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TRABALHO DE AURICULOTERAPIA

Rosana Grinberg
Trabalho de Avaliação do
Curso de Clínica II
Turma FA-271
INTRODUÇÃO

Na prática da Medicina Tradicional Chinesa, encontramos técnicas variadas de


métodos terapêuticos, que podemos classificar como métodos de Medicina externa ou
interna.
Como exemplo de Medicina interna, podemos citar a Dietoterapia e a Fitoterapia. E na
prática da Medicina externa incluem-se todos os métodos da MTC que, a partir da
superfície do corpo, consegue-se obter uma resposta interna no organismo humano.
Dentre as práticas internas, a Acupuntura e os diferentes Microssistemas, nos
oferecem um vasto campo de conhecimento de aplicações terapêuticas e preventivas.
Dentre os Microssistemas o mais popular, pelos resultados que apresenta e por ser o
menos invasivo, é a Auriculoterapia.
A Auriculoterapia se refere ao diagnóstico e tratamento das enfermidades através da
orelha. Sua História e origem remontam da China antiga.
Existem diversos tratados escritos sobre os Canais Yin e Yang do Corpo e sua relação
com o Pavilhão Auricular desde a época de HUANG TI NEI JING (Imperador Amarelo
2697 a.C. a 2597 a.C)
Várias referências bibliográficas antigas relacionam a orelha com o restante da
fisiologia e os órgãos do corpo, como o Ling Shu, o Yang Shi Ying, o Liu Wan Si e o Liu
Bao, que ao longo dos diferentes períodos da História, foram acrescentando e
desenvolvendo essa prática.
Os antigos já diziam que o Interno se reflete através da forma Externa, daí a relação
entre o estado dos Órgãos internos e o estado da superfície do corpo.
Uma passagem de um livro antigo do período HAN em um texto diz: “Os membros, os
olhos, a face e a garganta, todos se reúnem, através dos Canais e Vasos, na Orelha”.
Ling Shi em um capítulo de seu livro refere: “Os Canais tendino-Musculares do Yang
Ming do pé, o Tai yang da mão e o Shao Yang da mão, tem estreita relação com o
Pavilhão da Orelha”.
Yang Shi Yang (420-479D.C) escreveu: “Os doze Canais acima, se reúnem na orelha, é
aqui uma das zonas principais, onde o Yang e o Yins se inter-relacionam.
Cun Si Miao, na Dinastia Tang, escreve: “Se a orelha é grande ou pequena, está alta ou
baixa, é espessa ou fina, alargada ou mais redonda, tudo isso manifesta o estado do
Rim”.
O Pavilhão Auricular, segundo esses escritos antigos, já se constituía na época, como
método diagnóstico pela observação de seu tamanho, textura, coloração e forma, o
que determinava o estado dos Zang-Fu. Através das mudanças observadas na orelha,
podia-se determinar o estado do Sangue e da Energia e as variações patológicas dos
Órgãos internos.
Em 1888 (Dinastia Qin), os médicos irmãos, Zhang Zhen Qin e Zhan Ti Shang,
escreveram e localizaram, pela primeira vez, os cinco Órgãos do corpo, na parte
posterior da orelha e também recompilaram as informações e o conhecimento
contidos nos textos antigos, num livro intitulado: “Tratado do Diagnóstico Através da
Observação”, que estabelecia orientações para a pratica diagnóstica segundo os
fundamentos da MTC.
Para o tratamento das enfermidades, também encontramos referências em textos
antigos.
No Nin Jing, por exemplo, encontramos o Ling Shu no capítulo As Energias Perversas,
que explica: “Quando a energia perversa se encontra no Fígado e há dor em ambas as
regiões intercostais, se trata punturando o Vaso esverdeado da orelha”. Ou seja, a
orelha como microssistema onde todos os meridianos do corpo se encontram, está
relacionada com a fisiologia tanto funcional quanto energética do corpo como um
todo, com os canais e com os órgãos e, de forma sintomática e reflexa, vai apresentar
sinais e sintomas observáveis em sua forma, textura, sensibilidade, cor e tamanho, que
em estados patológicos vão se manifestar. Identificada a desarmonia, pela puntura dos
pontos correspondentes, se estabelece então a atividade funcional do corpo.
Vemos ao longo da literatura médica chinesa, vários outros relatos que descrevem
métodos de tratamento e estímulo da orelha para tratamento de afecções diversas de
todas as parte do corpo das mais variadas como: cefaleias, odontalgias, icterícia,
afecções visuais e auditivas, dores generalizadas e etc. Esses métodos esses incluíam
tratamento através da punção com agulhas, sangria, moxabustão, raspagem com
bambu, cauterizações, massagem e outros que são utilizados até os dias de hoje.
Mas não é só na literatura chinesa que se encontram referências sobre o tratamento
de enfermidades pela orelha. Hipócrates, considerado o pai da medicina ocidental,
detalhou a analgesia para nevralgias odontológicas, faciais e ciáticas.
Na Grécia antiga era comum se fazer pequenos cortes na parte posterior da orelha
para curar impotência sexual e esterilidade masculina e no Egito e na Turquia picava-se
a orelha para se evitar gravidez. Era comum também punturar o hélix da orelha para
tratar parotidite ou beliscar o lóbulo da orelha para tratar resfriado ou sangrar o dorso
da orelha para tratar eczemas.
O conhecimento popular disseminava essas práticas que muitas vezes eram utilizadas
sem orientação ou fundamentação teórica.
Foi só na década de 50 que a Auriculoterapia ganhou terreno devendo seu nome à
Paul Nogier, médico francês, que assim a denominou. No ano de 1956, Nogier,
resolveu investigar sistematicamente o efeito da cauterização de um ponto na orelha
no tratamento da dor ciática, prática que começou a se popularizar na França e que
obtinha resultados muito positivos, mas que era feita por não médicos e até por
curandeiros. Em suas pesquisas ele foi descobrindo pontos na orelha que se
relacionavam com determinadas áreas do corpo e órgãos internos e comparou a
orelha à um feto no útero, em posição invertida, correspondendo o lóbulo à cabeça; a
concha (de baixo para cima) à zona glandular ou endócrina, tórax e abdome; o bordo
superior da antélice (eminência do pavilhão da orelha) à coluna vertebral; a parte
superior do pavilhão aos membros superiores (em cima e atrás) e inferiores (em cima e
na frente).
IMAGEM:

A partir daí os estudos, tanto na China como na França, se aprofundaram e ganharam


impulso, seguindo caminhos paralelos mas distintos, diferenciando dessa forma as
duas escolas de aurÍculo que vigoram até os dias de hoje, com abordagens distintas de
diagnóstico e tratamento.
Para a linha francesa, existem pontos fisiológicos e patológicos e o sistema nervoso
que sustenta a auriculoterapia, que seria um sistema flutuante, onde os pontos não
são fixos e só se refletem na orelha quando existe um distúrbio correspondente. Já na
aurículo chinesa, é levada em conta a influência dos meridianos que passam próximos
à orelha e o tratamento consiste na tonificação e a sedação dos pontos, como na
acupuntura sistêmica, mas dificilmente se fala em “pontos mudando de lugar”.
Veremos então os termos Acupuntura Auricular e Auriculopuntura  vinculados à
prática na China, enquanto que o termo Auriculoterapia vai estar mais intimamente
relacionado aos estudos franceses.
Portanto, alguns pontos descritos em determinada cartografia (mapa auricular) podem
não constar em outra ou serem descritos em locais diferentes, embora, de uma forma
geral, a correspondência com as áreas do corpo humano siga uma mesma distribuição.
O PAVILHÃO AURICULAR

O pavilhão auricular é uma estrutura tipo uma lâmina dobrada sobre si mesma em
diversos sentidos, que se localiza atrás da articulação temporomandibular e da região
parotídea, que se une, em ambos os lados da cabeça, pela parte média de seu terço
anterior.
A superfície da orelha contém acidentes identificáveis e fáceis de localizar. O pavilhão
auricular é observado nas suas duas faces:

 Face externa ou anterior: face visível, quase paralela à parte do crânio sobre a
qual está inserida. Nesta face podemos reconhecer as seguintes
estruturas: Hélice, Raiz da Hélice, Tubérculo Auricular (ou tubérculo de Darwin),
Anti-Hélice, raiz superior da Anti-Hélice, raiz inferior da Anti-Hélice, Fossa
Triangular, Fossa Escafóide, Trago, Anti-trago, Incisura Intertrágica , Incisura
Supratrágica Lóbulo, Concha Cimba (ou hemiconcha superior) e Concha Cava
(ou hemiconcha inferior).

 Face interna ou posterior. Face escondida, de frente para a região mastóide,


também apelidada de parte rectro-auricular do pavilhão. É constituída por três
faces dorsais – Face Dorsal do Hélice, Face Dorsal do entre a região do Lóbulo e
região da Fossa Escafóide e Face Dorsal do Lóbulo; quatro sulcos – Sulco
Posterior do Anti-Hélice, Sulco Posterior da Cruz inferior da Anti-Hélice, Sulco
Posterior da Raiz da Hélice e Sulco Posterior do Anti-trago; quatro
proeminências - Eminência Posterior da Fossa Escafóide, Eminência Posterior
da Fossa Triangular, Eminência Posterior da Concha Cimba e Eminência
Posterior da Concha Cava.
Sua estrutura é constituída por um tecido fibrocartilaginoso, que dá sustentação as
suas estruturas anatômicas, e também por ligamentos, tecido adiposo e músculos.
A parte inferior do pavilhão auricular é rica em nervos, vasos sanguíneos e linfáticos e
a parte superior é basicamente formada por cartilagens e o lóbulo, em sua maior
parte, é formado por tecido adiposo e conjuntivo.
O pavilhão auricular recebe quatro pares de nervos, distribuídos entre a face e o dorso
auricular. Cada par se subdivide em quatro outros pares de nervos sensitivos e um par
de nervos motores, perfazendo então, 20 ramos nervosos terminais.

Os nervos são divididos de acordo com sua origem em: nervos espinhais, nervos
cerebrais e nervos simpáticos. Os nervos motores provêm do facial, os sensitivos têm
dupla origem, sendo que o aurículo-temporal emite ramos à parte anterior do hélix e
ao trago, e o ramo auricular do plexo cervical superficial inerva o restante do pavilhão.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A AURICULO
PUNTURA

Na Medicina Tradicional Chinesa a técnica da Auriculopuntura foi incorporada às


demais formas de tratamento, tais como a fitoterapia, a moxabustão e a própria
acupuntura sistêmica e a sua prática na realidade, vem complementar alguns
protocolos de tratamento.

Nas publicações que seguem a Escola Chinesa, a “Acupuntura Auricular” está


relacionada às quatro teorias fundamentais da Acupuntura: as teorias Yin-Yang, Zang-
Fu, dos Cinco Elementos e dos Meridianos. A Escola Chinesa também divulga a
existência de mais de 200 pontos na orelha externa (frente e dorso), representados em
um mapa auricular seguindo os preceitos que fundamentam a MTC.

Para a Medicina Tradicional Chinesa, os canais do corpo se comunicam e se reúnem


em cada microssistema. Os micro-meridianos da orelha, assim como de todos os
microssistemas, são representações dos Meridianos do corpo. Neles, a comunicação
entre as diversas regiões do corpo se dá pelo fluxo do QI, assim como acontece nos
canais e meridianos do corpo. Quando ocorre um desequilíbrio no fluxo normal do QI,
o corpo, assim como também a orelha, demonstra distúrbios em sua atividade
funcional. Nessa premissa portanto, o estímulo da zona auricular correspondente ao
meridiano do corpo, permitirá regularizar este fluxo e retomar o equilíbrio normal das
funções corporais. 
A Medicina Tradicional Chinesa alega que a energia responsável pela nutrição do canal
da orelha penetra diretamente nela por meio dos pontos de acupuntura do canal
unitário Shao Yang (Triplo Aquecedor e Vesícula Biliar), bem como do canal principal
do Gan (Fígado). Todos os canais Yang do corpo se comunicam diretamente com a
orelha e os canais Yin se comunicam de forma indireta através dos Canais de Conexão
e Divergentes. A exata localização dos pontos auriculares e suas funções energéticas,
bem como a anatomia da orelha, são indispensáveis para o tratamento (YAMAMURA,
2001).
Depois das publicações de Nogie e das pesquisas na China baseadas em extensivas
experiências clínicas, em 1987, foi adotado no país um sistema auricular próprio, com
respectivo mapa e com nomenclatura própria, combinando a teoria embrionária de
Nogie e alguns de seus conceitos, com os princípios básicos da MTC (teoria dos
Meridianos, Zang-Fu, Yin, Yang, QI, Cinco Elementos).
Em 1991, a Dra.Huang Li Chun editou em Pequim um dos tratados mais importantes da
Auriculoterapia publicados na China intitulado “Tratado sobre o Diagnóstico e
Tratamento através dos pontos auriculares”, e em 1999 publicou na Conferência
Mundial de Auriculoterapia um novo mapa posterior dos pontos auriculares que é um
dos mais usados na Aurículo Chinesa até os dias de hoje. Seus estudos sobre
diagnóstico e tratamento consolidaram as técnicas que definem hoje a prática da
Auriculo-Puntura na visão oriental da Escola que leva seu nome e é uma das mais
reconhecidas no mundo todo. A Auriculoterapia utiliza-se de um amplo conjunto de
técnicas diagnósticas na elaboração de seus programas de tratamento. O diagnóstico
clínico, o iridológico, a pulsologia e análise da língua, todas essas formas de diagnóstico
são levadas em consideração pela auriculoterapia. Entretanto a auriculoterapia possui
uma forma própria de diagnóstico, o auriculodiagnóstico. Além de realizarem o
diagnóstico pela anamnese, pela língua, e pela posologia, práticas já comuns na MTC, a
inspeção, que é outra modalidade importante no processo, se constitui também como
etapa importante para a elaboração do diagnóstico. No entanto, hoje em dia a
Aurículopuntura, inclui também técnicas diagnósticas mais ocidentais e se valem de
recursos disponibilizados pela medicina moderna. O diagnóstico é realizado com base
nas alterações dermatológicas e anatômicas da aurícula do paciente e também nas
desarmonias detectadas conforme a teoria dos Cinco Elementos
Segundo Garcia (2006) a alteração orgânica, desde a fase do desequilíbrio energético,
até a lesional orgânica, passando pela funcional, se observa na orelha pelas seguintes
manifestações zonais: Baixa resistência à corrente elétrica; Dor à palpação; Maior
afluência de sangue; Mudança na coloração; Presença de erupções. O diagnóstico
pode ser feito através dos seguintes métodos:- detecção elétrica: pontos reativos
apresentam diminuição da resistência elétrica; - detecção sensitiva: todo ponto reativo
é um ponto de plenitude (dor); - detecção visual: a plenitude de energia produz
aumento da vascularização local.
O tratamento na Aurículo chinesa segue a orientação da MTC. Normalmente eles
escolhem a orelha do lado em que se encontra o órgão, mas costumam usar as duas
orelhas no tratamento para reforçar o tratamento pois além de tratar os sintomas,
tratam também a raiz do desequilíbrio energético.
Portanto, a Acupuntura auricular hoje, é baseada na medicina tradicional chinesa mas
também combina anatomia e fisiologia da medicina ocidental e suas teorias modernas
neuro-humorais e sistemas bio-holográficos.
Na cartografia chinesa temos a orelha representada por um feto invertido mas dividida
em áreas com quatro pontos básicos e três linhas que definem essas áreas. Essas áreas
depois são subdividas também a fim de facilitar a localização dos pontos. Ilustração a
seguir:
IMAGEM: As áreas delimitadas pela Escola Chinesa

À esquerda: Helix (HX), fossa escafóide (SF), anti-hélice (AH), fossa triangular (TA),
trago (TG), antitrago (AT), concha (CO), e o lóbulo da orelha (LO).
À direita: As áreas da parte posterior da orelha.
A distribuição dos pontos na cartografia chinesa, com base na comparação da orelha
com o feto, é feita de forma que os pontos situados no lóbulo estão relacionados com
a região facial. Os pontos localizados na escafa correspondem aos membros
superiores, enquanto os pontos sobre o anti-hélix, incluindo os ramos superior e
inferior do anti-hélix, se relacionam com o tronco e os membros inferiores. Os pontos
situados no interior da concha superior e inferior referem-se aos órgãos internos. Os
pontos em torno da borda do pilar do hélix tem correspondência com o tracto
digestivo. O cérebro e a cabeça estão localizados no anti-trago, a supra-renal e o nariz
estão localizados no trago, o sistema endócrino está localizado em torno da inter-área
trágica, e a cavidade abdominal inferior está localizada na fossa triangular. O tronco
cerebral está localizado na incisura do hélix. Temos então o mapa ilustrado a seguir:
IMAGEM: Cartografia Chinesa
O diagnóstico Chinês está baseado na excepcional correspondência e na “ressonância” entre
uma parte do corpo e o corpo inteiro, assim como na ressonância entre o microcosmo e o
macrocosmo (MACIOCIA, 2007).

A AURICULOTERAPIA FRANCESA

A Escola Francesa de auriculoterapia não está, como na Escola Chinesa, associada à


MTC.
Paul Nogier, neurologista de Lyon, na França, na década de 50, durante anos de
pesquisa, estudando distintas patologias e as relacionando com diferentes lugares da
orelha, desenvolveu o mapa somatotópico da orelha, baseado no conceito da
orientação invertida do feto no pavilhão auricular. Pode ser considerado o pai da
Aurículoterapia ocidental. Seus estudos também motivaram as investigações
experimentais na China sobre a Aurículo-puntura, que a partir de então se
desenvolveram e prosperaram. E a prática da Auriculoterapia, difundida e validada em
meios científicos, foi reconhecida em 1990 pela OMS como prática terapêutica
alternativa com uma seleção de pontos que atendiam as especificações determinadas
de eficácia comprovadamente científica. Os que não atendiam essas especificações
não foram incluídos. Mas tanto a Escola Francesa quanto a Chinesa, adotaram de uma
e outra a maioria dos pontos apesar de preservarem, cada qual, suas bases de
fundamentação teórica e de diagnóstico.
Nogie, curioso em investigar um ponto de cauterização na orelha e seu efeito sobre a
dor ciática, descobriu que esse ponto correspondia à 5° vertebra lombar. Começou a
estudar também outras patologias e a investigar sua correlação com as regiões da
auriculo o que o levou a observar que na orelha encontram-se regiões doloridas
espontaneamente ou ao toque, sempre que no corpo também há dor.
Verificando a ocorrência dessas regiões, culminou por verificar uma interessante
analogia entre o formato da orelha e a figura de um feto invertido.
Durante anos, Nogie prosseguiu em suas pesquisas a procura dos pontos de
acupuntura na orelha e descobriu que os mesmos só apareciam quando no organismo
existia alguma patologia. E também que esses pontos não eram fixos e estavam
sujeitos à variações. Essa descoberta permitiu uma conduta diagnóstica precisa que
despertou o interesse mundial.
Como neurologista, seus estudos foram voltados para a sua área de especialidade e
para ele, com sua visão ocidental, a estreita relação dos microssistemas com os demais
sistemas e regiões do corpo, como comprovaram suas pesquisas, é realizada através
de reflexos cerebrais pela rede do sistema nervoso que emite uma resposta
neurofisiológica. A analogia do feto se fundamenta então, na inervação do pavilhão
auricular, pois este apresenta relação neurológica com os pares cranianos, fazendo o
arco reflexo: órgão-víscera, pavilhão auricular.
Dessa forma, quando determinado órgão ou sistema do corpo apresenta alguma
disfunção, o estímulo da área ou ponto correspondente na região auricular vai
transmitir esta informação aos núcleos cerebrais que provocará a ação de regeneração
do cérebro sobre o organismo afetado. Trata-se na verdade de um sistema reflexo de
uma ação neurofisiológica, via sistema parassimpático, sendo que a inervação na
orelha é tríplice. Apresenta áreas e pontos de inervação provenientes das raízes de C2
e C3, do nervo trigêmeo, do nervo facial e do nervo simpático que regem a
sensibilidade e motricidade do rosto, cabeça, garganta, brônquios, esôfago e órgãos
internos do tórax e abdômen. Suas ações são unificadas e regularizadas pelo córtex
cerebral, o que pode explicar a ação reflexa da orelha sobre o corpo, e seus resultados
terapêuticos. Os ramos nervosos da orelha refletem o estado fisiológico do organismo
(SOUZA, 2001).
Também, segundo suas pesquisas, Nogie associou o endoderma, mesoderma e
ectoderma à diferentes partes da orelha externa e catalogou 30 pontos sobre eles que
ele chamou de “Pontos Mestre” e “Pontos de Comando”. Cada ponto identificado, era
uma terminação nervosa que quando estimulado, fazia o estímulo percorrer seus
ramos nervosos até o córtex cerebral, que identificava a área correspondente e
enviava mensagem para a glândula pituitária liberar as substâncias neurotransmissoras
para que determinada ação neurobiológica fosse realizada.
Para o alívio da dor, a endorfina. Para ansiedade, a serotonina. As prostaglandinas com
ação anti-inflamatória e imunológica e outras.
Seus pontos foram distribuídos pela orelha externa segundo a correspondência das
áreas da mesma com os folhetos embrionários.

A endoderme, camada interna do folheto embrionário, dá origem às vias aéreas


superiores e pulmões, diafragma, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado, intestino
e bexiga. Segundo Dr. Nogier os pontos reflexos dos órgãos de origem endodérmica
estão localizados exclusivamente na concha da orelha externa (hemiconcha inferior ou
concha cava e hemiconcha superior ou concha cimba). Os rins e o coração por terem
origem na mesoderme, não têm os seus pontos incluídos, como na escola chinesa.

A mesoderme, camada intermediária do folheto embrionário, dá origem à derme,


músculos incluindo o coração, esqueleto, crânio, órgãos genitais e rins. Segundo o Dr.
Nogier, todos eles se distribuem na raiz ou ramo da hélice, na anti-hélice e no
antítrago.

A ectoderme, camada externa do folheto embrionário, dá origem ao sistema nervoso


central encéfalo, tronco cerebral, medula e periféricos, à epiderme e seus anexos
(pêlos, unhas, glândulas). Os pontos reflexos relacionados com estas partes do corpo
estão localizados na parte inferior da hélice (do tubérculo de Darwin até o final da
hélice), no lóbulo e no trago.

IMAGEM: Representação ocidental das áreas da orelha


Os marcos auriculares são usados para ajudar a identificar as zonas de auriculares.
Estes distinguem-se por pontos de referência no início ou no fim das diferentes
subsecções do ouvido externo. O nome e numeração dos 18 pontos de referência
estão localizados na orelha, a partir LM0 a LM17. Os quadrantes auriculares podem ser
formados por duas linhas retas que se interligam. Ao contrário do sistema gráfico
chinês, cada zona auricular baseia-se na subdivisão proporcional das regiões
anatômicas. Os números mais baixos para cada área auricular começam na zona mais
inferior e mais central da referida região anatômica. Os marcos auriculares são
utilizados para distinguir onde algumas zonas acabam e onde começa a próxima zona.

Tem-se então esse mapa:


A- Orelha é dividida em zonas auriculares com base na subdivisão proporcional
das regiões anatômicas no sistema europeu: Helix (HX), Fossa Escafóide (SF),
Anti-Hélice (AH), Fossa Triangular (TF), Trago (TG), Antitragus (AT ), Concha
Superior (SC), Concha Inferior (CI), Ápice da Concha (CR), Insisura Intertragica
(TI), e Lóbulo da Orelha (LO).
B- Além das zonas auriculares, o sistema europeu indica uma parte oculta de
zonas auriculares. As zonas auriculares mais escuras no lado B incluem a parede
da concha (CW), subtrago (ST) e a hélice interna (IH).
Na parte posterior da orelha observa-se a seguinte divisão:
Todas as zonas posteriores começa com a letra P: lobo
posterior (PL), ranhura posterior (PG), triângulo posterior
(PT), a concha posterior (PC), e periferia posterior (AP)

Os pontos diferenciam-se dos pontos da Acupuntura


Sistêmica, pois são coordenados por um sistema flutuante e
estão sujeitos às condições climáticas e estado geral do paciente podendo alguns deles
existirem ou não.

Segundo a teoria de Paul Nogier, o conhecimento aprofundado do pavilhão da orelha


como ponto-reflexo permite distinguir dois tipos de pontos auriculares.

Os primeiros, num total de 30, chamados “pontos de comando de órgãos”(ou “pontos


de órgãos”) correspondem às zonas reflexas de determinado órgão, víscera, músculo,
glândula, etc., sendo a sua ação nitidamente local. Com o auxílio da imagem fetal
auricular, observam-se alguns pontos de correspondência, precisos, localizados,
específicos. Cada um dos pontos de órgãos tem um nome que exprime a sua ação
principal (serão equivalentes aos “pontos de zona correspondentes”, embora não haja
em certos casos, coincidência de nomenclatura, nem da sua localização).

Os segundos, num total de 7, denominados “pontos-guia” (ou Pontos Mestres) têm


uma ação de carácter geral, podendo intervir numa parte do organismo ou numa
função. Não têm correspondência somatotópica. Para isolá-los é preciso apoiar-se na
forma e nos relevos do pavilhão e não na cartografia reflexa. Sua ação é vasta, agindo
sobre uma região da orelha e portanto do corpo, e também sobre as funções e reações
do paciente. A atividade dos pontos-guia pode não só completar o tratamento dos
pontos de órgãos, mas ainda permite que estes sejam mais eficazes quando
estimulados. São equivalentes aos “pontos funcionais” (da classificação da escola
chinesa). Esses pontos, na Escola chinesa, estão dispostos em cada orelha do mesmo
lado em que se encontram os órgãos no corpo humano. Existe uma ação homolateral
funcional que não existe na Escola Ocidental que muitas vezes é cruzada, ou seja,
contrária a manifestação no corpo. Isso acontece em caos da desordem ser
neurológica. E sempre se puntura somente uma orelha, mesmo quando do mesmo
lado da manifestação, no caso de ser a manifestação, um sintoma de órgão.

Geralmente, quando ocorre uma disfunção orgânica o ponto ou área auricular


correspondente ao órgão apresentará alterações de coloração da pele ou
sensibilidade, hiperestesia ou hipoestesia, ou seja, tornando-se espontaneamente
doloroso ao leve toque ou anestesiado.
Com os avanços tecnológico, hoje sabe-se que também ocorre alterações na
condutibilidade elétrica de acordo com a manifestação clínica apresentada, tornando-
se possível detectar o ponto ou região em distúrbio com o uso de aparelhos
eletrônicos apropriados pois em suas pesquisas, Nogie observou uma relação entre o
aparecimento dos pontos de alta condutibilidade elétrica e a desarmonia funcional dos
órgãos, em um nível de coincidência muito elevado, estabelecendo-se na
Auriculoterapia a ideia básica de que a representação do sistema nervoso é feita de tal
maneira que, na orelha, se encontra pontos que representam diferentes órgãos.

Observa-se então dois tipos de pontos:


 Pontos diretamente relacionados ao sistema nervoso (pontos de pressão)
reconhecidos por ficarem doloridos quando um órgão correspondente a esse fica
afetado; Com o auxílio do mapa do feto invertido, a sua localização de
correspondência é quase sempre bem específica. São os Pontos de Órgãos.
 Pontos do tipo neuro-humoral identificados por sua sensibilidade
elétrica diferenciada, associados à estruturas neuro-vasculares complexas. Os
Pontos Mestres.

De acordo com a filogenética, os pontos auriculares partem do centro para a periferia,


no centro está localizado o sistema nervoso autônomo e na periferia encontra-se o
sistema nervoso central. A transmissão do sinal através de um estímulo periférico vai
até o tálamo, passa através do cerebelo, do tronco cerebral, encéfalo e vai à todos os
núcleos cerebrais.
Apesar da abordagem e da utilização de técnicas diferentes de diagnóstico e
tratamento entre as duas Escolas, existem concordâncias principalmente em relação à
localização de alguns pontos. E o nome chinês de alguns desses pontos foi mantidos na
cartografia de Nogie como nos mostra a figura abaixo:

IMAGEM: Cartografia Francesa


Localização e função dos pontos auriculares por região anatômica

Pontos Comando (7 Pts)

1.Ponto Zero (Ponto 21) – Centro anatomofisiológico do pavilhão, situa-se no sulco –


da raiz do hélix. Ação: Psicossomática. Pavilhão da orelha.
2. Ponto Shen Men (Porta da Alma) – Vértice da fossa triangular no encontro das
raízes superiores e inferior do ante -hélix. Ação: ponto de ação geral somático e
psicofisiológico, ansiolítico, sedativo, analgésico, imune.
3. Ponto SNV (Ponto Simpático) – Ponto de intersecção da raiz inferior do anti-hélix
com a face interior do hélix. – Ação: sistema nervoso autonômico. Efeitos: analgésico,
relaxante, equilíbrio neurovegetativo.
4. Ponto Hipotálamo. – Ponto de intersecção da parede interna do antitrago com a
concha inferior, na sua região medial. – Ação: hipotalâmica hemilateral, mecanismos
psicofisiológicos, – imunitária, antiinflamatória, analgésica.
5.Ponto Endócrino – Ponto de união do meio da incisura intertrao com concha cava. –
Ação: sistema endócrino, principalmente tireóide e paratireóide; – distúrbios do
crescimento.
6.Ponto Maravilhoso – Ponto de encontro do anti-hélix com raiz do hélix – Ação:
hepato –vesicular
7.Ponto Adrenal – Tubérculo inferior do bordo tragiano – Ação: neuro-hormonal
(corticóides), analgésica coagulante e imunológica, antiinfecciosa, antiinflamatória,
ansiolítica.

Pontos Mestres (30 Pontos) Localização– Indicação

1. Ponto Olho (anterior/posterior) • Centro do lóbulo • Ação principal: olhos. • Ação


secundária: SNA, sonho, tônus, digestiva.
2. Ponto Olfato (anterior-posterior) • Abaixo do sulco pré-lobular. • Ação principal:
nariz, afetividade • Ação secundária: fígado, alergia, asma, vias respiratórias.
3. Ponto Maxilar (anterior/posterior) • No limite entre porção inferior da fossa escafa
com o lóbulo. • Ação principal: dentes. • Ação secundária: membro superior, bexiga,
libido, extremidades, gengivite, periodontite, analgésico para a região maxilar.
4. Ponto Pulmão (anterior/posterior) • No centro da concha cava. • Ação principal:
aparelho respiratório. • Ação secundária: sistema nervoso, pele, mucosa e digestivas; •
angústia, depressão.
5. Ponto Auditivo (bordo) • Bordo do trago, sobre o tubérculo superior. • Ação
principal: N. Auditivo. • Ação secundária: afetividade, metabolismo celular.
6. Ponto Estômago (anterior/posterior) • Na raiz do hélix entre a incisura do hélix e a
parede medial do anti-hélix. • Ação secundária: vísceras abdominais, emotividade, •
ansiedade, obesidade, gastrite.
7. Ponto Garganta (anterior) • Na incisura supratragiana • Ação principal: orofaringe. •
Ação secundária: afetividade, genitália.
8. Ponto Gônadas (anterior-posterior) • No limite entre a porção inferior e a porção
média do hélix. • Ação principal: genital • Ação secundária: afetividade, atua sobre a
libido.
9. Ponto Baço-Pâncreas (anterior) • No centro do um terço posterior da concha
superior • Ação principal: Baço e pâncreas exócrino. • Ação secundária: equilíbrio,
SNV, afetividade, digestiva, sistema imunológico e • muscular. 10. Ponto Coração
(anterior-posterior) • No ante-hélix sobre a linha imaginária que passa do ponto zero a
T4. • Ação: ansiolítico, circulatório, vascular, digestivo e língua.
11. Ponto Biliar (anterior direito) • Na concha superior, no limite entre a parte média e
a superior desta a meia distância entre a raiz do hélix e o rebordo do anti-hélix. • Ação
principal: biliar e fígado • Ação secundária: psíquico
12. Ponto Recto (anterior/posterior direito) • Hélix ao nível do bordo inferior do ramo
inferior do anti-hélix. • Ação principal: veias hemorroidais. • Ação secundária:
orofaringe, intestino, bexiga, psiquismo, conflitos infantis
13. Ponto Ciática (anterior/posterior) • Sobre o ramo inferior do anti-hélix. • Ação
principal: nervo ciático, região lombar. • Ação secundária: olho.
14. Ponto Joelho: (anterior /posterior) • Centro da fosseta triangular. • Ação principal:
joelho. • Ação secundária: audição. • Atua sobre a libido, distúrbios do crescimento.
15. Ponto Rins (anterior/posterior e linear) • No hélix, nível do eixo da bissetriz que
parte do vértice da fosseta triangular, se entende • linearmente até nível do ponto de
Darwin. • Ação principal: renal. • Ação secundária: SNV. Ossos, dentes, função
geniturinária, • conflitos da infância.
16. Ponto Mestre do Nervo Trigêmeo (bordo) • No bordo lobular do ângulo bélico
lobular até o ponto de projeção de reta do ponto zero • ao ponto nº29 (genital). •
Ação principal: N. Trigêmeo, SNV, comportamento. • Ação secundária:
comportamento, antitóxico.
17. Ponto Mestre da Agressividade (anterior/posterior) • Acima do sulco pré-lobular. •
Ação principal: comportamental, cauda eqüina, genitais.
18. Ponto Mestre Trago (anterior) • Fica a 2,5 cm à frente do sulco pré- tragiano. •
Ação principal: tônus, genitália externa. • Ação secundária: audição
19. Ponto Mestre da Pele (anterior/posterior) • No trago próximo ao rebordo medial •
Ação principal: pele • Ação secundária: sistema reticular, comportamento, vias
respiratórias
20. Ponto Mestre do Ombro (anterior/posterior) • No anti-hélix ao nível do ponto da
terceira vértebra cervical. • Ação: ombro
21. Ponto Mestre Zero (anterior) • Na incisura da raiz do hélix. • Ação: pavilhão
auditivo externo.
22. Ponto Mestre Membro Inferior (anterior) • A 1mm acima do ponto zero • Ação:
motricidade do membro inferior e sensibilidade • do mesmo membro.
23. Ponto Mestre Membro Superior (anterior) • A 2 mm do ponto nº 22 • Ação:
sensibilidade do membro superior.
24. Ponto Mestre Alergia (bordo) • No ápice auricular e na face anterior no hélix, nível
do ápice da orelha. • Ação: imunológica, afetividade.
25. Ponto Mestre Darwin (bordo) • No tubérculo auricular (Darwin). • Ação:
sensibilidade. Imunológica.
26. Ponto Mestre de Síntese (posterior) • Na junção mastóide da orelha, nível da
porção superior • e posterior do lóbulo. • Ação: geral, sensitiva, motora, psíquica.
27. Ponto Mestre Cerebral (anterior/linear) • No ápice do antitrago • Ação: talâmica,
psiquismo.
28. Ponto Mestre Occipital (anterior/posterior) • No limite entre antitrago – antihélix.
• Ação: sensibilidade e motora mesodérmica.
29. Ponto Mestre Genital (anterior/posterior) • Na extremidade anterior do antitrago.
• Ação: genital externa, olho, libido.
30. Ponto Mestre Medular (bordo) • No bordo do hélix, nível da projeção de reta
(ponto 21-20) • Ação: sistema nervoso periférico, imunológica

“Os Pontos de Comando representam a doença e os Pontos Guia, o terreno onde ela
se encontra”

IMAGEM: Localização, por ordem numérica, dos principais pontos


Outro fator de distinção e, provavelmente, a maior descoberta de Paul Nogier, foi a
técnica de anamnese pelo pulso, específica para a Auriculoterapia. Enquanto na
pulsologia chinesa tomam-se ambos os pulsos simultaneamente e por meio de
extrema sensibilidade, distinguem-se informações sobre a condição energética de cada
órgão-meridiano, na técnica de Nogier, basta tomar-se um dos pulsos e com uma
ponta de metal ou de aparelhagem eletrônica, “passeia-se” por todas as regiões
reflexas auriculares e, onde houver desequilíbrio, haverá uma alteração no pulso, que
inicialmente chamou-se R.A.C. (reflexo aurículo cardíaco) e hoje em dia se conhece
como R.A.N. (reflexo arterial de Nogier) ou V.A.S. (sinal autônomo vascular).

Os recursos para o diagnóstico são muitos. Para localizar um ponto dolorido no


pavilhão auricular, que é um indicativo de comprometimento relacionado com uma
área correspondente do corpo, utiliza-se um aparelho chamado apalpador de
pressão, que exerce pressão constante, constituído por uma pequena peça de metal
com ponta arredondada e uma mola interna.

Para medir a resistência elétrica do ponto, uma caneta elétrica acusa quando
encontra um ponto cuja resistência é menos, indicando o local do
comprometimento.

A Detecção de pontos através de aparelhos eletrônicos: Baseia-se no fato de que os


pontos patológicos têm resistência elétrica mais baixa que os pontos circunjacentes.
Existem dois tipos de detectores: - Aparelho de medição da diferença de resistência
elétrica entre um ponto da orelha; - Aparelho mais moderno de detecção
diferencial, que possui tecnologia superior, de dupla medição (não só mede a
resistência elétrica do ponto com relação a resistividade geral do indivíduo, como
ainda a mede em relação aos seus arredores imediatos)

Também em 1966, o Dr. René J. Bourdiol, pesquisando outros tipos de estímulos que
substituíssem as agulhas, descobriu que certos ritmos pulsáteis são melhor
absorvidos do que outros e em regiões diferentes, podendo isso ser avaliado pelas
reações do V.A.S. Ou seja, era possível se obter informações diretamente nos locais
afetados. Isto levou à descoberta das frequências de ressonância corpórea e
auriculares, e foi possível então criar um mapeamento de correspondência natural
de valores em hertz para cada região, notando-se em caso de desequilíbrio, uma
reação do pulso a uma frequência não natural ao local afetado. Esse fenômeno foi
chamado de “parasitagem frequêncial”. Essa mesma frequência parasita, se for
aplicada no ponto auricular, dará um estímulo otimizado, compreendido de
imediato pelo organismo. E, de acordo com cada tipo de parasitagem, pode-se
levantar hipóteses específicas de acordo com o valor em hertz. Hoje em dia, não só
os ritmos pulsáteis, mas também a aproximação de filtros coloridos e de substâncias
as mais variadas, permitem a substituição de quase todos os exames laboratoriais
pela técnica de pulsologia.
CONLUSÃO

O diagnóstico da auriculoterapia hoje, tem valor semiológico tão importante quanto o


diagnóstico através do pulso e da observação da língua na MTC.

A Auriculoterapia Francesa difere da Chinesa em vários aspectos sendo os mais


importantes no seu tipo de diagnóstico, mais baseado nos conceitos de medicina
ocidental do que nos elementos da medicina tradicional chinesa, e no mecanismo de
ação, que tem como base respostas neuro-endócrino-fisiológicas e não respostas
energéticas. É variável o número de sessões necessário para a cura ou melhora de
um problema (no mínimo 2 ou 3 sessões), uma vez por semana ou a cada duas
semanas, dependendo obviamente do tipo de problema apresentado. Apesar de se
constituir algumas vezes como um tratamento em si, é importante mencionar que a
Auriculoterapia não serve para todos os tipos de doenças e não deve ser utilizada
como substituto ao tratamento médico tradicional, principalmente para alguns tipos
de patologia; mas de qualquer forma é um importante recurso complementar que
potencializa e tem respostas positivas em qualquer tratamento.

Na minha opinião, é inegável a contribuição das pesquisas médico-científicas para a


Auriculoterapia, mas a riqueza de conteúdo que a tradição oriental nos traz, sua
visão de complementaridade e de relação integrativa com o universo e com todas as
formas de se estar no mundo, é o que realmente faz da MTC uma prática
terapêutica excepcional.
BIBLIOGRAFIA:

 Garcia, Ernesto-Auriculoterapia
 Wang OMD,Yajuan-Micro-Acupunture in Practice
 Material pesquisado na WEB

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