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CONTEÚ D O
LUDUNESP / DIVULGAÇÃO
9 SEM
CENSURA 21
Já estaríamos na sexta onda
dos board games mundiais?
Talvez o mestre dos jogos
Tendson Silva possa lhe
responder esta pergunta.
METAGAME 12
Silvanir Souza estreia apresen-
tando a todos o uso didático dos JOGOS NO CAMPUS
jogos de tabuleiro em sala de
aula e mostra a curiosidade cien- Em Encontros & Eventos saiba como participar do LudUNESP que
tífica por trás do Black Stories. acontecerá no campus da Universidade Estadual de São Paulo.
WWW.ARTSTATION.COM/ATHA
22 Resenha
WWW.GROW.COM.BR
APORTANDO
EM PUERTO
RICO
Enfim, chegou o momento de
destrincharmos um dos jogos
mais queridos pelos coleciona-
dores de board game pelo mun-
do na narrativa de Cesar Cusin
Resenha 18
28
Through DICIONÁRIO
the Desert LÚDICO
Entre beduínos e camelos
nas caravanas que cortam o Analysis paralysis e Downtime:
deserto, um jogo de Reiner você já ouviu falar nestes termos
Knizia na narrativa de e como se encaixam no universo
Roberto Pinheiro dos jogos de mesa modernos?
2 Revista VEMPRAMESA
30 40 Resenha
SENHOR
CONEXÃO
DOS ANÉIS
PORTUGAL CARD GAME
Carlos Abrunhosa nos traz Magarem apresenta
um card game reconhecido
mais uma grande
na Europa e que está entre
o Sol e a Lua.
aventura na
Terra Média
50
LAÍSE LIMA
PROTOTIPANDO
A HORA DE PARAR
Rodrigo Zuzu revela conclusões
que podem influenciar um
desenvolvedor a deixar de acre-
32
ditar nos seus projetos.
VEMPRAAULA TOP5 45
Toda a beleza e contexto Nossa equipe de colaboradores apresenta
educacional da arte e justifica aos leitores seus jogos preferidos.
renascentista contada
pelo jogo Fresco
36 53
ENTREVISTA
MARCELO MAIA
Batemos um papo legal com o COLUNA DO PORTUGA
nosso leitor número zero para
saber um pouco sobre o hobby O mestre Daniel Portugal entra no submundo das intenções
e seu ponto de vista em relação humanas para trazer à tona toda a essência oculta do MAL.
ao aniversário da Vempramesa.
Revista VEMPRAMESA 3
FALA AÍ
EDITOR
Magarem
PROJETO GRÁFICO
4 Revista VEMPRAMESA
VEMPRAMESA
EQUIPE DE COLABORADORES
# 12 AGOSTO
DE 2018
BRASIL
Apaixonada por board Adoro jogos de tabu- Professor Universitário. Carioca natalense,
game, RPG e literatu- leiro desde que me Colecionador desde professor de Português
ra. Fonoaudióloga e conheço. Acredito na 2007. File Uploader do e Literatura. Família e
psicopedagoga, criou o premissa que qual- BGG e do Ludopedia. jogos sempre à mesa!
projeto Oficinas Lúdicas quer jogo pode ser um Explicador de Regras
e sonha com a inovação grande jogo quando em LIBRAS.
na educação. nos consegue entreter
e promover a relação
interpessoal. Sou orga-
nizador de vários even-
tos locais assim como
da convenção nacional
de Aveiro - RiaCON.
Sou fundador e criador
de conteúdo de um dos
blogs mais conhecidos
de Portugal sobre jogos
de tabuleiro: JogoEu. SILVANIR TENDSON
SILVA
ROBERTO SOUZA
PINHEIRO
Técnico Judiciário Esta-
Bióloga, professora do dual, amante da vida e
Conheceu os jogos de Ensino Médio e game das pessoas, apaixona-
tabuleiro modernos em designer amadora, se do pelo lúdico e desde
2010, começou a criar apaixonou pelo poder criança colecionador de
seus próprios jogos em lúdico e didático dos jogos de mesa. Minha
2011 e escreve sobre jogos de tabuleiro. máxima: Sejamos o sal
jogos desde 2013. Em RODRIGO da Terra!
2017 começou seu blog
PinheiroBG, onde conta
ZUZU
suas experiências como
Game Designer
É um boardgamer con-
victo, amante dos euros
e abstratos. Birrento e
sonhador é o nome
por trás da editora Fala aí leitor!
experimental ZUZU
Nossa publicação não tem fins lucrativos, se você quer fazer comen-
Board Games
tários, sugestões, críticas ou tirar dúvidas, escreva para o e-mail:
revistavempramesa@gmail.com
Revista VEMPRAMESA 5
RADAR
Por Magarem
DE JOGOS
Notícias rápidas sobre tudo o que está rolando no
mundo dos jogos de tabuleiro nacional e internacional!
Estamos ingressando no segundo semestre de 2018 e com ele mais títulos estão chegando! Algumas novida-
des, outras nem tanto. Vamos nos direcionar aos destaques do mês!
ANUNCIADO
6 Revista VEMPRAMESA
RADAR DE JOGOS
Revista VEMPRAMESA 7
RADAR DE JOGOS
PRÉ-VENDA
8 Revista VEMPRAMESA
SEM
SEM CENSURA
CENSURA
A SEXTA
ONDA
A idade de Ouro
dos Board Games
Revista VEMPRAMESA 9
1
TERCEIRA ONDA
A terceira onda surge com a
criação dos RPGs (Rolling Playing
Games) ou jogos de interpretação
de personagem. Oriundo dos War-
games, mas com uma mudança
drástica na forma de se jogar. Ago-
ra, cada jogador controla um único
personagem e não mais um exér-
cito. E o mesmo está inserido num
enredo/história criado por um mes-
JARMOLUL / PIXABAY.COM
tre/diretor que serve de olhos, olfa-
3
to, paladar e tato dos personagens,
deixando as decisões e escolhas nas
mãos dos jogadores. QUARTA ONDA
Neste contexto, os RPGs inunda- Em 1993, eis que surgiu um
ram o início da década de 70 até as renascimento de um estilo de jogo
décadas de 80 e 90, como um dos que alavancou todo o hobby. Surgiu
jogos mais criativos criados pela o Magic The Gathering, o primeiro
humanidade. Sua fonte maior de jogo de cartas colecionável. Um jogo
inspiração eram os livros e histó- que aliava 3 grandes atrativos: a) o
rias, tanto reais como ficcionais, chamariz de se colecionar cartas de
sendo que seu campo mais fértil estampas e figuras belíssimas, bem
foram os livros de história medie- como seus poderes intrínsecos; b)
val fantástica e ficção científica. No o fascínios da disputa, da batalha
entanto, houve uma grande onda como acontece no Xadrez; c) O fator
de repressão dos RPGs por parte estratégico de se montar um bara-
da sociedade mais conservado- lho competitivo e funcional e partir
ra e religiosa da época, pois não para as disputas.
compreenderam o lado teatral/ Com o lançamento e sucesso
interpretativo do gênero, levando mundial dos CCG, grandes vendas
a uma campanha de “demoniza- se sucederam que fizeram mais em-
ção” e mal entendido do RPG. presas de jogos de mesa crescessem
e se mantivessem até hoje.
SCRIB.COM
2 QUINTA ONDA
Em 1995, um criador Alemão
4
(Klaus Teuber) lança um jogo cha-
mado SETTLERS OF CATAN, que fez
com que toda a indústria mundial
de jogos repensasse a forma de se O clássico Xadrez supostamen-
criar jogos de mesa. Um paradigma te inventado na Ásia por volta
surgiu, pois ao mundo foram apre- de 2 mil anos (1), La Conquête
du Monde de 1957 (2), Dun-
sentados primeiramente os ameri-
geons & Dragons de 1975 (3)
games e depois os eurogames. ao Catan de 1995 (4). Todos
Primeiramente, os eurogames são referências das ondas
se libertaram do tema guerra/bata- geradas nas várias fases dos
FIRSTVERSIO
NS.COM lha e abriram um leque quase que jogos de mesa pelo mundo.
infinito de temas. Desde a coloni-
10 Revista VEMPRAMESA
zação de locais, a construção de
cidades, ferrovias, administração
de usinas, cidades, reinos, contro-
le de epidemias, arrecifes de co-
rais e outros sem fim.
Outro diferencial, em relação
aos jogos que antes dominavam o
comércio de jogos, foram as carac-
terísticas que eurogames traziam:
CATANIZAÇÃO
Revista VEMPRAMESA 11
Por
Silvanir META
Souza
GAME
BLACK STORIES
e a curiosidade científica
A ciência nasce da dúvida e da investigação
P
or quê? É uma das expressões
mais usadas para fazer pergun-
tas. Tentar entender faz parte
dos nossos impulsos mais básicos e a
ciência é uma das formas de entender-
mos o mundo natural. O que significa
que crianças são cientistas em poten-
cial. Curiosas sobre o mundo, elas ex-
ploram, fazem observações, procuram
respostas, testam essas repostas e ten-
tam reproduzir fenômenos. À medida
que crescem, porém, o ensino escolar
focado no conteúdo, retira da Ciência
seu encantamento. O que era interes-
sante passa a ser “coisa de maluco”. Ape-
sar da pesquisa científica não possuir
um manual a ser seguido à risca, cien-
tistas utilizam um processo de pesquisa
que inclui fazer observações, formular
explicações com alguma lógica e tes-
tá-las. Nesse sentido, nós professores te-
mos papel fundamental para resgatar a natural através
curiosidade natural dos estudantes. o caráter lúdico
É desafiador estimular o estudan- e divertido. Nesse
te, trabalhar a habilidade de formular sentido, os jogos de
dúvidas, de reconhecer problemas e tabuleiro modernos se
de pesquisar meios de resolvê-los. Esse aplicam com maestria a
exercício auxilia o estudante a perce- esse objetivo. Existem inúmeros
ber seu papel como sujeito explorador exemplos na literatura de como jo-
do universo. Iniciar o estímulo dessas gos de tabuleiro possibilitam o traba-
habilidades requer ferramentas, que lho efetivo com o desenvolvimento de
permitam desenvolver a argumenta- competências, habilidades e atitudes
ção racional e os questionamentos, importantes para o processo de ensi-
que também resgatem a curiosidade no-aprendizagem.
12 Revista VEMPRAMESA
IMPORTANTE!
Por isso, escolhemos como fer- A maioria dos enigmas do jogo
ramenta para trabalhar o tema Black Stories é macabra e as res-
Pesquisa Científica o jogo Black postas incluem histórias sombrias.
Como o próprio manual descreve.
Stories. Trata-se de um jogo de
É de responsabilidade do professor
enigmas, onde os jogadores recons- o cuidado na escolha das cartas.
troem os passos, fazendo pergun- Devem-se selecionar previamente
tas, adivinhando e montando um enigmas que não tragam contextos
quebra-cabeça de evidências. Dessa ardilosos ou inadequados para o
forma o jogo estimula os estudan- ambiente escolar e faixa etária.
tes/jogadores no uso da lógica e dos
questionamentos.
Mas não se preocupem, estamos FICHA TÉCNICA
disponibilizamos uma sequência di-
dática (Um conjunto de atividades liga- Cientistas fazem observações, formulam e testam hipóteses.
das entre si, planejadas para trabalhar
um conteúdo, etapa por etapa) para pos- TEMA: Método científico
sibilitar o desenvolvimento do tema EXEMPLOS DE PCNS RELACIONADOS*
Método Cientifico. Essa sequência BIOLOGIA:
didática foi elaborada pela autora e Apresentar suposições e hipóteses acer-
testada durante aulas de 50 minutos, ca dos fenômenos biológicos em estudo.
em seis turmas do ensino médio com FÍSICA:
média de 40 alunos, cada. Conhecer fontes de informações e formas de obter infor-
mações relevantes, sabendo interpretar notícias científicas.
QUÍMICA:
Desenvolver conexões hipotético-lógicas que possibili-
tem previsões acerca das transformações químicas.
CONTEÚDOS PROPOSTOS
FACTUAIS:
Formulação de dúvidas e
identificação elementos
biológicos em fotografias.
CONCEITUAIS:
Processo científico;
Observação e levanta-
mento de hipóteses.
PROCEDIMENTAIS:
Estímulo da curiosidade
natural e reconhecimento
E GEEK
de problemas e soluções.
RD GAM
ATITUDINAIS:
A ciência como ferramen-
M: BOA
compreensão do mundo.
REPRODUÇÃO: BLACK STORIES COMPONENTES
Revista VEMPRAMESA 13
METAGAME
2 Aplicar a argumentação
1ª Etapa
científica ao interpretar da-
dos e fazer previsões; Exploração
3 Compreender as etapas da
produção científica.
do Conceito
RECURSOS Sugiro que o professor utilize essa ativida-
de como prévia da aula teórica sobre Método
Cartas do jogo Black Stories
“Imagem-problema“ Científico, evitando associações aos conceitos
que serão apresentados posteriormente na aula
PÚBLICO teórica. Dessa forma, acredito que essa sequên-
Ensino Básico – 12 a 99 anos cia didática possa ser utilizada como atividade
motivadora e de integração com o conteúdo teó-
DURAÇÃO rico. Para iniciar a atividade, o professor organi-
zar a turma em círculo ou semicírculo (formatos
Duas aulas (50 minutos cada)
adequados para socializações). Então apresente ao
estudante a caixa do jogo Black Stories e com-
PALAVRAS-CHAVE
partilhe que nessa aula irão treinar habilidades
Ciência - método científico investigativas. Segure uma carta do jogo e mos-
hipótese - observação
tre aos estudantes (na sua mão mesmo). Peça para
que os alunos observem que na frente da carta
há um título, um desenho que tem relação com
o caso e uma frase misteriosa. E na parte de trás,
está a solução que somente você será.
2ª Etapa
Investigação e solução
de problemas
Para começar, escolha um dos casos e leia. Re-
comenda-se que o caso seja escolhido previamente
pelo professor, para evitar histórias macabras ou
inadequadas a turma. Para lhe dar uma ideia de
carta ideal, apresento um exemplo de enigma que
pode ser usado para esta sequência didática por
meio destas cartas.
14 Revista VEMPRAMESA
BLACK STORIES
3ª Etapa
Avaliação
ANTNAVDOTORG.WORDPRESS.COM/
Revista VEMPRAMESA 15
METAGAME
16 Revista VEMPRAMESA
Revista VEMPRAMESA 17
Resenha Com Roberto Pinheiro
NAS CARAVANAS
THROUGH
THE DESERT
C
aro leitor, hoje temos pode pular para a próxima ma-
mais um abstrato, mas téria da revista, OU você não
não é qualquer abstrato, conheceu o jogo certo. Talvez
temos um clássico. Na verda- o conheça hoje!
de, esse jogo está conflitante Muito antes de Sagrada
em sua categoria. Afinal, ele e Azul, nascia Through the
foi publicado na linha Euro Desert. Um abstrato para 2
Classics da Z-Man, que já foi a 5 jogadores, todo colori-
da Fantasy Flight e Windrider, do e com pontuação no final
que, no final das contas, é tudo da partida ao melhor estilo
da Asmodee mesmo. Como Euro Game. Durante a parti-
está tudo muito confuso, fo- da, cada jogador tenta crescer
mos ao BGG esclarecer a dúvi- suas caravanas de camelos
da. Encontramos o jogo como em busca pelo domínio
top #17 dos abstratos. Pronto, é territorial do tabuleiro,
um abstrato. Encerramos essa visando obter pontos.
discussão e podemos seguir Essa pontuação é obtida
com a resenha! levando sua caravana para co-
Through the Desert é um letar tokens no tabuleiro (1-3
jogo antigo, na verdade esse pontos), levando sua caravana
ano completou 20 anos de ida- para perto dos oásis (5 pontos
de. É um daqueles jogos dos cada), tendo a maior carava-
primórdios do grande Reiner na de uma determinada cor
Knizia. Uma coisa é certa sobre (10 pontos cada) ou fechando
esse game designer: por mais uma área com sua caravana
que você não goste do estilo (quantidade de espaços em
do Reiner Knizia, deve existir pontos). Todas essas diversas
algum jogo dele de que você maneiras de pontuar são ob-
gosta. Afinal, são mais de 500 tidas de forma bem simples,
jogos publicados (incluindo ex- pois no jogo você faz apenas
pansões e retemas). Caso você uma coisa: coloca camelo em
não goste de nenhum, restam alguma caravana sua. Vamos
apenas duas opções para você: começar do começo para tudo
OU você é apenas um hater e ficar claro.
18 Revista VEMPRAMESA
RESENHA THROUGH THE DESERT
Revista VEMPRAMESA 19
RESENHA THROUGH THE DESERT
Os Camelos espalha-
dos pelo tabuleiro
garantem a beleza vi-
sual do jogo na mesa.
ROBERTO PINHEIRO
20 Revista VEMPRAMESA
( ENCONTROS & EVENTOS
Jogos no câmpus
II LUDUNESP
LUDUNESP/DIVULGAÇÃO
N
os dias 18 e 19 de agosto,
será realizada a segunda
edição do LudUnesp no
auditório “Gabriel José Delgado
Martins”, no Campus da Unesp/
Dracena. Nesses dias, a partir das
14hs, famílias, amigos e mesmo
pessoas que ainda não se conhe-
cem, poderão sentar em uma
mesa para desfrutarem de mo-
mentos de diversão, interagirem
entre si e, ao mesmo tempo, exer-
citarem o raciocínio lógico e de
gerenciamento de recursos.
Na primeira edição do en-
contro, mais de 200 pessoas pas-
saram pelo evento, durante seus A expectativa é que o público possa superar a edição anterior
dois dias. Pretendemos que essa
edição seja ainda maior e mais
pessoas possam comparecer e se trabalhando para que nos dias do
integrarem por meio das ativida- evento, lojas e editoras especiali-
des e situações proporcionadas INSCRIÇÕES zadas estejam presentes vendendo
pelos jogos de tabuleiro. http://bit.ly/registroludunesp seus jogos. Uma grande oportuni-
Mais de 40 jogos estarão dis- dade para a aquisição de jogos de
poníveis ao público, que poderá li- FACEBOOK tabuleiro modernos e card games.
vremente escolher aquele jogo que http://bit.ly/ludunesp2fb Além disso, como na primeira
tem curiosidade em aprender ou edição do evento, será realizado
que gosta de jogar. Para aqueles
SITE sorteio de jogos para os partici-
http://bit.ly/ludunesp2site
que não sabem jogar, mas tem pantes. A inscrição para o evento
vontade de aprender (e se divertir é completamente gratuita. Para fi-
bastante), disponibilizaremos mo- car sabendo das novidades, acom-
nitores que ensinarão as regras panhe a página do II LudUnesp
do jogo escolhido. Nós estimula- no Facebook e site do evento.
mos que os participantes tragam do evento é que ele é todo fun- O II LudUnesp conta com o
os seus próprios jogos para evento damentado na diversão desco- apoio da Faculdade de Ciências
para compartilhar com o público. nectada, sem uso de aparelhos Agrárias e Tecnológicas da Unesp,
Para se ter uma ideia dos jo- celulares e outros dispositivos do Comitê de Ação Cultural, das
gos que estarão disponíveis nos eletrônicos, favorecendo a comu- editoras Papergames, AVEC e
dois dias, basta acessar a página nicação e a integração entre os K&M e da loja Dominion Card Ga-
do acervo dos jogos: http://bit.ly/ participantes na mesa de jogo. mes, além, é claro, da revista vir-
acervojogos O grande diferencial A comissão organizadora está tual Vempramesa.
Revista VEMPRAMESA 21
Resenha Com Cesar Cusin
Aportando em
PUERTO RICO
WWW.GROW.COM.BR
E
stamos na ilha de Puerto
Rico, mais especificamente
na capital e cidade mais po-
pulosa, San Juan, que também é
um dos portos mais importantes.
Neste cenário, assumiremos vá-
rios papéis, inclusive de Governa-
dor, para fazer San Juan prosperar
nas culturas de milho, índigo, ta-
baco, açúcar e café, na construção
de fábricas para manufatura des-
sas culturas, bem como na cons-
trução de edifícios. Mas então
tudo se resume em cultivar, ma-
nufaturar e construir? De forma
alguma. Há que se contratar colo-
nos para plantar, colher, algumas
culturas tem que ser manufatura-
das, armazenadas, ajustar navios
para o embarque para a Europa,
disputar espaço no comércio em
que o preço pode oscilar, dentre Puerto Rico é um dos jogos de tabuleiro mais difundidos no mundo
outros desafios. Para tal intento,
faremos o papel de contratantes
de colonos, construtores, prefei- pois do embarque se sobrar algo, tamente interativo e complexo em
to, produtores, comerciantes, ca- irá perecer no porto pela falta de estratégia. Comporta de 2 a 5 joga-
pitães e mineradores. Para maxi- um armazém? Trago mais colo- dores, onde o objetivo final é obter o
mizar o crescimento da capital, nos para produzir e manufaturar maior número de pontos de vitória,
algumas dúvidas surgem: Arrisco- mais? Vendo mercadorias no co- através de muitos caminhos possí-
me a produzir e o próximo joga- mércio para aproveitar o preço? veis durante o jogo, seja embarcan-
dor levará vantagem enviando à Administrar todos esses fatores é do produtos para a Europa, através
Europa? Construo com desconto e o que propõe Puerto Rico. E aí... das construções e bônus de constru-
acabarei ajudando outro jogador? aceita o desafio? ções. Esses são uns dos caminhos
Enviando para a Europa, conse- Esse é o cenário de Puerto Rico possíveis propostos em Puerto Rico,
guirei embarcar todos os meus que tem como mecânica básica a um board game de Andreas Seyfar-
produtos nos escassos navios? De- ordem de fase variável. Um jogo al- th, publicado pela Grow.
22 Revista VEMPRAMESA
RESENHA PUERTO RICO
WWW.GROW.COM.BR
de Puerto Rico, mostrando em destaque o comércio de
folhas de tabaco, dentre outros bens, colonos nos barcos
e as casas de comércio. Por dentro, o insert é bem fun-
cional e comporta com folga os componentes, a saber:
tabuleiros individuais de ilha e tabuleiro central, cartelas
de casa de comércio e de funções, fichas de construção,
de mercadorias e de navios, tokens de colonos, de mer-
cadorias, de pontos de vitória, de moedas e o manual.
ITENS
TABULEIROS
Os tabuleiros individuais de ilha IMAGENS: CESAR CUSIN
e o tabuleiro central são em
uma boa gramatura. Os tabu-
leiros de ilha têm áreas para o TOKENS
plantio das culturas, área para FICHAS
as construções, armazenamento Os tokens de colonos e de merca-
de produtos e uma ajuda aos As fichas de construção apresen- dorias são de madeira e em cores
jogadores com um resumo dos tam seu nome, sua pontuação que cumprem bem suas funções.
papéis dos jogadores. O tabuleiro no final do jogo (em vermelho), Os tokens de pontos de vitória
central tem áreas para as cons- os círculos indicam a quantidade e de moedas são em papelão
truções e para o banco (onde fica máxima de produção dessa cons- em boa gramatura, ambos são
o dinheiro do jogo, o dobrão). trução e o número dentro de um nos valores 1 e 5. O manual é
As cartelas de casa de comércio e dos círculos é o valor pago para um pouco extenso e com fon-
de funções são em boa gramatura construí-la. As fichas de mercado- tes pequenas, mas que cumpre
e cumprem sua missão, a saber: rias representam as 5 mercadorias sua função detalhando desde o
a casa de comércio tem espaço do jogo (milho, índigo, tabaco, overview do jogo, o objetivo, os
para receber as mercadorias e seus açúcar e café) e a pedreira (que componentes, setup, o jogo, fim
respectivos preços, que podem dá desconto nas aquisições). As do jogo, bem como um detalha-
variar de acordo com o comer- fichas de navios têm o formato mento dos papéis que represen-
ciante e algumas construções que característico (de navio, obvia- taremos no jogo, as construções
valorizam as mercadorias. As car- mente) e apresentam espaços e suas funções, regras para 2
telas de funções apresentam uma quadrados que representam a jogadores e as 2 expansões
imagem que remete a sua função, quantidade máxima de mercado- (não tratadas nessa resenha).
bem como o que ela executa e o rias de um tipo único que podem
privilégio de quem a executa. carregar e enviar para a Europa.
Revista VEMPRAMESA 23
RESENHA PUERTO RICO
Setup
de índigo, os demais jogadores
também recebem 1 ficha de mer-
cadoria de um tipo específico (que
varia de acordo com a quantidade
Preparar o setup de Puerto de jogadores). Coloque o tabuleiro
Rico não é complicado, mas exi- central no meio da mesa, coloque
ge uma atenção redobrada, pois as fichas de construção nos seus
tudo depende do número de jo- respectivos locais e os dobrões no
gadores. Escolha aleatoriamente banco. Coloque todas as fichas de
o 1º jogador e dê a ele a ficha de mercadorias viradas para baixo
Governador. Cada jogador rece- em pilhas (que variam de acordo
be seu tabuleiro de ilha, “x” do- com a quantidade jogadores). Todos
brões (que variam de acordo com a os itens a seguir variam de acordo
quantidade de jogadores), 1 ficha com a quantidade de jogadores:
Pontos de vitória, fichas de mer-
cadorias abertas, cartelas de fun-
ções, navios de carga, quantidade
de colonos e quantidade de colo-
nos no navio de colonos. As fichas
de pedreira, a cartela de comércio
e tokens de mercadorias são todos IMAGENS: CESAR CUSIN
usados. Os itens não usados no se-
tup (excedentes) voltam para a cai-
xa do jogo. Pronto!
Agora vamos ao jogo, pois cul- um dos papéis que quer executar
tivar, colher, disputar espaços nos na sua ilha. Simples assim? Claro
navios, correr por um bom lugar que não! Ao se escolher um papel,
no comércio, trazer colonos, cons- saiba que todos os demais jogado-
truir, dentre outras atividades, res também executarão o mesmo
não é tão fácil assim, afinal, esta- papel. A vantagem é que quem es-
mos no concorrido porto de San colhe o papel tem um privilégio
Juan. Bem vindo à Puerto Rico! em relação aos demais, e sobre os
O primeiro jogador, de posse papéis cabe uma explicação à parte.
da cartela de governador, escolhe O colono permite escolher
uma ficha de mercadoria para
Todas as ilustrações cultivar (como vantagem, pode op-
são assinadas pela tar por escolher uma pedreira, que
dupla Harald Lieske dá desconto na compra de prédios). O
e Franz Vohwinkel construtor permite adquirir uma
construção (como vantagem terá
desconto de 1 dobrão na compra de
prédios). O prefeito traz colonos à
ilha através do navio de colonos
(como vantagem, recebe 1 colono a
mais do estoque). O produtor faz
com que as mercadorias cultiva-
das produzam, desde que tenha
colonos trabalhando nelas e sua
WWW.RIOGRANDE.COM
24 Revista VEMPRAMESA
alguns: trazer colonos, que nos
ajudam a cultivar, manufaturar
e ativar algumas construções
que dão pontos de vitória no fi-
nal do jogo é uma tarefa que
deve ser muito bem pensada,
pois a quantidade de colonos no
navio de colonos altera bastante.
Ela pode variar de acordo com
as vagas na cidade (que podem ser
muitas) ou nenhuma, e aí o navio
de colonos chega com pouquíssi-
mos colonos. Então, a hora exata
de trazer colonos é crucial.
Outra situação que faz a dife-
rença é quando produzir, aí sim
é que ter o tempo perfeito para
tal faz toda a diferença, pois o
próximo jogador poderá (e prova-
velmente o fará) enviar ao porto ga-
nhando privilégios. Fique atento
Os componentes cartonados são de excelente qualidade e ótima gramatura para saber se conseguirá enviar o
máximo possível de mercadorias
e ainda não perder, caso sobre
respectiva construção de manu- nenhum oponente, essa escolha algo, pois os navios só vão à Euro-
fatura também com colonos, a o faz ganhar sozinho 1 dobrão (e pa quando estiverem cheios, caso
única exceção é o milho que não acredite, isso é importante). contrário, ele fica atracado aguar-
é manufaturado, mas depende Voltando ao turno, após a esco- dando carga completa. A leitura
de colonos para produzir (como lha de 1 papel, o governador a exe- do jogo é importantíssima. Pro-
vantagem, pode escolher 1 token de cuta e também seu privilégio, de- duzir também impacta no comér-
mercadoria a mais dentre as produzi- pois os demais jogadores também cio, se ele estiver demandando
das). O comerciante pode vender executam o mesmo papel. E é aí algo, caso você perceba que não
mercadorias no mercado, que por que reside a grande graça de Puer- conseguirá enviar tudo nos na-
sinal, só aceita um tipo de mer- to Rico, saber ler o jogo e conseguir vios. Nessa situação, o comércio
cadoria de cada (uma construção prosperar sem ajudar muitos os de- pode ser uma boa saída.
pode mudar isso) e tem valor fixo mais jogadores. Saber qual papel es- E sobre os navios, outro favor
(que também pode alterar se adquirir colher para fazer com que seus opo- importantíssimo no jogo, pois
uma construção específica, fazendo o nentes também executem o papel além do citado anteriormen-
preço oscilar), e como vantagem, escolhido por você, mas que não te, cada navio só leva um único
o comerciante recebe 1 dobrão obtenham tanta vantagem ou tipo de mercadoria e na hora de
a mais no valor da venda. O Ca- não prosperem tanto quanto você enviar há que se calcular, e mui-
pitão envia as mercadorias para na sua escolha é seu objetivo em to, se você conseguirá embarcar
a Europa, aliás, uma forma mui- cada turno. É fácil isso? Não! Mas todas as suas mercadorias, pois
to eficiente de ganhar pontos de é exatamente isso que faz a dife- quando você decide enviar, não
vitória (e como vantagem, recebe 1 rença no jogo. envia tudo, mas sim todas as suas
ponto de vitória a mais). Por último, Existem vários momentos mercadorias de um único tipo.
o minerador, a única forma de importantes no jogo, dependen- Depois o jogador à esquerda faz
uma escolha sua não prestigiar do do papel escolhido. Seguem o mesmo e assim até voltar para
Revista VEMPRAMESA 25
RESENHA PUERTO RICO
WWW.GROW.COM.BR
outro tipo de mercadoria, se ti-
ver espaço nos navios e o mesmo
leve o tipo de mercadoria que
você tem. Pois é, assim é Puerto
Rico, às vezes cruel se você não
estiver atento ao jogo.
Ainda sobre o envio de mer-
cadorias para a Europa, quem
não conseguir embarcar e não
tiver armazéns para guardar os
produtos que não foram embar-
cados, eles simplesmente se per-
dem, pois você só poderá ficar
com um barril de um dos tipos
de mercadorias enviadas. Ou
seja, construir algo para minimi-
zar esse impacto é crucial. Tenha
sempre em mente que os navios
são poucos, levam carga única e
o espaço é disputadíssimo.
O comércio também requer
muita atenção, é fonte de do- Os componentes em madeira são um detalhe a mais na composição
brões, por vezes escassos no visual do jogo na mesa e cativam os jogadores pela simplicidade.
jogo. Saber a hora certa de en-
viar ao comércio é crucial, pois
o mesmo só recebe um tipo de repetir mercadorias), obter mais
cada mercadoria, então, se notar dobrões no comércio, obter do-
que só você tem uma ou 2 mer- brões quando produzir, obter
cadorias específicas e que nin-
guém mais as tem, é importante
mais pontos de vitória quando
embarcar, sem falar nas cons- “é aí que
reside a
aproveitar isso. Lembrando que truções de final de jogo que
o processo acontece igual ao pontuam por quantidade de
do embarque no navio, ou seja, colonos, por cultivos, por tipos
você envia 1 mercadoria e os de-
mais têm a mesma chance. Só
de construções, por quantidade
de pontos de vitória ganhos e
grande
depois voltará a você.
As construções aumentam
por construções comerciais. Ou
seja, atenção redobrada às cons- graça de
demais suas possibilidades du-
rante o jogo, permitem a ma-
truções, elas potencializam de-
mais suas chances de vitória em Puerto Rico,
saber ler
nufatura, armazenamento de Puerto Rico.
mercadorias (como dito anterior- Ainda nesta pegada de esco-
mente), ter navios próprios, ter lhas que fazem a diferença, es-
vantagens na escolha entre o
que cultivar ou pegar pedreira
colher o que cultivar também é
muito importante e entra em cena
o jogo”
(para dar desconto nas construções), novamente a leitura do jogo. É pre-
no recebimento de colonos, ter ciso perceber o que os oponentes
vantagens no comércio (poder estão cultivando. Cultivar o que
26 Revista VEMPRAMESA
todos cultivam pode gerar muita
WWW.GROW.COM.BR
disputa para envio nos navios e
no comércio. Se você escolher esse
papel, saiba que poderá optar por
escolher uma pedreira ao invés de
cultivar algo. Ter colonos nas pe-
dreiras possibilitará ter descontos
nas futuras construções. Em época
de dobrões escassos, isso fará toda
a diferença. Saber balancear esses
fatores é crucial.
Quando você notar que qual-
quer escolha sua beneficiará
mais seus oponentes que você,
opte pelo minerador. Ele dará a
você (e mais ninguém) 1 dobrão,
pode parecer pouco, mas faz a
diferença, pois ao mesmo tem-
po em que só você se beneficia,
é como se os demais jogadores
perdessem um turno, pois não
executam nada. E esse 1 dobrão
pode sim fazer a diferença, pois As artes produzidas pelos desenhistas Harald e Franz nos tabuleiros e de-
como já dito, os dobrões são mais componentes impressos apresentam os traços marcantes no jogo.
muito concorridos no jogo.
Veja a variedade de opções
e de consequências que cada lonos não possam mais preencher
escolha sua pode desencadear. o navio de colonos ou os espaços
Note que isso foi apenas 1 turno para as construções na cidade de
de 1 jogador. Após todos execu- 1 jogador fiquem totalmente pre-
tarem o papel escolhido, vivido enchidas. Em qualquer um dos 3
todas essas emoções e terem to- casos, a rodada se dá até o final.
mado sábias decisões (ou não), Após isso, acontece a con-
que, diga-se de passagem, não tagem de pontos de vitória, de
são poucas, o jogador à esquerda pontos pelas construções e bônus
escolhe o seu papel e o processo de final de jogo advindos de cons-
se repete até que todos os joga- truções específicas. Em caso de PUERTO RICO
dores escolham seus respectivos empate, quem tiver mais dobrões
papéis. O governador é passado e mercadorias vence (cada token de País de Origem: Alemanha
para o jogador à esquerda e as mercadoria vale 1 dobrão). Estilo: Estratégico
fichas de papéis não escolhidos Até que um dos 3 fatores fina- Para: 1 a 5 Jogadores
nesta rodada recebem 1 dobrão lize o jogo, há muito tempo para Ano: 2002
cada para se tornarem mais atra- administrar o que o jogo tem a
Fabricante:
tivas na próxima rodada. oferecer. Esse é Puerto Rico, um GROW
Esse processo se dá até que jogo altamente estratégico que
Criador: Andreas Seyfarth
uma das 3 condições de fim de requer atenção e leitura de jogo Ilustradores: Harald Lieske
jogo aconteça: as fichas de pontos do início ao fim. Recomendo e Franz Vohwinkel
de vitória acabem, os tokens de co- Puerto Rico na sua coleção
Revista VEMPRAMESA 27
ABCDicionário Lúdico
Por Magarem
AP E DOWNTIME,
JÁ OUVIU FALAR?
WWW.TEEPUBLIC.COM
B
em, uma guerra “fria” se
mantém ativa e sempre
presente na vida dura de
um criador e desenvolvedor de
jogos: a luta contra a “parali-
sia” dos jogos! Muitos, erronea-
mente, nesta guerra incessante,
confundem a essência de seus
dois principais inimigos, seja
pela origem ou pela natureza
similar destes dois carrascos
impiedosos, são eles: a Analysis
Paralysis (AP) e o Downtime.
Definiremos o tempo de
inatividade ou “downtime”,
simplesmente como o momen-
to do jogo para a qual o jogador
não está jogando ativamente.
O downtime pode se manifes-
tar de diversas formas, seja du-
rante o turno de outros joga-
dores, durante o “setup” ou o
“cleanup”, respectivamente do
início e final de cada turno, ou uma situação de recorrente aná- retamente relacionada ao tem-
durante etapas intermediárias lise e leitura do manual durante po de duração do jogo e ao seu
de um jogo, seja em decorrên- a partida, deixando a partida número de jogadores, a comple-
cia do número excessivo de lenta e desmotivante. xidade (curva de aprendizado de
ações que devem ser adotadas Outrossim, quanto mais es- um jogo e não necessariamente seu
por cada jogador em seu turno colhas um jogador enfrentar ao grande volume de regras) é uma
ou pela quantidade de jogado- mesmo tempo, maior será a pos- variável de confusão oculta que
res. Além dos últimos pontos sibilidade de se engessar uma afeta sutilmente o íntimo dos
citados, a extensão dos manu- rodada. Embora consideremos, jogadores. Jogos como o Domi-
ais, compostos por regras proli- involuntariamente, que a di- nant Species, onde são passíveis
xas e cheias de exceções, criam mensão do downtime esteja di- de avaliação doze possíveis ações
28
28 RevistaVEMPRAMESA
Revista VEMPRAMESA
A
que são restringidas de acordo Desta forma, analisando
com as ações de seus adversários, concretamente a origem dos
são de uma dimensão estratégica dois termos, não podemos dizer
peculiar, dignos de uma verda- que downtime e Analysis Paraly-
deira “fritação cerebral”! Primeira experiência com um sis se confudem numa mesma
Seguindo neste mesmo ca- jogo mais complexo, onde os ideia. Em verdade, são termos
minho, mas com origens um jogadores ainda não se fami- próximos, porém independen-
tanto distintas, temos outro liarizaram com sua curva estra- tes, que subsistem com concei-
tégica, ou seja, não têm uma
provocador do já relacionado tos distintos e peculiares. No
ideia concreta de como solu-
“engessamento” das rodadas, o entanto, de alguma forma, rela-
cionar e enfrentar certos pro-
famigerado Analysis Paralysis, blemas da rotina da partida; cionam-se diretamente quando
ou simplesmente “AP”! Quem se traz à tona o cerne da ques-
B
nunca se deparou, durante a tão: tempo de jogo x celeridade
partida, com um problema do das rodadas. Ambos incidem di-
tipo: “Como posso potencializar retamente como influenciado-
minhas jogadas...” – são tantas va- res negativos que prejudicam o
riáveis apresentadas a mesa, que tempo das partidas.
o jogador se questiona qual seria Independentemente de terem Nesta matéria, tratamos
o melhor caminho a trilhar. Jogos jogado uma ou mais vezes o sobre inúmeras fontes impor-
como o Steam, do mestre Martin jogo, certos jogadores buscam tantes que formalizam tanto o
Wallace, padecem deste “proble- ao máximo, a cada jogada, po- downtime quanto o Analysis Pa-
tencializar seus ganhos com ralysis. O downtime e o AP, por
ma”. Em um dado momento, são
uma análise mais rebuscada.
tantas as possibilidades a serem exemplo, podem estar direta-
São jogadores não casuais, que
analizadas para melhor somar encaram o desafio de pontuar
mente relacionado a diversos as-
pontos numa aplicação de uma ao máximo com aplicações tá- pectos de um jogo, seja quanto
ferrovia que o jogador permane- ticas pré-relacionadas ou de ao seu design, fazendo parte de
ce “paralisado” cogitando o que antemão interpostas duran- sua composição, pois surgem da
fazer – para piorar, jogos como o te a partida. São conhecidos interseção direta entre o tempo
Steam, quase sempre anulam aná- como “caçadores de pontos”, de cada rodada (alta seleção de
lises prévias, uma vez que as ações algo comumente encontrado ações) e seu número de jogado-
de seus adversários influenciarão em jogos do mestre Stefan res, ou, podem emergir das ca-
diretamente sua jogada. Ou seja, Feld, por exemplo. racterísticas psicológicas ineren-
uma análise, densa e demorada tes aos próprios jogadores, seja
C
deverá ser tomada no momento quanto ao aspecto da paralisia
de sua rodada! O Analysis Paraly- de análise ou da própria pessoa
sis (AP) nunca é uma coisa boa. (lentidão por sua própria natu-
Não é agradável estar numa “si- reza). São termos próximos em
nuca de bico”, agonizando a cada suas origens, mas não redutíveis
Jogadores naturalmente
contagem, porque, mesmo que a um só em suas convicções. Po-
“paralíticos”, no sentido co-
você despenda muitos minutos notativo de lentos em suas
demos dizer que são irmãos de
de queima cerebral, ao final, você decisões e relapsos em suas pais diferentes!
ainda poderá ter escolhido um ca- percepções. Isso não quer di-
minho errado. zer que ele jogue pior que WWW.GEE
KDAD.COM
Lendo um pouco mais sobre outrem que relacionam ati-
o assunto em artigos e matérias tudes mais agéis em suas jo-
relacionadas ao tema, estudan- gadas, não é isso! O efeito
do e ponderando algumas si- aqui relacionado está intima-
tuações recorrentes, pude rela- mente atrelado à tomada de
cionar, em franca maioria, três decisões, que para este tipo
de jogador, estão eivadas de
motivos especiais que resumem
dúvidas, efeito paralisante!
bem a origem de um AP alto, se-
riam eles:
RevistaVEMPRAMESA
Revista VEMPRAMESA 29
29
CONEXÃO
PORTUGAL
Por Carlos Abrunhosa
Sky Tango: A
ENTRE O SOL
E A LUA
Através da colocação de cartas em duas linhas paralelas – represen-
tando o sol e a lua – cada jogador tentará ganhar o maior número de
sets (5 cartas consecutivas sem eclipses). É possível contrariar esse intento
ao adversário jogando nas suas linhas!
COMO SE JOGA:
B
30 Revista VEMPRAMESA
A alternativa à ação de jo- gadores poderão continuar a jo-
gar carta é recolher um set. gar, até não terem mais cartas na
Um jogador, na sua vez de tur- mão. Se nesses turnos seguintes
no, pode recolher um set ao surgirem cartas no descarte (pela
invés de jogar carta. Para reco- ação de destruição de linhas), as car-
lher um set é necessário que tas daí resultantes não servirão
existam à sua frente um con- mais para formar o monte de bis-
junto de 5 ou mais cartas de ca. Quando ninguém tiver mais
sol ou lua consecutivas. Se isso nenhuma jogada válida, procede-
acontecer o jogador recolhe o se à contagem final dos pontos.
set e coloca-o à sua frente, num Cada carta de sol e lua valem
monte de face voltada para bai- 1 ponto positivo. Cada carta de
xo. No fim do jogo, essas cartas sol e lua ainda em jogo valem 1
vão lhe valer pontos. ponto negativo. As cartas de eclip-
Quando um jogador não se não valem nada. Quem tiver
tem carta válida para jogar na mais pontos no final da conta-
sua ordem de turno, nem con- gem é o vencedor!
segue recolher um set, tem de
destruir as suas linhas e as car- AVALIAÇÃO
C tas que tem na mão, ou seja,
quando o jogador não tem pos- Sonne und Mond é um jogo
As cartas de eclipse jogam-se
sibilidade de realizar uma das de cartas muito simples e que
sobre uma carta de sol ou lua
duas ações disponíveis, terá facilmente agradará a jogado-
conforme a carta de eclipse jo-
que descartar todas as cartas res comuns como a jogadores
gada seja de sol ou de lua. Um
que tem na mão assim como mais casuais. Um destaque
eclipse pode ser tapado por
as cartas de lua e/ou sol que ti- muito especial para o traba-
outro sol ou lua, em turnos se-
ver nas suas linhas. Esta jogada lho de ilustração do jogo que é
guintes, desde que se respeite
pode ser interessante para não magnífico e ao material usado
a ordem crescente subjacente
ter pontos negativos na conta- de excelente qualidade.
a todos, como se pode ver pelo
gem final dos pontos! A jovem editora alemã Drei
exemplo abaixo.
Quando acabam as cartas do Hasen in der Abendsonne está a
monte de bisca, baralham-se as tornar-se um caso sério em ter-
eventuais cartas que estejam no mos de qualidade de edição, este
monte de descarte e forma-se um Sonne und Mond é um exemplo
novo monte de bisca. Sempre que muito bom de como fazer bem!
um jogador pretenda biscar 5 Em resumo um jogo sim-
cartas (por cartas na mão) e já não ples e muito divertido, feito a
houver cartas suficientes, bisca as pensar num público casual,
que houver. O jogo termina assim mas com possibilidades táticas
que um jogador pretenda biscar muito interessantes para um
C 5 cartas e não haja nenhuma car- pequeno jogo como este! O seu
ta disponível no monte de bisca, preço é aceitável o que lhe con-
nem carta no monte de descarte. fere uma relação preço/qualida-
Nessa situação todos os outros jo- de muito interessante.
ASHOPPINGTIME.BLOGSPOT.COM
Revista VEMPRAMESA 31
Por Laíse Lima
VEMPRAAULA
Jogos de tabuleiro na educação
A Arte Renascentista
CONTADA
PELO FRESCO
A
Você é um renomado pintor renascentista e o se falar de imer-
foi contratado por um rigoroso e benevolen- são dentro do
te bispo, junto com sua equipe de aprendizes, storyteller, da his-
para restaurar um afresco de uma catedral. tória por trás do
Decida que horas você e seus aprendizes acor-
jogo, um dos primeiros bo-
darão para encarar um novo dia de trabalho.
Quanto mais cedo você acordar, melhores e ard games em que penso é
mais diversas tintas encontrará no mercado da o fantástico Fresco. Na pri-
cidade. Acordar cedo, no entanto, fará com meira vez em que partici-
que seus aprendizes se tornem infelizes, can- pei de uma partida, fiquei
sados e parem de trabalhar de forma tão com a nítida sensação de
eficiente. Afinal, eles preferem dormir! “quem diria!”.
Decida quais serão suas tarefas du- Quem diria que um eu-
rante o dia. Você precisará comprar rogame, um estilo que prio-
tinta, produzir novas cores, traba- riza as mecânicas, seria tão
lhar com a pintura a fresco, pin- imersivo. Em Fresco, sim-
tar retratos para conseguir mais plesmente tudo faz sentido
dinheiro em seu ateliê, e talvez
e gera consequências.
até mesmo enviar seus apren-
dizes para a ópera, a fim de Então vamos falar de
recompensá-los por um longo história, de pintura, da
dia de trabalho, aumentando renascença, de gestão de
assim sua felicidade. Trabalhe equipe e recursos. Dessa
para ser o melhor restaura- vez abordaremos um pouco
dor de afresco, quem sabe mais sobre as ações do jogo,
até mais renomado que o que estão intimamente li-
grande Michelangelo. gadas ao tema e é mais um
ponto forte a ser trabalhado
em sala de aula.
Revista VEMPRAMESA 33
Um Dia segredo, suas ações da rodada,
34 Revista VEMPRAMESA
O tabuleiro e o design de Fresco é considerado um
dos mais belos entre os board games atuais.
diferença na dinâmica do jogo. atender a pedidos especiais do bis- tores de Fresco podem contribuir
Mistura de Cores Especiais: po e perder parte de seu lucro, ele comprando “certificados de sino”
O afresco fica ainda mais colori- ganhará pontos de vitória extras ganhando prestígio.
do. Novas peças de tinta reque- e será recompensado com tintas O Médico: O calendário pro-
rem ainda mais cores misturadas valiosas regularmente. posto para restaurar o Fresco é di-
(acréscimo das cores terciárias). Os Retratos: Personalidades fícil de ser mantido, mas agora os
Os Vitrais: Como uma ação renomadas querem seus retratos aprendizes estão ficando doentes,
adicional, você pode comprar vi- pintados no estúdio dos pintores. um após o outro. Como você conse-
dros de diferentes cores e cons- Isso será vantajoso durante o jogo! guirá terminar o trabalho a tempo?
truir janelas na Catedral. Até mes- A parede Fresco: Ao repassar Apenas com planejamento eficien-
mo partes simples do “fresco” vão seções de uma parede de Fresco, te e medicamentos (vendidos de um
aparecer com a luz brilhante. os jogadores podem ganhar fama, médico no mercado) para se recuperar
The Scrolls: O bispo apresenta glória e um depósito de tinta. Que que podem ajudar.
aos pintores alguns pergaminhos pintor de Fresco deixaria passar Poço dos Desejos: Jogue uma
de crônicas extraordinárias. Com tamanha oportunidade? moeda dentro do poço dos dese-
a ajuda dessas crônicas os jogado- A Folha Dourada: Em alguns jos e você receberá um benefício
res podem restaurar o afresco de comércios, você pode receber fo- extra. Você pode encontrar uma
acordo com suas fantasias e ga- lhas douradas para intensificar o bolsa no palco e receber uma re-
nhar pontos de vitória extra. brilho de sua pintura. compensa por sua devolução, ou
Os encargos do Bispo: Se um Os Sinos: O bispo quer um um comerciante amigável que te
jogador estiver preparado para novo sino para a catedral e os pin- dará uma tinta extra.
Revista VEMPRAMESA 35
ENTREVISTA
Entrando na
doidêra com
MARCELO
MAIA
P
ara nós da VemPraMesa é um orgulho enorme
chegar na emblemática edição comemorativa
de 1 ano. Estamos evoluindo a cada edição,
mas todo nosso esforço não significa nada sem a
participação de nossos leitores que a cada dia nos
motivam a seguir em frente com esta empreitada!
Desta forma, resolvemos fazer uma singela home-
nagem entrevistando um de nossos mais assídu-
os leitores, o Marcelo Maia de Camocim-CE, que
comanda o grupo Tabuleirando com o Doidêra e
se auto intitula nosso leitor número zero! Acom-
panhem um pouco deste bate papo bacana, com
nosso grande amigo Marcelo:
36 Revista VEMPRAMESA
MARCELO MAIA
Que bacana, Marcelo! Muito Ficamos felizes pela sua “tor- Nós ficamos muito agrade-
bom saber que assim como a cida” para que o projeto não cidos por suas palavras em
maioria dos colaboradores da acabe! Confesso que, olhando relação ao nosso conteúdo.
VemPraMesa, você também para trás, parece que passou De um modo geral, o que
é nordestino! Sabemos que um dia e não um ano. Foi mais te agrada na revista?
são poucas as iniciativas de tudo MUITO rápido! Dá para
geração de conteúdo sobre perceber que você conhece A variedade de abordagens
o hobby em nossa região. muito bem nossas colunas. nas várias seções pelos diferentes
Partindo disto, conta para Mas, com tantas opções de autores é um ponto que me agra-
nós como você conheceu canais de vídeo e podcasts, da. Podemos ver vários pontos de
a Revista VemPraMesa o que te motiva a ler uma vista, ao mesmo tempo, há uma
revista sobre o hobby? coesão, uma unidade na revista
Eu estava órfão de uma publica- como um todo.
ção periódica no ramo dos jogos de Quem me conhece da Ludope- A formalidade “informal”
tabuleiro, desde que acabou a Ludo dia, sabe que sou defensor ferrenho agrada a gregos e troianos! Bom
Magazine. Por isso sou o fã nº 0 (an- de conteúdo escrito, não sou muito conteúdo, correto, mas com uma
tes do nº 1) da VemPraMesa! fãs de vídeos. Meu pensamento é: o linguagem acessível e bacana. E
Conheci a revista pela Ludo- conteúdo escrito a gente absorve no confesso: seria um sonho um dia
pedia, quando li a primeira edi- nosso ritmo, o conteúdo em vídeo escrever uma coluna para a revista.
ção, torci para que não fosse um a gente absorve no ritmo do autor. Tenho algumas curiosidades:
projeto temporário, que viessem A revista reúne pesquisa de qua- sou provavelmente o maior colecio-
mais e mais edições, pois achei lidade, é como a imprensa oficial e nador do Brasil de... manuais de re-
excelente a iniciativa. não-oficial. Assim, vejo qualidade gras digitais dos jogos. Estudo mui-
O conteúdo é muito bacana de nos assuntos tratados pela revista, to os manuais antes de jogar
se ler, não é cansativo e também há um compromisso com a lingua-
não é superficial. O Radar de Jogos gem, o visual, a comunicação e esta Que bela coleção! Hehehe
me chama a atenção para novos tí- preocupação nem sempre está pre-
sente em todos os canais. Não só coleciono, fico cutucan-
tulos. As resenhas sempre me aju-
do as editoras para disponibiliza-
dam a decidir se me “engraço” com
rem os manuais em PDF. Minha
um jogo ou não e, ultimamente,
biblioteca virtual, da revista e dos
devido à experiência acumulada
manuais, é enorme.
em vários jogos, ando pensando em
me aventurar em criar um. Então, Com uma coleção de ma-
estou dissecando todos os detalhes nuais digitais, imagino que
da seção Prototipando. você deve também colecionar
nossas edições! Neste tem-
po, sempre foi tranquilo para
você acessar a VemPraMesa?
Revista VEMPRAMESA 37
problema de baixar as edições do
IMAGENS: MAGAREM
Issuu, que estava cobrando assina-
tura. E fiquei “no pé” até que um
novo servidor fosse disponibilizado.
A reformulação visual da
revista foi um passo grande
para nós e ficamos contentes
em saber que agradou aos
nossos leitores. Você sente
falta de algum outro con-
teúdo ou coluna que para
você seria interessante?
Cerimônia de premiação do I Campeonato de Jogos de Tabuleiro de Camocim.
Acho que uma coluna periódi-
Marcelo (Centro) ouro, o Maluco (Esquerda), ganhando a prata e o Luizim
ca com o perfil dos designers seria (direita) ganhando o bronze.
bacana, também uma que abordas-
se as diferentes mecânicas que são
reconhecidas oficialmente no BGG,
com exemplos.
Também uma matéria sobre
plataformas digitais para jogar on-
line seria legal pra garotada que tá
chegando agora.
Eu tenho minha agenda rela- cebeu uma pontuação baseada no Tem uma tabela com todos
tivamente bem preenchida, mas “peso” do jogo conforme o BGG. os jogos e os pontos que eles atri-
sempre nas minhas folgas, estou Jogos cuja dificuldade vão de buem, o ranking de desempenho
programando encontros no nosso 1,00 até 1,49, dão 2 pontos por ven- leva em conta a quantidade de
grupo, Tabuleirando com o Doi- cedor e 1 para o segundo, uma re- pontos divido pela quantidade
dêra, pioneiro na minha cidade, gra é que o último nunca pontua, de partidas de cada membro. De-
que já conta com 17 pessoas, entre para não gerar comodismo. Um pois de cada encontro, é divul-
membros e elegíveis a membros. jogo com dificuldade 3,50 a 3,99 dá gado o resultado das partidas e
Nos reunimos em média 1 vez 7 pontos para o primeiro, 4 para o os rankings são atualizados. Isso
por semana, o nosso diferencial é segundo, 2 para o terceiro e 1 para gera uma competição sadia, uma
termos um ranking de pontos e o quarto, e todos que participam ga- rivalidade divertida. E incentiva o
um de desempenho: cada jogo re- nham 1 ponto de “presença”. comparecimento.
38 Revista VEMPRAMESA
ENTREVISTA
Muito interessante e engenho- É muito gratificante saber que se fala em jogos de tabuleiro, al-
sa a forma como vocês geren- estamos de alguma forma guns associam a jogos de aposta,
ciam suas jogatinas! Uma das contribuindo com o hobby de outros, a vícios. Quando muito, o
coisas mais legais no nosso nossos leitores! Esta troca de cara conhece Banco Imobiliário.
hobby é justamente encontrar ideias com o público é o que Para convidar pessoas em cidades
amigos e se divertir. Neste nos motiva a sempre inovar. pequenas é complicado, mas temos
ponto, como a Revista Vem- Aproveitando o espaço, você sido abençoados aqui.
PraMesa contribui para você gostaria de mandar algum Para finalizar, não temos pala-
aproveitar melhor o hobby? recado aos nossos leitores vras para descrever o quanto estou
que, assim como você, acom- contente com a entrevista! Me sin-
A revista coloca em evidên- panham nossa revista? to muito honrado com o convite,
cia jogos que passam desperce- agradeço demais a oportunidade.
bidos para gente, que acendem Sim! Opinem, deem o “feedba- Quem sabe um dia a gente não se
o alerta para aquele título ficar ck” para melhorar para vocês mes- encontra presencialmente?
no radar do grupo. Além disto, mos. Critiquem o que julgar neces- Camocim está distante apenas
mostra exemplos de encontros, sário, apoiem a revista, divulguem. 50km da famosa Jericoacoara, te-
lugares bacanas e experiências Só quem ganha é quem lê. A revista mos o maior litoral do Ceará, com
para gente trazer para o grupo. é gratuita, então não tem desculpa 62km de praias. Se um dia quiser
É uma fonte de informação mui- para não ler. conhecer essas bandas, tem um
to valiosa. Comprei jogos basea- Ainda tem muito público a ser amigo aqui para lhe ajudar.
dos em avaliações na revista. Eu explorado. Infelizmente a juven-
sinto que a revista conecta dife- tude de hoje, em média, tem mais
rentes leitores e estimula a troca preguiça de ler que a minha gera- Marcelo, foi um enorme prazer
de experiências, como estamos ção, mas como o conteúdo é leve, conversar contigo! Em nome
fazendo agora. Cada editor tem sem ser superficial, a leitura é agra- da equipe VemPraMesa mando
amigos, que lerão a revista, que dável e pode sim cativar os jovens. um abraço para sua família,
gostarão e indicarão a outros e Infelizmente no Brasil, e prin- para a cidade de Camocim e
assim o público vai aumentando. cipalmente no Nordeste (principal- para toda a galera do Tabulei-
Acredito ser um dos maiores ob- mente nas cidades do interior), o hobby rando com o Doidêra! Espero
jetivos da revista. ainda é pouco divulgado. Quando que um dia possamos nos
conhecer. Obrigado pela sua
colaboração, é isto que nos
motiva a seguir em frente!
FICHA
Doidêra
Revista VEMPRAMESA 39
Resenha Com Magarem
IMAGENS: MAGAREM
40 Revista VEMPRAMESA
SENHOR DOS ANÉIS CARD GAME
são formados por etapas a serem 1. FASE DE RECURSO: os heróis e aliados deverão se ater
vencidas com a conquista das cha- a um atributo fundamental chama-
esta é a fase inicial do jogo.
madas fichas de progresso. Para que do Força de vontade. Essa fase ne-
Neste momento, cada jogador
isto ocorra, os jogadores deverão cessita de uma aposta consistente
deverá acrescentar uma ficha de
confrontar um deck customizado quanto a Força de vontade somada
recurso aos conjuntos de recursos
de encontro, formado por cartas de dos heróis/aliados, que será compa-
de cada herói, assim como prover
localização, infortúnios (maldições), rada com a Força de ameaça inimi-
a coleta de uma carta.
inimigos e objetivos. Cada jogador ga, que por sua vez, será combina-
inicia com uma mão de seis cartas da com as cartas de localização e de
2. FASE DE PLANEJAMENTO:
e mais 3 heróis na mesa, cada um criaturas presentes na zona de pe-
com uma ficha de recurso. Cada é a fase em que os jogadores po- rigo. Além das cartas presentes na
turno encontra-se escalonado em dem abaixar cartas de aliado e de mesa, uma carta de encontro deve-
sete fases: Recurso, Planejamento, acessório de sua mão. Para tanto, re- rá ser puxada por cada jogador que
Missão, Viagem, Encontro, Comba- cursos de determinadas esferas de- poderá acrescer ou não o valor da
te e Renovação. verão ser gastos, seja combinando ameaça inimiga. A soma da Força
Antes de iniciarmos uma ex- recursos com mais de um herói ou de ameaça destas cartas em conjun-
plicação mais detalhada sobre as utilizando-se apenas de um conjun- to será o objetivo a ser suplantado
fases do jogo, insta salientar que to de recursos de apenas um herói pela Força de vontade dos persona-
quando uma carta é utilizada que possua o ícone requerido. gens designados para a missão. As
para determinado fim, seja para missões serão vencidas quando a
uma Missão, Ataque, Defesa ou 3. FASE DE MISSÃO: Força de vontade for maior do que a
uso de uma Habilidade de um Força de ameaça, acrescendo fichas
personagem que assim requeira, pode-se dizer que esta é a fase de progresso à carta de missão. O
ela será virada 90 graus para o mais importante do jogo, pois será avanço na missão depende de quan-
lado, indicando que está “exaus- através dela que os jogadores galga- to o valor ofertado à Força de von-
ta”. Uma carta exausta não pode- rão seus passos com o advento da tade supera a Força da ameaça. Em
rá ser manejada para qualquer conquista das fichas de progresso. caso de derrota, o nível de ameaça
outra ação, até que esteja prepa- Neste momento, os jogadores de- de cada jogador deverá subir. Se der
rada novamente na fase de Reno- vem designar quais personagens empate nada acontece.
vação. Dito isto, vamos a sequên- serão enviados para a missão reque-
cia do jogo: rida na zona de perigo, para tanto,
4. FASE DE VIAGEM:
Revista VEMPRAMESA 41
deverá ser manejada para cima
da localização ativa, até que o seu
valor de ameaça seja vencido. Isso
atrapalha em muito o progresso
na missão, deixando o jogo mais
complexo e dificultoso, ainda mais
quando uma localização encontra-
se atuante na zona de perigo.
5. FASE DE ENCONTRO
42 Revista VEMPRAMESA
SENHOR DOS ANÉIS CARD GAME
Revista VEMPRAMESA 43
IMAGENS: MAGAREM
44 Revista VEMPRAMESA
Da Redação
TOP5
OS JOGOS
N 1 DE NOSSA
REDAÇÃO
Finalmente, aqui estamos comemorando doze tores. Nesta edição, pedimos para a nossa equipe de
edições da Vempramesa, dedicadas a registrar os colaboradores apresentarem, entre todos os seus jo-
principais acontecimentos que envolvem o hobby e gos preferidos, aquele que consideram o seu xodó, o
a cultura geek no nosso cotidiano. Não poderíamos famoso top dos tops, aquele jogão número um. En-
deixar de aproveitar a oportunidade festiva para fa- tão, acompanhe a preferência de cada um e saiba por
zer um TOP5 com sabor especial para os nossos lei- que são tão significantes para eles.
Terra Mystica
O jogo tinha lugar de destaque, numa OS TURNOS SE AGIGANTAM!
das prateleiras da minha loja Dunas Jogos.
Versão importada, todos não falavam so- É preciso evoluir dentro da parti-
bre outra coisa e entre um atendimento da com o passar dos turnos, uma vez
DANIEL e outro, pasmem, nunca cheguei a jogar. que você terá mais recursos e ações à
Perdi o jogo de vista, alguns anos se pas-
PORTUGAL saram e só fui redescobri-lo recentemente,
disposição. Não se pode ignorar o que
cada raça tem a oferecer, isso é funda-
numa pausa entre os jogos do Feld. mental para sua estratégia e vencer
com uma raça considerada “mais fra-
DESLUMBRE! ca” tem um gostinho especial.
Poucos jogos se aproximam, muito
menos se igualam ao Terra Mystica, SANGUE NOS OLHOS!
na sua capacidade de ino-
var e na garantia de par- E se tudo isso não fosse o bastan-
tidas sempre diferentes te, na opção das raças já percebemos
e muito disputadas. O olhares inquisidores, até a escolha de
jogo traz tudo de bom onde se sentar influencia (pelo menos
que desejamos: organi- na cabeça dos mais neuróticos), ora jo-
zação inicial bem pen- gadores mancomunados pelo próprio
sada, turnos e raças va- bem, ora se esquecem e se evitam.
riáveis, controle de área Cálculos matemáticos rápidos para
na medida certa, busca perceber quem está mais à frente. E,
constante por pontua- finalmente, no desbloqueio da fortale-
ção, amplo investimento za, deliciar-se com ações especiais.
nas áreas do tabuleiro, Mais uma cidade construída, che-
equilíbrio de ações, 20 gou ao último espaço na trilha do
raças para experimentar culto, ganhou bônus, gastou poder,
(considerando a expansão recebeu renda, espremeu-se dentre os
Fogo & Gelo) e pontuações adversários, espalhou-se por essa Ter-
acirradas. ra Mystica. Quero jogar de novo!
Revista VEMPRAMESA 45
TOP5
Puerto Rico
Como é difícil escolher o Top 1, nos repositórios da época, Ilha do Ta-
se fosse Top 5 ou Top 10 seria mais buleiro (já afundou), Redomanet (atual
fácil; mas pensei que em qualquer Ludopedia) e BoardGameGeek, mas dei
dessas listas estaria Puerto Rico, sen- um jeito (já que também traduzo regras).
do assim, meu Top 1 é Puerto Rio, e O fato é que Puerto Rico me “ganhou”
CESAR por vários motivos. Quando iniciei a de primeira por ser altamente estraté-
colecionar board games, 2007, todos gico, zero sorte, depender demais de
CUSIN me diziam os jogos que todo colecio- leitura do jogo antes de cada atitude
nador “devia ter”, Puerto Rico era um ou escolha sua no
deles. Fui pelas dicas jogo, fatos esses
dos gamers mais ex- que combinam
perientes e deu certo, com meu perfil
mas não sem antes ou gosto pessoal
passar por algumas in- por jogos. Sem-
tempéries. Na época só pre que ganha
tinha a versão gringa. mesa com meu
Aí eu tive que importar grupo ou quan-
e me virar com o inglês do apresento a
com o meu grupo. Nem novos jogadores
me lembro mais se já ti- é boa jogatina na
nha manual traduzido certa!
Pandemic
Eu confesso que não sou mui- O tabuleiro do jogo mostra
to fã de jogos cooperativos, mas vários grandes centros popula-
o Pandemic é a minha completa cionais na Terra. Em cada tur-
exceção. O único jogo cooperati- no, um jogador pode utilizar até
vo dentro do meu TOP 5. É o meu quatro ações para viajar entre LAÍSE
queridinho! Sério, sou apaixona- cidades, tratar populações infec-
da por esse jogo e já perdi a conta tadas, descobrir uma cura, ou
LIMA
da quantidade de partidas que já construir uma estação de pes-
o joguei. Um euro leve, coopera- quisa. Tomando um papel único
tivo e imersivo, precisa de mais o dentro da equipe, os jogadores
quê? Em Pandemic, várias doen- devem planejar a sua estratégia e
ças virulentas eclodiram simulta- combinar as suas habilidades es-
neamente em todo o mundo! Os peciais, a fim de encontrar a cura
jogadores combatem a doença, das doenças. Nunca pensei que
assumindo o papel de especialis- um jogo sobre medicina e ciência
tas cuja missão é tratar os focos, seria tão divertido e cada partida
enquanto pesquisam a cura para do Pandemic é uma experiência
cada uma das quatro pragas. diferente!
46 Revista VEMPRAMESA
Lord
Card game
of the Rings
Acho que tanto quanto Star correspondido quando o coloquei
Wars, a temática de Senhor dos na mesa. Gosto bastante de jogos
Anéis, é uma franquia extrema- que demandam customizações de
mente explorada no universo de decks e elaborações de estratégias
jogos de tabuleiro. São tantos jo- e combos com as cartas. São tan- JOSÉ
gos lançados a todo o momento, tos fatores que podem influenciar MEDEIROS
que nós, fãs da série, temos sem- cada nova partida que o jogo, para (Magarem)
pre que garimpar aquilo que afi- um Trading Card Game (TCG), se
gura como título “caça níquel” apresenta com uma rejogabilida-
dos jogos realmente de qualida- de absurda, ainda mais com os
de. Pensando dessa forma, tive a diversos packs de expansões já
oportunidade de garimpar e co- exaustivamente lançados. Além
nhecer o envolvente Senhor dos disso, é um jogo que reproduz um
Anéis card game. Sinceramente, “lore” perfeito, muito bem adap-
foi um jogo que, desde seu lança- tado, com bastante imersão, cor-
mento, gerou em mim grandes ex- roborado com o formato de um
pectativas e que foi devidamente legítimo e bem sucedido TCG!
Summoner Wars
Consegui esse jogo em uma Math ção de decks é bem restrita, evitando
Trade, bem antes de lançar aqui. Co- avacalhações; gerenciamento de mão
mecei com as primeiras seis facções excepcional, decidir quando e quais
e fui adquirindo as demais aos pou- cartas usar como magia são decisões
ROBERTO cos. Já joguei mais de 10 card games cruciais; o tabuleiro que permite mo-
PINHEIRO colecionáveis e nunca simpatizei com vimentação adiciona um elemento
nenhum. Summoner Wars foi uma espacial e tático muito importante no
exceção desde o jogo; não existe power creep, inclusive
começo. Hoje, muitas das facções antigas são as mais
depois de mais fortes do jogo. As qualidades são mui-
de 200 partidas, tas e eu, até hoje, só encontrei dois de-
eu consigo di- feitos: Magic Drain, que pode ser facil-
zer os motivos: mente evitado jogando apenas com os
várias facções decks novos, e azar/sorte extrema, mas
com estratégias é um aspecto que faz parte do jogo e
diferentes, mais não tem como remover sem destruir o
do que qualquer jogo (removendo os dados). Vou parar
outro jogo que eu por aqui, se não vou ocupar todo o es-
conheça; constru- paço dos colegas.
Revista VEMPRAMESA 47
TOP5
Castle of Burgundy
No top dos jogos de que mais gosto cia que nos serve pelo conhecimen-
está o Castle of Burgundy. Burgundy to prévio daquilo que virá no fim da
só está neste top porque existiu outro rodada! (Para quem nunca jogou, este
jogo do mesmo autor que me encheu último parágrafo foi chinês. Joguem No-
de tal maneira as medidas antes dele, tre Dame!)
CARLOS que agora sou um Feldiano assumido! Então e como chegaste ao Bur-
“- Olá, sou o Carlos Abrunhosa e gundy?... Poderá perguntar de forma
ABRUNHOSA
sou Feldiano.” esclarecida e pertinente o astuto e
Bom, mas o tal jogo percursor... Já atento leitor. Claro! Burgundy é claro!
chegaram lá?... Exato. (Reparem na Cheguei a ele porque depois de Notre
subtileza da afirmação do vocábulo, Dame qualquer jogo de Feld tem de
numa profunda assunção do conhe- ser jogado por mim! Burgundy é de to-
cimento dos leitores da Vemprame- dos, aquele que me agrada mais, por-
sa, relativamente à obra de Mestre que não é demasiado complexo, embo-
Stefan Feld!). Referia-me obviamen- ra pareça ao início, tem uma fluidez
te ao velhinho Notre Dame, pionei- deliciosa, consegue usar os dados de
ro nessa arte de desacomodar os uma maneira genial e transmite-me
jogadores das corriqueiras ações de sempre aquela sensação de querer
põe peão e recolhe dividendo, ou jogar outra partida logo a seguir. En-
joga carta e faz ação. Não. Em No- fim, Burgundy é bom. É uma delícia
tre Dame, Feld conduz-nos por es- de jogo, para o registo gastronômico
ses mesmos caminhos, mas depois comparativo. Penso que dificilmente
proporciona-nos a agonia lúdica deixarei de gostar deste jogo!
de equilibrar o desastre anunciado, Nunca jogou? O quê?! Vá lá com-
numa doce colherada de benevolên- prar, antes que fique out of print! ;)
The Gallerist
The Gallerist é de longe o me- a qualquer momento pode ser sua
lhor jogo que já joguei. Começa vez de jogar. Não tem aquele joga
pela imersão temática, com tema -e-espera, as “ações de expulsão”
e mecânica muito bem costurados: dinamizam demais e ditam o rit-
cada jogador controla uma galeria mo do jogo. Para concluir, a arte...
de arte e atua no mercado com- e que arte! Os RODRIGO
prando e vendendo objetos de arte, componentes RODRIGUEZ
influenciando o mercado interna- são muito bem (ZUZU)
cional, descobrindo e fomentando feitos, a arte
artistas. A forma como o português é fantástica e
Vital Lacerda desenhou as mecâni- tudo encaixa
cas para este jogo faz tudo ter mui- muito bem no
to sentido, o que não é comum em insert plástico,
um jogo de estilo europeu e peso que protege as
médio para pesado. peças na caixa.
Um dos pontos primorosos do Um belo jogo,
design deste jogo é sua dinâmica, meus amigos!
você está o tempo todo atento pois
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Revista VEMPRAMESA 49
Por Rodrigo Zuzu
PROTOTIPANDO
N
ão, este texto não é um te absurdo por novos projetos, que dando um novo recomeço. Se você
conto de Cthulhu, nem reflete a empolgação de todos com também desenvolve, já deve ter
mesmo uma carta do Black projetos muito bem-sucedidos nas passado por isso e sabe a dificulda-
Stories ou uma partida de Cards plataformas de financiamento co- de enorme que temos de explicar
Against Humanity. Da mesma for- letivo, como o Pélaghos e o Futbo- para qualquer pessoa que nos per-
ma, não é um lamento, mimimi ard. Novas editoras surgem a todo gunte o porquê de parar.
ou desabafo, mas sim um tema momento, contrariando a lógica Este porquê vem martelando
bem delicado que todos nós que de que em mercado saturado, a minha mente faz algum tempo. É
desenvolvemos jogos de tabuleiro entrada de novos concorrentes é como aquela questão de vestibular
tratamos como um tabu, mas que mais difícil, como vem fazendo a que você fez há dez anos e ainda
precisa ser exercitado. Diceberry e a Calamity Games. A hoje tenta refazer mentalmente
Não, novamente não estou gama de opções de jogos é enor- o cálculo que faltava para acertar.
falando da hora de parar com me, que o digam os geradores de Depois de muito me encucar com
um projeto específico, de enga- conteúdo que sempre estão com isto, fiz o caminho inverso e resolvi
vetar uma idéia ou um protóti- agendas e pautas lotadas de lança- listar aquilo que não faz um desen-
po. Estou falando daquilo que mentos para resenhar. Isto é bom volvedor parar. Depois do exercício,
faz com que você que desenvolve para todo mundo. consegui chegar ao seguinte:
50 Revista VEMPRAMESA
CHEGUEI À CONCLUSÃO:
Ter pouco tempo Estar distante cotou e quem acreditou no
para seus proje- das editoras e boicote são os errados. Um
tos, não faz um não ter uma dia o boomerangue volta, um
desenvolvedor relação de ami- boicote ou trapaça não sai da
parar. Todos temos zade com gera- memória de ninguém. SIGA.
pouco tempo, dores de conteúdo, não faz
independente da nossa condi- um desenvolvedor parar. Se o
ção social. Se um pai de família Ser boicotado
jogo é bom, mesmo que você
que trabalha 14 horas por dia por hobbistas,
não tenha apoio local por es-
tem tempo, você também tem. que por ran-
tar morando longe e não co-
ços de rede
nhecer “o mitiê”, ele ganha o
social ou por
mundo. Recentemente vimos
Não ter gru- qualquer outro preconceito
notícias sobre jogos brasilei-
po para testar, entram nas plataformas como
ros independentes em um
não faz um Ludopedia e BGG e avaliam
respeitado blog alemão, mui-
desenvolvedor seu jogo como um lixo, não
tos dos jogos comentados lá
parar. Conheço faz um desenvolvedor pa-
não emplacaram por aqui. O
desenvolvedores talentosos que rar. Sinceramente, perder
problema não é o jogo, SIGA.
mudaram de cidade a trabalho, tempo com isso é pior do
estão “refazendo” a vida no que qualquer coisa que você
hobby e ainda assim desenvol- Ser boicotado leu acima. O abismo entre o
vem, escrevem, seguem a vida. por outros “de- 1 que você recebeu de um
signers” que por idiota (novamente perdão,
medo de con- mas...) e as outras notas
Não ter gra- corrência dão que correspondem à sincera
na para fazer feedbacks ruins opinião de quem jogou (in-
protótipos para e viciados para editoras que dependente se é realmente
teste, não faz você está prospectando, não um 1 ou um 10) é evidente
um desenvol- faz um desenvolvedor parar. para qualquer pessoa. Des-
vedor parar. Novamente, se o jogo é bom considere, quem está com
Faça com papel e caneta, com e você acredita, vai ficar cla- raiva de seu sucesso é ele,
tampa de PET e grão de feijão. ro para todos que quem boi- quem está ganhando é você.
Se acha difícil, procura na net a
história do menino que fez um
PUBLICDOMAINPICTURES / PIXABAY.COM
fliperama de papelão, pois isto
era o sonho dele. Vou facilitar:
tecle Caine’s Arcade e divirta-se.
Revista VEMPRAMESA 51
IMAGENS: WHOISMARGOT / PIXABAY.COM
“A hora
de parar
é quando
você não
tem mais
amor pelo
que faz!”
52 Revista VEMPRAMESA
COLUNA
DO PORTUGA Carioca natalense, professor
de Português e Literatura.
danportugal1978@hotmail.com Família e jogos sempre à mesa!
MAL
Não aguento mais os “bons sentimen-
tos”. Quero ser ruim e me vingar. Quero
entrar na guerra com o mundo. O mun-
do me vencerá, mas pelo menos eu farei
uma coisa decente: morrerei.
(Clarice Lispector)
D
e onde vem todo esse mal que nos cerca?
Por que é tão difícil amar o próximo, ou,
no mínimo, respeitá-lo? Por que o mal
parece tão apetitoso e sedutor?
Se voltarmos nosso olhar para a Literatura,
essa expressividade do mal sempre esteve pre-
sente, desde Homero que fez da cólera de Aqui-
les o motor da Ilíada, passando pelo pecado ori-
ginal e seus desdobramentos que inauguram a
história do homem na Bíblia, ou ainda, crepi-
tando no Inferno de Dante, viagem através do
império do mal. Dos seus primórdios à moder-
nidade, o mal sempre encontrou palavras e per-
sonagens que o representassem.
Os pecados e seus castigos na obra de Dos-
toievski, as monstruosidades hiper-realistas
de Kafka, sem falar em autores nacionais
como Clarice Lispector, Machado de Assis,
Lygia Fagundes Telles e Rubem Fonseca, que
ALEXAS FOTOS / PIXABEY.COM
Revista VEMPRAMESA 53
COLUNA DO PORTUGA
54 Revista VEMPRAMESA
maiores consequências, apenas para conter sua
COMFREAK / PIXABAY.COM
pressa e má educação.
E quando não foi possível conter um adversário co-
mercial e o sucesso do outro fica cada vez mais evidente,
aí sim, torna-se difícil apoiar, estar junto e prestigiar de
verdade a vitória do outro. Na verdade deveria ser eu ali...
por que não sou eu?
Nossa relação de desdenho com pessoas famosas
constrói belos paradoxos de amor e ódio. Se ao mesmo
tempo damos vazão à tietagem, por outro lado, as fra-
ses a seguir dizem tudo: “Fica lá o dia inteiro sem fazer
nada”, “Eu queria ter os problemas que essa aí tem”,
“Não merece ganhar tanto assim”, “Já já vem outro es-
cândalo”, “Só ficam com ele porque tem dinheiro”, se
bem que isso (geralmente) é verdade!
Enfim, são muitos os momentos em que somos testa-
dos e simples ações poderiam conter e evitar discussões
acaloradas, brigas, separações e até tragédias.
Entramos no modo sádico, quando não respondemos
a um amigo em momento oportuno e preciso, ou quan-
do deixamos uma mentira se espalhar, mesmo tendo o
poder para liquidá-la, entretanto, para própria diversão,
prefere-se o circo pegando fogo. Ou ainda, quando sabe-
mos do perigo em que alguém próximo se encontra, um
passo em falso e o abismo é certo e, mesmo assim, espe-
ramos, pacientemente, que ele dessa ladeira abaixo. De
lá, quem sabe, estendo a mão.
Parece-me que com pequenos esforços, atitudes
singelas e que custam quase nada, seria possível criar
uma atmosfera bem diferente e positiva em nossos
círculos sociais. Acontece que, viralizando boas ações, “há os guardiões
munindo-se de amor, o outro se vê diante de uma
encruzilhada: ou se contagia e responde à altura, en-
das boas ações,
trando de vez nessa corrente do bem; ou suas ações verdadeiro sal
negativas ficarão ainda mais evidentes, será difícil
disfarçá-las e a possibilidade de ser descoberto é imi-
da Terra”
nente. E ninguém quer ser descoberto, pois parte da
brincadeira macabra está no fato de passar incólume.
Felizmente, há uma luz que permeia todo o túnel.
Os malogros permanecem muitas vezes apenas em
pensamento, veladas, não constituindo ação propria-
mente dita. Mas tenha cuidado: o filtro mental que
todos temos (ou que deveríamos ter) começa a ruir e
se tornar cada vez mais tênue.
Apesar do desespero crescente, há os guardiões das
boas ações, verdadeiro sal da Terra, que ajudam sem con-
dições e que já aprenderam, há muito, como respeitar
seus impulsos, nunca prejudicando os demais. São aque-
les que aprenderam que o ego pode ser controlado e que
fazer o bem, faz um bem danado. Eis que ao meu lado,
vejo um amigo. Há outro mais à frente!
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