Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Educação
Curso de História
Disciplina: História da Educação
Profa: Thais Nívia de Lima Fonseca
Aluno: Beatriz Gomes Guimarães

FICHAMENTO: FRANCO CAMBI – CAPÍTULO 1: CARACTERÍSTICAS DA

EDUCAÇÃO MEDIEVAL – HISTÓRIA DA PEDAGOGIA
1- A Idade Média na historiografia contemporânea
- No primeiro item do capítulo 1, o autor aborda e examina as diferentes análises
historiográficas da Idade Média realizadas a partir da renascença, trazendo as perspectivas
humanista, iluminista, romântica, positivista e da Escola de Annales.
- Primeiramente, o autor se debruça sobre o pensamento humanista e iluminista, que viam o
período medieval como uma época de retrocesso, baseando tal visão no retorno do homem à
vida rural, com pouca tecnologia, em situação de maior pobreza e com produção cultural
reduzida. Para esses pensadores a época do medievo era apenas o meio entre dois períodos
considerados brilhantes.
- Em contraste com essas ideias, Cambi traz a análise do romantismo, que resgata a construção
da sociedade cristã marcada pelo desenvolvimento de ideologias religiosas, tradicionais e
místicas que levarão a uma maior coesão da comunidade, não deixando de ser plural.
- Ao trazer o positivismo, o autor retrata o caráter de pesquisa histórica do movimento, com o
levantamento de diversas fontes, além de analises a partir de lentes modernas, como, por
exemplo, as releituras marxistas citadas.
- Por fim, Cambi trata do pensamento da inovadora Escola de Annales, que ocorreu a partir de
dois pontos fundamentais:
* Renovação crítica: diferença em relação ao Antigo e ao Moderno pautada na questão
religiosa, dando ênfase á dualidade dos poderes (Igreja e Império) e á cultura espiritual e
religiosa.
* Exaltação da sociedade medieval
- Homem e sociedade medieval como germens do mundo ocidental.
- Cristianismo como mecanismo de coesão, cultural, político, ideológico, de
conhecimento e de unidade.
- Pluralidade baseada na disputa entre mundano e espiritual.
2- A formação da Europa e a consciência cristã
- Formação da Europa está atrelada à relação com a terra, o que remete às invasões muçulmanas
no Mediterrâneo. Tal fator traz características do sistema e do trabalho (feudalismo), mas há,
ainda, uma forte perspectiva plural estabelecida pelos singularismos regionais.
- Dessa forma, a unidade da Europa não se dá pelo caráter geográfico, mas pela influência total
do cristianismo, que contribui para uma identidade europeia na política, na economia, no
imaginário e nas organizações sociais.
- A educação europeia também tem suas origens cristãs:
* Instituições que, além de concentrar os portadores de conhecimento, são as únicas que
levavam a educação e a formação.
* É nas instituições religiosas que se discute as práticas pedagógicas, que não poderiam, assim
sendo, estarem desatreladas das mentalidades cristãs (prêmios e castigos no mundo
educacional) e da estratificação da sociedade pautada em ideologias aristocráticas e religiosas
(diferentes práticas e modelos pedagógicos para diferentes classes sociais).
3- O imaginário cristão e a educação: aristocracia e povo
- Em primeiro lugar nesse item, o autor traz a ideia de que a ordem estabelecida e pregada pela
Igreja é considerada comumente divina e as instituições religiosas tem poder de atuar contra as
revoltas em relação a essa.
- Um ponto importante abordado seria a ideia de que o maior fator educativo presente no
medievo seria o imaginário, que é construído por meio de mitos, imagens, escritos e outros.
- Esse processo educativo baseado no imaginário depende também da hierarquia em que o
ouvinte se insere.
* ao se tratar da aristocracia, a educação é mais formal e o recurso utilizado é a leitura e está
ligado ao exercício da fé e às questões filosóficas e racionais do estudo teológico (semelhante
aos pensamentos de Tomás de Aquino).
* já quando o ensino é direcionado às camadas populares, há uma simplificação da doutrina,
com uso do medo e do horror. Essa forma de propagar a mensagem tem relação com a profunda
dualidade vivenciada pelos homens, que se encontravam em eterno combate entre o mundano
(presente na sua vida extremamente material e violenta) e o espiritual (apresentado pela Igreja
e com constantes analogias ao castigo e ao inferno) que se torna cada vez mais intenso
psicologicamente.
4- Entre sociedade hierárquica e o mundo burguês, entre alta e baixa Idade Média
- O item discute as mudanças que ocorreram na educação com as transformações na Idade
Média (de Alta para Baixa Idade Média).
- Como já foi visto, na Alta Idade Média, há a forte presença do imaginário como ideologia,
estando esse formalizado e racional nos âmbitos aristocráticos, enquanto no meio popular, se
encontrava imerso em mitos relativos ao sofrimento e ao pecado, tendo como base de
divulgação imagens e a palavra.
- Cambi pontua as mudanças pedagógicas presentes na Baixa Idade Média como causadas pelas
transformações sociais, com o surgimento da classe burguesa.
- Com esse novo período, deu-se início a uma maior troca de informações e cultura (a partir dos
avanços do comércio) e à formação de homens mais individualistas e laicos, estando a ideia do
materialismo mais bem estabelecida.
- Outro ponto importante trazido é o processo de crise ideológica da Igreja, tendo como
exemplos o surgimento de vertentes do cristianismo como os franciscanos e os dominicanos,
além dos conflitos sociais causados pelos pensamentos mundanos e materialistas burgueses.
- Tendo em vista as mudanças da época, fica claro que a educação também sofreu
transformações. O que ilustra essas modificações é o surgimento das universidades pautadas na
especialização, na socialização, na laicização e na razão, trazendo um pensamento mais liberto
e amplo. Além disso, teve origem o aprendizado artesão, relacionado às oficinas de trabalho
estabelecidas com a burguesia.
5- Uma longa época de transformações e o “fundo” do moderno
- Nesse último item, o autor apresenta a ideia de que a época medieval deu início à pensamento,
cultura, sistema social e econômico e política totalmente novos e apartados daquilo que vinha
acontecendo no período Antigo.
- Assim sendo, houve uma imensa contribuição para a formação de uma Europa moderna
regulada por um ideal cultural comum, pelo nacionalismo e pela divisão entre o Estado e a
religião.
- Sem dúvida, existem também efeitos na educação, o que é expresso pelas universidades, pelo
ensino especializado e profissional das corporações de ofício e pela família como núcleo básico
da educação.

Referências:
CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Editora UNESP, 1999, p. 141- 154.