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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

CONTROLE DE PROCESSOS QUÍMICOS

DOCENTE: Dr. FABIO ALEJANDRO CARVAJAL FLOREZ

DISCENTE: MATHEUS HENRIQUE SILVA CAVALCANTE

IMPLEMENTAÇÃO DE FUNÇÕES ERRO E DA TENSÃO DE SAÍDA PARA O


CONTROLE DO NÍVEL DE UM TANQUE USANDO A LÓGICA FUZZY
São Luís

2021

1. INTRODUÇÃO

A lógica Fuzzy foi ingressada nos meios científicos em 1965 por Lofti Asker Zadeh, com
a publicação do artigo Fuzzy Sets no Jornal Information and Control. Hoje ela é fundamental em
diversos sistemas, tendo bastante excelência no universo computacional. Possui também muitas
aplicações na área de controle de processos. O conceito fuzzy pode ser entendido como uma
situação em que não é correto optar por "sim" ou "não". Mesmo conhecendo as informações
necessárias sobre o problema, não dá para fazer uma afirmação assertiva ou negativa, mas algo
como "talvez" ou "quase" torna-se mais apropriado [2].
Diferente da Lógica Booleana que permite somente valores booleanos, ou seja,
verdadeiro ou falso, a lógica difusa ou Fuzzy, tem valores que variam entre 0 e 1 [2]. Assim, um
valor de 0.5 pode representar meio verdade, logo 0.9 e 0.1, representam quase verdade e quase
falso, respectivamente [3]. A lógica difusa então tenta modelar modos de raciocínio imprecisos,
tendo os casos precisos como situações limite [1]. Assim, pode-se determinar qualquer função
real para uma aplicação Fuzzy considerando que seus valores máximo e mínimo sejam,
respectivamente 1 e 0 [4].
Nesse trabalho, demonstramos a implementação da lógica fuzzy utilizando o software
Labview para estabelecer funções de erro na medição em um sistema de medição do nível de
tanque, assim como também foi implementada uma função de saída chamada de tensão para
servir como resposta. Foi possível criar subclasses que conseguem expressar o nível do erro e
qual será a tensão de saída no processo. o que é fundamental para o controle da medição.

2. ESQUEMA UTILIZADO PARA A MEDIÇÃO DO NÍVEL DO TANQUE


Figura 1- Esquema de Controle do nível do tanque usando uma câmera Logitech.
Fonte: Autor.

A figura 1 acima mostra a placa MyRio (7) conectada a um computador, a uma fonte de
energia de 12 V e uma câmera Logitech (6), que por sua vez está ligada também ao computador
(8) por um cabo USB. Um inversor de frequência Sinamics (5) para controlar a velocidade da
bomba (4) também está conectado à porta C da placa de aquisição de dados, em que as ligações
são referentes à terra no pino 3 (cabo preto) e ao sinal de saída no pino 5 (cabo azul).
A bomba fornecerá a potência necessária para que a água contida no reservatório 3
chegue até o tanque de nível (1). A válvula (2) presente na tubulação de saída do tubo deve ser
aberta para que haja o escoamento do fluído novamente para o reservatório, o que fornecerá um
fluxo de saída que deverá ser igual ao de entrada no tanque quando se atingir o nível requerido.
A câmera irá captar o nível da água presente no tanque usando uma equação de calibração que
vai depender da cor do objeto físico utilizado para acompanhar a altura da água e da distância da
câmera para o tanque, com isso é possível controlar o nível da água. O inversor de frequência
está sendo alimentado por uma tensão de 220 V monofásica, como mostra a ligação dos fios
vermelho e roxo com a tomada, posteriormente convertida em trifásica na saída do inversor e
enviada para a bomba, como mostra os fios preto, amarelo e azul. Esse inversor está ligado a
placa de dados, por isso é possível enviar um comando para o inversor mudando a velocidade de
bombeamento, sendo que os valores de velocidade convertidos são proporcionais há variação de
uma tensão de 10 V máxima estabelecida pela MyRio. Os dados da câmera e do inversor podem
ser mostrados graficamente fazendo uso da interface gráfica fornecida pelo software LabView,
podendo-se visualizar a variação do nível do tanque analisado.

3. FUNÇÕES DE ERRO USANDO A LÓGICA FUZZY


As funções de erro que estamos trabalhando se referem a uma comparação entre o nível
desejado do tanque e a medição realizada usando o sistema mostrado na figura 1. Foram criadas
duas funções, uma chamada de erro e outra de derivada do erro. A primeira função corresponde a
diferença entre a altura de referência e altura medida, e para melhor representá-la foi atribuída a
ela cinco classes de erro, como mostrado na figura 2 abaixo:

Figura 2- Função do erro implementada no Labview. Fonte: Autor

A função varia de 40 a –40, já que a altura máxima do nível do tanuqe é de 40 cm. Caso o
tanque esteja vazio e altura requerida seja a máxima, então o erro será de 40, se ocorre o
contrário que é o caso de que o tanque estiver cheio e é requerido esvaziá-lom ou seja, a altura de
referência é zero, teremos um erro de –40. As cinco classes dessa função erro estão nomeadas
como NG, NM, Zero, PM e PG. As classes NG e NM representam quando o erro é negativo,
sendo o NG um erro negativo grande e varia de um valor de –40, quando é máximo, até -10
quando este tem um pertencimento mínimo como é mostrado no eixo das ordenadas
(Membership (u)). O NM é um erro negativo médio variando de –35, quando esse começa a
aparecer, atingindo um pico em –20 e terminando em 0. O erro Zero simboliza um erro mínimo e
começa em –10, atinge seu valor máximo em 0 e termina em 10. As classes PM e PG tem um
comportamento simétrico as classes NG e NM, com a diferença que essas divisões representam
erros positivos grandes e médios. Atráves da figura 2 é possível perceber que há regiões em que
as curvas cobrem o mesmo espaço, isso significa que há uma transição entre as classes, em
outras palavras, um erro negativo grande, por exemplo, pode ser lido como uma parte do erro
negativo médio, tornando o sistema mais real.
Para realizar a implementação da segunda função, a derivada do erro, foi feito um
procedimento similar ao descrito anteriormente, sabendo que essa função é matematicamente
descrita pela diferença do erro em um tempo posterior e um erro anterior. O intervalo de variação
dessa função é de –3 e 1,5. A figura 3 mostra a derivada do erro com as suas divisões:

Figura 3- Função da derivada do erro implementada no Labview . Fonte: Autor

Os termos DNG, DNM, Zero, DPM e DPG tem significado semelhante à função anterior,
exceto que agora se referem a função da derivada do erro. O DNG varia de –3, que é o seu valor
máximo, até um mínimo de -1,5. O DNM começa em –2, atinge um valor máximo em –1 e
termina em –0,5. O Zero inicia em –1, tem o seu pico em 0 e termina em 1. Já no DPM, há o
início em 0,25, atinge o valor máximo de 0,75 e termina em 1,25. Por último, o DPG começa em
0,5 e termina em 1,5.
Desta forma, é possível construir um programa para o controle do nível do tanque que se
baseia na análise dessas funções de erro para saber qual será o próximo passo quando for obtido
uma resposta da medição, isso corresponde na prática aos incrementos ou decremento de tensão
fornecidos para o aumento ou diminuição da velocidade da bomba utilizada para fornecer a
vazão de água para o tanque.

4. TENSÃO DE SAÍDA

A função de tensão de saída do processo de controle do nível do tanque foi adicionada


usando a opção de implementação de funções de saída, como mostrado na figura 4:
Figura 4- Função da tensão de saída no Labview. Fonte: Autor

Nessa função também foram colocadas cinco classes (NG, NM, Zero, PM e PG) com o
mesmo significado das que já foram descritas nas funções erro e derivada do erro, com a
diferença de que agora estamos referenciando uma função de saída, ou seja, uma função que será
uma resposta aos valores do erro e da sua derivada. Para realizar a ligação entre as funções de
entrada e a de saída estabelecemos regras que regulam qual será a resposta para a tensão de
acordo com as funções de erro. As regras estão mostradas no quadro 1:

Derivada do Erro
Erro NG NM Zero PM PG
NG NG NG NG NG NG
NM NG NM NM NM NM
Zero NM NM Zero Zero Zero
PM Zero Zero PM PM PM
PG PM PM PG PG PG

Quadro 1- Regras de controle para a tensão de saída. Fonte: Autor

No quadro 1, é mostrada a classificação das funções de entrada, o erro está em azul e a


derivada em verde, interlaçadas com a tensão de saída (marrom). Por exemplo, para um erro
negativo grande e uma derivada do erro positiva média, teremos uma tensão de saída negativa
grande. A figura 5 mostra a implementação dessas regras no Labview:

Figura 5- Regras de controle no Labview. Fonte: Autor

É possível gerar um gráfico com essas relações selecionando a aba “Test System” no
software. O gráfico 3d, visto na figura 6, é uma função das funções de erro com a tensão, sendo
possível alterar os valores do erro e de sua derivada para verificar qual o valor da tensão de
resposta.
Figura 6- Gráfico 3d gerado com as funções de erro e da tensão. Fonte: Autor

5. REFERÊNCIAS

[1] BENEVIDES, M. Introdução, motivação e conjuntos fuzzy. Disponível em: https:


//www.cos.ufrj.br/~mario/logica/logicaFuzzy.pdf. Acesso em: 20 out 2021.
[2] RIGNEL, D. G. de S.; CHENCI, G. P.; LUCAS, C. A. UMA INTRODUÇÃO A LÓGICA
FUZZY. REVISTA ELETRÔNICA DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E GESTÃO
TECNOLÓGICA, v. 01, n. 01, p. 17 – 28, 2011.
[3] SILVA, Renato Afonso Cota. Inteligência artificial aplicada à ambientes de Engenharia de
Software: Uma visão geral. Universidade Federal de Viçosa, 2005.
[4] VIDAL, L. de C.; LANDIM, W. C. de A.; COSTA, A. P. Aplicação de Lógica Fuzzy no
Controle de Plantas Industriais. In: AEDB, 2012, Rio de Janeiro. SIMPÓSIO DE EXCELÊNCIA
EM GESTÃO E TECNOLOGIA. Rio de Janeiro, 2012.

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