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TURISMO EM ESPAÇO RURAL

UFCD 6365
Índice
Introdução..........................................................................................................................................................................2
Objetivos.............................................................................................................................................................................3
Turismo – Conceitos gerais........................................................................................................................................4
Turismo............................................................................................................................................................................4
Turismo e Cultura........................................................................................................................................................5
O lazer e a sociedade contemporânea...................................................................................................................7
Turismo em Portugal.....................................................................................................................................................9
Tipos de Turismo..........................................................................................................................................................14
Turismo em Espaço Rural.........................................................................................................................................15
"Turismo de aldeia"....................................................................................................................................................18
"Hotel rural"..................................................................................................................................................................18
Atividades turísticas rurais na exploração agrícola......................................................................................19
Produtos turísticos......................................................................................................................................................21
Bibliografia.......................................................................................................................................................................24

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Introdução

As áreas rurais próximas dos centros urbanos e as do Litoral


beneficiam do dinamismo dos espaços urbanos, mas as mais
periféricas enfrentam graves problemas demográficos, tais como a
perda de população e s e u envelhecimento, a falta de emprego, baixo
poder de compra, insuficiência das redes de transportes e carência de
equipamentos. A maioria destas áreas possui, no entanto, recursos
naturais que podem contribuir para o seu desenvolvimento. O
turismo, nomeadamente o turismo rural, é uma das formas utilizadas
para contribuir no desenvolvimento destes espaços.

Neste manual iremos diferenciar os diversos tipos de turismo,


prestando mais atenção ao turismo em espaço rural. Aqui estarão
patentes as diversas formas de explorar os espaços, utilizando os
recursos naturais existentes.

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à


unidade de formação de curta duração nº 6365 – Turismo em espaço
rural, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações.

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Objetivos

 Identificar produtos de turismo rural no âmbito da exploração


agrícola.
 Integrar atividades turísticas rurais na exploração agrícola.
 Aplicar técnicas de atendimento e acolhimento personalizado
a clientes de turismo de habitação, turismo rural ou de
agroturismo.

Conteúdos

Turismo – Conceitos gerais

Turismo em Portugal

Tipos de turismo

Turismo em espaço rural

Empreendimentos turísticos

Atividades turísticas rurais em exploração agrícola

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Turismo – Conceitos gerais

Turismo

A primeira definição de turismo remonta ao ano de 1911, em que


o economicista austríaco Hermann Von Schullern Zu Schattenhofen
escrevia que “turismo é o conceito que compreende todos os processos,
especialmente os económicos, que se manifestam na chegada, na
permanência e na saída do turista de um determinado município, país
ou estado”.

Geralmente, a atividade turística tem como objetivo o lazer de


quem a pratica, embora esta atividade esteja também ligada à
concretização de negócios (mais conhecido por viagens de negócios).

O turismo, tal como o conhecemos atualmente, nasceu no séc.


XIX, na sequência da Revolução Industrial, que possibilitou as
deslocações, tendo por objetivo o descanso, o ócio ou ainda
conhecimento cultural. Anteriormente, as viagens tinham outros
objetivos, nomeadamente comerciais, migratórios e conquistas (em
tempos de guerra).

Os primeiros registos da
existência de atividade
turística remontam à época
da Grécia antiga. Os Jogos
Olímpicos (Olimpíadas)
movimentavam milhares de
pessoas que se deslocavam
para assistir a este evento, que só se realizava de 4 em 4 anos.

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Contudo, foi só no séc. XIX, com o inglês Thomas Cook (1808 –
1892), grande empresário, que se deram os primeiros passos para a
criação de agências de viagens. Em 1841, Cook organizou a primeira
viagem em grupo de longa duração. A partir desta altura massifica-se
o turismo de lazer. Uma década mais tarde, fundou-se a primeira
agência de viagens do mundo: a Thomas Cook and Son. Nos dias de
hoje, o turismo é uma das principais indústrias a nível global.

Turismo e Cultura

Na Grécia antiga, dava-se grande importância ao tempo livre, que


era dedicado à cultura, diversão, religião e desporto. Com as
Olimpíadas, milhares de pessoas deslocavam-se para poderem assistir
aos espetáculos desportivos, misturando, muitas vezes, o desporto
com a religião. Também existiam peregrinações religiosas, tais como as
que se realizavam aos Oráculos de Delfos ou Dódona.

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Os romanos, mais tarde, desenvolveram o hábito de frequentar as
termas e, para isso, deslocavam-se de uma forma sistemática às
mesmas. Eram igualmente frequentadores de grandes espetáculos,
nomeadamente de teatros que eram, muitas vezes, realizados na costa
romana, onde possuíam casas de férias – Villae.

Durante a Idade Média, deu-se um retrocesso no que se refere às


deslocações dos indivíduos, devido a um grande número de conflitos
(políticos e sociais) e à crise económica que se generalizou por toda a
Europa. Contudo, na Idade Moderna, as peregrinações a locais
sagrados foram retomadas, o que provocou, por exemplo, a morte de
mais de 1000 peregrinos, em Roma, devido à Peste Negra. É neste
contexto que surgem os primeiros alojamentos com o nome de hotel
(palavra francesa que designava os palácios urbanos). Com as viagens
das grandes personalidades acompanhadas pelo seu séquito, comitivas
cada vez mais numerosas, sendo impossível alojar a todos em palácios,
torna-se necessária a criação de novas edificações hoteleiras. Ressurge
também o interesse em visitar as antigas termas, que haviam decaído
durante a Idade Média. Estas não tinham somente como motivação a
indicação medicinal, eram também realizadas por diversão e
entretenimento, em
estâncias termais como, por
exemplo, em Bath
(Inglaterra). Também nesta
mesma época data o
descobrimento do valor
medicinal da argila com os
banhos de barro como
remédio terapêutico.

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Esta é também a época das grandes expedições marítimas de
espanhóis, britânicos e portugueses que despertaram a curiosidade e o
interesse por grandes viagens.

No final do século XVI, surge o costume de enviar os jovens


aristocratas ingleses para realizarem um gran-tour no final dos seus
estudos, com a finalidade de complementar a sua formação e adquirir
certas experiências - era uma viagem de longa duração (entre 3 e 5
anos) que se fazia por distintos países europeus. Desta atividade
nascem palavras como turismo e turista.

Com o passar do tempo, deram-se avanços e retrocessos


motivados por diversas causas. Mas foi nas décadas de 50 a 70 do
século passado, que se deu o “boom” turístico. Esta mudança
comportamental deveu-se à estabilidade social no mundo (época
posterior à 2º Guerra Mundial).

Assim, podemos concluir que atualmente o turismo é,


juntamente com a emigração, o grande veículo do contacto de
culturas, o instrumento privilegiado das relações interpessoais, o elo
potenciador da ligação com estranhos, forasteiros, hóspedes e
estrangeiros.

O lazer e a sociedade contemporânea

Nas últimas 4 décadas, o lazer e o tempo livre começaram a ser


foco de atenção por parte de diversas ciências. Apareceram diversas
abordagens tanto na área sociológica, como também na histórica,
antropológica, psicológica, filosófica, geográfica e até cultural, tão
diferenciadas entre si.

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No entanto, segundo Ortega (2000), é possível distinguir duas
grandes orientações: uma enfatiza o lazer como satisfação individual,
enquanto que outra sublinha a sua dimensão coletiva, pois “Cada
parte conserva sua singularidade e sua individualidade, mas, de algum
modo, contém o todo” (MORIN, 1996:273).

Cada contexto social potencia diferentes ideologias, valores,


perspetivas, atitudes e comportamentos. O mesmo acontece com o
lazer, pois ganha expressões diferentes, conforme a época histórica e o
enquadramento sociocultural em que se situa.

Na sociedade contemporânea, tão marcada pelas novas


tecnologias, as paisagens do lazer encontram-se em constante
mudança. O movimento de globalização que socializa um mesmo
conjunto de valores, ideias e aspirações, atua inclusive no campo das
atividades de lazer onde, no entanto, é também pluralista. Por isso, é
possível verificar a permanência de um conjunto de culturas locais e
específicas em que as expressões individuais e comunitárias
continuam integradas ao contexto histórico, político e sociocultural
local onde cada pessoa se insere. Assim, contemporaneamente, a
atividade de lazer reflete características globais e ao mesmo tempo
locais, dos grupos onde ela foi gerada e desenvolvida. O mesmo país
pode abrigar diferentes expressões, localizadas nos nichos urbanos de
uma mesma cidade, ou até do mesmo bairro. Desta forma, revelam-se
diferenças de lazer por faixas etárias, por sexos, etnias, educação,
religião, classe social, status econômico.

Dumazedier (1999) defende que o sentido principal do lazer é a


liberação das obrigações habituais. E a seu ver, o lazer compreende
três funções interdependentes: descanso, diversão e desenvolvimento
da personalidade. Cada atividade de lazer apresenta características
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gerais e específicas, por isso o seu entendimento precisa passar pela
inserção em contextos micro e macrossociais. Assim, pode-se
compreender o lazer como uma construção histórica que reflete
características da sociedade que o engendrou.

Turismo em Portugal

Em Portugal, o turismo é um dos principais setores que


contribuem para a economia do país. Em 2017, Portugal foi
considerado “o Melhor Destino do Mundo” pelo World Travel Awards.
Lisboa foi considerada como o "Melhor Destino para City Break" e a
ilha da Madeira "o Melhor Destino Insular". Ao todo, Portugal alcançou
seis prémios de enorme prestígio internacional no setor do turismo.

O Turismo de Portugal está sob a tutela do Ministério da


Economia, com uma Secretaria de Estado do Turismo, responsável
pela definição de políticas nesta área. Integrado neste ministério, o
Turismo de Portugal é a Autoridade Turística Nacional. É Responsável
pela promoção, valorização e sustentabilidade da atividade turística e
agrega numa única entidade todas as competências institucionais
relativas à dinamização do turismo, desde a oferta à procura.

Com uma relação privilegiada com as outras entidades públicas e


agentes económicos no país e no estrangeiro, o Turismo de Portugal
está empenhado em reforçar o turismo como um dos principais
motores de crescimento da economia portuguesa. Por isso, tem como
missão promover Portugal como destino turístico, apoiar o
desenvolvimento das infraestruturas turísticas e o investimento no

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setor, desenvolver a formação de recursos humanos e, finalmente,
regular e fiscalizar os jogos de fortuna e azar.

A nível regional, os principais parceiros institucionais que atuam


na área do turismo são as Comissões de Coordenação e
Desenvolvimento Regional (CCDR), as Entidades Regionais de Turismo
(ERT), as Agências Regionais de Promoção Turística (ARPT) e as
Câmaras Municipais. 

As Associações empresariais e outras entidades da área do


Turismo, nacionais e regionais, desempenham um papel central na
concretização de políticas, estratégias e medidas, tais como a
Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira, a área do Turismo


encontra-se sob a tutela dos respetivos Governos Regionais:

- Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura da Madeira

- Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo dos Açores. 

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Projetar Portugal, aumentando a notoriedade do destino nos
mercados internacionais, em articulação com as Agências Regionais de
Promoção Turística e recorrendo às 22 equipas do Turismo de Portugal
localizadas nos mercados estratégicos, tem sido uma preocupação
constante, com vista a promover Portugal enquanto destino turístico
para visitar, investir, viver, estudar e com capacidade para acolher
grandes eventos nacionais e internacionais.

É ainda uma forma de permitir, também, posicionar o turismo


interno como fator de competitividade e de desenvolvimento da
economia nacional, em função das iniciativas que desenvolve.

Seja através do portal oficial de promoção do destino Portugal –


http://www.VisitPortugal.com – onde, em dez idiomas (português,
inglês, castelhano, alemão, francês, italiano, holandês, russo, japonês
e mandarim), são apresentadas várias sugestões temáticas de visita ao
país, seja pela organização da presença nacional nas principais feiras
internacionais de turismo, Portugal afirma a sua imagem, bem como a
qualidade e o profissionalismo das suas empresas.

A conceção e concretização de campanhas promocionais


específicas que contribuem, de modo determinante, para a imagem de
Portugal e para o incremento da sua notoriedade nos mercados
internacionais são um dos pontos-chave da estratégia de promoção.

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“Can't Skip Portugal" é a campanha mais recente, lançada em
maio de 2017, exclusivamente em meios digitais de 20 mercados
estratégicos. 

Em quatro filmes ( https://youtube.com/watch?time_continue=6&v=GU5W1LecyXw ), a


campanha aposta na mensagem de que já não há como passar ao lado
de um destino como este: autêntico e único, com tanto para ver,
provar, sentir e experimentar. Um raciocínio que se estende a toda a
comunicação de destino do Turismo de Portugal.

Esta é a campanha de Portugal mais vista de sempre,


contabilizando mais de dez milhões de visualizações desde o seu
lançamento, e apesar de ter sido implementada em 20 países, chegou,
de forma orgânica, a mais de 200. 

A informação relativa aos empreendimentos e empresas do


turismo em operação no País está disponível e pode ser consultada
no Registo Nacional de Turismo (RNT).

O RNT reúne informação obrigatória preenchida e atualizada


pelas entidades exploradoras dos empreendimentos e empresas do
turismo, agentes de animação turística e agências de viagens e
turismo.

A plataforma em que assenta o RNT possibilita a consulta


distinta de 4 áreas de atividade:

1. Empreendimentos turísticos: Registo Nacional dos


Empreendimentos Turísticos (RNET)

2. Agências de Viagens e Turismo: Registo Nacional das


Agências de Viagens e Turismo (RNAVT)

3. Agentes de Animação Turística: Registo Nacional dos Agentes


de Animação Turística (RNAAT)
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4. Alojamento Local: Registo Nacional do Alojamento Local
(RNAL)

Cada Registo funciona de forma autónoma e permite pesquisar


e selecionar informação acerca da oferta por entidade, região, tipologia,
etc. Esta informação pode ser complementada e analisada em
conjunto com demais informação georreferenciada sobre a oferta
turística no SIGTUR- Sistema de Informação Geográfica do Turismo,
bem como com estatísticas e análises por região e por mercado,
disponíveis no TravelBI, a plataforma de gestão do conhecimento do
Turismo de Portugal.

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Tipos de Turismo

As condições naturais, o património histórico-cultural, as


características dos turistas e as atividades permitem distinguir alguns
tipos de turismo:

 Turismo balnear/sol e mar: associado à praia, tanto de mar como


de rios e albufeiras, origina importantes fluxos turísticos, que se
efetuam a distâncias cada vez maiores;
 Turismo cultural: relacionado com atividades culturais e com o
património histórico-cultural;
 Turismo rural: proporciona
uma vivência no meio rural,
quer em antigos solares e
palácios, quer em casas
tradicionais, muitas vezes com
participação em trabalhos
agrícolas;
 Turismo de montanha: geralmente associado à neve e aos
desportos de Inverno;
 Turismo religioso: dinamizado pelos lugares mais importantes de
culto e peregrinação;
 Turismo termal: bastante mais antigo, associa-se ao
aproveitamento de nascentes de águas termais, isto é, com
características específicas (composição mineral e temperatura)
que as tornam benéficas para a saúde e bem-estar.

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Turismo em Espaço Rural

O Turismo em Espaço Rural apresenta características próprias,


pouco tendo em comum com as modalidades convencionais de turismo.
Com efeito, esta atividade tem como objetivo essencial, oferecer aos
utentes a oportunidade de reviver as práticas, os valores e as tradições
culturais e gastronómicas das sociedades rurais, beneficiando da sua
hospedagem e de um acolhimento personalizado.
Visto pela perspetiva do desenvolvimento rural, o turismo no
espaço rural é uma das atividades mais bem colocadas para assegurar
a revitalização do tecido económico rural, sendo tanto mais forte,
quanto conseguir endogeneizar os recursos, a história, as tradições e a
cultura de cada região.

Ele é não só um fator de diversificação das atividades agrícolas,


como um fator de pluriatividade, através da dinamização de um
conjunto de outras atividades económicas que dele são tributárias e
que com ele interagem. É o caso do artesanato, da produção e venda na
exploração de produtos tradicionais, dos quais se destacam os produtos
agrícolas e géneros alimentícios certificados, dos serviços de transporte,
de animação, de guias etc.
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Importa, pois, promovê-lo de forma harmoniosa e sustentada, no
respeito pelas diferenças que caracterizam cada região e pelos
requisitos de qualidade e de comodidade exigidos pela clientela que o
procura.
Foi com base nestes pressupostos que o Governo adotou um
conceito de turismo no espaço rural, entendido como um produto
completo e diversificado que integra as componentes de alojamento,
restauração, animação e lazer, baseado no acolhimento hospitaleiro e
personalizado e nas tradições mais genuínas da gastronomia, do
artesanato, da cultura popular, da arquitetura, do folclore, e da
história.
O turismo rural não é um fenómeno acidental ou temporário,
mas antes resultado da evolução do modelo de sociedade em que
vivemos.
Em termos gerais, os indicadores apontam para um crescimento
regular da procura desta atividade, por parte de uma clientela culta,
com poder económico superior à média, exigente de qualidade, de
genuinidade e em busca das diferenças que o tornam atraente face às
restantes modalidades de turismo.
É possível isolar os principais fatores-chave que suscitam e
continuarão a suscitar o desenvolvimento de uma procura crescente:
 níveis crescentes de instrução da população
 interesse crescente pelo património
 aumento dos tempos de lazer
 melhoria das infraestruturas de acesso e das comunicações
 maior sensibilidade para as questões ligadas à saúde e ao seu
relacionamento com a natureza
 abertura e recetividade às questões ecológicas

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 maior interesse pelas especialidades gastronómicas de cariz
tradicional
 a valorização da autenticidade
 a busca da paz e da tranquilidade
 a procura da diferença e das soluções individuais por oposição às
propostas de massa
 o aumento do papel das entidades ligadas ao desenvolvimento
rural na promoção desta atividade

No entanto, não é só esta clientela de alta gama que procura este


tipo de turismo. Atividades como a caça, pesca, feiras e romarias, cultos
religiosos, festivais de folclore e gastronómicos, etc., atraem turistas,
essencialmente nacionais, oriundos de todo o tipo de estratos sócio -
económicos.
Importa, pois, que a oferta deste segmento de turismo seja capaz
de fornecer respostas que se adequem aos diferentes tipos de
necessidades, bem como às solicitações emergentes dos diferentes
estratos etários que, por razões distintas, são atraídas ou suscetíveis de
vir a ser aliciadas, para esta forma de turismo. Estão neste caso, as
crianças, numa perspetiva de campos de férias ou de quintas
pedagógicas, os adolescentes, numa perspetiva ecológica ou de prática
de aventura ou de desportos, os seniores, que buscam a tranquilidade
dos passeios no campo fora de estação, o revivalismo da memória de
tradições ancestrais, como as vindimas a matança do porco os sírios, o
prazer da gastronomia tradicional genuína, as curas termais.

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Grupos de empreendimentos de turismo no espaço rural

"Casa de campo"
São casas de campo os imóveis situados em aldeias e espaços
rurais que prestem serviços de alojamento a turistas e se integrem, pela
sua traça, materiais de construção e demais características, na
arquitetura típica local.

"Turismo de aldeia"
Quando cinco ou mais casas de campo situadas na mesma aldeia
ou freguesia, ou em aldeias ou freguesias contíguas, sejam exploradas
de uma forma integrada por uma única entidade, podem usar a
designação de turismo de aldeia, sem prejuízo de a propriedade das
mesmas pertencer a mais de uma pessoa.

"Agroturismo"
São empreendimentos de agroturismo os imóveis situados em
explorações agrícolas que prestem serviços de alojamento a turistas e
permitam aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da
atividade agrícola, ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos, de
acordo com as regras estabelecidas pelo seu responsável.

"Hotel rural"
São hotéis rurais os hotéis situados em espaços rurais que, pela
sua traça arquitetónica e materiais de construção, respeitem as
características dominantes da região onde estão implantados, podendo
instalar-se em edifícios novos que ocupem a totalidade de um edifício

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ou integrem uma entidade arquitetónica única e respeitem as mesmas
características.

São empreendimentos de turismo no espaço rural os


estabelecimentos que se destinam a prestar, em espaços rurais,
serviços de alojamento a turistas, dispondo para o seu funcionamento
de um adequado conjunto de instalações, estruturas, equipamentos e
serviços complementares, tendo em vista a oferta de um produto
turístico completo e diversificado no espaço rural.
Os empreendimentos de turismo no espaço rural devem
preservar, recuperar e valorizar o património arquitetónico, histórico,
natural e paisagístico dos respetivos locais e regiões onde se situam,
através da reconstrução, reabilitação ou ampliação de construções
existentes, de modo a ser assegurada a sua integração na envolvente. 
O processo de licenciamento dos empreendimentos de Agroturismo é da
responsabilidade das Câmaras Municipais, podendo a Direção Geral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) ser consultada quanto à
localização dos empreendimentos.
A classificação do empreendimento como hotel rural é da
competência do Turismo de Portugal, I.P.

Atividades turísticas rurais na exploração agrícola

O turismo é visto como uma forma de exploração alternativa para


as explorações agrícolas, cujos principais problemas se prendem com
os constrangimentos físicos inerentes aos territórios montanhosos:
baixos rendimentos, elevada dependência de subsídios, vulnerabilidade

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em relação às flutuações da procura dos produtos agrícolas, etc. Apesar
destes problemas, os territórios possuem enormes potencialidades para
o turismo devido à sua beleza cénica e paisagística, inerente à natureza
preservada.
Como forma de aproveitar estas potencialidades, surgiu um tipo
de turismo, denominado de turismo em família, onde o alojamento, as
refeições, as atividades recreativas e os preços estão particularmente
adaptados para satisfazer as necessidades e o conforto de famílias com
crianças.
Desta forma, o turismo em família deve implicar uma oferta
multifacetada que permita aos pais e aos filhos escolherem várias
atividades, as quais podem, por sua vez, ser pequenas coisas baseadas
nos recursos locais; deve haver uma boa cooperação e integração entre
os diferentes sectores e entre os diversos fornecedores de serviços; a
gestão deve ser profissional e bem organizada; a animação é essencial;
a formação é vital para assegurar a qualidade; o tempo e o esforço gasto
na pesquisa de mercado levará depois a campanhas de marketing
eficientes; a avaliação dos produtos oferecidos é essencial para a sua
melhoria.
Seja qual for a atividade turística a desenvolver nos territórios
rurais, ela só terá valor acrescentado para a economia local se primar
pela qualidade. Tal significa assentar a exploração turística na
valorização dos recursos turísticos do território, melhorar os serviços de
alojamento e restauração, organizar a oferta de lazer e de animação,
promover o acolhimento e a informação turística e garantir ao cliente a
qualidade turística global.

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Produtos turísticos

Segundo a Organização Mundial de Turismo o conceito de


turismo compreende as atividades desenvolvidas por pessoas ao longo
de viagens e estadas em locais situados fora do seu enquadramento
habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, para
fins recreativos, de negócios e outros (Cunha, 1997). Por sua vez o
conceito de oferta turística inclui o conjunto de todas as facilidades,
bens e serviços adquiridos ou utilizados pelos visitantes, bem como,
todos aqueles que foram criados com o fim de satisfazer as suas
necessidades e postos à sua disposição e, ainda, os elementos naturais
ou culturais que concorrem para a sua deslocação. O critério definidor
da oferta turística é o da utilização pelos visitantes, ou seja, tudo
quanto faça parte dos seus consumos. A oferta turística e, em
particular, alguns dos seus elementos integrantes, só é objeto de
procura quando englobada num produto concreto, criado para
responder a necessidades concretas, objetivas ou subjetivas, dos
consumidores turísticos. Depreende-se daqui o conceito de produto
turístico como sendo o conjunto dos elementos que, podendo ser
comercializado, direta ou indiretamente, motiva as deslocações,
gerando uma procura. São várias as componentes do produto turístico
(Cunha, 1997), a saber: os recursos turísticos que constituem a
componente fundamental da oferta (clima, a flora e a fauna, a
paisagem, a arte, a história, os monumentos, os parques temáticos); as
infraestruturas; as superestruturas (constituídas pelos equipamentos
que satisfazem diretamente as necessidades da procura turística:
alojamento, restaurantes, entretenimento e diversões, estabelecimentos
comerciais, etc;); as acessibilidades e transportes (constituídos pelas

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vias de acesso, bem como, pelos meios de transporte e sua
organização); a hospitalidade e acolhimento (o espírito de hospitalidade
e as condições criadas para receber bem os visitantes).
No que diz respeito ao conceito de recursos turísticos a
Organização Mundial de Turismo distingue dois conceitos diferenciados
entre si: património turístico - o conjunto potencial (conhecido ou
desconhecido) dos bens materiais ou imateriais à disposição do homem
e que podem utilizar-se, mediante um processo de transformação, para
satisfazer necessidades turísticas; e recurso turístico como sendo todos
os bens e serviços que, por intermédio da atividade humana, tornam
possível a atividade turística e satisfazem as necessidades da procura.
A criação e promoção de produtos turísticos corresponde ao
reconhecimento da existência de grupos de pessoas com motivações
próprias, que se deslocam por razões idênticas e possuem idênticas
necessidades, ou seja, da existência de segmentos de mercado
diferenciados. Foi o desenvolvimento do marketing que proporcionou
este reconhecimento e induziu à formação de produtos turísticos pela
combinação das diversas componentes da oferta. A cada segmento de
mercado corresponde um ou mais produtos definidos em função das
condições específicas de cada país ou região.
Com base num estudo levado a cabo na época de Verão nas áreas
rurais das zonas norte e centro de Portugal (Kastenholz, Davis e Paul,
1999) identificam e caracterizam quatro segmentos de mercado
turístico: dois segmentos de mercado estão mais vocacionados para a
socialização e o entretenimento e são sobretudo jovens e portugueses;
de entre estes dois, um segmento de mercado está mais interessado nas
ofertas culturais enquanto o outro valoriza mais os aspetos ambientais,
a paz e o sossego; os outros dois segmentos são essencialmente
constituídos por turistas estrangeiros sendo um grupo dos “românticos
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rurais” apreciadores da autenticidade, da cultura da tradição, da paz e
do silêncio; o outro é mais pragmático e racional, exige viagens
independentes e valoriza ao mesmo tempo o ambiente pacifico e sem
poluição. A segmentação de mercado torna-se fundamental na definição
de uma estratégia de marketing coerente pois só assim se conseguem
identificar os benefícios primários que os turistas procuram e que
devem ser inerentes aos produtos turísticos a oferecer.
Outro contributo importante no que diz respeito às orientações
para o turismo no mundo rural vêm da Declaração Euro-Mediterrânea
sobre o Turismo no Desenvolvimento Durável, assinada pelos respetivos
Ministros do Turismo da Comunidade Europeia, em 1993 (Cunha,
1997), onde se considera necessário encorajar a criação de produtos
turísticos de qualidade de acordo com várias orientações, a saber:
desenvolver produtos que favoreçam a criação de empregos e a criação
de empresas locais que, em particular, visem a valorização do
património natural e cultural; desenvolver novos produtos que
favoreçam uma utilização durável dos recursos existentes; multiplicar
as ações a favor da produção de produtos concebidos com o fim de
prolongar a estação turística e desenvolver, em particular, produtos que
combinem a utilização do património cultural.

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Bibliografia

Cunha, Licínio (1997) Economia e Política do Turismo,


McGraw-Hill de Portugal, Lda, Lisboa.

Dumazedier, Joffre (2000) Lazer e cultura popular, Perspetiva.

Morin, Edgar (1996) O problema epistemológico da


complexidade, Europa América.

Kastenholz, Elisabeth, Davis, Duane, Paul, Gordon (1999)


“Segmenting tourism in rural areas: The case of north and
central Portugal” Journal of Travel Research, Vol. 37, nº 4,
May, p. 353

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