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MANUAL DE FORMAÇÃO

50 H
UFCD:
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e
caracterização

Conteúdo
Introdução............................................................................................................................3
TURISMO..............................................................................................................................6
Turismo- aparecimento e evolução......................................................................................6
O Que é o Turismo?..............................................................................................................7
Turismo em Portugal............................................................................................................8
As Modalidades de Turismo no Espaço Rural.......................................................................9
Turismo Rural.......................................................................................................................9
Agro – turismo....................................................................................................................10
Turismo de aldeia...............................................................................................................10
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Casas de campo..................................................................................................................10
Outras Modalidades:..........................................................................................................10
INFORMAÇÕES A DISPONIBILIZAR NA CASA DE TURISMO DE HABITAÇÃO........................10
TURISMO RURAL................................................................................................................12
Agro - turismo....................................................................................................................13
Diversificação da oferta de Turismo Rural em Portugal.....................................................13
Turismo de Habitação........................................................................................................13
Turismo Rural:....................................................................................................................14
Agro – turismo....................................................................................................................14
Turismo de aldeia...............................................................................................................14
Casas de campo.................................................................................................................15
Hotéis rurais.......................................................................................................................15
Parques de Campismo Rurais.............................................................................................16
O Interesse pelo Turismo no Espaço Rural.........................................................................16
Fator de Desenvolvimento Rural........................................................................................17
Condições Determinantes de Sucesso................................................................................17
O papel da animação turística nos territórios rurais..........................................................18
A construção e desenvolvimento do turismo rural em Portugal........................................21
As Primeiras leis e a instituição legal do turismo rural em Portugal...................................21
Ações de MARKETING........................................................................................................22
Classificação de trilhos.......................................................................................................23
Os profissionais de Turismo Equestre................................................................................25
Conceito e Classificação de Serviços...................................................................................27
As Necessidades dos Clientes em Hotelaria.......................................................................29
A Qualidade do Serviço......................................................................................................29
Primeiros socorros: como agir em situações de emergência.............................................30
Posição Lateral de Segurança.............................................................................................31
Como utilizar o número de Emergência 112......................................................................32
Afogamento........................................................................................................................33
Desmaio / Perda súbita de consciência..............................................................................33
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Golpe de Calor/Insolação...................................................................................................34
Estado de Choque..............................................................................................................34
Feridas................................................................................................................................35
Fraturas..............................................................................................................................36
Prevenção de acidentes.....................................................................................................37
Riscos e atividades de turismo...........................................................................................38
Referências bibliográficas...................................................................................................40
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Âmbito do manual

O presente manual foi concebido como instrumento de apoio à unidade de formação


de curta duração nº 3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e
caracterização.

Objetivos
 Contextualizar o Turismo em Meio rural em Portugal (TMR) e interpretar a legislação inerente ao setor.

 Efectuar o enquadramento do TMR e do desenvolvimento regional.

 Reconhecer o contributo do TMR no âmbito do Turismo Português.

 Caracterizar e promover atividades de comercialização/ marketing associadas ao TMR.

 Definir o Turismo Equestre e caracterizar as suas modalidades.

 Identificar e aplicar as normas e as regras elementares de segurança.

 Caracterizar o papel e a responsabilidade do Acompanhante de Turismo Equestre. Identificar e caracterizar


o equipamento do cavaleiro de turismo equestre.

Conteúdos programáticos
 Turismo – aparecimento e evolução

 Turismo de habitação, turismo rural e agroturismo

 A legislação em vigor

 Diversificação da oferta

 Requalificação das unidades TMR

 Dinamização áreas com interesse histórico

 Recuperação das áreas TMR

 Sinalização de casas

 TMR - Um produto turístico

 Competitividade

 Criação de circuitos
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 Estruturas complementares de animação

 Melhoria e controle de qualidade

 Formação profissional

 Desenvolvimento económico

 Associações TMR

 Os agentes/operadores turísticos

 Actividades publicitárias

 Acções de marketing

 Principais mercados

 Novos mercados

 Conceito

 Modalidades

 Classificação de trilhos

o Postura do turista

o O percurso

 Normas de sinalização de trilhos

o Sinalética

o Marcação

 Acompanhante de Turismo Equestre

o Função

o Competências

o Responsabilidades

o Modo de atuação

 Material de higiene e cuidados gerais do

o Cavaleiro

o Vestuário
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Carga horária

 50 horas

Introdução

O turismo é um dos sectores que mais cresceu nas últimas décadas e que melhor
recuperou das várias crises, no plano mundial e em Portugal, segundo revelam os
relatórios da Organização Mundial de Turismo (OMT).
No entanto, os desafios são redobrados, perante a incerteza e a mudança rápida, uma
concorrência feroz e um consumidor experiente e exigente. Uma realidade cujo
acompanhamento exige um conhecimento profundo e permanente do mercado, do
perfil do consumidor e da concorrência, tendo boa noção das próprias capacidades.
Estas são algumas vertentes de um sector onde só os mais qualificados e hábeis
conseguem vencer. Para isso, apresentamos o marketing e a comercialização como
modelo de planeamento e gestão das atividades económicas que permitem às
organizações responder com maior sucesso aos desafios colocados no sector. Mas só
se vende aquilo que temos; a nossa oferta e os nossos destinos são compostos por um
rico e diversificado património cultural, natural e ambiental, entre outros recursos,
combinados com serviços qualificados de hotelaria, de transportes, de animação e
restauração, administrativos e organizativos, entre outros. Estes são atributos de sobra
para, com base nos conceitos e metodologias abordados, desenvolvermos experiências
turísticas únicas e inesquecíveis, respondendo às necessidades e aos desejos de um
turista que pretende sair do processo de consumo transformado. Ele vai aprender,
evoluir e disso mesmo quererá dar conta aos seus amigos e familiares, aos grupos
sociais em que se insere, num processo de reconhecimento e de auto-realização face à
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

sofisticação das suas motivações. É este produto turístico que temos de saber
comercializar ao melhor preço, recorrendo a métodos e técnicas que proporcionarão à
empresa os melhores resultados, atingindo os objectivos definidos. Vamos descobrir o
porquê do sucesso recente de empresas como as companhias aéreas low cost, os
hotéis design, boutique e fashion, os parques temáticos, e os campos de golfe e spa,
entre outros exemplos. Depois, vamos conhecer as melhores opções na distribuição
dos produtos ou, se preferirmos, as formas de trazer o cliente ao produto. Isto é,
vamos saber como lidar com as tendências, relativamente às quais as plataformas
tecnológicas desempenham um papel decisivo, permitindo um acesso mais fácil ao
mercado por parte de todas as tipologias de empresa, seja qual for a sua localização.
Vamos dar resposta às opções de desenvolvimento de canais de distribuição direta,
face às tendências evolutivas do perfil do turista no comportamento de compra. E ver
como os operadores turísticos tradicionais reagiram a esta ameaça através de
estratégias de integração vertical e horizontal, do recurso à mul- 6 Marketing e
Comercialização de Produtos e Destinos tipicidade de canais combinando os
tradicionais com os on-line, da disponibilização de um serviço mais qualificado e
flexível aos clientes e da flexibilização da contratação com companhias aéreas e com a
hotelaria, entre outras formas.

Na verdade, na comercialização de destinos e produtos turísticos, temos como cliente


um turista atual que, no seu processo de compra, quer poder a qualquer momento ter
acesso a todos os elementos que lhe permitam concretizar a transação. Isto cada vez
mais recorrendo a meios eletrónicos que lhe permitem comparar destinos, produtos e
preços de forma imediata, clara e transparente, organizando o seu produto com
grande flexibilidade. Estamos a falar da comercialização de um destino ou produto que
era feita essencialmente através dos operadores turísticos tradicionais, com vastas
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

redes comerciais, ou ao balcão das cadeias de hotéis, mas que tende para o recurso às
plataformas eletrónicas, na forma de sites, redes sociais, centros de atendimento
(contact centers), telefones móveis e outras tecnologias que ganham cada vez mais e
mais expressão. Trata-se de um processo iniciado pelas companhias aéreas, mas que
rapidamente se expandiu para os diferentes atores presentes na cadeia de valor do
produto, gerando uma verdadeira revolução em todas as vertentes do negócio. Mas
esta mudança gera maior rigor competitivo, sendo obrigatório atuar em parceria,
numa lógica que parte do destino Portugal, passa pelos destinos regionais e integra
depois os produtos e serviços oferecidos pelas empresas. E, por fim, teremos de saber
comunicar ao mercado a existência da organização, dos seus valores e dos seus
produtos. Isto através da variável promoção, uma das mais apreciadas do marketing
mix, pelas suas visibilidades, criatividade e inovação. Em traços gerais, são estes os
principais desafios a que os profissionais de marketing e da área comercial têm de
saber responder. Uma intervenção que, como o próprio nome indica, obriga a um
conhecimento profundo do mercado e dos métodos de abordagem, como se adivinha
pela palavra marketing, cuja tradução para português não existe, mas significa
qualquer coisa como «trabalhar o mercado». Pretendemos tratar alguns dos
fundamentos teórico-práticos fundamentais para quem, no seu dia-a-dia, é desafiado
pela missão de contribuir para a satisfação das necessidades e dos desejos dos turistas,
proporcionando às organizações a que pertence a contrapartida dos resultados
inicialmente definidos. Esta é uma missão partilhada por profissionais das entidades
públicas e privadas classificadas como actividade turística, mas também pelo universo
alargado de quem se dedica a atividades relacionadas em sectores tão dispersos como
o ambiente, o desporto, a cultura, os espectáculos, os transportes, as autarquias e
tantos outros. A todos eles, endereçamos os votos de que consigam as melhores
práticas de marketing e comercialização
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

TURISMO

Uma das dificuldades a que começaremos por responder, ao dialogar e trabalhar em


torno do turismo, situa-se ao nível dos seus conceitos, onde se verifica uma
diversidade de terminologias entre os agentes económicos, organismos oficiais e,
mesmo, fontes de informação técnico-científica. Vamos então estabelecer, numa
perspetiva instrumental, uma base de trabalho a adotar ao longo dos capítulos

Turismo- aparecimento e evolução

Dá-se o nome de turismo ao conjunto de atividades realizadas pelos indivíduos


durante as suas viagens e estadias em lugares diferentes daqueles do seu entorno
habitual por um período de tempo consecutivo inferior a um ano. Geralmente, a
atividade turística é realizada com fins de lazer, embora também exista o turismo por
razões de negócios (mais conhecido por viagens de negócios) e outros motivos.
Considera-se que o inglês Thomas Cook terá sido o pioneiro no turismo enquanto
atividade comercial. Em 1841, levou a cabo a primeira viagem organizada da história,
um antecedente daquilo que hoje é um pacote turístico. Uma década mais tarde,
fundou a primeira agência de viagens do mundo: a Thomas Cook and Son.
Na Grécia, dava-se muita importância ao tempo livre, assim sendo dedicado a cultura,
religião e desporto, havendo muita peregrinação religiosa que tinha como destino os
Oráculos de Delfos e o de Dódona.
Ainda, na idade antiga, os romanos frequentavam as águas termais e amavam grandes
espetáculos como teatros.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Na idade média foi o contrário, ocorrendo um retrocesso, onde as pessoas preferiram


não viajar ou se deslocar para outros feudos devido aos impostos, já que cada feudo
poderia criar as suas regras. A pesar disso, surgiram nessa época as peregrinações
religiosas que, mesmo já existindo na Grécia antiga o Cristianismo assim como o Islã,
tinha um número maior de peregrinos e um deslocamento maior como as famosas
expedições a Veneza e a Terra Santa.
A rápida expansão do turismo (conhecido como “boom” do turismo) se deu entre 1950
e 1973, tendo o turismo internacional um crescimento acelerado.
Hoje em dia, o turismo é uma das principais indústrias a nível global. Pode-se
estabelecer uma diferença entre o turismo de massa (um grupo de pessoas agrupado
por um operador turístico) e o turismo individual (viajantes que decidem as suas
atividades e itinerários sem intervenção de operadores).
Por outro lado, existem quase tantos tipos de turismo como interesses humanos. Dito
isto, podemos mencionar o turismo cultural (pessoas que se deslocam para conhecer
marcos artísticos ou históricos), turismo de consumo (excursões organizadas com o
objetivo principal de adquirir produtos), turismo de formação (relacionado com os
estudos), turismo gastronômico (para desfrutar da comida tradicional de um
determinado local), turismo ecológico (baseado no contacto não invasivo com a
natureza), turismo de aventura (para praticar desportos de risco/de aventura de
caráter recreativo), turismo religioso (relacionado com acontecimentos de caráter
religioso) e inclusive o turismo espacial (negócio recente que organiza viagens para o
espaço).
O turismo é uma atividade de tamanha importância para a economia de um país, de
uma região ou de uma cidade. Já que a chegada de turistas aumenta a economia,
devido ao consumo dos produtos locais e dos serviços também. E a chamada indústria
do turismo, como já mencionado, não é de agora, mas tal prática existe há muitos
anos.

O Que é o Turismo?
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Diz a Organização Mundial de Turismo – OMT (2000) que se entende por turismo «as
atividades das pessoas durante as suas viagens e estadas fora do seu meio envolvente
habitual, num período consecutivo que não ultrapassa um ano, por motivo de lazer,
negócios ou outros. Ficam de fora as viagens com o objetivo de exercer uma profissão
fora do seu meio envolvente habitual». O turismo do ponto de vista económico, como
refere Licínio Cunha (1997), abrange todas as deslocações de pessoas, quaisquer que
sejam as motivações que as obriguem ao pagamento de prestações e serviços durante
as suas deslocações, pagamento esse superior ao rendimento que, eventualmente,
aufiram nos locais visitados e a uma permanência temporária fora da sua residência
habitual. Trata-se assim da transferência espacial de poder de compra originada pela
deslocação de pessoas: os rendimentos obtidos nas áreas de residência são
transferidos pelas pessoas que se deslocam para outros locais onde procedem à
aquisição de bens e serviços. Esta noção, subjacente ao conceito da OMT, mede
essencialmente os impactos economicistas do fenómeno, deixando de fora questões
imateriais referidas por alguns autores como sociais e culturais. Licínio Cunha (1997)
diz ainda, quanto à definição de turista da OMT, que ela comporta como elementos
principais a deslocação, a residência, a duração da permanência e a remuneração – a
deslocação de uma pessoa de um país para outro diferente daquele em que tem a sua
residência habitual; um motivo ou uma razão de viagem que não implique o exercício
de uma profissão remunerada; a adopção do conceito de residência por contraposição
Conceitos de Turismo 9 ao da nacionalidade (exemplo: um português a residir em
França é um turista francês quando sai desse país). Na verdade, o conceito da OMT é o
mais comum, sendo no entanto frequente a troca do elemento residência pelo de
nacionalidade, para a qual alertamos

Turismo em Portugal
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

O Turismo em Portugal é, na atualidade, um dos principais setores de proveito para a


economia nacional. Subatividades como elevadas taxas alfandegárias aplicadas a
turistas por itens trazidos em segunda mão fazem parte também das fontes do
rendimento nacional. Em 2017, o país foi eleito "Melhor Destino do Mundo" nos World
Travel Awards, revalidando o título em 2018 e em 2019. Lisboa foi considerada como o
"Melhor Destino para City Break" e a ilha da Madeira "o Melhor Destino Insular". Ao
todo, Portugal alcançou seis prémios de enorme prestígio internacional no setor do
turismo.[1]
De acordo com a Organização Mundial de Turismo, segundo dados de 2016, Portugal
já era um dos 20 maiores destinos do mundo. Em 2017, mais de 12 milhões de turistas
visitaram Portugal. Curiosamente, um valor superior à população residente no país
(atualmente 11 milhões). Em 2019 este número ultrapassou os 27 milhões.
O maior número de pessoas a viajar em Portugal são indivíduos residentes neste
mesmo país enquanto que o menor número a viajar são de países estrangeiros.[2]
Portugal é amplamente reconhecido na Europa pelo sol, pelas praias, pela gastronomia
e pela sua herança cultural, patrimonial e religiosa. O país afirma-se cada vez mais no
contexto mundial como um dos principais destinos para os praticantes de golfe, com
os seus resorts e aldeias históricas.
Em 2018, a indústria do turismo contribuiu com 16,6 mil milhões de euros para a
economia do país, cerca de 13,7% do PIB nacional, e empregou, nesse ano, umas
estimadas 328,5 mil pessoas.

As Modalidades de Turismo no Espaço Rural

O turismo no espaço rural têm vindo nos últimos anos a desenvolver um conjunto
muito diverso de atividades específicas, sendo elas apoiadas por diversos incentivos
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

financeiros, quer governamentais e quer comunitárias. Distinguem-se as seguintes


modalidades em Portugal:

Turismo de Habitação
O serviço de hospedagem de natureza familiar, prestado a turistas em casas antigas
particulares que, pelo seu valor arquitetónico, histórico ou artístico, sejam
representativas de uma determinada época, nomeadamente, os solares e casa
apalaçadas.

Turismo Rural

O serviço de hospedagem prestado a turistas em casas rústicas particulares, utilizadas


simultaneamente como habitação do proprietário, possuidor ou legítimo detentor e
que, pela sua traça, materiais construtivos e demais características, se integram na
arquitetura típica regional.

Agro – turismo

O serviço de hospedagem prestado a turistas em casa particulares integradas em


explorações agrícolas, que permitam aos hóspedes o acompanhamento e
conhecimento da atividade agrícola ou a participação nos trabalhos aí desenvolvidos,
de acordo com as regras estabelecidas pelo responsável das casas e
empreendimentos.

Turismo de aldeia

O serviço de hospedagem prestado num empreendimento composto por um conjunto


de, no mínimo, cinco casas particulares situadas numa aldeia e exploradas de forma
integrada, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria dos seus proprietários,
legítimos possuidores ou detentores. Estas casas devem, pela sua traça, materiais de
construção e demais características, integrar-se na arquitectura típica local. Deve ser
explorado por uma única entidade, em aldeias históricas, em centros rurais ou em
aldeias que mantenham, no seu conjunto, o ambiente urbano, estético, e paisagístico
tradicional da região.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Casas de campo

As casas particulares e as casas de abrigo situadas em zonas rurais que prestem um


serviço de hospedagem, quer sejam ou não utilizadas como habitação própria. Estas
casas devem, pela sua traça, materiais de construção e demais características,
integrar-se na arquitetura e ambiente rústico próprio da zona e local onde se situam.

Outras Modalidades:
Consideram-se ainda no âmbito do T.E.R.:

 Os empreendimentos turísticos no espaço rural "Hotéis rurais" e "Parques de


Campismo Rurais";
 As atividades de animação ou diversão que se dedicaram à ocupação dos
tempos livreis dos turistas e contribuam para a propagação da região.

INFORMAÇÕES A DISPONIBILIZAR NA CASA DE TURISMO DE


HABITAÇÃO

Para que a estadia de cada hóspede seja o mais simples possível, há alguns passos que
quem deseja aventurar-se no mercado do turismo de habitação deve considerar,
nomeadamente no que às informações a disponibilizar diz respeito:
 Nota de boas vindas, preferencialmente personalizada pelo anfitrião da casa
 Descrição/História da casa
 Preços máximos e serviços incluídos no alojamento
 Horários e locais de serviço do pequeno-almoço
 Horário, local de serviço, custo e condições das refeições (almoços e jantares),
caso a casa disponibilize o serviço
 Transportes públicos, contactos e formas de acesso (táxis, autocarros, comboio,
etc.)
 Localização e contactos de serviços médicos (hospital, centro de saúde,
farmácias, etc.)
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 Localização e contactos dos meios de emergência (bombeiros, proteção civil,


etc.)
 Localização e contactos de serviços de apoio (serviços de informação turística,
correios, lavandaria, postos de combustível, mercearias mais próximas,
hipermercados, etc.)
 Informação das condições gerais da estada e normas de utilização da casa,
incluindo preços dos serviços disponibilizados e respetivos horários
 Equipamentos existentes à disposição dos hóspedes, para a prática de
desportos ou de outras atividades de animação turística e custos e regras para
a sua utilização
 Áreas da casa de acesso reservado
 Áreas da casa onde seja necessário um especial cuidado com a segurança
 Empresas ou atividade de animação turística, na área envolvente da casa
 Área envolvente, considerando-se como tal, no mínimo, qualquer localidade
num raio de 25 km, nomeadamente património turístico, natural, histórico,
etnográfico, cultural, gastronómico e paisagístico
 Condições de acessibilidade à casa e meios de apoio a hóspedes com
mobilidade condicionada
Turismo Rural consiste no conjunto de atividades, serviços de alojamento e animação a
turistas, em empreendimentos de natureza familiar, realizados e prestados mediante
remuneração, em zonas rurais.

Estes empreendimentos devem integrar-se de modo adequado e harmonioso nos


locais onde se situam, já que o objetivo é preservar, recuperar e valorizar o património
arquitetónico, histórico, natural e paisagístico das respetivas regiões. Tudo isto
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

enquanto se potencia o reaproveitamento e manutenção de casas, desde que se


mantenha o mesmo género arquitetónico do espaço já existente.

Visto pela perspetiva do desenvolvimento da região, o Turismo Rural é uma das


atividades mais bem colocadas para assegurar a revitalização do tecido económico
rural, sendo tanto mais forte, quanto mais potenciar e defender os recursos, a história,
as tradições e a cultura de cada região.

TURISMO RURAL

Os empreendimentos classificados como Turismo Rural devem respeitar alguns itens


para viabilizar o negócio, nomeadamente:
Localização em espaços rurais entendidos como as áreas de ligação tradicional e
significativa à agricultura ou ambiente e paisagem de caráter vincadamente rural
Ser considerado como um conjunto de atividades e serviços realizados e prestados
mediante remuneração em zonas rurais, segundo diversas modalidades de
hospedagem, de atividades e serviços complementares de animação e diversão
turística, com vista a proporcionar aos clientes uma oferta completa e diversificada
Respeitar a dimensão e as características arquitetónicas e dos materiais construtivos
típicos da região
Estar ligado às estruturas sociais tradicionais, isto é, as que conservam as
características gregárias, os valores, modos de vida e de pensamento das comunidades
rurais baseadas em modelos de agricultura familiar
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Ser sustentável, na medida em que o seu desenvolvimento deve ajudar a manter as


características rurais da região, utilizando os recursos locais e os conhecimentos
derivados do saber das populações e não ser um instrumento de urbanização
Ter algo diferente de acordo com a diversidade do ambiente, da economia e com a
singularidade da história, das tradições e da cultura populares
Potenciar o acolhimento personalizado e de acordo com a tradição de bem receber da
comunidade em que se insere.

Agro - turismo

O Agroturismo é uma modalidade de Turismo que lentamente se tem implementado e


desenvolvido em Portugal, o seu sucesso é decorrente da deterioração das sociedades
urbanas. Como resultado as pessoas têm cada vez mais a necessidade, mesmo que
seja temporariamente, de se ausentar do ambiente citadino, em prol do meio rural
que deixa de ser sinonimo de atraso, passando a ser encarado como uma mais-valia,
dada a sua ligação ao saudável e à natureza.
O conceito em si permite ao visitante, ingressar temporariamente dentro de uma
família dessa comunidade, observando as tarefas do quotidiano ligadas à lavoura,
desenvolvidas pela família que o acolhe, e até participar nelas.
O visitante poderá ainda degustar os pratos e manjares típicos do lugar.
À participação do hóspede nas atividades agrícolas, bem como à associação das
atividades agropecuárias e turísticas, chama-se Agroturismo. Esta atividade permite
uma interação cultural bilateral, por um lado permite ao lavrador e à família transmitir
o seu legado ambiental, bem como desenvolver a sua cultura pessoal, e
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

simultaneamente, para o turista permite-lhe aprender e satisfazer grande parte das


suas curiosidades relativas ao meio rural.

Diversificação da oferta de Turismo Rural em Portugal

Turismo de Habitação

O turismo de habitação pode ser praticado na Casa das Obras que é um Solar
setecentista, mandado construir pelo Desembargador da Relação do Porto e Capitão –
mor de Manteigas, Dr. João Teodoro Saraiva Fragoso de Vasconcelos e sua mulher
Dona Ana Gertrudes Portugal da Silveira Valis de Verona da casa dos Marqueses de
Minas. A única filha do casal, Dona Ana de Portugal, deu origem a uma numerosa
família da qual são os últimos descendentes, os actuais proprietários do solar.

Edifício classificado, a Casa das Obras, constituiu um património arquitectónico e


museológico de inestimável valor. Convertida para o Turismo de Habitação em pleno
parque Natural da Serra da Estrela, a Casa das Obras é o alojamento indicado para
passar férias em família. Seja pela neve de Inverno, pelo sossego e ar puro da
montanha no verão, ou pelo interesse de descobrir um edifício único entre os Solares
de Portugal.

Turismo Rural:

As "Casas do Pico"  localizam-se no arquipélago dos Açores, Oceano Atlântico, entre a


Europa e a América do Norte. A ilha do Pico pertence ao grupo central dos Açores e
tem uma extensão de cerca de 60 km e uma largura de 20 km.

As casas localizam-se na Costa Norte da ilha. Casa rural em pedra regional, situada na
pequena localidade de S. Vicente, está decorada com elementos do quotidiano  rural
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

do Pico tendo uma soberba vista para o mar e para a ilha de S. Jorge. A Atafona é um
edifício anexo à casa principal onde  se moíam e guardavam os cereais, mas tem agora
um piso superior convertido em sala com uma ampla janela sobre o mar.

Agro – turismo

A Quinta da Alagoa está localizada junto a Carrazedo de Montenegro, próxima à serra


da Padrela a uma altitude de 650m. Tem 70 hectares de utilização agrícola,
autossuficiente com base no castanheiro, olival e vinha. Toda a produção está
certificada no modo de PRODUÇÃO BIOLOGICO. No centro da propriedade existe um
conjunto construído com valor histórico-cultural, exemplar da arquitetura popular
rural. São antigas instalações agrícolas e de habitação, que foram restauradas e que se
encontram inscritas no TER ('TURISMO NO ESPAÇO RURAL') na modalidade de agro
turismo.

Turismo de aldeia

As primeiras referências escritas à antiga aldeia de S. Gregório remontam a 1483.


Situada num outeiro tendo a serra d' Ossa como pano de fundo, o local escolhido para
este povoamento não podia ser melhor, as terras em volta são ricas para o cultivo,
sendo hoje em dia utilizadas para vinha. O povoamento cresceu e no seu auge chegou
a albergar mais de quarenta pessoas. A aldeia, bem como todas as terras em volta,
eram propriedade de um rico morgado de nome D. Luís Galvão Coutinho Freire. Foi a
sua localização privilegiada que acabou por ditar o fim de S. Gregório, situada junto a
importantes vilas como Estremoz, Borba e Vila Viçosa, a aldeia foi sendo gradualmente
deixada pelos seus habitantes, até que nos anos 80 ficou completamente abandonada.
Espelhando bem a crise de desertificação de todo o Alentejo, a Aldeia de S. Gregório
manteve intacto o estilo arquitectónico com que foi inicialmente criada no Sec. XV. O
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

tempo fez com que as ervas enchessem as ruas, caíssem as paredes e os telhados, mas
não alterou a traça original, tornando-a num local único e de valor histórico
incalculável. Deserta e abandonada, foi adquirida em 1998 com o objectivo de a
recuperar para um programa de turismo, denominado Turismo de Aldeia.

Casas de campo
Localizada em plena região duriense, mesmo à beira do Rio Douro, a Quinta da Boa
Passagem situa-se no lugar de Porto de Rei, freguesia de Barqueiros, dista cerca de 8
km de Mesão Frio, a cujo concelho pertence. O nome de Quinta da Boa Passagem
deve-se ao facto de, para além de ser local de boa passagem do rio Douro, existir nela
a capelinha do "Senhor da Boa Passagem". É acessível por caminho-de-ferro, estrada e
rio.

No exterior a Quinta dispõe de barbecue/grill, piscina de água salgada e áreas para


percursos pedonais em verdejantes socalcos à beira rio, recheados de árvores de
frutos, num ambiente emoldurado pela magnífica paisagem do Douro. A Quinta está
ainda dotada de um pequeno cais no rio Douro, que permite a atividade piscatória e
atracar barcos de recreio de pequeno calado.

Sobranceira ao rio Douro, a Quinta da Boa Passagem encontra-se na área qualificada


como Património Natural da Humanidade, incluída na mais antiga região vinícola
demarcada do mundo, da qual constitui uma fronteira e porta de entrada de quem,
provindo do Porto, chega de barco ou comboio. Dela se desfruta uma paisagem de
beleza incomparável.

Aqui fizeram os realizadores Manuel de Oliveira e Paulo Rocha, algumas filmagens de:
"Douro, Faina Fluvial" e "O Rio do Ouro", respectivamente. A Casa da Taverna foi
durante largas dezenas de anos o ponto de paragem e convívio para os barqueiros e
tripulantes dos "rabelos" que transitavam no Rio Douro.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Hotéis rurais

A QUINTA DE S. SEBASTIÃO – HOTEL RURAL, é uma unidade turística, valorizada pela


recuperação dos edifícios que outrora foram parte integrante de uma quinta agrícola
característica da região Minho. Toda a sua adaptação física e arquitectónica, foi
pensada e optimizada de forma integrada, tendo como preocupação a máxima
comodidade e conforto.

Na casa principal, a valência dos espaços proporciona uma utilização funcional e


acolhedora numa distribuição de divisões amplas: 11 quartos (1 individual, 1 apto a ser
utilizado por pessoas com deficiências físicas e 9 duplos), sala de refeições, salas de
estar e TV, sala de jogos e biblioteca. O espaço habitacional exterior está dotado de 2
quartos duplos, com camas suplementares no piso elevado e possibilidade de opção
por cozinha e sala de estar privada.

A sala polivalente é um espaço complementar para a realização de eventos (reuniões,


exposições, festas, etc.). O complexo de apoio à piscina e zonas de lazer é um edifício
independente; com bar, esplanada, terraço e equipamentos de desporto e diversão. O
logradouro, circundado de vinhas e passeios pedonais, enquadra os jardins e espaços
verdes com a piscina, o campo polidesportivo e o parque infantil, formando um
ambiente de excelência para o repouso e lazer.

Parques de Campismo Rurais

Em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês situa-se o parque de campismo rural do


Outeiro Alto. Apenas a 50 km de Braga, nas margens do rio Cabril e a 300m. Da
albufeira de Salamonde este é um local onde pode, em contacto direto com a
natureza, desfrutar da beleza das paisagens, da gastronomia e contactar com as gentes
acolhedoras do Barroso. Esta região, planalto isolado a quase 1.000m de altitude,
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

conservou devido ao seu isolamento secular, hábitos antigos (a Chega de Bois, a


Vezeira das cabras) e uma arquitetura de granito imponente.

Passe umas férias inesquecíveis explorando a Serra do Gerês em toda a sua


exuberância, refrescando-se nos seus rios e lagoas de água pura e deixe-se
surpreender pela cultura tradicional comunitária e guardará para sempre a vontade de
voltar.

O Interesse pelo Turismo no Espaço Rural

O turismo rural não é algo acidental ou temporário, mas resultado sim da evolução do
modelo de sociedade em que vivemos. Em termos gerais, os indicadores apontam para
um crescimento regular da procura desta atividade, por parte de uma clientela culta,
com poder económico superior à média, exigente de qualidade, de genuinidade e em
busca das diferenças que o tornam atraente face às restantes modalidades de turismo.

É possível isolar os principais factores que suscitam o desenvolvimento de uma


procura crescente é:

 Interesse crescente pelo património;


 Aumento dos tempos de lazer;
 Melhoria das infra-estruturas de acesso e das comunicações;
 Maior sensibilidade para as questões ligadas à saúde e ao seu relacionamento
com a natureza;
 Abertura e recetividade às questões ecológicas;
 Maior interesse pelas especialidades gastronómicas de cariz tradicional;
 A busca da paz e da tranquilidade;
 A procura da diferença e das soluções individuais por oposição às propostas de
massa;
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

No entanto, não é só esta clientela de alta gama que procura este tipo de turismo.
Atividades como a caça, pesca, feiras e romarias, cultos religiosos, festivais de folclore
e gastronómicos, etc., atraem turistas, essencialmente nacionais, oriundos de todo o
tipo de estratos sócio - económicos.

Importa, pois, que a oferta deste segmento de turismo seja capaz de fornecer
respostas que se adequam aos diferentes tipos de necessidades, bem como às
solicitações provenientes dos diferentes estratos etários que, por razões distintas, são
atraídas ou suscetíveis de vir a ser aliciadas, para esta forma de turismo.

Estão neste caso, as crianças, numa perspetiva de campos de férias ou de quintas


pedagógicas, os adolescentes, numa perspetiva ecológica ou de prática de aventura ou
de desportos, os seniores, que buscam a tranquilidade dos passeios no campo fora de
estação, o revivalismo da memória de tradições ancestrais, como as vindimas, a
matança do porco os sírios, o prazer da gastronomia tradicional genuína, as curas
termais.

Fator de Desenvolvimento Rural

O Turismo no Espaço Rural constitui uma atividade geradora de desenvolvimento


económico para o mundo rural quer por si só, quer através da dinamização de muitas
outras atividades económicas que dele são tributárias e que com ele interagem. Nas
zonas rurais, onde esta atividade se tem desenvolvido com maior impacto, é já possível
constatar a contribuição positiva para a melhoria da economia rural. Esta melhoria
pode ser expressa quer em termos financeiros, quer pelo contributo para:

 A sustentação do rendimento dos agricultores;


 A diversificação das atividades ligadas à exploração agrícola;
 A pluriactividade;
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 A manutenção, a criação e a diversificação de empregos, em particular dos


agricultores a tempo parcial;
 O desenvolvimento de novos serviços (de informação, de transporte, de
comunicações, de animação, etc.);
 A conservação e a melhoria da natureza e do ambiente paisagístico;
 A sobrevivência dos pequenos agregados populacionais;
 O apoio à arte e ao artesanato rural;
 A dinamização de iniciativas culturais;
 A recuperação do património histórico;
 O incremento do papel das mulheres e dos idosos;
 A revitalização das coletividades, através do surgimento de novas dinâmicas,
ideias e iniciativas.

Condições Determinantes de Sucesso

Importa salientar que nem todas as zonas rurais reúnem condições para atrair e fixar
clientes. Com efeito, é necessário que determinados factores existam ou coexistam, a
fim de assegurar o sucesso dos investimentos a realizar. São eles:

 Interesse da paisagem;
 Especificidade da fauna e flora autóctones;
 Respeito e harmonia da rusticidade do conjunto das construções, bem como
dos materiais utilizado;
 Interesses culturais, tais como monumentos e locais históricos, festas e
romarias, património étnico, etc.;
 Proximidade de agregados populacionais e de polos de comércio local;
 Condições para práticas desportivas ou de lazer (caça, pesca, passeios, etc.);
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 Intervenção ativa dos poderes públicos locais, bem como das associações de
desenvolvimento local, no sentido de assegurar as necessárias benfeitorias
coletivas;
 Competência e eficácia na promoção da região e na comercialização das
unidades existentes;
 Qualidade das instalações de acolhimento e hospedagem e competência dos
serviços prestados;

O papel da animação turística nos territórios rurais

A atividade turística tem suscitado um interesse crescente como atividade económica


alternativa para muitas zonas rurais, susceptível de contribuir para a reconversão de
uma situação caracterizada pela depressão económica e demográfica. As expectativas
são de que os produtos de turismo rural potenciem a revitalização socioeconómica
dessas zonas. A animação é um elemento fundamental de qualquer destino turístico, a
par de outros elementos, tais como o alojamento, a restauração, os transportes e
serviços diversos, podendo concorrer decisivamente para a diferenciação de um
destino e, assim, garantir-lhe uma vantagem competitiva face a destinos alternativos.
No caso dos destinos rurais, em que os produtos disponibilizados se encontram, por
vezes, limitados à oferta de alojamento e pouco mais, o défice de animação poderá
representar um forte constrangimento ao desenvolvimento turístico desses territórios.
Sobretudo numa época em que os visitantes deixaram de procurar apenas um local de
descanso e de evasão do quotidiano, deslocando-se também motivados pela prática de
outras atividades que justifiquem a sua permanência na área. Sendo certo que muitos
empreendimentos de turismo no espaço rural, além de prestarem serviços de
hospedagem a turistas, também oferecem atividades complementares de animação,
estudos efetuados levam-nos a concluir que tais atividades não são consideradas pelos
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

proprietários dos empreendimentos como a principal valência destes, sendo mais


valorizadas outras categorias relacionadas com o serviço de hospedagem como
“proximidade da natureza”, “conforto” ou “ambiente familiar”. Contudo, os meios
rurais oferecem amplas possibilidades de desenvolvimento de atividades de animação
as quais devem adaptar-se às especificidades dos territórios bem como à tipologia do
público-alvo (juvenil, adulto, sénior). Importa ter presente que em destinos rurais o
turista procura, sobretudo, atividades de animação com grau elevado de
autenticidade, enquadráveis nas particularidades da vida local. A gama de atividades
de animação turística é muito vasta, desde animação desportiva, de natureza, de
aventura ou de cultura. Os limites são, além da imaginação, as condições particulares
que os locais oferecem. A título de exemplo, a Direção -Geral de Turismo (DGT) tem
licenciado as seguintes atividades: balonismo e voo livre; atividades equestres;
atividades aquáticas (canoagem, canyonning, mergulho, pesca desportiva, etc.);
espeleologia e montanhismo; passeios turísticos (pedestres, em bicicleta, em veículos
de todo-o-terreno, em veículos automóveis, em embarcações, etc.); atividades de
animação ambiental em áreas protegidas; eventos de vária natureza (económica,
promocional, cultural, científica, etc.); organização de visitas a museus, monumentos e
outros locais de interesse turístico. Desejavelmente, a animação turística em
territórios rurais, enquanto elemento constitutivo fundamental de um produto
turístico compósito (com múltiplos elementos) deveria concorrer, entre outros, para os
seguintes resultados: contribuir para a inovação do produto turístico, a qual se torna
cada vez mais necessária para atrair uma clientela cada vez mais exigente; propiciar
novas oportunidades de criação de emprego e de rendimento suplementares para a
comunidade local; contribuir para o aumento de duração da estada e dos gastos dos
turistas; ser uma atividade estratégica para a preservação e recuperação do ambiente
e do património do espaço rural; estimular a manutenção de atividades económicas
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

tradicionais, nomeadamente das atividades agrícolas; incentivar o reforço dos traços


que enformam a identidade local. Mas se o turismo é um valioso contributo para a
diversificação da economia das zonas rurais, é prudente não sobrevalorizar o seu
potencial. Por um lado, as atividades turísticas em meio rural são atividades de
pequena escala (não massificadas); por outro, as debilidades da economia local
poderão obstar à conveniente internalização dos benefícios daquelas atividades. A
animação turística constitui o domínio exclusivo de atuação das empresas de animação
turística, que devem ser licenciadas como tal. Só estas empresas podem exercer
atividades de animação, salvo as exceções previstas na lei. O pedido de licenciamento
das empresas de animação turística deve constar de requerimento apresentado na
DGT (dirigido à Diretora-geral do Turismo), devidamente instruído de acordo com a
legislação aplicável. Um aspeto importante é a necessidade de as empresas de
animação turística, para garantia da responsabilidade perante clientes emergente das
suas atividades, prestarem um seguro nos termos previstos na lei. Num período de
quatro anos (2001-2004) foram licenciadas pela DGT 263 empresas de animação
turística em todos os distritos do Continente, sobressaindo os distritos de Lisboa, Faro
e Porto.
Legislação aplicável ao subsector da atividade turística Decreto-Lei n.º 204/2000, de 1
de Setembro (alterado pelo Decreto-Lei n.º 108/2002, de 16 de Abril), que regula o
acesso e o exercício da atividade das empresas de animação turística. Portaria n.º
96/2001, de 13 de Fevereiro, que aprova o livro de reclamações para uso dos utentes
das empresas de animação turística. Portaria n.º 138/2001, de 1 de Março, que aprova
as taxas devidas pela concessão de licenças relativas ao exercício da atividade das
empresas de animação turística
Os turistas e os residentes estão cada vez mais vocacionados para a participação, a
descoberta e o conhecimento, deixando para trás as relaxantes férias ao sol, onde
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

domina o descanso passivo. No geral, os visitantes dos territórios rurais procuram


oportunidades de contacto com a natureza, as tradições, a gastronomia, o artesanato,
as populações locais; enfim, com o nosso riquíssimo património rural. A animação
turística surge pelo despertar destes novos turistas, mais exigentes e ativos, que
solicitam, dentro do espaço de lazer, a prática ou a realização de atividades que podem
variar dos desportos radicais a programas culturais. A importância crescente atribuída
à existência destas atividades em zonas rurais levou ao surgimento de pequenas
iniciativas empresariais com o objetivo específico da prestação de serviços nesse
domínio. Este conjunto de atividades de animação a disponibilizar pode e deve ser
enriquecido por um conjunto de parcerias com outras entidades locais ligadas ao
turismo. No entanto há que, antes de mais, garantir: a colaboração da população,
numa gestão (participação) conjunta (partilhada); a valorização das identidades e dos
recursos existentes, sem permitir a sua destruição, isto é, sem pôr em causa a
qualidade de vida rural e o equilíbrio ambiental; a satisfação das necessidades e
expectativas dos urbanos citadinos

A construção e desenvolvimento do turismo rural em Portugal

As Primeiras leis e a instituição legal do turismo rural em Portugal

Desde cedo que o papel do setor público tem sido preponderante na difusão do
turismo rural em Portugal. As primeiras leis oficiais acerca do turismo rural remontam
aos finais dos anos setenta. A pretexto da recuperação e adaptação de solares de
algumas regiões do país (Minho e Alentejo) incentivaram-se os proprietários de tais
imóveis a disponibilizá-los para alojamento turístico em troca de um apoio financeiro
(Ribeiro, 2003). Em resposta a esta iniciativa foram lançados no mercado turístico no
final da década referida, quartos em moradias particulares, sob a designação de
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

turismo de habitação (TH) - Dec-Lei (DL) nº.14/78 de 12 maio - um produto novo com
vista a ampliar a capacidade de alojamento onde não existiam estabelecimentos
hoteleiros ou estes eram insuficientes (Ribeiro, 2003). A expressão “turismo de
habitação” ganhou novo impulso passados apenas cinco anos através da possibilidade
de atribuição de utilidade turística às respetivas casas (DL nº. 423/83, de 5 de
dezembro). Um ano depois, são publicadas as normas de acesso a esta modalidade. De
acordo com a nova legislação (DL nº. 251/84, de 25 julho), o TH designava uma
fórmula de atividade turística ainda experimental no país e que compreendia como
elemento essencial a exploração de interesse turístico de uma casa de habitação pelo
proprietário 2 Em consonância com a boa conservação do ambiente, autenticidade
humana e cultural. 7 ou seu representante. Citando a mesma legislação, na altura
“pareceu também razoável dar-se prioridade à recuperação de casas antigas e de
reconhecido valor arquitetónico…” De acordo com a legislação supracitada o TH podia
ser desenvolvido em dois tipos de casas, especificamente: - edificação do tipo solar,
casa apalaçada ou moradia unifamiliar, com valor arquitetónico, amplas dimensões,
mobiliário e decoração de qualidade e instalações sanitárias condizentes (tipo A); -
edificação localizada em meio rural de natureza rústica ou de características regionais
evidentes e com mobiliário e decoração adequados (tipo B). A preocupação na defesa
do património de valor arquitetónico é, de resto, integralmente partilhada e acolhida
pelos promotores da primeira associação do setor de turismo rural em Portugal, a
TURIHAB. Com efeito, num texto desta associação (TURIHAB, 2015), pode ler-se que a
associação tem como “principal objetivo fomentar a preservação dos magníficos
Solares da região, bem como a sua tradição e cultura”. O ano da entrada de Portugal
na então chamada Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1986, assinala um
marco histórico do TER em Portugal, não só pela instituição legal do produto turístico
no âmbito do Plano Nacional do Turismo (PNT), mas também pela possibilidade de
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

ajudas financeiras, muitas delas a fundo perdido que a organização internacional


possibilitava. O produto turístico foi então definido como “a atividade de interesse
para o turismo, com natureza familiar, que consiste na prestação de hospedagem em
casas que sirvam simultaneamente de residência aos seus donos” ou representantes
(DL nº. 256/86, de 27 agosto), podendo revestir a forma de TH, Turismo rural (TR) ou
Agroturismo (AG) (cf. tabela 1).
Para cada segmento de mercado corresponde um ou mais produtos turísticos
definidos tendo em conta as condições específicas de cada território, ou seja, não
existem produtos turísticos universais, porque cada território possui características
diferentes que influenciam diretamente o mesmo. Existem produtos turísticos comuns
em vários territórios, pois as condições de cada território introduzem diferenciações
que podem satisfazer melhor ou pior as preferências dos consumidores (turistas).

Ações de MARKETING

A definição de R. Lanquar e R. Hollier, dizendo que o marketing turístico «é o conjunto


dos métodos e técnicas que têm subjacente um estado de espírito metódico – i.e., que
pressupõe uma atitude de pesquisa, de análise e de dúvida permanentes – e que visa
satisfazer, nas melhores condições psicossociológicas, a necessidade latente ou
expressa de viajar e os melhores resultados para as organizações».
Outra definição, de Machín (1997), refere que «o marketing turístico é a adaptação
sistemática e coordenada da política das empresas turísticas e da política turística
privada e estatal nos planos locais, regional, nacional e internacional, com vista a uma
satisfação ótima das necessidades de determinados grupos de consumidores, com
benefícios apropriados». Uma definição que se adapta do destino turístico ao produto
turístico.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

E, por fim, apresentamos Susan Brigs (1999), com uma visão mais prática, que diz que
o marketing tem a ver essencialmente com quatro parâmetros: produto, preço, dis-
tribuição e promoção – vender o produto certo ao preço certo a pessoas
cuidadosamente escolhidas, através dos melhores e mais adequados métodos
possíveis.
Na verdade, o marketing aplicado ao turismo também revela uma evolução histórica.
No período pós-Segunda Guerra Mundial deu-se a expansão da atividade, ajudada pelo
desenvolvimento do transporte aéreo, gerando grandes destinos turísticos como
Rimini na Itália, Marbella ou Canárias na Espanha e mesmo, no nosso país, alguns dos
destinos clássicos no Algarve, como Albufeira ou Praia da Rocha, em Portimão. A preo-
cupação era desenvolver o volume da oferta, vendida em massa. Só mais tarde,
quando a concorrência se fez sentir pelo aparecimento de novos destinos e pelo
elevado número de operadores no mercado, a par de um amadurecimento do perfil do
consumidor, se tornou necessário recorrer às práticas de marketing.
E como já se percebeu, o marketing turístico é um exercício em que trabalhamos um
produto compósito, num sistema de cooperação. Sem dúvida que, do destino ao
produto turístico, temos diferentes papéis e diferentes níveis de intervenção. Neste
sector, em Portugal, está reservado um papel importante ao organismo público
nacional (Turismo de Portugal) e às entidades regionais. Como iremos desenvolver
mais à frente, temos o destino umbrella Portugal, que declina depois para os destinos
regionais e por fim para os produtos. Mas todos eles são decisivos na satisfação dos
desejos e necessidades dos turistas. Nenhum pode falhar no desempenho do seu
papel.

Classificação de trilhos
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Em Portugal continental, a FCMP (2010) classifica os seus trilhos em 5 níveis: o muito


fácil, o fácil, o algo difícil, o difícil e o muito difícil. É importante referir que na
informação para a criação de um trilho é obrigatório uma ficha técnica que refira os
seguintes pontos: o nome do percurso, a localização e respetiva região, acessos e
estradas que conduzem aos pontos de partida e chegada, os tipos de percurso (GR, PR,
PL ou linear ou circular), pontos de partida e chegada, distância em quilómetros,
desníveis acumulados em metros, altitude máxima e mínima em metros, duração em
horas ou em dias, grau de dificuldade do percurso (classificação referida
anteriormente), época aconselhada e cartografia. Na Região Autónoma dos Açores, a
classificação adotada é o sistema antigo da Federação Aragonesa de Montanhismo
(FAM), como já referido anteriormente, e que compreende 3 níveis de classificação, o
fácil, o médio e o difícil. Os percursos, através da portaria da Região Autónoma dos
Açores nº34/2004, são classificados através de uma avaliação global sobre três
diferentes parâmetros, sendo estes o grau de dificuldade, o grau de perigosidade e a
existência de obstáculos. Quanto ao grau de dificuldade, os percursos são classificados
em plano, ondulado e acidentado. O percurso plano é de superfície plana ou com
suaves inclinações, sendo à partida acessível a qualquer pessoa que apresente uma
condição física normal. O percurso ondulado é aquele percurso que apesar de ser
pouco acentuado ao nível de subidas e 12 descidas, exige um maior esforço físico,
adequado a qualquer pessoa que mantenha uma atividade física regular. Finalmente,
acidentado é o percurso com acentuados declives, muitas das vezes de forma
sucessiva, que exige um grande esforço físico, só sendo aconselhável a pessoas em boa
condição física. Relativamente à perigosidade do meio, esta é referente aos riscos de
acidente no percurso, fundamentalmente à existência de precipícios, irregularidade do
piso, piso escorregadio ou queda de pedras. O grau de perigosidade é independente
do grau de dificuldade, podendo ser considerado familiar, adultos ou montanhistas. O
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

grau familiar é o percurso que não oferece grandes riscos e que com o devido cuidado
pode ser efetuado por qualquer pessoa, incluindo crianças e adolescentes, quando
acompanhados por adultos. O grau adultos é aquele que acarreta riscos e que exige
algum cuidado por parte dos caminhantes, não devendo ser realizado por crianças,
idosos ou pessoas com limitações físicas. Finalmente, o grau montanhistas é o de
elevada perigosidade e que só deve ser realizado por pessoas com um mínimo de
prática e de conhecimento de montanha. Finalmente, a existência de obstáculos é
caracterizada por três sinais, o de existência de túnel, o de vertigem e o de
necessidade de utilizar equipamento adequado. Através da ponderação destes três
parâmetros, é então apresentada a classificação global de um trilho: fácil, médio ou
difícil. Um percurso é de classificação fácil quando é facilmente exequível e que não
obriga a um grande esforço físico, nem oferece riscos acrescidos relativamente aos
expectáveis neste tipo de atividade. A classificação média diz respeito a um percurso
moderadamente exequível e que obriga a um esforço físico grande e/ou oferece
alguma perigosidade. Por fim, difícil é o percurso que só deverá ser efetuado por
pessoas experientes, devidamente equipadas e em boa forma física. Diz respeito a um
percurso que oferece elevadas dificuldades ao nível do esforço físico e/ou que
apresenta elevada perigosidade.

O Turismo Equestre desenvolve-se com a realização de atividades de lazer com


cavalos. Há uma série de ofertas turísticas neste âmbito, desde passeios na praia
passeios no meio rural. Portugal apresenta um vasto conjunto de fatores que
potenciam o desenvolvimento do turismo equestre nacional. A cavalo (turismo a
cavalo) ou pelo cavalo (turismo do cavalo), o turismo equestre representa uma
importante oportunidade para a qualificação e diferenciação da oferta turística
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

nacional, assim como para a dinamização das economias rurais, ajudando a combater
a sazonalidade e as assimetrias entre as regiões costeiras e do interior.

Os profissionais de Turismo Equestre

A programação dos itinerários equestres obedece obrigatoriamente ao


acompanhamento de profissionais devidamente qualificados e credenciados. Segundo
a FEP – Federação equestre Portuguesa existem em Portugal cinco categorias
profissionais directamente relacionadas com o Turismo Equestre, nomeadamente:
Itinerários de Turismo Equestre ©TURIHAB 21 Carreira profissional: Acompanhante de
Turismo Equestre Guia de Turismo Equestre Carreira Docente Ajudante de Monitor de
Plena Natureza Monitor de Plena Natureza Instrutor de Plena Natureza Segundo a
Agencia Nacional para a Qualificação, estes profissionais, estão habilitados para
efectuar o planeamento, a organização e o acompanhamento de passeios de Turismo
Equestre de pequena rota e de atividades de animação sócio-cultural associadas, de
modo a garantir um serviço de qualidade e a satisfação dos clientes.
Deverão ter competências para: Planeamento e a realização de passeios turísticos
equestres e de atividades de animação sócio-cultural associadas, em colaboração com
os órgãos responsáveis do centro de Turismo Equestre;
Organização, desenvolvimento e o acompanhamento de passeios turísticos equestres
e as atividades de animação sócio-cultural associadas;
Execução, manutenção e a preparação dos equinos para os passeios turísticos
equestres, utilizando os procedimentos e os equipamentos adequados;
Prestação de esclarecimentos e recomendações aos clientes no sentido da utilização
adequada e otimizada das técnicas de equitação;
Elaboração de relatórios e documentos de controlo relativos à sua atividade.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

As competências próprias de cada uma das categorias profissionais variam em função


do seu nível de qualificação, aumentando proporcionalmente. Um ATE –
Acompanhante de Turismo Equestre apenas pode desenvolver as atividades
enunciadas para passeios de pequena rota. Para rotas de maior dimensão e
complexidade, é necessário maior qualificação profissional. Em Portugal, os cursos
para a obtenção de carteira profissional são ministrados pela ENE – Escola Nacional de
Equitação.
Para o sucesso turístico de um itinerário equestre, o acompanhante equestre
desempenha um papel chave. O acompanhamento por profissionais devidamente
credenciados é garante de competência para qualquer eventualidade. Não existe em
Portugal, de momento, legislação que determine o número necessário de
acompanhantes para grupos de Turismo Equestre. Seguindo a recomendação da
Equustur (2011), que subscrevemos, aconselha-se um mínimo de 1 acompanhante por
cada 10 turistas adultos. Caso existam crianças no grupo, o número de guias deverá ser
reforçado, nunca se ultrapassando o limite de 8 crianças para 1 guia.

A segurança no turismo e o terrorismo Já em 1996, The World Tourism Organization -


WTO, na publicação “As Medidas práticas para os destinos”, referia a necessidade da
planificação da segurança no turismo ter quatro fatores de relevância, o fator humano
e ambiente institucional, os vários fatores do setor do turismo, o comércio, o viajante e
os fatores ambientais. Os fatores humanos e ambientais são fatores de origem
humana e institucional, na medida que os viajantes e turistas poderão ser vítimas da
delinquência comum, indiscriminada e direcionada, como o assédio, o crime
organizado, terrorismo, guerras e conflitos sociais. A falta de policiamento nas ruas e
zonas de maior afluência turística, defeitos de saneamento e de falta de respeito pela
sustentabilidade do meio ambiente, greves de pessoal turístico ou até mesmo no setor
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

de transportes. O fator de segurança do viajante é pelo facto dos excessos que este
possa cometer, nas práticas desportivas radicais, condução perigosa ou mais comum
ser derivada pelo excesso de consumo de bebidas alcoólicas. A própria saúde do
turista pode ser de alguma forma frágil e com o clima e condições climatéricas esta
pode agravar-se. O comportamento do viajante poderá ser conflituoso ou inadequado
em relação aos residentes ou populações locais. As atividades ilícitas que nos próprios
turistas poderão praticar, como por exemplo o tráfico de droga ou ações de
terrorismo. Nos fatores de risco ambiental o WTO refere-se aos fatores causados pelos
efeitos da fauna e flora, não estando preparados com o plano de vacinação
aconselhado. O viajante deverá estar ciente dos riscos naturais e de situações de
emergência causadas por catástrofes naturais ou até mesmo de epidemias.
Anteriormente a WTO já tinha recomendado aos estados membros medidas concretas
em prol da segurança no turismo: 1. A elaboração de estatísticas de avaliação do risco.
2. Programas de boas práticas em segurança turística. 3. Formação específica de
pessoal para o setor do turismo. 4. Desenvolvimento de parcerias do setor público e
privado no setor turístico de forma a assegurar um crescimento económico do setor. 5.
Implementação de programas de apoio ao viajante em caso de acidente ou crime.

Conceito e Classificação de Serviços

A indústria dos serviços apresenta uma crescente relevância para a economia dos
países. De facto, o sector abrange uma grande variedade de áreas de entre as quais: a
governamental (tribunais, hospitais, escolas, etc.); organizações não-governamentais
(museus, instituições de solidariedade, universidades, etc.); área empresarial
(companhias aéreas, bancos, hotéis, etc.) (Kotler & Keller, 2006). Os serviços são assim
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

a base de qualquer organização e por isso os consumidores têm vido a atribuir uma
grande importância à indústria. Face à forte concorrência nos mercados atuais é cada
vez mais difícil encontrar fatores de diferenciação que contribuam para o sucesso das
empresas. Os produtos, fruto da evolução das novas tecnologias e do fácil acesso que
as empresas têm às mesmas, tornaram-se mais semelhantes entre si e por isso, a
componente do serviço assume uma importância crescente na conquista da satisfação
do cliente e consequente rentabilidade do negócio (Gama, 2011-2012; Pinto, S.A.).
Quando se pensa na diversidade e complexidade que o conceito de serviço acarreta
nota-se a dificuldade que existe em defini-lo. Assim, facilmente é possível encontrar
definições por parte de diferentes autores. De acordo com Murta (2000), os processos
inerentes à produção e prestação de um serviço envolvem frequentemente uma série
complexa de inputs e outputs intangíveis que tornam o entendimento do que
efetivamente se passa nas empresas de serviços difícil de descrever com rigor.
Lovelock & Wirtz (2007, cit. por Gama 2011-2012) definem serviços como atividades
económicas entre duas partes, em que há troca de valor entre um comprador e um
vendedor num mercado. O valor para o cliente está associado ao acesso a um conjunto
de elementos criadores de valor e não da transferência de posse de algo tangível. Por
outro lado, de uma forma mais simplificada, Zeithaml et al. (2006) dizem que serviços
são ações, processos e desempenhos. Para Kotler, Armstrong, Saunders & Wong
(2002) é qualquer atividade ou benefício que uma parte pode oferecer a outra,
essencialmente intangível e que não resulta da posse física de nada. As diferenças
existentes entre produtos e serviços acabam por ter implicações na definição e
aplicação das estratégias de marketing. Estas, em serviços, implicam um pensamento
no valor através do desempenho. Ou seja, devem valorizar as pessoas, o marketing
interno, os relacionamentos estabelecidos com clientes e parceiros e entender e
atender às expectações dos clientes, por meio da transformação proporcionada pelo
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

serviço. Mais do que uma aplicação tática do marketing, nos serviços é exigido uma
estratégia de gestão. Um serviço como compra é julgado por aquilo que for capaz de
entregar (Kahtalian, 2002). De modo a ilustrar a especificidade do sistema de produção
e comercialização dos serviços por contraponto com o sistema de produção de bens
tangíveis, Eigler e Langeard (1987) desenvolveram o conceito de servuccção. Este
revela que no processo de produção de serviços existe um interface entre os clientes e
a organização prestadora, coincidindo a produção e o consumo no espaço e no tempo.
Existem assim, três alavancas de marketing de serviços: a) A parte visível da empresa
(qualidade dos contactos com a clientela e no contexto material da relação); b) A parte
invisível da empresa (back-office); c) As relações dos clientes entre si. Nas
especificidades dos serviços, como iremos comprovar no ponto seguinte deste
trabalho, a importância do pessoal está bem patente. Tanto a performance como a
qualidade estão inteiramente ligadas com a competência e postura do pessoal que
assegura a prestação. Podemos assim referir que o marketing de serviços é um
marketing relacional não só a nível externo mas também interno.

As Necessidades dos Clientes em Hotelaria

Nos dias de hoje, os consumidores possuem uma maior sofisticação e educação o que
proporcionou uma movimentação nas suas necessidades habituais. A questão sobre as
necessidades dos clientes tem já vindo a ser analisada há algum tempo. Este ponto irá
assim focar alguns dos estudos mais relevantes neste âmbito. No consumo e respetiva
experiência, a satisfação, pode ser medida de acordo com a função de qualidade
percebida do serviço prestado, ou seja, através da medida dos desvios entre as
expectativas e perceções dos clientes (Parasuraman et al. (1988). Deste modo, alguns
investigadores desta questão olharam para os produtos e serviços ao consumidor
como um conjunto de atributos, características e benefícios que influenciam
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

diretamente a escolha do consumidor. Os autores Wuest et al. (1996, cit. Por Oliveira,
2008), nas necessidades dos consumidores hoteleiros, referem as perceções dos
atributos do hotel como o grau de importância que os visitantes atribuem aos vários
serviços e instalações, na promoção da sua satisfação com a estadia no hotel. Neste
sentido, ao longo dos anos têm aparecido estudos com o objetivo de definir quais os
atributos essenciais na escolha de um hotel. A maioria deles sugere então que um
maior número de viajantes consideraria no momento da sua decisão os seguintes:
Limpeza; Localização; Preço; Quarto; Segurança; Qualidade do serviço; Reputação do
hotel ou cadeia.

A Qualidade do Serviço

A hospitalidade no sentido comercial é um tipo de relacionamento entre indivíduos.


Neste contexto, podemos referir que esse mesmo relacionamento dá-se entre o
prestador do serviço de hospedagem e o consumidor. Nesta relação, o anfitrião
compreende as necessidades e vontades do hóspede, o que agrada a este e aumenta o
seu conforto e bem-estar. O objetivo é assim aumentar a satisfação do consumidor e
gerar a repetição de compra (King, 1995 cit. Por Oliveira, 2008).
No que toca aos serviços, os seus atributos constituem-se pelas atividades, pelo espaço
físico, pelas pessoas e pelos elementos intangíveis oferecidos por uma empresa, que
são percebidos pelos clientes como a “estrutura” do serviço (Ferrand et al., 2010).
Considera-se que a qualidade é influenciada pelas expetativas e perceções dos
consumidores assim como pelas especificidades do serviço para o qual estamos a
medir. Isto é, a perceção de qualidade vai resultar de uma função entre as expetativas
antes de ser iniciado o processo de produção do serviço, e aquilo que é efetivamente
experimentado durante o decorrer do processo. De uma forma geral, é possível
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

afirmar então que a qualidade é aquilo que consumidor afirma ser. Quando se reflete
acerca do conceito de qualidade percebida deve-se assim ter em conta dois tipos de
qualidade. Por um lado, a qualidade funcional (como funciona o processo de serviço) e
por outro, a qualidade técnica (o resultado final para o cliente no sentido técnico). A
perceção que temos sobre um determinada empresa de serviços, seja ela favorável,
desfavorável ou indiferente, é deste modo influenciada pela sua imagem e atua como
um filtro que pode assumir um papel cada vez mais dinâmico à medida que a imagem
da empresa muda ao longo do tempo. Os estudos efetuados neste âmbito revelam que
qualidade funcional, ou seja, o como, é tão ou mais importante do que o resultado
final – qualidade técnica. É por este motivo que os marketers não podem ignorar a
integração destas duas qualidades. Para o cliente o aspeto mais relevante é que as
entidades se esforcem em exceder as suas expetativas (Brito & Lencastre, 2000).

Primeiros socorros: como agir em situações de emergência


3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Os primeiros socorros são a resposta rápida e inicial a uma emergência médica,


através da aplicação de técnicas simples e eficazes para reduzir a gravidade da
situação, melhorando as hipóteses de sobrevivência de uma vítima e diminuindo o
seu grau de sofrimento.

São, por isso, a primeira ajuda a prestar a uma pessoa para impedir o agravamento do
seu estado de saúde, antes de poder receber cuidados especializados. Saber o que
fazer e (especialmente) o que não fazer pode significar a diferença nestes casos.

Posição Lateral de Segurança

A colocação de uma vítima inconsciente em posição lateral de segurança evita por um


lado que a língua impeça a passagem do ar e garante também a drenagem pela boca,
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

de saliva ou outros fluídos, que poderiam contribuir para a obstrução, causando


pneumonia ou asfixia.

Segundo o site do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), estes são os


passos que deve seguir:

 Ajoelhe-se e alinhe o corpo da vítima, que deve ficar com os braços estendidos
ao longo do corpo. Retire-lhe óculos e objetos volumosos dos bolsos.
 Coloque o braço da vítima que está junto a si dobrado, com a palma da mão
virada para cima e ao nível da cabeça.
 Permaneça onde está e pegue na outra mão da vítima. Dobre-lhe o braço por
forma a cruzar o peito e a colocar as costas da mão na face da vítima do seu
lado. Após este movimento, segure do lado oposto ao seu a perna da vítima na
zona do joelho, levante-a e dobre-a.
 Utilize a perna dobrada para ajudar a rolar a vítima para o seu lado. Durante
este movimento mantenha uma mão a apoiar a cabeça da vítima enquanto a
faz rolar.
 Certifique-se que a vítima está a respirar.
 Ligue 112 e fique atento a alterações do estado da vítima enquanto aguarda
pelo socorro.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Como utilizar o número de Emergência 112

Em caso de doença súbita ou de acidente grave deve contactar os serviços de


emergência médica através do número 112  (número europeu de socorro). Tome nota
de algumas informações importantes a transmitir ao telefone:

 Informar claramente sobre o número de vítimas, discriminar se é homem,


mulher, grávida, criança e fornecer estimativa de idades.
 Dar indicações precisas sobre o estado da vítima e relatar de forma simples o
tipo de acidente: queda, desmaio, atropelamento, eletrocussão, etc.
 Descrever o local da emergência (se possível a morada exata) acompanhada de
pontos de referência.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 Pedir ao interlocutor que repita a mensagem a fim de ver se esta foi


devidamente entendida.
 Procurar um documento e contatar a família da vítima. Acalmar e, se possível,
pedir informações à vítima sobre o sucedido.
 Promover um ambiente calmo, afastando curiosos e evitando comentários.

Os primeiros socorros consistem, conforme a situação, na aplicação de técnicas


simples e eficazes como proteção de feridas, imobilização de fraturas, controlo de
hemorragias externas, desobstrução das vias respiratórias e realização de manobras de
suporte básico de vida.

Mostramos, a seguir, alguns procedimentos, recorrentes em crianças e adultos, que


podem ser aplicados por qualquer pessoa.

Afogamento

O que fazer?

1. Retirar imediatamente a vítima de dentro de água.


2. Verificar se está consciente, se respira e se o coração bate.
3. Colocar a vítima de barriga para baixo e com a cabeça virada para um dos
lados.
4. Comprimir a caixa torácica 3 a 4 vezes, para fazer sair a água

Se a vítima não respira, deitá-la de costas e iniciar de imediato os procedimentos do


algoritmo do Suporte Básico de Vida. Logo que a vítima respire normalmente, colocá-la
em Posição Lateral de Segurança e mantê-la confortavelmente aquecida.

Se o afogamento se deu no mar ou num rio, o socorrista não deve:

 Lançar-se à água se não souber nadar muito bem


 Procurar salvar um afogado que está muito longe de terra
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

 Deixar-se agarrar pela pessoa que quer salvar

Desmaio / Perda súbita de consciência

O desmaio é provocado por falta de oxigénio no cérebro, à qual o organismo reage de


forma automática, com a perda de consciência e queda brusca e desamparada do
corpo. Normalmente, o desmaio dura 2 a 3 minutos. Tem diversas causas: excesso de
calor, fadiga, jejum prolongado, permanência de pé durante muito tempo, etc.

Palidez, suores frios, falta de força e pulso fraco são alguns dos sintomas.

O que fazer?

Se nos apercebermos de que a pessoa está prestes a desmaiar:

1. Sentá-la
2. Colocar-lhe a cabeça entre as pernas
3. Molhar-lhe a testa com água fria
4. Dar-lhe de beber chá ou café açucarados

Se a pessoa já estiver desmaiada:

1. Deitá-la com a cabeça de lado e as pernas elevadas


2. Desapertar-lhe as roupas
3. Mantê-la confortavelmente aquecida, mas, sempre que possível, em local
arejado.
4. Logo que recupere os sentidos, dar-lhe uma bebida açucarada
5. Consultar posteriormente o médico

Golpe de Calor/Insolação

O golpe de calor ou insolação é uma situação resultante da exposição prolongada ao


calor, num local fechado e sobreaquecido (por ex., dentro duma viatura fechada, ao
sol) ou da exposição prolongada ao sol, nomeadamente na praia.

Dores de cabeça, tonturas, vómitos, excitação e inconsciência são alguns dos sintomas.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

O que fazer?

1. Deitar a vítima em local arejado e à sombra.


2. Elevar-lhe a cabeça.
3. Desapertar-lhe a roupa.
4. Colocar-lhe compressas frias na cabeça.
5. Dar-lhe a beber água fresca, se a vítima estiver consciente.
6. Se estiver inconsciente, colocá-la em posição lateral de segurança.

A insolação é sempre grave, em especial nas crianças, e pode provocar hemorragia


cerebral. Esta situação necessita de transporte urgente para o Hospital.

Estado de Choque

O estado de choque caracteriza-se por insuficiência circulatória aguda com deficiente


oxigenação dos órgãos vitais. As causas podem ser muito variadas: traumatismo
externo ou interno, perfuração súbita de órgãos, emoção, frio, queimadura,
intervenções cirúrgicas, etc. Não tratado, o estado de choque pode conduzir à morte.

Palidez, olhos mortiços, suores frios, prostração (imobilidade e ausência de reação) e


náuseas são alguns dos sintomas. Num estado de agravado, o pulso está fraco, a
respiração superficial e pode levar à inconsciência.

O que fazer?

Se a vítima estiver consciente:

1. Deitá-la em local fresco e arejado.


2. Desapertar as roupas, não esquecendo gravatas, cintos e soutiens
3. Tentar manter a temperatura normal do corpo.
4. Levantar as pernas a 45º
5. Ir conversando para acalmá-la.
6. Ligar para o 112.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Se a vítima não estiver consciente deve colocá-la na Posição Lateral de Segurança.


Deve aguardar a chegada dos serviços de emergência para que a vítima seja
transportada para o hospital.

Nunca deve tentar dar de beber à vítima.

Feridas

Uma ferida tem quase sempre origem traumática, que além da pele (ferida superficial)
pode atingir o tecido celular subcutâneo e muscular (ferida profunda).

O que fazer?

1. Antes de tudo, lavar as mãos e calçar luvas descartáveis.


2. Proteger provisoriamente a ferida com uma compressa esterilizada.
3. Lavar, do centro para os bordos da ferida, com água e sabão, solução de
clorhexidina, por ex. Hibiscrub, ou similar, utilizando compressas.
4. Secar a ferida com uma compressa através de pequenos toques, para não
destruir qualquer coágulo de sangue.
5. Desinfectar com anti-séptico, por ex. Betadine em solução dérmica. Depois de
limpa, se a ferida for superficial e de pequenas dimensões, deixá-la
preferencialmente ao ar, ou então aplicar uma compressa esterilizada.

Se a ferida for mais extensa ou profunda, com tecidos esmagados ou infetados (ou se
contiver corpos estranhos), deverá proteger apenas com uma compressa esterilizada e
encaminhar para tratamento por profissionais de saúde. É uma situação grave que
necessita transporte urgente para o Hospital.

Se houver hemorragia:

1. Se as compressas ficarem saturadas de sangue, colocar outras por cima, sem


nunca retirar as primeiras.
2. Fazer durar a compressão até a hemorragia parar (pelo menos 10 minutos).
3. Se a hemorragia parar, aplicar um penso compressivo sobre a ferida.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Se se tratar de uma ferida dos membros, com hemorragia abundante, pode ser


necessário aplicar um garrote. O garrote pode ser de borracha ou improvisado com
uma tira de pano estreita ou uma gravata. Como aplicar o garrote:

 Aplicar o garrote entre a ferida e o coração, mas o mais perto possível da ferida
e sempre acima do joelho ou do cotovelo, de acordo com a localização da
ferida que sangra.
 Aplicar o garrote por cima da roupa ou sobre um pano limpo bem alisado
colocado entre a pele e o garrote;
 Colocar o garrote à volta do membro ferido; se o garrote for improvisado com
uma tira de pano ou gravata, dar dois nós, entre os quais se coloca um pau, que
poderá ser rodado até a hemorragia estancar.

O que não deve fazer:

 Tocar nas feridas sangrantes sem luvas.


 Utilizar o material (luvas, compressas, etc.) em mais de uma pessoa.
 Soprar, tossir ou espirrar para cima da ferida.
 Utilizar mercurocromo ou tintura de metiolato (deve utilizar Betadine dérmico).
 Fazer compressão directa em locais onde haja suspeita de fracturas ou de
corpos estranhos encravados, ou junto das articulações.
 Tentar tratar uma ferida mais grave, extensa ou profunda, com tecidos
esmagados ou infectados, ou que contenha corpos estranhos.

Fraturas

Em caso de fratura ou suspeita de fractura, o osso deve ser imobilizado. Qualquer


movimento provoca dores intensas e deve ser evitado.

Sinais e Sintomas

Dor intensa no local, edema (inchaço) e perda total ou parcial dos movimentos.

Encurtamento ou deformação do membro lesionado.

O que fazer?
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

1. Expor a zona da lesão (desapertar ou se necessário cortar a roupa).


2. Verificar se existem ferimentos.
3. Tentar imobilizar as articulações que se encontram antes e depois da fratura,
utilizando talas apropriadas ou, na sua falta, improvisadas.

Note bem:

As fraturas têm de ser tratadas no Hospital.

As talas devem ser sempre previamente almofadadas e bastante sólidas. Quando


improvisadas, podem ser feitas com barras de metal ou varas de madeira.

Se se utilizarem talas insufláveis, estas devem ser desinsufladas de 15 em 15 minutos


para aliviar a pressão que pode dificultar a circulação do sangue.

O que não fazer:

1. Tentar fazer redução da fratura, isto é, tentar encaixar as extremidades do osso


partido.
2. Provocar apertos ou compressões que dificultem a circulação do sangue.
3. Procurar, numa fratura exposta, meter para dentro as partes dos ossos que
estejam visíveis.

Prevenção de acidentes

O avanço tecnológico, o crescente contacto e valorização da natureza, aliada à busca de


experiências marcantes, tende a influenciar as dinâmicas do turismo na atualidade. Na
tendência contemporânea, os turistas viajam para desenvolver atividades numa lógica de
consumo, que envolve aventura, a sensação de riscos, emoções, novidade e desafios “ Mais do
que sítios diferentes ou oportunidades de descanso, as pessoas viajam cada vez mais à procura
de novas experiências, novas vivências associadas a diversas práticas ativas” (Carvalho e
Lourenço, 2014, p. 123). É notório o crescimento do segmento do turismo ativo, isto pela
vontade generalizada dos turistas em estabelecer o contacto direto com a natureza, aliada a
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

busca de experiências marcantes. “ Em 2011 o turismo ativo gerou 730 bilhões de dólares nos
Estados Unidos e criou uma percentagem de aumento de 5% ao ano desde 2005” (Agència
Valenciana del Turisme, 2012, p 4). Portanto, o aumento do fluxo do segmento acima
mencionada, trás consigo grandes exigências na componente de segurança, de tal forma que
cria imposição aos grandes centros turísticos que oferecem esta tipologia de turismo. A
imposição reflete-se ao nível de adoção de estratégias de oferta turística onde deve ser
incluídos fatores de segurança, qualidade e inovação, cada vez mais eficaz e eficiente com
visto a dar a resposta aos riscos aliados a própria atividade. É neste sentido que a Gestão do
risco é visto como uma componente intrínseca e indispensável para oferta do turismo ativo
seguro, sustentado pela política preventiva, aliado ao planeamento e gestão, descrevendo de
forma suscita as situações que envolvem maior risco e as necessidades de melhoria, de forma
a antecipar, sempre que possível, a ocorrência de eventos indesejados, possibilitando o
controlo do risco e minimização das perdas materiais, ambientais e humanas. O controlo de
risco facultará às empresas que oferecem atividades de turismo ativo, mais confiança do
negócio aos clientes, colaboradores, e fornecedores.

Riscos e atividades de turismo

Grande parte do atracão das modalidades ligadas ao turismo ativo ou de aventura está
exatamente no facto de a sua prática envolver um certo grau de risco. Apesar de se
tratar de um risco calculado e, quase sempre, gerido por profissionais, é a esse risco
que se vai buscar a adrenalina que motiva e incita à prática. Para se entender o grau de
importância que tem a gestão de riscos aplicada à segurança do turista no turismo de
aventura, é importante analisar o registo histórico dos acidentes relacionados com a
sua prática. Para se ter uma noção da situação da segurança oferecida no turismo de
aventura, é necessária uma análise com particular incidência nos seguintes elementos
de qualificação:
• Tipo de público que contabiliza maior número de acidentes (sexo, idade,
nacionalidade);
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

• Principal consequência dos acidentes (tipo de lesões);


• Necessidade ou não de hospitalização;
• Tipo de falhas que surgem como o principal fator de ocorrência de acidentes;
• Tipo de prática da atividade (prática por conta própria, através de agência de
turismo);
• Tipo de procedimentos mais comuns no socorro imediato a vítima (feito no próprio
local ou encaminhado para o hospital); A segurança no turismo de aventura é uma
função complexa que envolve pessoas (tanto os clientes ou utentes quanto os
prestadores de serviços), equipamentos, procedimentos, sistemas de gestão das
empresas prestadoras de serviços, dispositivos legais e sistemas de fiscalização e
controle existentes em cada município, articulações e logísticas locais disponíveis para
buscas e salvamentos e atendimentos médicos, fatores relacionados com o clima e,
evidentemente, os perigos existentes em cada atividade associados às condições
naturais da sua prática (topografia a e variações meteorológicas).
Sabe-se, também, que a efetiva implantação de um sistema de gestão do risco
depende não só do comportamento das próprias empresas prestadoras dos serviços,
mas também do de um conjunto largo de instituições, em que o poder público tem um
papel relevante, não só como orientador, regulador e fiscalizador, mas especialmente
no que diz respeito aos sistemas de busca, salvamento e atendimento médico, em caso
de emergências declaradas.
Segundo uma lista elaborada pela Fear, da Survival Education Association/Sierra Club,
fundada em 1892, a nível global, as 10 mais frequentes causas de ocorrências que
necessitaram de atuação de equipas de busca e salvamento foram:
• Roupa e calçados inadequados;
• Cansaço (por má avaliação do esforço necessário);
• Sede, desidratação;
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

• Hipotermia, inclusive por desconhecimento das suas causas;


• Má avaliação da dificuldade de uma atividade e das próprias habilidades;
• Alimentação inadequada;
• Pouco ou nenhum planeamento;
• Itinerário não comunicado para terceiros;
• Falta de capacidade física, psíquica ou ambiental para lidar com problemas;
• Clima (falta de roupa adequada em casos de mudança brusca de tempo). É habitual
distinguir as causas das ocorrências em atividades de maior risco entre erros de
procedimentos e falha dos equipamentos. Além destas categorias, tratando-se de
atividades ao ar livre, é necessário contar com os fatores meteorológicos. Desta forma,
para evitar que os acidentes ocorram, é necessário que as empresas e agências de
turismo especializadas em turismo de aventura definam estratégias de gestão do risco,
no sentido de atender com rapidez e eficácia a situações de emergência, oferecendo
um produto seguro e com qualidade que contribua, ao mesmo tempo, para o aumento
da procura.
3452 – Turismo em meio rural - enquadramento e caracterização

Referências bibliográficas

CABRAL, F. 2006, Higiene, Segurança, Saúde e Prevenção de Acidentes, Verlag Dashofer


Edições Profissionais, Lda

CURBET, J. 2005, Turismo y Seguridad: una relación de amor-odio, Seguridad Sostenible, [on
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Manual de Pautas de Seguridad para el Residente y el Visitante de un Destino Turístico,


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RAMOS, Ricardo Jorge, 2001, Actividades Físicas de Aventura na Natureza. Legislação numa
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