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OS 14 PILARES DO RECONHECIMENTO PERFEITO

1) Eu entendo que minha para-consciência é o recipiente de minha psique, e que ela recebe e contém
todas as minhas experiências.

2) Todas minhas funções psíquicas são expressões de minha para-consciência, que está composta dos
9 sistemas de meu corpo e psique e de meus 9 sentidos.

3) Minha para-consciência contém os reinos físico, emocional, mental e espiritual de minha psique, e
recebe impressões da realidade externa de acordo com o nível de subjetividade de minha
consciência.

4) A realidade externa é energia e movimento, e minha para-consciência recebe impressões dessa


realidade externa através de meus 9 sentidos.

5) Quando minha para-consciência recebe impressões da realidade externa, minha psique fica
apegada a essa visão da realidade.

6) A acumulação de experiência na minha para-consciência produz a formação de conceitos abstratos


chamados estruturas padrões que minha psique usa para explicar a realidade.

7) Toda impressão que minha para-consciência recebe da realidade externa é uma experiência que
deixa inevitavelmente efeito cármico em minha psique.

1. Já que minhas explicações da realidade externa estão enraizadas em estruturas padrões originados
em experiências cármicas acumuladas no passado, minha psique não pode explicar o presente
exceto em termos de meu passado. Se eu reconheço que minhas explicações da realidade externa
estão baseadas unicamente nas minhas experiências passadas, eu não posso continuar acreditando
que eu observo a realidade externa como ela é realmente. Já que minha percepção da realidade
está limitada por minhas experiências passadas, eu vejo apenas da realidade o que o nível de
subjetividade de minha consciência permite. Se eu acredito que minha visão da realidade externa é
real, continuam se acumulando efeitos cármicos na minha para-consciência. Mas se eu reconheço
que minha visão da realidade externa depende inteiramente do nível de subjetividade de minha
consciência, a realidade externa cessa de produzir efeitos na minha para-consciência.

2. Quando um efeito se produz em minha para-consciência, eu experimento uma perda de energia


inevitável. Porém, quando eu não recebo efeito da realidade externa, ao compreender que minha
visão dessa realidade me mostra simplesmente o nível de subjetividade da minha consciência,
reconheço que minha visão da realidade externa e meu mundo interior são, ambos, partes de
minha consciência. Este reconhecimento produz um arco de energia que unifica minha consciência
e carrega minha psique.

8) Eu vejo tanto a realidade externa como meus próprios processos físicos, emocionais, mentais e
espirituais com total desapego, compreendendo que minha verdadeira consciência é permanente,
imutável, e, sendo naturalmente quieta, é a testemunha perfeita.

3. Eu compreendo que a testemunha perfeita é diferente e está separada dos processos de minha
consciência, que consistem das impressões que eu recebo da realidade externa, de acordo com o
nível de subjetividade de minha consciência, e de meus processos físicos, emocionais, mentais e
espirituais. O reconhecimento desta diferença produz um arco de energia entre a testemunha
perfeita e os processos de minha consciência, que são apenas o reflexo desta testemunha.

9) Quando eu compreendo que minha verdadeira natureza está em tudo, tudo serve para iluminar
minha consciência com o arco de energia que flui da compreensão de que tudo é minha
consciência, e de que minha consciência é o vazio fundamental.

Autor: Oscar Ichazo

"SOU AS RAÍZES DE UMA NOVA TRADIÇÃO"

NOTA: O TEXTO POSSUI DIREITOS AUTORAIS EXCLUSIVOS EM NOME NO ARICAN INSTITUTE INC.

Entrevista com Oscar Ichazo no Jornal "Movement"(USA)-1981 por Dorothy De


Christopher

Com uma biografia que lembra a vida e as viagens de Gurdjieff, Oscar Ichazo é de fato um homem notável.
Apesar de sua pequena estatura e aparência frágil, ele é um intelecto dinâmico, um visionário de uma força
especialmente importante.

Será a iluminação algo indefinido, ocasional, uma graça pela qual devemos rezar, ou é algo que pode ser
programado, trabalhado, quase como um projeto de engenharia? Oscar reivindica esta última colocação, e
há dez anos (agora são 29 anos) fundou o Instituto Arica para prová-lo.

O primeiro treinamento se realizou no deserto do Chile com um grupo de cinquenta americanos, e desde
este início modesto, o Arica cresceu, transformando-se em uma impressionante e bem organizada Escola
de Misticismo prático e esotérico.

Mais de 100.000 pessoas (em 1995 mais de 250.000 pessoas) já se beneficiaram de pelo menos um dentre
os vários cursos e treinamentos desenvolvidos para conduzir uma pessoa através de um caminho em nove
etapas até a iluminação.
A visão de Oscar inclui o surgimento de uma "Metasociedade", em um mundo de instituições
transformadas, onde as pessoas vivem para o bem comum. Enquanto ele falava de seu sincero interesse
em formar numerosos indivíduos mais clarificados para servir ao mundo, eu vi um planeta aguentando-se
em um equilíbrio, onde cada coração deve escolher e decidir o rumo que o planeta tomará.

Jornal "Movement" (JM): Ao criar a Escola Arica, você combinou misticismo, sabedoria tradicional e a sua
experiência para a base do estudo do desenvolvimento da consciência humana. Você deve ter tido
experiências pessoais com estados superiores que fizeram você começar sua exploração da consciência
além dos planos materiais?

Oscar Ichazo (OI): Quando eu tinha seis anos de idade, eu comecei a ter sérios ataques periódicos de
catalepsia. A cada dois ou três dias, à hora de dormir, eu ficava muito rígido e muito assustado. Isso
continuou por muitos anos. De início eu fiquei mortalmente assustado, mas depois do pânico eu me tornei
cínico, e após o cinismo eu passei a pensar "E daí?" Eu estava vivendo minha vida morrendo a cada dia, e
isto continuou por muitos anos. Isso me deixava numa situação muito estranha. Eu estava sempre meio
esquisito, e não me sentia feliz. Eu me sentia torturado, e a única forma que eu achei para descarregar
minha preocupação foi tentar descobrir acerca da minha doença lendo tudo o que eu podia. Eu fiz um
estudo realmente profissional até que eu finalmente cheguei à conclusão de que não se sabia nada sobre o
que eu tinha. Eu me lembro como fiquei indignado. Durante meses eu me senti furioso.

JM: Quando foi que você conseguiu encontrar algo que lhe ajudou nesse seu objetivo de ficar bom e
entender o que havia de errado com você?

OI: Eu tinha uns treze anos e estava morando na Bolívia na ocasião. Os curandeiros, ou médicos índios,
eram muito populares, mas ninguém os levava muito a sério, a não ser que estivesse numa situação
desesperadora. Algumas vezes as curas funcionavam, outras não. Eu comecei a acreditar que havia alguma
coisa aí, e assim eu me tornei amigo deles, e por fim eles me deram drogas. Ayahuasca (yajé) foi minha
primeira experiência com drogas. É uma vinha que cresce em volta das árvores, e é encontrada na floresta
amazônica.

JM: Com seu cinismo, o que é que fez você acreditar que o tratamento deles iria funcionar, e deu certo a
cura?

OI: Bem, a princípio tudo o que eles me indicaram para fazer funcionou de uma maneira curiosa. Eu era
muito realista e cínico naquele tempo. Eu não acreditava em Deus, idolatria ou misticismo. Para mim, eu
estava empenhado em uma pesquisa científica, e eu pensava que talvez eles teriam remédios que as
pessoas precisavam conhecer. Nada mais do que isso. Eu não estava pensando em nada místico, mas a
ayahuasca me deu a sintonia e o faro de que havia algo mais. Mais de uma vez nessas experiências com
ayahuasca eu fui transportado para fora do corpo. Pareceu uma experiência real, embora eu pudesse ter
sonhado: eu não vou afirmar nada.
JM: Quando você teve essas experiências fora do corpo, nas montanhas, você viu ou sentiu alguma coisa da
qual você se lembrou em seu estado normal?

OI: Sim. Isso me ensinou muitas coisas diferentes, mas a mais importante foi que tudo no universo é
realmente uma coisa só. Havia uma perfeita unidade que tinha graus de manifestação, com seres humanos
no topo, sem dúvida. Foi tremendo perceber a unidade da matéria, que em matemática moderna é
explicada apenas intelectualmente, não como uma experiência vital.

JM: Essa experiência da unidade foi uma reviravolta na sua vida?

OI: Bem, uma coisa leva a outra. Eu já estava praticando Yoga e também mexia com hipnose. Eu tinha
pesquisado no que chamamos de grupo "banana" que estudavam feitiçaria e espiritualismo, do Ocidente e
dos índios. Eu tinha também estudado Teosofia e Filosofia Hindu. Com dezenove anos eu já tinha passado
por tudo isso e tive a boa sorte de encontrar um homem mais velho que se interessou por mim, se bem que
na época eu não soube porquê. Estávamos em 1950 e esse homem me convidou a ir a Buenos Aires, onde
eu estive envolvido com um grupo de místicos, muitos dos quais tinham já setenta oi oitenta anos quando
eu os conheci. A maior parte do tempo eu apenas observava e era muito cuidadoso para ficar quieto. Eu
servia café para eles e continuei minha amizade com muitos deles até eles morrerem.

JM: Então foi aí que você teve a sua primeira verdadeira experiência do autêntico misticismo Ocidental e
Oriental?

OI: Sim, eu conheci alguns swamis que apareceram por lá e deram iniciações. Eu vi todos os tipos possíveis
de Yoga. Fizemos muito Tantra, tanto indiano como Tibetano. Depois, eu repeti estes estudos no Oriente,
mas lá eu obtive a base de tudo. Era basicamente Kriya Yoga e muita Cabala. Qualquer coisa que eles
falassem eu fazia, e às vezes, quando eles tinham tempo, eles me ensinavam alguma coisa e eu aprendia
muito rápido.

JM: Isto deve ter sido uma experiência extraordinária. Uma casa onde passaram muitos professores
espirituais para passar adiante seu conhecimento. Você era o único estudante?

OI: Bem, eles não me viam como estudante. A ideia destas pessoas com Conhecimento deve ter se
originado de alguma forma por Gurdjieff, mas isto foi apenas insinuado, ao invés de dito.

JM: Esses professores eram sul-americanos?

OI: Nenhum deles era sul-americano. Eles eram da Europa e do Oriente Médio.
JM: Aonde o levaram suas viagens depois de sua associação com os professores em Buenos Aires? Para o
Oriente?

OI: Eu fui para Santiago e organizei grupos lá em 1956, 1958 e 1960. Durante cada um destes grupos eu
viajei para o Oriente.

JM: Você foi junto com seus alunos?

OI: Não, sozinho. Foi um período difícil, porque eu estava exilado de meu país por questões políticas. Eles
não me queriam lá e era difícil viajar, embora eu conseguisse arranjar um passaporte e viajar de qualquer
jeito.

JM: Onde, no Oriente, você estudou?

OI: Eu estudei Tantra na parte norte do Kashmir e no sul do Irã, e Sufismo no Pamir.

JM: Onde é o Pamir?

OI: É o planalto no Irã onde há mísseis agora. É um lugar atualmente inacessível para as pessoas. Naquele
tempo, porém, o Pamir era desolado. Era um lugar muito estranho, porque todas as culturas do Oriente
tiveram, através do Pamir, um canal para alcançar o Ocidente. Tamerlane, Ghengis Khan, todas as invasões
e todas as comunicações compreendidas entre culturas Chinesa e Indiana vieram do Pamir e do Kashmir.
Hoje, parte do Pamir faz parte da Rússia e da China. Costumava haver lá três casas chamadas "O
Monastério", mas elas desapareceram, eu creio. Mas havia conhecimento autêntico sendo ensinado lá.
Padmasambhava, o fundador do Budismo Tibetano, veio do Pamir, e se você examinar as teorias de
Padmasambhava, você vai ver que elas são muito próximas àquelas das tradições Sufi e de Zoroastro.

JM: Na sua primeira viagem, você estudou Sufismo. Poderia contar-nos sobre isto?

OI: Os primeiros Sufis que eu conheci eram de uma escola de Suhrawardis, em Kandahar, Irã. Depois, eu
tive contato com Beltachis e Nashqbandis, e em Kabul eu tive contato com o que é chamado de
Jemaluddin, a essência interna da tradição muçulmana. Eles me deram cobertura na minha viagem ao
Pamir, que era uma viagem muito perigosa e doida.

JM: Foi com mulas?

OI: Sim, de mulas, e realmente (foi) perigoso. Quando você é jovem você faz estas coisas.
JM: Você foi mais para o Oriente?

OI: Na minha terceira viagem eu fui a Hong Kong, que era um lugar muito importante para mim, porque eu
realmente queria adquirir maestria dos clássicos chineses. Já que eu não podia entrar no interior da China,
o lugar mais próximo era Hong Kong, e eu realmente aprendi muito mais do que eu tinha resolvido
aprender. Eu me envolvi profundamente com as culturas Muçulmana, Indiana, Japonesa e Chinesa. Eu já
tinha raízes muito profundas nestes aspectos, porque eu tinha praticado artes marciais desde a idade de
nove anos com Sensai Kentara Ohara, um autêntico samurai. E eu tinha praticado Zazen e Hatha Yoga.

JM: Quando você voltou do Oriente, você passou alguns anos processando o que você aprendeu. Você
pode falar sobre isso?

OI: Quando eu voltei em 1960, eu recomecei a ensinar em meu grupo de estudos. Depois, em 1964, eu fui
para a casa de meu pai na Bolívia, para passar um ano em solidão. Eu tive lá uma experiência que me veio
sem esforço de minha parte, e realmente me surpreendeu. Eu achei que essa experiência era a coisa - que
eu não precisava aprender mais nada. Eu tinha atingido a Totalidade.

JM: Isso que você está descrevendo é o que você chamou de "coma divino"?

OI: É normalmente conhecido como coma, mas também foi um estado de êxtase. Meu corpo estava num
estado muito suave de sono, mas eu não estava dormindo - eu estava completamente consciente. Todas as
funções de meu corpo diminuíram tão intensamente que, por alguns momentos eu perdi a realidade de
que estava vivo. Eu tive a experiência de estar vivendo não apenas esta realidade, mas também outras
realidades ao mesmo tempo. Eu tinha muitas visões, uma após outra, que, enquanto eu estava naquele
estado, faziam tremendo sentido, mas quando eu saí dele eu comecei a ter minhas dúvidas.

JM: Que espécie de visões você teve nessa experiência?

OI: Eu vi como as leis organizaram o próprio cosmos, leis que eu já tinha compreendido racionalmente, mas
que agora eu estava vendo. Eu tive experiências cosmológicas, de como o mundo foi criado. Eu via as
relações matemáticas entre as coisas, que me levou na direção de um novo cálculo. Esse cálculo tratava
com problemas lógicos em si próprios, ao invés de traduzi-los para uma outra linguagem, como estamos
fazendo agora. Outro tipo de experiência foi ver o tipo de tempo em que estamos agora e o que é preciso
fazer para obter soluções para este mundo cheio de problemas em que estamos vivendo. Durante essa
época, o início dos anos 60, poucas pessoas tinham consciência de que estávamos já tão perto desses
problemas. Pelo contrário, havia uma expectativa de que continuaríamos avançando eternamente. Nas
visões que eu tive, eu vi o planeta inteiro acercando-se a um certo colapso, o tipo de colapso que um corpo
físico tem em decorrência de doenças, deterioração, contradições internas. Era realmente estar vendo a
humanidade morrendo.

JM: Você descreveria esta experiência como Iluminação?

OI: Oh, definitivamente. Mas, você sabe, a Iluminação é uma coisa que também tem graus internos. Não é
algo que você consegue tudo de uma vez. A primeira Iluminação é estar completamente consciente que
todo o jogo da vida é a consciência. Isto é Kensho - quando você percebe que a consciência é a coisa a
focalizar, não a mente. Enquanto a mente se compõe de pensamentos, emoções, sensações, a consciência
não tem componente algum. Nossa consciência é a fonte de nossa mente. Se nossa consciência não está
clara ou está sofrendo, nossa mente não vai estar clara e vai estar sofrendo. Nós não controlamos nossa
mente até que nossa consciência esteja clara.

JM: Isto é interessante, porque muitos buscadores e caminhos partem do princípio de que se a mente
pudesse ser parada, então a consciência se manifesta, e a claridade estará presente. No entanto, você fala
da consciência estar sofrendo?

OI: Vamos colocar o assunto desta forma: Nossa inteira manifestação não é nada mais que consciência.
Nosso corpo é uma manifestação desta consciência, e pode sofrer; nossas emoções são uma manifestação
dessa consciência e podem sofrer; nossa mente é uma manifestação dessa consciência, e pode sofrer. Se
esta consciência não está liberada, ela sofre. Gurdjieff disse que ao invés de ajudar a você próprio, tente
ajudar a Deus. Isso parece estranho - como e que alguém vai ajudar a Deus? Entretanto, a ideia central que
Gurdjieff estava comunicando era que a parte de Deus que existe em nós está sofrendo, e se nós paramos
de sofrer, nós verdadeiramente ajudamos a Deus. Se tudo é uma emanação de Deus, tem que retornar à
Fonte. Toda a criação e a vida humana é realmente aquele esforço desde a benção de Deus em Sua criação
até retornar a Si próprio.

JM: Como você descreve ou define o que você compreende por Deus?

OI: É impossível dar qualidade a Deus ou defini-Lo. Suponha que você fala com um Budista. Ele dirá que
Deus não existe, mas há sutilezas aqui. O que ele realmente quer dizer é que Deus está além da existência,
e que "além da existência" não pode ser qualificado, porque nós não sabemos o que é. Nós nunca
saberemos. Se uma pessoa vê as manifestações do Divino, ele obviamente tem a experiência destas
manifestações, então ele tem a segurança da existência de Deus. Com aquele termo inqualificado que nós
não temos para ele, nós apenas sabemos que "Deus é". O que nós temos de Deus é só o resultado. não Ele
próprio. Nós nunca O teremos. Isto é porque a criação só tem um Criador, e o Criador só tem essa própria
qualidade. Se ele tivesse qualquer outra qualidade Ele não seria o Criador - Ele seria criatura. Você sabe, eu
sempre rio muito, com todo o devido respeito, quando eu vejo pessoas místicas conversando a respeito. É
como Gurdjieff costumava dizer: "É como tentar pôr o vazio dentro do vácuo".

JM: Depois dessa experiência extraordinária, você continuou a tê-las? Você tem a sensação de que sua
Iluminação se aprofunda com o tempo?

OI: Aquela foi para mim a experiência máxima. Uma coisa é você estar naquele momento de pura luz, e
outra, muito diferente, quando você "desce" e se vê a si próprio. Na época, eu pensei que iria ser um
homem muito feliz, apenas vivendo minha experiência e escrevendo livros. Eu achei que eu tinha tudo em
ordem. Porém, no final da experiência, houve uma sensação de que eu tinha o dever de ensinar tudo
aquilo, e eu honestamente não gostei da ideia.

JM: Havia um sentido de uma missão?

OI: Sim, como se tivesse sido ordenado a fazê-lo.

JM: As técnicas que você ensina são tão variadas quanto seus ascendentes. Você encontrou a base para o
treinamento "As Nove Formas de Zhikr" estudando com as seitas sufis no Oriente?
OI: Eu tinha estado trabalhando com diferentes tipos de Zhikr, muito antes de eu ir para o Oriente. O tipo
de Zhikr Arica é muito mais potente que o tipo de Zhikr feito pelas seitas sufis, porque ele inclui todas as
nove maneiras de fazer Zhikr. O tipo mais potente de Zhikr pode levá-lo a um estado de êxtase no qual você
perde a sensação de si próprio como um ser separado, e se funde no universal. É o momento quando você
faz a conexão com o Divino. É necessário ter um guia que realmente conhece a técnica a fundo; de outra
forma é muito confuso e pode ser até perigoso. "O Caminho" começa para uma pessoa no momento que a
pessoa se torna consciente que ela está morrendo. A vida normal é aquela que se esgota a si mesma, e é
como morrer sem perceber. Jesus disse claramente que se você quer ganhar sua vida você vai perdê-la, e
se você perde a sua vida você a ganha. O verdadeiro caminho é viver uma vida totalmente normal, ao
mesmo tempo que você está vivendo uma vida Divina. Isto é, consagrando cada ato que você faz de modo
que você não está fazendo para si próprio, mas você está fazendo com uma finalidade a mais, que vai além
de você, transcende a você. Aí vai ter um valor real. Indo além de nós mesmos nós podemos desenvolver
estruturas internas. Nós não podemos fazer isso se primeiro nós não estamos claros em relação ao nosso
próprio corpo físico, e como ele funciona. Nosso corpo físico está estruturado para atender as nossas
necessidades externas, não necessidades internas. Então, as necessidades internas são uma coisa pela qual
temos que trabalhar.

JM: Por que é que as pessoas não tomam o caminho interior?

OI: As pessoas em geral estão preocupadas com o mundo externo. Elas nem imaginam que um mundo
interno existe. A mente delas se ocupa de tratar dos objetivos externos, e nunca atendendo aos objetivos
internos, que são aqueles que vão ficar com elas. Felicidade é uma coisa que não existe no nível físico. As
pessoas são simplesmente consumidas pelas coisas. O que nós chamamos de diversão é apenas isso: sentar
em frente da televisão e ter sua energia sugada de tal forma que voc6e pensa estar vivendo. Na realidade
você está é literalmente morrendo. Todos os caminhos que dizem que espiritualidade é tornar-se você
mesmo e sintonizar-se com você próprio são um engano total, porque isso é como encerrar-se dentro de
uma concha. Você está se separando da energia universal.

JM: O que devemos fazer então?

OI: Se nós começamos a pensar que nós somos a causa de nosso mundo, nós estamos totalmente
enganados, já que nós não criamos nada - nem mesmo nossos sonhos. Nós temos que conter nossos
desejos egoístas. Ao invés de servir a nós próprios, nós precisamos começar a viver aquilo que é mais alto
em nós, do qual viemos, pois todos nós viemos da Humanidade. Nós devemos tudo à Humanidade. Se nós
seriamente achamos que nós somos o centro, estamos sendo egoístas. Na tradição mística, isto é chamado
de Satã. Satã é aquilo que renega o caminho interior em nós. É importante não ser tentado por nosso
próprio demônio, nosso ego. Nosso ego é simplesmente o espectro completo de nossas carências.
Tentando preencher essas carências, nós perdemos a nossa vida. Se nós percebemos que essas carências,
na realidade não existem, e são apenas parte de um processo pessoal, nós podemos ir além dessas
carências e tornar-nos integrados com nós mesmos. Aí então nós podemos ser úteis para a evolução
comum.

JM: Então as finalidades do Arica são de estabelecer cada estudante firmemente em sua vida interior e
também no serviço universal?
OI: A primeira coisa é saber como a sua psique trabalha. Aí você pode comandar-se a si próprio e dirigir-se
para onde quer que você deseje. Seus esforços só tem valor se eles têm a necessária energia por trás deles.
Você pode fazer mil esforços e eles não dão nenhum resultado. Por outro lado, é possível fazer apenas um
esforço com a necessária energia e ele o afetará permanentemente. É uma questão de conhecimento. É
por isso que a verdadeira transmissão é muito importante em todas as tradições. Eu recebi muitas
transmissões de nível top, e somado a isso eu elaborei um sistema diferente. Eu sou as raízes de uma nova
tradição, ou um novo caminho, o qual em essência veio como uma consequência de outros caminhos, mas
que é também diferente, porque tem elementos diferentes, explicações mais exatas de nossa psique.
Nunca antes a psique humana foi descrita usando os métodos que eu proponho. Nunca antes foi possível
desenvolver quase que um projeto de engenharia para atingir seu próprio caminho. Esses termos "projeto
de engenharia" podem ser repulsivos para alguém que seja místico, porque em misticismo as coisas que
estão de acordo com a razão não são simplesmente inaceitáveis, mas parecem contraditórios. Isto é porque
até agora não existia uma lógica que pudesse captar a unidade, e assim a razão foi considerada oposta ao
caminho espiritual. Se nós temos uma lógica com a qual nós podemos captar a unidade, então nossa razão
e o caminho se tornam um só. Isso torna o caminho espiritual mais independente, e, num sentido, mais
democrático. Antes, a relação de mestre ou professor era necessária. Uma vez que todas as regras do jogo
foram descobertas, quem é que precisa de mestre ou professor?

JM: Você poderia comentar o paradoxo da Iluminação como algo preparado extensivamente, ou, em suas
palavras, desenvolvida como um projeto de engenharia, no entanto, ao mesmo tempo, uma benção, uma
graça, que não pode ser controlada ou manipulada. A Iluminação não é um presente de Deus?

OI: Antes, a Iluminação era uma espécie de coincidência. Os parâmetros e variáveis eram sintonizados de
tal forma que você não podia determinar quando, como e se tal coisa iria acontecer. Simplesmente
acontecia. Isso porque nós não sabíamos exatamente qual era a arquitetura e a estrutura da psique. Agora
nós sabemos, nós podemos fazê-lo. Em medicina, antes que nós soubéssemos quais eram as causas das
doenças, você ou tinha uma cura milagrosa ou talvez morria. Hoje nós podemos relativamente prever a
duração de uma doença e curá-la. Espiritualmente, nós podemos ser mais precisos do que com o plano
físico, de tal forma que você pode realmente tornar-se melhor. Uma vez que você aprende você pode
conectar-se com diferentes tipos de energias que antes só podíamos sonhar. O trabalho místico até agora
tem sido individual. Arica propõe um caminho social. Esta é a grande diferença. Até agora o caminho tem
sido um caminho de coincidências. Agora nós podemos empregar um sistema que foi testado e que
funciona. A prova é a Escola. Mas eu quero mais do que isso. Eu quero mais pesquisa científica. Quando nós
fazemos "Sintonia", isto é, quando todo mundo medita ao mesmo tempo, os resultados são fantásticos. No
dia seguinte os rostos das pessoas ficam diferentes. Os resultados são tão mais rápidos que se você fala de
caminhos tradicionais, comparando com um cavalo, a Arica é um avião a jato.

JM: Voc6e recomendaria a abordagem de vários caminhos ou escolher um caminho e ir até o fim com ele,
para alguém que está procurando a Iluminação?

OI: Qualquer prática, na realidade, está bem. Tudo tem sua própria validade. Eu diria que em nosso tempo,
nós temos que arranjar algo mais potente do que o que já temos. Todo período de tempo na história tem
suas necessidades e seus próprios problemas. Cada época tem uma nova tecnologia, e os instrumentos
ficam mais refinados, mais específicos. Nosso tempo requer não só novos instrumentos, mas novas técnicas
que tratam desta época. Isso é tudo que é o Arica. A forma de lidar com isso é primeiramente uma nova
lógica, que trata da unidade, e que projeta uma nova matemática, clara e completa. Podemos ter uma nova
teoria atômica e uma completa revisão da maneira que nós pensamos sobre biologia. Nosso mundo físico
tem que ser encarado diferentemente. Nós ainda o estamos vendo com os olhos de dois séculos atrás. Nós
estamos aquém de nossos tempos, o que é uma situação perigosa. É uma questão de descobrir as técnicas
de como evoluir e como conduzirmo-nos de uma forma madura e totalmente independente. Eu não vou
falar nada contra a religião, mas o homem deveria depender de sua própria condição, habilidades e
qualidades para o seu misticismo. As pessoas trabalhando juntas em grupo avançam tão rápido que é quase
inacreditável. Você pode perceber-se com tal velocidade quando você começa a praticar em grupo, que
uma semana virá como anos para você.

JM: Você pode falar sobre a polêmica antiga de ser preciso de um professor como guia para os territórios
desconhecidos da consciência, mas também de ser preciso encontrar a Iluminação dentro de você mesmo,
lugar aonde ninguém pode ir com você? Como é que o Sistema Arica aborda esse problema?

OI: O Arica oferece uma precisa descrição científica da psique, e do que você pode esperar. Por outro lado,
a parte mística do Arica precisa ser validada, ainda que a necessidade disto é menor no Arica. Nós não
temos regras; nós não dizemos "faça isto" ou "não faça isto" porque nós achamos que todo o caminho é
uma questão de responsabilidade, antes que de disciplina. não há nada de errado com a disciplina, mas ela
tem que vir de responsabilidades internas. Você realmente tem que optar e assumir a responsabilidade de
trilhar o caminho. Ninguém pode fazer por você aquilo que você deve fazer. Uma diferença entre o Arica e
outros caminhos místicos é que normalmente o professor absorve o seu karma. Mas isso é muito relativo,
porque no final das contas só você pode viver a sua vida.

JM: Em seu Sistema, um estudante pode trabalhar através de muitos estágios sem precisar de um professor
para monitorar seu progresso interno específico. Em que ponto começa o trabalho com um professor ou
com você?

OI: Quando você começa no Arica, desde o início você pode sentir a energia que nós chamamos de "energia
da Escola". Isto é muito real. Você começa a receber uma energia extra que você não tinha antes.

JM: Você quer dizer que os iniciantes podem conectar-se com um "reservatório" de energia resultante dos
alunos mais antigos terem processado bastante?

OI: Exatamente. Em toda a ideia mística, um membro que irradia esse tipo de energia tem que ser criado.
Começa em uma pequena escala e depois cresce. Os pioneiros, que tomam a responsabilidade no começo,
são os que vão suar mais. Eles abrem a estrada, o que significa construir a estrada, o que leva um monte de
esforço. O professor vem, mais ou menos, no oitavo nível da Escola. O professor torna-se de fato
indispensável quando se trabalha com os corpos astral, mental e causal; isto significa telepatia. Neste
estágio, a coisa principal que um estudante sente é a reversão de atitude em relação ao seu mundo. O que
chamamos de estado de vigília torna-se o estado de sonho, e o que chamamos de estado de sonho torna-se
o estado de vigília. O estudante torna-se consciente de diferentes espaços e diferentes realidades que são
mais reais que esta realidade. Ao fazer esta transição, o estudante realmente precisa de um guia que
esteve lá e é um especialista.

JM: Se um estudante fizer todo o Sistema Arica e completa os vários estágios, ele terá alcançado a
Iluminação?

OI: Sim, lembrando que a Iluminação é uma coisa que vem em diversos estágios e graus. Significa sentir que
a consciência é a raiz da vida, nossa existência, tudo. Vem um momento quando você descobre que a
consciência não se move, não foi criada, e não vai ser fragmentada, entrar em colapso ou ser destruída. Ela
é um princípio externo que não está condicionado a nada e está além da existência. Arica é um movimento
social antes que um movimento pessoal. Quando você trabalha no Arica você faz trabalho em você próprio,
mas os resultados vão beneficiar a Escola como um todo. Em certo ponto, a Escola reverte esta energia
para você - você dá um e vai receber cem. É um negócio muito bom. Nós estamos falando em termos
espirituais, porque nós não estamos interessados na parte material. Sua atitude e intenção é o que conta.
Você dá amor a seus irmãos e irmãs na Escola e você recebe amor e carinho. Todo mundo sabe
intuitivamente quem está dando e quem não está dando. E no Arica nós incentivamos a curiosidade. Se
alguém quer ir visitar um outro mestre, um outro caminho, nós não nos opomos, porque se ele se
beneficia, ele vai beneficiar a Escola. Se o outro caminho é melhor para ele, isto também está bem. Nossas
portas nunca estão fechadas, e ele pode voltar mais tarde na hora que ele quiser.

JM: Então, por meio do Sistema Arica, você estabeleceu o preto no branco, o mapa completo do caminho
para a psique, e o processo humano de desenvolvimento?

OI: Sim, e ele funciona sempre, em qualquer caso. Agora eu desejo tornar-me mais público. Eu estou
escrevendo os livros um por um, de uma vez por todas. Eu esperei por muito tempo até sentir que era o
momento certo. Eu devo dizer que nem tudo é intencional de minha parte, e, por uma razão ou por outra,
eu nunca pude organizar todo o material. Os mapas do caminho estão OK, ou eu nunca teria começado a
ensinar, mas eu tenho que descrever as coisas, de modo que o público em geral possa ler e entender. Uma
coisa é trabalhar pessoalmente com as pessoas. Você pode explicar as coisas em termos místicos, que o
público em geral não aceitaria.

JM: Você poderia descrever, em termos simples, a base dos ensinamentos Arica?

OI: A primeira questão é, qual a raiz da vida? O que é que nos faz sentir que estamos vivos? Nós temos que
definir isso. Eu digo que o que nos faz sentir vivos são os instintos. E o que é um instinto? Eu defino
instintos como perguntas vivas que nós não nos fazemos, mas que estão presentes de qualquer modo. Há
três questões fundamentais. A primeira é "Como estou? " - estou bem ou não? A segunda questão é "Com
quem estou? " Este é o nosso instinto de relação. Você tem que saber como você está e com quem está. No
reino animal, se um bicho não sabe com quem ele está, ele vai morrer imediatamente. Se eu sou uma
gazela prestes a fazer amizade com um jaguar, eu não vou sobreviver. A terceira questão é "Onde estou? "
No momento em que você não sabe onde está, você entra em pânico. Não podemos ignorar esta pergunta;
nós temos que saber onde estamos o tempo todo. Cada um dos instintos (Conservação, relação,
adaptação) se desenvolve em uma espécie de entidade que é independente em si própria.

JM: Isto é parte do que você chama de eneágono básico da psique?

OI: Sim. Esse é o eneágono dos nove sistemas hiper gnósticos, que se manifesta nesses três instintos, as
quatro funções - espaço, tempo, expressão e coordenação - e os dois polos que fecham o círculo - o sexual
e o espiritual. Este é o primeiro nível de estudo.

JM: Esse eneágono é similar ao de Gurdjieff?

OI: Eu encontrei o eneágono antes de ler Gurdjieff. Ele causou-me um tremendo impacto. Eu tinha muita
curiosidade nele e toda hora perguntava "O que é isso? ". Finalmente, um dos meus professores no
Afeganistão me disse: "Olhe, não tente compreender isso porque a pessoa que o compreender vai explicá-
lo para todo o mundo" (risos). Subitamente, eu comecei a explicar para ele, ponto por ponto, e estava
certo. Quando eu comecei a ver dentro do eneágono, eu percebi coisas que eles não estavam vendo.

JM: O número nove parece ter importância nos seus ensinamentos?

OI: Toda manifestação pode ser dividida em nove pontos - qualquer coisa.

JM: Que são os domínios?

OI: No segundo nível de estudo, o estudante trabalha com os nove sistemas como projeções dos domínios
da consciência. Os domínios são projetados em nossa psique e em nosso mundo circundante. O Arica diz
que nossa psique é uma projeção de nosso corpo e nosso corpo é fruto de nossa consciência. Assim sendo,
a consciência é anterior ao corpo. Ela é o que faz nosso corpo. A consciência é composta de nove domínios.
Há nove sistemas em nosso corpo, que nos dão a impressão dos nove domínios da consciência. Nós
sabemos que nós temos oito sentidos - audição, olfato, equilíbrio, tato, gustação, kinestésico, temperatura
e visão - que nos dão a impressão das energias vindas do exterior. As oito energias cruzando, os oito
sentidos, nos dão oito consciências que, todas juntas, fazem a nossa consciência. É a consciência da vida.
Sem essas oito consciências, unidade, a nona, seria impossível.

JM: O trabalho Arica também está dividido em nove?

OI: Sim.

JM: E o primeiro estágio é o treinamento de quarenta dias?

OI: Sim. Depois vem o treinamento "Domínios" e outro treinamento "Protoanálise". Estes são seguidos por
"Psicoalquimia", "Abertura do Olho de Arco Íris" e depois disto, o "Ritual do Calor Alfa". Depois vem a
"Pirâmide de Diamante". O oitavo é a "Abertura do Olho Dourado”, e o treinamento final é realmente a
compreensão da psique cósmica, não como expressão individual, mas como expressão universal. Nós
chamamos este estágio "O Monastério", na falta de um nome melhor.

JM: Como é que um estudante começa a trabalhar com o diagrama do eneágono?

OI: Ele não trabalha com o diagrama apenas. Nós passamos sistema por sistema, e o estudante revê as
experiências de sua vida, olhando-as de um ponto de vista neutro, ao invés de identificar-se com essas
experiências e processos. Compreender os sistemas significa compreender como você se compõe
internamente. Esses mesmos sistemas são então utilizados com aplicação ao mundo externo.

JM: E estes são os domínios?

OI: Sim. Você pode chamar o trabalho com os sistemas de um estágio físico completo. Você pode chamar
os domínios de emocionais, porque eles estão ligados a relacionamentos. Agora, você precisa integrar
ambos, de modo a tornar-se independente dos sistemas e domínios. Para isso, nós fazemos "Protoanálise",
o terceiro estágio. Aí é quando você realmente trabalha com as fixações. Depois, você começa a ver como
você está continuamente andando em círculos, sem ter consciência disso.

JM: E a fixação é onde a pessoa está bloqueada, o ponto crucial de seus dilemas?

OI: Sim. Tudo o que você começa na vida, você começa por aí.

JM: Uma vez que eu conheça meu dilema, minha fixação, como é que eu posso dissolver meu bloqueio?

OI: Simplesmente reconhecendo-o. No momento que você reconhece que tem esse mecanismo agindo e
você vê o mecanismo, ele se torna muito engraçado. Você começa a ver que seus processos internos não
são tão monumentais, e que você pode lidar com eles.

JM: O estudante trabalha com outras técnicas, como meditação, durante esse processo de
reconhecimento?

OI: Sim. Nós as chamamos de técnicas de suporte porque ao mesmo tempo que um estudante está
trabalhando no mecanismo externo, é necessário começar a afinar o que existe por dentro. Uma das coisas
principais para treinar-se, sem dúvida, é meditação, mas meditação não é a única coisa.

JM: Qual é o estágio seguinte?

OI: Psicoalquimia. Consiste em aprender como transmutar energia normal em energia superior. Uma das
técnicas que usamos é Kinerritmos. As pessoas aprendem a ser muito observadoras enquanto fazem uma
série de movimentos kinestésicos muito precisos e lentos.

JM: Há uma técnica muito interessante em que você trabalha com o que se chama yantras. Você pode falar
disso?

OI: Os yantras são realmente mantras visuais. Yantras e mantras são ferramentas de concentração para
meditação. A ideia é que se você se concentra em tipos específicos de sons e formas, voc6ed pode
sintonizar-se com seu interior. É uma chave que não apenas abre o ser interior, mas também nos sintoniza
com consciências mais altas e com entidades mais altas.

JM: O Arica parece estar ligado com uma tal atitude positiva e voltado para a concretização de um mundo
unificado, num tempo quando profetas do apocalipse espalham estórias de catástrofes. Você poderia falar
sobre isso?

OI: Você vai além da catástrofe quando você a confronta cara-a-cara, como um verdadeiro guerreiro. Um
guerreiro não terá uma guerra se ele olhar friamente a guerra e suas dificuldades. Um guerreiro não é um
homem de bravuras - ele é um homem que sabe. Se ele foge das dificuldades, essas dificuldades o
perseguirão e o matarão. Se o mundo não quer uma catástrofe, nós devemos enfrentar os perigos, e um
dos perigos piores que nós estamos correndo é que o clima vai mudar. A ionosfera foi danificada e o perigo
é que a mudança de clima não apenas ameaça nosso ser exterior, mas produz uma mudança de todas
nossas manifestações orgânicas em nosso planeta. Quanto mais a humanidade se dá conta do perigo de
extinção definitiva, maiores são as nossas possibilidades de sobrevivência. Se negamos a possibilidade de
que a humanidade pode ser destruída, nós estamos nos colocando em uma situação que pode ser perigosa.

JM: Essa consciência pode resultar que muitas pessoas focalizem em negatividade. Será que isso não piora
a situação em vez de melhorar?

OI: Uma pessoa do lado certo equivale a um milhão do outro lado. A maioria não é necessária para o
equilíbrio. Um quilate de diamante equivale a várias toneladas de areia. Há uma imensa diferença entre
uma pessoa consciente e o resto.

JM: No nível espiritual, quando você olha para a comunidade espiritual neste país (USA) você é
esperançoso?

OI: Sim. Todo mundo está fazendo a sua parte de um jeito ou de outro. Desde 1971, começou uma corrida.
Todos os tipos de Tradição apareceram por aqui, e isso é uma benção, mas, no entanto, essas antigas
Tradições já disseram tudo o que elas tinham para dizer. Nós precisamos de algo que pertença
inteiramente a nossos tempos. Ser moderno significa ser absoluta e radicalmente diferente. Se nós não
formos capazes de chegar a algo totalmente novo, desde uma nova direção, nós não vamos ter sucesso.
Um movimento sério, fora das fórmulas de fanatismo e dogma, deve ser criado com verdade que possa ser
entendida, verdade que possamos captar e medir. Tem que ser um grande círculo de pessoas, porque é um
trabalho enorme.

JM: É isso o que quer dizer com o termo "Metasociedade"?

OI: Metasociedade realmente significa uma sociedade transcendental, na qual cada um vive não para o
individual, mas está vivendo para a Humanidade como um todo.

Até agora a sociedade tem servido ao indivíduo. Com isso não estou dizendo que agora temos que servir à
sociedade, porque isso vai com as ideias socialistas, e ambos, capitalismo e socialismo, são idealistas. Ou
nos tornamos uma Metasociedade muito rapidamente, ou nós morreremos. Não devemos achar que a
Metasociedade vai ser uma festa e que todo mundo vai entrar imediatamente em estado de graça.
Metasociedade começa de fato quando nós percebemos que nossas possibilidades internas são muito
melhores que as externas. As externas sempre nos levam ao sofrimento - ambição, concessões, perda de
liberdade, e perda de si próprio, de todos os jeitos possíveis. A pior maneira de perdermo-nos é acreditar
que somos os senhores do mundo. A coisa não é assim. As leis são os senhores de nossas vidas, e nós só
podemos lidar com nossas vidas quando nós conhecemos as leis. Todas as Tradições dizem que, no final
dos tempos, estas forças negativas, as forças do ego, vão ser muito fortes.

JM: Você vê o mundo hoje nesse tipo de polarização?

OI: Sim, de fato, e é absolutamente necessário. Não está errado. Oportunismo vem ao mesmo tempo que
a verdade. Ele vai vestir-se com as mesmas roupas que a verdade. A verdade sempre foi rejeitada em toda
a história. Está ficando difícil saber o que é verdade e o que não é, mas a diferença é que o oportunista não
tem raízes e precisa imitar a verdade.

JM: Desta vez nós iremos abraçar a verdade em vez de rejeitá-la?


OI: É melhor que sim, pois esta é a última crise. Caso contrário, morreremos.

JM: Há dez anos atrás (agora são 29 anos) você começou o Sistema Arica e trabalhou com ele pessoalmente
por cinco anos. Nos últimos cinco anos você não tem se envolvido diretamente. Como, além de formar um
número de pessoas "alertas", tem você trabalhado para equilibrar a crise dos últimos cinco anos?

OI: Uma parte do esforço tem sido muito intensa - absorver a negatividade em volta. Eu tenho estado a
absorvê-la e a transmutá-la em uma forma espiritual. felizmente, a pior parte está terminada. Agora eu
acho que iremos muito depressa.

JM: Você nos forneceu o que você descreve como o mapa completo, os parâmetros completos da psique
humana. Há apenas e tantas energias, funções, domínios, ilusões - exatamente essas e não mais. É difícil
para mim pensar em termos desses limites rígidos?

OI: Historicamente falando, nós só podemos dizer que "conhecemos" algo quando compreendemos os seus
limites. Antes que nós descobríssemos que nosso planeta era redondo e tinha limites, nós acreditávamos
que estávamos cercados por um oceano sem fim. Nós desconhecíamos nosso meio ambiente físico porque
nós não sabíamos os seus limites. Uma vez que um limite aparece, nós temos a possibilidade de entender.
Até então, nós apenas temos crenças, ideias e dogmas porque nossa mente tem que se ocupar com alguma
coisa. Onde não temos uma razão em conformidade com a realidade empírica, nós precisamos de um
dogma para dar suporte ao funcionamento de nossa mente. Uma vez que o limite e encontrado, a
discussão termina. O mundo é redondo, e pronto. Ninguém pode argumentar que é plano só porque
parece plano. Da mesma forma, na área espiritual, a última área que vamos conhecer porque é a mais alta,
nós vamos atingir o ponto onde o espírito tem limites, onde o espirito é material. É um tipo diferente de
matéria, mas material de qualquer forma. Então, se o espírito é matéria, ele tem limites. E uma vez que
tenhamos aprendido seus limites, nós vamos entender o que é o espírito. Até agora, apenas aqueles
poucos que atingiram estados muito altos conheceram estes limites. Eles tem sido muito poucos, e uma vez
que chegam lá, eles não podem falar a respeito, e explicar, porque eles não têm a linguagem e a ciência. O
que eu estou propondo, simplesmente, é isto: explicar precisamente o que não foi explicado até agora. O
que se precisa é de um grupo de cientistas pensando de forma espiritual. Então, a sociedade se nutrirá
dessas ideias e começará a vivê-las culturalmente, antes que intelectualmente. Uma vez que o mecanismo
inteiro da psique for apresentado, as pessoas verão que todas as Tradições Verdadeiras, todos os caminhos
Verdadeiros, se dirigem para o mesmo lugar.

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