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SUMÁRIO

1. Conceitos Fundamentais 02
1.1. Matéria 02
1.2. Átomo 02
2. Circuito Elétrico 04
2.1. Introdução 04
2.2. Leis de Kirchhoff 06
2.3. Associação de Elementos 06
2.4. Circuitos de Correntes Continua 06
3. Circuito Série 07
3.4. Circuito Paralelo 07
3.5. Circuitos Mistos 08
3.6. Leis de Corrente e Tensão 08
3.7. Montagem e Solução de Equações 08
3.8. Ligações Série Paralelo 09
3.9. Ligação Δ - Ү 09
4 Circuito de Corrente Alternada 10
4.1. Introdução 10
4.2. Funções Senoidais 10
4.3. Elementos Básicos Submetidos a C.A 13
4.4. Valor Eficaz / Capacitores 14
4.5. Indutores 16
4.6. Indutância 17
4.5.1. Reatância Indutiva 17
5. Circuitos de corrente alternada em regimes permanentes 19
4.5. Potência C.A 19
6.1. Fator de Potência 22
7. Circuitos Trifásicos. 23
7.1. Fontes Trifásicas 23
7.1.2. Cargas Trifásicas Equilibradas 24
7.1.3. Cargas Trifásicas Desequilibradas 25
Bibliografia 31

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Eletricidade Industrial – Curso Técnico em Eletromecânica
1 - Conceito Fundamental da Eletricidade
Ao longo dos anos, vários cientistas descobriram que a eletricidade parece se comportar de maneira
constante e previsível em dadas situações, ou quando sujeitas a determinadas condições. Estes cientistas, tais
como Faraday, Ohm, Lenz e Kirchhoff, para citar apenas alguns, observaram e descreveram as características
previsíveis da eletricidade e da corrente elétrica, sob a forma de certas regras. Estas regras recebem
comumente o nome de “leis”. Pelo aprendizado das regras ou leis aplicáveis ao comportamento da
eletricidade você terá “aprendido” eletricidade.
A energia é tudo aquilo capaz de produzir calor (queima do carvão, evaporação da água), trabalho
mecânico (Motor elétrico, motor a explosão), luz (fotossíntese dos vegetais, lâmpadas elétricas), radiação
(processo de soldagem) e etc... Em sentido geral, poderia ser definida como essência básica de todas as
coisas, responsáveis por todos os processos de transformação, propagação e interação que ocorrem no
universo ( nada se perde tudo se transforma).
A energia elétrica é um tipo especial de energia através da qual podemos obter os efeitos acima; ela é
usada para transmitir e transformar a energia primária da fonte produtora que aciona os geradores em outros
tipos de energia usados no nosso dia-a-dia.

1.1 – Matéria:
Todos os corpos são compostos de moléculas e estas são um aglomerado de um ou mais átomos, a
menor porção da matéria.

1.2 Estudo do Átomo


É uma partícula presente em todo matéria do universo.
O universo, a terra, os animais, as plantas tudo é composto de átomos.

Vários foram os cientistas responsáveis pelos estudos da estrutura atômica dentre os quais podemos
destacar: Thomson, Rutherford, Bohr, De Broglie, Linus Pauling e outros.
Até o início do século XX admitia-se que os átomos eram as menores partículas do universo e que
não poderiam ser subdivididas. Hoje se sabe que o átomo é constituído de partículas ainda menores. Estas
partículas são:

Todo átomo possui prótons, elétrons e nêutrons.

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Elétrons
São partículas subatômicas que possuem cargas elétricas negativas. É 1840 vezes menor que o
Próton. (є = 1,6 x 10-19 coulombs).

Prótons
São partículas subatômicas que possuem cargas elétricas positivas.

Nêutrons
São partículas subatômicas que não possuem cargas elétricas. O nêutron tem a função de isolar as
partículas positivas do núcleo evitando a repulsão e desmoronamento do núcleo.

Núcleo
É o centro do átomo, onde se encontram os prótons e nêutrons.

Eletrosfera
São as camadas ou órbitas formadas pelos elétrons, que se movimentam em trajetórias circulares em
volta do núcleo e possuem no máximo 8 níveis de energia chamadas camadas de valência ( K,L,M, N,O,P e
Q).
Existe uma força de atração entre o núcleo e a eletrosfera, conservando os elétrons nas órbitas
definidas camadas, semelhante ao sistema solar.

Cada camada da eletrosfera é formada por um número máximo de elétrons, conforme você
pode observar na tabela abaixo.
Camada K 2
Camada L 8
Camada M 18
Camada N 32
Camada O 32
Camada P 18
Camada Q 2

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O que faz uma matéria tão diferente de outra?
Quais são as semelhanças existentes entre os átomos?
A distribuição de prótons, nêutrons e elétrons é que de fato diferenciará um material do outro.

Quanto mais elétrons.

Mais camadas
Menos força de atração exercida pelo núcleo.
Mais livres os elétrons da última camada.
Mais instável eletricamente.
Mais condutor o material.

Quanto menos elétrons.

Menos camadas
Mais força de atração exercida pelo núcleo.
Menos elétrons livres.
Mais estável eletricamente.
Mais isolante o material.
Condutores Isolantes
Prata Ar Seco
Cobre Vidro
Alumínio Mica
Zinco Borracha
Latão Amianto
Ferro Baquelite

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Observação: Semicondutores são materiais que não sendo bons condutores, não são tampouco bons
isolantes. O germânio e o silício são substâncias semicondutoras. Esses materiais, devido às suas estruturas
cristalinas, podem sob certas condições, se comportar como condutores e sob outras como isolantes bastante
utilizados na eletrônica (diodos, tiristores, transistores e etc...)

2 - Circuitos Elétricos
2.1 - Introdução
Um circuito elétrico resulta da interligação de elementos de forma a orientar o fluxo de energia para
obter um efeito específico. O gerador é a parte interna do circuito, os demais componentes constituem o
circuito externo.

Figura 2.1 – Circuito elétrico: (a) Visão geral; (b) esquema representativo.

A seguir, são definidos alguns termos usados na análise de circuitos elétricos:


Nó: ponto de conexão entre dois ou mais elementos que compõe um circuito; na Figura 2.1, os pontos a e b
representam nós que conectam 3 elementos cada um (chamados nós efetivos), enquanto que os pontos m e n
são nós que conectam dois elementos (nós passivos).

Ramo: trecho do circuito compreendido entre dois nós efetivos. No circuito da Figura 2.1b há três ramos,
todos delimitados pelos nós efetivos a e b: um com a fonte de 12 V, o segundo com a chave 1 e a lâmpada L
e o último com a chave 2 e o motor M.

Laço: qualquer percurso fechado de um circuito. Existem 3 laços no circuito da Figura 2.1b: um externo
(contendo a fonte, a chave 1 e o motor) e dois "internos"
(o primeiro com a fonte, a chave 1 e a lâmpada e o outro com as duas chaves, a lâmpada e o motor).

Malha é um percurso fechado (laço) que não tem qualquer internamente, como é o caso dos dois percursos
"internos" descritos anteriormente.

Figura 2.2 – Circuito hipotético

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2.2 LEIS DE KIRCHHOFF
O estudo de Eletrotécnica está fortemente ancorado em duas leis enunciadas pelo alemão
Gustav Kirchoff, há mais de 3 séculos atrás.

a) Lei das Correntes (bastante utilizado no circuito paralelo).


A soma das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que dele saem. Se adotarmos
um sinal para as correntes que chegam ao nó e o sinal oposto para as correntes que dele saem, a Lei
das Correntes de Kirchoff pode ser dada por uma soma algébrica, isto é:

b) Lei das Tensões (bastante utilizado no circuito série).


A soma algébrica das tensões ao longo de um laço de circuito é igual a zero. Matematicamente
esta lei pode ser expressa pela equação

2.3. ASSOCIAÇÃO DE ELEMENTOS:


Um circuito consiste em um número qualquer de elementos unidos por seus terminais, com
pelo menos um caminho fechado através do qual a carga possa fluir. Podemos obter vários tipos de
associações das quais podemos citar: Associação de resistores, associação de capacitores, associação
de indutores, associação de geradores, associação de transformadores e etc.. De início iremos mostrar
os efeitos causados pela associação de resistores o qual e conhecido como efeito joule.

2.4 CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA:


É aquele em que o valor e a direção não se alteram ao longo do tempo, porém é interessante
que se inicie a trabalhar com circuitos elétricos alimentados por CC, de vez que se elimina, neste caso,
a variação temporal das grandezas.
O trabalho com grandezas constantes elimina boa parte das complicações matemáticas,
produzindo equações mais simples de resolver e de entender. Os métodos usados em CC poderão ser
depois aplicados aos circuitos de CA com algumas adaptações. (ver figura 2,27).

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3. – CIRCUITO SÉRIE:
CARACTERÍSTICAS:

1) Vários resistores ligados em série, ou seja, em seguida de modo a percorrer a mesma corrente;
2) Cada resistor irá produzir uma queda de tensão que no somatório geral das tensões irá obter a
tensão máxima da fonte, ou seja: ET=E1+E2+...+En;
3) Do ponto de vista do efeito joule, tudo se passa como se houvesse um único resistor denominado
equivalente Req;
4) Em uma associação de resistores em série a resistência equivalente é igual à soma das resistências
associadas; Req=R1+R2+...+Rn ;

A figura abaixo ilustra um exemplo de circuito série:

3.1. CIRCUITO PARALELO

CARACTERÍSTICAS:

1) Vários resistores ligados em paralelo, de modo a ser submetidos pela mesma tensão;
2) A corrente do circuito dividi-se nos resistores associados de modo a se unirem no nó e assim
obter a corrente total do circuito; IT=I1+I2+...+In;
3) Em uma associação em paralelo, o inverso da resistência equivalente é igual a soma dos inversos
das resistências associadas;

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4) Para obter uma associação mais prática coloca-se 2 resistores associados em paralelo e obtém-
se o cálculo conforme abaixo :

5) Caso na associação em paralelo de resistores percorridos pela mesma corrente elétrica pode-se
afirma que os mesmos são iguais de modo a proceder ao cálculo abaixo;

Onde RT= resistor equivalente ou total da associação


R= resistências iguais e percorridas
pela mesma corrente
N = Número de resistências iguais na
associação
OBS: A resistência total (ou equivalente ) de um conjunto de resistores em paralelo em sempre
menor que a do resistor de menor resistência do conjunto .
A figura abaixo ilustra um exemplo de circuito paralelo:

3.2 CIRCUITOS MISTOS


Estão incluídos nesta classificação aqueles circuitos que possuem alguns elementos associados
em série e outros em paralelo. A análise deste tipo de circuitos requer um processo paciente e
habilidoso de associações série/paralelo.
A figura abaixo ilustra um exemplo de circuito misto:

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3.3. Lei da Corrente de Kirchhoff (LCK)
Há duas leis estabelecidas por Gustav Kirchhoff para resolver os circuitos mais complexos,
com geradores em diversos braços, o que muitas vezes, torna impossível a solução pela determinação
da resistência equivalente.
A Soma algébrica das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que se
afastam do mesmo.

Convenção: As correntes que entram em um nó são consideradas como sendo positivas e as que saem
são consideradas como sendo negativas.
-I1 - I2 + I3 + I4 = 0

Aplicando esta lei ao circuito abaixo temos:

IS - I1 - I2 - I3 = 0
IS = I1 + I2 + I3

3.4 - Montagem e Solução das Equações


Para exemplificar a utilização destas associações será utilizado o circuito abaixo (esquerda). Para este
circuito serão calculados V e I utilizando-se as leis de Kirchhoff.

A primeira coisa a ser feita deve ser arbitrar as correntes no circuito. Desta maneira tem-se:

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Aplicando a LTK por ordem, na malha da qual a fonte V faz parte, na malha da qual a fonte de
6V faz parte e na malha composta pelos resistores de 3 Ω, 2 Ω e 2 Ω, tem-se:
V + 3.I2 - 8 = 0 (1)
6 – 3.I4 = 0 : I4 = 2A (2)
8 – 2.I3 – 3I4 = 0 : I3 = 1A (3)

Aplicando agora a LCK aos nós A, B e C têm:


Nó C: I4 + I1 + I2 - I = 0 (4)
Nó A: I3 - 2 + I - I4 = 0 (5)
Nó B: 2 - I1 - I2 - I3 = 0 (6)
Observando-se a resistência de 2 , na qual uma tensão de 8V está aplicada, pode-se
determinar a corrente I1. Desta maneira tem-se: I1 = 8/2 = 4A
Pode-se observar que (6) é a combinação linear de (4) e (5). Aliando esta observação à teoria
se pode afirmar que n produzirá n-1 equações. Para finalizar a solução deve-se fazer o seguinte:
Usando (6): I2 = - 3A
Usando (1): V = 8 - 3I2 = 17V: V = 17V
Usando (5): I = 2 - I3 + I4 = 3 A: I = 3ª
3.5 - Ligações Série-Paralelo
Os exemplos apresentados a seguir mostram exemplos de redução de circuitos utilizando-se técnicas
de redução série-paralelo.

Exemplo 1: Utilizando as fórmulas deduzidas para a Re, determinar a resistência total entre os pontos
A e B.

Passo 1: 8 + 4 =12: 12//24 = 8:

Passo 2: 8 + 3 + 9 = 20

Passo 3: 20//5 =

Passo 4: RT = 4 + 16 + 14 = 34

Exemplo 2: De maneira análoga pode-se utilizar as fórmulas de associações série-paralelo para


determinar a corrente I e a potência P fornecidas ao circuito para uma tensão E de 50 V.

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1° Passo: Determinar a resistência equivalente
10 + 5 + 5 = 20: 20//20 = 10
2° Passo: 10 + 15 = 25: Re = 25
3° Passo: Determinar a corrente I : E = Rt . I
I = 50/25 = 2A
4° Passo: Determinar a potência P : P = E . I
P = 50.2 = 100W

3.6 - Ligações Δ – Y
São freqüentes encontrarmos circuitos nos quais os resistores estar em série ou em paralelo.
Nestas condições pode ser interessante converter o circuito de uma forma mais conveniente para
determina os valores de tensão e corrente sem usar o método de Kirchhoff. Essas duas configurações
freqüentemente responsáveis por esse tipo de dificuldade são a ípsilon ou estrela (Y) e a delta ou
triângulo (∆), elas também são chamadas de tê (T) e pi ( π ) .
As configurações Y (T) e ∆ (π):

Para facilitar a solução pode-se lançar mão da conversão Δ - Y que é apresentada a seguir.

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4 - CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA

4.1 INTRODUÇÃO
No mundo atual, a grande maioria das aplicações que dependem de eletricidade é alimentada
por corrente alternada. Existem fortes motivos para que isto aconteça:
A geração de grandes quantidades de energia é mais econômica em CA do que em CC; de fato
todas as grandes usinas produzem tensões CA, ficando as fontes de CC para aplicações especiais
ou que envolvam a necessidade de portabilidade;
Pela mesma razão antes exposta, a alimentação por CA é encontrada em qualquer instalação
elétrica residencial, comercial ou industrial;
A transformação de CA em CC (retificação) é simples, barata e eficiente; a transformação
inversa (CC em CA, chamada inversão) já é mais elaborada e tem maior custo;
Os motores alimentados por CA são mais baratos e são usados em praticamente todas as
aplicações de força-motriz;

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A alimentação em CA permite o uso de transformadores, com os quais se podem alterar níveis de
tensão ou corrente para quaisquer valores. Via de regra, o uso de CC está restrito a operações
específicas (como a eletrólise), à alimentação de motores de CC ou a situações onde a
portabilidade da fonte é exigida (como no caso de veículos automotrizes). Porém o uso de CA
traz um problema que inexiste em CC: o surgimento dos fenômenos da indutância e da
capacitância, os quais podem produzir perdas em algumas situações, como nas linhas de
transmissão de energia.

4.2 FUNÇÕES SENOIDAIS:


As grandezas CA são funções cíclicas, isto é suas formas de onda se repetem periodicamente.
Denomina-se período (T) ao tempo que a função demora a se repetir em frequência (f) ao número de
ciclos repetidos ao longo de um período.
Então
(5.1)

O período é expresso em segundos (s), enquanto a freqüência é medida em Hertz (Hz).


Como as senóides completam um ângulo igual a 2π radianos (360o) em um período, a
velocidade angular é dada por:

(5.2)

A Figura 4.1a mostra uma senóide gerada a partir da rotação de um vetor centrado na origem
de um sistema de eixos coordenados. A cada ângulo descrito pelo vetor, relativamente ao eixo x, há
uma correspondente projeção sobre o eixo y, de maneira que se tem na curva a direita, pontos com
coordenadas (x;y).
Na Figura 4.1b, o vetor “parte” com um ângulo inicial θ e a curva resultante assemelha-se à
função seno original “puxada” para a esquerda. Na comparação entre a função gerada pelo vetor e a
senóide original (tracejada na figura) diz-se que a primeira está adiantada de θ em relação à segunda,
eis que eventos semelhantes (por exemplo, o instante em que cada uma delas atinge o valor de pico)
acontecem antes com ela.

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Geração de funções senoidais a partir de vetores: (a) função seno original; (b) função seno
adiantada de θ graus em relação à original.
Grandezas de CA, como as mostradas na Figura 5.1, são chamadas funções sinusoidais, pois
têm formas de onda semelhantes à senóides; são perfeitamente descritas pela equação.

f (t) = Asen(wt +q ) (5.3)


Onde:
A = amplitude, também chamado valor de pico, que corresponde ao maior valor alcançado pela função
ao longo do período; sua unidade é a mesma da grandeza representada (V, A ou W);
w = velocidade angular, dada em radianos por segundo (rad/s), que expressa a velocidade com que os
ciclos se repetem;
q = ângulo de fase (dado em graus decimais, o), o qual determina o deslocamento da forma de onda
em relação à função seno "original".

Valor eficaz:
Os instrumentos de medida de correntes e tensões CA usualmente trabalham com o chamado
valor eficaz ou rms (root meam square) dessas funções, o qual é um valor fixo e igual a:

Valor eficaz =

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Estes valores são tão importantes, que servem para especificar as propriedades dos circuitos de
corrente alternada. Por exemplo, no Pará, a distribuição domiciliar de energia elétrica é feita, segundo
115 V eficazes.
Para um melhor entendimento de valor eficaz:

A forma de onda da tensão ou corrente alternada tem na grande maioria o seu valor médio
igual à zero. Vamos adotar um exemplo clássico para o entendimento da questão. Um resistor em um
recipiente com água é ligado por chaves a duas fontes, uma de corrente alternada e outra de corrente
contínua.
Quando a chave 1(um) é fechada, uma corrente contínua Idc que depende da resistência R e da
tensão E da bateria atravessa o resistor . A temperatura atingida pela água é função da potência
dissipada pelo resistor (convertida em calor).
Quando a chave 2 é fechada e a chave 1 é deixada aberta a corrente no resistor é uma corrente
alternada cuja a amplitude é chamada de pico , vamos chamar de I ac . A temperatura atingida pela água
novamente é função da potência dissipada no resistor, para determinar o valor I ac para o qual a
potência dissipada pelo resistor é a mesma que a contínua, basta variar o valor da tensão alternada até
que a temperatura atingida pela água seja a mesma que no caso anterior e ai medir a amplitude da
corrente.

Potência Média:
Em um aparelho elétrico, define-se potência média (Pm) da corrente alternada a energia
elétrica trocada em um período, dividida pelo período . No caso de um resistor, prova-se que a
potência média vale:

Pm = Eef . Ief
Exemplo 4.1 – O gráfico da Figura 4.2 mostra a tensão u e a corrente i associadas a uma carga.
Determinar: (a) a freqüência de cada uma das grandezas; (b) o valor eficaz de cada uma delas; (b) o
ângulo de defasagem da corrente em relação à tensão.

Figura 4.2 – Exemplo 4.1

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Solução

(a) Na escala de tempo (eixo horizontal) da Figura 5.2, cada quadrícula corresponde a 0,5 ms. Não se
pode ver o período completo de qualquer das funções, porém ½ período (de qualquer delas) equivale a
6 quadrículas, logo

0,5 = 6s
e a frequência (Equação 4.1) é

(b) No eixo vertical, cada quadrícula equivale a 5 unidades (V ou A), logo a tensão de pico é upico =
20 V e a corrente de pico é ipico = 12,5 A. Os valores eficazes são dados pela Equação 5.4:

c) Os ângulos podem ser contados no eixo horizontal. Lembrando um ciclo completo da senóide vale
360o, vê-se que ½ ciclo (180o) corresponde a 6 quadrículas horizontais, portanto cada uma delas vale
180o/6 = 30o. Se forem tomados dois eventos semelhantes - por exemplo, o instante correspondente
ao valor de pico - vê-se na Figura 5.2 que a corrente atinge seu pico 2 quadrículas após a tensão;
portanto, a corrente está atrasada de 60o em relação à tensão.

Exercícios:
1) Determinar a expressão da intensidade instantânea (em ampéres de uma corrente alternada
senoidal de frequência 60 Hz e intensidade eficaz de 4A).

2) Um resistor de resistência R=10Ω é percorrido por uma corrente alternada senoidal I (t)=Imaxsenωt
onde Imax=5A e ω= 2π.60 rad/s . Calcule a potência média dissipada no resistor.

4.3 OS ELEMENTOS BÁSICOS SUBMETIDOS A CA

É importante entender o que acontece com os elementos básicos (V. Capítulo 3) quando
submetidos a excitações CA. Resistores não sofrem outra influência que não a de sua própria
resistência, isto é, a oposição à passagem de corrente. Nos resistores, a corrente e a tensão sempre
estão em fase (Figura 5.2a).
Porém indutores e capacitores “sentem” a variação temporal da corrente e a defasam em
relação à tensão: capacitores adiantam a corrente em 90o, enquanto que indutores a atrasam pelo
mesmo ângulo (Figuras 5.2b e c). Este comportamento deve-se à própria natureza desses elementos,
cujo funcionamento exige o fornecimento de energia para formação de campos elétricos ou
magnéticos, sem a realização de trabalho útil.

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Figura 4.3 – Formas de onda de tensão U e corrente I, em CA, para os elementos básicos dos
circuitos
: (a) resistores; (b) capacitores; (c) indutores.

Devido a esta “reação” de capacitores e indutores à passagem de CA, estes elementos são ditos
reativos e caracterizados por uma reatância, medida em ohms (Ω):

• reatância capacitiva: • reatância indutiva:

4.4. Capacitores:
Dispositivo ou componente designado especificamente para ter capacitância:
Simbologias:

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Capacitor fixo

Capacitor Polarizado

Capacitor Variável

As figuras abaixo representam alguns tipos de capacitores.

(a)
Capacitores de filme poliéster: (a) de terminais axiais

(b)
(b) de terminais radiais (cortesia de lllinois Capacitor, Inc.)

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Tipos de Capacitores

4.4.1 Capacitância:
Propriedades de um circuito de se opor a variação de tensão no circuito. Alternativamente,
capacitância é a capacidade de um circuito elétrico armazenar energia em um campo eletrostático.

4.4.2 Reatância Capacitiva:


A reatância capacitiva é a oposição ao fluxo de corrente C.A devido a capacitância do circuito.
Sua unidade é o ohm e expressa por:

Xc = reatância capacitiva ( Ω )
F = freqüência (Hz)
C = Capacitância (F)
ω = Velocidade angular (rad/s)

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A tensão e a corrente num circuito contendo somente reatância capacitiva podem ser
determinadas pela lei de ohm, ou substituir R por Xc:

Exercícios:

1) Um capacitor de um circuito de telefone tem uma capacitância de 3µF. Que corrente passa através
dele quando se aplica 15v em 800 Hz ?

2) Qual a reatância capacitiva de um capacitor de 20µF em 60 Hz?

3) Uma corrente alternada C.A de 25 mA eficaz e 120 Hz passa por um circuito contendo um
capacitor de 10µF. Qual a queda de tensão através do capacitor?

4.5 Indutores:
Os indutores são bobinas de várias dimensões projetadas para introduzir quantidades
específicas de indutância em um circuito:
Simbologias:

As figuras abaixo representam alguns tipos de Indutores:

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4.5.1 Indutância:
É a capacidade que um condutor possui de induzir tensão em si mesmo. Sua unidade é o
Henry, ou seja, 1 Henry é a quantidade de indutância que permite uma tensão de 1V quando a corrente
varia na razão de 1A/1S.

Fórmula indutância:

Exercícios.

1) Qual a indutância de uma bobina que induz 20 V quando a corrente que passa pela bobina. Varia
de 12 A em 2s.

2) Uma bobina de tem uma indutância de 50 µH. Qual a tensão induzida na bobina quando a taxa de
corrente for de 10000 A/s.

4.5.2 Reatância Indutiva:


A reatância indutiva é a oposição a passagem de corrente C.A devida a indutância do circuito.
Sua unidade é o Ohm e expressa por:

XL = Reatância indutiva (Ω)


ω = Velocidade angular (rad/s)
L = Indutância (H)

Obs.: Em um circuito formado apenas por indutores pode-se calcular a tensão e a corrente apenas
utilizando a lei de Ohm, ou seja, substituir R por XL.

Exercícios
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1) Um circuito é formado por uma bobina de 20 mH que funciona a uma frequência de 950 Khz.
Qual a reatância indutiva da bobina?

2) Qual deve ser a indutância de uma bobina a fim que ela tenha uma reatância indutiva de 942 Ω a
uma frequência de 60 Khz?

Outras Considerações:
Conforme visto anteriormente, os equipamentos e dispositivos práticos podem ser analisados a
partir de modelos que incorporam resistores, indutores e capacitores. Quando excitados por CA esses
equipamentos produzem dois efeitos:
a) Causam oposição à passagem das correntes, por causa de sua resistência;

b) Produzem defasagem da corrente em relação à tensão, em razão de sua reatância. Como não
existem indutores ou capacitores ideais, na prática o ângulo de defasagem da corrente em relação à
tensão (chamado j) sempre será menor que 900, em atraso (cargas indutivas) ou em avanço (cargas
capacitivas).
A impedância de um dispositivo é uma grandeza que agrega esses dois aspectos, incorporando
a resistência R e a reatância X. Diz-se que esses "ingredientes" da impedância estão "em quadratura",
isto é dispostos em ângulo reto, de modo que a impedância pode ser representada por um triângulo
retângulo desenhado para baixo (cargas indutivas) ou para cima (cargas capacitivas), conforme se
mostra Figura 5.4.

Figura 5.4 – Representação de impedância: (a) carga com característica indutiva; (b) carga com
característica capacitiva.
A impedância de uma carga é caracterizada por dois parâmetros:
· módulo dado por

(5.7)

Que independe da característica (indutiva ou capacitiva) desta carga e é expresso em ohms (Ω). Este
módulo representa a relação entre os valores eficazes da tensão (Uef) e da corrente (Ief), isto é.
(5.8)

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O triângulo formado representa a defasagem entre a tensão u e a corrente i no elemento e será
positivo no caso de carga com característica indutiva; se a carga tiver característica capacitiva o ângulo
será negativo. Nas situações práticas, a maioria das cargas tem característica indutiva: é o caso de
motores de indução, aparelhos de solda elétrica, lâmpadas fluorescentes e muitas outras. As cargas
com característica capacitiva são mais raras, como o caso de motores síncronos sobre-excitados, mas o
uso de capacitores em instalações industriais é muito comum, já que compensam o atraso das outras
cargas (indutivas) promovendo o avanço da corrente em relação à tensão.

5 CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA EM REGIME PERMANENTE :


O fenômeno da indução eletromagnética é responsável pela produção de energia elétrica que
vai abastecer os grandes centros urbanos e as indústrias. Pelo fato de a produção se basear em
geradores rotativos, a tensão gerada começa de zero, passa por um valor máximo positivo, se anula,
depois passa por um valor máximo negativo e novamente volta para zero, dando origem a um ciclo.
Esta tensão alternada gerada pode ser representada pela senóide de acordo com a fórmula
V(t)=Vmáx.Senωt. Os circuitos de corrente alternada são combinados com alguns desses elementos já
estudados formando os circuitos R, circuito L, circuito C, circuito RC, circuito RL, circuito RLC
associados da forma série , paralela e mista e tem como o objetivo melhorar seu desempenho.

6. Potência em C.A
Analisando o gráfico da potência:

O significado desta curva é importante: ela mostra que a carga absorve a potência fornecida
pela fonte de alimentação (a potência positiva, indicada pelo sinal +) durante certo intervalo de tempo;
a seguir, parte dessa potência é fornecida pela carga, ou seja, é devolvida a fonte (potência negativa).
A potência fornecida pela fonte é “usada” pela carga de 2 formas distintas:
Uma parte é transformada em trabalho útil (como o aquecimento de um resistor ou a rotação de
um motor)
Outra parte é utilizada para a formação de campos elétricos e/ou magnéticos relacionados aos
elementos reativos da carga; como não é transformada em trabalho útil e é devolvida a fonte.

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A potência média P é dada pela integral da Equação e resulta em:

Onde: U e I são valores eficazes de tensão e de corrente, respectivamente. Esta é a potência ativa
(também chamada real), capaz de realizar trabalho útil; sua unidade é o Watt (W). A energia relativa a
esta potência é registrada nos medidores de energia (em kWh) existentes nas instalações e constitui-se
na base para o cálculo da “conta de luz” paga mensalmente.
A potência reativa (Q) – aquela usada apenas para a formação de campos elétricos ou
magnéticos nos elementos reativos – é dada por

(5.13)
E sua unidade é o Volt-Ampère reativo (VAr). A energia relativa a esta potência não é computada nos
medidores de kWh, de forma que não pode se cobrada (pelo menos diretamente) pela concessionária.
Denomina-se potência aparente (S) àquela que engloba as duas anteriores, sendo dada por:

Potência aparente é usada para especificações de fontes (transformadores e geradores), pois


permite determinar a corrente máxima para determinada tensão de fornecimento.
De fato, se P e Q forem tomados como catetos, S será a hipotenusa. A Figura 4.6
mostra como seriam os triângulos de potências de uma carga com característica, respectivamente,
indutiva, capacitiva e puramente resistiva.

Figura 4.6 – Triângulo de potências de carga: (a) indutiva; (b) capacitiva; (c) resistiva.

Pode-se entender melhor o significado de cada potência examinando o esquema mostrado na


Figura 4.7. A fonte fornece às cargas a potência aparente S; uma parte desta é transformada em
potência ativa P (como o calor gerado por um aquecedor elétrico ou o conjugado desenvolvido por um
motor assíncrono) e a outra, correspondente à potência reativa Q, é utilizada na formação de campos
magnéticos (cargas indutivas) ou elétricos (cargas capacitivas). Como não é transformada em energia
consumida, esta potência reativa é devolvida à fonte durante o restante do ciclo1. A potência aparente
S corresponde à soma “vetorial” de P e Q.
Vê-se que uma parcela de potência (P) é efetivamente utilizada e a outra (Q) fica “viajando”
da fonte (transformador) para a carga (motor) e vice-versa. A energia reativa não é registrada nos

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medidores comuns de kWh, de modo que não aparece nas “contas de luz” – a menos que a
concessionária de energia elétrica utilize um medidor específico para tal.

Figura 4.7 – Fluxo de potência entre fonte e cargas.

Numa instalação elétrica podem-se encontrar todos os tipos de carga. As potências ativam e
reativam totais são dadas por
(5.16)

(5.17)

Onde Pi , Qi ind e Qi cap significam, respectivamente, os KW, kVAr indutivos e kVAr


capacitivos de cada uma das cargas que compõe a instalação.

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É importante notar que a potência aparente total não pode ser obtida pela soma das potências
aparentes individuais. Ela deve ser calculada usando-se a soma quadrática

6.1. FATOR DE POTÊNCIA


O fator de potência (FP) de uma carga é igual ao cosseno do ângulo de defasagem (j) entre a
tensão e as corrente associadas a esta carga. Assim

Sendo uma grandeza adimensional com valor 0 ≥ FP ≥ 1 , e pode-se interpretar o FP como sendo um
rendimento: o percentual de potência aparente S que é transformado em potência ativa P. Então,
quanto menor for o FP, maior será a quantidade de energia reativa Q que fica circulando entre a carga
e a fonte sem produzir trabalho útil. Por este motivo, a legislação estabelece que uma instalação com
FP inferior ao de referência2 deve ser sobre taxada.
Cargas com características indutivas têm FP em atraso (porque a corrente está atrasada em
relação à tensão) e compreendem a maior parte dos equipamentos usados em instalações, como
motores assíncronos, reatores de lâmpadas de descarga e aparelhos de solda elétrica; cargas
capacitivas, como motores síncronos sobre-excitados e bancos de capacitores, têm FP em avanço,
porém não são encontradas com a mesma freqüência que as indutivas. Por fim, as cargas puramente
resistivas (como aquecedores resistivos, lâmpadas incandescentes e chuveiros elétricos) têm FP
unitário.
Alguns fatores que causam baixo fator de potência em instalações elétricas são:
Motores de indução operando a vazio (sem carga acoplada ao eixo);
Motores com potência nominal muito superior à necessária para o acionamento da carga;
Transformadores operando a vazio ou com pouca carga;
Fornos a arco ou de indução magnética;
Máquinas de solda elétrica;
Reatores de lâmpadas de descarga (fluorescentes, vapor de sódio, etc.) com baixo FP;
Níveis de tensão superior à nominal, provocando um aumento da potência reativa.
Entre as conseqüências de baixos valores de FP das instalações podem-se citar:
Acréscimo nas contas de energia elétrica;
Correntes mais elevadas, já que, para uma potência nominal P e tensão de alimentação U fixadas,
a corrente é inversamente proporcional ao FP.
Necessidade de condutores com bitolas maiores;
Aumento das perdas elétricas nos condutores por efeito Joule;
Necessidade de dispositivos de manobra e proteção com maior capacidade;
Quedas e flutuação de tensão nos circuitos de distribuição;
Superdimensionamento ou limitação da capacidade de transformadores de alimentação;
Maiores riscos de acidentes.

O fator de potência é uma característica que depende das características e da forma de


utilização de uma carga. É um dado fornecido pelo fabricante do equipamento e não pode ser alterado
diretamente pelo usuário; no entanto, considerando que a maioria das cargas encontradas é de natureza

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indutiva, podem ser usados bancos de capacitores para corrigir o FP de uma carga individual ou de
toda uma instalação.
Estes bancos, especificados em kVAr, são conectados em paralelo com as cargas e
praticamente não promovem o aumento da potência ativa da instalação.

7. CIRCUITOS TRIFÁSICOS
Sistemas trifásicos são largamente usados na geração, transmissão e distribuição de energia
elétrica em alta potência. Algumas vantagens desses sistemas, quando comparados aos monofásicos,
são:

Possibilidade de obtenção de 2 tensões diferentes na mesma rede ou fonte; além disso, os


circuitos monofásicos podem ser alimentados pelas fases do sistema trifásico;
As máquinas trifásicas têm quase 50% a mais de potência que as monofásicas de mesmo peso e
volume;
O conjugado dos motores trifásicos é mais constante que o das máquinas monofásicas;
Para transmitir a mesma potência, as redes trifásicas usam condutores de menor bitola que as
monofásicas;
Redes trifásicas criam campos magnéticos giratórios, utilizados pelos motores de indução
trifásicos, que são os mais baratos e robustos de todos os motores elétricos.

7.1. Fontes Trifásicas


Uma fonte trifásica consiste em 3 fontes de CA com tensões de mesmo módulo, porém
defasadas de 120° ; dos terminais R, S e T são “puxados” condutores, que são chamadas fases, podem
ser interligadas de 2 maneiras:

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Fontes trifásicas: (a) representação das fases da fonte; (b) defasagem entre as tensões; (c) ligação em
Y; (d) ligação em Δ.
a) Em estrela (Y)
Para isto, ligam-se os terminais R’, S’ e T’; o ponto da conexão dos é chamado neutro (N).
Neste caso, denomina-se tensão de fase (Uf) à tensão entre os terminais de cada fase (fonte),
que corresponde à tensão fase-neutro e tensão de linha; chama-se tensão de linha (UL) à tensão entre
duas fases.
Demonstra-se que, na conexão em.

Então, as redes elétricas são especificadas através de suas tensões de linha e de fase, sempre
relacionadas por √3. As redes mais comuns são 380V/220V e 220V/127V.

b) Em triângulo (Δ)
Esta configuração é obtida conectando-se R’- S, S’- T e T’- R; neste caso, não existe neutro,
de forma que as tensões de linha e de fase são iguais.

Uma característica das fontes trifásicas é a seqüência de fases que indica a ordem em que as
tensões aparecem no gráfico da Figura 5.7b (RST ou RTS). A inversão da seqüência de fase pode
causar alguns efeitos como a inversão do sentido de rotação de um motor de indução ou a alteração de
níveis de tensão/corrente em certos sistemas trifásicos.

7.2. Cargas Trifásicas Equilibradas


Cargas trifásicas são aquelas ligadas a fontes trifásicas e, tal como estas, são constituídas por 3 fases,
cada qual com uma impedância de fase Zf; quando as 3 fases da carga têm impedância idênticas, ela é
dita equilibrada. Neste curso, a menos que se diga o contrário, todas as cargas trifásicas são
equilibradas; é importante lembrar que as equações que serão mostradas a seguir referem-se somente
a este tipo de carga.
Deve-se lembrar de que as cargas são ligadas a fontes trifásicas, logo as relações vistas na
Seção 5.6.1 continuam válidas. Esta conexão entre carga e fonte fará com que circulem dois tipos de
corrente: a
de fase (If), que percorre cada fase da carga e a de linha (IL), que percorre os condutores que
fazem a conexão da carga è fonte. Assim como as fontes, uma carga trifásica pode ser ligada de 2
maneiras:
a) Em estrela (Y)

No caso de cargas equilibradas, as correntes de linha serão iguais entre si (porém defasadas de
120º umas das outras), o mesmo acontecendo com as correntes de ase. Nesse caso, a corrente no
neutro (IN) será nula, portanto não há necessidade de usar-se o neutro em cargas trifásicas
equilibradas.
Na Figura mostra-se a ligação de uma carga em Y à rede trifásica. A conexão do neutro é
mostrada em linha tracejada para ressaltar que é desnecessária a conexão com o neutro.
Cada fase da carga terá a mesma potência, logo a potência ativa total é:

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Porém considerando-se as Equações pode-se explicitar a potência ativa por meio dos valores
de linha.

Considerando a Equação 4.12, deduz-se que a potência aparente em uma carga trifásica é dada
por:

A potência reativa pode ser calculada através da Equação 4.14.

(a) (b)

Carga trifásica em Y: (a) indicação das correntes de linha, fase e neutro;


(b) conexão à rede trifásica.

b) Em triângulo (Δ)

Pelo mesmo raciocínio desenvolvido para o caso de cargas em Y, conclui-se que as equações
são válidas também para as cargas em Δ. Na Figura é mostrada a conexão de uma carga em Δ a uma
rede trifásica.
(a)
(b)

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Carga trifásica em Δ: (a) indicação das correntes de linha e de fase; (b) conexão à rede trifásica.
7.3 Cargas Trifásicas Desequilibradas
Todos os equipamentos trifásicos são equilibrados; porém a conexão de dispositivo mono e/ou
trifásicos, distribuídos pelas fases de uma fonte trifásica, representa uma carga desequilibrada (Figura
4.11)

Figura 4.11 - Representação esquemática de cargas monofásica e trifásica ligadas a uma linha trifásica,
representando uma carga desequilibrada.
A análise de cargas desequilibradas pode apresentar dificuldades só resolvidas pela aplicação
de métodos mais avançados, fora do objetivo deste curso. Porém é importante ressaltar, mais uma vez,
que as equações anteriormente vistas podem não ser aplicáveis a cargas desequilibradas.

Exercícios

1) Um motor trifásico fechado em triângulo de 220 volts exige da rede uma corrente de 25 A por
fase, com fator de potência de 80%. Calcule a potência fornecida pela rede.

2) Um edifício residencial possui 10 apartamentos, cada um com carga monofásica em 120 volts e
potência de 4000 W somente de ponto de luz. Como seriam dimensionados os cabos do prédio
pelo critério da capacidade de corrente? Considere o FP=1 para lâmpadas incandescentes.

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BIBLIOGRAFIA

INSTALAÇÕES ELÉTRICAS – HÉLIO CREDER. LTC TRADUÇÃO: 15ª EDIÇÃO

ANÁLISES DE CIRCUITO – ROBERT L. BOYLESTAD: 8ª EDIÇÃO.

OS FUNDAMENTOS DA FÍSICA - RAMALHO IVAM NICOLAU TOLEDO 1ª EDIÇÃO.

QUÍMICA GERAL VOLUME 1 – RICARDO FELTRE.

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