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Índice
1. Introdução......................................................................................................................................3
1.1 Objectivos...............................................................................................................................3
1.1.1 Objectivo geral:..............................................................................................................3

1.1.2 Objectivos específicos:...................................................................................................3

1.2 Problema.................................................................................................................................3
1.3 Hipóteses................................................................................................................................3
1.4 Justificativa.............................................................................................................................4
2. Metodologia...................................................................................................................................4
3. Política dos Dividendos..................................................................................................................5
3.1 O que é “política de dividendos”?..........................................................................................5
3.2 Formas de Distribuicao de Dividendos...................................................................................5
3.2.1 Dividendo em dinheiro...................................................................................................5

3.2.2 Dividendos em acções (stock dividends).........................................................................5

3.3 Teorias da política dos dividendos..........................................................................................6


3.4 Factores que afectam a política dos dividendos......................................................................7
3.5 Tipos de políticas de dividendo............................................................................................10
3.6 Procedimentos de pagamento...............................................................................................11
3.7 Efeito da política de dividendos sobre o valor da empresa: a posição tradicional.................12
3.8 Planos de Reinvestimento de Dividendos.............................................................................14
4. Conclusão.....................................................................................................................................14
5. Bibliografia..................................................................................................................................15
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Resumo

Actualmente as sociedades anónimas atravessam um grave problema em como distribuir os


dividendos, em qual política adoptar para essa distribuição. Dividendo é a quantia monetária
distribuída aos accionistas de uma sociedade anónima com vista à remuneração de seus
capitais investidos, elevando assim o valor das acções da empresa tornando-a mais apreciável
no mercado de capitais. Existe no entanto um conflito eminente entre a maximização do valor
da empresa e a maximização do valor dos accionistas, pois a empresa precisa investir para que
o seu negócio se espalhe e possa assim conquistar uma grande quota de mercado, o que leva
aos gestores financeiros a um grande quebra cabeça entre distribuir os lucros da empresa e
maximizar o valor das acções ou retê-los para o investimento e posterior crescimento da
empresa. Assim surgem as politicas de dividendos que são as decisões sobre quanto de lucro
será distribuído na forma de dividendos e quanto será retido para reinvestimento.

O trabalho reflecte as diversas políticas que cada empresa pode adoptar, sendo que as decisões
dos administradores financeiros devem ser consistentes com objectivo de maximização da
riqueza dos proprietários da empresa, tendo em conta o quanto ficará retido na entidade, bem
como dos motivos que levaram a esta retenção.

Palavras-chave: Dividendos, Política de dividendos, objectivos da empresa.


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1. Introdução
Geralmente, as pessoas quando realizam investimentos esperam um retorno completamente
positivo, sejam eles investimentos de renda fixa ou variável. Para aqueles que investem na
renda variável, por exemplo, acções recebem seu retorno em forma de dividendos, sendo esta
ocorrência explicada pela política de dividendos, que é o plano de acção da empresa a ser
seguido por ocasião de tomada de decisão a respeito do pagamento de dividendos. Existem
várias políticas para o tratamento do dividendo. No entanto, cabe aos administradores
financeiros adoptar uma política consistente com os objectivos da empresa tanto de médio
assim como de longo prazo. Nesta temática debruçar-se-á acerca das teorias de política de
dividendos e seus aspectos relevantes, assim como os factores que influenciam a política de
dividendos.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral:


 Analisar as políticas de dividendos e suas aplicações às empresas.

1.1.2 Objectivos específicos:


 Entender os procedimentos de pagamentos de dividendos;
 Discutir os principais factores envolvidos no estabelecimento da política de dividendo;
 Rever e avaliar os três tipos básicos de política de dividendo;
 Avaliar os dividendos pagos em acções, dos pontos de vista contabilístico, do
accionista e da empresa;
 Explicar desdobramentos e recompras de acções bem como a motivação da empresa
para realiza-los.

1.2 Problema
A existência de inúmeras políticas de dividendo a serem adoptadas pelas empresas, levanta-se
a seguinte questão:

 Qual é o efeito no valor da empresa com a escolha de uma?

1.3 Hipóteses
H1- Uma alta distribuição dos lucros trará um grande valor para a empresa.

H2 – A distribuição dos dividendos não afecta de nenhum modo o valor da empresa, pois, o
valor da empresa depende apenas do lucro produzido pelos seus activos.
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1.4 Justificativa
Ao observar-se várias empresas, surgiu a seguinte questão: a distribuição de dividendos
aumenta ou nao o valor da empresa? Portanto notou-se a viabilidade de elaborar um projecto
de pesquisa com enfase na disseminação do conhecimento sobre a politica de dividendos de
distribuição e a sua influência no valor da empresa.

2. Metodologia
Para elaboração desse trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o método
indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular
para uma questão mais ampla, mais geral.
Para Lakatos e Marconi (2007:86), indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo de argumentos indutivos é
levar a conclusões cujo conteúdo é mais amplo do que o das premissas nas quais nos baseia-
mos.
Para efectivação deste trabalho, usou-se como metodologia a técnica de recolha de dados,
através de pesquisas bibliográficas que foram desenvolvidas com base no material já
elaborado, constituindo principalmente livros, manuais de diferentes instituições, jornais e
textos retirados da internet.
Após a utilização destas técnicas metodológicas, culminou com a elaboração deste trabalho.
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3. Política dos Dividendos


As decisões dos administradores financeiros devem ser consistentes com objectivo de
maximização da riqueza dos proprietários da empresa. Das diferentes decisões relacionadas
com esse objectivo, uma das mais controversas diz respeito ao destino dos lucros gerados, ao
qual pode ser distribuído, no tudo ou em parte, os accionistas, na forma de dividendos.

3.1 O que é “política de dividendos”?


Segundo Antonio Lopo Martinez, “política de dividendos é a decisão sobre quanto de lucro
será distribuído na forma de dividendos e quanto será lucro retido1 para reinvestimento.
Devido ao fato de empresas estarem utilizando do mecanismo de recompra de ações, um
termo mais apropriado seria “política de distribuição.”

3.2 Formas de Distribuicao de Dividendos


A distribuição dos dividendos pode ser feita em dinheiro ou sob forma de acções.

3.2.1 Dividendo em dinheiro


Os dividendos esperados em dinheiro constituem a principal variável de retorno com a qual os
proprietários e os investidores determinam o valor da acção. Representam uma fonte de fluxo
de caixa para os accionistas e fornecem informações sobre o desempenho actual e futuro da
empresa.

3.2.2 Dividendos em acções (stock dividends)


Um dividendo em acções consiste no pagamento, aos proprietários existentes, de um
dividendo sob a forma de acções. As empresas muitas vezes pagam dividendos em acções
para substituir ou complementar os dividendos em dinheiro. Embora os dividendos em acções
não possuam valor real, os accionistas podem encará-los como algo que não tinham antes.

A política de distribuição de dividendos da empresa encontra-se ligada a um conjunto de


aspectos de natureza diversa, de entre os quais se salienta:

1. Os legais e estatutários: a legislação em vigor, o pacto social da empresa e a eventual


existência de contractos celebrados com determinadas entidades podem traduzir-se em
condicionalismos à aplicação dos lucros anuais das empresas e afectar a política da
própria distribuição;

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Lucros retidos Lucros nãodistribuídos aos proprietários sob a forma de dividendos —uma forma de
financiamentointerno.
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2. Os estratégicos: a política de distribuição de dividendos é condicionada pelas


necessidades financeiras resultantes do desenvolvimento da empresa; quanto mais
acentuado o ritmo for, os gestores podem ser levados a privilegiar a retenção dos
lucros, para poder fazer face a eventuais riscos financeiros estruturais, em detrimento
da sua distribuição aos sócios;
3. Os económicos: os capitais próprios têm custos explícitos, os dividendos, ou custos
implícitos, como por exemplo: a impossibilidade da concretização futura de aumentos
de capital social devido a uma política de remuneração dos capitais próprios
demasiado severos; sendo os custos dos capitais próprios não aceites fiscalmente, as
empresas rentáveis e sujeitas à tributação normal podem revelar interesse no recurso
dos capitais alheios;
4. Os financeiros: o recurso aos capitais alheios, para o financiamento das aplicações
totais, tem também custos explícitos e implícitos, actuais ou futuros, como por
exemplo: a perda de oportunidade da realização de novos investimentos em capital
fixo ou da conquista de novos mercados, etc.; a necessidade de preservação de
determinado nível (de equilíbrio) da tesouraria podem influenciar a oportunidade de
reembolso dos dividendos distribuídos.

3.3 Teorias da política dos dividendos

 Teoria da irrelevância dos dividendos

Teoria de Modigliani e Miller segundo a qual, em um mundo perfeito, o valor da empresa é


determinado exclusivamente pelo poder de geração de resultados e pelo risco de seus ativos
(investimentos). A forma pela qual ela distribui os lucros entre dividendos e fundos retidos (e
reinvestidos) não afeta esse valor, ou seja, o valor da empresa depende apenas do lucro
produzido pelos seus activos, não de como o lucro é distribuído entre dividendos e lucros
retidos.
Assim sendo, Investidores são indiferentes entre dividendos e retenção que gera ganhos de
capital. Se eles querem caixa, eles podem vender ações. Se eles não querem caixa, eles podem
utilizar dividendos para comprar ações.
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 Teoria do pássaro na mão

Outra suposição da teoria da irrelevância da política de dividendos de MM é de que a política


dos dividendos não afecta a taxa de retorno (Ks) exigida pelos investidores sobre o
património. Os MM argumentam que Ks é independente da política de dividendos, o que
implica que os investidores são indiferentes entre D1/P 0 e g, e, portanto, entre dividendos e
ganhos de capital.

Estes autores classificam o argumento de Gordon de falacia de pássaro na mão. Na opinião


de MM a maioria dos investidores planeia reinvestir seus dividendos nas acções das mesmas
empresas ou de empresas semelhantes e, de qualquer maneira, o factor risco dos fluxos de
caixa de empresa para os investidores a longo prazo é determinado apenas pelo risco dos seus
fluxos de caixa operacionais, e não pela sua política de dividendos.

Teoria proposta por Gordon e Lintner ( teoria pássaro na mã), segundo a qual há uma
relação direta entre a política de dividendos da empresa e seu valor de mercado.
Esta teoria diz que o valor de uma empresa será maximizado por uma alta distribuição dos
lucros na forma de dividendos (Brigham & Weston, 10ª edição). Investidores assumem que
dividendos representam menos risco que potenciais ganhos de capital no futuro, dessa forma,
eles gostam de dividendos. Dessa forma, um alto índice de pagamentos resultaria em um
baixo ks , e um alto P0.

 Teoria da preferência tributaria

Há três razões relativas a impostos que nos levam a pensar que os investidores poderiam
proferir um pagamento baixo de dividendos a um pagamento alto. O problema é que os
dividendos são tributados a taxas elevadas do que os ganhos de capital. Devido a existência de
vantagens fiscais, pensam que os investidores podem preferir que as empresas retenham a
maioria dos seus lucros. Dito de outro modo, os investidores estariam dispostos a pagar mais
por empresas com baixas taxas de distribuição de dividendos do que por empresas com altas
taxas.

3.4 Factores que afectam a política dos dividendos

A política de dividendos de uma empresa representa um plano de ação a ser seguido


sempre que houver uma decisão a tomar a esse respeito e é desenvolvida de forma condizente
com suas metas.
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A maioria das empresas considera diversos factores ao formular a política de dividendos.


Entre eles estão:

 Restrições legais

As sociedades anónimas são proibidas de pagar como dividendos em dinheiro qualquer parte
do capital social da empresa, e que geralmente é medido pelo valor nominal das acções
ordinárias nos Estados norte-americanos. Essas restrições de impedimento de capital, em
geral, são estabelecidas para fornecer uma base patrimonial suficiente para proteger as
reivindicações dos credores.

As vezes é imposta uma solicitação de lucros que limita o montante de dividendos. Com essa
restrição a empresa não pode pagar mais em dividendos do que a soma dos seus lucros retidos
anteriores e mais recentes. Entretanto, a obrigação da empresa não é de pagar mais em
dividendos do que seus lucros correntes.

 Restrições contratuais

Frequentemente, a capacidade da empresa de pagar dividendos em dinheiro está limitada as


cláusulas restritivas em acordos de empréstimo. Geralmente, essas restrições proíbem o
pagamento de dividendos em dinheiro até que certo nível de lucro tenha sido atingido ou
podem limitar os dividendos a um montante em dinheiro ou percentagem de lucros. As
restrições sobre dividendos ajudam a proteger os credores dos prejuízos devido a insolvência
da empresa.

 Restrições internas

A capacidade da empresa de pagar dividendos em dinheiro em geral é restrita pelo montante


de activos líquidos (caixa e títulos negociáveis) disponíveis. Embora seja possível uma
empresa tomar emprestados fundos para pagar dividendos, os emprestadores em geral relutam
em fazer tais empréstimos porque estes não produzem benefícios tangíveis ou operacionais
que irão ajudar a empresa a restitui-los.

 Perspectivas de crescimento

Os requisitos financeiros estão directamente relacionados a sua expectativa de crescimento e


aos activos que precisará adquirir. Ela deve avaliar sua rentabilidade e risco para desenvolver
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uma noção clara de sua capacidade de levantar capital externamente. Além disso, a empresa
deve determinar o custo e a rapidez em obter financiamento.

Uma empresa em crescimento pode ter de depender fortemente do financiamento interno por
meio de lucros retidos e por isso é provável que pague apenas uma percentagem muito
pequena de seus lucros como dividendos. Uma empresa estabelecida está em melhor posição
para distribuir uma grande proporção de seus lucros, principalmente se tem fontes de
financiamento imediato.

 Condições do proprietário

A empresa deve estabelecer uma política de dividendos que tenha um efeito favorável sobre a
riqueza da maioria dos proprietários. Primeira consideração é a condição tributária dos
proprietários de uma empresa. Se uma empresa tem uma grande percentagem de accionistas
ricos e se enquadram na alíquota mais alta de pagamento de renda, ela pode decidir distribuir
uma percentagem mais baixa de seus lucros para permitir que os proprietários posterguem o
pagamento de imposto de renda até que eles vendam as acções.

Segunda consideração, oportunidades de investimento dos proprietários. Uma empresa não


deve reter fundos para investir em projectos que rendam retornos inferiores àqueles que os
proprietários obteriam de investimentos externos de igual risco. Se os donos têm melhores
oportunidades externamente, a empresa deve distribuir uma percentagem mais alta de seus
lucros.

Uma consideração final é a diluição potencial de propriedade. Se uma empresa paga uma alta
percentagem de lucros, novo capital próprio terá de ser levantado com acções ordinárias. O
resultado de nova emissão de acções ordinárias pode ser a diluição tanto do controle quanto
dos lucros dos proprietários existentes. Ao distribuir uma percentagem baixa de seus lucros, a
empresa pode minimizar tal possibilidade de diluição.

 Considerações do mercado

Acredita-se que os accionistas valorizam um nível crescente ou fixo de dividendos em


oposição a um padrão flutuante de dividendos. Além disso, acredita-se que os accionistas
valorizam uma política de pagamento contínuo de dividendos. Como pagar regularmente um
dividendo fixo ou crescente elimina a incerteza quanto à frequência e à magnitude dos
dividendos, os retornos da empresa e provavelmente serão descontados a uma taxa inferior.
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Isso deveria resultar em um aumento no valor do mercado das acções e, portanto, em um


aumento na riqueza dos proprietários.

Uma consideração final do mercado é o conteúdo informacional. Os accionistas vêem


frequentemente um pagamento de dividendos como sinal do futuro sucesso da empresa. Um
dividendo estável e contínuo é um sinal positivo, expressando a boa saúde financeira da
empresa. Os accionistas interpretam o não-pagamento de dividendo devido a uma perda ou a
lucros muito baixos como sinal negativo. O não-pagamento de dividendos cria incerteza
quanto ao futuro o que provavelmente resulta em um valor mais baixo das acções. Os
proprietários e investidores em geral interpretam o pagamento de dividendos durante um
período de perdas como uma indicação de que a perda é apenas temporal (Menezes, 13ª
edição).

3.5 Tipos de políticas de dividendo


1º Dividendo regular baixo, mais extras.

Uma política de pagamento de um dividendo regular baixo, mais um extra de fim de ano nos
bons anos é um compromisso entre um dividendo estável (ou taxa de crescimento estável) e
uma taxa de pagamento constante. Essa política dá flexibilidade a empresa. No entanto, os
investidores podem contar com recebimento de pelo menos um dividendo mínimo. Portanto,
se os lucros de uma empresa e os fluxos de caixa são bastante constantes, essa política bem
poderá ser melhor opção. Os directores podem estabelecer um dividendo regular
relativamente baixo – baixo o suficiente para que possam ser mantidos mesmo nos anos de
baixos lucros ou anos em que uma quantia considerável de lucros retidos seja necessária- e,
então, suplementá-la com um dividendo extra nos anos em que um excesso de recursos esteja
disponível.

2º Dividendo constante ou de crescimento continuo

No passado, muitas empresas estabeleciam um dividendo especifico anual em dinheiro, e


então o mantinham, aumentando o dividendo anual apenas se parecesse claro que os lucros
futuros seriam suficientes para permitir que o novo dividendo fosse mantido. Um resultado
dessa política foi esta regra: nunca reduza o dividendo anual.

3º Política de dividendos residuais


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Na prática, a política dos dividendos é muito influenciada pelas oportunidades de


investimento e pela disponibilidade de recursos que financiam os novos investimentos. Esse
facto levou ao desenvolvimento de uma política de dividendos residuais, que afirma que
uma empresa deveria seguir as seguintes etapas ao se decidir sobre seu índice de distribuição:

(1) determinar o orçamento óptimo de capital;

(2) determinar a quantia de capital necessária para financiar esse orçamento;

(3) utilizar os lucros retidos para proporcionar o componente de capital próprio na medida do
possível; e

(4) distribuir os dividendos apenas se houver mais ganhos disponíveis do que os que são
necessários para sustentar o orçamento óptimo de capital.

A palavra residual significa “sobra”, e a política residual implica que os dividendos deveriam
ser distribuídos apenas a partir dos lucros que “sobraram”.

A política residual baseia-se no facto de que os investidores preferem que a empresa


retenha e reinvista os lucros e que ela os pague em dividendos, se a taxa de retorno que a
empresa pode ganhar sobre os lucros reinvestidos ultrapassar a taxa que os investidores, em
média, podem obter por própria conta sobre outros investimentos de risco comparável.

3.6 Procedimentos de pagamento


Os dividendos são pagos em geral trimestralmente e, se as condições permitirem, são
aumentados uma vez por ano. O procedimento real de pagamento é o seguinte:

1. Data de declaração. Na data de declaração-digamos,13 de Novembro-, os directores


reúnem-se e declaram o dividendo regular, emitindo uma demonstração semelhante a
esta: “Em,13 de Novembro de 1992, os directores da Companhia XYZ reuniram-se e
declararam o dividendo trimestral regular de 50 centavos por acção, pagável aos
accionistas registrados em 11 de Dezembro, pagamento a ser efectuado em 04 de
Janeiro de 1993”. Para fins contáveis, o dividendo declarado torna-se um passivo real
na data de declaração, e se um balanço fosse elaborado, a quantia (0,50) x (Numero de
acções em circulação) apareceria como um passivo circulante e os lucros retidos
seriam reduzidos por uma quantia semelhante.
2. Data de Registro do accionista. Fixada pelos directores da empresa, é a data na qual
todas as pessoas que estiverem registradas como accionistas receberão o dividendo
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declarado No fechamento das actividades na data de Registro do accionista, 11 de


Dezembro, a empresa encerra seus livros de transferência de acções e elabora uma
lista de accionistas nessa data. Se a Companhia XYZ for notificada da venda e
transferência de algumas acções antes das 17horas em 11 de Dezembro, então o novo
proprietário recebe o dividendo. Entretanto, se a notificação é recebida em 12 de
Dezembro ou depois, o detentor anterior das acções obtém o cheque de dividendos.
3. Data do ex-dividendo. Período que se inicia dois dias úteis antes da data de registro,
durante o qual uma acção é negociada sem direito ao recebimento do dividendo
corrente. Suponha que Joana compradora adquira cem acções de João vendedor em 7
de Dezembro. A empresa será notificada da transferência a tempo de classificar
compradora como a nova proprietária e, assim, pagar-lhe o dividendo? Para evitar
conflitos, o mercado de títulos estabeleceu uma convenção de declarar que o direito ao
dividendo permanece com a acção ate quatro dias úteis antes da data de Registro do
accionista; no quarto dia antes dessa data, o direito ao dividendo não mais acompanha
as acções. A data em que o direito ao dividendo deixa a acção é chamada de data ex-
dividendo. Nesse caso, a data do ex-dividendo é de quatro dias antes de 11 de
Dezembro, ou 7 de Dezembro:

6 De Dezembro, Compradora recebe o dividendo

Data do ex-dividendo 7 De Dezembro, Vendedor recebe o dividendo

8 De Dezembro

9 De Dezembro

10 De Dezembro

Data do Registro do accionista: 11 De Dezembro

Portanto, para que a Compradora receba o dividendo, ela deve adquirir a acção em 6 De
Dezembro ou antes. Se ela adquirir em 7 de Dezembro ou depois, o Vendedor receberá o
dividendo porque será p accionista oficial. O dividendo da XYZ equivale a $ 0,50, de forma
que a data do ex-dividendo é importante. Excluindo-se flutuações no mercado de acções,
normalmente esperaríamos que o preço de uma acção caísse aproximadamente à do
dividendo.
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3.7 Efeito da política de dividendos sobre o valor da empresa: a posição tradicional


Tendo em conta os destinos que os resultados gerados por uma determinada empresa poderão
ter, distribuídos ou retidos, a rendibilidade de um investimento em acções dessa empresa é
formada por duas componentes: o rendimento em dividendos e o ganho de capital esperado;
não sendo, porem, uma independente da outra.

Quando a empresa aumenta a distribuição do resultado gerado, sob forma de dividendos,


diminui o potencial de crescimento da cotação das suas acções e vice-versa. Numa economia
em que não existe impostos, ritmo de crescimento do valor contabilístico dos capitais próprios
depende da sua taxa de rendibilidade e da taxa da sua retenção. Mas aos accionistas interessa,
fundamentalmente, a evolução do valor de mercado desses capitais próprios e este não
conhece necessariamente uma evolução paralela ao valor contabilístico.

Para defensores da posição tradicional (pré-Miller e Modigliani,1961) os investidores


possuem uma clara preferência por dividendos relativamente às mais-valias de acções.
Segundo estes, o valor de uma unidade de resultado gerado e distribuído aos sócios é superior
relativamente à situação em que é retido pela empresa, mesmo no caso de se destinar a
financiar projectos cujo VAL2 é positivo. O principal argumento avançado pelos defensores
desta posição, em favor de uma política de dividendos generosa, assenta no facto de a
distribuição de resultados aos accionistas, à medida que estes são gerados, constituir uma
fonte de rendimento mais segura do que os ganhos de capital, atendendo à típica volatilidade
da cotação das acções. Assim, a decisão de reter resultados para financiar um projecto
rendível, ao alterar a percepção do grau de riscos dos accionistas, poderá acrescer o custo do
capital e, por consequência, tornar o VAL do projecto a financiar, através da retenção de
resultados, negativo.

Os argumentos acima expostos encontram fundamento no modelo de Gordon e Shapiro


(1956). De acordo com o modelo destes autores, a cotação de uma acção no momento actual
exprime-se através da seguinte expressão:

D1
P 0=
Ks−g

Onde:

P0- cotação da acção no momento actual;

2
Valor acrescentado Líquido.
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D1- dividendo distribuído no final do período;

g- taxa de crescimento dos dividendos (taxa constante); e

ks- taxa de rendibilidade exigida pelos accionistas.

Como se pode constatar pela expressão apresentada, ceteris paribus, quanto mais elevado for
o dividendo actual e a taxa g a que se espera que ele venha a crescer, maior será a cotação
esperada do título.

A ideia base dos argumentos apresentados é vulgarmente sintetizada da seguinte forma: “mais
vale um pássaro na mão do que dois a voar”, isto é, resultados na mão, ao serem certos,
valem mais do que os ganhos de capitais futuros, pois estes só surgirão se o mercado antecipar
o aumento do valor da empresa.

3.8 Planos de Reinvestimento de Dividendos


Nos últimos anos, a maioria das grandes empresas instituiu planos de reinvestimento de
dividendos3 (PRDs), por meio dos quais os accionistas podem reinvestir automaticamente os
dividendos recebidos sobre as acções da empresa pagadora. Há dois tipos de PRDs: (1) planos
que envolvem apenas as “antigas” acções que já estão em circulação e (2) planos que
envolvem acções recém-emitidas. Em qualquer caso, o accionista deve pagar imposto de
renda sobre a quantia dos dividendos, embora sejam recebidas acções, em vez de dinheiro.

Sob o tipo de plano das “antigas acções”, o accionista opta entre receber cheques de
dividendos ou que a empresa utilize os dividendos para adquirir mais acções na empresa. Se o
accionista preferir o reinvestimento, um banco, actuando depositário, fica com os recursos
totais disponíveis para o reinvestimento, adquire as acções da empresa no mercado e transfere
as acções compradas para as contas dos accionistas.

3
Planos de reinvestimento de dividendos são Planos que permitem aos acionistas usar os dividendos recebidos
para adquirir ações adicionais da empresa — mesmo ações fracionárias — a um custo de transação baixo ou
nulo.
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4. Conclusão
Os resultados de uma empresa podem ter vários destinos dentre eles a retenção ou a sua
distribuição em forma de dividendo. Entretanto, para a sua distribuição cabe ao gestor
financeiro escolher uma política consistente com os objectivos da empresa. Em suma, a
política de dividendos não é apenas uma decisão sobre o quanto pagar aos accionistas. Ela é
também uma decisão sobre o quanto ficará retido na entidade, bem como dos motivos que
levaram a esta retenção.
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5. Bibliografia
 Finanças Corporativas Prof. Antonio Lopo Martinez
 LAKATOS, Eva Maria e MARCONI, Marina De Andrade, Fundamentos de
Metodologia Científica. 5ª Edição, Editora Atlas S.A, São Paulo – 2003;
 GITMAN J., Lawrence: principios de Administracao Financeira. 10ª ed. Pearson
Education-Sao Paulo, 2005;
 GITMAN J., Lawrence: principios de Administracao Financeira. 12ª ed. Pearson
Education-Sao Paulo, 2010.

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