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FICHAMENTO – EDUCANDO A FAMÍLIA, CONSTRUINDO A NAÇÃO (ANOS

1920/1930) – ANA MARIA B. M. MAGALDI


- Magaldi inicia sua análise sobre os processos educativos nos primeiros anos da República
traçando um panorama sobre a historiografia da educação relativa a esse mesmo período.
- Sobre esse panorama, é pontuado uma maior preocupação por parte dos historiadores em
estudar a escola, a cultura escolar e as políticas públicas associadas a tal, deixando a
instituição familiar em segundo plano quando se trata dos processos pedagógicos das décadas
de 1920 e 1930.
- A autora afirma que, diante das transformações recentes que a sociedade brasileira passava e
da insatisfação da elite com os rumos tomados pela recém-nascida república (que se
alicerçava no governo oligárquico), esse mesmo grupo social via a necessidade de liderar um
movimento de renovação da sociedade, construindo uma consciência nacional.
- A educação foi eleita como o principal instrumento para viabilizar essa renovação, estando
ela associada não apenas ao projeto de solucionar o analfabetismo, mas à promover uma
educação patriótica e cívica, e instruir acerca da higiene (saúde do corpo tida como questão
importante para a civilidade).
- Para estabelecer a educação em bases sólidas, era ainda necessário adentrar nos lares,
alicerçando a instrução no seio familiar.
- Os estudos de Magaldi têm como base a atuação das educadoras engajadas no movimento da
Escola Nova, Armanda Alvaro Alberto e Cecília Meireles, além do médico Júlio Porto-
Carrero. Esses indivíduos teriam contribuído para disseminar as mensagens relativas à
instrução entre as famílias.
- Dessa forma, intelectuais refletiram nessa época acerca de como deveria ser o
comportamento das famílias frente a educação das crianças, apontando para a necessidade de
atitudes em consonância com os ideais científicos valorizados no período, como a higiene e a
psicologia.
LIÇÕES À FAMÍLIA: FORMAS DE TRANSMISSÃO E MENSAGENS VINCULADAS
- Escolas também dialogavam e procuravam educar as famílias. Procuravam diminuir as
gritantes diferenças entre a educação familiar e escolar. Exemplo: Criação do Círculo de Pais
e Professores.
- A educação não se limitava ao ambiente escolar, havia uma prestação de assistência médica
às famílias e a visita de professoras às casas.
- Os estudos sobre a atuação de Armanda demonstram a atuação das esferas pedagógicas na
civilização e educação de mães das camadas populares.
- Além da escola, a imprensa também se tornou um agente que promoveu a educação de
famílias. Cecília Meireles, atuando como jornalista, contribuiu para a conscientização de
educadores e de pais acerca das singularidades da infância e dos desafios para a promoção da
educação.
- Seus escritos podiam atingir diretamente os pais, no caso de famílias letradas, como também
podiam atingir os familiares que não tinham contato com a escrita, a partir dos leitores que
eram chamados para atuar contra os maus hábitos de mães.
- Além de educadores e jornalistas, alguns médicos também procuram interferir na vivência
das famílias, como é o caso do psiquiatra Julio Pires Porto-Carrero. Esse profissional era
adepto de uma psiquiatria higienista e simpatizante da eugenia.
- Em suas teses, Julio afirmava que, a fim de evitar doenças mentais, era necessário atitude de
correção e modelação dos filhos pelos pais. Apontava, ainda, para a necessidade de promover
a educação sexual das crianças.
LIÇÕES DE CIVILIZAÇÃO À FAMÍLIA E À SOCIEDADE
- Magaldi estabelece pontos em comum entre os diferentes projetos pedagógicos citados,
afirmando que todos consideravam as famílias despreparadas para o papel pedagógico e
estabeleciam suas intervenções nos referenciais científicos da época.
- Por outro lado, Magaldi acentua que esses profissionais consideravam que os pais tinham
um papel essencial na educação de seus filhos e lembravam com frequência da função do
ambiente familiar no desenvolvimento das crianças.
- Outro aspecto em comum evidenciado seria a quem essas mensagens eram dirigidas, o que
majoritariamente se referiam às mães.
- Por fim, a autora acrescenta que esses pedagogos se viam, muitas vezes, como detentores da
verdade acerca da infância, impondo seus valores e preceitos sobre as famílias tidas com não
civilizadas.

Referências:
MAGALDI, Ana Maria. Educando a família, construindo a nação (anos 1920/30). In:
MAGALDI, Ana Maria; ALVES, Cláudia; GONDRA, José G. (orgs). Educação no Brasil:
história, cultura e política. Bragança Paulista, SP: Editora da Universidade São Francisco,
2003.

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