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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM PSICOLOGIA

Thamiris Magalhães Iorio

“Quando Duas Mulheres Pecam”: uma perspectiva fenomenológico-existencial para a


questão de gênero em diálogo com Ingmar Bergman

SUBJETIVIDADE E CLÍNICA
Prof. Dra. Cristine Monteiro Mattar

Niterói, RJ
2021
1. INTRODUÇÃO

Elaborar a presente proposta de pesquisa no curso da pandemia não é fácil.


Para além dos desafios de uma rotina inteiramente adaptada ao isolamento social,
há um dado de realidade triste: pessoas adoeceram e faleceram em decorrência do
vírus, e as consequências do contágio são desconhecidas para cada pessoa, até
que ela teste positivo ou apresente os sintomas da doença. Tanto os que amo
quanto eu mesma nos sentimos e estamos em risco, e a possibilidade de futuro
nunca foi tão incerta. Entretanto, venho propor uma pesquisa para durar pelo menos
os próximos dois anos. É porque, ao mesmo tempo em que viver na pandemia é
limitante demais, também torna-se possível a partir dela experimentar possibilidades
novas de estar no mundo que nos permitem, na medida do possível, seguir a vida.
Aos que acreditam que há uma ideologia machista de gênero que estrutura a
nossa sociedade, mas que isso é uma coisa óbvia e simples de ser observada,
caberia uma pergunta: óbvia onde? Haveria neste mundo algum lugar onde o
preconceito de gênero pudesse ser tomado como um problema já superado pela
percepção simplista e grosseira de que ele existe? E que, portanto, qualquer
atenção minuciosa a ele dedicada, tanto nos relacionamentos cotidianos quanto nos
ambientes acadêmicos, seria um esforço vão, infrutífero, e que até mesmo pecaria
por ultrapassar os limites da objetividade?
Sabemos que, ao longo da história, muitos outros problemas foram tratados
com seriedade independentemente do número de informações desagradáveis que
eles trouxeram para o campo do conhecimento. O fato de um assunto gerar
desconforto não impedia por si só que os pesquisadores seguissem com os seus
trabalhos. É o caso de algumas leituras feitas a partir dos textos de Michel Foucault
sobre a sociedade disciplinar, e, em seguida, de Gilles Deleuze sobre a sociedade
de controle. Grosso modo, descobrir que as nossas escolhas não são inteiramente
nossas, mas agenciadas no capitalismo, apenas instigou que muitos de nós
estudassem mais o capitalismo, até como modo de resistência a ele. Não se ouve
dizer nem por isso que as engrenagens do capitalismo são uma coisa óbvia de ser
constatada. Pelo contrário, trata-se até com respeito essa entidade que, não se sabe
exatamente como nem onde, captura com astúcia até seus estudiosos experientes.
Então, por que determinados assuntos, que também constituem o âmbito de
resistência ao sistema, como os problemas de gênero, teriam a sua relevância

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minimizada pelo motivo de serem, supostamente, fáceis demais para a nossa
compreensão? O que há de oculto nesse desconforto que faz com que algumas
pessoas tenham a necessidade de silenciar os debates de gênero, dando o
problema por já resolvido, na melhor das situações, ou tratando-o como superficial,
vitimismo e ressentimento, nas críticas mais empobrecidas?
De acordo com o filósofo francês Michel Foucault (1926-1984) “não é preciso
ser triste para ser militante, ainda que a coisa a que se combata seja abominável”
(Deleuze e Guattari, 1977, p. 5). De fato, é difícil falar sobre problemas de gênero
sem recair numa atmosfera de tristeza, revolta, vingança e pesar. Não exatamente
pelo peso que o tema carrega em si ao revelar a violência estrutural e machista da
nossa sociedade, mas pelas marcas que ele irremediavelmente ressalta na história
de vida de cada um. A fim de se conquistar a jovialidade necessária para abordar o
preconceito de gênero sem sucumbir ao desgosto que dele decorre, é que se aposta
na arte enquanto via privilegiada de aproximação da experiência (Nietzsche, 2003).
Especificamente, na sétima arte, o cinema. O que pode o cinema nos revelar a
respeito do nosso modo de ser-no-mundo? Como a linguagem cinematográfica pode
nos abrir uma possibilidade de falar sobre gênero em tom de leveza, e ainda
sustentar a seriedade que o tema nos exige?
No ano de 1966, o cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007) lança o filme
Persona, ou Quando Duas Mulheres Pecam na tradução para o Brasil. Naquela que
pode ser considerada uma das obras-primas do diretor, duas personagens femininas
versam sobre questões que foram caras em outras épocas e que ainda o são nos
dias de hoje: o papel social da mulher branca, a maternidade, o casamento e o sexo.
Assim, a presente proposta de pesquisa visa a desenvolver um olhar
fenomenológico-existencial para essas questões, utilizando como base conceitual o
pensamento do filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Como o conceito de
ser-aí, de Heidegger, central na sua obra, pode nos servir para uma compreensão
fenomenológica da mulher? Como estabelecer essa compreensão de modo a
libertar o seu ser das amarras patriarcais e, ao mesmo tempo, preservar a dimensão
íntima e misteriosa da sua existência? Pretende-se recorrer a referências femininas
na literatura sempre que oportuno, como a escritora portuguesa Grada Kilomba
(1968-presente), que escreve sobre os efeitos do colonialismo em nossa sociedade,
e a escritora russa Lou Salomé (1861-1937), em razão do respeito com o qual ela
trata dos mistérios da existência e do feminino.

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2. JUSTIFICATIVA

É difícil imaginar um objeto de pesquisa que não seja atravessado pelo olhar
do pesquisador, assim como um pesquisador capaz de purificar o seu olhar para a
pesquisa. No caso de essa assepsia ser possível, caberia perguntar se a pesquisa
ainda serviria a alguém (Despret, 2009). Assim, sou autorizada a afirmar que a
questão de gênero é algo que me diz respeito e que é precisamente a partir deste
lugar que falo. Nos termos objetivos, essa relação começou antes de eu nascer,
quando detectaram uma menina na primeira ultrassonografia pré-natal de minha
mãe. Desde então, a educação social que recebo é adaptada ao que se acredita ser
próprio do feminino, como deve ser. Nos termos subjetivos, minhas amigas e eu
tínhamos cerca de doze anos quando percebemos que nosso corpo era sexualizado
no caminho para a escola, por homens que tinham idade para ser nossos pais.
Apesar de sofrida, essa experiência de constrangimento foi sendo contornada
conforme nos informávamos sobre a história do patriarcado no nosso país e seus
modos de incidência na atualidade. Para o bem ou para o mal, fomos entendendo
que a questão de gênero nos diz respeito desde sempre, assim como a muitas
outras mulheres que encontram no empoderamento através da informação uma
medida de resistência.
No ano de 2019, tive a honra de me ver formada em psicologia pela
Universidade Federal Fluminense (UFF) após cinco anos de dedicação à faculdade.
A formação que escolhi ter aconteceu nas salas de aula com mestres incríveis, mas
também com meus pares nas praças e bares. Felizmente, quase sempre os espaços
da universidade se abriram para que se pudesse falar sobre a importância da luta da
mulher pela igualdade de direitos, e como isso representa uma evolução social que
beneficia também os homens. Sob orientação do professor Roberto Novaes, abordei
na monografia as possibilidades para a questão de gênero na clínica
fenomenológico-existencial, assim como os limites necessários para a discussão
não recair numa militância identitária. De fato, tanto o estágio realizado no Serviço
de Psicologia Aplicada (SPA), quanto a prática clínica, me permitem ver que o
sofrimento trazido à psicoterapia é, em muitas das vezes, produto das relações de
poder estabelecidas no patriarcado. Homens que sofrem por não se identificarem
com o chamado padrão alfa de masculinidade, assim como mulheres tristes por não
estabelecerem uma relação afetiva tal como lhes é esperado pela sociedade, são

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situações recorrentes e que indicam o adoecimento gerado pelo preconceito de
gênero.
Em 2014, um ano antes de ingressar em psicologia na UFF, me formei na
Faculdade de Comunicação Social, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ). Embora tivesse vinte anos e pouca maturidade, foi uma experiência rica que
me possibilitou afinar o olhar para a arte na sua dimensão política e de pensamento.
Fui orientada pela professora Patrícia Rebello a estudar a história do cinema, desde
os rolos de filmes mudos até a era digital. Devo a esse encontro a possibilidade de
conhecer diretores que nunca ouvira falar até então, como o Bergman. Segundo os
ensinamentos de Patrícia, que na presente ocasião valem ser lembrados, a magia
do cinema acontece quando a técnica cinematográfica oferece ao espectador a
possibilidade de imaginação. Assim, o que a presente proposta de pesquisa busca é
ampliar o olhar para a questão de gênero, respeitando também o aberto daqueles
momentos em que não houver respostas.

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Investigar como a questão de gênero pode ser analisada através da perspectiva


fenomenológico-existencial.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar uma análise do filme Quando Duas Mulheres Pecam, de Ingmar Bergman;
Utilizar como base conceitual de análise a ideia de ser-aí, de Martin Heidegger;
Propor uma discussão acerca da questão de gênero.

4. REFERENCIAL TEÓRICO

Durante as décadas de 1960 e 1970 no Brasil, houve um crescimento


considerável dos estudos acerca da questão de gênero nas universidades. Temas
como gênero e trabalho, violência de gênero, ou simplesmente a questão de gênero,

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figuraram nas pesquisas acadêmicas brasileiras dessa época, principalmente na
área das ciências humanas. Nos primeiros anos, utilizava-se o termo mulher no título
dos trabalhos. Com o tempo, ele passou a ser substituído pelo termo gênero, que,
atualmente, é objeto de diversas pesquisas em andamento, inclusive no campo da
psicologia. Para além das especificidades dos assuntos abordados em cada texto,
essa foi sobretudo uma estratégia terminológica para aproximar os homens da
discussão e evitar o preconceito academicista e a subsequente desqualificação do
tema. Ainda que de forma geral, pode-se considerar que aquilo que esses estudos
apontam, em consonância com pesquisas desenvolvidas nos Estados Unidos e na
Europa, é que a diferença binária entre os sexos é uma invenção, artificialmente
naturalizada na sociedade mas historicamente datada do final do século XVIII
(Laqueur, 2001).
Ou seja, ao contrário do que se acredita no senso comum, os papéis sociais
do homem e da mulher, que fundamentam a nossa existência coletiva em
sociedade, não nos indicam uma essência necessária e positiva do modo de ser do
homem ou da mulher. Assim como tantas outras formas de categorização, elas
podem ser entendidas como constituídas na cultura e na história de acordo com a
identificação de gênero que o indivíduo recebe pelas instituições e pela família
desde seu nascimento, e que decide por manter, ou não, ao longo da vida. Pode ser
o feminino ou o masculino na lógica binária e tradicional, ou, se adotarmos uma
categorização mais ampla, gênero neutro, não-binário, homem-trans, mulher-trans,
travesti, gênero fluído, gênero fronteiriço e tantas outras identidades que já
ultrapassam o número de 30, de acordo com decisão oficial da Comissão dos
Direitos Humanos de Nova York em 2016.
Não nos parece pertinente, pelo menos neste primeiro momento, comentar
mais detalhadamente a irreversibilidade de um processo transsexualizador, seja ele
o tratamento hormonal ou até mesmo a cirurgia de mudança de sexo. Entendemos
que essa preocupação, ainda que legítima, se encontra atrelada a uma perspectiva
naturalista da classificação dos gêneros, a qual buscamos, inicialmente, questionar.
Não negamos com isso a importância de uma decisão que seja ela o mais autêntica
possível das possibilidades existenciais, seja qual for. Nesse sentido, Trzan (2019)
contribui para a desconstrução do olhar metafísico para as categorias de gênero ao
elaborar uma aproximação do pensamento heideggeriano ao conceito de
performatividade de gênero, de Judith Butler.

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Radicalizar a binaridade dos gêneros, ainda que brevemente, não tem a ver
com uma intenção ingênua de cancelamento da categoria mulher. Sabemos que a
facticidade constitui um limite intransponível: embora eu possa não me ver como
mulher, é como mulher que sou identificada no mundo: nos banheiros públicos a
mim destinados, no uso do pronome feminino em referência à minha pessoa, nos
esportes que decido praticar, etc. Ao tensionar as categorias de gênero, nossa
intenção é afirmar a mulher a partir de um lugar diferenciado, que é o lugar de
indeterminação da essência de seu ser (Heidegger, 2003). Para Heidegger, o ser da
mulher é abertura. Ao tentar representar a verdade sobre a mulher, a tradição
metafísica se esquece da pergunta pela questão do ser, que, de acordo com
Heidegger, é a mais essencial. Qual é o sentido em jogo para que essa mulher seja
assim? Sendo abertura de sentido, o ser da mulher não possui qualquer identidade
verdadeira em si mesma que ofereça contorno definitivo à existência. Nas palavras
de Salomé,

No mais profundo de si mesmo o nosso ser rebela-se em absoluto contra


todos os limites. Os limites físicos são-nos tão insuportáveis quanto os
limites do que é psiquicamente possível: não fazem verdadeiramente parte
de nós. Circunscrevem-nos mais estreitamente do que desejaríamos.

Embora Heidegger não utilize a designação de gênero em sua obra, pode-se


afirmar, em acordo com seus escritos, que é próprio do modo de ser da mulher
sempre resguardar a possibilidade de corresponder ou de romper com as
identificações que circunscrevem sua existência. Devido a sua essência ser abertura
de sentido, essas identificações são sempre provisórias. Elas dizem do grau de
liberdade ou de aprisionamento da lida da mulher com as coisas. Embora, na maior
parte das vezes, outras possibilidades de identificação estejam encobertas em nome
de uma identificação mais restritiva, nós sabemos que elas existem. O desafio é
relembrar. Ou, como nos diz Heidegger, retomar a questão pelo sentido do ser. Uma
mulher que nunca tenha se identificado com o desejo pela maternidade, por
exemplo, pode se transformar e se abrir para essa possibilidade, em alguma
circunstância da vida. É o grau de aprisionamento ou de liberdade com que ela
corresponde a essa possibilidade que nos reafirma que a questão do sentido é
essencial para o seu modo de ser.
Foi uma noite numa festa, não é mesmo? Estava tarde e barulhento. Pela
manhã alguém no grupo disse:“Elisabet, aparentemente você tem tudo para
uma mulher e artista. Mas falta em você amor de mãe.” Você deixou seu
marido te engravidar. Você queria ser uma mãe. Quando você percebeu que

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era definitivo, você ficou com medo. Medo da dor, da morte, medo do seu
corpo murchar. Mas você interpretou o papel. O papel de uma feliz, jovem,
ansiosa mãe. Todo mundo disse, “Ela não é linda? Ela nunca esteve tão
linda.“ Enquanto isso, você tentou abortar o feto várias vezes. Mas você
falhou. Quando você viu que era irreversível, você começou a odiar o bebê.
Você torceu para uma má formação. Você queria que o bebê estivesse
morto. Finalmente o bebê saiu por cesária. Você olhou com nojo e terror ao
seu bebê gritando e sussurrou: “Você não pode morrer logo? Não consegue
morrer?” Mas ele sobreviveu. Você sabe que não pode devolvê-lo. Então
você tenta, e tenta… Mas apenas encontros desastrosos e cruéis entre
vocês dois. (Bergman, 1966)

Na maior parte das vezes, orientamos a nossa lida com as coisas a partir das
significações sedimentadas no horizonte histórico do nosso tempo. Agimos como se
deve agir, pensamos como se deve pensar e, dessa forma, delegamos ao impessoal
a responsabilidade pela nossa existência. Conforme Mattar (2016) nos diz, o
processo histórico de socialização da mulher faz com que o ideal de muitas
mulheres seja casar, ter filhos e fundar uma família nuclear. Ainda que o trabalho
assuma, cada vez mais, um papel importante no movimento da mulher de saída da
vida privada e entrada na vida pública, o que permanece no imaginário social é a
ideia de que a mulher pode e deve ser a heroína que dará conta de tudo: da casa,
do marido, dos filhos, de si mesma e do trabalho.
Vou me casar com Karl-Henrik e nós teremos algumas crianças pra criar.
Tudo está decidido, está dentro de mim. Não há nada a se questionar. É um
enorme sentimento de segurança. Então eu tenho um trabalho que gosto e
estou feliz com ele. Isso é bom também, mas de outro jeito. Mas é bom…
Bom. É bom. O que será que tem de errado com ela? Elisabet Vogler…
(Bergman, 1966)

Dessa forma, na impessoalidade cotidiana vivemos absorvidos nas orientações de


mundo, de tal modo que elas substituem nosso ter de ser. Para a mulher, o
casamento e a família nuclear constituem a orientação ideal a ser seguida. Mattar
nos chama atenção, entretanto, para a distância que em muitos casos existe entre o
ideal do sonho e aquilo que se dá realidade. No sonho, o marido é imaginado como
amoroso, dedicado e fiel ao relacionamento.
No entanto, no decorrer da convivência, começa-se a viver o que é descrito
como um “susto”, ou seja, a realidade do outro passa a deixar marcas,
criando fraturas na imagem idealizada do parceiro. Nesse sentido, muitas
vezes, o companheiro é vivenciado como um estranho. No entanto, essa
imagem começa a compor um campo contraditório, onde surge uma dupla
representação: de um lado, há um sujeito violento e, de outro, um parceiro
amoroso. (Mattar, 2016, p. 148)

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É sabido que a maior parte da violência de gênero é perpetuada pelos maridos,
companheiros e namorados da mulher. Esse grave problema já deixou de pertencer
ao âmbito privado para ser tratado como uma questão de saúde pública. Ele diz
respeito à sociedade e às instituições que a constituem. Entretanto, ao conceber a
mulher como vítima social do marido e do patriarcado, é importante que não se
esqueça que somente a mulher pode ser responsável pela sua existência, e pela
potência de alterar os rumos de sua história. (Mattar, 2016) De outro modo, a
liberdade não seria possível.

5. METODOLOGIA

Para obter os resultados acerca da problematização apresentada na presente


proposta de pesquisa, será feita a análise fílmica sobre um filme do gênero drama,
Persona. Foi escolhida uma obra fílmica que, ao nosso ver, aborda questões
importantes e que podem contribuir para a discussão sobre os problemas de gênero.
O estudo deste trabalho terá como fundamento a revisão bibliográfica de ideias e
pressupostos teóricos que apresentam significativa importância para a discussão de
gênero, tais como a noção de ser-aí em Martin Heidegger, assim como trechos
literários de mulheres que pensam e escrevem sobre a questão do patriarcado e do
feminino, a saber, Lou Salomé e Grada Kilomba.
Desse modo, o trabalho será desenvolvido a partir do método
conceitual-analítico, uma vez que utilizaremos conceitos e ideias de autores
alinhados com os nossos objetivos, para a construção de uma reflexão sobre a
questão de gênero através da perspectiva fenomenológico-existencial.
O método de pesquisa escolhido nos permite uma liberdade na análise de se
movimentar por caminhos diversos do conhecimento, não tendo obrigatoriedade de
chegar a uma conclusão única e universal a respeito da questão de gênero
Entendemos que as referências sobre o cinema não apresentam uma
verdade universal sobre qualquer coisa, já que as possibilidades de análise são
inúmeras quando se trata da expressão sociocultural de uma sociedade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASTOR, D. Lou Andreas-Salomé. Porto Alegre: L&PM, 2015.

Deleuze, G. & Guattari, F. Anti-Oedipus: Capitalism and Schizophrenia, New York,


Viking Press, 1977

Despret, V. (2011). Os dispositivos experimentais. Fractal: Revista De Psicologia,


23(1), 43-58. Recuperado de https://periodicos.uff.br/fractal/article/view/4814

HEIDEGGER, M. Ser e Tempo. Tradução de Maria Sá Cavalcante Schuback.


Petrópolis: Vozes. 4 ed, 2009.

MATTAR, C. Mulher, intimismo e violência conjugal: Tecendo Redes e Histórias Rio


de Janeiro: Prismas, 2016.

NIETZSCHE, F. A Vontade de Poder. Trad. Marcos Sinésio Pereira Fernandes e


Francisco José Dias de Moraes. Rio de Janeiro: Contraponto, 2008

TRZAN, A. Reflexões acerca da noção de Identidade de gênero: performatividade,


ser-aí e subversões. Rio de Janeiro: Edições IFEN, 2019.

Referências Fílmicas

Quando Duas Mulheres Pecam, Ingmar Bergman. Film Teknik: 1966. DVDRip (119
min.)

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