
lação ao conteúdo, resultado do uso privilegiado
lo de fácil consumo globalizado oportuniza uma
da linguagem audiovisual. Todavia, não podemos
progressiva adaptação do esporte à linguagem te-
considerá-lo um mero conjunto de imagens, mas
levisiva. Isto implicou, sobretudo, a redução dos
uma relação social entre pessoas, mediadas por
tempos inativos e da própria imprevisibilidade do
imagens (DEBORD, 2006, p. 14). Por esta razão,
tempo total da disputa, além do estabelecimento
a televisão, em busca do sensacional, “convida
de paradas programadas para introdução de ma-
à dramatização, no duplo sentido: põe em cena,
terial publicitário no decorrer dos jogos (BIANCHI;
em imagens, um acontecimento e exagera-lhe a
HATJE, 2006). O exemplo mais explícito e com
importância, a gravidade, e o caráter dramático,
enorme sucesso nestas alterações é, sem dúvida,
trágico” (BOURDIEU, 1997, p. 25).
o voleibol.
Corroborando com Bianchi e Hatje (2006),
Este conjunto de medidas adotadas para
é preciso reconhecer que o fenômeno esportivo
consolidar a integração de diversas modalidades
constitui-se numa fonte inesgotável de matéria
ao universo televisivo foi indicado, em 1993, pelo
prima para os meios de comunicação de massa,
então Presidente do COI, Marquês Juan Antonio
ocupando, atualmente, espaço e tempo significa-
Samaranch:
tivo nos inúmeros programas de TV e também no
cotidiano de diferentes contextos sociais. Ainda de [...] os esportes que não se adaptarem à tele-
acordo com as autoras, ao entender isso, a tele- visão estarão fadados ao desaparecimento. Da
visão tem a oferecer uma infinidade de recursos mesma forma, as televisões que não souberem
técnicos a fim de maximizar a espetacularização. buscar o acesso aos programas esportivos ja-
mais conseguirão sucesso financeiro e de públi-
Para Betti (2001), a transcendência dessa espeta- co. (NUZZMAN, 1996, p. 15)
cularização - ao transformar o esporte em texto
predominantemente imagético e relativamente No Brasil, o peso da renda proveniente a
autônomo face à prática “real” do esporte - traz transmissão para a TV fica em torno de 15% a 40%
uma importante consequência: a fragmentação e dependendo da equipe3. Notadamente, essa situ-
descontextualização do fenômeno esportivo. Ain- ação possibilita a TV escolher horários e locais de
da de acordo com o autor, as mídias fragmentam seu interesse, pelo fato de ser a principal receita
e descontextualizam a experiência global de pra- dos clubes brasileiros contra uma média de 20% da
ticar esporte. Os eventos e fatos são retirados do venda de jogadores e outras divididas entre patro-
seu contexto histórico, sociológico, antropológico; cinadores e venda de ingressos (Folha de São Pau-
a experiência global do ser-atleta é fragmentada. lo, 04/10/2007). Nessa perspectiva, afirma Debord
Como tal descontextualização é sutil e compen- (2006, p. 39), “a raiz do espetáculo está no terreno
sada com informações suplementares (closes, câ-
3 Alguns clubes como Flamengo e Corinthians recebem da TV
maras dispostas em diversos ângulos, microfones cerca de 9 milhões por ano. (Estado de Minas, 27/05/2007)
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da economia que se tornou abundante, e daí vêm putando-lhe um significado próprio, “com o fim
os frutos que tendem afinal a dominar o mercado de garantir o respeito dos círculos letrados locais
espetacular”. Portanto, a televisão faz do fenôme- – alcançando uma penetrabilidade nem sempre
no esportivo uma edição pública de extrema impor- condizente com suas reais condições sociais” (PE-
tância, na qual seu objetivo principal é mediar de REIRA, 2000. p. 40). O futebol brasileiro por de-
forma intensa sua transformação em mercadoria. fender sua prática apenas entre as elites urbanas
passaria um longo período enraizado no amado-
Notadamente, o futebol é o melhor chama-
rismo, tendo sua profissionalização assumida so-
riz para a televisão. Enquanto espetáculo esportivo
mente na década de 1930.
opera com mecanismos de linguagens que facilitam
sua comercialização, tornando-o mundialmente in- Em 1931, decorrente da popularização do
teligível. Os meios de comunicação, compreenden- esporte e suas constantes discussões, o governo
do essas questões, percebem no futebol um produ- Vargas incluía o jogador de futebol entre as pro-
to para atrair telespectadores em potencial, dando fissões que deveriam ser regulamentadas pela
início a uma forte relação de mercado. legislação trabalhista (FRANCO JÚNIOR, 2007).
No entanto, esta prática passaria por uma nova
problemática: desavenças entre Rio de Janeiro e
4 A IMPORTÂNCIA DOS MCM PARA O CRESCI- São Paulo, acentuada pela Revolução Constitucio-
MENTO DO FUTEBOL nalista de 1932. Nas perspectivas apontadas por
Gurgel (2006), o processo não foi nada fácil e afe-
Os primeiros momentos do futebol da tran- tou politicamente a preparação do Brasil para os
sição dos séculos XIX e XX foram marcados por mundiais de 1930 e 1934. Mesmo com os resul-
uma série de interesses e representações que tados ruins nessas competições, alguns jogadores
relacionavam o esporte inglês, inicialmente cir- brasileiros se destacaram na competição, sofren-
cunscrito ao universo das elites – pelo menos do um enorme assédio dos clubes europeus, so-
enquanto possibilidade de prática –, à formação bretudo, os italianos.
de um novo modelo de cidadão, em um quadro A transição política coincidia com o definha-
social em que se adotava a Europa como parâ- mento do amadorismo. De acordo com Franco
metro cultural para a recém-instaurada Repúbli- Júnior (2007), um grande número de jogadores,
ca brasileira. atraídos pelo profissionalismo implantado no ex-
Nesse processo ainda não se tinha em conta terior, deixava o país, como Leônidas (1931, Peña-
que na Inglaterra, o epicentro do desenvolvimento rol), Tupi, Vani, Ramon, Teixeira e Petronilho (1931,
esportivo mundial, o futebol já adotava com cla- San Lorenzo de Almagro), Del Debbio e De Maria
ra profissionalização desde 1885, seguido da for- (1931, Lazio), Ministrinho (1931, Juventus), Rato
mação da Liga em 1988; por sinal, baseada no e Filó4 (1932, Lazio) e Domingos da Guia (1933,
modelo do sistema estabelecido anteriormente Nacional do Uruguai).
nos Estados Unidos para o beisebol profissional Para Iokoi (1997) o país se encontrava num
(HOBSBAWM, 2008). estágio diferenciado, que posteriormente se tor-
A princípio, ao contrário do que sucedia na naria tão comum no futebol brasileiro. Se no início
Inglaterra, no Brasil a prática do futebol estava do século XX o Brasil recebia imigrantes e importa-
longe de servir de elemento de conformação de va mercadorias manufaturadas e produtos da in-
uma identidade operária; estava, pelo contrário, dústria cultural, a situação do cenário econômico
restrito aos jovens estudantes e aos técnicos espe- se transformou. Hoje milhares de brasileiros vivem
cializados das companhias inglesas. Para Pereira no exterior com os mesmos objetivos dos imigran-
(2000), as notícias publicadas nos jornais brasi- tes do início do século XX que vieram para terras
leiros do período evidenciavam essa contradição, brasileiras em busca de melhores condições de
explicitando a força do futebol na Grã-Bretanha vida. Essa mudança configura-se pela abertura do
entre os círculos operários. Sem considerar a mercado global, apoiado pelo processo de revolu-
grande difusão do futebol no país que lhes servia ção tecnológica nas comunicações e na eletrônica,
de modelo, os sportsmen cariocas caracterizavam- acompanhado de transformações econômicas que
no como símbolo de elegância e sofisticação, im- 4 Filó se tornaria campeão Mundial jogando pela seleção ita-
liana.
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reduziram os processos de integração regionais proporciona. Como quase todos os jogadores atu-
ao âmbito das culturas nacionais (IOKOI, 1997). am no velho mundo, torna-se mais viável marcar
um jogo naquele continente e ter a liberação por
No cenário contemporâneo os meios de co-
parte dos clubes mais facilitada ou menos dificul-
municação de massa se mobilizam por uma corri-
tada, além do lucro garantido. E cabe ao torce-
queira criação de celebridades globais no mundo
dor brasileiro - que não vive na Europa, ou seja,
do futebol, onde cada vez mais, os valores, sím-
a grande maioria - ligar sua televisão e ver o jogo
bolos e produtos culturais extravasam as frontei-
na sala de sua casa. Notadamente, especula-se
ras nacionais, e cada vez menos, eles podem ser
que aqueles que costumam ir ao estádio, acabam
reduzidos à mera soma das culturas locais, ou à
por não criar com a seleção, o mesmo vínculo que
extroversão imperialista de uma cultura nacional
cria com seu clube de coração, já que fica impos-
hegemônica. Ou seja, os jogadores de futebol –
sibilitado de acompanhá-la.
sobretudo aqueles que jogam nas principais ligas
– são transformados em celebridades globais para
a consolidação de uma cultura popular-interna- Quadro 1 – Aumento nos valores envolvidos na negociação
cional (WAGG, 2006). da seleção brasileira.

A seleção brasileira é um forte exemplo des- A multiplicação dos lucros


se processo. A tradição em exibir jogadores ex- Depois da conquista do tetracampeonato na Copa
cepcionais, transforma a seleção num objeto de de 1994, os valores envolvidos nos negócios da sele-
contínuo fascínio popular, por suas conquistas e ção deram um salto formidável

pelo grande numero de jogadores atuantes nas 1994 2005


mais variadas ligas internacionais, transformando Patrocínios (em dóla- 3,4 26
res) milhões milhões
-a num símbolo global.
Cota média por amis- 150 000 dó- 800 000
Esse símbolo global proporcionou entre con- toso lares dólares
tratos de patrocínio, cotas de amistosos e vendas Direitos de transmissão 400 000 dó- 600 000
de direitos de transmissão, cerca de 35 milhões de por amistoso lares dólares
dólares em 2006 nos cofres da Confederação Bra- Fonte: Revista Exame, Abril de 2006.
sileira de Futebol. É o equivalente a cinco vezes o
faturamento registrado em 1994 (Revista Exame,
Todavia, Canclini (2006, p.68) chama aten-
04/2006).
ção que esses atletas “não deixam de estar inscritos
Mais da metade da receita anual da seleção na memória nacional, os consumidores populares
brasileira é garantida por quatro grandes contra- são capazes de ler a citações de um imaginário
tos de patrocínio; Nike, cervejaria Ambev, telefo- multilocalizado que a televisão e a publicidade
nia celular Vivo e o Banco Itaú. Outra fatia im- reúnem”. Ou seja, é preciso compreender que “a
portante do faturamento vem das cotas pagas ao cultura nacional não se extingue, mas se converte
time pelos amistosos disputados no exterior. Nes- em uma fórmula para designar a continuidade de
se caso, tem sido também registrado um aumento uma memória história instável, que se reconstrói
substancial de valores ao longo dos últimos anos. em interação com referentes culturais transnacio-
De acordo com a Revista Exame publicada em nais” (CANCLINI, 2006, p. 46).
abril de 2006, o jogo mais caro da história acon-
Esses apontamentos revelam o futebol como
teceu em março 2006, quando a federação russa
business e, como tal, passa a transcender a nação
pagou 1,5 milhão de dólares para ver as estrelas
da qual faz parte. Assim, entender o processo de
comandadas pelo até então técnico Carlos Alber-
mundialização da cultura brasileira através desse
to Parreira enfrentar a seleção local, no Lokomotiv
fenômeno esportivo mostra-se de relevante im-
Stadium, em Moscou. É quase o equivalente ao
portância, por possibilitar uma leitura da repre-
cachê de um show de estrelas do rock, como os
sentação social sob um enorme apreço popular. O
Rolling Stones e o U2 (ver quadro 1) .
que nos remete a necessidade de um olhar global,
A frequência de amistosos no exterior, mais pois dificilmente, sua compreensão enquanto fe-
notadamente na Europa, sempre com estádios nômeno poderá ser respondido somente no âmbi-
lotados e grande apelo publicitário, mostram o to da esfera nacional.
grande poder de espetacularização que a seleção
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82 Relações entre esporte e mídia no Brasil
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cia, Florianópolis, v. 12, n. 17, p. 107-111, set., 2001.

______. A janela de vidro: Esporte, televisão e educação


Reflexões desenvolvidas ao longo texto, pos-
física. 3. ed. Campinas: Papirus, 2004.
sibilitaram uma compreensão sobre a relação en-
tre esporte e mídia no Brasil. Decerto, percebe-se BIANCHI, P.; HATJE, M. Mídia e esporte: os valores notícia
e suas repercussões na sociedade contemporânea. Motrivi-
que essa relação não é apenas um espetáculo mi-
vência, a. 18, n. 27, p. 165-178, dez., 2006.
diático, isto é, não se reduz a uma mercadoria pro-
duzida para completar a programação dos meios BOURDIEU, P. Sobre a Televisão. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 1997.
de comunicação de massa. As alterações que são
feitas nas regras e na dinâmica de algumas mo- BRIGGS, A.; BURKE, P. Uma história social da mídia: de
dalidades também devem atender aos interesses e Gutemberg à internet. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
expectativas do público que consome esse produ- CANCLINI, N. G. Cidades e cidadãos imaginados pelos meios
to, ou melhor, os meios de comunicação de massa de comunicação. Opinião Pública, Campinas, v. 8, n.1,
não têm o poder de criar e impor gostos e hábitos p.40-53, 2002 .
ao seu público; o que ela faz é contribuir no senti- ______, N. G.. Consumidores e cidadãos: conflitos multi-
do de reafirmar certos valores sociais tradicionais culturais da globalização. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
e disseminar conceitos ou modelos culturais emer- 2006.

gentes. CINTRA SOBRINHO, D. O importante é... Breves considera-


ções sobre aspectos das relações entre mídia e esporte. In:
De fato, o poder que a mídia exerce sobre o CONGRESSO ANUAL EM CIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO, 27,
esporte não é unilateral. Há uma relação de inter- 2004, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre: Intercom, 2004.
dependência, que faz a espetacularização espor- CD-ROM.
tiva atender às pretensões de ambos os lados: as COAKLEY, J. Sport in Society: Issues and Controversies. 6.
empresas de comunicação e as federações espor- ed. Boston: McGraw-Hill, 1998.
tivas. Se, por um lado, a mídia estabelece parâ-
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. 7. imp. Rio de
metros para o sucesso econômico das práticas es- Janeiro: Contraponto, 2006.
portivas, por outro, as empresas de comunicação
FRANCO JÚNIOR, H. A dança dos deuses: futebol, socieda-
de massa passaram a depender crescentemente de, cultura. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
do que ocorre no mundo esportivo. Nesse sentido,
se a espetacularização esportiva produzida para GIULLIANOTTI, R. Sociologia do Futebol: dimensões histó-
ricas e socioculturais do esporte das multidões. São Paulo:
um público telespectador trouxe alterações na or- Nova Alexandria, 2002.
ganização do esporte, consequentemente as redes
de televisão têm se adaptado aos elevados custos GURGEL, A. Futebol S/A: a economia em campo. São Paulo:
Saraiva, 2006.
dos contratos de transmissão. O que se verifica fa-
cilmente no caso do futebol. HOBSBAWM, E. J. Mundos do trabalho: Novos estudos so-
bre história operária. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
Por fim, pode-se entender que esta prática já
nasce sob o signo do espetáculo, incorporado ra- IOKOI, Z. M. G. O Brasil Atual e a Mundialização. São
Paulo: Loyola, 1997.
pidamente pelos jornais na metade do século XIX,
difundido com apelos nacionalistas nas primeiras LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodológicos
na construção do conhecimento científico: a pesquisa biblio-
décadas do século XX, retomado na década de
gráfica. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 10, número es-
1960, sob mesmo discurso de décadas anteriores, pecial, 2007.
até a transição de 1980 a 1990, com narrativas
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incorporadas por valores mundializados, repre-
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sentados contemporaneamente de forma dester-
ritorializada. MAZZONI, T. História do Futebol Brasileiro. São Paulo:
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Abril de 2010.

Recebido em 04 de abril de 2011.

Aceito em 13 de agosto de 2011.

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