Você está na página 1de 6

DOENÇAS SISTÊMICAS E O OLHO

- Processo patológico de outra parte do corpo que atingem o olho, sendo o exame oftalmológico uma
oportunidade para o diagnóstico de doenças
- Terapia do quadro oftalmológico
Doenças abordadas
- Doenças vasculares
Retinopatia hipertensiva:
Oclusão da veia central da retina
Oclusão de ramo venoso da retina
- Distúrbios linfáticos / hematológico: Anemia falciforme
- Doenças granulomatosas: TB, toxaplasmose
- Doenças Hereditárias: Síndrome de Marfan
- Distúrbios endócrinas: DM e doença de Graves
- Doenças auto-imunes
Síndrome de Sjogren
LES
Artropatias soronegativas
- Doenças virais: AIDS
DIABETES
- Entre os distúrbios endócrinos, é a mais importante doença sistêmica com manifestações oculares
- Países ocidentais desenvolvidos: 12% casos cegueira
- EUA: 20x
- Estruturas envolvidas: cristalino (o aumento da glicemia leva a uma falsa miopia, por isso só faz exame de
refração compensado – Glicemia de Jejum < 180), íris e retina
- Principal fator para o nível de comprometimento da retinopatia diabética: tempo da doença
- Diagnóstico < 30 anos idade: aumento do risco de retinopatia
Aumenta 2% em cada ano e em 7 anos 50% vai ter retinopatia
- Outros fatores de risco: controle metabólico, HAS, dislipidemia, nefropatia diabética
- Catarata antes dos 60 anos e paralisia dos músculos extra-oculares (volta ao normal em torno de 6 meses
com controle da glicemia)
Patogênese
- Alterações capilares → Diminui fluxo → Quebra da barreira hematorretiniana → Aumento da
permeabilidade vascular, que se torna anômala → Edema (exsudato duro)
*Barreira hematorretiniana: endotélio capilar do vaso + epitélio pigmentar da retina (EPR). Apoia o capilar
e tem várias fenestrações por onde passam macromoléculas
- Alterações hematológicas: aumento da agregação plaquetária e de PMN
.
Clínica
- Retinopatia diabética proliferativa e não-proliferativa
Retinopatia diabética não proliferativa
Exsudato duro
Microaneurimas
Microhemorragias
Cruzamento arteriovenoso

Retinopatia diabética proliferativa


- Shunts A-V
- Quando crônica há a liberação de substâncias proliferetivas (VEGF – Fator de Crescimento Endotelial
Vascular é o principal) + retina hipóxica
Com isso há o aparecimento de Rubeosis iridis e retinopatia proliferativa
*Proliferação de neovasos (leva a hemorragias vítreas) → atinge o vítreo → descolamento
*Tratamento: Laser para diminuir a produção de VEGF, diminuindo a isquemia

ORBITOPATIA DE GRAVES ou ORBITOPATIA DISTIREOIDIANA


- Uma das afecções orbitárias mais frequentes e pode levar a inúmeras alterações funcionais e estéticas
- Etiopatogenia ainda não é totalmente conhecida
- Desordem autoimune decorrente de anormalidade na reatividade do linfócito T que reconhece um
antígeno compartilhado
- Migração de células inflamatórias → espessamento dos MEO (células ficam fusiformes) + aumento no
volume do tecido adiposo orbitário
Exames
- Hormônios: T3 e T4 podem ser normais, pois a doença ocorre antes, durante ou depois do
hipertireoidismo
- Ac antimicrossomais e Ac anti-tireoglobulina e anti-receptores de TSH (Trab)
- Todos os pacientes com Graves possuem esses ac em algum período da doença
- 10-25%: sem sinais clínicos ou laboratoriais de hipetireoidismo
Clínica
- 40%: desenvolvem sintomas e sinais oftálmicos
- Proptose, edema e retração palpebral, hiperemia e quemose (edema) conjuntival, úlcera corneana e
neuropatia óptica compressiva
*Hiperemia e quemose indicam doença em atividade
- Sinal de Dalrymple: retração palpebral na posição primária (quase patognomonico)
- Sinal de Kocher: retração palpebral sob fixação atenta (“olhar assustado”)
- Sinal de Von Graefe: lag palpebral no olhar para baixo, evidenciando aumento na retração palpebral
- Exoftalmômetro de Hertel
Proptose => 22mm ou assimetrias > 2mm entre os olhos
- Desequilíbrios de motilidade ocular extrínseca: RI > RM> RS> MEPS
*Reto Inferior é o mais acometido
- Limitação da elevação do globo ocular que resulta em hipotropia
Tratamento
- Clínico:
Elevar cabeceira da cama
Oclusão palpebral noturna
Uso de lubrificantes
Quadros mais graves: ssupressor)1º corticoide (2º imuno; radioterapia para reduzir a infiltração
linfocitária e controlar a atividade inflamatória
- Cirúrgico:
Descompressão orbitário (ressecção de gordura e osso)
Blefaroplastia (correção das pálpebras)
Correção de estrabismo (só na fase crônica, pois na aguda pode melhorar ainda)

HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA


- Primeira resposta das arteríolas retinianas à HAS é o estreitamento → montante de fibrose
- HAS mantida → ruptura da barreira hematorretiniana → permeabilidade vascular aumentada
Patogenia
- Vasoconstricção: focal e generalizado
- Extravasamento: Hemorragias, edema retiniano e exsudatos (ocorre pela quebra da barreira
hematorretiniana)
- Arteriosclerose: mudanças marcantes no cruzamentos AV
- Com isso: risco aumentado de oclusão de veia central da retina e de seus ramos
*Fundoscopia: exsudatos algodonosos (“pontos brancos”) + palidez do disco óptico; ambos pela isquemia

ANEMIA FALCIFORME
- Falcização das hemácias
- Pacientes com isquemia vascular na retina periférica
- Shunts Av – junções entre retina perfundida e retina isquêmica
- Neovascularização periférica com componente fibroso

ESPONDILITE ANQUILOSANTE
- Artrite inflamatória crônica, idiopática
- Homens, segunda e terceira décadas de vida
- 90% HLAB27
- Dor lombar e rigidez
- Esqueleto axial
- Irite aguda recorrente em 30% pacientes
- Bom prognóstico visual longo prazo

SÍNDROME DE REITER
- Poliartrite periférica soro negativa relacionada a quadro infeccioso urogenital ou disentérica
- Tríade: uretrite, conjuntivite e artrite soronegativa
- Homens, terceira década de vida
- HLA B27 +, FR -
- Manifestações oculares: conjuntivite bilateral e mucopurulenta, irite aguda (20%) e ceratite
LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
- Envolvimento sistêmico difuso: lesões cutâneas “em borboleta”, pericardite, fenômeno de Raynaud,
comprometimento renal, artrite, anemia e sinais de doença do SNC
- Quase todas as estruturas oculares
- Esclerite, conjuntivite e olho seco (25%)
- Uveítes são raras
- Retina: oclusões arteriolares, provavelmente com manifestação de artrite
*Fundoscopia 1: Proliferação fibrovascular com hemorragia vítrea, DR tracional e roturas retinianas
*Fundoscopia 2: Hemorragia arteriolar e venular; periflebite, aspecto congelado; edema de disco

ARTRITE REUMATOIDE JUVENIL


- Artrite inflamatória idiopática incomum
- Pelo menos 3 meses, em crianças < 16 anos
- Manifestação ocular mais importante
- Nas formas poliarticular e pauciarticular (responsáveis por aproximadamente 80% dos casos)

SÍNDROME DE SJOGREN
- Afecção poliglandular generalizada → ressecamento dos olhos, boca, pele e membranas mucosas
- Hipergamaglobulinemia (50%), artrite reumatóide (70-90%) e anticorpo antinuclear (80%)
- Glândulas salivares e lacrimais → xerostomia e olho seco
- Quarta, quinta e sexta décadas de vida

DOENÇA DE BEHÇET
- Desordem multissistêmica idiopática
- Homens jovens (3º e 4º décadas vida)
- Vasculite obliterante causada pela circulação anormal de imunocomplexos
- Úlceras orais aftosas, úlceras genitais recorrentes e lesões dermatológicas (eritema nodoso, pústulas e
úlceras)
- Outras características: tromboflebites, artropatia, lesões TGI, cardiovasculares e SNC
- 70%: inflamação intraocular bilateral recorrente, predomínio seguimento anterior ou posterior
- Iridociclite aguda recorrente → hipópio transitório
- Segmento posterior: extravasamento vascular difuso, periflebite, retinite
*Fundoscopia 1: Vasculite retiniana localizada
*Fundoscopia 2: Uveíte: Snowbanks

SÍFILIS
- Treponema pallidum
- Sífilis ocular é rara
- Não há sinais patognomônicos
- Pode simular muitas desordens oculares → causando diagnóstico errado e atraso no tratamento
- Considerar a doença: em qualquer caso de inflamação intraocular resistente a terapia convencional
- Madarose
- Cancro primário da conjuntiva
- Esclerite, episclerite
- Ceratite intersticial (sífilis congênita)
- Uveíte
- Coroidite multifocal ou unifocal
- Neurorretinite
- Neurites

TUBERCULOSE
- Comprometimento ocular: 1-2%
- Tubérculos nas pálpebras
- Conjuntivite
- Ceratite intersticial
- Uveíte: presuntiva
*Caso não responsivo a esteróides e achados negativos para outras causas
- Esclerite
- Granuloma de coroide
- Vasculite retiniana
- Toxoplasma gondii: protozoário intracelular obrigatório
- O gato é o hospedeiro definitivo
- 3 formas: esporocisto, bradizoíta, taquizoíta
- Ingestão de carnes malcozidas com bradizoítas, contaminação das mãos ao manusear dejetos de gatos ou
via transplacentária
- Toxoplasmose sistêmica congênita: abortamentos, convulsão generalizada, paralisia, febre, envolvimento
visceral
- Maioria dos casos subclínicos
- A recorrência de uma infecção ocular antiga por toxoplasmose congênita : principal retinite infecciosa em
pessoas sadias
- Recorrência entre 10-35 anos, quando os cistos se rompem
- A primeira lesão é uma retinite interna
- Uveíte granulomatosa ou não

AIDS
- Alterações oculares: 75%
- Segmento anterior: uveíte, herpes zoster oftálmico severa, sarcoma Kaposi acometendo pálpebras e
conjuntivas
- Microangiopatia retiniana: Manchas algodonosas , hemorragias e microaneurismas
- Retinite por CMV. Cd4 < 50 . Central ou periférica

SÍNDROME DE MARFAN
- Aumento do comprimento dos ossos longos, dedos das mãos e pés
- Ligamentos relaxados
- Doenças cardíacas e deformidade da espinha e articulações
- Achados oculares: Deslocamento súpero-temporal do cristalino

Você também pode gostar