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O trabalho assenta no tema: resumo e síntese de textos longos e complexos: caso dos
alunos da 8ª Classe da Escola Secundária de Mariri, 2018-2020. A pesquisa centra-se
no ensino da escrita.
Problematização
A produção de resumo ou síntese com base nos textos-fonte, tem sido autênticas cópias
dos textos originais, não se verifica a condensação da informação como regem as regras
da produção destes textos. Os alunos mantem as informação acessórias, desnecessárias
para o resumo ou síntese. Para reduzir a extensão do texto, optam por retirar algumas
partes do texto, podendo ser essenciais ou não. Perante esta situação, coloca-se a
seguinte questão:
Relevância do estudo
A escolha deste tema deve-se essencialmente as preocupações que este problema suscita
no ambiente escolar e na sociedade. Na época em referência, tomou-se consciência de
que existe uma necessidade de estudos desta temática.
Como profissional da educação, o aprofundamento deste tema, deve-se ao facto de
constituir um dos problemas que mais afligem o sector da educação e que leva a outros
problemas extremos da integração social.
5. Objectivos da pesquisa
Objectivo geral
Específicos
Identificar os motivos que fazem com que haja dificuldades de produzir resumo
e síntese;
Explicar o processo de produção de resumo e síntese com base em textos-base;
Propor estratégias para a produção de resumo e síntese em textos longos e
complexos.
Conceito de resumo
Classificação de resumo
Além dessa definição, a presente Norma classifica o resumo em três tipos, a saber:
crítico (também chamado de resenha por ela), indicativo e informativo.
O resumo crítico
O resumo indicativo
O resumo indicativo é aquele texto que apresenta a descrição das partes mais relevantes
encontradas em um dado documento e, por esse motivo, não dispensa, de modo geral, a
consulta ao texto original. Além disso, neste tipo de resumo não há presente
julgamentos avaliativos (existentes na redacção de um resumo crítico), bem como dados
que expressem aspectos quantitativos, tais como exemplos, ilustrações dentre outros.
Nesse sentido, o resumo indicativo é visto como o tipo de texto para fins de instrumento
de avaliação e/ou ensino por parte do professor de determinada disciplina, ou de leitura
e de estratégia de estudo, por parte de ambos, professor e aluno. Em outras palavras,
esse resumo opera como uma actividade de avaliação de leitura através da qual, o aluno
se comprometerá a apresentar as ideias mais relevantes de um texto original, ajustados
aos objectivos de leitura traçados pelo professor (Silva, 2012).
Ainda sobre o resumo indicativo, a NBR 6028/2003 estabelece que para a sua redacção
não se devem apresentar dados qualitativos e quantitativos, o que, a nosso ver, está em
consonância com o que Machado (2010) esclarece a respeito do discurso teórico
empregado em um resumo, isto é, relacionado ao distanciamento do objecto, a não
implicação do produtor ao que é apresentando, a impessoalização do texto; uma vez
que, ainda segundo a pesquisadora (2010), ao texto resumido, não se permite
acrescentar nenhuma informação, além daquela do texto original, bem como nenhuma
avaliação explícita.
O resumo informativo
Ainda assim, refira-se que é possível encontrar, nos manuais de 12ª classe, informação
relativa à síntese e ao resumo, numa perspectiva de revisão de conteúdos; nos casos em
que isso acontece, tende-se a repetir ou a parafrasear a informação apresentada nos
manuais de 11ª classe.
Esse conceito é bastante recorrente no ensino da escrita, embora seja tratado de forma
ampla na Psicologia da Aprendizagem, tendo em vista que na Linguística Aplicada as
estratégias de aprendizagem podem ser adaptadas às condições de ensino e de
aprendizagem da língua materna e de sua modalidade escrita, o que compreendem as
acções e o modo como os alunos seleccionam e activam essas estratégias (Rodrigues,
2012).
Para a autora, uma maneira de auxiliar na compreensão global é por ter conhecimento
sobre o autor do documento, sobre a sua posição ideológica, sobre o seu posicionamento
teórico etc, (Machado, 2010).
Para identificar as ideias mais relevantes, ainda de acordo com esta autora, deve-se
verificar a questão discutida, a tese presente no texto, os argumentos, bem como a
conclusão, a fim de evitar apropriar-se das ideias do autor do texto original. Em outra
obra, Machado, Lousada e Abreu-Tardelli (2004) lançam mão, como estratégia, do uso
de referências ao autor de maneiras diferentes, isto é, através do nome completo, do
sobrenome, da profissão ou ainda, pela expressão o autor; porém, consoante às autoras,
assegurando a coesão entre os parágrafos.
Conceito de Síntese
Brassart (1993) define síntese como um exercício complexo que visa o desenvolvimento
e a avaliação de competências de leitura e escrita e de capacidades de análise e de
síntese, associando-a ao contexto comunicativo particular da candidatura a um emprego:
durante um tempo limitado o estudante-candidato tem de ler um corpus de documentos,
apropriando-se da informação mais relevante de cada documento (em função de uma
problemática ou de um tema a identificar pelo próprio, isto é, não dado de antemão), e
de reorganizar essa informação num novo texto, simultaneamente “fiel” e “original”. É,
portanto, um género de texto associado à construção de conhecimento disciplinar.
Para caracterizar a síntese, Brassart (1993) confronta os traços específicos deste género
com os traços específicos de um outro género recorrente no ensino do francês – o
resumo.
Este ponto de vista encontra paralelo com as perspectivas assumidas por autores como
Segev-Miller (2004) e Mateos e Solé (2009), ao considerarem que a produção de uma
síntese (a partir de vários textos) é um processo mais complexo do que a produção de
um resumo: se, no resumo, é possível manter a estrutura do texto original, na síntese (a
partir de vários textos) torna-se necessário conceber uma nova estrutura, o que obriga a
uma transformação mais profunda e ampla da informação de partida. Um
posicionamento teórico-metodológico semelhante é assumido por Leila Rodrigues
(2018):
Face ao exposto, impõem-se duas questões que aspectos devem ser tidos em conta para
fazer uma transposição didáctica eficaz da síntese, na disciplina de Português? Que
acções estratégicas podem ser activadas no ensino secundário para que,
simultaneamente, os alunos se apropriem do género síntese, encarando-o não apenas
como um conteúdo declarativo da disciplina de Português, mas também como uma
forma de comunicação e uma competência a dominar no âmbito de outras disciplinas?
Coutinho (s/d), destaca que em contexto escolar, o resumo tende a ser apresentado de
forma rígida: resumir corresponde a manter a fidelidade do conteúdo, condensando-o; a
condensação pressupõe a distinção entre informação essencial e informação acessória e
contém-se, em princípio, numa proporção recomendada (geralmente, entende-se que o
resumo deve corresponder a um terço do texto-origem); assume-se que não deve haver
marcação da instância enunciativa (que se demarque ou distancie da do texto-origem).
(p. 100).
CAPÍTULO II: ASPECTOS METODOLÓGICOS
Para Gil (2002), “os procedimentos Metodológicos da pesquisa devem ser entendidos
como conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem
executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos
inicialmente propostos” (p. 26).
Neste trabalho, usou-se Pesquisa Qualitativa, que é a relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objectivo e a
subjectividade do sujeito que não pode ser traduzida em números.
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte directa de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento [...]. A pesquisa qualitativa supõe o
contacto do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, via de
regra através do trabalho intensivo de campo, (Ludke & André, 1986, p. 11).
Neste caso em estudo, a escolha deste tipo de pesquisa deve-se ao facto de querer
explicar os motivos que contribuem para a ocorrência do fenómeno produção de resumo
e síntese de textos longos e complexos.
Quanto aos procedimentos a Pesquisa é estudo de caso
Participantes do estudo
Universo
Neste estudo realizado na Escola Secundária de Mariri, constitui o universo 106 (cento e
seis) participantes dentre professores que leccionam a Língua Portuguesa e alunos da 8ª
classe de quatro turmas, 8ª 1, 8ª 2, 8ª 3 e a 8ª 4.
Amostra
Dos 106 elementos, o estudo escolheu trabalhar com 12 alunos da 8ª classe, de forma
aleatória, em 4 turmas, sendo que cada turma, foram escolhidos 3 alunos posteriormente
entregue um questionário (vide apêndice 2) para resolver o problema proposto no
questionário.
Neste capítulo faz-se a apresentação e análise dos dados recolhidos através da entrevista
dirigida aos professores que leccionam a disciplina de Língua Portuguesa no sentido
aferir a percepção dos professores relativamente ao problema que pauta neste presente
estudo.
Igualmente, este capítulo centra-se a apresentação e análise dos dados colhidos dos
questionários dirigidos aos alunos da 8ª classe com vista a apurar a veracidade ou
falsidade do problema ora levantado pelo proponente e conhecer as razões que levam a
que o problema apresentado ocorra.
P2: “Tenho pouco tempo leccionando esta classe, porque sou novo na área da
educação.”
P2: “Não, eu prefiro não orientar a fazerem resumos ou sínteses. Estes alunos são
preguiçosos”.
3. Se, sim, qual tem sido a qualidade desses textos produzidos (resumo e síntese)
por esses alunos?
P1: “Quando os alunos fazem os resumos e sínteses, a qualidade destes textos não tem
sido das melhores. Eles não sabem fazer resumos nem sínteses, eles quase copiam toda
a informação do texto-fonte”.
P2: Em relação a esta questão, o entrevistador não lhe colocou visto que na questão 2 a
resposta foi negativa, de tal maneira que, não houve a necessidade de o fazer a ele.
4. Gostaria que estudo de resumo e síntese fosse tratado na 8ª classe? Se sim, por
que?
Dado que o conteúdo de resumo e síntese não consta dos conteúdos programáticos desta
classe, colocou-se esta questão aos entrevistados com objectivo aferir opiniões dos
entrevistados, se este conteúdo pode ser abordado nesta classe ou não. Contudo, os
entrevistados foram unânimes em afirmar que gostariam este conteúdo fosse abordado
na 8ª classe, conforme pode-se ler os depoimentos abaixo:
P1: “Sim, gostaria que este conteúdo fosse tratado nesta classe, por que a partir da 8ª
classe os alunos são dotados de competência de leitura e escrita, obviamente são
capazes de produzir estes textos”.
P2: “Exactamente, seria boa ideia as autoridades competentes pensassem em integrar
este conteúdo na disciplina de português, 8ª classe, porque fazer uma síntese dum texto
seja ele longo ou curto ajuda o aluno a ter hábito de leitura”.
Por último tem-se a questão 5. Com esta pergunta pretende-se tirar ilações a respeito da
percepção dos professores em relação aos motivos que estão por detrás das dificuldades
que os alunos apresentam aquando da produção de resumos ou sínteses de textos longos
ou complexos.
P1: “Eu acho que, por um lado, é falta de domínio da leitura, por outro, estas
dificuldades podem ter como origem a preguiça da redacção dos textos, mas também
esses alunos não sabem como se produz um resumo e síntese, porque nunca
estudaram”.
O objectivo deste questionário é orientar aos alunos a produzir resumos e sínteses (vide
anexos 1 e 2). Contudo, o estudo vai apresentar e analisar os resultados tendo como
foco, a qualidade dos mesmos. A qualidade dos textos tem a ver com as regras da
redacção de síntese e resumo.
O outro item que mereceu análise foi a inclusão das palavras secundárias no resumo. No
que toca a este aspecto, todos os alunos correspondente a 100%, incluíram no resumo as
palavras secundárias.
1
Resumo encontra-se nas páginas de anexos.
SAL1 X X X
SAL2 X X X
SAL3 X X
SAL4 X X
SAL5 X X X
Fonte: autor do trabalho, 2022
O quadro acima apresenta os dados das sínteses produzidas pelos alunos, porém estes
dados demonstram algumas dificuldades que os alunos apresentam na elaboração de
sínteses. As dificuldades prendem-se com o uso da 1ª pessoa, constante do texto-fonte,
inclusão de palavras secundárias, cópia integral do texto-fonte, ou seja, não há
condensação da informação contida no texto-original.
O estudo abordou também um aspecto que tem a ver com a cópia integral do texto-
fonte, neste aspecto, os dados que correspondem a 60% indicam que a maioria dos
alunos fez a cópia total da informação constante do texto-fonte. Os 40% omitiram, mas
não se fez a selecção das ideias principais do texto.
É a partir dos resultados obtidos que vai estabelecer as correlações entre as informações
dos participantes da pesquisa e as teorias que abordam a produção de resumo e síntese.
Como os resultados indicam que os alunos ao resumir ou sintetizar um texto-fonte
copiam todas as informações, tanto ideias essenciais como as secundarias como refere
um dos entrevistados:
“Quando os alunos fazem os resumos e sínteses, a qualidade destes textos não tem sido
das melhores. Eles não sabem fazer resumos nem sínteses, eles quase copiam toda a
informação do texto-fonte (P1)”.
O conteúdo de resumo é leccionado a partir da 11ª classe (cf. o programa da 11ª classe,
Português, INDE/MINED-Moçambique). Portanto, o nível básico do ensino secundário
(da 8ª a 10ª classes) não dispõe deste conteúdo, razão pela os entrevistado gostaria que o
conteúdo fosse leccionado na 8ª classe:
“Sim, gostaria que este conteúdo fosse tratado nesta classe, por que a partir da 8ª
classe os alunos são dotados de competência de leitura e escrita, obviamente são
capazes de produzir estes textos” (P1).
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Guião de entrevista dirigido aos professores
1ª Categoria:
A. Identificação do entrevistado.
A.1. Nome do
entrevistado:______________________________________________
A.2. Disciplina que
lecciona:_____________________________________________
2ª Categoria:
2. Tem orientado aos seus alunos a resumir ou sintetizar um texto longo e complexo?
3. Se, sim, qual tem sido a qualidade desses textos produzidos (resumo e síntese) por
esses alunos?
4. Gostaria que estudo de resumo e síntese fosse tratado na 8ª classe? Se sim, por quê?