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Ciências & Cognição 2007; Vol 12: 51-61 <http://www.cienciasecognicao.

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Submetido em 29/10/2007 | Revisado em 01/12/2007 | Aceito em 02/12/2007 | ISSN 1806-5821 – Publicado on line em 03 de dezembro de 2007

Artigo Científico

Leitura de estudo: estratégias reconhecidas como utilizadas por alunos


universitários

Study reading: strategies recognized as the most used by university students

Elsa Maria Mendes Pessoa Pullin

Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná, Brasil

Resumo

O presente trabalho insere-se no campo das práticas de leitura de estudantes universitários e visou i-
dentificar as estratégias mais freqüentes de leitura de textos de estudo entre alunos, futuros professo-
res. Compuseram a amostra alunos de graduação de duas licenciaturas e de um mestrado em educa-
ção. A Escala de Estratégias de Leitura, traduzida e adaptada por Kopke Filho foi o instrumento utili-
zado para a coleta de informações. De modo geral, os resultados apontam para o uso de estratégias
similares entre os participantes. A importância não só das informações acerca dos modos de ler textos
de estudo, especialmente para professores quando prescrevem leituras é discutida, como também a re-
lativa a metacognição sobre essas práticas para os leitores. © Ciências & Cognição 2007; Vol. 12: 51-
61.

Palavras-Chave: práticas de leitura; ensino superior; formação de professores.

Abstract

The objective of this study was investigating the reading strategies for study texts most frequently used
among future teachers: two licentiates’ undergraduates and one graduate taking a master degree in
education. The Reading Strategies Scale, adapted by Kopke Filho (2001), was the instrument used.
Results indicate the use of similar strategies among participants. The importance of knowing the pos-
sible ways of reading study texts, especially for teachers when prescribing readings is discussed, in-
cluding the one relative to metacognition about those practices for the readers. © Ciências & Cog-
nição 2007; Vol. 12: 51-61.

Key Words: reading practices; higher education; teacher’s qualification.

1. Introdução
Paulo Freire (1982) destaca, em seu
“Estudar seriamente um texto é estudar texto Considerações em torno do ato de estu-
o estudo de quem, estudando, o escreveu.” dar, escrito em 1968, que quem estuda deve
Paulo Freire se sentir desafiado pelo texto em sua totalida-

 - E.M.M.P. Pullin é Graduada em Pedagogia (Faculdade Estadual de Filosofia Ciências e Letras de Londrina),
Mestre e Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (Universidade de São Paulo). Atualmente é
Professora Associada (UEL) e consultora da Fundação de Ciência e Tecnologia do estado de Santa Catarina e da Fun-
dação Araucária do estado do Paraná. E-mail para correspondência: pullin@uel.br.

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de e se apropriar de sua significação. Uma sua ocorrência e pelas práticas sociais legiti-
posição crítica, porque fundamental e indis- madas em um dado momento histórico por
pensável ao ato de estudar requer, segundo uma cultura, e definida por tais práticas que
este educador, que o indivíduo assuma cinco legitimam e geram as condições e modalida-
posturas essenciais: des de sua ocorrência em uma dada situação.
Por compreendermos que ler é um
a) exercer seu papel de sujeito; verbo transitivo, consideramos que o grau de
b) ter uma postura curiosa, em face do mun- responsividade do leitor diante de um texto
do, dos textos e das relações que mantém seja estruturado por sua história de leitor e
com os outros, isto é, o estudante não de- pelo próprio texto, visto serem os modos e
ve perder nenhuma oportunidade e fonte possibilidades de relação do sujeito com
para indagar e buscar; qualquer artefato cultural provenientes das
c) sentir a necessidade de que o estudo de um práticas culturais formais e informais e serem
tema específico exige que se coloque a par constituídos pelos efeitos diretos e indiretos
da bibliografia relativa ao objeto de sua das relações propiciadas por outrem com os
inquietude; bens culturais de seu tempo/espaço. Por serem
d) dialogar com o autor do texto, levando em as condições de apreensão de mundo, isto é, a
conta o condicionamento histórico- responsividade do sujeito aos eventos e pro-
sociológico e ideológico do autor, que dutos culturais, sua posição, funções dele es-
nem sempre é o seu, de leitor; peradas e cobradas socialmente, além de es-
e) assumir a humildade necessária daqueles truturadas, estruturantes para cada nova expe-
que de fato estudam. riência, podemos considerar a leitura como
uma prática cultural indissociável das demais
O processo de construção de senti- práticas sociais (Chartier, 1996, 2000; Cavallo
do(s) de um determinado texto depende, entre e Chartier, 1998).
outros fatores, do leitor, especificamente das Em face das metodologias educacio-
condições de diálogo que ele possa vir a esta- nais mais utilizadas no Ensino Superior, a lei-
belecer com o texto, determinadas estas, em tura é um dos elementos essenciais para o e-
parte por sua experiência, pelo conhecimento xercício do ofício desse aluno (Perrenoud,
prévio do mundo e por sua competência lin- 1995; Teixeira, 2000), pelo fato de exigirem
güística (Eco, 1985). Tais condições é que que o aluno tenha uma metodologia individu-
permitem ao leitor retirar “o texto da clandes- al e eficiente de leitura de estudo. Do aluno se
tinidade” (Cordeiro, 2004: 97), uma vez que o espera que assuma a posição de co-autor na
texto só se vivifica por uma postura dialógica construção dos conhecimentos legitimados
de um leitor em relação ao mesmo. nessas instituições, como leitores-acadêmicos
Nos inserimos entre aqueles que ex- (Dauster, 2003). Por conseguinte, não gera
plicam a constituição de quaisquer processos estranheza, em face dos déficits continuamen-
psicológicos como provenientes do tipo de te demonstrados pelos resultados de exames
interações mediadas/propiciadas por outrem nacionais, como os de ENEM e das queixas
(Vygotsky, 1997), e entendemos, por conse- freqüentes dos professores das instituições de
guinte, que as condições individuais para a ensino superior (Barzotto, 2005), o fato de
produção e monitorização do próprio processo que as relações entre leitura, compreensão e
de leitura são tecidas pelos efeitos de tais inte- metacognição em universitários venham des-
rações. Em suma, compreendemos a leitura pertando o interesse de diversos pesquisado-
como um processo que compartilha com os res brasileiros (Kopke Filho 2001, 2002; Ro-
demais processos capazes de viabilizar para o manowski e Rosenau, 2006), bem como o
indivíduo a ocorrência de comportamentos fato de que um maior número de produções
complexos ou não, isto é, compreendê-la co- em programas de pós-graduação stricto sensu
mo construída socialmente, porque contin- (Letras/Lingüística; Psicologia; Educação;
genciada pelas condições e modalidades de Biblioteconomia; História; Artes; Comunica-

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ções) tenha investigado a temática de “como visto ser nos espaços das relações intersubje-
se lê" (Ferreira, 2004: 16). tivas que se estabelecem as condições estrutu-
Ao nos debruçarmos sobre a literatura rantes para quaisquer aprendizagens, seja de
acerca das práticas de leitura em instituições novos repertórios seja para as mudanças dos
de Ensino Superior (IES) registramos a pre- já adquiridos. Por conseguinte, concordamos
sença de uma relativa subvalorização e subu- com Vygotsky (1997) quanto a que a educa-
tilização da leitura, por parte dos estudantes- ção, de um ponto de vista psicológico, é, de
leitores universitários (Fraisse, 1993; Witter e fato, uma re-educação, visto intervir e influ-
Vicentelli, 2001; Carlino, 2002; McNamara e enciar o desenvolvimento dos indivíduos, de
Harbersd, 2006; Pullin, 2007; Pullin e Pullin, forma sistemática e objetivar intencionalmen-
2005). As evidências em nível nacional, te, por um esforço consciente, a apropriação
mesmo entre estes estudantes, apontam para dos modos de ser e dos bens culturais. Neste
déficits e dificuldades desses alunos em a- sentido, eventos de educação contribuem para
prender tendo como fonte textos escritos (Bo- o processo da seleção social dos aspectos e
ruchovitch et al., 2005). dimensões da personalidade dos indivíduos,
Apesar de alguns, como Duarte em uma dada sociedade.
(2003), colocarem em questão os princípios e A metacognição relativa às estratégias
as conseqüências geradas pelas pedagogias e processos envolvidos na leitura de textos
do ‘aprender a aprender’, muitas vezes defen- acadêmicos vem sendo apontada como rele-
didas pelo aceite não crítico do que vem sen- vante e diferenciadora para a constituição de
do denominado por sociedade do conheci- saberes, por parte de seus leitores. Trabalhos
mento, como uma das razões que justificam como os de Spooren e colaboradores (1998),
tais pedagogias, o fato é que os estudantes não Cotttrell e McNamara (2002), O’Reilly e
devem contentar-se apenas com os textos o- McNamara (2002), Graesser e colaboradores
rais do professor em sala de aula, mas buscar (2003), McNamara (2004a, 2004b), assim
outras fontes para construir seus saberes, por como os de McNamara e Harbersd (2006) e
exemplo, em textos escritos. Para que isso Romanowski e Rosenau (2006) assinalam
aconteça, é preciso que os alunos sintam a para os efeitos positivos da consciência e con-
necessidade de que o estudo de um tema es- trole tanto dos processos, quanto das estraté-
pecífico exige que se coloquem a par da bi- gias de leitura e de aprendizagem. De modo
bliografia relativa ao objeto de sua inquietude, geral, a produção em programas de Mestrado
como assinalado por Freire (1982). Em outras e Doutorado, na área de Educação e de Psico-
palavras, se sintam motivados e, além disso, logia, a documentada nos encontros anuais da
capazes de ler e conhecer como lêem, isto é, Associação Nacional de Pós-Graduação e
disponham da metacognição acerca das estra- Pesquisa em Educação (ANPEd), bem como
tégias que utilizam enquanto lêem (Kuiper, os da várias edições dos encontros da Associ-
2002; Zimmerman, 2002; Cukras, 2006). ação Brasileira de Leitura (COLE) e do En-
Em uma perspectiva ontológica que contro Nacional de Didática e Prática de En-
concebe o homem como ser inacabado (Frei- sino (ENDIPE) referem a importância e a ur-
re, 2005) e como aquele que constitui seus gência de conhecimentos que propiciem a
saberes e suas práticas no e pelo convívio formação de leitores autônomos, capazes de
com outros (Vygotsky, 1997; Galantino, lidar de modo crítico com situações do cotidi-
2003; Dijk, 2006), a visão teórica que assu- ano, familiares ou não. E porque concorda-
mimos sustenta-se na adesão à perspectiva de mos com Freire (2005: 30) quanto a que “[...]
que o processo de aquisição do conhecimento ler é procurar, buscar, criar a compreensão do
tem sua feitura gerada em produções configu- lido”, bem como quanto à importância de que
radas subjetivamente pelos tipos de relação “quando o homem compreende sua realidade,
que cada um estabelece a partir de outrem e pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa
com os bens culturais. Para que este processo realidade e procurar soluções”, podendo, as-
ocorra faz-se necessária a mediação de outros, sim, “transformá-la e com seu trabalho pode

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criar um mundo próprio: seu eu e suas cir- exemplo, de leitura, confere sentido aos con-
cunstâncias”, e porque uma posição crítica, teúdos e aos procedimentos, uma vez que seu
fundamental e indispensável ao ato de estu- comportamento afeta de algum modo, ou me-
dar, requer de quem estuda que assuma postu- lhor dito, (con)forma as condições do saber e
ras como as assinaladas por esse educador, é do conhecimento de seus alunos.
que vimos buscando trabalhar com leitura Acerca da produção de sentidos, espe-
junto a alunos do Ensino Superior, nomeada- cificamente daquela gerada a partir dos mo-
mente com futuros professores. dos da proposição de textos escritos, isto é,
Apesar do papel mediador do profes- decorrente das condições postas simultanea-
sor ser fundamental para novas aprendiza- mente pela conjunção da proposição, propri-
gens, sua função deve ser preferencialmente a amente dita, do texto com os modos de ler do
de “transferir progressivamente para os alunos sujeito-leitor, fundamentamo-nos em Orlandi
o controle de sua aprendizagem, sabendo que (2001: 11) quando esta diz que a interação do
o objetivo último de todo mestre é se tornar sujeito-leitor com o texto ”representa a conju-
desnecessário” (Pozo, 2002: 273). Por conse- gação de duas historicidades: a história de su-
guinte, suas ações devem/deveriam ter como as leituras e a história de leituras do texto”.
meta a promoção da autonomia e da co- Em cursos regulares, ofertados em
responsabilidade dos alunos para que ocorram IES, nas modalidades de cursos de graduação
não só aprendizagens de conteúdos específi- e de pós-graduação, não há como o professor
cos, mas também das demais relacionadas ao ignorar e deixar de ser instigado pela necessi-
desenvolvimento pessoal e à capacitação pro- dade de (re)ensinar seus alunos a ler e de tra-
fissional dos mesmos. Para tanto, a mediação balhar o efeito-leitor com os alunos, em face
do professor além de precisar ser planejada e seja da multiplicidade e diversidade discipli-
por ele monitorizada, precisa gerar condições nar dos textos exigidos (Carlino, 2002; Mos-
propícias que fomentem a metacognição de tafa, 2004; Pullin, 2007), seja dos modos de
seus alunos acerca dos próprios estilos de a- leitura e de sentidos, quer legitimados, quer
prendizagem pessoal, por exemplo, como os dos atribuídos pelos alunos ao lerem qualquer
possibilitados em situação de leitura de estu- texto.
do. No encontro dos alunos com um texto
A perspectiva que defendemos impli- prescrito pelo professor em sua disciplina,
ca, em suma, em percebermos a constituição diferentes são os sujeitos-leitores, por suas
sócio-histórica dos indivíduos, a qual leva não histórias de vida e de leitura distintas, em fa-
apenas a considerar a posição social objetiva ce, entre outros, dos efeitos das práticas ante-
deles, no caso professores e alunos, mas tam- riores de proposição e dos graus de responsi-
bém, e especialmente a de que estes assumem vidade exigidos após a leitura, em suma, dos
uma posição social subjetiva por considerar- modos constituídos e legitimados para a inte-
mos que a sociedade é “o lugar de produção ração dos alunos com textos (Almeida, 2006:
de sentido, e não se pode compreender essa 3). Desse modo, podemos entender os efeitos
produção de sentido a não ser em referência a sobre a história do leitor produzidos pelas prá-
um sujeito” (Charlot, 2003: 25), quanto a que ticas, sejam dos modos de proposição de lei-
as ações do sujeito com a sua sociedade são turas, do tipo de trabalho produzido por ele
mutuamente dependentes. Baseamo-nos nessa junto ao texto, ou ainda dos modos como se-
perspectiva para configurar a dinâmica intera- jam utilizadas as informações em sala de aula,
tiva que acontece em qualquer sala de aula. E por exemplo. As práticas anteriores de propo-
fazemo-lo, por compreender que tais relações sição e dos graus de responsividade exigidos
são co-responsáveis para a constituição da após a leitura, em suma, dos modos constituí-
subjetividade dos atores envolvidos nesse es- dos e legitimados para a interação dos alunos
paço, e, especialmente, porque o professor em com textos. Entretanto, os diálogos possíveis
face da autoridade que lhe é conferida social- com e a partir de textos não só remetem a es-
mente, para suas práticas e prescrições, por sas histórias, como podem provocar rupturas

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e/ou conferir novas nuances a elas. Sob este sentidos, antes submetem-se ao poder do texto
enfoque, a constituição da identidade de lei- e de seu autor. Isso comumente ocorre, ainda,
tor, especialmente a prescrita e legitimada pa- em eventos escolares, mesmo em IESs, com
ra alunos de cursos de Ensino Superior, é con- muitos alunos, quando se limitam ao que lhes
figurada como a de um leitor autônomo e crí- foi passado oralmente pelos professores, em
tico, a qual permeia os efeitos da conjunção sala de aula (Kons, 2006), porém este não é o
daquelas historicidades singulares pela fre- escopo de nossa preocupação com o presente
qüente e necessária ruptura com os padrões do relato.
saber-ler, quer do mundo cultural no qual ele Preocupa-nos, sim, o assinalado por
foi recebido, quer dos exigidos em níveis de Anne-Marie Chartier (1999) quanto à neces-
escolarização anteriores. sidade de estarmos atentos às “formas pelas
Os níveis de leitura possíveis de um quais a leitura (o que é lido e as maneiras de
texto, conforme Orlandi (2001), são o do en- ler) se integra na preparação da profissão de
tendimento, o da interpretação e o da compre- professores”, visto que por elas “transmite-se
ensão, sendo que apenas neste último nível de de forma concreta uma relação com o escrito
leitura é gerada a condição de produção de como ferramenta de trabalho profissional,
uma leitura reflexiva e crítica. Concordamos como espaço de cultura pessoal, como refe-
com a autora quanto a que compreender um rente compartilhado.” (Chartier, 1999: 96).
texto implica em (des)construí-lo, isto é, em Em face do corpo teórico e das preo-
identificar seus significados e a desvelar os cupações que nos inquietam como docente do
mecanismos utilizados pelo autor para produ- Ensino Superior, o presente trabalho busca
zi-lo. O leitor, quando assim problematiza averiguar quais estratégias futuros professo-
para si o texto, assume o papel de co-autor, res, alunos de graduação e de pós-graduação,
por ultrapassar o nível de simples identifica- (re)conhecem utilizar quando estudam a partir
dor de informações, de garimpeiro, e tal pos- de textos.
tura ativa habilita-o a construir seu conheci-
mento a partir de textos (Charlot, 2003). 2. Método
As diferenças entre leitores se devem,
portanto, aos papéis que cada um assume ou, A constituição da amostra dos partici-
melhor dizendo, que cada um foi levado a as- pantes ocorreu por conveniência, junto aos
sumir, enquanto lê. Enquanto intérprete, “a- cursos que tivemos acesso. A participação foi
penas reproduz o que já está produzido. De voluntária, após esclarecimentos e assinatura
certa forma podemos dizer que não lê, é lido, do Termo de Consentimento Esclarecido. O
uma vez que, apenas reflete sua posição de grupo de participantes, alunos de graduação
leitor na leitura que produz (Orlandi, 2001: freqüentava dois cursos de licenciatura de á-
116), em outras palavras, o que produz leitura reas distintas (Humanas e Exatas), em uma
a partir exclusivamente de sua posição só in- IES particular. Destes foram selecionados a-
terpreta. À medida que o leitor se preocupa lunos da série inicial e final dos cursos de Le-
em identificar e avaliar para si o fato precisar tras e de Ciências, doravante designados por
de ler um texto, o contexto da situação, ime- GL1 (n=23); GC1 (n=19); GL2(n=27); CC2
diato e histórico, e, em vista disso, o relaciona (n= 19). Os participantes da pós-graduação
“criticamente com sua posição, que a proble- realizavam, quando da coleta, sua formação
matiza, explicitando as condições de produ- de pós-graduação em um Mestrado de Educa-
ção de sua leitura, compreende” (Orlandi, ção e são identificados para o presente relato
2001: 116), é que se pode afirmar que ele co- como GM (n=16).
nhece e pode controlar suas ações frente ao Para o levantamento das informações
texto. foi utilizada uma escala referente à freqüência
Portanto, os que apenas interpretam, de reconhecimento quanto ao uso de estraté-
de fato não lêem, por não participarem cons- gias no processo/produção de leitura, a qual
cientemente do processo de constituição de foi traduzida, adaptada e utilizada por Kopke

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Filho (2001), a partir dos resultados de um para responder a tarefas propostas por ou-
estudo exploratório junto a universitários, rea- trem? Como ler é um processo que se anteci-
lizado por Goetz e Palmer, em 1991. Esta es- pa e ultrapassa a escolarização, sobretudo
cala compõe-se de 20 itens, distribuídos por quando relativo aos suportes e gêneros textu-
três fases do processo/produção da leitura: ais, que condições de (contra)controle não
foram ensinadas e aprendidas para que cada
a) de previsão, isto é, antes de iniciada a leitu- um deixasse de conhecer como opera em face
ra, composta por quatro itens; de textos, no caso de estudo e para que ao ler
b) de acompanhamento, ao longo da leitura, se assumisse como sujeito no desenrolar des-
isto é, durante a produção de leitura do texto sas experiências?
propriamente dito, com dez itens; Considerando que a compreensão da
c) após a leitura, de avaliação do próprio pro- leitura exige a participação ativa dos leitores
cesso de leitura realizada, com seis itens. em relação ao texto podemos afirmar que este
processo se inicia por um contato implicado
Cada item possibilita a escolha de uma do leitor com o posto/dado a ler, especialmen-
de três alternativas (freqüentemente; às vezes; te no caso de textos de estudo, situação esta
raramente), relativas à freqüência com que indicada aos participantes para terem em foco
cada estratégia é reconhecida como utilizada quando das respostas ao instrumento usado.
pelo respondente quando lê textos de estudo. Entre as quatro estratégias arroladas no ins-
A aplicação desse instrumento com os trumento usado, para a situação do encontro
alunos de graduação foi coletiva e realizada do leitor com o texto para estudo, isto é, antes
por uma docente da IES, após uma explicação de iniciada a leitura propriamente do mesmo,
oral e o recebimento por escrito do termo de encontra-se uma que possibilita identificar a
aceite. Para os participantes da pós- freqüência com que os respondentes pensam a
graduação, após o aceite, o instrumento foi respeito da finalidade ou necessidade de pro-
remetido por e-mail. Para ambos os grupos de duzir uma determinada leitura. De modo ge-
participantes foi solicitado que ao responde- ral, os participantes indicaram que o fazem
rem tivessem como foco a leitura de textos freqüentemente (75% do GM; 73,9% do GL1;
acadêmicos. 63,1% do GC2; 48,1% do GL2), apenas 15%
dos participantes do GC1 assim responderam.
3. Resultados e algumas considerações Entretanto, não ocorre com a mesma freqüên-
cia a ação de levantamento de hipóteses acer-
A maioria dos participantes informou ca do material a ser lido após um exame ini-
à pesquisadora que nunca havia posto para si cial e geral do texto. Porém é freqüente para
como objeto de análise as estratégias que uti- 51,8% do GL2, 50% do GM, 42,1% do GC2,
liza enquanto lê, tendo sido instigados para tal 31,6% do GL1 e 21,7% do GL1.
ao responder ao instrumento. Este resultado, Ao longo da leitura boa parte dos par-
por ter sido espontaneamente apresentado e, ticipantes freqüentemente relaciona as infor-
por conseguinte sem razões para um informe mações do texto com suas crenças ou seus
controlado, seja pela pesquisadora seja pela conhecimentos do assunto (75% do GM;
forma como o instrumento foi aplicado, em si 66,7% do GL2; 30,4% do GL1; 47,4% do
e em parte desvela como foi a constituição GC2; 63,1% do GC1), e pensa acerca das im-
desses alunos como leitores. Isto, porque é de plicações dessas informações (62,5% do GM;
se esperar que quaisquer desses participantes 74% do GL2; 56,5% do GL1; 63,1% do GC2;
independente do grupo a que pertença 47,5% do GC1). A preocupação em acompa-
(N=104), pela obrigatoriedade da escolariza- nhar e avaliar o quanto estão compreendendo
ção anterior leram/deveriam ter lido inúmeros acerca do texto é comum entre: 87,5% do
e distintos textos. Mas, como diz Eni Orlan- GM; 92,5 do GL2; 78,3% do GL1; 63,1% do
di, leram ou foram lidos? Fizeram tais leituras GC2; 84,2% do GC1.
como experiência pessoal significativa ou só

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De modo geral, poucos alunos dos é mais usado pelos participantes do GM


cursos de graduação tomam notas, enquanto (93,7%), porém, no caso dos demais partici-
lêem, isto é, reescrevem para si, copiando ou pantes quando esse recurso é comparado ao
não informações do texto, (5,3% do GC2; de gerar imagens acerca dos conceitos ou dos
10,5% do GC1; 25,9% do GL2), resultado fatos descritos no texto ocorre com menos
este que os diferencia dos alunos do Mestra- freqüência, como pode ser verificado na figu-
do. O recurso de sublinhar idéias ou palavras ra 1.

Figura 1 - Indice percentual por grupo quanto ao uso das estratégias de suporte à leitura.

Quando não compreendem, uma pala- pendente do nível de escolarização (gradua-


vra, frase ou parágrafo, os recursos mais fre- ção/pós).
qüentes são os de: reler o mesmo trecho Entretanto, esse processo de produção
(100% do GM; 92,6% do GL2; 95,6% do de sentidos pode ser identificado, também,
GL1); voltar a ler as partes que o precedem após a leitura. Nesse caso, de modo geral, os
(87,5% do GM; 85,2% do GL2); continuar a movimentos de leitura das participantes já se
ler na busca de mais esclarecimentos (68,7% distinguem quanto à freqüência de utilização
do GM; 34,1% do GL1); consultar uma fonte das estratégias propostas.
externa (outro livro, ou alguém), é o que fa- Registra-se que mais participantes do
zem freqüentemente 62,5% do GM e 42,1% mestrado do que os da graduação relêem os
do GC1. Vale lembrar que a leitura como um pontos mais importantes (81,2% do GM;
processo de produção de sentidos “apenas se 59,3% do GL2; 43,4% do GL1; 26,3% do
revela no movimento de idas e vindas entre GC2; 31,6% do GC1). Entretanto, em pouco
texto e leitor” (Cordeiro, 2004, p. 97), as es- se diferenciam quanto ao refazerem a leitura
tratégias de parar, refletir, reler o que não se de todo o texto (37,5% do GM; 33,3% do
compreendeu são estratégias empregadas fre- GL2; 26% do GL1; 21% do GC2; 10,5% do
qüentemente por todos os participantes, inde- GC1), possivelmente por se preocuparem a-

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penas em recordar os pontos mais relevantes Pontuam, ainda, na direção da rele-


do texto (50% do GM; 37% do GL2; 31,6% vância da metacognição dos processos de a-
do GC2; 36,8% do GC1). prender a partir de textos, a qual viabiliza a
Menos, ainda, são os que escrevem autonomia e a inserção profissional e cidadã
um texto, mesmo que seja uma paráfrase ou dos alunos, independente do nível de sua es-
resumo do material lido (25% do GM; 11,1% colarização.
do GL2; 13% do GL1; 10,5% do GC2; 21%
do GC1). Interessante foi o resultado registra- 4. Observações finais
do relativo à preocupação em verificar quais
das hipóteses acerca do conteúdo do texto que Apesar da “dimensão capital da for-
haviam levantado antes de iniciada a leitura, mação inicial” (Chartier, 1999: 93), atribuída
se confirmam ou não (56,2% do GM; 33,3% pelos formadores de futuros professores, pou-
do GL2; 13% do GL1; 15,8% do GC2; 10,5% co se tem investido nesta etapa e mesmo em
do GC1). anteriores, para a formação de leitores compe-
O quadro dos resultados apresentados tentes.
converge com os verificados em outras pes- Um dos papéis a ser desempenhado
quisas (Pullin e Tanuri, 2007), quer quanto por qualquer um que se nomine/seja nomina-
aos recursos e modos de ler utilizados por es- do de professor é, em nossa opinião, o de “a-
tudantes do Ensino Superior quando estudam, tor social de autonomia” (Giesta, 2001: 38-
quer quanto às preocupações que os afligem 40). Este papel gestor, por natureza, não só é
quando estudam a partir da leitura de textos. imprescindível como implica em compromis-
De certo modo, os resultados obtidos sos a serem assumidos por esse profissional,
no presente trabalho vão na direção dos per- no fato de ser ele um dos principais mediado-
cebidos e por Vicentelli (2004), referentes à res sociais para que as novas gerações possam
sua investigação acerca do desempenho leitor se apropriar dos distintos saberes, declarati-
de estudantes de Ensino Superior na Venezue- vos, processuais e outros, legitimados social-
la. Referida análise indica que uma porcenta- mente como essenciais. Tais compromissos
gem significativa de estudantes subutiliza a constituem-se em condições necessárias, tanto
leitura. O fato de apenas alguns dos partici- para sua competência pessoal como profissio-
pantes pensarem acerca das implicações das nal. Entre essas, destacam-se seus saberes re-
informações contidas no texto é preocupante, lacionados à leitura e à metacognição, visto
especialmente em se tratando do nível de que:
formação acadêmica em que se encontram.
Chartier (1999) adverte, ainda, para o fato de “O professor pode fazer a diferença na
que muitos alunos, futuros professores, “têm a formação de leitores, especialmente
sensação de que o proveito que tiram de suas despindo-se de seu poderio professoral
leituras é pequeno, incerto, aleatório” (Charti- e vestindo-se de uma nova autoridade –
er, 1999: 89). Seria, então, essa a razão por a que sabe mediar a construção de co-
que tal comportamento ocorre com menos nhecimentos pelos aprendizes.” (Kons,
freqüência entre os participantes? 2006: 7)
Além disso, os resultados obtidos ins-
tigam a que concordemos com Carlino (2002) Incluindo-se nestes os relacionados ao
quanto a que é necessário ensinar a ler no En- conhecimento e controle metacognitivo, como
sino Superior, seja pela natureza dos artefatos defendido por Couceiro-Figueira (2004).
culturais comumente recomendados para lei- Concluímos, lembrando Vygotsky
tura (Mostafa, 2004; Witter, 1992; Pullin, (1997) que define a educação, de um ponto de
2007), seja pelas competências exigidas para vista psicológico, como uma re-educação, em
o ofício desse aluno, as quais em níveis de razão de ela intervir e influenciar o desenvol-
escolarização anterior não foram ensinadas. vimento dos indivíduos, de forma sistemática
e objetivar intencionalmente, por um esforço

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consciente, a apropriação dos modos de ser e ra, conforme defendido por Pullin e Pullin
dos bens culturais. É, nessa perspectiva que os (2005). Ora, tais condições são passíveis de
eventos de educação contribuem para o pro- serem efetivadas em ambientes em que as prá-
cesso da seleção social dos aspectos e dimen- ticas do fazer educativo pressuponham leitura
sões da personalidade dos indivíduos, em uma efetiva, tanto por parte dos que ensinam,
dada sociedade. Além do mais, em face da quanto dos que aprendem. Tais leituras não
responsabilidade assumida por professores, são, necessariamente, realizadas por prazer ou
desde a Educação Infantil até à ofertada por paixão, mas, com certeza, movidas para atin-
IESs, consideramos que a decisão deste pro- gir metas de realização pessoal, circunscritas
fissional continuar a ser professor relaciona-se ou não a aprendizagens de conteúdos especí-
à das condições que dispõe para a sua forma- ficos. Referimo-nos, aqui, de modo especial
ção continuada as quais, por sua vez, produ- às diversas estratégias e práticas de leitura que
zem reflexos na sua identidade (Giesta, 2001). possibilitam, pelos modos de sua produção e
Tais condições e as habilidades necessárias pelos diversos suportes utilizados, o aprofun-
para que esse profissional possa “aprender a damento dos saberes, especialmente dos rela-
aprender” e a refletir sobre seus saberes não tivos à formação profissional, sejam estes dis-
se restringem aos espaços de formação esco- ciplinares, curriculares ou experienciais (Tar-
lar acadêmica. Por isso, algumas dessas com- dif, 2002).
petências devem ser ensinadas especificamen-
te nesses espaços, de modo que as condições e 5. Referências bibliográficas
as competências para a autonomia pessoal e
profissional possam ser desenvolvidas e im- Barzotto, V.H. (2005). Leitura e produção de
plantadas, para serem utilizadas ao longo da textos para alunos ingressantes no terceiro
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presente pesquisa podem auxiliar os professo- ed. (pp. 97-101). Campinas: Mercado de Le-
res a conhecer as estratégias de leitura que tras.
seus alunos utilizam para estudar a partir de Boruchovitch, E.; Costa, E.R. e Neves. E.R.C.
textos. Ao conhecê-las, os professores podem (2005). Estratégias de aprendizagem: contri-
auxiliar e, se necessário, propor novas formas buições para a formação de professores nos
e modos dos alunos se relacionarem com es- cursos superiores. Em: Joly, M.C.R.A.; San-
ses textos. tos, A.A.A.; Sisto, F.F. (Orgs.). Questões do
Larrosa (2002) firma uma posição de cotidiano universitário. (pp. 239-61). São
escuta para os que lêem. Desse autor empres- Paulo: Casa do Psicólogo.
tamos sua proposição como imprescindível, Carlino, P. (2002, outubro). Alfabetización
tanto por parte dos professores quanto dos académica: un cambio necesario, algunas
alunos, isto é, para aqueles que aprendem e, alternativas posibles. Trabalho apresentado
porque aprendem podem ensinar e gerar no- no Tercer encuentro la universidad como ob-
vos conhecimentos, não só para si, como em jeto de investigación. Buenos Aires. Argenti-
favor daqueles junto aos que atuam ou ve- na.
nham a atuar. Cavallo, G. e Chartier, R. (1998). História da
Em nossa opinião, há que se leitura no mundo ocidental. São Paulo: Ática.
(re)estabelecer a dimensão formadora do es- Charlot, B. (2003). O sujeito e a relação com
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extensão nas quais os alunos participam, de- Chartier, A.M. (1999). Os futuros professores
vem induzi-los a que sintam necessidade de e a leitura. Em: Batista, A.A.G.; Galvão,
produzir leituras autônomas, e a modificar os A.M.O. (Orgs.). Leitura: práticas, impressos,
valores que freqüentemente atribuem à leitu-

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