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Auriculoterapia

Introdução à Auriculoterapia

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.a Dra. Gisele Damian Antonio Gouveia

Revisão Textual:
Prof. M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
a
Introdução à Auriculoterapia

• Aspectos Conceituais e Históricos da Auriculoterapia;


• Escolas de Auriculoterapia;
• Anatomia e Somatotopia do Pavilhão Auricular Externo.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender aspectos conceituais, históricos e teóricos relativos à auriculoterapia.
UNIDADE Introdução à Auriculoterapia

Contextualização
Para iniciar os estudos sobre a auriculoterapia, vamos acompanhar exemplos de estudos
clínicos selecionados para esta unidade, o que ajudará a elucidar informações sobre indica-
ções, contraindicações e efeitos da auriculoterapia. Confira caso a caso e reflita como eles
podem ser usados como referência para construção da sua experiência clínica!

Efeito de um tratamento com auriculoterapia na dor, funcionalidade e mobilidade de


adultos com dor lombar crônica. Disponível em: https://bityl.co/8mIc

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Aspectos Conceituais e
Históricos da Auriculoterapia
A auriculoterapia é uma técnica não invasiva que promove a regulação psico-orgânica
da pessoa por meio do estímulo de zonas de reflexo ou pontos energéticos localizados no
pavilhão auricular, no qual todo o organismo se encontra representado como um micros-
sistema do corpo humano (DAL MAS, 2004; GARCIA, 2006; BRASIL, 2018).

Microssistemas: São pequenas regiões do corpo que contêm a representação do corpo em


sua totalidade (SILVA-FILHO, 2019). Nesses locais há uma grande concentração de termina-
ções nervosas e vasos capilares que com pequenos estímulos provocam efeitos significativos
a uma grande área do organismo, potencializando a resposta terapêutica.

O microssistema do pavilhão auricular é uma somatotopia, ou seja, representa o


corpo como um todo em uma parte dele. Há diferentes escolas que utilizam o microssis-
tema auricular para diagnóstico e tratamento (FREGONEZE, 2019). As principais abor-
dagens terapêuticas da auriculoterapia são: francesa, chinesa, brasileira (SOUZA, 2013).
Apesar de usarem o microssistema auricular, a interpretação anatômica das zonas de
reflexo, princípios e modo de estimular o ponto são diferentes.

Somatotopia (do grego sõma, -atos, corpo + tópos, lugar): É a correspondência ponto
a ponto de uma área do corpo com um ponto específico do sistema nervoso central. Tipi-
camente, uma área do corpo corresponde a um ponto no córtex somatossensorial primário
(giro pós-central).

Para a aplicação da terapia auricular são utilizados materiais como: agulhas, cristais
e sementes de mostarda, entre outros. Quando as sementes são utilizadas, esta prática
é denominada de auriculoterapia, e quando as agulhas são utilizadas, a prática passa a
ser considerada auriculoacupuntura (PRADO, KUREBAYASHI, SILVA, 2018). Nesta
unidade, trataremos da auriculoterapia por ter fácil aplicabilidade e apresentar efeitos
secundários mínimos.

O estímulo do microssistema auricular como forma de tratamento reporta-se à anti-


guidade do Oriente Médio e Europa Antiga. Foi usada no antigo Egito, Roma, Grécia e
Mediterrâneo. Em 2500 a.C., mulheres no antigo Egito estimulavam determinados pontos
auriculares como forma de conseguir um efeito anticoncepcional. O livro Hung Ti Nei
Ching, o mais antigo livro de acupuntura (escrito a mais de 5000 anos), também cita o
microssistema auricular como sendo uma parte do corpo que mantém relações com os de-
mais órgãos e regiões do corpo através do reflexo cerebral (GORI, FIRENZUOLI, 2007).

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Figura 1 – Auriculoterapia ofertada na antiguidade


Fonte: i.4pcdn.org

A Companhia Holandesa das Índias Orientais se envolveu ativamente no comércio


com a China de 1600 a 1800, e seus comerciantes trouxeram práticas chinesas de acu-
puntura de volta à Europa. Os médicos que trabalhavam com a empresa ficaram impres-
sionados com a eficácia das agulhas e moxa, e a técnica de cauterização do ouvido externo
ou sangria atrás das orelhas para aliviar condições como dores ciáticas e artrite do quadril
(GORI, FIRENZUOLI, 2007).

Em 1637, o médico português Zacatus Lusitanus descreveu, pela primeira vez na


Europa, um tratamento da dor ciática por meio de cauterização da orelha. O anato-
mista e cirurgião italiano Antonio Maria Valsalva fez a primeira descrição anatômica
moderna da orelha externa e, em 1717, publicou o Aura Humanus Tractatus, onde
descreve o tratamento da dor de dente pela escarificação de antitragos. Em 1810, o
professor italiano Ignazio Colla relatou a observação de um homem picado por uma
abelha na antélice que resultou em alívio da dor nas pernas, e, no mesmo ano, o
médico italiano Cecconi realizou uma cauterização para ajudar no tratamento da dor
ciática. Em 1850, o French Journal des connaissainces medico-chirurgicales relatou
13 casos diferentes de dor ciática que haviam sido tratados por cauterização com um
ferro quente aplicado no ouvido (GORI, FIRENZUOLI, 2007).

Contudo, a sistematização do mapa de pontos auriculares, bem como o uso do termo


auriculoterapia, só ocorreu a partir do século XX. Ou seja, só um século depois que Paul
Nogier, um médico residente em Lyons, França, redescobriu esse tipo de tratamento e
apresentou suas observações de correspondências somatotópicas do pavilhão auricular.
Com isso, ele ficou sendo conhecido como o pai da auriculoterapia.

Em 1957, Paul Nogier sintetizou o primeiro mapa francês. Ele iniciou seus estudos a
partir da observação de cicatrizes oriundas de uma cauterização da orelha em diversas
pessoas com lombalgia, tratadas por curandeiros locais, e que buscaram atendimento em
seu consultório. Esse fato fez com que Nogier buscasse as correlações das áreas da orelha
com problemas em diferentes partes do corpo durante dezenas de anos. Isso o levou a
pensar que a antélice pudesse corresponder à coluna e, por isso, começou a comprovar
experimentalmente tal hipótese de trabalho. Prosseguindo no estudo das correlações

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das regiões do corpo com a orelha, visualizou a representação de um feto de cabeça, o
que culminou em um mapa completo e anatômico com 30 pontos auriculares que apre-
sentavam correlação reflexa com diferentes regiões do corpo e com efeitos terapêuticos
múltiplos (KWANG, 2019a; DAL MAS, 2004).

Em relação à influência da MTC na auriculoterapia, os registros históricos falam que


uma obra de 1572 mencionava as relações entre os meridianos da acupuntura e a orelha,
influenciando a observação do pavilhão auricular para o diagnóstico de desequilíbrios.
Entretanto, só em dezembro de 1972, foi publicado o primeiro mapa de auriculoterapia
chinês com mais de 200 pontos (DEL MAS, 2004). Os estudos de Paul Nogier contribu-
íram para a sistematização do uso da auriculoterapia na China. A partir daí, foi intensi-
ficado pelos estudos dos sábios orientais até os dias atuais (SOUZA, 2001).

Em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a auriculoterapia


como prática para prevenção de doenças e promoção da saúde. Da década de 80 até
os dias atuais, o desenvolvimento, estudo, tratamento e diagnóstico auricular vêm se
aprimorando. Com isso, novos pontos e novos mapas derivados das escolas francesa e
chinesa têm surgido, como iremos apresentar nas próximas unidades.

Saiba mais sobre os aspectos históricos da auriculoterapia pela leitura do documento da


Organização Mundial de Saúde sobre a nomenclatura dos pontos de auriculoterapia.
Disponível em: https://bityl.co/8mKQ

Quais as indicações da auriculoterapia?

A auriculoterapia pode ser usada para prevenir ou tratar agravos da saúde, estéticos
e psicológicos, dando ao organismo energia suficiente para impedir enfermidades. As
condições de saúde que já foram objeto de pesquisa sobre a efetividade da auriculo-
terapia foram: tabagismo, lombalgia, ansiedade, insônia, obesidade (UFSC, 2020),
pacientes oncológicos (CONTIM et al., 2020; LOCATELI et al., 2020; VALLIN, et
al., 2019), ansiedade de gestantes no pré-natal de baixo risco (SILVA et al., 2020;
MARTINS et al., 2020), dor crônica (NASSIF et al., 2020; MASCARENHAS et al.,
2019), estresse, ansiedade e depressão em adultos e idosos (CORRÊA, et al., 2020;
JALES et al., 2019; GRAY, et al., 2020), hipertensão (CHIAPETTI, et al., 2019), depen-
dência química, etilismo, constipação, dismenorreia, cefaleia, náuseas, vômito na gravidez,
condições geriátricas, dor por procedimentos odontológicos, rinite alérgica, dor durante o
parto, entre outros (DEL MAS, 2004; SOUZA, 2001).

Então, quais são as contraindicações que devemos ter na auriculoterapia?

• Gestantes: Não se deve estimular as áreas reflexas dos órgãos genitais internos
(útero, ovário), endócrino, genitais externas, pontos da região abdominal e pélvis;
• Mulheres com história de aborto espontâneo;

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• Pessoas muito debilitadas;


• Pessoas em fase terminal;
• Pacientes epiléticos/neurológicos;
• Crianças menores de 6 anos, usar apenas sementes, evitando a região da cavidade
da concha e cimba da concha;
• Área do pavilhão auricular com inflamação e/ou infecção.

Agora, vamos conhecer as características das principais escolas de auriculoterapia.

Escolas de Auriculoterapia
Escola Francesa
A escola francesa de auriculoterapia foi criada pelo médico Paul Nogier, em 1958.
Essa escola segue o referencial da Teoria do reflexo homuncular, criado por Nogier, com
base no Homúnculo de Penfield.

O Homúnculo de Penfield foi descrito pelo neurocirurgião canadense Dr. Penfield entre os
anos 40 e 50. Durante seu trabalho, ele aplicava choques elétricos nas diferentes áreas cere-
brais e perguntava a seus pacientes, que estavam acordados, o que eles sentiam. Ao aplicar
esses choques, eledescobriu uma pequena área cerebral que demonstrava um mapa sen-
sorial do nosso corpo.Esse mapa sensorial refletia a sensibilidade de cada uma das partes
do nosso corpo. Ele decidiu representar esta área como se fosse uma forma humana, dando
origem ao Homúnculo de Penfield.
Homúnculo de Penfield: Características e funçoes. Disponível em: https://bityl.co/8mKr

A teoria do reflexo homuncular é baseada na existência de uma correlação entre as


áreas cerebrais e as zonas de reflexo auriculares. Nogier descreveu a localização de 30
pontos reflexos da orelha. As principais características da abordagem da reflexoterapia
auricular pautada na Escola Francesa de Paul Nogier são:
• Trata-se uma orelha em cada sessão;
• Número de pontos: até 5;
• O ponto não tem localização fixa;
• Identificação dos pontos reativos para realizar o tratamento auricular (NOGIER, 1999).

Escolas Chinesas
A abordagem da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) parte do princípio de que
o homem é um microcosmo gerado entre o céu e a terra, que representam o macro­
cosmo. Sendo assim, ele está submetido às influências de seu meio. As práticas da
MTC pautam-se numa abordagem teórica-empírica que busca estimular os meca­
nismos naturais de prevenção de agravos, promoção e recuperação da saúde por
meio de tecnologias leves, eficazes e seguras. A auriculoterapia chinesa utiliza os concei-
tos fundamentais de Yin-Yang e dos cinco elementos/movimentos para explicar as funções

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fisiológicas do organismo, as mudanças patológicas e as relações internas dos órgãos com
o microssistema auricular.

Na MTC, a orelha é a janela do elemento água para o mundo. Como a energia que
gera a vida no primeiro momento, a sua forma é semelhante à de um feto – A herança
genética (MACIOCIA, 2017). Observe a figura a seguir.

Figura 2 – Formação do feto


Fonte: Getty Images

Quando o feto está pronto para nascer, ele empurra com o pé o útero da sua mãe e
nasce com a cabeça para baixo. Seguindo a ordem, todos os pontos reflexos da cabeça,
no lóbulo, uma linha partido da cabeça e ombro até a mão, a estrutura da coluna segue
a mesma ordem da lombar até os joelhos em flexão, e o pé ao alto, acima da lombar, o
útero. Dentro da concha, os Zang e Fu na ordem, rim e bexiga acima, pois o feto está
de ponta cabeça. Os Zang e Fu do meio do corpo no meio, fígado, estômago, intestino
delgado, intestino grosso, e o mais próximo da cabeça, o pulmão e o coração no meio, a
mesma ordem do corpo (MACIOCIA, 2017). Vamos aprofundar a localização e a função
energética dos pontos auriculares segundo a MTC em unidade posterior desta disciplina

Escola Brasileira
Em 1982, o Dr. Olivério Carvalho, o Dr. Orley Dulcetti Júnior e o Dr. Walter Douglas Dal
Mas participaram do primeiro simpósio de auriculoterapia, em Palma de Mallorca, como
representantes brasileiros. O Dr. Olivério Carvalho difundiu a auriculoterapia no Brasil por
meio de seus cursos ministrados, baseados nos princípios de Nogier (DEL MAS, 2004).

O professor Marcelo Pereira de Souza também teve uma importância inestimável para
a história da auriculoterapia no Brasil, sendo o primeiro brasileiro a propor uma literatura
e um mapa associando a técnica de auriculoterapia com acupuntura. Ele exerceu a acupun-
tura por 50 anos, tendo conhecimentos dos mestres chineses. Antes da sua primeira
edição no Brasil, havia livros de auriculoterapia do autor coreano Dr. Eu Von Lee e mapas
editados no Japão dentro da linha chinesa e francesa da auriculoterapia (SOUZA, 2001).

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A Escola brasileira de auriculoterapia do Prof. Marcelo Pereira de Souza sistematizou a


localização de 199 pontos de auriculoterapia, combinando os fundamentos da escola
francesa e escola chinesa.

Entretanto, a institucionalização da auriculoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS)


ocorreu em 2006, com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Com-
plementares (PNPIC), por meio da Portaria GM/MS nº 971/2006. A PNPIC tem como
objetivo: incorporar e implementar as PICs no SUS com ênfase na atenção básica para
fortalecer o cuidado integral em saúde (BRASIL, 2017). O interesse cada vez maior pelo
uso da auriculoterapia, no Brasil e no mundo, incentiva a publicação de muitos livros,
artigos e políticas públicas em vários países.

Acesse o portal da Biblioteca Virtual de saúde de Medicina tradicional, complementar e


integrativa e pesquise novos estudos que comprovam a indicação da auriculoterapia para
diferentes tratamentos de agravos de saúde. Disponível em: https://bit.ly/39yHYiv

Vamos, agora, compreender a anatômica e a somatotopia do pavilhão auricular para


orientar a localização dos pontos energéticos nas próximas unidades.

Anatomia e Somatotopia
do Pavilhão Auricular Externo
O pavilhão auricular está situado em ambos os lados da cabeça, atrás da articulação
temporomandibular e da região parotídea, antes da região mastoide e abaixo do temporal,
unindo-se à cabeça pela parte média de seu terço anterior. Ele é constituído por um tecido
fibro cartilaginoso e tecido adiposo e conjuntivo, rico em terminações nervosas, vasos san-
guíneos e linfáticos. A orelha externa é formada pela orelha (pavilhão) semelhante a uma
concha, que capta o som, e o meato acústico externo que conduz o som até a membrana
timpânica (SOUZA, 2001). As áreas anatômicas do pavilhão auricular são:

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Figura 3 – Áreas do pavilhão auricular
Fonte: Adaptada de Getty Images

O reconhecimento das áreas do pavilhão auricular é de vital importância para a correta


localização dos pontos auriculares e tratamento:
• Hélice ou Hélix: É o contorno da orelha;
• Raiz da hélice: Proeminência que divide a cavidade da concha e a cimba da concha;
• Antélice ou anti-hélix: Proeminência superior que se divide em duas partes, ficando
entre elas uma região em forma de triangulo;
• Fossa triangular: A região entre as divisões da antélice, chamada de raiz superior
e inferior da antélice;
• Fossa escafoide ou escafa: Sulco formado entre a hélice e a antélice;
• Trago: Proeminência localizada sobre o meato auditivo, em geral é triangular ou
arredondada e, em algumas pessoas, divide-se em duas partes;
• Antitrago: Estrutura semelhante ao trago, mas do lado contrário, no início do hélice;
• Incisura intertrágica: Depressão formada pelo trago e o antítrago;
• Cimba da concha: É a metade superior da cavidade central da orelha;
• Cavidade da concha ou concha cava: É a metade inferior da cavidade central
da orelha;
• Lóbulo: Porção carnosa na parte inferior da orelha.

Segundo a teoria reflexa, os órgãos, glândulas e demais regiões do corpo podem


estar vinculados às áreas anatômicas do pavilhão auricular acima listados. Como o
microssistema auricular é considerado uma somatotopia, esse é réplica holográfica de
nosso corpo, sendo usado para diagnóstico e tratamento (SILVA, 2019).

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UNIDADE Introdução à Auriculoterapia

Replica holográfica (holograma): É um registro ou representação de uma imagem em três


dimensões. O nome holograma deriva de holografia (grego holos (todo, inteiro e graphos
(sinal, escrita). Os hologramas possuem uma característica única: cada parte deles possui
a informação do todo. Assim, um pequeno pedaço de um holograma terá informações de
toda a imagem do mesmo holograma completo (SILVA-FILHO, 2019).

Trocando Ideias...
Nosso corpo pode enviar sinais de desarmonia energética nos diferentes pontos distri-
buídos no pavilhão auricular, por isso, é importante conhecer a correlação anatômica
auricular com as diferentes partes do corpo humano para saber coletar informações su-
ficientes para um bom diagnóstico e um tratamento efetivo.

Observe, agora, a correspondência anatômica com o corpo humano:

Figura 4 – Correspondências anatômicas auriculares com o corpo humano


Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

Após observar a figura anterior, veja as correspondências que seguem:


• Lóbulo: Corresponde às zonas de reflexo da cabeça e da face;
• Antitrago: Corresponde às zonas de reflexo da cabeça e do cérebro. Para facilitar a
localização dos pontos do antitrago, podemos traçar uma linha a partir do seu ápice
anatômico até o ponto do pulmão; outra linha em forma de arco desde a incisura
superior do antítrago até seu lado anterior;
• Incisura superior do antitrago: Corresponde às zonas de reflexo do tronco cerebral;
• Hélice: Os pontos localizados na hélice/hélix servem para diagnóstico e
trata­
mento: Hélice 1 (aumenta a imunidade), Hélice 2 (relaxante muscular
e analgésico correspondente à lombalgia), Hélice 3 (relaxante muscular e analgé­
sico correspondente a dores nos ombros), Hélice 4 (relaxante muscular e analgésico
corres­pondente à cervicalgia, odontologia, ATM), Hélice 5 (tensão emocional) e
Hélice 6 (psiquismo);

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• Antélice: Esta parte do pavilhão auricular está relacionada com o tronco e as regiões
cervicais, dorsais e lombares;
• Cruz superior do antélice: Corresponde às zonas de reflexo dos membros inferiores;
• Cruz inferior do antélice: Corresponde às zonas de reflexo da região glútea, do nervo
ciático e do nervo simpático;
• Fossa escafoide: Corresponde às zonas de reflexo dos membros superiores;
• Incisura superior do trago: Corresponde às zonas de reflexo do ouvido externo;
• Raiz do hélice: Corresponde à zona de reflexo do diafragma;
• Concha da cimba: Distribuem-se todos os pontos representativos das zonas de reflexo
da cavidade abdominal;
• Concha cava: Distribuem-se todos os pontos representativos das zonas de reflexo
da cavidade torácica;
• Rodeando a raiz do hélice: Distribuem-se todos os pontos representativos das
zonas de reflexo do sistema digestivo, desde a boca até o intestino grosso;
• Fossa triangular: Corresponde às zonas de reflexo da pélvis e aparelho ginecoló-
gico interno e outros pontos de caráter funcional;
• Incisura intertrago: Corresponde às zonas de reflexo do sistema endócrino;
• Trago: Esta área do pavilhão auricular reflete a laringe, faringe, nariz, glândulas
suprarrenais. Além disso, é inervada pelo nervo tempo-auricular. Os pontos distri-
buem-se no lado externo e interno do trago.

Nas próximas unidades,s você irá conhecer os fundamentos, os mapas, indicação, função
e localização dos pontos auriculares segundo as escolas francesa, chinesa e brasileira, bem
como as orientações dos estudos da neurociência. Você irá perceber que a localização dos
pontos no mapa chinês e francês podem apresentar algumas divergências. Contudo, fique
tranquilo, porque se sabe que a auriculoterapia promove um estímulo da projeção cerebral
relacionada às áreas reflexas proximais (DEL MAS, 2004; UFSC, 2016). A relação ponto
auricular-cérebro-órgão é que torna a auriculoterapia compatível com tratamentos das mais
variadas enfermidades, indiferentemente do mapa holográfico adotado. Assim, vamos con-
duzir seu aprendizado para que você possa selecionar e localizar os pontos de forma clara e
objetiva, associando o conhecimento da escola francesa e chinesa.

Na próxima unidade, vamos conversar sobre a localização dos pontos de acordo com
a abordagem da reflexologia, ou seja, segundo os fundamentos de Paul Nogier.

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UNIDADE Introdução à Auriculoterapia

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
A História da Auriculoterapia
https://youtu.be/MX02bgAtKFc

Leitura
Atlas de auriculoterapia de A a Z
https://bityl.co/8mN0
Efeitos da auriculoterapia sobre o estresse, ansiedade e depressão em adultos e idosos: revisão sistemática
https://bityl.co/8mMi

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Referências
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de indivíduos com hipertensão arterial atendidos em uma unidade de pronto atendimen-
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UNIDADE Introdução à Auriculoterapia

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