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Carta do editor

Desde que Luther King fez seu famoso discurso "I have a dream" ("eu tenho
um sonho"), virou moda falar de sonhos. Livros, filmes, games, RPG... se
tornou lugar comum dizer "Ah, nasceu de um sonho...". Do Frankenstein
de Mary Shelley até o Crepúsculo, sonhos se tornaram uma desculpa útil
para qualquer obra de arte ou produto cultural.

A RPG Magazine, no entanto, não nasceu de um sonho. Ninguém aqui


dorme em serviço ("Ei, você ai no fundo, acorda ae!"). A sua RM nasceu do
clamor popular por uma revista de RPG que realmente atende suas
necessidades. Para que disponibilizar dezenas de fichas de NPCs de animes
quando você precisa das estatísticas da arma do protagonista?

A ideia da RM é trazer para o jogador e para o mestre o que eles real-


mente precisam. E qual é o maior perigo dos Mestres de D&D? Alguém
falou Desejos? Sim, temos eles aqui. A reportagem de capa trás os gênios,
mas não aquele cara azul da Disney, e sim os gênios da mitologia árabe, os
Djinn, com todos os seus poderes e habilidades. E para os mestres não se
desesperarem, temos também dicas de como lidar com magias Desejo e
similares...

E ainda temos resenhas de games e clichês de RPGs eletrônicos. Para não


ficar só em videogames, temos duas reportagens importantíssimas.
Cansado de pedir feijoada em taverna? aprenda o que o pessoal comia e
bebia na Idade Média. Cansado da mesma boa e velha espada longa? Descu-
bra que tipo de armas os medievais mais estranhas e letais que já existi-
ram. E para dar mais uma forcinha para os personagens, vem aí também
um kit indispensável para qualquer assaltante de masmorras.

É, os bons tempos do RPG voltaram!

Orc Bruto
Editor
Expediente:
Diretor Executivo: Luiz Mattos
Diretor Financeiro: Marcelino Steckel
Diretor de Markenting: Paulo Ivo
Diretor de Arte Grafica: Fábio Teófilo
Diretor de Artes: Fábio Teófilo
Editor: Arturo Branco
Conselho: Luiz Mattos, Arturo Branco
Projeto Grafico: Fábio Teófilo
Diagramação: Fábio Teófilo e João Henrique Brugger
Colaboradores desta edição: Luiz Mattos, Arturo Branco.
Agradecimentos Especiais: Desciclopédia (desciclopedia.ws),
Blog da Resenha (www.blogdaresenha.blogspot.com)

RPG Magazine é uma publicação Mensal


contato: rpgmagazine@gmail.com
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Armamento Pesado 05
Clichês Eletronicos 13
Comida Medieval 17
Conto: Minha conquista 22
Cuidado com o que você Deseja 24
Gênios 29
Overlord 35
Hellgate London 37
Kit do Aventureiro Feliz 39
é para nós humanos. lizadas em batalhas muito
A mordida de um rato antes do que você imagi-
pode doer, ferir e cau- nava. De mísseis a raios
sar doenças, mas laser, de lança-chamas a
dificilmente é fa- metralhadoras, novas op-
tal. Em seres de ta- ções para seu persona-
manho enorme, armas gem caçar monstros sem
comuns dificilmente conse- depender daquela espada
guem ultrapassar sua pele ou vorpal +5...
escamas.
Mesmo animais menores, Gastraphetes
como elefantes e rinoce- Esta arma de nome esquisito foi, talvez, uma das
rontes, possuem a pele primeiras bestas da história. Criada pelo inventor
Armas medievais que você grossa o bastante
para evitar a maior
grego Ctesibius, no século III a. C., e descrita pelo
escritor Heron de Alexandria em I a. C., a arma se-
não sabia que existiam parte das armas dis- guia a idéia básica do que viria a ser a besta medie-
poníveis para um perso- val, um arco preso a um suporte de madeira.
By Arturo Branco (Mestre em História pela UFG) nagem de D&D.
Após uma longa caminhada, os aventureiros se ar- A diferença, no entanto, estava na munição. A Gas-
Então, como, em um mundo de fantasia medie- traphetes era feita para arremessar azagaias, lan-
mam para matar o dragão que está aterrorizando val, as pessoas se defenderiam de criaturas tão
o vilarejo. O paladino afia sua espada longa, o elfo ças de arremesso, ao invés de flechas ou quadrelos.
resistentes? A arma era tão grande que sua parte posterior devia
confere suas flechas, o bárbaro prepara seu ma-
chado... e, espere um pouco! Isso não faz o menor Magia é a resposta mais fácil. Mas vale lembrar que ser amarrada à cintura do atirador, daí seu nome,
sentido! Estamos falando de um dragão, um mons- as artes mágicas não estão à disposição de todos. que em grego significa “Besta de Barriga”.
tro que pode chegar a mais de quinze metros de Magos e feiticeiros, assim como armas mágicas, não Segundo Heron de Alexandria, uma versão ainda
comprimento! são tão comuns a ponto de estarem à disposição de maior da Gastraphetes foi inventada por Ctesibius,
todos os vilarejos atormentados por monstros. chamada Oxybeles. Esta besta seria tão grande que
Em mundos de fantasia medieval, principalmente
nos mundos de D&D, é comum que heróis de todo Olhando para o nosso próprio mundo, onde não há poderia arremessar lanças longas, mas seria im-
tipo, mais cedo ou mais tarde, se tornem dependen- espadas mágicas, bolas de fogo ou dragões, vemos possível de ser utilizada por um homem sozinho,
tes de magia. Um personagem humano, desprovido que, durante a Antiguidade e Idade Média, diversos necessitando de pelo menos dois ou três soldados
de magia, é praticamente povos desenvolveram armamento poderoso, muito para armá-la e atirá-la.
inofensivo contra certos superior às espadas e machados disponíveis para A Gastraphetes era amplamente utilizada pelos gre-
tipos de criaturas. personagens de D&D. Sem dragões ou gigantes gos para combater cavalaria e carros de guerra (simi-
para enfrentar, tais armas eram geralmente aplica- lares às bigas romanas) de outras civilizações. Uma
Proporcionalmen- das contra navios e animais de grande porte, como
te, um humano vez que eles eram péssimos cavaleiros e se concen-
elefantes, usualmente treinados para agirem como travam na luta à pé, tal besta dava a possibilidade
com uma espada tanques de guerra.
é, para um dra- de abater um cavalo e seu cavaleiro ao mesmo tem-
gão ou gigante, Aqui apresentamos uma lista de armas que, por in- po, uma vez que um tiro certeiro poderia perfurar o
o que um rato crível que pareça, foram inventadas, testadas e uti- pescoço do animal e continuar o trajeto através da
armadura do infeliz que estivesse montado nele.
Lian-nu mais tempo utilizado por um exército, sem modifica-
ções. Desde o século IV a. C., quando foram inven-
A besta de repetição européia, disponível no Livro tadas, até o século XIX, data das incursões japone-
do Jogador de D&D, era apenas uma arma mecâni- sas e inglesas na China, a besta Lian-Nu foi utilizada
ca que rearmava, automaticamente, após o tiro ser como armamento padrão dos chineses.
disparado. E isto era um grande avanço na época
Esta arma também ganhou uma versão coreana, de-
em que bestas levavam longos minutos para se-
nominada Sunogung.
rem rearmadas.
No entanto, a besta de repetição tradicional Lian-Nu/ Sunogung: 1d6 (dano por perfuração),
está muito distante de sua poderosa versão crítico 19-20 (x2), alcance: 30 metros, peso: 5
chinesa, chamada de Lian-Nu. A Lian-Nu era kg (+ 2kg para cada 50 quadrelos acoplados à
uma besta similar à besta de repetição que arma, no máximo 1000.), custo: 500 PO, arma
Imagem: Gastraphetes
consta no Livro do Jogador, no entanto, seu fun- tamanho médio.
Gastraphetes: 1d12 (dano por perfuração), crítico: cionamento permitia que ela disparasse como A cada “tiro”, jogue 1d10 para ver quantos quadre-
19-20 (x2), alcance: 60 metros, peso: 5kg, custo: uma metralhadora atual, podendo lançar quinze los acertaram o alvo. Multiplique o dano de 1d6
100 PO, arma tamanho grande. quadrelos por segundo, dependendo da destreza pelo número de quadrelos. Por exemplo, se o resul-
O Gastraphetes não é uma arma mecânica, como a do atirador. tado for 8, e a arma tiver causado 3 de dano, multi-
besta medieval, por isso pode ser construída como Com um complexo mecanismo interno, a Lian-Nu plique 3 (dano) pelos oito quadrelos que acertaram
um arco reforçado, adicionando o bônus de força foi inventada pelo engenheiro chinês Zhuge Liang, (cada um causou 3 pontos de dano, sendo 24 de
do usuário ao dano. O preço é o mesmo de um arco à partir de antigas bestas de repetição tradicionais dano no total).
longo reforçado + 100 PO (base reforçada). chamadas Chu-Ke-Nu, que apenas rearmavam de-
pois de disparar o primeiro tiro. Polybolos
Oxybeles Zhuge Liang decidiu acoplar um mecanismo de Se a besta chinesa Lian-Nu já era considerada uma
Oxybeles: 2d10 (dano por perfuração), crítico 19- roldanas à tradicional Chu-Ke-Nu, de forma que, arma mortal, esta invenção grega do século II a.C.
20 (x2), alcance: 120 metros, peso: 15 kg, custo: enquanto o atirador girasse a roldana, a besta teria sido o terror nos campos de batalha da anti-
500 PO, arma tama- continuaria disparando,
nho enorme. rearmando e disparan-
do normalmente. O com-
O Oxybeles só pode partimento de munição
ser utilizado por cria- também foi adaptado
turas tamanho gran- para conter de 50 a 1000
de (com duas mãos) quadrelos, dando à arma
ou enorme (com uma uma aparência pesada
só mão). Criaturas e desproporcional, com-
menores precisam de pensada pelo seu alto po-
ajuda para armar, mirar der de fogo.
a atirar com a arma, é neces-
sário pelo menos duas criaturas As bestas Lian-Nu foram
tamanho médio ou quatro tamanho tão eficientes que se tor-
pequeno para operar a Oxybeles. naram o armamento por Imagem: Polybolos
Imagem: Oxybeles
guidade. A Polybolos foi descrita pelo cronista grego utilizado por criaturas tamanho grande (com duas tico 18-20 (x2), alcance: 500 metros, peso: 10 kg,
Philo de Bizâncio, e sua invenção é atribuída à Dyo- mãos) ou enorme (com uma só mão). Criaturas me- custo: 1.000 PO, arma tamanho grande.
nisius de Alexandria. nores precisam de ajuda para armar, mirar a atirar
com a arma, é necessário pelo menos duas criatu- Cheiroballista: 2d6 (dano por perfuração), crítico
A Polybolos seria uma grande balista, montada em 18-20 (x2), alcance: 250 metros, peso: 5 kg, custo:
ras tamanho médio ou quatro tamanho pequeno
barcos ou fortificações, que poderia atirar várias 500 PO, arma tamanho médio.
para operar a Polybolos.
lanças sem a necessidade de recarregar. Ao contrá-
rio da Lian-Nu, a Polybolos não utilizava um reserva-
tório vertical de munição, mas sim uma “corrente” Scorpio Petrobolos
de couro, onde as lanças eram presas, de maneira O Scorpio, e sua versão menor, a Cheiroballista, são Outra arma descrita por Heron de Alexandria. O Pe-
similar às metralhadoras atuais. ancestrais dos atuais rifles sniper. Feitos para atin- trobolos (literalmente “atirador de pedras”) consistia
gir com precisão, perfurar armaduras e atirar projé- em uma Oxybeles adaptada para arremessar pedras
Seu funcionamento se dava por um conjunto de ou esferar de metal ao invés de lanças.
alavancas e cordas, que deveriam ser pressionadas teis a mais de 500 metros de distância, tais armas
e liberadas continuamente para que a arma conti- se tornaram padrão nos exércitos romanos por volta A grande vantagem da Petrobolos era sua versati-
nuasse a atirar. Segundo as descrições de Philo de do ano 50 a. C..
Bizâncio, a Polybolos podia disparar cerca de duas Segundo o cronista romano Vitruvius, a Scorpio era
lanças por segundo. uma grande besta de madeira e metal, que podia
Polybolos: 2d10 (dano por perfuração), crítico 19- disparar dardos especiais (maiores que uma flecha,
20 (x2), alcance: 60 metros, peso: 80 kg, custo: menores do que uma azagaia) a mais de 500 me-
1.500 PO, arma tamanho enorme. tros, com excelente precisão, podendo acertar alvos
tão pequenos quanto um cão. Os dardos, feitos de
A cada “tiro”, jogue 1d4 para ver quantos qua- madeira com pontas de chumbo, garantiam não só
drelos acertaram o alvo. Multiplique o dano um longo alcance como também um grande
de 2d10 pelo número de quadrelos. Por poder de penetração, podendo passar
exemplo, se o resultado for 3, e a através de paredes de madeira ou
arma tiver causado 10 de dano, alvenaria, e perfurar armaduras com
multiplique 10 (dano) pelos três facilidade.
quadrelos que acertaram (cada
um causou 10 pontos de dano, Para garantir a precisão, os Scorpio
sendo 30 de dano no total). eram montados sobre uma plataforma
de madeira similar a um tripé, a fim de
O Polybolos só pode ser evitar solavancos ou tremores. As Cheiro-
ballistas (literalmente, “balistas de mão”),
eram versões consideravelmente menores e
desprovidas de tripé, podendo ser utilizadas
por um soldado em movimento. Estas armas
também eram quase todas feitas em ferro, o
que garantia uma durabilidade superior à
das outras bestas e armas similares.

Imagem: Scorpio Scorpio: 2d8 (dano por perfuração), crí- Imagem: Petrobolos
lidade frente à Oxybeles. Ao invés de munição ma- experimentos teve origem, por exemplo, as bombas
nufaturada, a arma podia arremessar virtualmente de fumaça utilizadas pelos ninjas e shinobis para
qualquer coisa no inimigo, incluindo pedras, potes “desaparecer” em pleno ar, assim como também ar-
com óleo inflamável, potes com ácido, crânios, tocos mas químicas utilizadas pelos europeus em cercos
de madeira, tijolos, pedaços de armas e armadu- a castelos.
ras... Qualquer objeto com dimensões similares às
de um crânio humano serviriam de munição. Pólvora: 1d4 (+1d4 a cada 50 gramas, dano por
fogo) crítico (n/a), alcance: 3 metros (explosão atin-
O Petrobolos chegou a ser utilizado até mesmo para ge 1 metro para cada 50 gramas de pólvora), peso:
fazer guerra biológica. Durante o cerco a Atenas, na 50 gramas, custo: 1 PO, arma de área tamanho mi-
Guerra do Peloponeso, partes de cadáveres apodre- údo.
cidos ou de pessoas que haviam morrido devido à
peste eram utilizadas como munição para Petrobo- A pólvora causa dano em área, como o Fogo Grego
los, a fim de espalhar doenças entre os exércitos es- (ver Livro do Jogador), mas não é capaz de incinerar
partanos. materiais inflamáveis, a menos que tenha sido feita
para isso (mais salitre na composição). Quantidades
Petrobolos: 2d6 (dano por esmagamento), crítico menores que 50 gramas não causam dano, mas po-
19 (x2), alcance: 60 metros, peso: 15 kg, custo: 500 dem provocar uma nuvem de fumaça densa (idênti-
PO, arma tamanho enorme. Imagem: Pólvora co à magia Névoa Obscurescente), ou uma núvem
morteiros, bazucas e mísseis (veja à seguir!), além de vapor tóxico (idêntico à magia Névoa Fétida) se a
O Petrobolos só pode ser utilizado por criaturas ta-
de usos menos mortíferos, como fogos de artifício, pólvora tiver sido preparada para isso (mais carvão
manho grande (com duas mãos) ou enorme (com
ferramentas de mineração e medicamentos. ou mais enxofre na composição).
uma só mão). Criaturas menores precisam de ajuda
para armar, mirar a atirar com a arma, é necessário
pelo menos duas criaturas tamanho médio ou qua-
A pólvora chegou no ocidente com as hordas mon-
góis de Gengis Khan, em 1241, e logo despertou o
Hwacha
tro tamanho pequeno para operar a Petrobolos. interesse dos ocidentais. A facilidade em se fazer Arma de origem coreana, o Hwacha foi um dos pri-
pólvora era o maior atrativo desta nova arma. Para meiros inventos a utilizar pólvora, ainda que de uma
Polvora se fazer pólvora bastava misturar duas porções de forma rudimentar. Criada em 1409 para ajudar os
enxofre (encontrado em áreas vulcânicas), três por- navios coreanos a combater os piratas japoneses
Muitos jogadores de D&D tem uma verdadeira aler- ções de carvão e quinze de salitre (obtido através da Waegu nos mares do Leste, a arma foi inventada pe-
gia à pólvora. Não se pode culpá-los, ao ouvir falar oxidação de esterco), muito mais prático e menos los engenheiros coreanos Yi Do e Shoe Hae-San
em pólvora, muitos de nós pensamos logo em pisto- perigoso do que a receita para se fazer outros ex-
las, mosquetes, rifles, revólveres e metralhadoras. plosivos utilizados no ocidente, como o Naft arábe A Hwacha era composta de um grande cubo de ma-
(basicamente nitroglicerina) ou o Fogo Grego (feito deira ou metal, com aberturas onde se inseria sacos
No entanto, poucos param para pensar o quan-
de petróleo, fósforo branco e azeite), ambos mais com pólvora e, por cima, flechas. Do lado contrário
to este explosivo esteve presente na Idade Média,
instáveis do que a pólvora. do cubo, pequenas aberturas permitiam que a pól-
mesmo antes da invenção das primeiras armas de
vora fosse incendiada, fazendo a explosão impulsio-
fogo “tradicionais”. Os manuscritos mais antigos re- Alterando os componentes da pólvora, era possível nar a flecha a grandes distâncias.
lativos à fabricação de pólvora são tratados de alqui- também alterar o resultado. Mais carvão produziria
mia chineses do século IX, mencionando o perigo de uma pólvora que, quando queimada, exalava muita Uma Hwacha com uma só abertura não tinha nenhu-
se misturar certas substâncias. Pouco após o ano fumaça densa. Mais salitre provocava uma explosão ma vantagem específica sobre uma besta ou arco,
1000 d.C. Já aparecem relatos, em todo o oriente, da mais forte, e mais enxofre produziria gases tóxicos pelo contrário, demorava muito mais tempo para ser
utilização de armas de pólvora, incluindo canhões, quando a pólvora fosse queimada. Á partir destes rearmada. No entanto, era possível criar verdadeiras
ta como uma arma grande, com sete, como metros do atirador, formando uma trilha de fogo.
uma arma enorme, e assim por diante.
Embora normalmente fosse utilizado contra navios,

Huo-long-Jing o Huo-Long-Jing também era eficaz contra alvos hu-


manos e fortificações. Versões posteriores da arma
Criado pelos chineses em 1300, o Huo- adicionaram “asas” de papel e bambu aos dois “es-
Long-Jing é o ancestral dos atuais mísseis tágios” do foguete, de forma a dar maior sustenta-
e foguetes, incluindo bazucas como a RPG- ção e fazê-lo voar por mais de 500 metros antes de
7 (Rocket Propelled Granade, literalmente explodir e lançar os mísseis de bronze.
“Granada Propelida como Foguete”). Além de assustadoramente eficiente, o Huo-Long-
Visualmente terrível, o Huo-Long-Jing era Jing era fácil de ser rearmado, uma vez que os ex-
constituído de um tubo oco de metal e bam- plosivos se encontravam dentro do projétil. Bastava
bu, com uma cabeça de dragão esculpida na inserir um novo foguete, mirar e disparar.
frente. Dentro dele se colocava outro tudo de Huo-Long-Jing: 5d6 (dano por fogo) + 4d8 (esma-
Imagem: Hwacha
madeira, recheado de pólvora embebida em pe- gamento), crítico 20 (x2), alcance: 320 metros (700
tróleo, assim como quatro tubos menores, de bron- metros a versão com asas), peso: 25 kg, custo:
paredes de Hwachas, unindo umas às outras, e dis- ze, repletos de pólvora e esculpidos como dragões. 1.500 PO, arma tamanho grande. Cada foguete para
parar centenas ou mesmo milhares de flechas de Segurado no ombro, o combustível do foguete era o Huo-Long-Jing custa 500 PO.
uma só vez, com um único “tiro”. incendiado por um mecanismo de pederneira, dis-
A Hwacha de uma só abertura era conhecida como parando o tubo de madeira na direção do inimigo.
Após 120 metros de vôo, o tubo explodia e lançava Lança-Chamas
Singijeon, e a de duas aberturas era conhecida
como Juhwa. Armas feitas especificamente para os quatro pequenos mísseis de bronze, que voavam Desde o século IX a.C. a colônia grega de Bizâncio
serem usadas em navios ou carroças podiam ter por mais 200 metros até atingir o alvo, provocando (depois chamada Constatinopla, e hoje Istambul)
várias centenas de aberturas ou serem montadas uma forte explosão. O petróleo garantia resistiu a seus inimigos e conquistou amplos terri-
em blocos de Hwachas de quatro aberturas cada, que o primeiro “estágio” do Huo- tórios utilizando de uma arma poderosa, contra a
podendo ser miradas em diferentes direções ao Long-Jing causa-se não só um qual armaduras não forneciam a menor proteção, o
mesmo tempo. grande efeito visual como lança-chamas.
também incendiasse
Hwacha: 1d10 (dano por perfuração), crítico 20 qualquer alvo a Não se tem notícias de quem teria inventado tal
(x2), alcance: 180 metros, peso: 5 kg, custo: 10 PO, até 120 arma, mas ela permitiu que o reino de Bizâncio per-
arma tamanho pequeno. manecesse praticamente intocado por mais de de-
zoito séculos, embora sempre cercado de inimigos.
Cada abertura para flechas adicional conta O lança-chamas bizantino era alimentado à base de
como uma Hwacha a mais, tanto para peso duas substâncias, vapor de Metano, produzido por
quanto para custo, independentemente de se lixo orgânico em decomposição e Fogo Grego, em
tratar de duas Hwachas de uma só abertura sua forma líquida, feito à partir de uma mistura de
unidas ou de uma única arma com mais de azeite (sim, este mesmo azeite com o qual se tem-
uma abertura. A cada duas aberturas extras, a pera salada), petróleo, ácido nítrico (extraído de es-
arma aumenta em uma categoria de tamanho, terco de animais) e fósforo branco, um minério que
portanto, uma Hwacha de três aberturas con- inflama ao menor contato com o ar.
ta como uma arma média, uma com cinco con- Imagem: Huo-Long-Jing
permite vinte “baforadas” ou uma baforada que
dure até vinte rodadas. Cada carga custa 40 PO.
Ataques feitos com o Lança-Chamas bizantino são
considerados ataques de toque (ignoram CA por
armadura ou escudo).
Lança Chamas Naval: 8d6 (dano por
fogo) , crítico (n/a), alcance: 20 metros,
peso: 130 kg, custo: 8.800 PO, arma
tamanho imenso. Cada carga de Fogo
Grego e Metano (aproximadamente
1m³) permite vinte “baforadas” ou uma
baforada que dure até vinte rodadas. Cada
carga custa 400 PO. Imagem: Pen-Huo-Qi
Imagem: Montando o Lança chamas
Ataques feitos com o Lança-Chamas naval são con-
Mantidos em dois recipientes de bronze e mistura- radas” ou uma baforada que dure até vinte roda-
siderados ataques de toque (ignoram CA por arma-
dos em um terceiro recipiente metálico através de das. Cada carga custa 20 PO.
dura ou escudo).
um sistema de êmbolos similar ao das seringas atu-

Pen-Huo-Qi
ais, o Fogo Grego e o metano eram expelidos por um Ataques feitos com o Pen-Huo-Qi são considera-
tubo metálico, em cuja ponta havia uma pequena dos ataques de toque (ignoram CA por armadura
chama. O resultado era uma nuvem de fogo que se ou escudo).
Versão chinesa do lança-chamas bizantino, foi
expandia na direção do inimigo, condensando-se e
Raio de Arquimedes
inventado no século VIII d.C., durante o período
terminando por atingir o chão na forma de uma mis- das Cinco Dinastias e Dez Reinos.
tura pegajosa e flamejante, similar ao atual Napalm.
Ao contrário do lança-chamas bizantino, alimen- Se você conhece o sábio grego Arquimedes (287
Ao contrário dos lança-chamas atuais, os bizantinos tado com gás metano e Fogo Grego, o Pen-Huo-Qi a.C. a 212 a.C.) apenas por seus teoremas à respei-
produziam um ruído alto, similar a um trovão, devido funcionava a base de naft, uma instável e pode- to de alavancas e movimento hidráulico, saiba que
à expansão do gás metano dentro do tubo. Além de rosa mistura de ácido nítrico com banha de por- ele também foi o primeiro ser humano a utilizar ar-
causar um efeito visual assustador, o gás em com- co. Hoje em dia esta mistura é conhecida pelo mas de raios em toda a história.
bustão penetrava dentro das armaduras e escudos nome de Nitroglicerina, e ainda é usada como O invento de Arquimedes, muito parecido com os
dos inimigos, tornando-as inúteis e queimando o arma, embora sirva mais comumente como com- raios laser de filmes como Star Wars, foi criado du-
alvo dentro delas. bustível. rante a Batalha de Siracusa, na Guerra do Pelopo-
Versões maiores do lança-chamas bizantino eram O Pen-Huo-Qi também tinha uma aparência dife- neso, onde o inventor grego queimou a esquadra ro-
montadas em navios, mas só eram realmente efeti- renciada, construído como uma grande caixa de mana de uma distância segura, usando um misto de
vas em condições de calmaria, ou o vento mudaria o metal com pistões e uma espécie de “tromba” de espelhos, lentes de aumento e cristais de quartzo.
curso da nuvem de fogo. bronze, por onde saía a mistura incandescente. O Raio de Arquimedes consistia de dois conjuntos
Lança Chamas Bizantino: 4d6 (dano por fogo) , de espelhos que focalizavam a luz solar e faziam um
Pen-Huo-Qi: 4d6 (dano por fogo) , crítico (n/a),
crítico (n/a), alcance: 9 metros, peso: 13 kg, custo: raio da mesma passar por uma lente de cristal de
alcance: 12 metros, peso: 20 kg, custo: 1.500
1.800 PO, arma tamanho grande. Cada carga de quartzo, que ampliava a força do raio e o direcionava
PO, arma tamanho grande. Cada carga de naft
Fogo Grego e Metano (aproximadamente 50cm³) em linha reta até o alvo, queimando pessoas e na-
(aproximadamente 50cm³) permite vinte “bafo-
à partir de Bastões Solares. Um Bastão Solar forne- to, fogo ou ácido. Alquimistas do nosso planeta Ter-
ce carga para 6 horas de funcionamento à partir do ra, mesmo sem acesso às proezas mágicas de D&D,
primeiro disparo. Cada Bastão Solar custa 2 PO. eram capazes de produzir substâncias que seriam
muito úteis a qualquer aventureiro.
O Raio de Arquimedes é baseado em luz, logo não
funciona em ambientes sob efeito da magia Escuri-
dão Profunda, e é refletido por qualquer superfície Naft
metálica ou cristalina, incluindo armas e armaduras. Simples de se produzir e tremendamente po-
O raio refletido é desfocalizado e não causa dano deroso. Esta é a melhor definição para o Naft,
algum. composto alquímico desenvolvido pelos árabes
no século X.
Alquimia O Naft era, basicamente, Nitroglicerina. Misturava-
Em mundos de fantasia, muitas criaturas são vul- se ácido nítrico, obtido à partir da fermentação de
neráveis apenas a um tipo específico de energia ou fezes de animais, com gordura animal, e o resulta-
arma, e imunes a outros. Ácido e fogo são as úni- do era um composto instável, capaz de explodir se
cas armas realmente mortais contra trolls, enquanto arremessado ou agitado violentamente.
Imagem: Raio de Arquimedes dragões vermelhos recebem dano extra se atacados Era comum também a adição de petróleo na fór-
vios como uma criança queima formigas com uma com algum tipo de energia congelante. mula, a fim de aumentar o efeito inflamável do
lente de aumento. Diante destes monstros, muitos guerreiros e outros composto.

Embora o primeiro e único Raio de Arquimedes te- aventureiros sem acesso a magias se vêem indefe- O uso militar mais comum do Naft era na forma
nha sido um invento imenso, é possível a construção sos. No entanto, não é necessário sempre recorrer a de granadas. Embora não existisse na antiguida-
de uma arma similar em escala menor, que cause o artes arcanas para produzir efeitos de congelamen- de, tais armas foram mostradas no filme 300 de
mesmo efeito. No mundo real esta arma seria muito Esparta, e constituiam-se em armas temidas no
difícil de manipular, uma vez que o atirador deveria campo de batalha.
permanecer imóvel sob sol forte, procurando o me- Em D&D o Naft se comporta como Fogo de Al-
lhor foco para atingir seu alvo. No mundo de D&D, quimista ou Fogo Grego. Pode ser arremessado
no entanto, temos um item alquímico chamado Bas- e causa 1d6 de dano. No entanto, ele não pode
tão Solar (sunrod no original) que pode fornecer luz ser apagado com água ou com rolamentos. Jo-
o bastante para permitir que a arma funcione sem gar água em chamas causadas pelo Naft só faz
problemas, mesmo durante a noite ou dentro de um o fogo aumentar, uma vez que o petróleo da fór-
labirinto. mula passa a ser espalhado pela água. A única
Raio de Arquimedes: 3d6 (dano por calor, pode maneira de se apagar o fogo causado pelo Naft é
afetar criaturas imunes a fogo, a critério do mestre. cobrindo o mesmo com areia, terra ou neve, im-
Dobro de dano em mortos-vivos particularmente pedindo que este entre em contato com o ar. Um
vulneráveis à luz solar, como vampiros) , crítico frasco de Naft custa apenas 5 PO uma vez que,
(n/a), alcance: 30 metros, peso: 3 kg, custo: ao contrário do Fogo de Alquimista, a solução
5.000 PO, arma tamanho médio. Sob luz solar é fácil de se produzir e usa apenas ingredien-
funciona sem precisar de munição. Em lugares tes baratos. Produzir Naft requer um teste da
fechas, à noite ou em dias nublados, funciona perícia Alquimia com CD 15.
Imagem: Símbolo alquímico
Gelo liquido metalurgia, na arte (para esculpir metais) e até para
descobrir falsificadores de moedas, que faziam mo-
A substância conhecida como Gelo Lí- edas de ouro alquímico para se passarem por moe-
quido é, na verdade, água. Ao contrário das de ouro “de verdade”.
do que se acredita, o gelo não é água
Em D&D, a Aqua Fortis é uma versão muito mais
solidificada, mas sim água cristalizada.
poderosa do ácido comum, disponível no Livro do
Quando se resfria água destilada, sem
Jogador. Ela causa 2d8 de dano a cada rodada, e
nenhum mineral, a mesma não se torna
só pode ser neutralizada com a aplicação de algu-
gelo, uma vez que a molécula de água
ma substância alcalina, como magnésia ou soda
precisa de uma molécula de outro mineral
cáustica. Água apenas potencializa o efeito da
para se cristalizar.
Aqua Fortis. Seu preço também é elevado, uma vez
Água destilada resfriada se mantém em es- que precisa estar guardada em um frasco de ouro,
tado líquido em temperaturas abaixo de -60º pois corrói vidro e porcelana com facilidade. Cada
C. No entanto, ao menor contato com mine- frasco é vendido por 100 PO.
rais presentes no ar ou em alguma superfície,
Imagem: Cavaleiro usando Fogo Grego em sua lança. ela imediatamente cristaliza, formando um blo-
co sólido de gelo.
Fogo grego Na Idade Média o gelo líquido era utilizado na meta-
lurgia para o resfriamento rápido de metais, impe-
Há centenas de receitas diferentes para a produção
dindo que os mesmos se deformassem em contato
do chamado Fogo Grego. A mais comum envolve a
com a temperatura ambiente. Em mundos de D&D,
mistura de azeite de oliva, petróleo, ácido nítrico e
no entanto, o Gelo Líquido seria uma ótima arma
fósforo branco, mas era possível produzir uma subs-
contra criaturas vulneráveis a frio.
tância similar usando seivas de árvores ou reagen-
tes alquímicos. Um frasco de Gelo Líquido custa cerca de 20 PO, e
causa 1d6 de dano por frio, se comportando como
A grande vantagem do Fogo Grego é a sua imuni-
um frasco de Água Benta (descrito na sessão de gra-
dade à água. Assim como o Naft, o Fogo Grego só
nadas, no Livro do Jogador). Contra criaturas parti-
pode ser apagado com areia ou similares. Água ape-
cularmente vulneráveis a frio, o dano é dobrado.
nas faz com que ele se torne mais inflamável. Se a
mistura levar fósforo branco, é inútil tentar apagá-la
rolando no chão ou utilizando tecidos ou cobertores, Aqua fortis
pois ela queimará ainda mais.
Descoberta em 800 d.C. pelo alquimista árabe Jabir
Um frasco de Fogo Grego funciona como Fogo de Al-
ibn Hayyan, a Aqua Fortis (literalmente “água forte”)
quimista, causa 1d6 de dano e custa 15 PO. O Fogo
é um poderoso composto de ácido nítrico e ácido
Grego pode ser passado em lâminas de armas ou
sulfúrico, com capacidade de corroer praticamente
pontas de flechas, tornando-as flamejantes, mas
qualquer substância, exceto ouro e platina.
isso é perigoso e pode queimar o guerreiro que usar
a arma, se não corroer o metal antes. Na Idade Média a Aqua Fortis teve muitos usos, na
Imagem: Aqua Fortis
gem só possa acessar “uma” cida- para entrar numa caverna
de de cada vez, tendo no meio do infestada de monstros só para recupe-
caminho de uma pra outra, um dos rar um ursinho de pelúcia. Você deve concor-
elemtos geógraficos citados aci- dar com tudo que os outros dizem ou o jogo não
ma, como penhasco, caverna, etc. segue.
Sempre, SEMPRE, SEMPRE quando
voce chegar numa borda do mapa, Desenvolvimento
tem que aparecer na borda oposta.
e lembrem-se precisa conter todos os Você precisa fazer alguma tarefinha básica, tipo
elementos que impeçam você de che- cortar lenha, alimentar os porcos, sair pra caçar ou
gar de maneira rápida e direta aos luga- levar um item de uma pessoa a outra, mas de qual-
Olhando na internet, achei essa ma- res, à não ser perto do fim, quando voce quer modo saindo da village (vila).
téria, que além de muito engraçada, pega alguma máquina voadora que te permite Dentre os monstros iniciais você precisa matar
ir a qualquer lugar, mas ae o jogo perde totalmente slimes(monstros gelatinoso). TODO RPG tem mons-
também é muito verdadeira... a graça. tros gelatinosos, “TODO”.
Se você gosta de RPGs eletrônicos (Zelda, Final
Início Porque assim que você voltar, a cidade precisa es-
Fantasy, Baldurs Gate, Neverwinter Nights...) pro-
tar toda arrasada e seus pais (ou tios, avós, lêmu-
vavelmente já percebeu alguns pontos em comum O jogo precisa necessariamente começar com res ou qualquer coisa que tenha te criado) mortos e
entre eles. uma tela pedindo seu nome. Ou um apelido que assassinados. Todos os villagers (vileiros) também
“Com o passar dos anos provou-se muito fácil fa- transmita uma sensação de poder e virilidade ao devem estar mortos, bem como os Elders e os Bla-
zer seu próprio RPG de sucesso, a seguir simples jogador. cksmiths. Eventualmente, a cidade pode estar em
passos: chamas. Alguém que ainda sobrar vivo precisa con-
O jogo precisa começar com uma tela preta e uma
tar que quem fez isso estava atrás de você Geral-
voz te chamando pra acordar. Seja uma entidade
Mundo que fala por sonho, seja um parente (mãe, tio) que
mente um fulano tosco e mau, de pele laranja, com
um nariz enorme, chamado Ganondorf que ri da sua
O mundo precisa ter todos estes elementos: no tenta te acordar. Aliás, seu personagem está sem-
cara com uma gargalhada excêntrica no decorrer do
máximo 2 continentes grandes, desertos, oceanos, pre dormindo.
jogo.
ilhas, cachoeiras, penhascos, lagoas, rios, pontes, Caso não esteja dormindo, o jogo começa numa
pastos verdejantes, cavernas, florestas inoportu- Por quê? Não adianta tentar saber porque ninguém
cena aparentemente desconexa e sem sentido,
nas e negras, montanhas nevadas, montanhas co- vai te contar. Apesar de que todos já sabem. Você
que mais tarde se revelará como um evento futu-
muns, cidade pequena, cidade minúscula(a sua), precisa sair matando abelhas, coelhos, arbustos e
ro no jogo. Aí precisa acontecer um flashback que
cidade média, cidade gigantesca, cidade voadora, outros monstros. Tudo com uma espada. Aliás, você
leva a alguns dias ou anos no passado, onde seu
cidade subterranea, e mais alguns lugares secre- precisa de uma espada para qualquer coisa. Qual-
personagem se encontra dormindo.
tos variantes. quer coisa.
O protagonista do jogo é sempre um sujeitinho
O mapa não pode ter nenhuma lógica geográfica, O mundo fictício precisa ser acomedido de ares de
mudo, sem a menor força de vontade. O prota-
e deve ser construído de modo que seu persona- letargia e catatonia, ou magia negra, que façam os
gonista precisa sempre concordar com as idéias
personagens atacarem um de cada vez. Isto é, os
alheias, não importando se estão pedindo
inimigos ficam te encarando mais tarde, e dá uma surra nele. Como já mencionado, você vai
até você resolver o que fazer. Alguns joga- precisar ir pra uma cidade imensa chamada
dores usam isso como vantagem e até che- Clímax Midgard fazer compras. Lá você encontrará:
gam a bolar estratégias.
Eventualmente você precisa encontrar mais pessoas -Um rei enfeitiçado (que você precisa desenfeiti-
Geralmente as histórias se resume em “cole- que se juntem à sua “festa” (ou party, como os jo- çar)
te todas as pedras Elementais (a palavra “ele- gadores costumam dizer). A saber, uma menina loira
-Uma mãe que perdeu o filho (que você precisa
mento” sempre é bem vindo em um RPG
encontrar)
de video-game) antes que o mundo vire um
caos, ou evite que o inimigo as colete ou -Um velhinho louco que vai falar de algum
qualquer variante do tipo!!! monstro lendário que vive numa caverna local
(que você precisa matar)
Você precisa entrar em todas as casas
cujas portas não estejam trancadas e levar -O cara de cabelo comprido (que precisa entrar
todos os objetos de valor, seja apenas uma na sua equipe)
barra de chocolate ou 20.000 moedas de
ouro, e sair sem dar a menor explicação Camelôs
aos moradores (não que eles liguem).
O jogo precisa revelar que você é um messias,
Nenhum NPC(personagem trivial) pode fa- uma profecia, salvador, libertador ou qualquer
lar com você à menos que voce fale com coisa do gênero, motivo pelos quais os inimigos
ele, e ele só pode te dar informações inú- destruíram sua vila de vileiros, e agora só você
teis, ou comentários acerca da catastrofe pode salvar o mundo (ou pelo menos o mapa
que acomete a cidade. que o representa)
Em algum ponto do jogo você precisa ser
preso numa cadeia, para que possa esca- Conclusão
par de lá, em todo RPG você é preso, sendo O vilão principal precisa ter um discurso inter-
inocente ou não, a maioria das vezes ino- minável, fazer piadinhas, ter cabelo comprido e
cente. franja emo.
Em algum momento você tambem precisa Se você foi acordado no começo por uma en-
enfrentar um inimigo MUITO mais foda que (que mais tarde se revelará como princesa ou algo do tidade de sonho, ela precisa se revelar agora.
você e tomar uma sova daquelas, porque gênero), um personagem bizarro que servirá de alívio
ele é imortal naquela batalha, mas por algum cômico (e que não vai servir pra nada no jogo exceto No começo da luta, alguém precisa morrer. Ge-
motivo não dá game over, e você acorda ou para o discurso de “Como as coisas mudaram depois ralmente o cara de cabelo comprido.
numa cadeia(lol) ou numa cama desconhecida que te conheci”) e um cara de cabelo comprido, que é Você precisa agora pegar sua Steel Greatsword,
sendo tratado por alguem, então o cara que te o tipo misterioso de passado obscuro e que você en- seu Hunter LongBattleBow, usar todos os seus
matou ou entra pro teu grupo, ou você enfrenta contra numa cidade grande (que precisa se chamar charms, potions, poderes com elementos (água,
Midgard).
terra, fogo, vento, coração, ca- -perdeu um capítulo de RBD ras e gatinhos saltitantes.
pitão planeta) e passar o rodo no vilão
-perdeu seu super nintendo A menina loira precisa se declarar pra você.
emo. Mas ele não morre. Quando morre, ele
se transforma em um dragão que mal cabe na -perdeu sua “account” no MU (Nota: ela se declara mas só em palavras pois
tela do PC e morre em dez segundos, além de em nenhum momento ela o beija ou qualquer coi-
ter um nome que você nunca vai descobrir a não -perdeu a fortuna no cassino sa do genero, isso pq os gráficos eram um lixo, ou
ser que hackeie o jogo e descubra que é “Seck -perdeu uma partida de GunBound porque ainda eram crianças, ou ficaram crianças,
Leader Gom”. ahhh é RPG!!!!!)
-descobriu que gun bound é plagio de Worms
Quem o mata precisa ser o cara de cabelo com- O cara de cabelo comprido precisa ir embora porque
prido que todos achavam ter morrido, mas que -brigou com a sogra ele deve seguir em frente em alguma busca interior
na verdade só “levou um arranhão”. Ele revela e pessoal. Otário.
-morreu
seu passado, que precisa ser alguém que: Você volta pra casa e sua mãe (tio, avô) nem ficou
-ressucitou como emo.
-perdeu a família sabendo que você saiu. Isto é, se eles não morre-
-ressucitou como cachorro
-perdeu o povo
-Levou um Fatalite no Mortal Kombat
-perdeu tudo
-brigou com o cachorro
-perdeu as botas
-perdeu o juízo
-perdeu o cachorro
-baixou vírus
-perdeu o PC
-é um ET
-perdeu o gato
-é uma entidade interestelar
-perdeu o cérebro
-jogava Tibia
-perdeu uma partida de truco
-Foi morto por um PK em Car-
-perdeu uma partida de futebol lin
-perdeu uma partida de Street Fighter -Foi morto por um rato
-perdeu a mulher em Rookgaard

-perdeu a vida O vilão precisa morrer,


a paz ser restaurada e
-perdeu a razão os cenários que eram
-perdeu o celular com câmera e MP3 cinzas e secos preci-
sam ser esverdeados,
-perdeu a vergonha na cara com adição de cachoei-
ram no ataque do começo, ou se foram ressuscita-
dos por algum método estapafúrdio.

Não esqueça:
-Lendas são sempre reais, boatos são sempre ver-
dadeiros, e profecias sempre se cumprem. Com
você.
-Uma noite numa estalagem vale mais do que um
ano de UTI.
-Se alguém disser que vai se vingar, acredite!!!!!
-Se mais de duas pessoas falar sobre qualquer as-
sunto é porque envolve (ou vai envolver) você.
-Se algum monstro falar mais de duas linhas de tex-
to, é porque a luta vai durar mais que 20 segundos.
-Quando chegar por uma cidade que ainda não ti-
nha visitado, vá comprar em qualquer lugar. Com
certeza tem algo mais forte do que o seu equipa-
mento atual.
-Quando encontrar o mesmo monstro com uma
cor diferente, é porque ele é mais forte que o
anterior.
-Espada ganha de Machado, Machado ganha
de Lança e Lança ganha de Espada (não me
pergunte o porquê).
-Luz ganha de Trevas, Trevas ganha de Ele-
mental e Elemental ganha de Luz (também
não pergunte). “
(extraído e adaptado da Desciclopédia (http://www.
desciclo.pedia.ws/)
tinham sim uma alimentação diferenciada,
mas em termos de quantidade, não havia lá
muita diferença. Na maior parte da Europa,
a nobreza se reservava no direito de comer
carne de caça, sobretudo de javali ou cervo.
ca, antes da invenção do frigorífico e das Isso porque a caça era, em si, um exercício
geladeiras, era quase impossível transpor- proveitoso para os nobres guerreiros da Ida-
tar comida a longas distâncias, por isso as de Média. Enquanto caçavam eles aprovei-
pessoas tinham de comer o que era produ- tavam para treinar a pontaria, adestrar os
zido em suas terras. Normalmanete a die- cavalos, conhecer o terreno de seu feudo e
ta de um feudo ou região era composta de planejar estratégias que poderiam ser úteis
peixes pescados nos rios e mares locais, em caso de guerra.
Depois de mais algumas batalhas difíceis os
grãos plantados nas terras locais e animais
heróis entram na taverna e perguntam ao se- Os camponeses normalmente comiam car-
criados pelos camponeses ou caçados nas
nhor do balcão o que tem para comer e be- ne de animais de corte, ao invés de carne de
florestas. Se você mora-se em Portugal, por
ber... Arroz? Feijão? Cerveja? Vinho? O que, caça. Nobres também se alimentavam mais
exemplo, iria muito provavelmente passar
afinal, se comia e bebia na Idade Média? de doces e similares, não por gosto, mas por
a vida toda comendo sardinhas, bacalhau
pescado em águas dinamarquesas e pas- que este tipo de comida leva muito tempo
A maior parte dos mundos de D&D é baseada
téis de trigo. Variar o cardápio era algo pra- para ficar pronta, e os camponeses não pos-
na Idade Média europeia. Com exceção de mun-
ticamente impossível. suíam cozinheiros particulares para passa-
dos mais exóticos, como Dark Sun, Planescape
rem horas cozinhando para eles.
e alguns locais em Ravenloft, a tecnologia e os
Por causa disso, regiões como a da França,
costumes da Europa medieval é que inspiram a Vamos então procurar saber, então, o que
muitas vezes eram vítimas de períodos de
maior parte dos mundos onde os aventureiros os personagem muito provavelmente come-
fome, sobretudo no inverno. Mas isso depen-
vão comer e beber, e, como na Idade Média em riam em tavernas de seu mundo de campa-
dia muito mais do solo, do clima e da compe-
nosso planeta, as restrições tecnológicas é que nha preferido.
tência dos camponeses do que da tecnologia
ditam o que vai ter na mesa dos personagens.
medieval em si. Na Península Ibérica (hoje
Antes de tudo, vale quebrar alguns mitos à res- Portugal e Espanha), Península Itálica (hoje
peito da alimentação na Idade Média. Muitas Itália), Leste Europeu, Ilhas Britânicas e na
vezes a mídia e intelectuais, para ressaltar os atual Alemanha se comia muito bem, obriga-
“bons tempos” em que vivemos hoje, mostram a do. Fome era artigo raro, de luxo, reservado
Europa Medieval como uma época onde se pas- para dias santos ou feriados nacionais.
sava fome constantemente, onde se comia mal
Outro mito comum à respeito da alimen-
e onde nobres e clérigos eram os únicos que co-
tação medieval é o de que os nobres co-
miam bem. Não é bem verdade.
miam muito e de que os camponeses
De fato, o que ocorria na Idade Média era a fal- passavam fome. Na verdade, os nobres
ta de variedade na alimentação. Naquela épo-
pães diferentes, que são acompanhamento
para todo tipo de comida. O pão também
resolvia um problema comum na época, a
falta de talheres. lia, as pessoas mergulham pães na sopa an-
tes de comê-los.
Esqueça garfos e colheres, na Idade Média
as pessoas acreditavam que era falta de res- Outras formas do trigo também aparecerem
peito comer sem colocar a mão na comida. durante a Idade Média. Embora o macarrão
A Igreja também considerava pecado utilizar tenha sido trazido para a Europa por Marco
qualquer meio artificial de segurar comida. Polo, o prato se tornou famoso mesmo no
Uma história interessante diz respeito ao car- continente europeu. O macarrão oriental era
deal Richelieu, aquele mesmo que acabou feito de soja, e o prato hoje feito de trigo teve
imortalizado como vilão no romance francês sua origem na região da atual Itália.
Os Três Mosqueteiros. O cardeal de verdade,
A pizza também fez o mesmo caminho. Inven-
não o personagem literário, certa vez recebeu
tada pelos chineses, foi adotada pelos ára-
em seu castelo uma delegação inglesa de
bes e acabou na Europa, também trocando a
embaixadores e nobres. Os ingleses, durante
massa de soja pela de trigo.
as refeições, tinham o hábito desagradável de
usar as pontas das facas para “pescar” peda- Fora o trigo, outro grande astro da cozinha
ços de comida nos pratos. Horrorizado com medieval era o grande grupo de carnes e pei-
a “falta de educação” dos embaixadores, Ri- xes. Diferente do trigo, que podia ser guarda-

O jardim das delícias


chelieu visitou a cozinha do castelo à noite e, do por anos sem muitos cuidados, carnes e
com uma pedra de amolar, raspou as pontas peixes apodreciam rápido, e por isso deviam
de todas as facas que estariam disponíveis ser consumidas rapidamente, ou defumadas
Esqueça o feijão com arroz. Famoso no Bra- aos convidados, inventando, ao mesmo tem- para sobreviver mais tempo.
sil, o arroz foi trazido para cá pelos imigran- po, as facas sem ponta que hoje habitam nos-
Como dito antes, os nobres normalmente re-
tes japonese, e o feijão pelos africanos. Ain- sas cozinhas.
servavam para si o direito de caçar. Deixar
da hoje na Europa é difícil topar com esse Com horror a talheres, os medievais usavam os camponeses, mal armados e sem treina-
prato por lá. os pães para “pegar” comida. Outra história mento apropriado, enfrentarem lobos e ja-
A base da alimentação medieval, e ainda famosa diz respeito ao Conde de Sandwi- valis selvagens nas matas era mal negócio.
hoje da comida na Europa como um todo, é o ch, que gostava de jogar cartas, mas odiava Um camponês ficar procurando caça pelas
trigo. O trigo é uma planta que cresce bem no quando suas cartas ficavam sujas de gordura, matas também não era desejável para um
clima temperado, e seus grãos tem mil e uma e por isso decidiu colocar a carne e queijo dos nobre, pois ele poderia acabar tendo um
utilidades. Para não cair no tédio de comer petiscos, que servia aos convidados, dentro conhecimento do terreno muito melhor que
trigo puro todos os dias, os europeus desen- de pães, criando o hoje famoso “Sandwich” o nobre, e se estourasse uma rebelião, co-
volveram vários alimentos baseados no grão. (ou “sanduíche” em bom português). nhecimento era a última coisa que o senhor
feudal queria que seus servos rebeldes ti-
Os pães são o mais comum. Todas as re- Até mesmo sopa era tomada com a ajuda de
vessem. Outro problema era que a caça de-
giões da Europa tem dezenas de tipos de pães. Ainda hoje, em algumas regiões da Itá-
mandava muito tempo, tempo esse que o
comer bem nos dias em que a Igreja proibia forno a lenha. As cozinhas normalmente conta-
aldeão poderia estar gastando na lavoura, ao carne. Literalmente “caiu na rede é peixe”. vam com uma lareira grande, com ganchos na
invés de perdido na mata. parte superior, onde caldeirões eram presos.
Incluía-se como “frutos” todo tipo de criatura
Para os aldeões, o mais comum era o consumo “pescável”. Peixes, artrópodes (carangueijos, A maior parte das preparações consistiam em
de carne de animais de corte, sobretudo de por- camarões, lagostas...), mamíferos aquáticos sopas, ensopados ou bolos, com várias carnes,
cos. O porco era o animal ideal para se criar na e semi-aquáticos (doninhas, martas, baleias, legumes, massa de trigo, ovos e leite. A receita
Idade Média, pois precisava de pouco espaço, golfinhos...), moluscos (mexilhões, lulas, pol- para todos era simples, bastava jogar tudo no
comia qualquer coisa (incluindo dejetos, carne vos...), répteis (crocodilos, serpentes, lagar- caldeirão e deixar ferver até ficar comestível.
e vegetais apodrecidos e restos indesejados tos...) e anfíbios (sapos, rãs, salamandras...) Outro modo de preparar, sobretudo carnes, era
de plantas e animais, como caules, cérebros e acabavam na panela, independente da apa- o tradicional churrasco. Bastava amarrar ou es-
órgãos internos) e não tinham nenhuma outra rência, espécie ou gosto. petar a carne sobre o fogo e esperar até que
utilidade à não ser ir para a panela. O gado bo- ela ficasse torrada.
vino provia os aldeões de leite, puxava arados Para quem gosta de salada, a alimentação
e servia como meio de transporte e para fazer medieval também incluia opções vegetaria- No que diz respeito a temperos, a Idade Média
funcionar moinhos, enquanto ovinos (ovelhas) nas. Legumes, sobretudo brócolis, vagem, era pobre neles. Fora o azeite e a gordura de
davam lã e leite, e galinhas e outras aves produ- aipo, pepino, tomate, alface e similares eram porco, não havia muito mais o que se usar para
ziam ovos. Matar estes animais iria gerar mais amplamente utilizados em ensopados e so- temperar a comida. O improviso normalmente
transtorno para o aldeão. Por sua vez, o porco pas. Curiosamente, repolho não era conside- levava os cozinheiros medievais a recorrerem
não servia como fonte de leite ou para transpor- rado comestível na Idade Média. Pelo contrá- a bebidas alcóolicas, sobretudo às que haviam
te, e ainda crescia e engordava rápido o bastan- rio, as folhas de repolho eram usadas como fermentado demais, oxidado ou estavam de
te para fornecer carne o ano todo. papel higiênico, e os banheiros normalmente alguma maneira impróprias para serem toma-
contavam com suportes onde eram coloca- das. Foi assim que surgiu o vinagre, nada mais
Carne bovina, ovina ou de aves eram raras, e das folhas frescas de repolho para o uso... do que vinho estragado.
normalmente reservadas para festas especiais,
como natal e páscoa. Fora o fato de que uma Frutas também eram populares, mas deviam Também era comum o consumo de queijos
família dificilmente conseguiria comer um boi ser consumidas logo depois de colhidas, ou e mantega, que serviam tanto como comida
inteiro antes que a carne ficasse imprópria para corriam o risco de apodrecerem. Maçãs, uvas, quanto como tempero. Foi desta mistura que
o consumo... pêssegos, pêras e abacates eram amplamen- surgiu molhos como o “molho quatro queijos” e
te utilizadas tanto para lanches rápidos quan- o “molho branco” que hoje enfeitam lasanhas
Peixes, tanto pescados em rios e lagos quanto to para preparações mais elaboradas, doces
no mar, eram muito comuns na mesa dos me- e bebidas.
dievais. O clero proibia o consumo de carne ani-
mal em vários feriados e em todas as sextas-fei- A preparação da comida também era bem di-
ras e domingos, portanto, o consumo de peixe ferente do que se vê normalmente em filmes.
era o que realmente sustentava os aldeões nes- Esqueça o porco dourado, na travessa, com
tas datas. Curiosamente, animais pescados não uma maçã na boca. Ou o pernil assado no na-
eram considerados “animais”. Você já ouviu a tal. Preparar comida na Idade Média era um
expressão “frutos do mar”? Pois então, saiba processo difícil, lento e tedioso.
que esta era uma estratégia dos aldeões para Para começar, não existia fogão, nem mesmo
deformadas, sem a mínima condição de so-
e macarronadas. tilada), Rakia do Leste Europeu (destilada),
brevivência.
Arak arábe (destilada), Vinho do Porto portu-
Para viagem, ou para se consumir no inverno ou
Basicamente havia (e ainda há) duas manei- guês (fermentado).
em períodos de entresafra, era comum a prepa-
ras de se produzir bebidas alcóolicas, a des-
ração de defumados e queijos especiais. O pro- - Maçã: Cidra (fermentada), Apfelwein alemã
tilação e a fermentação. Destilação é o pro-
cesso para defumar consistia em expor carnes (fermentada), Applejack inglesa (destilada), Li-
cesso de aquecer o suco de alguma planta ou
e queijos à fumaça, fazendo com que eles ficas- cor de maçã (destilada).
fruta até que o álcool presente nele evapore e
sem desidratados e com uma “capa” protetora
condense em outro recipiente, se tornando a - Pêra: Perry (fermentada), Poire francesa (fer-
de fungos comestíveis. Longe da humidade, car-
bebida propriamente dita. Fermentação é fei- mentada), Eau-de-Vie francesa (destilada), Pá-
nes e queijos defumados podiam durar meses.
ta com a adição de fungos especiais ao suco linka húngara (destilada), Licor de pêra (desti-
Vários queijos também eram produzidos com
de um vegetal, de forma que os fungos trans- lada).
fungos comestíveis, que ajudavam a mantê-lo
formem o líquido em álcool.
sem apodrecer por vários meses. - Ameixa: Vinho de Ameixa (fermentada), Sli-

Nóis bebe mais num cai


Bebidas fermentadas demoravam muito mais vovitz (destilada), Tzuica romena (destilada),
a serem feitas do que as destiladas, por isso Umeshu (destilada), Pálinka (destilada), Licor
eram normalmente mais caras e mais “no- de ameixa (destilada).
bres”. Ao contrário das bebidas destiladas,
Se você acha que os russos de hoje exageram - Bagaço de Uva: Raki grego (destilada), Tsi-
feitas para serem consumidas rapidamente,
na bebida, pode se acostumar. Na Idade Média a pouro (destilada), Tsikoudya grega (destilado),
as fermentadas normalmente eram deixadas
água era considerada imprópria para o consumo. Grappa italiana (destilado), Marc francês (des-
para envelhecer e se tornarem ainda mais al-
Sem um tratamento da água à base de cloro e tilado), Zivania cipriota (destilado), Aguardente
cóolicas.
filtragem, como o que existe hoje, beber água na português (destilada), Tescovinã romena (desti-
Idade Média era o meio mais rápido de se conse- As bebidas mais comuns na Idade Mé- lada), Arak iraqueano (destilado).
guir uma intoxicação e uma diarréia. dia eram:
- Batata Européia: Vodka russa (destilada),
Um ditado alemão da época dizia que “Há força - Cevada: Cerveja Pilsen (fermentada), Cer- Brännvin sueco (destilado), Akvavit dinamar-
na cerveja, há poesia no vinho e há doenças na veja Ale (fermentada), Whisky Escocês (desti- quesa (destilada), Akevitt noroeguesa (destila-
água”. Por isso o consumo de bebidas na época lada), Whiskey Irlandês (destilada). da), Brennivín islandesa (destilada), Poítin ir-
se restringia quase completamente a bebidas al- landesa (destilada).
- Centeio: Kvass russo (fermentada), Vodka
cóolicas. E põe alcóolicas nisso!
polonesa (destilada), Roggenkorn alemã - Mel: Hidromel (fermentada), Mead (fermenta-
Se uma cerveja hoje chega a ter 5% de gradua- (destilada). da), Bärenjäger (destilada), Krupnik (destilada),
ção alcóolica, na Idade Média era comum cerve- Drambuie (destilada)
- Trigo: Cerveja de Trigo (fermentada), Whisky
jas com mais de 50% de álcool na fórmula. E o
de Trigo (destilada), Weizenkorn alemã (desti- - Leite: Kumis (fermentada), Kefir (fermenta-
pior, todo mundo bebia. Crianças, mulheres, grá-
lada), alguns tipos de Vodka russa (destilada) da), Blaand (fermentada), Araka (destilada)
vidas, idosos... Talvez seja por isso que a taxa de
mortalidade infantil era tão alta. Bebida alcóolica - Uva: Vinho (fermentada), Champagne (fer- - Açúcar de Mel: Kilju finlandesa (fermentada).
durante a gravidez provoca uma síndrome conhe- mentada), Brandy (destilada), Cognac (des-
cida como “Síndrome do Alcóolismo Fetal”, que tilada), Vermouth (destilada), Armagnac - Amêndoa: Amaretto (destilada), Creme de
leva à morte do feto ou o nascimento de crianças francesa (destilada), Branntwein alemã (des- Noyaux (destilada), Licor de Amêndoa (destilada)
bem seus prisioneiros. Capturado em batalha,
- Anis: Absinto (destilado), Arak (destilada), Raki
o rei Ricardo Lionhearth, da Inglaterra (sim,
(destilada), Pastis (destilada)
aquele mesmo das histórias de Robin Hood.
- Ovo: Advocaat (destilado) Assim como Richelieu, ele também existiu), foi
mantido como prisioneiro por Saladino, e lá co-
- Zimbro: Gin (destilado)
nheceu o sorvete. De volta para a Inglaterra, o
Sobremesas: Doces, frutas e... sorvete ! rei continuou a trocar correspondências com o
sultão, que enviava para ele várias caixas de
Assim como hoje, a parte mais aguardada das
“neve das montanhas”, nome que os árabes
refeições medievais é a sobremesa. Normal-
davam para leite de cabra misturado com mel
mente constituídas de doces e frutas, a sobre-
e congelado nas montanhas da Anatólia.
mesa medieval era difícil e lenta de se fazer. A
tarefa cabia aos mais velhos, cozinheiros parti- Por causa da inexistência de congeladores e
culares ou crianças jovens demais para traba- geladeiras na Idade Média, sorvetes infeliz-
lhar nas lavouras. mente só podiam ser produzidos (e devorados)
no inverno, ou em locais onde as montanhas
Poucas sobremesas eram constituídas de prepa-
fossem altas o bastante para manter o clima
rações salgadas, como os famosos pastéizinhos
frio em seus picos o ano todo. Por causa dis-
portugueses. A grande maioria era feito de do-
so, a Itália se destacou na produção e na in-
ces de frutas, mantidas em compotas com mel,
venção de sorvetes. Os montes Apeninos tem
a fim de fermentarem ao invés de apodrecerem.
seus picos constantemente gelados, assim
Como a Europa medieval não conhecia o açúcar,
como os Alpes suíços e os Pirineus franceses,
invenção dos indianos, o mel era amplamente
e serviam bem à produção de sorvetes duran-
utilizado para adoçar sobremesas, sobretudo o
te todo o ano. Foram os italianos os primeiros
chamado açúcar de mel, simplesmente mel de-
a criar sorvetes feitos de frutas, e os franceses
sidratado em pó.
os primeiros a misturarem o sorvete a outros
Um fato engraçado é a existência de sorvetes pratos, criando o famoso Petit Gateau, um pra-
em plena Idade Média. Várias lendas atribuem to que une bolos doces e sorvetes.
a descoberta desta delícia a um fazendeiro de-
Agora, quando seu grupo de aventureiros for
sastrado que esqueceu sua produção de leite
a uma taverna, não precisa mais quebrar a
no relento, durante um inverno rigoroso. Como
cabeça tentando encontrar algo gostoso no
castigo, ele foi obrigado a comer o leite congela-
cardápio. Peça sanduíches, sorvetes e licores.
do, e acabou gostando, passando a congelá-lo
Com certeza você estará bem servido em qual-
de propósito.
quer mundo medieval!
O fato é que uma das menções mais antigas ao
sorvete vem da Terceira Cruzada. O sultão Saleh-
Al-Hadim, conhecido no ocidente como Saladino,
tinha fama de ser um general honrado e de tratar
— Então ele ficou te procurando? — riu o rapaz. ou outra coisa que Jaina o provocava.
— Isso — concordou a menina deixando a mão pas- — Então a gente sai daqui e conversamos em outro
sear no ar e parar na mão dele que usava uma luva lugar.
para se proteger do frio que castigava a região. Ele
observou e sentiu essa aproximação. — Ok.

— Então, pra o Raul parar de vir atrás de mim, pas- Os dois saíram e caminharam para fora do campus.
sei na casa da frente dele com o garoto que eu Não era tarde, mas a noite prontamente mostrava
estava interessada, mas acho não foi bom fazer a linda lua, o céu salpicado de estrelas e o vento
isso. mais gelado que aquele inverno já produziu desde
By Alex Tzimisce que começou. 20 minutos depois. Esse foi o tempo
— O tal Raul fica te perseguindo ainda?
Todo o campus estava funcionando como um relógio
imensamente delicado, com todas as suas peças — Não, faz mais duas semanas que só vejo de
rodando bem, desde a cantina ao estacionamento. longe e ele me olha de cara feia — ela ajeitou
Estudantes, professores, inspetores, todos indo e o cabelo deixando o colo a mostra — Karo, o
vindo numa sinfonia de passos. A universidade era garoto que ficou comigo, acho que mudou
um monstro imenso com suas células correndo de de horário, não o vejo faz um tempo, ou já
um lado para o outro e como num grande organismo está de férias, sei lá, não o vejo faz...
um grupo de células não se importa com o que outro
— Mas você o quer ainda? — questio-
grupo faça, só querem que tudo funcione bem, por
nou, incomodado o rapaz.
isso, a conversa calorosa no banco perto do chafariz
seguia sem a interferência de ninguém. — Não! Karo já foi — falou rispida-
- E então? Você dizia que teve um namorado? — con- mente — Estou em boa companhia
tinuava o rapaz branco de cabelo escorrido. já. Ele não é nada perto de um cer-
to alguém — ela passou a mão no
— Não! — riu a menina ruiva músculo do braço e roçou o dedo
até o peitoral definido, fazendo o
— Ele foi uma saída minha, nada mais.
rapaz sorrir um tanto encabula-
— Qual o nome dele? do.
— Raul — disse baixando a cabeça — Mas vamos fa- — Assim você me deixa sem
lar de outra coisa. jeito Jaina.
— Por que você ficou triste quando disse o nome — Acho que você é que sabe
dele? Ele te fez algo? — mostrou-se interessado o deixar uma mulher sem jei-
rapaz. to, só está escondendo.
— Ele não me fez nada, é que no dia seguinte que a — Por favor, Jaina. Olha os
gente saiu ele me procurou, eu disse que não que- outros, eles podem vir até
ria mais nada, mas isso era porque estava a fim de aqui pra saber o que está
um cara, e como o Raul nunca tinha ficado com nin- acontecendo — o rapaz se
guém, parece que se apaixonou. contorcia para tentar não
demonstrar as cócegas
zumbi mordendo o rosto dela fundo, além da linha
que levaram até o ponto preferido dos casais que com imenso sarcasmo. E não estou incluindo Rai-
da maça do rosto. O gênio sentou-se na lápide mais
preferiam um pouco de privacidade ao relento. Um que nisso, ele não é seu, ele é meu, só meu. Raul
próxima e observou o show.
bairro de poucas casas, mas onde vários carros lu- caminhou até a borda do saco e desamarrou a cor-
tavam por espaço para ver o mar no alto daquele da, segurou o final e com força foi deixando o con- — Vamos ver o que ele fará quando o zumbi termi-
pequeno planalto. Era uma vista linda e tanto Jaina teúdo cair no chão. Jaina tremeu mais quando viu nar a refeição — pensou — E principalmente quando
quanto Raique concordaram que tiveram sorte em o corpo de Karo ensangüentado e com uma nítida mais alguns aparecerem. O gênio olhou para o chão
achar uma vaga num dos melhores locais. Jaina no marca no pescoço que ela não fez questão de olhar e viu as mãos furando o chão para sair de suas co-
banco do motorista desligou o carro e olhou para a fundo. Ela gritou. vas. Agora era o gênio que ria.
Raique com certo desejo no olhar verde. Raique en-
— Vai meu Ghul! — gritou mais alto Raul — Desejo
tendeu o que ela queria e não hesitou. Partiu para
que dê vida àquele que foi usado para me fazer so-
cima dela e num instante rápido tudo ficou negro,
frer! Dê vida para que eu o use para fazer sofrer
a luz da lua desapareceu, não se via nada no car-
quem merece! Vamos! Eu ordeno!
ro, os pensamentos sumiram e uma imensa solidão
surgiu. — Claro — olhou o gênio com seus olhos brancos
como nata revelando uma expressão de desejo e
Semelhante a um coma, foi essa a sensação expe-
raiva enquanto encarava seu amo — Seu desejo é
rimentada. Raique continuava de cabeça abaixa-
uma ordem...
da, de joelhos no chão molhado, as mãos para trás
entrelaçadas enquanto Jaina estava na sua frente — O olhar do gênio fulminou a cabeça do morto, que
em pé, olhando para ele, seu rosto não tinha mais tremeu. Os olhos do cadáver se abriram e revela-
expressão, só o desespero de estar amarrada numa ram a vida funesta sendo dada, o sopro sombrio ali-
árvore, no meio do cemitério da cidade. mentando a carcaça. Jaina gritava mais e mais. Tão
alto que sua voz falhava. O cadáver ganhava força e
— Levante-se meu Ghul — ordenou a voz atrás de
seus braços já levantavam a podridão. O sangue co-
Jaina.
agulado em placas se desprendeu um pouco e ficou
— O que está acontecendo? Quem está aí?! FALA! no solo. A cabeça tombou para trás graças ao rasgo
Quem está aí?! — gritou Jaina enquanto Raique le- desalinhado na garganta. Era possível ver o canal
vantou de sua reverência e olhou por trás dos om- da faringe semicortado e os músculos que ainda
bros da menina. mantinham a cabeça colada ao corpo.
— Jaina, Jaina — continuou a voz — Nem tanto tempo — Vá! Mate-a! Eu ordeno! — gritou Raul. O gênio
faz que você me viu e já está esquecendo daquele olhou para o cadáver de pé e só apontou para a
que te amou — Raul apareceu com um grande saco menina que usava suas últimas forças para pedir
nos ombros. socorro naquele local deserto. O próprio coveiro ou
zelador deveria ter sido silenciado anteriormente.
— Raul? — Jaina perdeu-se nas palavras e não con-
Sua voz se perdia e o zumbi mancava rodando a
tinuou.
cabeça no eixo, equilibrando para não tombar para
— Fique em silêncio que é melhor, poupe seu fôlego trás. Suas unhas estavam sujas de sangue, e seus
para o que está por vir — Raul jogou o saco no chão, braços já alimentavam alguns vermes. O cadáver
nos pés de Jaina e olhou para aqueles olhos verdes animado enterrou as mãos nas entranhas da me-
que tanto admirou por dias a fio — Não é um lance nina que chorava intensamente enquanto Raul ria.
de sorte estarmos nós três aqui de novo? — falou Ria de prazer. Ria da vingança fria. Ria em ver o
por OrC BrUTO

os personagens (ainda que de alto nível), como


também há diversos itens mágicos e criaturas
capazes de utilizá-la... Essa oferta de Desejos
Esta palavra em muitos RPGs é capaz de fazer costuma forçar os pobres mestres a malabaris-
tremer o Mestre mais experiente. O problema mos de regras a fim de impedir que com duas
maior ocorre na série D&D (incluindo AD&D), palavras os jogadores acabem com uma cam-
onde magos de nível alto tem a possibilidade de panha inteira...
lançar uma magia chamada Desejo (ou Milagre
para clérigos ou Redefinir Realidade para Psiôni- Eu desejo...
cos), capaz de, em resumo, fazer qualquer coisa
que o conjurador desejar. Quando colocados frente a frente com a oportu-
nidade de ter seus desejos realizados, a maioria
No entanto, não é só em D&D que Mestres pre- dos jogadores costuma pedir duas coisas: poder
cisam lidar com esta palavra. RPGs com temáti- ou ajuda para algum obstáculo da campanha.
ca medieval ou arábica, como muitos cenários
de GURPS, costumam trazer, quando não magias Uma boa quantidade de personagens preferem
deste tipo, criaturas capazes de realizar desejos, que o desejo realizado seja algo que facilite
como os infames Gênios. suas buscas e missões no jogo. Grupos inici-
antes, que não conhecem o poder desta magia,
Mesmo em RPGs de horror, como Storyteller, é ou personagens de baixo nível, sem muitas
possível o uso de gênios ou outras criaturas ca- habilidades para viajar longas distâncias ou
pazes de realizar Desejos. Quem assistiu a série enfrentar muitos perigos costumam pedir coisas
Mestre dos Desejos (Wishmaster), de Wes Cra- simples. A morte de um vilão, a ressurreição de
ven, mesmo diretor de A Hora do Pesadelo, sabe um companheiro, ir até o local onde concluirão
o quanto um gênio pode ser aterrorizante. uma missão...
O maior problema para os mestres, no entanto, Este tipo de Desejo inserido no enredo da cam-
vem para os que mestram D&D. A habilidade de panha não costuma causar muitos problemas
realizar os desejos não só está disponível para para o Mestre. Claro que alguns jogadores mais
espertos podem pedir a morte do vilão principal
poderes legais, armas apelativas e habilidades
espetaculares, mas e o que o personagem
deseja?
da campanha ou algo assim. Já vi quando um
Mestre, após dar uma missão para o grupo res- Um guerreiro cujo maior objetivo é encontrar seu
gatar um item, presenciou o mago simplesmente irmão desaparecido, dificilmente abriria mão
usar magia Desejo para reavê-lo, acabando com disso por uma espada +5 assassina de dragões.
uma campanha que seria para durar dias... Ao passo de que um mago que busca conheci-
mento não desperdiçaria um Desejo para ter um
O que realmente aterroriza os menos precavidos
mascote draconiano. A maioria dos personagens
são os personagens com sede de poder. A grande
tem planos para o futuro, algo que desejam do
maioria dos personagens, à frente de magias
fundo de seus corações. Imagine se Frodo, do
como Desejo, inevitavelmente se vê tentado a
Senhor dos Anéis, tivesse a oportunidade de
desejar itens poderosos, habilidades mágicas,
fazer um Desejo... Será que ele desejaria ir logo
mais braços, tamanho maior entre outros. Certa
para Mordor, o fim do Um Anel, a queda de Sau-
vez presenciei um personagem com um desejo
ron, a paz no Condado, ou desperdiçaria o Desejo
absurdo de ser capaz de criar “qualquer item
pela ganância de ter uma espada vorpal?
mágico que conseguisse imaginar”. Outro certa
vez desejou “conhecer TUDO o que há para se Obviamente existem personagens que não
saber!”... possuem grandes objetivos de vida. Muitos são
pessoas comuns, trabalhando arduamente para
Logicamente nenhum Mestre em sã consciência
conseguir o pão de cada dia, ainda que como
permitiria a um personagem ter um desejo como
mercenários ou aventureiros. Neste caso faria
estes realizado. A própria descrição da magia
sentido gastar o Desejo arduamente conseguido
homônima em D&D diz que pedidos desbal-
para ganhar armas mágicas poderosas?
anceados (imortalidade, por exemplo) não são
realizados da forma esperada, podendo resultar Pessoalmente acredito que não. Para heróis
em coisas desagradáveis, como ser transformado aventureiros ou mercenários, a luta é um meio,
em pedra, paralisado, preso além do tempo e do não um fim. Se explorar masmorras e esmurrar
espaço... monstros fosse um fim “em si”, nenhum deles
pediria recompensas pelos trabalhos, simples-
Mas e quanto a um personagem que pede uma
mente iriam sorrindo destruir a masmorra apon-
espada vorpal, ou um mascote draconiano?
tada pelo velhinho louco da taverna. Mesmo
Embora tais desejos sejam desbalanceados em
aventureiros pretendem ganhar algo com suas
termos de regras, no enredo do jogo eles seriam
explorações, normalmente dinheiro ou poder
bastante prováveis. Em um mundo com magia e
(ou os dois juntos). A vida de aventureiro para
dragões, é provável que estas sejam coisas dese-
eles não é diferente de uma profissão para um
jadas pelos personagens.
médico, engenheiro ou lavrador, e armamento e
poderes mágicos são apenas ferramentas que
O que voce deseja, eles usam em seu trabalho.
meu amo? Pergunte para pessoas no mundo real o que
Quando diante de um Desejo, uma coisa que elas fariam se um Gênio lhes concedesse três
todo jogador deveria considerar é o que o SEU desejos. Dificilmente elas pediriam ferramentas
personagem deseja. Claro que todos os joga- melhores para sua profissão. Imagine se um
dores desejam que seus personagens possuam médico desejasse um “estetoscópio +4”, ou um
advogado pedisse o poder de inocentar qualquer
réu...
Normalmente as pessoas do mundo real pediri-
am “o fim” que buscam com seu trabalho: din- podia desejar era uma vida mais confortável...
heiro, fama, poder (ser presidente, rei...), vin- e uma loira vestida de odalisca realizando seus
gança (“desejo que todos os corruptos do Brasil desejos o tempo todo, é lógico...
sejam transformados em porcos!”), amor, paz...
“Cuidado com seus Desejos... Eles podem se
Alguns chegam a ter desejos altruístas, como
realizar”
pedir a cura do câncer, da AIDS, a paz mundial...
Enquanto seu paladino leal e BOM fica pedindo Logicamente nem todos os gênios são amigáveis
espadas mágicas... como Jeannie, e nem todos os amos são pacatos
cidadãos norte-americanos da época da Guerra
Se os aventureiros exploram masmorras e resga-
Fria. Sempre há aquelas pessoas com tendências
tam princesas em troca de ouro, faria mais sen-
megalomaníacas, ou, no mínimo, exageradas.
tido que desejassem uma grande quantidade de
Se você perguntar para seus amigos e parentes
ouro do que se pedissem uma arma poderosa ou
o que eles desejariam se tivessem um Gênio à
um poder impressionante para poderem explorar
disposição, talvez encontre uma ou outra destas
mais masmorras e resgatar mais princesas em
pessoas pedindo imortalidade, poder supremo,
troca de mais ouro. Se eles tem pretensões de
controle mental... E logicamente o mesmo pode
entrar para a nobreza, poderiam desejar ser
acontecer com personagens de RPG.
reis, imperadores ou outros títulos de nobreza.
Se combatem um império perverso faria mais Alguns personagens destacam-se por não ter
sentido desejar a queda deste império do que nenhum objetivo de vida a longo prazo, seu único
uma ferramenta melhor para combatê-lo. Luke prazer é a destruição real e imediata de qualquer
Skywalker dificilmente desejaria um sabre de luz um que cruze seu caminho. Outros são seres
+5 contra Sith, seria mais fácil desejar a vitória corrompidos pelo poder, com um desejo doentio
da Aliança Rebelde. de se impor pela força (ou pelo magia) frente
aos PdMs e outros personagens. E claro, temos
Desejos não precisam ser sempre coisas es-
aqueles cujos jogadores estão interessados
palhafatosas ou poderes sobrenaturais. Uma
apenas em “criar um personagem forte”, e vale
das séries de TV mais legais dos anos 1960 e
tudo para deixá-lo absurdamente forte, inclusive
1970 era justamente sobre Desejos. Em “Jean-
Desejos.
nie é um Gênio”, um astronauta, ao aterrizar
em uma ilha deserta, achava uma garrafa com Para Mestres com problemas com estes tipos e
uma gênia. Mesmo no contexto da Guerra Fria, Desejos, eu aconselho a série de terror Mestre
o astronauta nunca havia pedido o fim da União dos Desejos (Wishmaster), de Wes Craven. Nos
Soviética ou mesmo o sucesso do programa quatro filmes da série, vemos um gênio lidando
espacial dos EUA, tudo o que ele desejava eram com desejos da pior forma possível. Os gênios da
coisas simples, como café, gasolina para o carro, série são seres aprisionados entre os Planos, e
promoções na carreira e que a gênia parasse quando trazidos para a Terra, devem realizar três
de ficar usando seus poderes mágicos na frente desejos para quem os invocou. Se conseguirem
dos outros... Que mestre permitiria a seus joga- realizar os três pedidos, sua raça será libertada
dores uma fonte de Desejos ilimitados como para nosso mundo e terá poderes ilimitados.
Jeannie? Para a série de TV, não havia maiores Acontece que o gênio só pode usar seus poderes
problemas, o amo de Jeannie era um sujeito feliz se alguém desejar algo... e ele detesta seres
com seu serviço, de bom coração, não era vin- humanos.
gativo nem megalomaníaco, o máximo que ele
tendo uma ideia nova ou descobrindo algo... Logo,
desejar um conhecimento infinito poderia levá-lo
à loucura, ou mesmo explodir sua cabeça, uma
Embora os dois primeiros filmes sejam mais vez que seu cérebro tem uma capacidade limita-
divertidos, em todos o tal gênio tenta desespera- da de “espaço” para armazenar conhecimento...
damente realizar os pedidos de seu amo, e de Ainda mais complicados são desejos onde o per-
quebra, de outro humanos. Odiando humanos, sonagem pede habilidades mágicas. Coisas como
ele distorce todo tipo de ditados e expressões “poder lançar a magia X toda vez que eu quiser”
populares em desejos, além de também distorcer ou “ter a habilidade natural de usar o poder Y
desejos ambiciosos, sempre de forma sangrenta de forma ilimitada” podem resultam na trans-
e absurda. Uma mulher que deseja não envel- formação do personagem em uma classe capaz
hecer é transformada em um manequim de loja, de conjurar tal poder, no surgimento de um item
um bandido que usa deseja “nunca ter nascido” mágico capaz de invocar tal magia ou mesmo na
regride à forma de feto e depois desaparece, e o transformação do personagem no item mágico
presidiário que deseja que seu advogado se f*** em questão...
também é atendido...
O que o gênio de Mestre dos Desejos faz é muito E minha espada
simples e inspirador para quem tem problemas
com desejos. Ele simplesmente realiza o que foi
pedido de forma literal, ao pé da letra. Se um
Vorpal?
jogador ambicioso quer uma espada +10 para Imagine se, no mundo real, você encontrasse
seu personagem, e isso iria atrapalhar a aventura, uma lâmpada mágica com um gênio dentro. O
dê a ele onze espadas comuns... Afinal, dificil- que você pediria? Dinheiro? Fama? Livros de
mente seu personagem conseguiria “descrever” RPG? Assinatura desta revista? Passe de ônibus
uma espada +10 no mundo do jogo, ou você acha infinito? A loira da propaganda de cerveja?
que armas mágicas vem com etiquetas?
Agora pense no seu personagem. No mundo dele
Se o personagem não sabe formular seu Desejo (se estamos falando de D&D, caso ele viva em
de forma adequada, também é uma oportuni- um mundo moderno tudo muda de figura) há
dade para que este seja interpretado de maneira magia, dragões, itens mágicos. Ele provavelmente
literal. Em um dos exemplos acima, quando não trabalha com profissões normais, não planta,
um personagem, em D&D, pediu “Poder criar não colhe, não fabrica arados e ferraduras, não
qualquer item mágico que pudesse imaginar”, vive do campo... Muito provavelmente ele vive
ele poderia simplesmente ter virado um mago de de pequenos serviços como matar monstros que
nível equivalente ao seu, e com todos os talentos estão atacando vilas, resgatar princesas seques-
de criação de itens mágicos. Um Mestre mais tradas por dragões, recuperar tesouros em mas-
malvado poderia transformá-lo em uma forja ou morras, destronar tiranos... Certamente ele já viu
bigorna capaz de forjar itens mágicos... seres que fariam os humanos mais corajosos de
nosso mundo borrarem as calças, já observou
Alguns jogadores simplesmente não pensam nas
dragões maiores que castelos, já viu hordas de
consequências para seus personagens. No outro
mortos-vivos e aberrações de todos os tipos... E
exemplo, onde um personagem desejou “Conhec-
provavelmente também já viu (e talvez até pos-
er TUDO o que há para se saber”, ele esqueceu
sua) armas mágicas, varinhas, pergaminhos,
que a cada segundo alguém no mundo dele está
magias conjuradas por magos...
Agora pense, o que tal personagem iria desejar jogador pediu que um dos PdMs mais poderosos
se um gênio chegasse para ele e perguntasse “O do mundo de campanha os ajudasse em uma
que deseja, meu amo?”. Ou caso ele encontrasse masmorra. Quando saíram, descobriram que, no
um item que lhe concedesse o poder de realizar período em que o sujeito ficou ausente de seu
todos os seus sonhos? Ou se o Elminster diss- reino, este foi saqueado e todos os moradores
esse “Você fez bem seu serviço, vou realizar um foram mortos... e voltaram para assombrar os
pedido seu!”. Qual seria o sonho que o person- personagens que teleportaram seu rei na hora
agem escolheria para ter realizado? que eles mais precisavam de sua proteção.

No nosso mundo, talvez alguma pessoa desis- Itens mágicos e aliados/mascotes poderosos
tisse de pedidos vagos, como riqueza e fama, costumam atrair problemas. Quando descobri-
para pedir algo concreto, como uma Ferrari, ou rem que há um artefato nas mãos de persona-
uma casa na praia, ou mesmo uma pistola que gens pouco poderosos, todos os bandidos da
nunca erra o alvo. Nada impede portanto que um região irão tentar emboscar, roubar ou pilhar o
personagem de RPG, em um mundo fantástico, grupo. Poucos tentariam isso contra Elminster ou
desejasse um item específico, como uma espada Lord Soth, porquê sabem que eles seriam capaz-
vorpal, a mão do Vecna, uma Esfera da Aniqui- es de se vingar mesmo sem seus itens mágicos
lação e etc. Outra possibilidade é que o person- mais poderosos, mas o mesmo não pode ser dito
agem pedisse algum ser vivo como escravo, de um grupo de terceiro nível com uma espada
companheiro fiel ou amigo leal. O que fazer com vorpal. O mesmo acontece com aliados ou mas-
alguém que pede um mascote dragão ou algum cotes poderosos, pois eles costumam ter inimi-
PdM poderoso do mundo de campanha como gos no mesmo nível de poder. O dragãozinho do
guarda-costas. exemplo anterior poderia estar na mira de um
caçador de dragões, ou talvez a mãe do dragão
Neste caso depende da campanha na qual o quisesse recuperar o ovo que sumiu de seu ninho
personagem está inserido. Se a campanha por conta do Desejo do personagem...
ficará desbalanceada por tal Desejo, o Mestre
deve vetá-lo ou manipulá-lo de forma a garantir Itens poderosos nas mãos de personagens
o bom andamento do jogo. Um mascote dragão fracos pode gerar aventuras interessantes, mas
em uma campanha de baixo nível poderia vir na também criaria muitos problemas. Que o diga
forma de um ovo de dragão branco (um dos mais Frodo, que viu a morte passar perto inúmeras
fracos em D&D), que os personagens teriam que vezes, tudo por conta de um anel que herdou...
chocar, cuidar dos dragãozinho e, em alguns Desejos podem ser muito úteis em qualquer
séculos, teriam uma montaria forte. aventura. Qualquer um de nós adoraria ter seus
Mesmo no caso de o desejo não desbalancear desejos realizados por um meio mágico, mas
a campanha, é sempre bom lembrar que este sempre é bom lembrar do velho ditado: “cuida-
tipo de pedido tem consequências. Certa vez um do com o que deseja, pois pode se realizar...”
Gênios ria dele. A lenda dos gênios tem uma origem bem
mais antiga.
qualquer mani-
festação da an-
tiga cultura roma-
“Tema apenas uma coisa: O primeiro registro sobre gênios vem do mundo ro-
na, os Daemon gregos
Tema os Gênios” mano. Os romanos acreditavam que, além dos deu-
foram associados ao mal
ses, o mundo era povoado de seres sobrenaturais
(da onde vem a palavra “De-
Wes Craven – Wishmaster menores, espíritos que protegiam locais específicos,
mônio”), e os genius locci, através
como florestas, lagos, casas e até cômodos distin-
do sincretismo, se tornaram “anjos da
Por Orc Bruto e Thor tos dentro destas. Estes espíritos eram conhecidos
guarda”.
como Genius Locci, ou “Gênio Local”.
Quem hoje em dia nunca ouviu falar dos gênios? No oriente médio, no entanto, a lenda dos gênios
Os romanos também acreditavam que todas as pes-
Aquelas maravilhosas criaturas da mitologia árabe, escapou do sincretismo e da censura da Igreja, e
soas tinham um gênio protetor, que surgia quando
capazes de realizar desejos, morarando dentro de passou a se tornar cada vez mais popular. Por volta
a criança nascia, e era responsável por prover-lhe
garrafas e lâmparinas. do século V e VI, toda e qualquer criatura sobrenatu-
de boa sorte e avisar, através de augúrios, quando o
ral que não fosse um deus era tida como um gênio.
Gênios, hoje, fazem parte da mitologia mundial, es- azar se aproximava. Um método popular de adivinha-
tão em piadas, programas de televisão, filmes, HQs ção na Roma antiga consistia em decifrar sonhos e Os árabes e persas chamavam os gênios de “Jinni”,
e, como não podia deixar de ser, também nos RPGs. sinais da natureza, que poderiam conter avisos do “Djinni” ou “Djini” (ÉÌ), no plural “Jinn” ou “Djinn”.
gênio protetor da pessoa. A palavra Jinn, em árabe, também significa algo es-
A série D&D (D&D, AD&D e D&D 3ªEdição) foi a que condido, oculto ou invisível, e vem da palavra semíti-
mais e melhor apresentou os gênios no RPG, seguida Com a expansão romana no primeiro milênio antes
ca GNN, com o mesmo significado.
por outros títulos de temática fantástica, incluindo al- de Cristo, as fronteiras do império chegaram até a
guns suplementos de GURPS. antiga mesopotâmia, atual Iraque, e Roma passou a De fato, acreditava-se que os gênios eram espíritos
fazer fronteira com a Pérsia. invisíveis, mas que poderiam se tornar visíveis se
No entanto, os gênios são seres muito conhecidos, assim desejassem. Eles também podiam se disfar-
mas poucos sabem à fundo suas origens e como são Foi durante este período que os persas e árabes en-
çar de humanos, e eram muito semelhantes a estes,
representados na cultura árabe, e como foram parar traram em contato com a idéia que os romanos ti-
tendo religiões, sociedades, nascendo, crescendo,
nos cinemas e na cultura pop. nham de gênios. Também os gregos gostaram das
se reproduzindo, morrendo, fazendo comércio e se
lendas sobre gênios dos romanos, e as adaptaram,
alimentando.

A Gênese dos
mudando o nome das criaturas para “Daemon”.
Com o surgimento do islamismo, no século VI d. C.,
Até mesmo os chineses adotaram os espíritos guar-
os gênios foram incorporados à religião de Maomé.
Gênios
diões romanos, denominando-os Xian. Provavelmen-
O Alcorão diz que os gênios foram criados por Alá
te eles conheceram a lenda através dos persas, cujo
depois dos anjos e antes dos humanos, são dotados
império também fazia fronteira com a antiga China
de poderes mágicos surpreendentes e do dom de
imperial. No entanto, os Xian não eram espíritos pro-
ficarem invisíveis ou se transformarem em animais
Responda rápido, de onde veio a lenda dos gênios? tetores como na mitologia romana, mas humanos
Quem respondeu arábia errou longe. imortais dotados de poderes mágicos.
Ai o rapaz do fundo levanta a mão espantado “Mas Com a queda do Império Romano no século IV d.C. e
e o Alladin?”. Bem, de fato o Alladin tem origem a conversão do imperador Constantino ao catolicis-
na árabia, mas não o gênio que faz parte da histó- mo, a Igreja Católica passou a combater ferozmente
quando quiserem, no entanto, devem obediência aos ras vezes para o cinema, diz respeito a um rapaz de lidade, realizando o que o possuidor desejar em um
seres humanos. A crença islâmica nos gênios é tão nome Alladin, que encontra uma lamparina encan- piscar de olhos, mas para cada desejo feito um dedo
forte que, para eles, o mal supremo é representado tada, com um gênio aprisionado, e passa a usar os da pata é fechado, e muitos destes pedidos acabam
pelo gênio Iblis, que por se recusar a se curvar peran- poderes fantásticos da criatura para realizar seus so- sendo realizados “ao pé da letra”, trazendo consequ-
te os humanos, foi atirado no inferno por Alá e jurou nhos. Foi dela que se originaram muitas idéias atuais ências nefastas para os personagens do livro.
corromper a humanidade. sobre gênios, como a questão deles estarem aprisio-
Na mitologia árabe também, há quatro tipos de gê-
nados em objetos comuns, e poderem ser desperta-
Durante séculos na mitologia árabe, os gênios mu- nios: os “Marid”, os mais fortes deles, capazes de
dos quando este é esfregado, realizando três desejos
daram muito de forma e função, se tornando com- grandes proezas mágicas; os “Ifrit” (também conheci-
de quem os despertou.
pletamente diferentes dos originais romanos. Eles só dos como “Efreet”, “Ifriit” ou “Efrit”), de médio poder

Os Gênios
voltaram para o ocidente no século XIX, quando sir mágico; os “Ghul”, gênios sedutores e com tendên-
Richard Francis Burton, explorador, tradutor e aven- cia ao macabro; e “Silas”, tão fracos que não podem
tureiro britânico, traduziu a coletânia árabe As Mil nem mesmo mudar de forma.
e Uma Noites. Ele viu as semelhanças entre os Jinn

árabes
Ao contrário da terceira edição do D&D, os gênios
árabes e os genius locci romanos, e resolveu batizá-
árabes não eram ligados a elementos. Neste RPG
los como “genie” em sua tradução. Como nota de tra-
existem quatro tipos de gênios: Djinn, ligados ao
dutor, Burton citou que o nome original árabe seria
ar; Efreet, ligados ao fogo; Dao, ligados à terra; e
pronunciado como “Jin”, e o plural seria “Jan”.
Embora tenha surgido na Itália romana, a mitologia Marid, ligados à água. Cada um habitando um pla-
Em As Mil e Uma Noites, o sultão de Bagdá, depois sobre gênios foi muito mais desenvolvida no Oriente no elemental onde o elemento ao qual é ligado é
de ser traído pela esposa, resolve se casar com uma Médio, sendo que hoje eles se tornaram quase um mais comum.
nova mulher a cada manhã, e matá-la de noite, para símbolo da cultura árabe. Basta ir no shopping cen-
Para os árabes não existia este tipo de ligação. Os
evitar uma nova traição. Uma moça esperta, de nome ter e olhar o mascote da rede de fast food Habbib’s,
gênios são vistos como espíritos da natureza, po-
Sherezad, é recrutada para se casar com o sultão, que serve comida árabe. Filmes como Mestre dos De-
dendo habitar qualquer local, de uma parte espe-
mas tem uma idéia para escapar da morte. A cada sejos e Alladin, assim como séries televisivas, como
cífica do deserto a uma flor ou rocha em particular.
anoitecer, ela começa a contar uma história para o Jeannie é um Gênio, Shazzan e Arquivo X acabaram
Como não possuem matéria e são invisíveis, os gê-
marido, e este, ansioso para saber o final, lhe poupa por popularizar ainda mais a figura do gênio como
nios podem passar por pequenos espaços e invadir
a vida por mais um dia. Durante mil e uma noite a ga- criatura das lendas árabes.
construções sem serem notados. Alguns até mes-
rota narra os mais diversos contos, com a finalidade
No entanto, os árabes tratam os gênios de maneira mo se tornam ladrões, e o próprio Alcorão adverte
de se manter viva.
um pouco diferente. contra gênios larápios.
Embora os contos de Sherezad tenham mudado nas
Primeiramente, esqueça a questão dos três desejos, Embora os humanos não possam ver os gênios, eles
inúmeras edições que a obra teve, alguns se mantive-
tão presente em piadas e filmes. Os gênios das his- podem ver os humanos, e muitos escolhem se tornar
ram sempre presentes. E deles saíram personagens
tórias árabes realizam os desejos de seus mestres, materiais e visíveis para interagir no mundo material.
conhecidos mundialmente, como Alladin e Simbad.
mas nem sempre precisam de meios mágicos ou so- Em sua própria sociedade, os gênios possuem exér-
As Mil e Uma Noites foi uma grande contribuição brenaturais para tal, sendo que na maioria das vezes citos, nações, religiões e políticas próprias, da mes-
para a literatura mundial, pois durante suas várias eles tem que empreender longas buscas para con- ma forma que os humanos.
edições, contos e histórias tradicionais da mitologia seguir realizar o pedido, não bastando um simples
Os gênios da mitologia árabe também podem viver
persa e árabe foram adicionadas à obra, trazendo estalar de dedos.
indefinidamente, embora não sejam imortais, poden-
para o ocidente uma grande quantidade de textos
A idéia dos desejos veio do romance A Pata do Maca- do vir a falecer em decorrência de doenças ou feri-
vindos da tradição oral do oriente médio.
co, de W.W. Jacobs. Nesta obra de terror, uma pata mentos. Dizem que há gênios hoje em dia que estão
A história mais famosa deste livro, adaptada inúme- mumificada de macaco tem o poder de mudar a rea- vivos desde os tempos de Maomé.
Existem gênios de ambos os sexos, sendo as fêmeas os invocou, muitos, especialmente os Ifrit, tendem a
chamadas “jinniyah” ou “jinneyeh”. Elas costumam
ser bonitas, sendo as do tipo Ghul as mais seduto-
destruir a vida do humano, matando seus amigos,
enganando seus superiores e roubando seus bens,
Gênios Árabes
ras. Embora sejam parecidas com humanas, a repro-
dução entre as duas espécies não é possível. Segun-
até que o invocador se veja forçado a libertar o gênio
prisioneiro. Como podem mudar de forma (exceto os em d20
do o Alcorão, os gênios foram feitos por Alá à partir gênios Silas), é fácil para eles sujarem o nome de
de “fogo sem fumaça”, enquanto os humanos foram seu invocador, assumindo a sua aparência e come- À seguir vamos mostrar uma versão alternativa dos
feitos de barro. Embora os gênios não sejam quen- tendo todo tipo de crime e atos vergonhosos. gênios para d20, baseada na mitologia árabe. Em-
tes ao toque, a natureza deles é muito diferente para bora seja maiss comum em cenários de fantasia,
Se tratados com respeito, no entanto, os gênios os gênios podem ser usados em qualquer tipo de
permitir a mistura das duas espécies.
podem ser muito leais e dedicados. Eles apreciam campanha, tanto no mundo moderno quanto em
Em geral os gênios árabes temem os humanos, e ouro e dinheiro humano, e podem ser subornados outras épocas e civilizações, mesmo longe de suas
não gostam de se mostrar para eles. Isso acontece para realizar missões ou mágicas. Contratar gênios raízes arábicas.
por eles poderem ser invocados facilmente por hu- para fazer ato malignos também é considerado pe-
manos, ficando obrigados a servi-los por tempo inde- cado no Islam. Os quatro tipos de gênios árabes serão mostrados
terminado, até que estes decidam soltá-lo. Invocar como “raças”, de forma a poderem ser usados como
um gênio é bastante simples, bastando escrever o personagens jogadores ou servirem de inspiração
nome de Alá ou do gênio em questão em uma faca para PdMs.
ou desenhar diagramas e símbolos corretos. Escra- -Marid:
visar gênios desta maneira é no mínimo anti-ético, e
também é considerado pecado no Islam. São os gênios mais poderosos da mitologia árabe,
costumam a viver perto de rios, lagos ou à bei-
Um gênio invocado pode ser escravizado pelo invo- ra mar, gostam de água, e apreciam os oasis,
cador, bastando para isso apenas que ele o prenda embora possam também viver no deserto. Pos-
em uma garrafa ou objeto similar. Para prender um suem um imenso poder mágico, podendo fa-
gênio é necessário escrever o nome dele no objeto zer praticamente qualquer coisa que quiserem
que lhe servirá de prisão. usando magia.
Um gênio escravizado ou invocado não pode agre-
dir diretamente seu invocador. Caso o invocador
-Personalidade: Marid são arrogantes, auto-
confiantes e impetuosos. Eles se julgam os mais
morra o gênio ficará preso em sua forma material
poderosos entre todos os seres criados por Alá,
até que um humano qualquer decida libertá-lo. En-
e não se conformam em poderem ser controla-
quanto o invocador estiver vivo, apenas ele pode
dos por humanos. Se escravisados, dificilmente
libertar o gênio. Para isso basta dizer que o gênio
os Marid vão querer se vingar, pois eles sabem
está livre e ele poderá ir embora.
que é mais fácil realizar o que o humano deseja
Um gênio aprisionado ou invocado é obrigado a se do que convencê-lo a libertá-lo. Eles normalmente
aproximar de seu mestre humano toda vez que ele oferecem fortunas assombrosas, mulheres e poder
quiser, e também é compelido a realizar tudo o que e tentam subornar o humano. Se não forem trata-
ele pedir, como se estivesse sob efeito da magia dos com respeito, ele podem se tornar violentos
Tarefa/Missão. quando libertados, principalmente se tiverem seu
orgulho ferido.
A mitologia árabe também desencoraja a escravidão
de gênios. Embora eles não possam atacar quem -Descrição Física: Marid, quando materiais, gos-
tam de assumir formas semelhantes à de humanos. todo. Esta habilidade é considerada como extraordi- rem o poder dos Marid, muitas vezes os Ifrit precisam
Alguns preferem formas de grande beleza, a fim de nária, ainda que imite o funcionamento de uma ma- viajar longas distâncias ou lançar mão de ações físi-
seduzir quem os invocou e forçá-lo a lhe conceder gia, portanto ela não pode ser negada ou suprimida cas para cumprir o serviço para o qual foi contratado.
a liberdade. Muitos também adotam a forma de ve- por um Campo Anti-magia, por exemplo.
lhos sábios ou imperadores poderosos, de forma a -Descrição Física: Ifrit, quando materiais, cos-
causar adimiração. Quando assumem forma de ani- • Nenhum gênio é sucetível a sucessos decisi- tumam assumir formas de humanos altos e belos,
mais eles preferem animais marinhos, como golfi- vos, morte por dano massivo, veneno ou magias de com grande força física. Sua personalidade vingativa
nhos, peixes e tartarugas. morte. normalmente os faz escolher formas mais ameaça-
doras, a fim de intimidar invocadores.
-Relações: Os Marid não gostam dos humanos, • Ajuste de Nível: +25 Quando assumem forma de animais, os Ifrit prefe-
mas não chegam a temê-los. Se invocados vão ten- rem se transformar em grandes felinos, como le-
tar subornar quem os escravizou, comprar sua liber- • Idiomas Básicos: comum (em cenários moder- ões e tigres.
dade e, depois de soltos, irão matar ou prejudicar nos, considere que os Marid falam árabe).
seu antigo amo. -Relações: Ifrit temem os humanos, mas nunca

-Ifrit
Quando se tornam materiais por vontade própria, demostram isso publicamente. O maior medo de-
os Marid normalmente tem ambições políticas, les é ser escravisado e obrigado a fazer uma tarefa
servindo de conselheiros ou manipuladores de que não consigam cumprir. Sempre que tem o azar

(Efreet):
grandes imperadores ou reis. Eles não vêem mui-
ta graça em poder financeiro, uma vez que podem
criar todo o ouro que desejarem.
Ifrit, ou Efreet, são gênios com menos poder do
-Tendência: Marid tendem à neutralidade, ra-
que os Marid. Embora mais fracos eles ainda são
ramente se envolvendo com assuntos humanos.
bem mais poderosos que um humano comum. Eles
Como são muito poderosos, pouca coisa desperta
gostam de calor, e normalmente vivem nos deser-
o interesse deles.
tos escaldantes.
-Traços Raciais:
-Personalidade: Os Ifrit são tão autoconfiantes e
• +4 em Carisma. Por serem normalmente ima- arrogantes quanto os Marid. Eles temem os huma-
teriais, os Marid não possuem o atributo Constitui- nos, pois consideram uma vergonha serem escra-
ção. vizados por seres tão inferiores. Ifrit odeiam serem
invocados, quando isso acontece, costumam adotar
• Tamanho médio uma atitude maligna, pervertendo os desejos dos hu-
manos para causar-lhes ódio, dor e miséria, de forma
• Deslocamento básico de 9 metros que eles se cansem do escravo e o liberte. Ifrit bons
normalmente se limitam a assumir a forma do invo-
• Visão no Escuro, Marid podem ver na escuri- cador para poder difamá-lo, fazendo todo tipo de ato
dão completa até uma distância de 50 metros, mas vergonhoso, enquanto os maus preferem ameaçar e
apenas em preto e branco. Sob luz eles enxergam matar os amigos e familiares de seu amo ou assumir
normalmente sua forma e praticar crimes horrendos.
Embora temam a escravidão, os Ifrit podem ser facil-
• Magia Desejo à vontade. Os Marid podem mente cooptados e subornados a fazerem serviços
emular qualquer efeito mágico, e o fazem o tempo em troca de ouro, dinheiro ou bens. Por não possui-
de serem invocados, os Ifrit tentam intimidar o amo, metem atos vampíricos ou canibalismo, normalmente
na esperança de que ele o liberte rapidamente. Mui- sendo associada a mortos-vivos.
tos chegam a pegar parentes e amigos do invocador
O ghul da mitologia árabe não tem muito à ver com a
como reféns.
utilização desta palavra nos dias de hoje. Os gênios
-Tendência: Ifrit tendem ao caos, embora muitos ghul são seres belos e sensuais, mas tem um certo
deles também sejam maus. gosto pela morbidez e pelo macabro, normalmente
habitando cemitérios, locais inacessíveis para huma-
-Traços Raciais: nos ou desertos. Muitos ghul são maus e servem Iblis,
revoltando-se contra o humanos e contrá Alá.
• +2 Força, -2 Carisma. Ifrit são fortes quando
materializados, mas sua personalidade explosiva os -Personalidade: Ghul são mórbidos, sombrios e ma-
torna difíceis de lidar. Por serem normalmente imate- nipuladores, gostam de descobrir segredos, pesquisar
riais, os Ifrit não possuem o atributo Constituição. assuntos proibidos, violar tumbas e praticar necroman-
cia. Eles também temem os humanos, principalmente os
• Tamanho médio ambiciosos e sedentos de poder, que invocam qualquer
• Deslocamento básico de 9 metros gênio esperando ter seus desejos realizados. Como são
pouco poderosos, os ghul nem sempre podem realizar
• Visão no Escuro, Ifrit podem ver na escuridão o que lhes é ordenado, mas costumam ficar amigos de
completa até uma distância de 30 metros, mas ape- humanos que tenham gostos similares aos seus.
nas em preto e branco. Sob luz eles enxergam normal-
mente Ghul malignos costumam adotar forma humana e ma-
nipular viajantes no deserto, sobretudo as ghul fêmeas,
• Habilidades Similares à Magia: à vontade: Alte- que seduzem aventureiros e mercadores, levando-os a
rar-se, Metamorfose, Vôo, Rogar Maldição, Lendas e se perderem em locais ermos, onde os ghul os atacam.
Histórias, Adivinhação, Forma Etérea. 5x dia: Criar Itens
Efêmeros, Criar Itens Aprimorados, Compor, Conserto, -Descrição Física: Ghul são bonitos e de corpos es-
Luz, Dedo da Morte, Implosão, Teletransporte. 1x dia: culturais quando materializados. No entanto, a maioria
Viagem Planar, Portal, Encantar Pessoas. deles costuma ser bastante alta, sendo comum no Irã
chamar uma pessoa alta de “ghul” (e isso não é con-
• Nenhum gênio é sucetível a sucessos decisi- siderado uma ofensa). Quando materiais eles gostam
vos, morte por dano massivo, veneno ou magias de de usar roupas em tons escuros, em contraste com sua
morte. pele alva, e normalmente adotam cabelos pretos. Em ce-
• Ajuste de Nível: +15 nários modernos os ghul costumam adotar vestimentas
estilo dark, gótico ou metaleiro quando materializados.
• Idiomas Básicos: comum (em cenários moder-
Quando se transformam em animais, preferem hienas e
nos, os Ifrit falariam árabe)
corvos, sendo que às vezes também assumem a forma

Ghul
de serpentes ou abutres. Imagem: Ghul

-Relações: Ghul tem muito medo dos humanos, pois jam escravisados. Um ghul escravizado normalmente vai
sabem que não poderão realizar a maior parte dos de- tentar convencer seu meste que não consegue realizar
sejos que lhes forem pedidos. Eles normalmente vivem os desejos pedidos. Se não conseguir ele irá tentar su-
A palavra “ghul” em inglês ( e sua versão “ghoul”) tem afastados ou assumem uma identidade humana, arran- bornar ou intimidar o amo, até ser libertado. Dado suas
sido normalmente usada para descrever seres que co- jando amigos entre estes que poderão ajudá-los caso se- práticas necromânticas, é bem provável que consigam
amedrontar o invocador com certa facilidade. com os Mortos. nos consertos na casa, lavando roupas, servindo de
guarda costas e acompanhando o humano, poden-
-Tendência: Ghul tendem ao mal e à neutralidade. • Nenhum gênio é sucetível a sucessos decisivos,
do até entrar em contato com ele (embora tenham
Nem todos são maus, mas eles não vêem muito tabu morte por dano massivo, veneno ou magias de morte.
receio de assustá-los ao fazer isso). Se não gosta-
em coisas como necromancia, antropofagia ou depra-
vações, e podem se tornar, no mínimo, inconvenientes.
• Ajuste de Nível: +5 rem da pessoa, os Silas irão importunar e assombrar
ela, se passando por fantasmas, quebrando coisa ou
-Traços Raciais:
• Idiomas Básicos: comum (em cenários moder- simplesmente ficar falando ou cantando no ouvida
nos, os Ghul falam árabe) do sujeito por horas a fio.

Silas
• +2 Inteligência, -2 Carisma. Os ghul costumam -Tendência: Silas tendem ao caos, mas normalmente
ser espertos, mas, embora sensuais, costumam tratar são ingênuos demais para tenderam ao bem ou mal,
com naturalidade temas que assustam ou espantam assumindo uma postura mais neutra.
humanos e outros gênios. Por serem normalmente ima-
teriais, os Ghul não possuem o atributo Constituição. Os Silas são os gênios mais fracos, eles não podem -Traços Raciais:
nem mesmo ficar materiais ou mudar de forma, em-
• Tamanho médio bora possam se comunicar com seres humanos. Eles • Por serem normalmente imateriais, os Silas
• Deslocamento básico de 9 metros habitam construções, florestas, rochas e frestas, não possuem o atributo Constituição.
sendo muitas vezes confundidos com fantasmas ou
• Visão no Escuro, Ghul podem ver na escuridão espíritos. • Tamanho médio
completa até uma distância de 80 metros, mas
apenas em preto e branco. Sob luz eles enxergam -Personalidade: Silas são curiosos e simpáticos. • Deslocamento básico de 9 metros
normalmente Eles sabem que não tem muito poder, por isso não
se preocupam com invocações, pois a maioria dos • Visão no Escuro, Silas podem ver na escuridão
• Habilidades Similares à Magia: à vontade: Alte- invocadores os liberta tão logo vê o que escraviza- completa até uma distância de 80 metros, mas ape-
rar-se, Metamorfose, Lendas e Histórias, Vôo, Rogar ram. Muitos inclusive fazem isso pensando ser o Si- nas em preto e branco. Sob luz eles enxergam nor-
Maldição. 1x dia: Criar Mortos-Vivos Menores, Falar las algum tipo de fantasma ou espírito. Muitos Silas malmente
também aproveitam esta idéia dos humanos para re-
almente se passarem por fantasmas, assustando e • Habilidades Similares à Magia: à vontade:
se divertindo com eles. Lendas e Histórias, Vôo.
-Descrição Física: Silas não podem ficar mate- • Nenhum gênio é sucetível a sucessos decisi-
riais, mas podem ficar visíveis quando quiserem. vos, morte por dano massivo, veneno ou magias de
Um Silas visível se parece com uma massa de nu- morte.
vens vagamente humanóide, parecida com um fan-
tasma. Estes gênios não tem e não podem moldar • Ajuste de Nível: 0
formas para si, não tendo expressões ou rostos re-
conhecíveis. Eles também não podem assumir a for- • Idiomas Básicos: comum (em cenários moder-
ma de animais. nos, os Silas falam árabe).
-Relações: Silas querem se divertir e aproveitar
a vida. Quando estão solitários ou entediados, eles
viajam para cidades e locais com muitos humanos
e começam a segui-los para espionar suas vidas. Se
gostar da pessoa, o Silas irá ajudá-la, fazendo peque-
Overlord (PC, Xbox)
que, com sua liderança e poderes mágicos, consiga apaixonou por uma sucubus, e o elfo resol-
restaurar a glória das forças das trevas. veu tirar um cochilo de algumas décadas e
foi engolido por uma árvore (!!!), só para citar
Seu objetivo é vingar a morte do lorde anterior, elimi-
alguns exemplos.
nando todos os decadentes heróis (todos clichês de
Por Blog da Resenha fantasia medieval) e resgatando o que foi roubado A liberdade também é comparável a um “GTA Ida-
da torre. No meio do caminho há tempo para arru- de Média”. Você pode saquear vilas, matar aldeões
(www.blogdaresenha.blogspot.com) mar esposas (duas irmãs sucubus, tipo de demônio inocentes, queimar plantações, e tudo o mais que
feminino da sedução), empregadas (devidamente sua mente doentia decidir fazer para atormentar os
Overlord (PC) (***) raptadas em uma aldeia humana), decorar a torre
e construir novas e mais poderosas armas e arma-
pobres camponeses que tem o azar de viver perto de
sua torre. Embora o jogo só progrida (e libere novas
Se você joga RPG ou se já assistiu ou leu “O Senhor duras. áreas) se você seguir o enredo, fazendo missões,
dos Anéis”, a história já é conhecida. Um grupo de há vários “modos paralelos” de jogo, que in-
Além de contar com força física, armas e magias,
heróis, envolvendo um paladino humano, um anão clui uma arena, onde você tem que testar
seu personagem também comanda um exército de
guerreiro, um elfo mago e um halfling ladino, invade a seu poder contra hordas de monstros en-
criaturinhas, os minions, típicos monstrinhos de fan-
torre de um lorde maligno, uma espécie de semideus contrados em jogo.
tasia medieval. Há quatro tipos de minions: os brown
das trevas que coordenava exércitos de monstros e (marrons) se parecem com goblins, e são especia- A música é engraçada, e muitas vezes
oprimia a região com punho de ferro. listas em ataques frontais, podendo se armar com não tem absolutamente nada a ver com
Os heróis pilham a torre negra do vilão, roubam os qualquer coisa que encontrarem (o que inclui pás, o resto do jogo, criando um clima de co-
itens mágicos locais e matam o tirano, libertando to- picaretas, tridentes de feno, foices, espadas, ma- média similar ao filme Shrek. Os gráfi-
dos os povos de seu julgo diabólico. chados...). Os reds (vermelhos) são similares a imps, cos são bons, e o jogo roda tranquilo
e agem como magos, atirando fogo nos inimigos. mesmo em computadores medianos.
Mas... e depois? Viveram todos felizes para sempre? Os green (verdes) são homens-lagarto capazes de A jogabilidade também não é difícil,
se camuflar, e que causam muito dano quando so- embora faça falta um recurso para or-

“For the Overlord!!!” bem nas costas do alvo. Por fim, os blue (azuis) são
homens-peixe que além de conseguirem nadar (os
ganizar seus minions em formação.
Entre os pontos fracos,
Overlord, game da Triumph e da Codemaster que outros minions se afogam quando entram na água)
dois se destacam. Algo
acabou de receber uma continuação (que não conse- também podem curar e ressuscitar os minions mor-
que prejudica bastante
gui botar as mãos ainda para resenhar aqui...), parte tos.
o game é o excesso de
do clichê mais batido da fantasia medieval para criar Overlord tem como principal atributo a diversão. O áreas “apertadas”, onde
um game de estratégia e ação altamente viciante. jogo como um todo é muito engraçado, com várias os minions tendem a ficarem
No enredo, a torre do lorde do mal foi saqueada, o referências a filmes (a começar pelo protagonista, a “presos”. Se você controla 20 mi-
mesmo foi morto e os povos de um mundo medieval cara do Sauron de Senhor dos Anéis), livros, RPGs e nions, pode esperar que logo um
fantástico foram libertados. Os heróis se tornaram similares. Os minions são muito engraçados, e lem- ou dois deles ficarão encalhados
reis, ficaram ricos, encontraram grandes amores... bram os monstrinhos que acompanham o Darkness, em cantos, esquinas e pontes,
mas também caíram em decadência. personagem de quadrinhos. sem conseguirem sair...

Enquanto isso, os sobreviventes das hordas do mal Os inimigos também são uma piada a parte. Os an- O principal problema de Over-
encontraram você, outro lorde maligno, enterrado tes heróis que invadiram sua “torre do mal”, caíram lord, no entanto, é um erro cruel
em uma câmara esquecida sob a torre. Sem nada todos vítimas dos sete pecados capitais, como no do programa em si. Em muitas
melhor para fazerem, resolveram te ressuscitar para filme Seven. O halfling se tornou um glutão, ficando partes do jogo você tem que
literalmente redondo de tanto comer; o paladino se encontrar partes, por exemplo,
de uma alavanca, para que depois de montá-la você
possa progredir. Seu personagem é incapaz de carre-
gar tais peças, e o trabalho tem que ficar por conta
dos minions. Se um minion com a tal peça ficar preso
na parede, ou se você sair do jogo por algum motivo,
antes que ele tenha montado a alavanca (ou mesmo
depois), o jogo não progride mais. Como não há op-
ção de “save game”, apenas savepoints automáticos
(e longe uns dos outros), a situação não pode ser re-
mediada dando um “Load game” no jogo antes do
minion “encalhar” com a tal peça. Se você fizer isso
ela simplesmente não estará mais no lugar que esta-
va, nem na alavanca...
Aconteceu comigo de ter que recomeçar desde a pri-
meira fase, por causa de um minion que “encalhou”
com uma peça de alavanca na mão, quase no final
do jogo... E acredite, isso é extremamente frustrante.
No mais, Overlord é um game extremamente diver-
tido, sobretudo quando as peças de puzzles não se
perdem nas mãos de goblins incompetentes...
da capital inglesa. Vinte anos depois você, mais uma
vez assumindo um personagem, deve liderar uma
guerrilha contra as forças do inferno e recuperar a
Terra para os vivos.
À sua disposição há os personagens clássicos de
Diablo e Diablo II em versões modernas. O Blade-
master é similar ao Bárbaro, com habilidades de
combate com armas brancas. O Templário é o antigo
Paladino, com seus escudos e auras. O Marksman
é a arqueira do Diablo original, enquanto os magos
Summoner e Evocator são respectivamente o ne-
cromante e a feiticeira de Diablo II. Ao contrário das
versões medievais, no entanto, aqui eles são
bastante customizáveis, sendo possível
Por Blog da Resenha escolher o sexo, corte de cabelo, estilo
(www.blogdaresenha.blogspot.com) de rosto, cor da pele e várias outras
variáveis.
Você se lembra de Diablo? O RPG da Blizzard que foi O game em si também pode ser
lançado no final dos anos 90, ganhou uma continua- customizado com apenas um ro-
ção meia boca e está para ganhar mais uma? lar da roda do mouse. Rode a
Pois bem, embora não seja da Blizzard, HellGate Lon- mesma para a frente e você
don contou com o time que desenvolveu o primeiro terá um shooter em primei-
Diablo, e por isso mesmo ele é um grande game! ra pessoa, rode para trás
e o game vira um ad-
venture no estilo
Portal do Inferno Tomb Raider e
Mercenaries.
No Diablo original, as forças do inferno supitavam
em um vilarejo medieval chamado Tristan, no meio
do nada, e sua missão era assumir um personagem,
guerreiro, mago ou arqueira, e descer até as profun-
dezas das trevas, a fim de eliminar o cramulhão em
pessoa. Agora imagina isso acontecendo nos dias
atuais, e em uma grande metrópole como Londres,
ao invés de algum vilarejo esquecido no fim do mun-
do. É exatamente sobre isso que se trata este game.
No enredo do jogo, em um futuro próximo, vários por-
tais para o inferno começaram a se abrir em toda a
cidade de Londres. O caos tomou a Inglaterra e os
poucos sobreviventes humanos tiveram de se abrigar
no subterrâneo, na extensa rede de túneis de metrô
Os gráficos são surpreendentemente bons, mesmo o moleque da perna de pau, em HellGate
em máquinas mais antigas, e o som também não de- London... Mas bem que podia ter NPCs mais
cepciona. A versão especial do game trás a trilha so- trabalhados.
nora do mesmo e o making-of, e vale cada centavo.
Outra característica que não chega a ser um
Tudo em HellGate London lembra os bons tempos de problema é o fato das armas não terem mu-
Diablo. Os equipamentos com atributos especiais; nição. Sim, elas não usam nenhum tipo de
o HUD com o mana e a vida representados por es- munição, você pode simplesmente apertar
feras azuis e vermelhas; os NPCs; os labirintos sem o botão de tiro e ficar tendo o trabalho ape-
fim e os inimigos, alguns velhos conhecidos do RPG nas de andar e mirar nos monstros. De cer-
da Blizzard. Há até mesmo uma espécie de Horadric ta forma isso torna o game um pouco repe-
Cube futurista (para quem nunca jogou Diablo II, um titivo, principalmente com o ultra-realismo
cubo onde se podia colocar armas e equipamentos e que tem aparecido nos jogos atualmente.
fundí-los em itens especiais). Você não precisa poupar munição ou mes-
mo se preocupar em recarregar, é só es-
Mas não espere os demônios armados com foices e
magar o gatilho e dar uma de Rambo...
tridentes. Aqui até o inferno é high-tech. há capetas
usando armas de fogo, leiser e lança-granadas. No mais, HellGate London é um
game ótimo, embora possa se

Oh Hell! tornar um pouco cansativo. Se


você gosta da série Diablo, é
HellGate London tem tudo para agradar qualquer fã uma boa pedida para esperar o
de Diablo e de shooters como Requiem Avenging An- prometido Diablo III da Blizzard.
gel e Doom. No entanto, ele também tem alguns de-
feitos...
O principal talvez seja a falta de inspiração dos cria-
dores. Demônios invadindo Londres poderiam trazer
uma história muito mais sombria e missões que real-
mente fizessem sentido. Quem não lembra do fami-
gerado Butcher, o demônio que eliminava 9 entre 10
jogadores iniciantes de Diablo e toda a história que
cercava a criatura?
Aqui as missões são, no mínimo, sem sal. A maioria
se resume em “vá a tal lugar, mate tal monstro, traga
tal item”. Há pouca variação e quase nenhum moti-
vo dentro do enredo do game para tais missões. Os
NPCs também são sem graça, não há nada como o
velho Caim The Elder ou outro personagem memo-
rável da série Diablo. Obviamente os produtores não
quiseram causar polêmica com a Blizzard, embora
tenham inserido o NPC mais chato do Diablo original,
Melhor do que uma po-
enchem ela de chete é um colete como os de um fo-
itens mágicos e pergaminhos e tógrafo, cheio de bolsos de vários tipos, ta-
– surpresa – com o primeiro bafo de manhos e formatos. Embora estes itens sejam
dragão ou bola de fogo sua mochila, e menos resistentes e não sejam impermeáveis,
tudo o que tem dentro dela, é reduzida eles possibilitam carregar vários objetos peque-
à cinzas. nos, de ferramentas a kits de primeiros socor-
Uma boa mochila deve ser, no mínimo, ros, passando por poções de cura, lápis, cane-
impermeável (um mago ficaria decep- tas, munição, cantis e similares.
cionado ao encontrar seu grimório todo Pochete: 1 PO/ 15 US$, 0,2 kg.
Por Orc Bruto borrado e molhado depois de atravessar
um pântano). Também é recomendável Colete: 5 PO/ 50 US$, 0,5 kg.
que, por dentro, ela seja revestida de -Sacos:
uma cota de malha (feita de anéis metá-
licos) ou cota de couro grosso, de prefe- Sim, sacos de couro, lona ou plástico (em cená-
rência couro de dragão ou magicamente rios atuais) podem salvar o seu dia. Nunca su-
Um aventureiro precavido vale por dois. tratado para ser resistente à fogo. A cota bestime o poder de um bom saco. Eles podem
de malha impede que ladinos furtem servir para transportar o tesouro pilhado, sepa-
O ditado é verdadeiro não apenas para rar roupa suja, evitar que materiais como tin-
seus itens cortando o fundo da mochila
ladinos, agentes secretos e outros heróis com uma adaga, e também impede que tas e carvão manchem papéis e panos e ainda
conhecidos por carregarem toneladas de uma flecha atirada por um inimigo faça são úteis para transportar reféns, prisioneiros
equipamentos nas mochilas. com que todo o seu equipamento caia ou pedaços de monstros. Durante um comba-
no chão. te, um saco pode ser utilizado como uma rede,
Muitos guerreiros, paladinos, samurais urbanos e
vampiros já morreram por não ter o equipamento Em cenários atuais, uma boa mochila,
certo na hora certa. É comum que jogadores cujos impermeável e tratada com tecido anti-
personagens sejam mais orientados para o comba- fogo (o mesmo usado em roupas de
te ou magia esqueçam de comprar equipamentos bombeiros) também poderia contar com
mundanos, certos de que qualquer problema pode um forro de cota de malha, sobretudo de
ser resolvido com uma espada vorpal ou uma esco- malha de titânio, que é um metal leve e
peta carregada. resistente.
Também é verdade que muitos RPGs trazem listas Mochila: 100 PO / 1500 US$, 5kg.
curtas de equipamentos, ou listas muito longas, de
- Colete e Pochete:
onde é difícil pinçar o que realmente é útil. Para isso
existe o infame “Kit do Aventureiro Feliz” (também Não há nada mais fora de moda do que
conhecido como Kit A.F.), uma coletânea compacta a velha pochete na cintura. Mas não su-
de tudo o que seu personagem pode precisar. bestime a utilidade de uma, ou várias, po-
chetes penduradas pelo corpo. Na hora
- Mochila:
do aperto, procurar uma poção de cura
Pode parecer óbvio, mas não é. Uma boa mochila ou munição de prata dentro de uma mo-
não é apenas um saco de tecido onde você vai jo- chila pode levar um tempo precioso. Po-
gar suas tralhas dentro. Muitos personagens eco- chetes são baratas e permitem carregar
nomizam na hora de escolher uma boa mochila, itens descartáveis, de uso rápido.
Uma faca de caça é grande, e normal- do usuário devido ao atrito.
mente possui um dos lados serrilhados.
O ideal é que cada personagem carregue
É útil para cozinhar, mas também serve
50 metros de corda. Cordas são úteis não
para cortar lenha fina, cordas grossas,
apenas em escaladas ou para cruzar pre-
ajuda em escaladas e pode eventual-
cipícios, elas também servem para arras-
mente substituir uma arma perdida.
tar objetos pesados, amarrar prisioneiros,
A faca de peixe, por sua vez, é maior do servir de guia em salas escuras (enquanto
que a de caça, e costuma ter um lado com um personagem que possa ver no escuro
serrilhas grandes, para se cortar arame, procura a saída, os outros se amarram nele
fios de ferro e similares. Também é mais para não se perderem nem caírem em ar-
útil para cortar couro de seres com esca- madilhas), são úteis para procurar armadi-
mas (alguém falou em dragões?), e nor- lhas (“chicoteie” o chão do corredor com a
malmente é tratada para não enferrujar corda, isso pode ativar armadilhas basea-
facilmente. das em fios estendidos, raios laser, detec-
tores de movimento e similares) e podem
O manchete é o tradicional facão de mato.
servir como armas silenciosas.
sendo arremessado sobre a cabeça Embora seja menos útil em combate do
do oponente para cegá-lo. Sacos também podem ser que uma espada, é excelente para cortar Também é aconselhável que os persona-
cortados em várias tiras, formando uma corda improvisa- lenha, abrir trilhas na mata, afiar estacas gens levem rolos de barbante ou linha. Bar-
da para, por exemplo, amarrar prisioneiros. e forçar portas emperradas. Se a lâmina bante desfiado ou linha podem ser usados
for bem polida, também serve como espe- para remendar roupas, ferimentos e teci-
Outra utilidade de sacos impermeáveis é o improviso de
lho. dos, e também são úteis para improvisar
boias para a travessia de rios e lagos. Basta encher o saco
armas (amarre uma faca em um pedaço de
de ar, amarrar a boca e pronto, já se tem em mãos uma Canivete: 2 PO/ 20 US$, 0,05 kg
pau e você terá uma lança, por exemplo...) e
boia capaz de ajudar guerreiros com armaduras pesadas
Faca de Caça: 5 PO/ 50 US$, 0,5 kg para criar armadilhas simples (um barban-
a não afundarem como pedras...
te esticado com uma ponta amarrada em
Faca de Peixe: 5 PO/ 50 US$, 0,5kg uma lata cheia de pedras pode salvar os
Saco: 1 PP / 1 US$, 0,01kg
Manchete: 3 PO/ 30 US$, 1,0 kg personagens de uma emboscada enquanto
-Facas: acampam).
-Corda:
Talvez as ferramentas mais úteis para qualquer aventurei- Rolo de corda (50 m): 1 PO/ 10 US$, 5kg
ro. Facas servem para muito mais do que lutar. O ideal é Outro item indispensável é uma boa cor-
que cada personagem possua um conjunto de facas com- da. Embora as feitas de sisal sejam
posto por um canivete, uma faca de caça, uma faca de mais baratas, o ideal é usar
peixe e um manchete. uma corda feita de tiras
de couro, o que a tor-
O canivete é uma faca pequena como um punhal, pode
na mais resistente,
ser útil como talher, servir para desenroscar parafusos,
à prova d’água e
afiar lápis, cortar cordas, papel, marcar paredes de labi-
evita que ela
rintos, consertar equipamento, raspar ferrugem de armas
“queime”
e armaduras e mais uma infinidade de usos.
a mão
Barbante contra ventos, insetos e oferecem uma cer- minam mais, mas nor-
ou linha (20 m): 1 PP/ 1 ta proteção contra animais selvagens (que malmente são muito pe-
US$, 0,1 kg tendem a ver as tendas como animais maio- sadas, frágeis e difíceis de
res do que eles). Alguns galhos e folhas do serem usadas como arma.
-Espelho:
lado de fora também podem conferir camu- No entanto, elas são indis-
Um espelho também pode ser muito útil, flagem à barraca. pensáveis para que o mago
principalmente se possuir uma haste curta. do grupo possa ler seu grimó-
Sacos de dormir, dentro das barracas, ser-
Com ele é possível olhar em uma esquina rio, ou para que o detetive en-
vem como cobertores e propiciam um am-
sem ser visto, observar uma sala sem pre- xergue perfeitamente as im-
biente macio para os personagens descan-
cisar abrir completamente a porta, enviar pressões digitais deixadas em
sarem.
sinais à distância (refletindo a luz solar), uma maçaneta.
refletir ataques visuais, entre outras várias Barracas e sacos de dormir com forros de
utilidades. plástico escuro também podem prover um Por fim, um isqueiro é um ele-
bom ambiente para vampiros dormirem mento indispensável. Acen-
Espelho: 1 PP / 1 US$, 0,01kg der fogo sem um deles é um
sem serem queimados pelos raios solares.
-Barraca e saco de dormir: procedimento trabalhoso, de-
Barraca: 10 PO/ 100 US$, 10kg morado e complicado. Em ce-
Aventureiros também precisam descansar. nários medievais o isqueiro é co-
Saco de Dormir: 1 PP/ 10 US$, 2,5kg
E lugares como florestas, esgotos e mas- nhecido como “pederneira”, e constitui de um mecanismo de
morras raramente possuem aposentos ca- -Tochas, lanternas e isqueiro: metal e pedra capaz de gerar faíscas.
pazes de acomodar os personagens com
Iluminação é importante, até mesmo para Tochas: 1 PC / 1 US$, 0,10kg
conforto suficiente para que eles possam
quem pode ver no escuro. O ideal é que os
recuperar suas energias. Lanterna: 7 PO/ 25 US$, 1kg
personagens carreguem pelo menos uma
Barracas são importantes, pois impedem dezena de tochas, uma lanterna (elétrica ou Isqueiro/Pederneira: 1 PO/ 5 US$, 0,01kg
que a chuva ou goteiras molhem os perso- à óleo) e um isqueiro.
nagens (o que pode baixar subitamente a -Roupas Especiais:
Tochas iluminam menos, mas tem suas
temperatura do corpo, causando morte por Aventureiros costumam se enfiar em muitos lugares perigosos.
vantagens. Elas podem ser usadas como
hipotermia). Barracas também protegem Muitos exigem vestimentas próprias.
arma, podem incendiar palha, óleo e outros
inflamáveis, e são descartáveis, podendo Um “kit de roupas especiais” contém um conjunto de roupas
ser jogadas, acesas, em poços e precipí- para frio, um conjunto de roupas anti-fogo, um conjunto de rou-
cios, para que os personagens possam ver pas impermeáveis e um conjunto de roupas finas especiais.
o que há no fundo destes.
As roupas de frio normalmente são casacos pesados de pele,
Lanternas ilu- com luvas, galochas e capuz (em mundos medievais) ou casa-
cos de borracha (em cenários modernos), capazes de proteger
o usuário do frio ambiente. Estas roupas, no entanto, não prote-
gem contra magia, elementos químicos (como nitrogênio líqui-
do) ou ataques de frio (como sopro de dragão).
As roupas anti-fogo normalmente são sobretudos de couro de
monstros, tratados alquimicamente -Papel e lápis: Garrafs vazias também são úteis. Ao longo
(em mundos medievais) ou feitos de fibra de da aventura os personagens podem encon-
Papéis sempre são úteis. Podem servir tan-
amianto (em mundos atuais), e protegem o per- trar líquidos exóticos que podem vir a ser
to como guardanapos, para pegar alimentos,
sonagem de temperaturas exageradas, do contato úteis, como sangue de monstros (para expe-
quanto para o caso de uma diarreia súbita,
com as chamas ou magma. Roupas anti-fogo podem riências mágicas), óleos, poções e água de
no meio da masmorra. Mas a maior utilidade
resistir por algum tempo contra fogo mágico ou bafora- fontes mágicas. Pergaminhos e mapas tam-
dos papéis é mesmo para escrever.
das de dragão. bém podem ser conservados em garrafas,
O ideal é que os personagens carreguem sobretudo as metálicas, ficando à salvo da
Roupas impermeáveis normalmente são capas de couro
um maço de papel (100 folhas) e alguns lá- umidade ou das chamas.
com capuz (em mundos medievais), de vinil ou borracha, ou
pis ou pedaços de carvão. Lápis são muito
mesmo macacões de neoprene (em mundos atuais). Elas Uma garrafa metálica, cheia de água ou pe-
mais úteis do que canetas, pois não estou-
impedem que o personagem fique encharcada com a chuva dras, também é útil para ativar, à distância,
ram com o calor, escrevem em qualquer su-
ou após um mergulho, mantém o mesmo aquecido (embora armadilhas de pressão. Basta colocá-la no
perfície, em qualquer condição (mesmo em
não tanto quanto as roupas de frio) e protegem equipamen- chão e fazê-la rolar pelo corredor...
gravidade zero), a escrita pode ser apagada
to sensível à água, como papel.
e eles são fáceis de serem apontados com Cantil: 1 PO / 10 US$, 2kg
Por fim, roupas finas são imitações de roupas de nobre (em um canivete.
Garrafa (vidro): 1PP / 1 US$, 0,5 kg
mundos medievais) ou ternos (em mundos atuais), mas são
Um grupo de personagens com lápis e papel
feitos de tecidos resistentes e elásticos, como o lycra. Estas Garrafa (metal): 1PP/ 1US$, 1,0kg
podem planejar estratégias mais facilmen-
roupas garantem que o personagem seja respeitado e pos-
te, trocar mensagens em silêncio, desenhar -Kit do Aventureiro Feliz:
sa entrar em locais normalmente reservados a autoridades,
mapas do labirinto onde estão, e, se neces-
mas não prendem os movimentos nem se rasgam facilmen- 1x Mochila: 100 PO / 1500 US$, 5kg.
sário, o mago pode até mesmo improvisar
te se este precisar lutar, correr ou saltar. 3x Pochete: 1 PO/ 15 US$, 0,2 kg.
um pergaminho. 1x Colete: 5 PO/ 50 US$, 0,5 kg.
Kit de roupas especiais: 100 PO / 1000 US$, 10,0kg 10x Saco: 1 PP / 1 US$, 0,01kg
Papel (100 folhas): 1 PO / 10 US$, 2,0kg
-Ferramentas: 1x Canivete: 2 PO/ 20 US$, 0,05 kg
Lápis: 1 PC/ 1US$, 0,01kg 1x Faca de Caça: 5 PO/ 50 US$, 0,5 kg
Um bom kit de ferramentas pode salvar qualquer persona- 1x Faca de Peixe: 5 PO/ 50 US$, 0,5kg
-Cantis e garrafas: 1x Manchete: 3 PO/ 30 US$, 1,0 kg
gem de grandes enrascadas. Estes kits normalmente contém
três chaves de fenda de tamanhos diferentes, três chaves de Cedo ou tarde os personagens vão precisar 1x Rolo de corda (50 m): 1 PO/ 10 US$, 5kg
rosca, uma chave inglesa, dois alicates de tamanhos diferen- beber algo, nem que seja poção de cura. Eis 1x Barbante ou linha (20 m): 1 PP/ 1 US$, 0,1 kg
tes, um serrote pequeno, uma machadinha, um martelo, um 1x Espelho: 1 PP / 1 US$, 0,01kg
a utilidade de se carregar cantis e garrafas.
pé-de-cabra, alguns parafusos e pregos. 1x Barraca: 10 PO/ 100 US$, 10kg
O ideal é que cada personagem carregue 1x Saco de Dormir: 1 PP/ 10 US$, 2,5kg
As ferramentes podem ser usadas para os mais variados fins. vários cantis, pelo menos uns cinco. Em um 10x Tochas: 1 PC / 1 US$, 0,10kg
Fazer flechas, quadrelos, arrombar portas, janelas, tampas ele pode transportar água, enquanto em 1x Lanterna: 7 PO/ 25 US$, 1kg
de tubos de ventilação, desmontar armadilhas, reparar equi- outro ele pode carregar gelo (que vai der- 1x Isqueiro/Pederneira: 1 PO/ 5 US$, 0,01kg
pamento, cortar madeira para fazer lenha, barrar uma porta, 1x Kit de roupas especiais: 100 PO / 1000 US$,
reter com o tempo, tornando-se água. Car-
construir armadilhas simples, pegar objetos perigosos (quen- 10,0kg
regar água em todos os cantis só vai fazer
1x Kit de Ferramentas: 10 PO / 100 US$, 10,0 kg
tes, frios, cobertos de ácido...) e adaptar armaduras para ca- ela evaporar e o personagem acabar com 1x Resma de Papel (100 folhas): 1 PO / 10 US$,
ber no personagem. vários cantis vazios), comida líquida (sopas, 2,0kg
cremes, sucos...), azeite ou graxa (úteis 10x Lápis: 1 PC/ 1US$, 0,01kg
Ferramentas: 10 PO / 100 US$, 10,0 kg
para desemperrar portas e fazer inimigos 5x Cantil: 1 PO / 10 US$, 2kg
caírem). 5x Garrafa (vidro): 1PP / 1 US$, 0,5 kg
5x Garrafa (metal): 1PP/ 1US$, 1,0kg

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