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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 19ª REGIÃO
1ª VARA DO TRABALHO DE UNIÃO DOS PALMARES
ATOrd 0000635-20.2015.5.19.0060
AUTOR: JOAO PAULO FERREIRA
RÉU: CARLOS EDUARDO PEDROSA DOS SANTOS E OUTROS (2)

1 – Os autos vieram conclusos para apreciação das petições


anexadas pelo exequente nos Ids 8f68a21 e 5c929a5, por meio das quais requer: I) a
utilização dos sistemas RENAJUD e SISBAJUD em face dos executados; II) a expedição
de ofícios ao DETRAN e DENATRAN com vistas a proibir a circulação dos veículos
descritos no Id a96e0ca, bem como a busca e apreensão e leilão/adjudicação dos
referidos veículos; III) a intimação do MP para acompanhar o feito, ante a suposta
prática de fraude a execução; IV) a negativação do nome do executado no SERASAJUD,
V) a suspensão da CNH do executado e, por fim, VI) a penhora do veículo descrito no Id
2dfa23d, de propriedade da genitora do executado, Sra. Benedita Maria Pedrosa dos
Santos, declarando-se fraude à execução, uma vez que foi adquirido com recursos
pertencentes ao executado.

2 – De pronto, esclarece o Juízo que a declaração anexada no Id


008f0ab assinada por uma psicóloga, na qual esta informa sobre o estado de saúde
mental do executado não tem o condão de produzir qualquer efeito sobre o
prosseguimento da execução em face do executado, ainda que fosse um atestado
médico, uma vez que a condição psicológica do executado não é causa de suspensão
da execução, o que conduz ao indeferimento do pedido do exequente consistente em
ser oficiado o Conselho Regional de Psicologia (CRP/AL) para apurar eventual falta
funcional da psicóloga que expediu a declaração, uma vez que, para além de a
declaração não produzir qualquer efeito, na forma acima vista, não há o menor indício
de que o documento tenha sido expedido pela profissional com a finalidade de induzir
o Juízo a erro.

3 – No mais, defere-se o pedido de utilização do sistema


SISBAJUD em face dos executados, ficando indeferida a utilização do sistema RENAJUD,
uma vez que a ferramenta em tela já foi utilizada, tendo sido localizados diversos
veículos pertencentes ao sócio executado, consoante se observam da análise dos autos.

4 – Defere-se igualmente o pedido descrito no subitem “II”


acima, pelo que se expeça ofícios ao DETRAN/AL e ao DENATRAN, requisitando que
informe às respectivas polícias de controle de tráfego de veículos automotores,
notadamente os postos policiais localizados nas rodovias estaduais e federais que
passam pelos municípios sob a jurisdição desta vara do Trabalho, a saber, Messias,
União dos Palmares, Ibateguara, São José da Laje, Colônia de Leopoldina, Murici,

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Branquinha, Novo Lino, Santana do Mundaú e Joaquim Gomes, devem ficar atento aos
veículos indicados no Id a96e0ca, procedendo a retenção deles, devendo comprovar
nos autos, no prazo de trinta dias, o cumprimento da diligência ora determinada.

5 – Indefere-se, todavia, o pedido de expedição de mandado de


busca e apreensão em face dos veículos descritos no Id a96e0ca, uma vez que tal
medida, desacompanhada da indispensável localização dos referidos veículos, não
surtiria qualquer efeito prático, da mesma forma que ocorreu quando do cumprimento
dos mandados de penhora e avaliação expedidos nos Ids a96e0ca ea796640. 

6 – Ainda prosseguindo na análise dos pedidos descritos no item


1 supra, adote a Secretaria as providências necessárias à inclusão dos nomes dos
executados no SERASAJUD.

7 – Quanto ao pedido de penhora do veículo descrito no Id


2dfa23d, adquirido em 2019 pela genitora do exequente, Sra. Benedita Maria Pedrosa
dos Santos, defere-se, uma vez que esta não auferiu renda suficiente em 2019 para
comprar o referido veículo, consoante demonstram suas declarações de imposto de
renda referente aos anos de 2017, 2018, 2019 e 2020, esta última referente ao exercício
2019, anexadas nos Ids 2cc3031, 3cae599, f341cc2 e 5dab114, sendo importante
assinalar que no exercício do ano de 2019 a genitora do executado não auferiu
qualquer rendimento, pelo que presume o Juízo que o veículo descrito no Id 2dfa23d
foi adquirido com recursos pertencentes ao executado, sendo este seu real
proprietário, constando o nome de sua genitora no sistema RENAJUD como
proprietária do veículo com o claro objetivo de ocultar bens, o que constitui fraude à
execução, nos termos do art. 792, IV, do NCPC. 

8 – Dessa forma, tendo o exequente, nos termos da petição de


Id 8f68a21, assumido o múnus público de depositário fiel, expeça-se Mandado de
Avaliação e Penhora do veículo descrito no Id 2dfa23d, devendo o referido mandado
ser cumprido, alternativamente, nos endereços da genitora do exequente, Sra.
Benedita Maria Pedrosa dos Santos, e do executado. Sendo necessário, fica desde logo
autorizado o Senhor Oficial de Justiça a fazer uso de força policial com vistas conferir
efetividade a ordem judicial expressa no respectivo mandado.

9 - Expedido o Mandado, intime-se o exequente para, no prazo


de cinco dias, entrar em contato com o Senhor Oficial de Justiça para acompanhá-lo no
cumprimento do Mandado de Avaliação e Penhora, devendo a Secretaria adotar as
cautelas legais necessárias para, nos termos do art. 840, § 1º, do NCPC, entregar o
veículo penhorado ao exequente, uma vez que este assumiu o múnus público de
depositário fiel, conforme visto no item 1 supra.

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10 – De consequência, intime-se o MP desta decisão para que
adote as providências que entender cabíveis à espécie.

11 – De outra banda, indefere-se o pedido de suspensão da CNH


do sócio executado. Isso porque se por um lado é certo que o art. 139, IV do NCPC,
autoriza ao juiz a adoção de medidas coercitivas atípicas necessárias para assegurar o
cumprimento de ordem judicial, como as requeridas pelo exequente, por outro, a
adoção dessas medidas excepcionais encontra limites no atendimento três requisitos:
a) o esgotamento dos meios típicos de execução forçada previstos no ordenamento
jurídico; b) o comportamento improbo do devedor e c) a não violação de algum dos
direitos e garantias individuais relacionados no art. 5º da Constituição Federal. 

12 - In casu, ainda que os dois primeiros requisitos estivessem


devidamente atendidos, o terceiro restaria prejudicado. Com efeito, entende o Juízo
que o cancelamento de cartões de crédito e a suspensão da CNH são medidas
limitadoras dos direitos de cidadania e violadoras  de princípios e garantias
constitucionais, notadamente o principio da dignidade da pessoa humana e o direito
de ir e vir do cidadão/devedor, previstos nos arts. 1º, III e 5º, XV da Constituição Federal.

13 – Por fim, aguarde-se o cumprimento de TODAS as diligências


acima determinadas.

UNIAO DOS PALMARES/AL, 14 de outubro de 2021.

LUIZ SAVIO DE LIMA GAZZANEO


Juiz do Trabalho Titular

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https://pje.trt19.jus.br/pjekz/validacao/21101323572573600000013389880?instancia=1
Número do processo: 0000635-20.2015.5.19.0060
Número do documento: 21101323572573600000013389880

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