Você está na página 1de 58

Universidade Federal de Minas Gerais

Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis

Curso de Especialização em Energia Eólica

Apostila

“Tecnologia em Aerogeradores”

Prof. Selênio Rocha Silva

Belo Horizonte, 19 de junho de 2013


Sumário
1. Introdução:................................................................................................................. 5
2. Características Operacionais de Turbinas Eólicas: ..................................................... 6
2.1 Princípios Operativos de Turbinas Eólicas .................................................................................................... 7
2.2 Classificação de Turbinas Eólicas .................................................................................................................. 9
2.3 Características de Turbinas Eólicas ............................................................................................................. 11
2.4 Características de Potência Gerada em uma Turbina Eólica ...................................................................... 13
2.5 Características Operacionais de uma Turbina Eólica .................................................................................. 15

3. Sistemas de Geração Elétrica em Turbinas Eólicas: ................................................. 17


3.1 Geradores elétricos .................................................................................................................................... 19
3.1.1 Gerador de indução ............................................................................................................................... 19
3.1.2 Geradores síncronos com excitação elétrica ou a ímãs permanentes ................................................... 27
3.1.3 Análise comparativa dos geradores elétricos......................................................................................... 31
3.2 Conversores estáticos ................................................................................................................................. 32
3.2.1 Características da Conversão Estática .................................................................................................... 33

4. Engenharia de Sistemas de Conversão de Energia Eólica: ...................................... 35


4.1 Arquitetura de Aerogeradores a Velocidade Fixa ...................................................................................... 38
4.2 Arquitetura de Aerogeradores a Velocidade Variável ............................................................................... 39

5. Tecnologias de Aerogeradores: ............................................................................... 41


5.1. Tecnologias Comerciais..................................................................................................................................... 41
5.1.1 Gerador de Indução em Gaiola (IG)........................................................................................................ 42
5.1.2 Gerador de Indução com Resistores Chaveados no Rotor ..................................................................... 43
5.1.3 Gerador Síncrono com Conversores PWM (GSINC) ............................................................................... 43
5.1.4 Gerador Síncrono com Retificador a Diodos .......................................................................................... 44
5.1.5 Gerador de Indução Duplamente Alimentado (DFIG) ............................................................................ 45
5.2. Distúrbios de Qualidade da Energia Elétrica ..................................................................................................... 46
5.1.6 Nível de curto-circuito ............................................................................................................................ 47
5.1.7 Flutuações de Tensão ............................................................................................................................. 48
5.1.8 Harmônicos ............................................................................................................................................ 48
5.1.9 Suportabilidade a Afundamentos de Tensão ......................................................................................... 51

6. Considerações Finais ................................................................................................ 54


7. Referências Bibliográficas ........................................................................................ 54

2
Índice de Figuras
Figura 1. Evolução da Tecnologia em Aerogeradores .................................................................................. 6
Figura 2. Passagem do Fluxo de Ar pela Turbina Eólica................................................................................ 7
Figura 3. Vetores de velocidades e forças sob um perfil aerodinâmico ....................................................... 9
Figura 4. Turbinas de Eixo Horizontal (pequena potência e alta potência) .................................................. 9
Figura 5. Turbinas Eólicas de Eixo Vertical ................................................................................................. 10
Figura 6. Coeficiente de potência em função da relação de velocidades e ângulo de passo ..................... 12
Figura 7. Características de rendimento de diversos projetos de turbinas ................................................ 12
Figura 8. Características Cp e Cq de turbina eólica ................................................................................... 13
Figura 9. Característica de potência de uma turbina eólica ....................................................................... 14
Figura 10. Efeito do ângulo de passo no rendimento da turbina ............................................................... 15
Figura 11. Característica operacional típica de uma turbina eólica ........................................................... 16
Figura 12. Características operacionais de turbinas comerciais no Brasil .................................................. 17
Figura 13. Arquiteturas de Sistemas Eólicos Conectados à Rede Elétrica .................................................. 18
Figura 14. Tipos de geradores assíncronos................................................................................................. 20
Figura 15. Curva conjugado em função da rotação da máquina de indução ............................................. 21
Figura 16. Circuitos equivalentes da máquina de indução ......................................................................... 22
Figura 17. Circuito equivalente incluindo sistema externo e capacitor de correção de reativos............... 23
Figura 18. Desempenho do gerador de indução frente a condições particulares da rede e do circuito de
rotor ........................................................................................................................................................... 24
Figura 19. Acoplamento de características entre gerador e rotor eólico, através de uma relação de
transmissão de razão 58. ............................................................................................................................ 24
Figura 20. Configuração básica da máquina de indução duplamente alimentada..................................... 25
Figura 21. Fluxo de potência na máquina em operação sub-sincrona ....................................................... 26
Figura 22. Fluxo de potência na máquina em operação super-sincrona.................................................... 26
Figura 23. Características de potências de estator e rotor geradas na máquina duplamente alimentada 27
Figura 24. Rotor de gerador síncrono de oito polos ................................................................................... 28
Figura 25. Avanço da tecnologia a ímãs permanentes ............................................................................... 28
Figura 26. Topologia da máquina a ímãs permanentes de fluxo radial...................................................... 29
Figura 27. Modelo matemático da máquina síncrona conectada a rede elétrica ...................................... 29
Figura 28. Potências ativa e reativa fornecida por um gerador síncrono conectado a rede por
conversores estáticos ................................................................................................................................. 30
Figura 29. Eficiência do gerador elétrico em função de uma estratégia operacional ................................ 30
Figura 30. – Arquiteturas de Sistemas de Geração para Aerogeradores ................................................... 32
Figura 31. Conversor limitador da corrente de conexão de gerador elétrico ............................................ 32
Figura 32. Retificador a diodos ................................................................................................................... 33
Figura 33. Conversor CC-CA a IGBT's .......................................................................................................... 33
Figura 34. Conversores estáticos em circuitos de proteção ....................................................................... 33
Figura 35. Sistema de Conversão Estática com Três Conversores.............................................................. 34
Figura 35. Sistema de Conversão Estática com Dois Conversores PWM.................................................... 35
Figura 37. Curva da Potência Extraída em Função da Velocidade do Vento .............................................. 36
Figura 38 Características de potência de aerogerador a velocidade constante ......................................... 37
Figura 39 Características de potência de aerogerador a velocidade variável ............................................ 38
Figura 40 Comparação entre curvas de potência típicas de turbinas a velocidade constante e a
velocidade variável ..................................................................................................................................... 40
Figura 41 Comparação da operação de uma turbina a velocidade constante e uma turbina a velocidade
variável para ventos abaixo do vento nominal.......................................................................................... 41
Figura 42 Topologia do Aerogerador com Gerador de Indução com Rotor em Gaiola .............................. 42
Figura 43 Esquema do Aerogerador com Gerador de Indução com Resistores Chaveados no Rotor ....... 43
Figura 44 Configuração do Gerador Síncrono com Conversores PWM ...................................................... 44
Figura 45 Configuração de um Aerogerador Utilizando a Tecnologia Similar à Comercializada pela
Enercon....................................................................................................................................................... 45
Figura 46 Sistema de um Aerogerador a Velocidade Variável Utilizando Gerador de Indução ................. 46

3
Figura 47 Tecnologias responsáveis pelos distúrbios harmônicos ............................................................. 50
Figura 48 Corrente de saída distorcida devido à frequência de chaveamento dos elementos dos
inversores ................................................................................................................................................... 50
Figura 49 Afundamento de tensão trifásico para 50% ............................................................................... 52
Figura 50 Curva de suportabilidade requerida pelo código de rede brasileiro .......................................... 53
Figura 51 Gerador de afundamento de tensão sugerido pela norma IEC61400-21 ................................... 53

4
1. Introdução:

Este texto discute os aspectos gerais e específicos das principais tecnologias atualmente
comercializadas nos modernos aerogeradores. Procuram-se, no estado da arte, os elementos
norteadores que guiem e forneçam subsídios para uma avaliação consubstanciada das arquiteturas
existentes com foco na qualidade da energia elétrica gerada.
Entende-se, como sistema de geração elétrica neste documento, o sub-sistema que consiste do
gerador elétrico e dos conversores estáticos que promovem a adequação da energia elétrica gerada nos
terminais deste gerador com a energia fornecida às redes elétricas ou cargas isoladas. A configuração
deste sub-sistema é dependente da aplicação pretendida e apresentou grande evolução nos últimos 20
anos, seguindo o desenvolvimento de dispositivos eletrônicos e da tecnologia de materiais, que permitiu
o advento de tecnologias modernas e de alta eficiência a velocidade variável.
A aplicação de geração de eletricidade por acionamento através de rotor eólico para conexão aos
sistemas elétricos convencionais consistia normalmente de máquinas de médio/grande porte,
inicialmente na faixa de centenas de kW e chegando aos aerogeradores de multi-MW atualmente
comercializados. Na última década, contudo, o curso da tecnologia em turbinas eólicas alterou-se
definitivamente, garantindo visibilidade, confiabilidade e viabilidade.
As máquinas de pequeno porte são utilizadas na geração de energia elétrica em sistemas isolados
e no bombeamento de água, sendo que nestas duas aplicações o uso de geradores síncronos e a
presença de conversores estáticos representam uma realidade que consolidou esta tecnologia. Os
sistemas de geração elétrica presentes nas turbinas eólicas de pequeno porte migraram rapidamente da
concepção arcaica utilizando geradores de corrente continua para a solução com geradores síncronos
com excitação elétrica (bobina de campo) ou a imãs permanentes. Os equipamentos com geradores em
corrente continua se mantiveram no mercado por longas décadas do século passado, mas não
conseguiram consolidar a tecnologia e foram substituídos pelos equipamentos que utilizam a conversão
eletromecânica em corrente alternada. A presença de retificadores e de inversores estáticos, para a
necessária conversão de frequência e o adequado armazenamento energético em baterias de
acumuladores, já representavam uma realidade em equipamentos comercializados nos anos 70 e 80
[Silva, 1988]. Os primeiros equipamentos comercializados naquelas décadas apresentavam máquinas
com excitação elétrica em configuração auto-excitada e com caixa de multiplicação de velocidades,
ajustando a rotação do rotor eólico com a frequência de geração do alternador para garantir que a
frequência das ondas elétricas se aproximasse de frequências comerciais das redes elétricas. A
tecnologia presente nos conversores estáticos utilizava dispositivos semicondutores a base de diodos e
tiristores, chaveando em baixas frequências.

Em aerogeradores de grande porte, além da rápida evolução nas faixas de potência


comercializadas entre as últimas três décadas, como ilustra a Figura 1, uma diversidade de tecnologias
foi desenvolvida e continuam em operação. Destacam-se a utilização de gerador de indução e de
gerador síncrono (com excitação elétrica ou a imãs permanentes), e entre estes um continuo
crescimento de equipamentos com geradores a imãs permanentes.

5
Figura 1. Evolução da Tecnologia em Aerogeradores

É interessante observar como o desenvolvimento de sistemas de geração para aerogeradores


partiu de tecnologias distintas entre máquinas de grande porte e máquinas de pequeno porte,
finalmente convergindo para tecnologias bastante similares conceitualmente.

Neste trabalho encontram-se informações técnicas variadas sobre as tecnologias de rotores


eólicos, geradores elétricos e conversores estáticos, com ênfase nas combinações preferencialmente
utilizados nos modernos aerogeradores. Busca-se desta forma produzir documento que permita agregar
conhecimento neste amplo campo tecnológico.

2. Características Operacionais de Turbinas Eólicas:

A energia eólica resulta da transformação de parte do efeito térmico solar em energia


cinética da atmosfera. A diferença de radiação solar sobre regiões distintas do planeta provoca o
deslocamento de camadas de ar, os ventos.
A energia cinética presente em um dado volume de vento, obtida em uma velocidade de
vento V, pode ser expressa em Joules/m3 por:

Ec  12 . V2
onde  é a massa específica de ar (  1,2 kg/m3).
A potência eólica disponível é calculada pela taxa de variação desta energia eólica, sendo
expressa em Watts por:

Pe  12 . A. V3
onde A é a área varrida pelo rotor eólico.
É possível mostrar que, apenas uma parte desta energia cinética contida nas massas de ar é
conversível, uma vez que o ar deve conservar uma velocidade que permita a passagem de seu fluxo
através do rotor de uma turbina eólica, como ilustra a Figura 2. A melhor conversão teórica de
6
energia é obtida quando a velocidade na esteira do rotor (após passar pela área varrida pelo rotor
eólico) é igual a 1/3 da velocidade do vento incidente. A partir desta relação aproximada, a
potência mecânica, teoricamente recuperável de uma instalação eólica é calculada, no máximo, a
59.3% da potência disponível incidente. Este valor estimado da eficiência máxima de conversão é
conhecido como limite de Betz, apesar de em turbinas comerciais os testes em campos tem
indicado normalmente eficiências de conversão bem inferiores.

Figura 2. Passagem do Fluxo de Ar pela Turbina Eólica


O cálculo dos valores médios de energia eólica disponível em um determinado local requer
o conhecimento da distribuição de probabilidade de vento ou dos registros dos valores de vento
em um dado período de tempo. Os valores de velocidade de vento média, normalmente obtidos
em um determinado período de tempo, não fornecem informações precisas sobre a energia eólica
disponível no local, já que a potência eólica depende da velocidade de vento elevada ao cubo. Dois
valores médios podem ser utilizados para estimativa da potência ou energia eólica disponível em
um dado local, o valor médio e a raiz cúbica do valor médio cúbico, e são expressos por:

V   V . p(V ).dV   V . p(V )
0


V 3  3  V 3 . p(V ).dV  3  V  . p(V )
3 3

Onde p(V) é a função densidade de probabilidade da velocidade de vento do local.


A raiz cúbica da média cúbica da velocidade de vento corresponde a um valor de velocidade
de vento que permite uma mais precisa estimativa da potência existente no local e constitui
parâmetro importante no dimensionamento de uma usina eólica. A razão entre a média do cubo
da velocidade de vento e o cubo da média da velocidade de vento é chamada de "fator de padrão
energético", que varia entre os valores 1.5 e 3. Embora a energia eólica disponível não possa ser
obtida do valor da velocidade de vento média, já que o fator padrão energético não é constante,
há suficiente correspondência entre altos valores de velocidade média e altas potências médias,
possibilitando uma avaliação qualitativa.

2.1 Princípios Operativos de Turbinas Eólicas

Uma turbina eólica é formada essencialmente por um conjunto de pás sob a ação do vento.
As forças que são exercidas sobre estas pás fazem com que estas girem em torno de um eixo. A
ação do vento sobre um corpo pode ser definida por duas componentes de forças: o arrasto e a

7
sustentação. A força de arrasto é a componente na direção da velocidade de vento relativa,
enquanto a força de sustentação é a componente perpendicular a esta direção (Figura 3).
A velocidade de vento relativa Vr é calculada levando em conta o fator de interferência (a)
sobre a velocidade de vento incidente (V) em uma turbina e o efeito da velocidade rotacional do
rotor eólico (w) na periferia do círculo de raio R, vale :

Vr  V (1  a)  w.R
Lembrando que nesta expressão todas as velocidades são vetores, pois possuem direções
distintas.
As forças de sustentação (FL) e de arrasto (FD) são proporcionais à densidade do ar, à área
das pás e ao quadrado da velocidade de vento relativa do aerofólio. As constantes de
proporcionalidade são definidas como coeficientes de sustentação (CL) e arrasto (CD), que são
funções do ângulo de ataque (α) e constituem características implícitas ao perfil aerodinâmico das
pás .
A força resultante sobre o rotor eólico, no plano de rotação, que contribui para o conjugado
desenvolvido pela pá, vale (Gimpel and Stodhart, 1958):

Fa  FL .sen  FD .cos
onde    
α = ângulo de ataque em relação ao plano de rotação (ângulo entre a velocidade de
vento relativa e o eixo de simetria do perfil aerodinâmico)

 = ângulo de passo do perfil aerodinâmico (ângulo entre o eixo de simetria do perfil


aerodinâmico e o plano de rotação)
As pás de turbinas eólicas modernas são construídas utilizando perfis aerodinâmicos
projetados para produzirem elevados coeficientes de sustentação. Um aerofólio apresenta uma
borda de ataque e uma borda de fuga, cuja distância entre seus pontos extremos constitui a corda
do perfil (que passa pelo eixo de simetria do perfil). Os perfis de turbinas eólicas modernas são em
geral do tipo plano-convexo (Gottingen) ou biconvexo (NACA). Ao longo da estrutura da pá, esta
pode apresentar uma torção para garantir um ângulo de ataque aproximadamente constante em
toda sua extensão.
As turbinas eólicas modernas apresentam um mecanismo de variação do ângulo de passo, a
fim de controlar a velocidade e, portanto, regular a potência gerada, reduzindo-se o ângulo de
ataque pelo aumento do ângulo de passo.
O projetista de turbinas eólicas, portanto tem à sua disposição diversas ferramentas para
garantir um bom projeto aerodinâmico, isto é, alta sustentação com baixo arrasto. Para o sistema
eólico como um todo, o projeto estrutural é vital a fim de garantir uma operação confiável, por
prolongado período (maior que 20 anos), com baixo custo de construção.

8
Figura 3. Vetores de velocidades e forças sob um perfil aerodinâmico

2.2 Classificação de Turbinas Eólicas

Na literatura técnica é comum distinguir as turbinas eólicas segundo os seguintes critérios:


- direção do eixo de rotação em relação ao vento (eixo horizontal e eixo vertical);
- qualidade das forças predominantes (arrasto e sustentação);
- quantidade de material existente no rotor (baixa e alta solidez).

As turbinas de eixo horizontal apresentam seu eixo de rotação em paralelo com a direção
do vento. Nestes tipos de turbinas se encontram os modelos multipás americano e as turbinas
eólicas rápidas de 3, 2 e 1 pás. A Figura 4 ilustra dois tipos de turbinas de eixo horizontal, uma de
pequeno porte e outra de alta potência. Nestes dois projetos distintos podem-se identificar as
similaridades de possuírem três pás e alta eficiência de conversão, serem regidas por forças de
sustentação predominantes, além de possuírem baixa área de material nas pás em relação à área
varrida pelo rotor eólico em movimento (baixa solidez). Estas máquinas apresentam velocidades de
rotação que produzem altas velocidades tangenciais nas pontas das pás (> 10 vezes a velocidade
de vento incidente).

Figura 4. Turbinas de Eixo Horizontal (pequena potência e alta potência)


10

As turbinas de eixo vertical são representadas principalmente pelos modelos Savonius e


Darrieus e funcionam com qualquer direção de velocidade de vento, como ilustradas na Figura 5.
Diferentemente das turbinas de eixo horizontal, este dois modelos de eixo vertical possuem
características extremamente distintas, que são expressas na Tabela 1.

Turbina Savonius Turbina Darrieus


Figura 5. Turbinas Eólicas de Eixo Vertical

Tabela 1. Características de Turbinas de Eixo Vertical

Turbina Savonius Turbinas Darrieus

● Predomina o arrasto; ● Predomina a sustentação;


● Alta solidez e baixa rotação; ● Turbina de baixa solidez;
● Baixa eficiência (Cpmax=10%); ● Alta rotação e eficiência;
● Utilizado em aplicações mecânicas e ● Não tem partida autônoma;
entreterimento;
● Esforços mecânicos severos sobre as pás;
● Simples construção;
● Frenagem complexa
● Inadequada para geração de eletricidade
● Turbina não-comercial

A qualidade das forças predominantes na operação de uma turbina eólica dita praticamente
suas características básicas. As turbinas que funcionam por arrasto (modelo Savonius, por
exemplo) apresentam normalmente baixas velocidades rotacionais, baixos rendimento
aerodinâmico e um custo elevado pela grande quantidade de material envolvido. As turbinas
rápidas como as tri-pás, bi-pás, monópteros e Darrieus, se caracterizam por operarem por susten-
tação apresentando elevadas velocidades e altos rendimentos aerodinâmicos sendo, portanto,
indicadas para geração de eletricidade.
Um importante parâmetro do projeto de turbinas eólicas é a relação entre a área total das
pás do rotor e a área varrida por estas, num perímetro correspondente a 70% do raio das pás. Este
parâmetro adimensional é conhecido por solidez () e vale (Gimpel e Stodhart, 1958):

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
11

n. c

0. 7 D
onde n = número de pás;
c = corda a 0.7 do raio das pás (m);
D = diâmetro do rotor (m).
A referência ao ponto de 70% do raio é utilizada, pois esta região das pás da turbina eólica
está sujeita aos maiores esforços estruturais. Pela análise de alguns projetos eólicos tem-se
observado que a solidez pode fornecer informações mais detalhadas sobre a operação da turbina.
Um rotor de alta solidez apresenta alto conjugado de partida e bom desempenho em baixas
velocidades. Rotores de baixa solidez operam a velocidades elevadas, a rendimentos maiores e
com pobre característica de partida. A solidez de turbinas eólicas modernas atinge valores entre
5% e 10%, já que devem ser projetadas para altas eficiências e altas velocidades o que implica
aplicações direcionadas à geração de energia elétrica. No caso de uma turbina eólica multipás a
solidez excede 50%.

2.3 Características de Turbinas Eólicas

A potência desenvolvida por uma turbina eólica depende da velocidade do vento e da


velocidade rotacional. A relação entre a potência, a velocidade do vento e a velocidade rotacional
são normalmente apresentadas por coeficientes adimensionais, a fim de tornar esta informação
aplicável em diversas circunstâncias. Dois parâmetros adimensionais mais largamente utilizados
para descrever estas relações são a relação de velocidades  e o coeficiente de potência Cp. O
primeiro é definido como:

w. R

V
onde R (em metros) é o raio do rotor eólico, medido na ponta da pá, w (em radianos por
segundo) é a rotação da turbina eólica e V é a velocidade de vento (em metros por segundo).
O coeficiente de potência Cp, também chamado de rendimento aerodinâmico de uma
turbina eólica, é um parâmetro adimensional normalmente expresso em função da relação de
velocidades  e do ângulo de passo , é definido como:

Pt
Cp 
2 AV
1 3

A dependência do coeficiente de potência com os parâmetros  e  depende do projeto


aerodinâmico e de uma série de procedimentos de construção das pás, logo esta relação, apesar
de muito utilizada nos modelos matemáticos para cálculo da energia gerada e nos estudos de
integração de aerogeradores nas redes elétricas, representa uma relação matemática de difícil
estimação prática. A Figura 6 ilustra uma relação teórica Cp(,) muito presente na literatura
técnica.
Outro parâmetro adimensional importante é o coeficiente de conjugado, definido como:

T Cp
Cq  
2 ARV 
1 2

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
12

onde T (em Newton vezes metro)é o conjugado desenvolvido pelo rotor eólico.
A Figura 7 ilustra as características de coeficientes de potência em função da relação de
velocidades para diversos tipos de turbinas eólicas, permitindo a comparação entre estes projetos
em termos de máxima eficiência e de faixa de velocidades rotacionais.

Figura 6. Coeficiente de potência em função da relação de velocidades e ângulo de passo

Figura 7. Características de rendimento de diversos projetos de turbinas

As características Cp () e Cq () de uma turbina eólica são ilustradas na Figura 8.


Nesta pode-se verificar que a potência desenvolvida por um rotor eólico é nula (Cp = 0) em dois
valores de relação de velocidades; quando o rotor está estacionário e quando a velocidade na
ponta da pá é várias vezes maior que a velocidade do vento. A máxima eficiência (Cpmax) é obtida
em um valor intermediário de relação de velocidades, o (relação ótima de velocidades). De
maneira análoga o conjugado desenvolvido pelo rotor é máximo (Cqmax) em uma determinada
relação de velocidades, Qmax, o que determina a região de operação estável da turbina para  >

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
13

Qmax. A região de baixas relações de velocidades é caracterizada pelo "estolamento" das pás,
isto é, a perda de sustentação que ocorre das seções externas da pá (ponta) para as internas (raiz
da pá).

Figura 8. Características Cp e Cq de turbina eólica

2.4 Características de Potência Gerada em uma Turbina Eólica

A quantidade de potência que pode ser extraída de um regime de vento depende da


quantidade de energia disponível e de características operativas do equipamento de conversão da
energia eólica. A potência de saída de um sistema de conversão de energia eólica é expresso por:

Pt  12 . Cp. . A. V3
onde Cp é chamado de coeficiente de potência, que representa a eficiência aerodinâmica da
turbina eólica e depende da velocidade de vento e da velocidade rotacional do rotor eólico.
Algumas estimativas da energia eólica extraível podem ser obtidas utilizando-se o valor
médio do coeficiente de potência ou a característica Cp(V) de um rotor eólico característico,
através da função de distribuição de probabilidade p(V), da seguinte forma:

Pt   . A. Cp (V ).V 3 . p(V ).dV  12  . A. Cp (V ).V 3 . p(V )
1
2
0

Outra expressão da energia extraível é o "fator de capacidade", que pode ser calculado
pela razão entre a potência extraível e a potência nominal do aerogerador ou da usina eólica.
Como a turbina eólica possui um dado valor de máximo coeficiente de potência (Cpmax)
que ocorre em uma dada relação de velocidades o para cada ângulo de passo, é importante
avaliar o que representa a operação em pontos de Cpmax. Além disto, devido à operação em altas
velocidades, os rotores de baixa solidez necessitam de dispositivos de controle e proteção a fim de
garantir confiabilidade e segurança aos equipamentos.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
14

Uma turbina eólica, operando a relação de velocidades constantes, apresenta uma


concordância linear entre a velocidade rotacional e a velocidade de vento, o que conduz a uma
característica de potência dependente do cubo da rotação, como ilustra a Figura 9 e pode ser
deduzida pela expressão abaixo:

C p max
Pt  12  . A.V 3.C p max  12  . A.R3.w3.
o 3
Torna-se praticamente difícil prever uma carga cuja potência consumida varie de forma
cúbica em ampla escala de rotação. Além disto, os próprios equipamentos de geração elétrica não
operariam acima de sua potência nominal. Assim é usual limitar a potência desenvolvida por uma
turbina eólica, de modo que, a partir da velocidade nominal de projeto VR, a rotação e, portanto a
potência, permaneçam aproximadamente constantes.
Esta limitação de potência pode ser implementada por diversas maneiras, entre elas: o
sistema de variação do passo (em turbinas de passo variável- controle de passo passivo ou ativo) e
o controle por "stall" (em turbinas de passo fixo). A variação do passo consiste no aumento do
ângulo de passo da pá , , com o aumento da rotação, levando a uma redução no ângulo de
ataque, que reduz a sustentação e o rendimento aerodinâmico de turbina. O efeito da variação do
ângulo de passo nas características de Cp de uma turbina típica é ilustrado na Figura 10, onde pode
se compreender o impacto deste mecanismo de regulação sobre a rotação do aerogerador.

Figura 9. Característica de potência de uma turbina eólica

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
15

Figura 10. Efeito do ângulo de passo no rendimento da turbina

2.5 Características Operacionais de uma Turbina Eólica

Das informações apresentadas anteriormente, pode-se definir algumas características


operacionais necessárias para uma aerogerador:
 Operação em máxima eficiência aerodinâmica (Cpmax), principalmente em ventos
baixos até o vento nominal;
 A partida de uma aerogerador é bastante favorecida se o mecanismo de passo
ajusta o ângulo β para altos valores (altos valores de Cq e altos conjugados de
partida);
 Acima da velocidade nominal, a potência gerada e a rotação devem ficar limitadas
evitando sobrecarga no gerador ou sobrevelocidades que podem significar
sobretensões;
 Acima de um valor superior de velocidade de vento é importante desligar o
aerogerador, reduzindo esforços excessivos sobre as pás.
Estas considerações estabelecem uma característica operacional Potência x velocidade de
vento particularmente constituída, como é ilustrado na Figura 11. Nesta algumas velocidades de
vento são definidas, pois representam pontos de transição da característica:
 VC velocidade de vento inicial ou de “cut-in” tipicamente em 60% da velocidade de
vento média de um local;
 VR velocidade de vento nominal, tipicamente entre 150 e 175% da velocidade de
vento média;
 VF velocidade de vento máxima ou velocidade de “cut-out” ou de “furling”,
tipicamente 300% da velocidade de vento média.
A característica de operação Pe(V) de uma turbina eólica fica definida pela determinação
dos parâmetros VC, VR e VF . Sabe-se que para velocidades inferiores a VC e superiores a VF, a
potência de saída é nula, já que nestas condições o sistema não deve estar acionado. Para
velocidades de vento compreendidas entre VC e VR, a potência depende das características da
carga e fica limitada pela curva de máxima potência convertida pela turbina (operação a  = o).
No intervalo entre VR e VF a potência absorvida é igual à nominal, e este intervalo é caracterizado
pela operação a rotação constante, apesar de seu formato depender se o mecanismo de regulação
é por controle de passo ou por “stall”.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
16

Figura 11. Característica operacional típica de uma turbina eólica

Na Figura 12 são apresentadas as características de potência de três turbinas eólicas


comercializadas no Brasil, ilustrando escolhas de projeto e características operacionais distintas, que
podem ser identificadas pelas curvas de Cp e de potência gerada simultâneas.

Turbina E-82 da Enercon/Wobben

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
17

Turbina Suzlon 2MW

Turbinas da IMPSA/Vensys
Figura 12. Características operacionais de turbinas comerciais no Brasil

3. Sistemas de Geração Elétrica em Turbinas Eólicas:

A conversão de energia mecânica em energia elétrica por meio de turbinas eólicas é promovida
pelo uso de geradores trifásicos síncronos ou assíncronos de corrente alternada, em diversas
arquiteturas, como ilustrado na Figura 13 [Heier, 1998]. O uso de cada tipo de gerador é função de uma
série de fatores que consideram normalmente:

 As características de amortecimento;
 A capacidade de consumo e/ou fornecimento de potência reativa;
 A resposta dinâmica frente a curtos-circuitos;
 A robustez de sua construção;
 A possibilidade de projeto e construção de equipamentos com alto número de pólos;
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
18

 Os custos de aquisição e de operação;


 As dificuldades de sincronismo com a rede elétrica.

Figura 13. Arquiteturas de Sistemas Eólicos Conectados à Rede Elétrica


Entre os diversos sistemas de conversão de energia eólica comercializados e que são apresentados
esquematicamente na Figura 13, destacam-se os seguintes sistemas de geração:

 geradores de indução em gaiola conectados solidamente à rede elétrica que caracterizam a


tecnologia que introduziu comercialmente a geração eólica e a viabilizou economicamente na
década de 80;
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
19

geradores de indução com rotor bobinado com controle eletrônico de resistência elétrica
conectada ao enrolamento de rotor, que buscou minimizar os problemas de estresses
mecânicos da primeira tecnologia;
 geradores de indução duplamente excitados, que hoje correspondem a cerca de 40% dos
sistemas instalados na Alemanha. Observa-se que a Alemanha possui cerca de 27GW em
turbinas eólicas instaladas e que a porcentagem de sistemas com estes geradores na Europa
pode chegar a valores percentuais maiores;
 geradores síncronos com bobina de campo (modelo ENERCON), que hoje atinge a cifra de 30%
das turbinas instaladas na Alemanha e número significativo das turbinas instaladas no Brasil;
 geradores síncronos com imãs permanentes, que correspondem a cerca de 4% das turbinas
alemãs, devendo crescer muito nos próximos anos.
Uma análise superficial destas tecnologias permite concluir que três tipos de geradores
predominam:

 geradores de indução ou assíncronos;


 geradores síncronos com excitação elétrica;
 geradores síncronos a ímãs permanentes.
Apesar das tecnologias discutidas nesta seção corresponderem a equipamentos em faixas de
médias e grandes potências, os princípios que nortearam o desenvolvimento destas tecnologias de
geração foram consolidados nas tecnologias em pequena potência, principalmente quando a aplicação
se referia à conexão a redes elétricas.

3.1 Geradores elétricos

Muitos tipos de máquinas elétricas servem para a função de geradores para turbinas eólicas,
contudo tanto em médias e grandes potências, em equipamentos conectados às redes elétricas, como
em pequenos aerogeradores para aplicações isoladas, o conceito de geradores elétricos de corrente
alternada se consolidou como alternativa mais adequada.
Neste capítulo são discutidos os diversos tipos de geradores elétricos para sistemas de geração em
turbinas eólicas. As características que definem a escolha por uma máquina elétrica específica serão
assunto que transcende este capítulo, mas suas bases se estabelecem aqui.
Diversos tipos de máquinas elétricas são/foram propostas para utilização em sistemas de geração
para turbinas eólicas, onde se pode elencar:

 Máquina de indução em gaiola ou com rotor bobinado;


 Máquina síncrona com excitação elétrica;
 Máquina síncrona a imãs permanentes.

3.1.1 Gerador de indução


A máquina de indução, mais genericamente conhecida por máquina assíncrona, possui uma
simetria estrutural com enrolamentos trifásicos em estator e em rotor. Esta estrutura se diversifica em
rotor, possuindo duas construções particulares:

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
20

 Rotor em gaiola: onde os enrolamentos são construídos de barras de material condutor


extrusadas a quente nas ranhuras do material ferromagnético. Em sua fabricação as
barras são curto-circuitadas por anéis terminais de mesmo material condutor. Esta
construção produz uma máquina robusta e de baixo custo;
 Rotor bobinado: onde os enrolamentos de rotor são construídos com fios de cobre, de
forma similar ao enrolamento de estator. Esta construção permite a conexão dos
terminais dos enrolamentos de estator por elementos passivos fechando seu circuito em
rotor ou por fontes externas, o que obriga a construção de um conjunto de três anéis
coletores e escovas que permitam a conexão elétrica entre o enrolamento girante e a
fonte estática.

A Figura 14 ilustra estas duas estruturas de máquinas assíncronas.

Rotor em Gaiola Rotor Bobinado

Figura 14. Tipos de geradores assíncronos


A máquina de indução requer mais material ativo em sua estrutura, sendo normalmente maior em
tamanho que uma máquina a imãs permanentes. Na máquina de indução a excitação de campo
magnético é provida pelo próprio enrolamento de estator e consequentemente este enrolamento
carrega potência ativa obtida da conversão e potência reativa requerida para excitação magnética. Isto
faz maiores as perdas no estator, exige condutores com maior seção e maior espaço nas ranhuras.
Baseado neste fato, e principalmente para aplicações em baixa potência, apesar de vários trabalhos no
tema [Miranda, 1998; Barbosa, 1997; Lyra, 1995], o uso comercial de geradores de indução para
turbinas eólicas em aplicações isoladas pode ser considerado inexistente.
O funcionamento da máquina de indução está extremamente relacionado às diferenças de
velocidade (rotação) entre os campos magnéticos girantes produzidos pelos enrolamentos de estator e
de rotor. Ora cada enrolamento trifásico ou polifásico produz, sobre circulação de correntes
equilibradas, um campo magnético girante cuja rotação é diretamente proporcional à frequência destas
correntes. É importante estabelecer as rotações existentes e as relações sobre estas da seguinte forma:

 ns = rotação síncrona = 2πfs – é a rotação do campo magnético produzido pelo


enrolamento de estator (rad/s);
 n = rotação do rotor – é a rotação do rotor da máquina (rad/s);
 nR = ns – n = rotação do escorregamento = 2πfr – é a rotação do campo magnético
produzido pelo enrolamento de rotor (rad/s);
 fs – é a frequência das correntes que circulam nos enrolamentos de estator (Hz);
 fR – é a frequência das correntes que circulam nos enrolamentos de rotor (Hz);
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
21

 s = (ns – n)/ns = fR/fs – escorregamento: grandeza adimensional importante na


compreensão do comportamento da máquina, pois representa a fração da velocidade
relativa entre o rotor e o campo magnético produzido pelo estator. Isto é, quando s = 1 a
máquina está parada e o campo magnético de estator cruza os enrolamentos do rotor na
rotação síncrona, mas quando s = 0 o rotor gira na mesma velocidade do campo de
estator, isto é na velocidade síncrona.

A máquina de indução com rotor em gaiola, devido a sua construção particular com enrolamento
de rotor fechado em curto-circuito por anéis terminais, é energizado apenas pelo enrolamento de
estator, sendo induzidas correntes no rotor quando há diferença de rotação entre o rotor e o campo
magnético produzido pelo enrolamento de estator, isto é, quando o escorregamento é diferente de
zero. Assim, as correntes induzidas em rotor são extremamente dependentes do escorregamento e logo
o conjugado eletromagnético e a potência produzida são funções do escorregamento. Na Figura 15 é
ilustrada uma curva típica de conjugado em função da rotação do rotor e do escorregamento, observa-
se nesta característica que em torno da rotação síncrona o conjugado é aproximadamente proporcional
ao escorregamento. Outro ponto singular é o de máximo conjugado, que ocorre em rotações não muito
distantes da rotação síncrona, e indica um limite de capacidade de geração de potência ativa.

Figura 15. Curva conjugado em função da rotação da máquina de indução


O comportamento da máquina de indução, tanto no modo de operação como motor
(escorregamento positivo) ou como gerador (escorregamento negativo), é normalmente determinado
por circuitos equivalentes que expressam as relações e dependências entre as grandezas dos dois
enrolamentos da máquina e seus parâmetros de alimentação.
A Figura 16 ilustra dois destes modelos usualmente empregados para estudo deste tipo de
máquina elétrica. Nestes circuitos se destacam os parâmetros dos enrolamentos de rotor,
especificamente sua resistência elétrica, que tem agregada o escorregamento da máquina. Este
parâmetro explicita a dependência da tensão induzida em rotor e da impedância de rotor com a
velocidade relativa entre campo girante de estator e rotação da máquina, isto é, com a rotação do
escorregamento.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
22

O primeiro circuito equivalente da Figura 16 representa o modelo genérico que pode ser utilizado
para estudo da máquina de indução com rotor em gaiola (bastando curto-circuitar a fonte de tensão de
rotor), da máquina de indução com rotor bobinado com resistências externas inseridas no rotor
(bastando incluir a resistência externa no lugar da tensão de rotor) ou da máquina de indução de dupla-
alimentação (bastando incluir uma fonte de tensão externa no circuito de rotor). O segundo circuito
equivalente desta Figura 16 constitui um modelo simplificado usualmente utilizado para estudos de
conexão da máquina de indução de rotor em gaiola na rede elétrica, e sua aproximação do circuito
original se deve apenas ao deslocamento do ramo de magnetização que simplifica bastante as equações
matemáticas.

Circuito Equivalente Convencional

Circuito Equivalente Simplificado


Figura 16. Circuitos equivalentes da máquina de indução

3.1.1.1 Gerador de indução conectado solidamente na rede elétrica

Quando uma máquina de indução está conectada solidamente à rede elétrica, isto é, seus
enrolamentos de estator estão diretamente energizados pela rede a tensão e frequência constante, o
comportamento da máquina como gerador é tipicamente análogo à sua operação como motor. Assim a
máquina normalmente opera a baixos escorregamentos, isto é, a rotação é praticamente constante e
próxima da rotação síncrona. Além disto, a máquina consome potência reativa para sua magnetização e
seu conjugado eletromagnético é diretamente proporcional ao escorregamento, como pode ser
verificado na expressão deduzida do circuito equivalente simplificado:

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
23

[ ]

[( ) ( ) ]

Observa-se nesta expressão que a inclinação da curva conjugado X escorregamento é


inversamente proporcional à resistência de rotor, o que faz, em máquinas de grande porte, que a
inclinação elevada dá a impressão de uma máquina que opera a velocidade constante, com
escorregamento nominal abaixo de 1%. Além disto, esta expressão permite inferir que o conjugado e a
potência gerada é função do quadrado da tensão terminal, o que fará a máquina acelerar em momento
de afundamentos momentâneos de tensão, devido a grande perda de conjugado eletromagnético, que
na operação geradora é frenante.
A Figura 17 ilustra um circuito equivalente completo de um aerogerador com gerador de indução
de rotor em gaiola, destacando o capacitor de correção de fator de potência e a impedância do sistema
externo (transformador mais rede elétrica). Da análise deste circuito pode-se inferir sobre o
comportamento deste gerador quando conectado a redes elétricas fracas (alta impedância) ou fortes
(baixa impedância) ou quando sujeitas a quedas de tensão.

Figura 17. Circuito equivalente incluindo sistema externo e capacitor de correção de reativos
Na Figura 18 são ilustradas condições operacionais distintas e seu impacto sobre a característica
conjugado versus velocidade da máquina de indução:
 Quando conectada a redes fracas, o conjugado se reduz, afetando a capacidade de
sobrecarga da máquina;
 Quando sujeitas a baixos níveis de tensão, o conjugado se reduz e a inclinação da curva
conjugado X velocidade também é muito afetada, fazendo a máquina operar com
maiores escorregamentos, e consequentemente maiores perdas;
 Quando se altera a resistência de rotor, incluindo resistências externas no circuito de
rotor de uma máquina de rotor bobinado, a inclinação da curva conjugado versus
velocidade é reduzida, mas isto não afeta a capacidade de conjugado, o que permitiria a
máquina amortecer estresses mecânicos. Esta característica justificou a introdução
desta máquina em substituição ao gerador de indução em gaiola para aerogeradores.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
24

Figura 18. Desempenho do gerador de indução frente a condições particulares da rede e do circuito de
rotor
Finalmente, na Figura 19, a característica de potência de um gerador de indução em gaiola é
associada à característica de potência de uma turbina eólica, através de caixa de multiplicação de
velocidades, permitindo identificação dos pontos de intersecção das duas curvas, que serão pontos de
operação para cada velocidade de vento. Observa-se nesta figura que aparentemente a máquina opera
a rotação constante em ampla faixa de velocidades de vento.

Figura 19. Acoplamento de características entre gerador e rotor eólico, através de uma relação de
transmissão de razão 58.

3.1.1.2 Gerador de indução duplamente alimentado

O gerador de indução duplamente alimentado constitui uma operação particular da máquina de


indução de rotor bobinado tendo alimentação independente nos enrolamentos de estator e nos
enrolamentos de rotor.
A configuração padrão do sistema de geração elétrica utilizando uma máquina de indução de
dupla alimentação, com aproveitamento da potência de escorregamento, é mostrada na Figura 20.
Neste sistema, o estator da máquina é ligado diretamente na rede elétrica e o circuito de rotor é

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
25

alimentado por dois conversores PWM e por um transformador responsável pela adequação do nível de
tensão.

Figura 20. Configuração básica da máquina de indução duplamente alimentada

Para controlar a velocidade, o conjugado e as potências ativa e reativa, tanto no modo


subsíncrono (abaixo da velocidade síncrona) quanto no supersíncrono (acima da velocidade síncrona), é
usada uma cascata estática, constituída de dois conversores PWM trifásicos com operação nos quatro
quadrantes, ou seja, completamente controlados. O conversor conectado nos terminais dos anéis
deslizantes é denominado de conversor do lado do rotor (Rotor Side Converter - RSC) e o outro de
conversor do lado da rede (Grid Side Converter - GSD). O fluxo de potência entre o circuito de rotor e a
fonte de alimentação pode ser controlado pela operação dos dois conversores.
O fluxo de potência pode fluir tanto do rotor do gerador de indução para a rede elétrica, como da
rede para o rotor. Para a transferência de potência elétrica do circuito de rotor para a fonte de
alimentação, faz-se necessário que os conversores operem respectivamente nos modos de retificação e
inversão. Quando os conversores são invertidos em suas funções, o fluxo de potência também muda de
direção.
O comportamento da máquina de indução duplamente excitada difere bastante da máquina de
rotor em gaiola, tendo em vista que a excitação da máquina (fluxo de potência reativa) é provida pelo
conversor de rotor e que a potência ativa gerada é também controlada pela injeção/consumo de
potência ativa no rotor. As particularidades desta operação são descritas por dois modos de operação
distintas, a saber:
 Modo subsíncrono: quando a velocidade do gerador encontra-se abaixo da velocidade
síncrona definida pela rede e pelo número de pólos da máquina. Nesta região, que
convencionalmente caracterizaria a operação como motor de uma máquina de rotor em
gaiola, a operação como gerador é possível a partir do fornecimento controlado de
potência ativa ao circuito rotórico;
 Modo supersíncrono: quando a velocidade do gerador encontra-se acima da velocidade
síncrona. Nesta região, que convencionalmente caracterizaria a operação como gerador
de uma máquina de rotor em gaiola, o controle de potência ativa é implementado pelo
consumo controlado de potência ativa do rotor.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
26

Figura 21. Fluxo de potência na máquina em operação sub-sincrona

Figura 22. Fluxo de potência na máquina em operação super-sincrona


A direção do fluxo de potência de um gerador de dupla alimentação, operando nas velocidades
supersíncronas e subsíncronas, resultado de um controle da potência gerada pelo circuito de rotor é
ilustrado nas Figuras 21 e 22. Quando a turbina eólica é sujeita a velocidades de ventos capazes de levar
o gerador a velocidades acima da velocidade síncrona, normalmente até 130%, o fluxo de potência é
aquele ilustrado no diagrama da Figura 22, que caracteriza a operação a velocidade supersíncrona.
Neste caso, a potência gerada total (PN), será a soma da potência rotórica (PR) com a potência estatórica
(Ps). Por outro lado, quando as velocidades de vento são menores e o gerador de indução estiver
trabalhando em velocidade inferior à síncrona, o fluxo de potência é aquele ilustrado pelo diagrama da
Figura 21, conhecido como operação a velocidade subsíncrona. Neste modo de operação, onde a
velocidade pode atingir até 70% da velocidade síncrona da máquina, a potência total gerada e fornecida
para a rede elétrica, será obtida a partir da diferença entre as potências estatórica e rotórica.
Analiticamente, pode-se, portanto, representar o fluxo de potência da máquina de indução
duplamente alimentada através das seguintes equações:

 Região supersíncrona: PN  Ps  PR
wsíncrono  wr  1.3wsíncrono
onde

 Região subsíncrona: PN  Ps  PR
0.7wsíncrono  wr  wsíncrono
onde
As características de potências estatórica e rotórica em função da velocidade de vento é ilustrada
na Figura 23, indicando a região onde se busca maximizar a potência gerada e a região onde se busca
limitar a potência gerada. Além disto, destacam-se os fluxos em modos de operação sub-sincrono e
supersincrono.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
27

Potência Estator
Potência Rotor
1

0.8

Potência Ativa [pu]


0.6

0.4

0.2

-0.2

-0.4

0 5 10 15 20 25 30
V V
cutin Velocidade de Vento [m/s] cutout

Figura 23. Características de potências de estator e rotor geradas na máquina duplamente alimentada
Devido a limitações no projeto de máquinas de indução com grande número de polos, a
tecnologia de aerogeradores com geradores de indução de dupla alimentação apresenta
obrigatoriamente uma caixa de transmissão, que multiplica a velocidade da turbina para acionar o
gerador na velocidade adequada à frequência da rede e seu número de polos.
Sobre as demais tecnologias que utilizam geradores assíncronos, esta tecnologia apresenta
diversas vantagens, entre elas [Akhmatov, 2003]:
 Capacidade de controle de potência reativa e de tensão;
 Desacoplamento da frequência elétrica da rede e controle da potência reativa com
independência do controle do conjugado e da corrente de excitação.

3.1.2 Geradores síncronos com excitação elétrica ou a ímãs permanentes

As máquinas síncronas são tradicionalmente operadas como geradores em usinas hidroelétricas e


termoelétricas desde o início da história dos sistemas elétricos em corrente alternada. São máquinas
que operam a velocidade constante, tendo a frequência das tensões geradas proporcional à sua rotação.
A máquina síncrona possui enrolamento trifásico em estator onde são induzidas as tensões
trifásicas que alimentam os sistemas elétricos modernos. Contudo, é no circuito de rotor que esta
máquina se diferencia, possuindo projetos particulares:

 Rotor bobinado: provê a excitação elétrica que induz as tensões no estator, regula tensões
e os fluxos de reativos entre máquina e rede;
 Rotor a ímãs permanentes: a excitação é provida por ímãs instalados no rotor em diversas
configurações, permitindo projetos especiais adequados a aplicações típicas;
 Rotor em relutância variável: não possui excitação no circuito de rotor, logo irá consumir
reativos, mas possui a vantagem de ter um rotor robusto e sem perdas elétricas.
As máquinas síncronas têm a capacidade de prover sua própria excitação, que pode ser obtida por
meio de um eletroímã no rotor (bobina de campo) ou através de imãs permanentes. A máquina
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
28

síncrona com excitação elétrica tem uma interessante característica quando comparada com a máquina
a imãs permanentes: excitação ajustável e, consequentemente tensão a vazio variável. Isto explica o
porquê do seu uso em sistemas de geração conectados à rede e a velocidade constante em
hidroelétricas e termelétricas.

Figura 24. Rotor de gerador síncrono de oito polos


A Figura 24 ilustra um rotor de uma máquina síncrona de oito pólos, ainda em processo de
bobinagem de seus enrolamentos de excitação.

Figura 25. Avanço da tecnologia a ímãs permanentes


As máquinas síncronas a ímãs permanentes se desenvolveram com o avanço da tecnologia dos
ímãs permanentes. Na Figura 25 pode-se identificar que no início da década de 70 houve o invento de
ímãs permanentes de terras raras, de alta energia, que notadamente permitiu um projeto de máquina
elétrica muito mais adequado e tornou a tecnologia deste tipo de máquina elétrica viável. Mas a
criatividade e flexibilidade que a excitação a ímãs permanentes fornece ao projetista, produziu uma
riqueza de topologias de máquinas, que em muitos casos se distanciavam da máquina de fluxo radial
clássica, ilustrada na Figura 26.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
29

Figura 26. Topologia da máquina a ímãs permanentes de fluxo radial


Para a máquina síncrona convencional, o comportamento pode ser avaliado por modelos
matemáticos simples como ilustrado na Figura 27, nestes modelos o gerador é representado por uma
fonte de tensão e sua impedância série. Os fluxos de potência ativa e de potência reativa são regidas
pelas seguintes equações:

Eaf VEQ Eaf VEQ cos   VEQ


2

P sin  Q
X s  X EQ X s  X EQ

Figura 27. Modelo matemático da máquina síncrona conectada a rede elétrica


Observa-se do circuito equivalente da Figura 27 e das equações anteriores que os fluxos de
potência ativa e reativa dependem da amplitude e da fase angular da força eletromotriz interna da
máquina, frente às amplitude e fase angular da tensão da rede elétrica.
Apesar da simplicidade da operação da máquina síncrona conectada à rede elétrica, este modo
operativo não é possível para aerogeradores. A operação a velocidade variável da turbina eólica é
incompatível com a operação do gerador síncrono conectado diretamente na rede elétrica, que
caracteriza uma operação a velocidade constante, logo problemas de sincronismo com a rede e de
estresses dinâmicos devido a oscilações angulares tornariam a operação impossível.

A conexão de geradores síncronos a redes elétricas através de conversores estáticos, onde as


questões de sincronismo com a rede, o controle dos fluxos de potência ativa e reativa são resolvidos

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
30

naturalmente no controle dos conversores, representa uma operação completamente diferente. Como
a máquina opera como fonte de tensão e é possível operar os conversores como fonte de corrente
controlada, o controle dos fluxos de ativos e reativos pode ser projetado para uma grande diversidade
de objetivos. Na Figura 28 é ilustrada a característica de potência gerada por um gerador síncrono a
ímãs permanentes, conectado a rede elétrica por conversores estáticos. Observa-se que o projetista
busca neste caso maximizar a potência ativa gerada em função da velocidade de vento que atinge o
rotor eólico que o aciona, mantendo a potência reativa nos terminais do gerador nula, o que maximiza a
utilização da capacidade do conversor e reduz as perdas na máquina elétrica.

Figura 28. Potências ativa e reativa fornecida por um gerador síncrono conectado a rede por
conversores estáticos
Para exemplificar o sucesso da estratégia operativa da Figura 28, na Figura 29 é apresentada a
eficiência do gerador nos mesma faixa operacional. Assim ilustra-se que na presença de um conversor
estático várias estratégias operacionais podem ser desenvolvidas e o controle da potência gerada pode
buscar atender a um dado objetivo operacional.

Figura 29. Eficiência do gerador elétrico em função de uma estratégia operacional

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
31

3.1.3 Análise comparativa dos geradores elétricos


Não é trivial comparar diversas tecnologias de geradores elétricos para turbinas eólicas, sem
considerar os aspectos específicos da conversão de energia. As turbinas eólicas operam em baixa
rotação, e assim é necessária uma caixa de multiplicação de velocidades para sua adequada operação na
conversão elétrica utilizando geradores convencionais. Contudo alguns aerogeradores foram projetados
com geradores para acionamento direto (do inglês “direct drive”), que prescindem desta caixa de
multiplicação e utilizam duas estratégias para adequação com a faixa de rotações típicas em turbinas
eólicas: grande número de polos e conversão em baixa frequência (entre 10 a 30 Hz). Assim, dois tipos
de aerogeradores se destacam: com caixa de multiplicação (do inglês, “geared”) e sem caixa de
multiplicação (do inglês, “gearless”), como ilustra a Figura 30.
Os geradores de acionamento direto (“direct drive”) constituem uma possibilidade para melhoria
da conversão em aerogeradores [Grauers, 1996], desde que podem reduzir os custos da eletricidade
produzida nestes artefatos. Estes geradores diferem de outras máquinas elétricas principalmente
porque são projetados para operação em baixa rotação e baixa frequência, além de possuir um ciclo de
carga específico da conversão eólica, para o qual são otimizados. Os principais fatores que permitem os
geradores de acionamento direto constituírem soluções de menor custo são:
- Eliminação da caixa de multiplicação de velocidades: O custo e as perdas deste artefato são
evitados. Contudo os geradores de acionamento direto são mais caros e menos eficientes que os
geradores convencionais o que ameniza estes aspectos;
- Manutenção reduzida: Este constitui um fator muito relevante, pois afeta o custo operacional que
agrega o efeito de disponibilidade do aerogerador.

- Projeto da nacele do aerogerador pode ser simplificado: O gerador de acionamento direto deve
agregar um projeto em harmonia com o rotor eólico, simplificando o projeto total, com impacto nos
custos.
Definido o conceito de geradores de acionamento direto, persiste ainda questões sobre a escolha
entre geradores síncronos a excitação elétrica e a imãs permanentes. Contudo considerando-se que
para um dado conjugado nominal, as máquinas síncronas com maior número de polos são capazes de
uma redução de massa no núcleo de estator e de rotor, além de naquelas máquinas com menor passo
polar podem agregar redução de massa e de custo [Grauers, 1996]. As máquinas síncronas com
excitação elétrica não se adéquam a configurações de enrolamentos com passo encurtado, além de
possuírem rotores mais pesados e mais volumosos que aquelas com imãs permanentes, para criar a
mesma densidade de fluxo no entreferro.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
32

Figura 30. – Arquiteturas de Sistemas de Geração para Aerogeradores

Apesar de serem mais caros, a presença de imãs permanentes eliminam as perdas da bobina de
excitação e permitem menores passos polares do que aqueles permitidos pela excitação elétrica. Assim
as máquinas a imãs permanentes podem ser menores, sendo seus passos polares limitados pelo
aumento do fluxo de dispersão nos imãs. A comparação feita constitui uma avaliação ainda simplificada
e não incluiu o impacto da reação de armadura das correntes de estator.

A solução em geradores síncronos a imãs permanentes torna-se a cada dia mais competitiva e o
grande número de projetos em desenvolvimento anuncia uma breve mudança na tecnologia
comercializada.

3.2 Conversores estáticos

Os conversores estáticos desempenham papeis diversos em um sistema de conversão de energia


eólica, podendo-se encontrar:

 Conversores estáticos para controle da corrente de conexão do gerador elétrico na rede


elétrica: muito comum na configuração com gerador de indução em gaiola (Figura 31);

Figura 31. Conversor limitador da corrente de conexão de gerador elétrico


 Retificadores a diodos para a conversão corrente alternada em corrente continua (Figura
32);

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
33

Figura 32. Retificador a diodos


 Conversores CA-CC ou CC-CA a IGBT’s: para operar como retificadores ou como inversores
(Figura 33)

Figura 33. Conversor CC-CA a IGBT's

 Conversores para proteção de circuitos: chopper de descarga ou crow-bar para proteção


de barramentos CC de conversores de potência (Figura 34).

Figura 34. Conversores estáticos em circuitos de proteção

3.2.1 Características da Conversão Estática


Para operação a velocidade variável, as usinas eólicas que utilizam geradores síncronos
apresentam-se em duas estruturas distintas dos conversores estáticos de potência. Estas arquiteturas
são:
 Aerogerador síncrono com retificador a diodos e conversor boost;
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
34

 Aerogerador síncrono com retificador PWM


Estas alternativas apresentam diferenças apenas no estágio de retificação (conversão CA-CC) dos
conversores de potência, mantendo-se o inversor PWM no estágio de inversão (conversão CC-CA). Estas
diferenças nas características construtivas afetam o comportamento operacional destas tecnologias,
com reflexos sobre o custo de instalação, e merecem, portanto, estudos técnico-econômicos
comparativos que apontem a estrutura mais vantajosa. Verifica-se na literatura que a estrutura com
retificador a diodos prepondera, tendo como principal parâmetro de decisão o seu baixo custo.
Na figura 35 é apresentada a estrutura funcional elétrica básica da primeira tecnologia para
aerogeradores síncronos onde se destacam um conversor estático com retificador trifásico não
controlado, conversor CC/CC boost (elevador de tensão), dois barramentos CC e um conversor trifásico
PWM. Os dois barramentos CC são de características diferentes: o próximo do retificador opera a tensão
CC variável, enquanto aquele próximo ao inversor opera com tensão CC fixa ou aproximadamente
constante.
Esta tecnologia ao apresentar um retificador a comutação natural do lado do gerador elétrico,
atribui ao gerador a necessidade de gerar tensões sempre superiores que a tensão no primeiro
barramento CC logo após o retificador. O conversor CC-CC boost cumpre a função de elevar a tensão
para o segundo barramento CC em função da velocidade de rotação da turbina e portanto compatível
com a potência a ser convertida.
Apesar de não comentado na literatura técnica e pouquíssima informação estar disponível pelos
fabricantes, uma regulação parcial de tensão é feita no primeiro barramento CC através do ajuste no
nível de excitação de campo do alternador, garantindo melhoria no comportamento do conversor CC-
CC.
Na figura 36 é apresentada a arquitetura com dois conversores PWM. Esta tecnologia apresenta
grande versatilidade já que os dois conversores são de projeto equivalente e controles similares. Além
disto permite explorar com grande flexibilidade a operação a velocidade variável do gerador com alto
desempenho dinâmico. Sendo o barramento CC com nível de tensão fixo e mais elevado que os dois
barramentos CA (o do gerador a frequência variável e o da rede a frequência fixa) é possível para o
controle forçar o consumo ou o fornecimento de potência ativa e reativa mesmo em velocidades
rotacionais extremas. Esta arquitetura de potência é mais comumente empregada quando o gerador
síncrono é a imãs permanentes.

Figura 35. Sistema de Conversão Estática com Três Conversores

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
35

Figura 36. Sistema de Conversão Estática com Dois Conversores PWM


Ao lado de uma estrutura simplificada e com reduzidas perdas em dispositivos de potência, esta
topologia auxilia na partida do sistema de geração com acionamento direto do gerador a imãs
permanentes, já que permite injetar potência ativa em sentido inverso nos terminais do gerado como
ilustra a figura 36. Para manter a tensão CC constante em larga faixa de velocidades, o retificador PWM
trabalhará como conversor elevador de tensão. Mas nesta situação um grande compromisso há entre o
dimensionamento das chaves semicondutoras e as características de projeto do gerador.

A conexão com a rede através de um transformador é normalmente composta também de filtros


para minimizar a penetração de harmônicos na ordem da frequência de chaveamento na rede elétrica.
Destaca-se na literatura técnica a utilização de filtros RL série, LCL série-paralela ou filtros sintonizados
nas frequências próximas à frequência de chaveamento.

Com a topologia acima descrita, é possível implementar o controle da potência ativa gerada
através do controle de corrente do conversor do gerador, de forma tal a se trabalhar em um ponto
ótimo de extração de potência para uma dada velocidade de vento local. O controle de conversor do
lado da rede possibilita entrega máxima da energia gerada para a rede, podendo ainda, contribuir para
compensação da potência reativa da rede elétrica aproveitando a ociosidade em sua potência aparente
nominal ou pode minimizar distúrbios como flutuações de tensão, harmônicos e desequilíbrios,
melhorando a qualidade da energia elétrica fornecida aos consumidores.

4. Engenharia de Sistemas de Conversão de Energia


Eólica:

A operação de um aerogerador é caracterizada por faixas de variação de velocidade de vento,


tendo como referência a velocidade de vento nominal do equipamento.

Um aerogerador possui uma velocidade de vento mínima de partida que permite a conexão do
gerador à rede, chamada de velocidade (de vento) de acionamento (Vcut-in), abaixo da qual não é
razoável manter o gerador operando pela baixíssima potência gerada ou mesmo pela possibilidade de
motorização. De forma similar existe uma velocidade de retirada ou velocidade máxima (Vcut-out)
suportada pelo gerador que garante uma operação segura. Esta velocidade é o limite superior e, se
ultrapassada, pode impor danos tanto à turbina, quanto ao gerador e à caixa de transmissão.

Quando acionado por uma turbina eólica, um gerador elétrico deve se comportar da seguinte
forma, como ilustrado na Figura 37:

 Na região sub-nominal (quando a velocidade de vento no local de instalação da turbina é


inferior à velocidade de vento nominal da turbina): neste caso, o gerador elétrico deve operar

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
36

com potência ativa variável em função da velocidade de vento, podendo nas tecnologias a
velocidade variável garantir máxima eficiência da conversão. Por isto esta região é conhecida
como região de otimização de potência, e o controle de potência é eletromagnético (ou
elétrico ou eletrônico, se existir);
 Na região nominal (quando a velocidade de vento é igual ou superior à velocidade nominal da
turbina): neste caso, a potência ativa gerada deve ser constante e igual ao valor nominal, por
ação do sistema de controle de passo (nas tecnologias a velocidade variável) ou de regulação
por estol (nas tecnologias a velocidade constante). Esta região é também denominada de
região de limitação de potência e o controle de potência é mecânico ou aerodinâmico.

Região
Nominal
1
Potência Gerada [pu]

0.8

Região Sub-
Nominal
0.6

0.4

0.2

0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
V V
cutin Velocidade de Vento [pu] cutout

Figura 37. Curva da Potência Extraída em Função da Velocidade do Vento


Estas características operacionais destacam, principalmente na região sub-nominal, uma grande
divisão das tecnologias: as arquiteturas a velocidade constante (ou fixa) e as arquiteturas a velocidade
variável.
No que diz respeito à geração alternativa de energia, as centrais eólicas conectadas às redes
elétrica são classificadas basicamente pela tecnologia das máquinas elétricas e pelos seus respectivos
sistemas de acionamento, definindo a operação em velocidade constante e a operação a velocidade
variável. As centrais eólicas que operam a velocidade variável oferecem mais benefícios quando
comparadas com centrais a velocidade constante, uma vez que uma potência maior pode ser extraída
do vento, tendo em vista a operação a coeficiente de potência máximo e a relação de velocidades
constante na região sub-nominal. Além disso, existem outras vantagens como: menor estresse
mecânico, ruídos de menor intensidade e a habilidade em fornecer potência reativa à rede elétrica (Li et
al., 2006).

As curvas características de potência versus rotação, para vários valores de velocidade de vento,
ilustram bem as diferenças em termos de otimização da potência para aerogeradores que operam a
velocidade constante ou variável. Conforme ilustra a Figura 38, o gerador opera em uma velocidade
constante que é determinada pela frequência da rede elétrica, pelo número de pólos e a relação de
transmissão, independente da velocidade de vento incidente. Neste caso o gerador somente é capaz de
atingir o ponto ótimo da curva quando a velocidade do vento, neste caso, é de 11 m/s, causando uma
perda de potência para velocidades diferentes.
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
37

Quando a tecnologia de aerogerador é conectada ao sistema elétrico por meio de conversores de


frequência, é possível realizar o controle de potências ativa e reativa independentemente. A turbina
éolica é capaz de atingir o ponto ótimo da curva de potência versus rotação para outras velocidades de
vento, já que o gerador opera a frequência variável, resultando em maior eficiência energética,
conforme mostra a Figura 39.

Para a produção de energia elétrica através dos aerogeradores, são utilizados dois tipos de
máquinas elétricas: as síncronas e as assíncronas. Os geradores assíncronos, quando de indução em
gaiola de esquilo, são empregados para aplicações em velocidade constante, enquanto que os geradores
de indução com rotor bobinado e os síncronos são, geralmente, utilizados em conjunto com conversores
estáticos caracterizando sistemas que operam velocidade variável.

Figura 38 Características de potência de aerogerador a velocidade constante

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
38

Figura 39 Características de potência de aerogerador a velocidade variável

4.1 Arquitetura de Aerogeradores a Velocidade Fixa

Os sistemas de conversão de energia eólica podem ser classificados como sistemas que operam a
velocidade constante e sistemas que operam a velocidade variável. Estes modos de operação são função
da tecnologia de conexão do gerador à carga ou à rede elétrica.
A conexão direta na rede elétrica de aerogeradores caracteriza o conceito de turbinas eólicas
operando a velocidade constante (“conceito dinamarquês”), que dominou as usinas eólicas no mundo
durante as duas últimas décadas do século passado, prioritariamente utilizando geradores de indução
em gaiola. A operação a velocidade constante pressupõe normalmente o uso de geradores com uma
excursão bastante restrita de velocidade, o que normalmente afeta seu aproveitamento energético. Em
contrapartida, estes sistemas por estarem mais rigidamente conectados às redes elétricas, são mais
susceptíveis às variações de tensão (perda de excitação em geradores de indução) e aos problemas de
estabilidade (principalmente quando se usam geradores síncronos, o que praticamente eliminou esta
opção entre os sistemas instalados no mundo). Neste tipo de conexão, o amplo uso de geradores de
indução em gaiola se justifica pela facilidade de sincronismo com a rede elétrica e pela limitada
contribuição a curtos-circuitos.
Em função da necessidade de geração de energia elétrica à frequência constante e do elevado
custo das tecnologias a velocidade variável, os primeiros sistemas de geração eólica utilizaram
topologias a velocidade constante, semelhantes aos sistemas de geração convencional. Assim, a rotação
da turbina é vinculada à frequência da rede, ao número de polos da máquina elétrica e à relação da
caixa de transmissão mecânica. A operação segundo esta estratégia implica que o rendimento ótimo
será obtido apenas na velocidade de vento nominal, reduzindo a capacidade energética anual da usina.
Além disso, gera maiores esforços mecânicos sobre o sistema, aumentando o risco de indisponibilidade,
e impossibilita o controle do fluxo de reativos.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
39

A limitação da potência transformada pelo sistema eólico garante a segurança operacional dos
equipamentos. A potência de grande parte das usinas a velocidade constante é limitada de forma
passiva, isto é, utiliza o efeito aerodinâmico de stall da turbina para garantir a geração de potência
inferior à nominal para velocidades de vento superiores à velocidade de vento para a qual o sistema foi
projetado. Apesar da simplicidade, pois não necessita de um sistema de controle e atuadores dedicados
ao grampeamento da potência eólica, o controle por stall, além de causar maiores esforços mecânicos
sobre os componentes do sistema, não se comporta idealmente, isto é, a potência gerada para
velocidades de vento acima do valor nominal são inferiores à potência máxima, o que causa redução na
capacidade de geração da usina.

4.2 Arquitetura de Aerogeradores a Velocidade Variável

Em sistemas de conversão de energia eólica que operam com velocidade variável, a conexão na
rede elétrica é feita normalmente pela utilização de conversores estáticos e prioritariamente com uso
de barramentos intermediários em corrente contínua, tecnologia que é dominante nos sistemas
modernos de conversão de frequência utilizados nos acionamentos industriais. A conexão estática
permite o controle desacoplado de potência ativa e reativa, o amortecimento efetivo das flutuações de
potência, a operação com máxima eficiência energética e a minimização dos problemas de qualidade da
energia gerada (dependente da tecnologia a ser utilizada), facilitando sua integração em redes fracas.

Em alguns equipamentos, o uso de geradores síncronos com excitação elétrica (bobina de campo),
embora representem investimentos mais elevados, se justifica pela possibilidade da aplicação de
retificadores à comutação natural, consideravelmente mais baratos. Além disto, a possibilidade de
projetos com alto número de polos permite a redução das relações de transmissão mecânica, ou mesmo
a eliminação das caixas de transmissão, como nas turbinas “gearless”, atualmente identificadas também
pelo termo “direct drive”. Nesta tecnologia competem os aerogeradores com geradores síncronos com
excitação elétrica, a exemplo dos modelos de turbinas eólicas comercializadas pela ENERCON
(atualmente denominado “conceito alemão”) e os geradores síncronos a imãs permanentes.
Apesar do uso de geradores de indução com rotor em gaiola ser competitivo devido a sua inerente
robustez, esta máquina quando compondo um aerogerador a velocidade variável, requer retificadores a
comutação forçada, que apresentam custos mais altos que as outras tecnologias disponíveis. Estes
conversores são projetados para uma potência aparente mais elevada, em razão do consumo de
potência reativa da máquina elétrica e logo, esta tecnologia ainda é pouco atrativa ao mercado.

Já o uso de geradores de indução com rotor bobinado, em sua estrutura mais utilizada com dupla
alimentação, embora represente, à semelhança dos geradores síncronos, investimentos e custos de
operação mais elevados, permite a especificação de conversores estáticos com potência aparente
bastante inferior (cerca de 30 a 40% da potência nominal da máquina), o que explica o elevado número
de modelos atualmente disponíveis no mercado. Todavia, os geradores de indução duplamente
excitados permitem uma excursão de velocidade limitada a 30% em torno do valor nominal,
dependendo da potência de seus conversores estáticos de rotor, limitando sua capacidade de
otimização energética. Além disto, ao utilizar-se um conversor de menor potência, estes geradores
possuem menor capacidade de compensação de distúrbios nas tensões das redes elétricas onde se
encontram conectados.
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
40

Apesar do aumento do custo inicial do projeto, diversos benefícios são decorrentes da utilização de
topologias a velocidade variável. A capacidade de extração de potência com máximo rendimento, a
redução dos esforços mecânicos, a capacidade do controle da injeção de reativos no sistema, mesmo
em momentos de falta, a melhoria da qualidade da energia elétrica gerada são alguns dos fatores mais
relevantes. Em (BURTON, et al., 2001), é realizado um cálculo comparativo da energia elétrica gerada
por usinas a velocidade constante e a velocidade variável. Relata-se um ganho de 6% das topologias a
velocidade variável. Os custos adicionais das turbinas a velocidade variável são decorrentes da utilização
de dispositivos semicondutores de potência e da aplicação de mecanismos para variação do ângulo de
passo, garantindo regulação de potência próxima à curva ideal.

Controle de passo Regulação por stall


Figura 40 Comparação entre curvas de potência típicas de turbinas a velocidade constante e a
velocidade variável
A Figura 40 compara a característica típica de operação de uma turbina à velocidade variável, com
limitação da potência máxima através da variação do ângulo de passo, e uma turbina a velocidade fixa,
com controle por stall (HANSEN, 2008), podendo-se identificar o ganho de potência da primeira em
relação à segunda. A Figura 41 compara a potência ativa gerada pela turbina de 2 MW em estudo em
aplicações a velocidade variável e a velocidade constante, considerando valores para a velocidade de
vento inferiores ao valor nominal de 12 m/s.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
41

Figura 41 Comparação da operação de uma turbina a velocidade constante e uma turbina a velocidade
variável para ventos abaixo do vento nominal

5. Tecnologias de Aerogeradores:

5.1. Tecnologias Comerciais

Neste documento serão apresentadas cinco tecnologias de aerogeradores, sendo duas operando
em velocidade constante, máquina de indução (GI), e uma com gerador de indução com rotor bobinado
com chaveamento de resistores no rotor, semelhante ao modelo comercializado pela Suzlon e outras
três operando em velocidade variável, compreendendo duas tecnologias com gerador síncrono e uma
com gerador de indução duplamente alimentado (DFIG).
Nota-se, atualmente, uma tendência de maior utilização de aerogeradores em velocidade variável,
posto que são mais comercializados (Medeiros et al., 2005). Assim foram levadas em conta as
características elétricas e operacionais das tecnologias eólicas, estudadas sob o ponto de vista da
qualidade de energia elétrica.
A aplicação de cada um desses aerogeradores é função de uma série de fatores, que consideram
normalmente:
 as características de amortecimento do gerador;
 a capacidade de consumo e/ou fornecimento de potência reativa;
 o nível de contribuição para curtos-circuitos;
 a robustez de sua construção;
 a possibilidade de projeto e construção de equipamentos com alto número de polos;
 os custos de aquisição e de operação e
 as dificuldades de sincronismo com a rede elétrica.
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
42

As principais características de cada uma das tecnologias estudadas serão apresentadas a seguir,
buscando consolidar uma compreensão maior dos aerogeradores comercialmente existentes.

5.1.1 Gerador de Indução em Gaiola (IG)


A tecnologia que emprega o gerador de indução em gaiola é um exemplo de aerogerador que
opera a velocidade constante. A configuração construtiva mais empregada compõe-se de um gerador de
indução com rotor em gaiola, conectado ao eixo da turbina por meio de uma caixa de transmissão
mecânica.
Os terminais elétricos do estator são conectados diretamente à rede elétrica, eliminando a
necessidade de conversores eletrônicos de potência em operação nominal. É usual a existência de um
conversor tipo soft starter para a redução da corrente transitória de magnetização do gerador de
indução, bem como de um banco de capacitores para correção do fator de potência local. O esquema
básico para esta tecnologia é ilustrado na Figura 42.

Figura 42 Topologia do Aerogerador com Gerador de Indução com Rotor em Gaiola

Esta tecnologia de aerogerador é bastante simples e não possui qualquer tipo de controle de
potência, operando em velocidade constante, determinada pela frequência da rede elétrica à qual a
mesma encontra-se conectada, independente da velocidade do vento.
O gerador de indução trabalha em uma faixa de operação de velocidade ligeiramente
supersíncrona, estabelecendo um escorregamento negativo. A ausência de elementos armazenadores
de energia em sua estrutura permite que todos os distúrbios inerentes às variações da potência
existente no vento (rajadas de vento) sejam diretamente transferidos à rede elétrica, ocasionando
diversos problemas de qualidade de energia para o consumidor final. Estes problemas se agravam
quando esta tecnologia de aerogerador é instalada em locais de baixa potência de curto-circuito
(Mendes et al., 2008). Além destas desvantagens, esta configuração apresenta um custo final mais
elevado em comparação com outros aerogeradores, proveniente, em grande parte, pela necessidade
constante de manutenção de sua caixa de transmissão mecânica. Devido aos problemas mencionados
essa tecnologia vem sendo gradualmente substituída. Entretanto ainda há uma considerável potência
instalada de usinas eólicas utilizando geradores de indução em todo o mundo, razão pela qual, ainda
hoje, diversos estudos ainda devem ser considerados (Silva et al., 2006).

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
43

5.1.2 Gerador de Indução com Resistores Chaveados no Rotor

Ainda existe no mercado mais uma tecnologia de aerogerador que opera a velocidade constante,
apesar desta classificação não ser acolhida com unanimidade na literatura técnica, pois é muito usual
encontrar a citação de “sistema com faixa velocidade restrita”. A Figura 43 apresenta o esquema
simplificado de um aerogerador similar ao comercializado pela Suzlon. Este aerogerador é constituído
por uma máquina de indução de rotor bobinado, um conjunto de resistências ligadas no rotor, um
retificador a comutação natural e um conjunto de chaves semicondutoras a IGBT’s, responsável pela
comutação das resistências continuamente.

Figura 43 Esquema do Aerogerador com Gerador de Indução com Resistores Chaveados no Rotor

Um sistema de controle denominado Suzlon Flexislip System controla a entrada ou saída do banco
de resistores e, por consequência, a potência gerada pela turbina, mas com o objetivo de minimizar
distúrbios mecânicos durante transitórios de vento ou da rede elétrica. Quando as chaves são
desligadas, o valor total das resistências está conectado no circuito de rotor. Do contrário, as
resistências externas são curto-circuitadas, restando apenas as resistências do enrolamento do rotor.

O valor da resistência externa pode ser definido pelo controle através da medição da velocidade do
gerador e da potência ativa de saída. Quando as correntes de rotor excedem um valor pré-determinado,
durante uma falta no sistema, a proteção do aerogerador atua através de uma estrutura denominada de
crowbar, que instantaneamente substitui a resistência atual do rotor pela resistência do crowbar,
dissipando com isso a energia excedente provocada pelo defeito.

5.1.3 Gerador Síncrono com Conversores PWM (GSINC)

A utilização de geradores síncronos na construção de usinas eólicas que operam a velocidade


variável surge atualmente no mercado como uma alternativa bastante atrativa para eliminação da caixa
de transmissão mecânica. Conectadas à rede por meio de conversores de frequência, estas usinas
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
44

podem operar em baixa velocidade rotacional graças a grande quantidade de polos magnéticos de seu
gerador (Silva et al., 2006).

A configuração da tecnologia adotada consiste de um gerador síncrono com excitação


independente de campo e de conversores de frequência PWM (Pulse-Width Modulation) em operação
retificadora e inversora. O conversor do lado da rede promove o controle da tensão no barramento CC
através da injeção de corrente na rede funcionando como um inversor. Ele tem a função de converter a
energia elétrica gerada a frequência fixa do sistema elétrico. Já o conversor do lado do gerador controla
a potência convertida da turbina, funcionando como um retificador controlado, convertendo a energia
gerada a frequência variável em corrente contínua para o barramento CC intermediário. Os pulsos
fornecidos aos conversores são provenientes de comandos PWM independentes.

No barramento CC, que conecta os conversores, um chopper de frenagem é utilizado para dissipar
a energia excedente do capacitor durante transitórios. O chopper é acionado cada vez que a tensão no
capacitor ultrapassa um determinado limite, equilibrando variações no fluxo de potência e, ao mesmo
tempo, evitando um aumento excessivo na tensão do barramento. O chopper aumenta a
suportabilidade do aerogerador frente às faltas e pode ser considerado como um importante dispositivo
de ride-through (Ramos, 2010). Um filtro do tipo LC minimiza os harmônicos produzidos pelo
chaveamento dos conversores. O diagrama simplificado dessa tecnologia está apresentado na Figura 44.

Figura 44 Configuração do Gerador Síncrono com Conversores PWM

5.1.4 Gerador Síncrono com Retificador a Diodos

A quarta tecnologia de aerogerador estudada também é constituída de um gerador síncrono tendo


no estágio de retificação um retificador a diodos. Sendo bastante difundido em todo o mundo, o
aerogerador fabricado pela empresa alemã Enercon caracteriza-se por apresentar geradores síncronos
com excitação elétrica por bobina de campo, uma ponte retificadora a diodos, um chopper elevador de
tensão, barramento CC regulado e um conversor PWM conectado à rede elétrica. Esta tecnologia
encontra-se em potência nominal superior a 2,0 MW, sendo que protótipos em potência elevada
encontram-se em fase de testes na Alemanha (Silva et al., 2006).

Comparada com as outras tecnologias com gerador síncrono, esta alternativa apresenta duas
características principais que as diferem: a presença de um gerador síncrono hexafásico e um conversor
a comutação natural do lado do gerador para realizar a retificação CA-CC. A Figura 45 apresenta a
estrutura básica desta tecnologia para aerogeradores síncronos, onde se destacam o conversor estático
com retificador não controlado, conversor CC/CC boost (elevador de tensão), dois barramentos de
corrente contínua e um conversor trifásico PWM.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
45

Figura 45 Configuração de um Aerogerador Utilizando a Tecnologia Similar à Comercializada pela


Enercon

Os dois barramentos de corrente contínua são de características diferentes: o próximo do


retificador a diodos opera a tensão CC variável, enquanto aquele próximo ao inversor opera com tensão
CC regulada ou aproximadamente constante. Como esta tecnologia apresenta um retificador à
comutação natural do lado do gerador elétrico existe a necessidade de gerar tensões sempre superiores
que a tensão no primeiro barramento CC logo após o retificador.
O conversor CC-CC boost cumpre a função de elevar e regular a tensão para o segundo barramento
CC em função da velocidade de rotação da turbina e, portanto, compatível com a potência a ser
convertida.

5.1.5 Gerador de Indução Duplamente Alimentado (DFIG)

O gerador de indução duplamente alimentado (DFIG) é uma das tecnologias mais competitivas
para aerogeradores que operam a velocidade variável. Esta tecnologia é composta de uma máquina de
indução com rotor bobinado e, portanto, com alimentação através de anéis deslizantes onde o estator
está solidamente ligado à rede através do transformador. O circuito de rotor, por sua vez, é alimentado
por um conversor CA/CC/CA construído por duas pontes conversoras trifásicas PWM e conectadas entre
si através de um circuito intermediário em corrente continua (barramento CC)(Mendes et al., 2008),
como ilustra a Figura 46.
Essa configuração possibilita que o gerador de indução de dupla alimentação trabalhe variando a
velocidade dentro dos limites de operação impostos pela turbina eólica, isto é, em rotação subsíncrona
e supersíncrona. Essa tecnologia permite fornecer energia para a rede, com a máquina trabalhando
abaixo, acima e, inclusive, na velocidade síncrona (Oliveira, 2004). O fluxo de potência pode se
estabelecer tanto do rotor do gerador de indução para a rede elétrica como no sentido inverso. Para a
transferência de potência elétrica do circuito de rotor para a fonte de alimentação, faz-se necessário
que os conversores operem respectivamente nos modos de retificação e inversão. Quando os
conversores são invertidos em suas funções, o fluxo de potência também muda de sentido.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
46

Figura 46 Sistema de um Aerogerador a Velocidade Variável Utilizando Gerador de Indução


Duplamente Alimentado
Uma estratégia de controle vetorial é adotada para a realização do controle de injeção/consumo
de potência pelo rotor, gerando pulsos PWM independes para os IGBT’s (Insulated Gate Bipolar
Transistor). O conversor do lado da rede controla a tensão no barramento CC e a potência reativa do
rotor. O conversor do lado do rotor controla a potência ativa do rotor e a potência reativa do estator,
utilizando uma estratégia de orientação das grandezas segundo o fluxo de estator, garantindo um
desacoplamento quase ideal entre os canais de controle de potência ativa e reativa.
A tecnologia com gerador de indução duplamente alimentado é atrativa por ser uma tecnologia a
velocidade variável, possuir menor impacto nas redes elétricas que a tecnologia com gerador de indução
em gaiola e apresentar conversores estáticos de apenas uma fração da potência nominal do
aerogerador, em torno de 30 % da mesma. A caixa de transmissão que une o gerador à turbina
representa um elo de fragilidade desses eixos, assim como no IG.
Nesta tecnologia também é previsto um filtro LCL para minimizar os harmônicos de ordem elevada,
um chopper de frenagem que limita a tensão do capacitor do barramento CC e um banco de resistores
(crowbar ) para limitar as correntes de rotor.

5.2. Distúrbios de Qualidade da Energia Elétrica

Nos últimos 20 anos, o crescimento vertiginoso do número de fontes renováveis de energia, tais
como eólica e solar, agregou estes novos sistemas de geração ao moderno sistema de suprimento de
eletricidade no mundo, e afetou a interação entre os produtores tradicionais (termelétricas,
hidroelétricas e nucleares) e seus consumidores. Esta interação entre o sistema de geração e os
consumidores constitui uma via de sentido duplo que chamamos de “qualidade da energia”, apesar de
ser mais apropriado falar de “qualidade de tensão” [Gerdes e Santjer, 1996].

A qualidade da energia elétrica tem sido assunto de estudos desenvolvidos no Brasil há algumas
décadas, contudo o impacto da instalação de turbinas eólicas na rede elétrica é tema relativamente
recente. Vários entre os trabalhos publicados no país foram consequência da implantação das primeiras
usinas eólicas, principalmente a Usina do Morro do Camelinho (CEMIG) e a Usina de Taiba (COELCE).
Estes trabalhos enfocaram, em caráter experimental, a avaliação da qualidade da energia gerada [Silva
et alli, 1999 e Junior et alli, 1999] e já indicavam as consequências do contínuo avanço tecnológico dos
artefatos eólicos.

Atualmente existe um código de rede nacional que define os procedimentos e delimita os critérios
para conexão nas redes nacionais de usinas eólicas [ONS, 2008], com sua aprovação pela ANEEL muito
favoreceu a instalação de novos equipamentos adequados à realidade nacional. Além disto, uma nova

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
47

edição da norma IEC61400-21 [2007] consolida os procedimentos de medição e de avaliação da


qualidade da energia em usinas eólicas.
Uma característica peculiar da eletricidade é sua impossibilidade de armazenamento na sua forma
própria. Tecnologias de armazenamento energético, tais como baterias, sistemas hidráulicos e células
de combustíveis, armazenam energia elétrica mas convertendo-a para outra forma energética, tal como
energia química, energia potencial ou hidrogênio. Todas as fontes renováveis de energia produzem
quando o suprimento está disponível, por exemplo, na energia eólica quando a velocidade de vento
aumenta ou quando o vento flui no local. Isto tem pouca importância quando a quantidade de energia é
uma parcela modesta da capacidade total instalada mas torna-se um grande obstáculo quando a parcela
de renovável é fração significativa na quantidade de energia demandada pelo sistema. Logo com uma
maior penetração de turbinas eólicas na rede ou quando a turbina é instalada em locais de bons ventos
mas de fraca rede elétrica (baixa relação potência de curto-circuito/potência da instalação eólica), as
questões de qualidade da energia gerada atingem dimensões extremamente restritivas.
Próximo ao local de instalação, as variações e flutuações de tensão constituem os principais
problemas associados à qualidade da energia em usinas eólicas. As tolerâncias para variações de tensão
de longa duração encontram-se na faixa de aproximadamente ±10%. Contudo, flutuações de tensão na
frequência de poucos Hz, podem produzir distúrbios significativos se sua amplitude ainda encontra-se
na escala de 0,3% ou em redes fracas. Isto constitui fator limitante para a quantidade de energia eólica
que pode ser instalada.
Na seção seguinte é apresentada uma discussão sucinta sobre os parâmetros elétricos que
caracterizam os diversos distúrbios de qualidade da energia, tendo como foco os distúrbios que podem
ser causados por turbinas eólicas ou que as afetam particularmente.

5.1.6 Nível de curto-circuito


O nível de potência de curto-circuito (Scc) de um dado local na rede elétrica é uma medida de sua
robustez e, mesmo não sendo diretamente um indicador da qualidade da energia, afeta a esta de forma
significativa. A capacidade da rede de absorver distúrbios está diretamente relacionada com o nível de
curto-circuito no ponto em questão, afinal a potência de curto-circuito é inversamente relacionada com
a impedância equivalente deste ponto.
Se variações de carga ou de geração ocorrem em um ponto do sistema elétrico, isto causa
variações na corrente que flui deste ou para este ponto, resultando em quedas de tensão sobre a
impedância do sistema e, logo, outros consumidores estarão sujeitos a variações de tensão. Os termos
redes fortes ou fracas são muito comuns nos procedimentos e critérios de conexão de instalações
eólicas. É obvio que se a impedância de curto-circuito é alta, a queda de tensão é alta e as variações de
tensão serão altas e a rede elétrica é dita “fraca”, isto é, com baixa potência de curto-circuito. Se as
redes são fortes pequenas variações de tensão irão causar as variações na produção de energia.
Para uma dada instalação eólica de capacidade de potência instalada em MVA (Snom), a razão de
curto-circuito RCC = Scc/Snom é uma medida de sua robustez relativa. Uma rede é forte com respeito à
instalação se a RCC está acima de 20 a 25, enquanto se diz fraca se encontra abaixo de 8 a 10.
Dependendo do tipo do sistema de geração que compõe a turbina eólica, este poderá operar com
sucesso em redes ditas fracas. Cuidado adicional deve se ter com instalação de uma única ou de poucas
unidades de turbinas eólicas e com tecnologias não adequadamente projetadas para operarem em

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
48

redes fracas, tendo em vista que poucas unidades são mais perturbadoras que usinas com grande
número de turbinas.

5.1.7 Flutuações de Tensão


As flutuações de tensão causadas pelo consumo ou produção de energia variável é a mais comum
causa de reclamações de qualidade da energia. Grandes distúrbios podem ser causados pela operação
de soldas elétricas, fornos e a partida frequente de motores elétricos. Lentas variações de tensão na
faixa de 10% podem não perturbar e nem aquelas variações infrequentes (poucas vezes ao dia) acima de
3%, embora visíveis ao olho nu. Pequenas e rápidas flutuações de tensão geralmente produzem
cintilação luminosa, conhecida como “flicker”, que representa uma flutuação no fluxo luminoso de
lâmpadas incandescentes que produzem uma série de efeitos fisiológicos desagradáveis ao ser humano.
A avaliação destas flutuações de tensão utilizam procedimentos constantes em normas aceitas em
quase todo mundo e no Brasil, seus níveis e procedimentos de medição são definidos no Sub-módulo
2.8 dos Procedimentos de Rede [ONS, 2008].

As flutuações de tensão produzidas pela operação de turbinas eólicas são classificadas em duas
formas [Pinheiro et alli, 2005]:

 Emissões devido a operação continua;


 Emissões devido a operações chaveadas.
As emissões devido a operação contínua são oriundas do funcionamento da turbina frente a
variações normais de vento e aos fenômenos cíclicos devido ao movimento das pás frente à torre de
sustentação e ao posicionamento em alturas diversas. As emissões por operação chaveada são função
da entrada e saída de unidades geradoras e de dispositivos de compensação de reativos, frente a
regimes de vento não uniformes de uma usina eólica.

Uma vez identificadas as causas do fenômeno de “flícker” em usinas eólicas, faz-se relevante
apontar fatores que apresentem influência direta sobre a severidade do fenômeno. Uma vez que o
fenômeno de “flicker” apresenta causas inerentes ao processo e que, via de regra, são de difícil
mitigação, outros fatores devem ser apontados, de forma a contribuir de forma efetiva para a redução
do problema. Dentre as várias soluções apresentadas na literatura sobre o tema, algumas merecem
destaque:

- Conexão da central eólica em pontos com elevada razão de curto-circuito. Entretanto, a


localização de uma usina eólica é determinada, sobretudo, pela ocorrência de valores
médios de vento locais desejáveis, não ocorrendo estes, via de regra, em pontos do
sistema elétrico de elevada potência de curto-circuito.
- Instalação de centrais eólicas com tecnologias que operem à velocidade variável, uma vez
que estas, devido a suas características construtivas e operacionais são mais robustas.
- Utilização dos conversores estáticos existentes nas usinas eólicas como compensadores
estáticos de reativos para o sistema elétrico.

5.1.8 Harmônicos
Os harmônicos constituem um fenômeno associado à distorção de forma de onda das tensões da
rede, distanciando do seu formato ideal senoidal.
_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
49

O conceito remete ao desenvolvimento do matemático francês Josef Fourier que no início do


século 19, descobriu que uma função periódica pode ser expressa como uma soma de senóides com
frequências diferentes da frequência fundamental da própria onda original e múltiplas inteiras desta.

As distorções harmônicas são produzidas por diversos tipos de equipamentos elétricos e


dependendo da ordem da frequência harmônica podem produzir diferentes tipos de danos em outros
equipamentos elétricos. Todos os harmônicos produzem crescimento da amplitude das correntes e
possível sobreaquecimento destrutivo em capacitores instalados no sistema elétrico. Vários outros
danos a circulação de correntes harmônicas provoca em diversos equipamentos: sobreaquecimento de
conexões em delta, aumento expressivo em correntes no condutor de neutro em sistemas trifásicos,
ruído em circuitos analógicos de telefonia, entre outros.

Conversores estáticos antigos, baseados em tecnologia a tiristores, produzem grande quantidade


de harmônicos. Os novos projetos de conversores baseados em IGBT’s ou outras tecnologias de
dispositivos semicondutores modernos são utilizados na maioria dos projetos de sistemas de conversão
a velocidade variável. O método de comutação destes conversores utilize uma técnica de comando
conhecida por “Pulse Width Modulation” – PWM ( Modulação por Largura de Pulsos), o que leva as
chaves semicondutores a muitos chaveamentos em cada período, produzindo harmônicos em
frequências bem mais altas que os antigos equipamentos, isto é, normalmente acima de 2kHz. Estes
harmônicos de mais alta ordem são menores em amplitude e mais fáceis de serem removidos por filtros
passivos.
As distorções por harmônicos é um problema das tecnologias que utilizam conversores de
frequência em sua operação de chaveamento. Nas máquinas de indução duplamente alimentadas, que
utilizam conversores alimentando o circuito de rotor, apenas uma pequena parcela da potência
(aproximadamente 1/3 da potência total da turbina) passa através dos conversores, enquanto nas
máquinas síncronas, que utilizam conversores em estator, toda potência passa pelos conversores. Desta
forma, a tecnologia que utiliza conversores em plena potência são maiores os impactos causados pelas
distorções harmônicas para uma mesma potência gerada.

Ambas as topologias têm em comum o fato de usar conversores eletrônicos (PWM) que
programam a modulação por largura de pulso, estratégia que permite a operação com velocidade
variável e adaptação dos limites fator de potência.
No entanto, esta topologia causa harmônicos característicos inerentes ao processo de modulação
por largura de pulso e inter-harmônicos devido a não idealidade da forma de onda da tensão do
conversor, desequilíbrios do sistema e reflexões entre estator e rotor (como na máquina duplamente
alimentada).

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
50

Gerador síncrono Gerador de indução duplamente


alimentado

Retificador Inversor
no gerador na rede

Retificador Inversor
no rotor na rede

Figura 47 Tecnologias responsáveis pelos distúrbios harmônicos

Corrente
(A)
I1 I2 I3

T
(ms)

Figura 48 Corrente de saída distorcida devido à frequência de chaveamento dos elementos dos
inversores

O dispositivo semicondutor usualmente utilizado para integrar os conversores é o IGBT (Insulated


Gate Bipolar Transistor), por ser um dispositivo totalmente controlável, e por apresentar uma potência
de saída elevada a uma faixa de frequência de chaveamento bastante ampla, se comparada com outros
semicondutores. A frequência de chaveamento dos inversores a IGBT’s pode chegar a 10kHz,
dependendo da potência do conversor.
O comando de inversores utilizando modulação por largura de pulso tem como objetivo principal
minimizar as distorções em frequências baixas. A utilização do PWM faz com as frequências de distorção
mais significativas passem a estar localizadas na região da frequência de chaveamento, minimizando,
assim, os custos com filtros, que passam a poder possuir frequências de corte mais elevadas.
Normalmente são usados os filtros L série, LC ou LCL série-paralelo ou filtros sintonizados nas
frequências próximas à frequência de chaveamento. Estes filtros são fundamentais para minimizar a
penetração de harmônicos na ordem da frequência de chaveamento na rede elétrica a valores
permitidos para o fornecimento de energia.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
51

5.1.9 Suportabilidade a Afundamentos de Tensão

Além dos distúrbios destacados anteriormente, outros devem ser considerados quando planeja-se
a conexão de aerogeradores em redes fracas:

- Variações de tensão: Este é um tema destacadamente estudado nos últimos 10 anos,


tanto quando aplicado a sistemas industriais, quanto em sistemas de geração distribuída.
Neste caso, a ênfase de investigação situa-se na sensibilidade de uma determinada
tecnologia em aerogeradores frente a afundamentos equilibrados e desequilibrados.
- Desequilíbrios de tensão: O desequilíbrio de tensão se caracteriza pelo aparecimento de
tensões de sequencia negativa que afetam os sistemas de geração diretamente
conectados à rede e os sistemas de sincronismo com a rede dos conversores estáticos
presentes nos modernos sistemas de conversão a velocidade variável.
- Ilhamento: O desligamento de redes elétricas por ação de proteção ou por manobra
podem isolar os sistemas de geração e uma parcela de consumidores criando uma ilha de
fornecimento/consumo de energia elétrica, onde o desequilíbrio entre oferta e demanda
produzem distorções danosas de tensão e de frequência.
Um sistema de conversão de energia eólica pode tanto ser um gerador de distúrbios na rede
elétrica, isto é, causador de fenômenos de qualidade de energia como as flutuações de tensão (flicker),
distorção harmônica, entre outros, quanto sofrer o efeito de distúrbios existentes na rede elétrica. Entre
estes, o efeito dos afundamentos momentâneos de tensão (AMT) em sistemas de geração se destaca.
Segundo os Procedimentos de Rede, submódulo 2.8 (ONS, 2008), um AMT é um evento em que o
valor eficaz da tensão atinge a faixa entre 10% e 90% da tensão nominal e cuja duração é maior ou igual
a um ciclo (16,67 ms) e menor ou igual a 3 segundos. Estes eventos estão incluídos entre os fenômenos
de variação de tensão de curta duração (VTCD).
Define-se que a amplitude da VTCD é definida pelo valor extremo do valor eficaz da tensão em
relação à tensão nominal do sistema no ponto considerado, enquanto perdurar o evento. A duração da
VTCD é o intervalo de tempo decorrido entre o instante em que o valor eficaz da tensão em relação à
tensão nominal do sistema no ponto considerado ultrapassa determinado limite e o instante em que
essa variável volta a cruzar esse limite (ONS, 2008).
A Figura 49 ilustra um afundamento de tensão, resultante de falta trifásica, com duração de
500ms e com amplitude para 50%.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
52

Figura 49 Afundamento de tensão trifásico para 50%


Um AMT pode ser causado por curtos-circuitos, sobrecargas e pela partida de grandes motores
(Mendes, 2009). Eles são classificados como fase-terra, fase-fase, fase-fase-terra ou trifásicos,
dependendo de como as fases do sistema são afetadas. Esse é um fenômeno que frequentemente
atinge as usinas eólicas, pois podem ser causados por faltas que ocorrem em pontos nas barras de
transmissão a centenas de quilômetros do ponto de conexão da usina com a rede elétrica. Dependendo
da sua origem, o perfil do AMT pode ser diferente, caracterizando-se por uma queda inicial brusca e
uma recuperação mais suave. Também podem ocorrer saltos de fase, isto é, mudanças no ângulo de
fase da tensão, durante o afundamento.

Em vários países, os operadores do sistema elétrico têm desenvolvido critérios para a integração
de usinas eólicas à rede elétrica. Estes critérios agregam, entre outros requisitos, a suportabilidade de
usinas frente a faltas (“ride-through fault capability“ ou RTF) (Erlich and Bachmann, 2005), isto é, a
capacidade de manter-se conectadas à rede durante AMT´s no ponto de conexão (PCC). No Brasil, como
em vários paises, um requisito de suportabilidade frente a AMT´s foi proposto pelo ONS, e é
apresentado na Figura 50, buscando garantias para a manutenção da qualidade da energia e da
estabilidade do sistema elétrico. Nesta figura o eixo x representa a duração do afundamento, o eixo y é
a tensão remanescente no PCC e a região hachurada caracteriza a exigência da usina manter-se
conectada à rede. Os requisitos presentes nos códigos de rede mais modernos, no que se refere às
turbinas eólicas, são muito mais abrangentes e tratam a geração eólica cada vez mais como uma usina
convencional.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
53

Figura 50 Curva de suportabilidade requerida pelo código de rede brasileiro


Um passo importante para a verificação dos impactos dos aerogeradores na rede foi a
normalização de testes proposta pela norma IEC61400-21 (IEC,2007) e sua recente revisão. Esta
contempla questões relacionadas ao comportamento de aerogeradores durante AMT’s. É especificado
que testes devem ser conduzidos para os aerogeradores operando a 20% e a 100% da potência nominal
e para níveis e tipos de afundamentos. Além disto, esta norma sugere a forma de procedimento do teste
e que tipo de gerador de afundamento de tensão que deve ser utilizado, como ilustra a Figura 51.

Figura 51 Gerador de afundamento de tensão sugerido pela norma IEC61400-21


Assim o universo de distúrbios de qualidade da energia é amplo e pode envolver de forma genérica
ou específica determinadas tecnologias, o que alerta os projetistas para uma nova orientação de seus
equipamentos conectados a redes elétricas.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
54

6. Considerações Finais

Este documento foi concebido para consolidar a disciplina de Tecnologias em Aerogeradores


oferecida no âmbito do Curso de Especialização em Energia Eólica, oferecido Centro de Tecnologias do
Gás e Energias Renováveis. Constitui um documento em evolução, criado para atender a uma demanda
do Curso em Nível Superior, mas que pode atender também ao curso de Nível Médio.
Busca-se situar o estado da arte de tecnologias em sistemas de geração de energia elétrica que
compõem os modernos aerogeradores e contextualizar estes equipamentos nos aspectos de
desempenho energético e da qualidade da energia elétrica.
Este texto, contudo não pode ser considerado documento conclusivo tendo em vista que o tema é
atual e vários desenvolvimentos encontram-se em realização no Mundo e no Brasil. Assim as referências
bibliográficas fornecidas devem ser consideradas para uma compreensão mais completa do tema.

7. Referências Bibliográficas

[1] ACHILLES, S. & PÖLLER, M., Direct Drive Synchronous Machine Models for Stability Assessment of
Wind Farms, site www.digsilent.de
[2] AKHAMATOV, V. Analysis of Dynamic Behaviour of Electric Power Systems with Large Amount of
Wind Power, PhD Thesis, Technical University of Denmark, 2003.

[3] ANAYA-LARA, O.; JENKINS, N. & ALL, Wind Energy Generation: Modelling and Control, Wiley, 2009.

[4] BARBOSA, A. L. B.; Sistema de Geração de Energia Elétrica a Velocidade Variável. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais, 1996.

[5] BAROUDI, J.A. DINAVAHI, V. KNIGHT, A.M., A Review of Power Converter Topologies for Wind
Generators, Electric Machines and Drives, 2005 IEEE International Conference, May 2005, p.458-
465.

[6] BLAABJERG, F. AND CHEN, Z.; Power Electronics for Modern Wind Turbines; Morgan & Claypool,
2006.

[7] BOULAXIS, N.G., PAPATHANASSIOU, S.A. e PAPADOPOULOS, M.P., Wind Turbine Effect on the
Voltage Profile of Distribution Network, Renewable Energy, 25, 2002, p.401-415.

[8] BOUTSIKA, T.H. & PAPATHANASSIOU, S.A.; Short Circuit Calculations in Networks with Distributed
Generation. Electric Power Systems Research, Vol. 78, No. 7, July 2008, pp. 1181-1191

[9] CHEN, Y.; PILLAY, P.; KHAN, A.; PM Wind Generator Topologies. IEEE Transactions on Industry
Applications, Volume 41, Issue 6, Nov.-Dec. 2005 Page(s): 1619 – 1626.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
55

[10] CHINCHILLA, M.; ARNALTES, S.; BURGOS, J.C., Control of Permanent Magnet Generators Applied to
Variable Speed Wind Energy Systems Connected to the Grid, Energy Conversion, IEEE Transaction
on Volume 21, Issue 1, March 2006, p.130 – 135.

[11] CHLODNICKI, Z. ; KOCZARA, W.; AL-KHAYAT, N.; Control Strategies of the Variable Speed
Generating Systems, EUROCON, 2007. The International Conference on "Computer as a Tool",
Sept. 2007, p. 1301-1309.

[12] CUSTÓDIO, R. S.; Energia Eólica para Produção de Energia Elétrica; Rio de Janeiro, Eletrobrás,
2009.

[13] DA SILVA, J. L.; Estratégias de Controle e Supervisão de um Gerador de indução Duplamente


Excitado. 2009. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais

[14] DE OLIVEIRA, R. G.; Controle e Integração à rede Elétrica de um Sistema Eólico com Gerador de
Indução Duplamente Excitado. 2004. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de
Minas Gerais

[15] DUBOIS, M. R. J.; Optimized Permanent Magnet Generator Topologies for Direct-Drive Wind
Turbines, Doctor Thesis, Technische Universiteit Delf, January 2004.

[16] DUTRA, R.; Energia Eólica: Princípios e Tecnologias. CRESESB/CEPEL/Eletrobrás, 2008.

[17] ERLICH, I. & BACHMANN, U.; Grid Code Requirements Concerning Connection and Operation of
Wind Turbines in Germany. Power Engineering Society General Meeting, 2:1253– 1257.

[18] GERDES, G. and SANTJER, F. Power Quality of Wind Turbines and Their Interaction with the Grid,
DEWI, 1996.

[19]HANSEN, A. D. & HANSEN, L. H., “Market Penetration of Different Wind Turbine Concepts over the
Years”, European Wind Energy, EWEA, Milão, 2007

[20] HANSEN, L. H.; HELLE, L.; BLAABJERG, F.; RITCHIE, E.; MUNK- NIELSEN, S.; BINDNER, H.; SØRENSEN,
P. and BAK-JENSEN, B.; Conceptual Survey of Generators and Power Electronics for Wind Turbines,
Risø National Laboratory, Roskilde, Denmark December 2001.
[21] HANSEN, M., HANSEN A, LARSEN T., ØYE, S., SØRENSEN, P. & FUGLSANG, P.; Control design for a
pitch-regulated, variable speed wind turbine, Risø-R-1500 (EN), January 2005.

[22] HEIER, S.; Grid Integration of Wind Energy Conversion System, John Wiley & Sons, 1998.

[23] IEC ; IEC 61400-21: Wind Turbines - Parte 21: Measurement and Assessment of Power Quality
Characteristics of Grid Connected Wind Turbines. IEC-International Electrotechnical Commission,
2nd. Edition, 2007.

[24] JENKINS, N.; Engineering Wind Farms, Power Engineering Journal, April/1993, p.53-60,

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
56

[25] JUNIOR, K.R.A., MEDEIROS, M.O. & MONTEZUMA, F.; Monitoramento da Qualidade da Energia no
Ponto de Acoplamento da Fazenda Eólica de Taiba, Anais do III Seminário Brasileiro sobre
Qualidade da Energia Elétrica, Brasília, Agosto/99, p. 195-200.

[26] LI, Y. & MI, C. , Analysis, Design and Simulation of Direct-drive PM Wind Power Generators with
PWM Rectifiers, Industrial Electronics Society, 2007. IECON 2007. 33rd Annual Conference of the
IEEE Publication, Nov. 2007, p. 1610-1614.

[27] LIU, S. Y., SILVA, S. R.; Análise dos Harmônicos e Inter-harmônicos no Gerador de Indução
Duplamente Alimentado Empregando Controle Direto de Potência In: IX Conferência Brasileira
sobre Qualidade da Energia Elétrica, 2011, Cuiabá. CD ROM do IX CBQEE. Cuiabá: Sociedade
Brasileira da Qualidade da Energia, 2011. v.1. p.1 – 6

[28] LIU, S. Y.; Controle Direto de Potência em Gerador de Indução Duplamente Alimentado. 2011.
Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas Gerais

[29] MACHADO, O. F.; Estimação de distorções harmônicas e análise estatística aplicada a usinas
eólicas a velocidade variável. 2008. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de
Minas Gerais

[30] MAIA, T. A. C.; Projeto e Construção de um Gerador a Ímãs Permanentes de Fluxo Axial para
Turbina Eólica de Pequena Potência. 2011. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal
de Minas Gerais

[31] MASTERS, G. M.; Renewable and Efficient Electric Power Systems; John Wiley & Sons Ltd, 2004.

[32] MENDES, V. F., DE SOUSA, C. V., SILVA, S. R., RABELO, B. C., HOFFMANN, W.; Modeling and Ride-
Through Control of Doubly Fed Induction Generators During Symmetrical Voltage Sags. IEEE
Transactions on Energy Conversion. , v.26, p.1161 - 1171, 2011.

[33] MENDES, V. F.; Avaliação do Comportamento de um Sistema de Conversão de Energia Eólica


Utilizando Gerador de Indução Duplamente Excitado Durante Afundamentos de Tensão
Equilibrados e Desequilibrados. 2009. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de
Minas Gerais

[34] MIRANDA, M. S.; Operação de Motobombas em Sistemas Elétricos Isolados Operando a


Velocidade Variável. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de
Minas Gerais, 1997.
[35] NUNES, M.V., Avaliação do Comportamento de Aerogeradores de Velocidade Fixa e Variável
Integrados em Redes Elétricas Fracas, Tese de Doutorado, PPGEE/UFSC, 2003.

[36] OLIVEIRA, R. G. de, DA SILVA, J. L., SILVA, S. R., RABELO, B. & HOFFMAN, W.; Desenvolvimento de
uma Nova Estratégia de Controle de Potência Reativa em Gerador de Indução de Dupla
Alimentação para Turbinas Eólicas. Eletrônica de Potência. , v.13, p.277 - 284, 2008.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
57

[37] ONS, Gerenciamento dos Indicadores de Desempenho da Rede Básica e seus Componentes, Sub
Módulo 2.8; Rev. 3 - Procedimentos de Rede, 07/07/2008; http://www.ons.org.br/
procedimentos/modulo_02.aspx

[38] ONS; Requisitos Técnicos Mínimos para a Conexão a Rede Básica, Procedimentos de Rede -
Submódulo 3.6; ONS-Operador Nacional do Sistema, Julho 2009.

[39] PEREIRA, H. A.; LIU, S. Y.; RAMOS, M. C. L.; MENDES, V. F.; SILVA, S. R.; Análise Comparativa de
Tecnologias de Aerogeradores com Foco na Integração a Redes Elétricas; INDUSCON 2010, São
Paulo, Outubro/2010

[40] PINHEIRO, E. L. R. ; SILVA, S. R. ; OLIVEIRA, R. G. Estudo de Flicker em Usinas Eólicas a Velocidade


Variável. XVIII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, 2005, Curitiba.
CD ROM do XVIII SNPTEE. Curitiba, 2005.

[41] PINHEIRO, E. L. R.. Análise do Comportamento Dinâmico de Usinas Eólicas a Velocidade Variável
Utilizando ATPDraw. 2004. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas
Gerais
[42] POLINDER, H.; VAN DER PIJL, F.F.A; DE VILDER, G-J. AND TAVNER, P.J., Comparison of Direct-Drive
and Geared Generator Concepts for Wind Turbines, IEEE Transactions on Energy Conversion, Vol.
21, No. 3, September 2006, pp. 725-733.
[43] PÖLLER, M. A, Doubly-Fed Induction Machine Models for Stability Assessment of Wind Farms, IEEE
Power Tech Conference, Bolonha, Italy, 2003.

[44] RABELO, B., HOFFMANN, W., DA SILVA, J. L., DE OLIVEIRA, RODRIGO GAIBA, SILVA, SELÊNIO R.;
Reactive Power Control Design in Doubly Fed Induction Generators for Wind Turbines. IEEE
Transactions on Industrial Electronics (1982. Print). , v.56, p.4154 - 4162, 2009.

[45] RAMOS, M. C. L.; Análise do Comportamento de Aerogeradores Frente a Afundamentos


Momentâneos de Tensão. 2009. Dissertação (Engenharia Elétrica) - Universidade Federal de Minas
Gerais

[46] SAAD-SAOUD, Z. and JENKINS, N., Models for Predicting Flicker Induced by Large Wind Turbines,
IEEE Trans. on Energy Conversion Vol.14, No. 3, Sept/1999.

[47] SAMUEL NETO, A., NEVES, F. A. S., PINHEIRO, E. L. R., SILVA, S. R., ROSAS, P. A. C.; Análise Dinâmica
da Conexão ao Sistema Elétrico de Usinas Eólicas Usando o ATPDraw. Eletrônica de Potência
(Florianópolis). , v.10, p.67 - 75, 2005.

[48] SILVA, S. R.; Sistema de Geração de Energia Eólica. Tese de Doutorado, Universidade Federal da
Paraíba, Campina Grande, 1988.

[49] SILVA, S.R.; MEDEIROS, N.A., CARDOSO FILHO, B.J., BARBOSA, A.L.B. & COSTA, H.F., Qualidade da
Energia Elétrica Gerada em Usinas Eólicas: Uma Avaliação, Anais do III Seminário Brasileiro sobre
Qualidade da Energia Elétrica, Brasília, Agosto/99, p. 422-427.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br
58

[50] TEODORESCU, R.; LISERRE, M. & RODRIGUEZ, P.; Grid Converters for Photovoltaic and Wind Power
Systems; Wiley, 2011.
[51] XIANG, D.; RAN, L.; TAVNER, P.J. & YANG, S., Control of a Doubly Fed Induction Generator in a
Wind Turbine During Grid Fault Ride-Through, IEEE Transactions on Energy Conversion, Vol. 21, No.
3, September 2006, pp. 652-662.

[52] YAZDANI, A. & IRAVANI, R; Voltage-Sourced Converters in Power Systems: Modeling, Control and
Applications, Wiley and IEEE Press, 2010.

_____________________________________________________________________________________
Laboratório de Conversão e Controle da Energia
Departamento de Engenharia Elétrica – UFMG
Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 – CEP 31.270-010
Fone: (31) 3409 34 29
Contato: selenios@dee.ufmg.br

Você também pode gostar