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Após a leitura do trecho retirado do livro “Torto Arado” lembrei dos meus primeiros

meses como professora na rede municipal de ensino, quando marquei a data de uma prova e
um aluno quis trocar as respostas da prova por uma vaca de leite. E quando o personagem diz:
meu interesse só fazia crescer, lembrei desse aluno e fiquei me questionando se o que eu
estava ensinando tinha algum significado na vida desse aluno, qual o motivo de ele não querer
estudar para a prova e querer as respostas da prova.
Quando iniciamos nossa profissão de professores, queremos sempre fazer o melhor
pelos nossos alunos, mas esse trecho do livro nos fez refletir muito e nos perguntar se
estávamos fazendo a diferença na vida daquele aluno.
Assistindo o documentário “Escolarizando o mundo” fiquei pensativa em diversos
momentos, tendo que parar o vídeo e refletir diversas vezes, pois algumas situações me
causaram preocupação e me tiraram da zona de conforto, pois enquanto professora me
questionei se estou trilhando o caminho certo com os alunos.
É um documentário que nos causa um “desconforto”, uma necessidade de refletir e
repensar muitas coisas enquanto educadora, enquanto profissional da educação, pois ele nos
apresenta um lado da educação que dificilmente paramos para refletir, o lado “malvado” da
educação, pois segundo o documentário, a educação da forma como é conduzida está criando
uma homogeneização de pensamentos, de culturas, deixando de lado o que cada povo carrega,
como se a educação viesse para criar “robôs” que pensam e agem exatamente igual e com
uma única finalidade.
Uma parte me chamou muito atenção, quando fala que os idosos estão sentindo-se
inferiorizados por causa da educação, então me questionei: nós enquanto professores estamos
ensinando as crianças a valorizar o conhecimento e a sabedoria dos avós e bisavós ou estamos
apenas ensinando e mostrando a tecnologia que surge a cada instante.
Situações como essa são vivenciadas hoje nas famílias brasileiras e não nos damos conta pois
estamos vivendo no “piloto automático”. E com a Pandemia essa situação ficou ainda mais
evidente, até mesmo na escola, pois quando foi preciso fazer a aula chegar até o aluno através
da tecnologia, professores que já atuam a anos no município sentiram-se inferiorizados
dizendo que não sabiam como iriam fazer para “lidar com a tecnologia”.
Minha avó paterna nunca frequentou a escola, e ela sempre nos fala que o sonho dela era ir
para a escola aprender a ler e escrever, mas que seus pais não permitiam pois precisavam dela
para ajudar nos trabalhos da roça. Sempre escutei essa história da minha avó com uma certa
dor no coração. E vendo os depoimentos no documentário fiquei refletindo o quão importante
seria se levássemos até a escola pessoas da família, do convívio dos alunos para ensinarem
outras coisas além daquela lista de objetivos e/ou habilidades que recebemos no início de cada
ano letivo.
Enfim, esse documentário me tirou da zona de conforto e me fez repensar muitas coisas na
minha prática enquanto educadora.

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