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Disponível em: http://www.lendo.org/guia-definitivo-contacao-historias/
A contação de histórias é uma prática muito antiga e de grande relevância para a história da
humanidade. Documenta-se que, antes mesmo da escrita ser inventada, já havia o costume de
utilizar o conto oral como instrumento de transmissão de conhecimento. Através dessa tradição
oral muitas sociedades conseguiram preservar a sua cultura, e, consequentemente, deixaram um
rico legado de saberes, crenças e tradições, pois cada geração tinha o dever de contar as histórias
para as gerações seguintes (BUSSATO, 2003; PATRINI, 2005).
O conto oral é uma das mais antigas formas de expressão. E a voz constitui o mais antigo
meio de transmissão. Graças à voz, o conto é difundido no mundo inteiro, preenche diferentes
funções, dando conselhos, estabelecendo normas e valores, atentando os desejos sonhados e
imaginados, levando às regiões mais longínquas a sabedoria dos homens experimentados
(PATRINI, 2005, p.118).
Pode-se dizer que a contação de histórias configura-se como um ato de resistência e de
preservação identitária, pois, mesmo com o advento de novas tecnologias de informação e
comunicação, é um processo que perdura até os dias atuais e que ocorre em diversos ambientes de
socialização, especialmente no núcleo familiar e na escola.
[…] para a criança, não se pode fazer isso de qualquer jeito, pegando o primeiro volume que
se vê na estante… E aí, no decorrer da leitura, demonstrar que não está familiarizado com uma ou
outra palavra (ou com várias), empacar ao pronunciar o nome dum determinado personagem ou
lugar, mostrar que não percebeu o jeito que o autor construiu suas frases e dando as pausas nos
lugares errados, […] Por isso, ler o livro antes, bem lido, sentir como nos pega, nos emociona ou
nos irrita… Assim quando chegar o momento de narrar a história, que se passe emoção verdadeira,
aquela que vem lá de dentro, lá do fundinho, e que por isso, chega no ouvinte… (ABRAMOVICH,
1997, p. 18-20)
A contação de histórias deve fazer parte do acolhimento das crianças e deve ser feita sem
improvisos, para ser uma experiência contagiante e de muita troca de experiências entre os
participantes, permitindo que a ludicidade passe a fazer parte do cotidiano da escola.
O lúdico é importante no acolhimento da diversidade cultural, pois desperta a vontade de
aprender sobre e compreender o outro, mas também é mais um elemento que modifica a história e
o contexto. Quando adicionamos brincadeiras e estimulamos as crianças a interagir com a história
contada, ela se apropria do conteúdo, faz relações com as suas vivências e imprime a sua própria
marca. (BRAGA, GONÇALVES & SOARES, 2014, p.7)
Assim, cada conto narrado pode despertar o desejo de ensinar e aprender novos
conhecimentos, através de diferentes reações e significados atribuídos por cada criança com seu
jeito único de perceber o mundo, pois as mesmas vivenciam ambientes e situações diversas fora da
escola e terão muitas contribuições a oferecer durante a interpretação da história narrada, através
de desenhos, brincadeiras, jogos, entre outros.
Por fim, a atividade de contar histórias é uma forma potente de combate à rotinização do
trabalho docente. Essa prática pode trazer novos elementos para a sala de aula, colaborando,
assim, para a promoção de uma educação saudável, rica em descobertas e aprendizados e marcada
pela nossa sábia tradição de ouvir e contar histórias.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
BRAGA, Clarissa Bittencourt de Pinho e & GONÇALVES, Rosselini Brasileira Rosa Muniz &
SOARES, Dielma, Castro. O canto do conto como ferramenta de disseminação da
diversidade étnica nas histórias infantis. Congresso luso-brasileiro de história da educação,
2014.
BUSATTO, Cléo. Contar e encantar: pequenos grandes segredos da narrativa. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2003.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.
PATRINI, Maria de Lourdes. A renovação do conto: emergência de uma pratica oral. São
Paulo: Cortez, 2005.