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Estudo dirigido dos casos clínicos da Bioquímica Clínica

Professora: Giselle Martins Gonçalves


Departamento de Medicina
Fundação Universidade Federal De Rondônia – UNIR

Assunto : Métodos de diagnóstico bioquímico dos distúrbios de carboidratos

Caso clínico 1:

David Mandel foi diagnosticado com diabetes mellitus tipo I (dependente de insulina) aos 12
anos de idade. No momento de seu diagnóstico, David estava no ensino médio. Ele era um
excelente aluno e tinha muitos amigos. Numa festa do pijama, aconteceu o inimaginável:
David molhou o saco de dormir! Ainda, ele não tinha contado aos pais que há a alguns dias
sentia constantemente sede e urinava a cada 30 a 40 minutos. Além disso, apesar de um apetite
voraz, ele parecia estar perdendo peso; todas as suas calças estavam soltas na cintura. Os
pais de David, ao tomar ciência desses fatos entraram em pânico e levaram David para ver
seu pediatra imediatamente. O pediatra realizou um exame físico e solicitou exames
laboratoriais.
Exame físico e laboratorial:

Altura= 1,61m
Peso= 45,5 Kg (perda de peso nos últimos meses =2,5kg)
PA= 90/55mmHg deitado e 75/45mmHg de pé
Glicemia em jejun = 320 mg/dL (VR 70-99 )
Corpos cetônicos no plasma = +1 (N= ausência)
Glicosúria = +4 (N= ausência)
Corpos cetônicos na urina = +2 (N= ausência)

Todos os resultados foram consistentes com o diagnóstico de diabetes mellitus tipo I


(dependente de insulina). David imediatamente começou a tomar insulina injetável e aprendeu
a monitorar seu nível de glicose no sangue com um dedo. Ele se destacou no ensino médio e
ganhou uma bolsa de estudos na universidade estadual, onde atualmente é aluno pré-médico
e está planejando uma carreira em endocrinologia pediátrica. Ele faz exames periódicos com
seu endocrinologista, que monitora de perto sua função renal.

Caso clínico 2:

A.G.D é uma mulher de 60 anos de idade, apresenta queixas de poliúria, polidipsia,


hiperpigmentação na região cervical posterior (acantose nigricans) e infecções urinárias de
repetição. O pai faleceu aos 54 anos de idade de IAM e mãe tem HAS e DM tipo 2. Refere
sedentarismo, mas realiza uma dieta balanceada com alimentos nutritivos e pouco gordurosos.
Seus exames de hemoglobina glicada de 7,2% e glicemia em jejum de 198mg/dL confirmam
a suspeita de DM tipo 2. O médico então prescreve metformina de 850mg 2 vezes ao dia e
exercício físico moderado de pelo menos 30 minutos 4-5 vezes por semana ( pex: caminhada)

01. Qual é a diferença fisiopatológica o DM tipo 1 e tipo 2?

02. No quadro 1 do documento Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, essa doença


pode ser classificada em 4 tipos. No que consiste o tipo 3 e o tipo 4?

03. Quais são os testes e valores de referência que podem ser usados do diagnóstico do DM?

04. Qual é o tempo adequado de jejum que deve ser realizado pelo indivíduo que fará o teste
de glicemia em jejum?

05. Quais são os pacientes que o médico não pode utilizar a hemoglobina glicada como teste
de diagnóstico para o DM?

06. No que consiste a pré-diabetes? Quais os testes e valores de referência que determinam o
pré-diabético. Qual a importância do diagnóstico do pré-diabético para o indivíduo e para
medicina?

07. Como é feito o diagnóstico laboratorial da diabetes gestacional?

08. Quais são os cuidados que devem ser realizados antes de um teste de TOTG numa gestante?

09. Na prática clínica e laboratorial, os principais desafios quanto a precisão da dosagem de


glicose são os erros pré-analíticos. Explica esses possíveis erros.

10. No caso clínico 3, o médico para analisar rapidamente a glicemia de seu paciente ele
utilizou o teste de glicemia capilar. Além desse teste poder ser realizado pelo médico ele pode
ser realizado nos postinhos de saúde e até pelo paciente que tem condições de obter uma dessa
máquina em sua casa para fazer a automonitorização. Qual a importância desse teste para o
médico e para os pacientes portadores de DM? Esse teste pode fazer o diagnóstico de diabetes?

12. Como a avaliação laboratorial da resistência a insulina pode ser realizada? O que é índice
HOMA?

13. Quais são os testes utilizados no rastreamento do DM -2?

14. Um paciente que já foi diagnosticado nas consultas anteriores com DM, precisa fazer um
acompanhamento regular da doença com um médico da família. Nessas consultas o médico
precisa monitorar a glicemia para verificar a adesão do paciente ao tratamento não
medicamentoso (dietético e atividade física regular) e/ou se a dosagem do tratamento
medicamentoso está adequada. Qual é o teste bioquímico que o médico pode solicitar para
fazer essa análise? Explique. Para o paciente que não pode realizar esse exame (paciente
portador de uma hemoglobinopatia) qual seria uma alternativa?

14. Uma das principais complicações do DM é a nefropatia diabética. Qual é o melhor teste
para acompanhar a função renal de um paciente com DM?
15. Para pacientes com DM tipo 1 é comum aparecer corpos cetónicos na urina, como mostrado
no caso clínico. Explique como ocorre esse aumento metabólico no sangue e na urina? Por que
isso é mais comum no DM-1 do que no DM-2?

16. Em que situações e qual a importância da análise de insulina sérica?

17. Por que o teste que analisa o peptídeos C é melhor do que o teste que analisa a insulina? O
que é peptídeo C.

18. Para um paciente que faz uso de insulinoterapia, um efeito colateral indesejável, mas
comum é a hipoglicemia. Como a hipoglicemia pode ser monitorada? Quais são os sinais e
sintomas clínicos da hipoglicemia?

A.M. é uma mulher de 58, branca e mãe de duas filhas (25 e 19 anos, sendo que a mais nova
nasceu com 4300kg). A situação socioeconômica da família é difícil caracterizada por uma
renda familiar muito baixa para uma família de 6 pessoas ( a filha mais nova é mãe solteira de
um bebê), o que gera uma carga de estresse para a paciente. Apresenta diagnóstico de HAS
há 15 anos e DM-2 há 12 anos que foram achados ocasionalmente numa consulta de rotina.
História familiar de HAS e DM-2 (mãe, pai e irmã). Tabagista a 43 anos (10 – 15 cigarros/dia).
Comparece à unidade de saúde de Porto Velho, para consulta com o médico da família e
reiniciar o acompanhamento, queixando-se de uma lesão no pé direito há 15 dias e que não
conseguiu “curar”.
Ela faz uso dos seguintes medicamentos:
Lozartan (100 mg/dia), um antagonista dos receptores de de angiotensina II associado a
hidroclorotiazída (25mg/dia) para o controle da pressão arterial.
Metformida (1,5g/ dia) e glibenclamida( 5mg/dia), dois hipoglicemiantes orais.
Relata uso correto dos medicamentos exceto a metfromina de 850 mg que reduziu a dose
para um comprimido por dia, por efeitos adversos.
Referiu dificuldade em seguir a dieta e fazer as caminhadas devido as dores nas pernas.

Exame físico:

Peso 92Kg
Altura: 157 cm
IMC: ?
Circunferência abdominal 110 cm
HGT: 232 mg/dL
PA: 160 X 100 mmgh
ACV: RR2T bp
FC: 76bpm
AP: pulmões limpos
MMII – edema ++ /4
Abdome globoso, sem visceromegalias
Inspeção: presença de úlcera rasa, sem processo infeccioso aparente de, aproximadamente,
2 cm de diâmetros, na face plantar do hálux D
Teste de sensibilidade (Semmes-Weinstein ) mo monofilamento de 10g, no qual a paciente
apresentou insensibilidade.
O médico solicitou os exames de laboratório ( hemograma, glicemia em jejum, perfil
lipídico, ácido úrico, creatinina, proteínuria, exame de urina e urocultura), ECG em repouso
e RX de tórax. Orientou o uso correto das medicações e ressaltou a importância da dieta e
do exercício físico para a sua condição. Encaminhou a paciente até a enfermaria para
cuidados preventivos com os pés e orientações de curativo e marcou retorno para daqui a
15 dias.
A paciente retorna a US na data marcada, assintomática com a ferido no pé cicatrizada.
Traz os exames solicitados e informa estar tomando os medicamentos regularmente,
tentando caminhar um pouco, mas “as pernas não estão muito firmes”. Sente-se triste pela
necessidade de controle dietético. A medida da pressão doi 145 x 90 mmHg, o HGT
187mg/dL, em jejum e o peso 91 kg.

Resultado dos exames realizados:

ECG: ritmo sinusal com índice de Cornell positivo (HVE)

Hemograma normal
QUE: normal
Urocultura: negativa
Glicemia em jejum: 180mg/dL
Glicemia 2 horas após a ingestão de glicose: 220mg/dL
Hbglic: 8,9%
Creatinina: 1mg/dL
Ácido úrico: 7mg/dL
HDL: 38mg/dL
Colesterol: 280mg/dL
Triglicerídeo: 420mg/dL
LDL: 180mg/dL
Proteinúria 24h: 272mg

Diante desses resultados o médico decidiu fazer alterações no tratamento medicamentoso


da paciente introduzindo insulina NPH (10UI às 22h), estatinas (40mg à noite) e AAS
(100mg/dia). Também fez o encaminhamento da paciente para oftalmologia e cardiologia
para realizar a classificação do risco cardiovascular.
Também solicitou o controle da glicemia de jejum ( HGT) a cada 3 dias. Pediu que retornasse
em 30 dias .

Na consulta seguinte apresenta PA: 130/90mmHg, HGT 125 mg/dL em jejum e peso 89 kg. A
avaliação com oftalmologia identificou presença de micro aneurisma, pequenos exsudatos
(extravasamento de lipoproteínas) e hemorragias puntiformes intrarretinianas. Foi mantido
o tratamento farmacológico reintegrou a paciente no grupo de controle da glicemia com
dietas e exercícios físicos e medidas para melhora da qualidade de vida e fez uma
abordagem sobre a importância da cessação do tabagismo para a sua condição.

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