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RECIFE
FIOCRUZ-PE
2019
© 2019. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz & Instituto Aggeu Magalhães – Fiocruz-PE
M912
Mosquitos: base da vigilância e controle / Alessandra
Albuquerque, Cláudia Fontes de Oliveira, Eloína
Santos, Maria Alice Melo-Santos, organização.
- Recife: Instituto Aggeu Magalhães, 2019.
97 p. : il., tab., graf.
ISBN 978-85-69717-14-0.
Desenvolvedor
Coordenação de Produção &
Designer Instrucional Diego Marcolino Silva
Sandra de Albuquerque Siebra
Avaliação Midiática-Pedagógica
Conteudistas Joselice da Silva Pinto
Alessandra Lima de Albuquerque
Cláudia Maria Fontes de Oliveira Revisão Ortográfica e de ABNT
Constância Flávia Junqueira Ayres
Jéssica Espíndola de Sá
Danilo de Carvalho Leandro
Eloína Maria de Mendonça Santos
Apoio Técnico
Gabriel da Luz Wallau
Michelle Juliana Pereira da Silva
Maria Alice Varjal de Melo Santos
Maria Helena Neves Lôbo Silva Filha
Rosângela Maria Rodrigues Barbosa Produção dos Vídeos
Tatiany Patrícia Romão Pompílio de Melo Luiz Henrique Teixeira Bazílio
Sobre os Autores
Alessandra Lima de Albuquerque
Constância Ayres
Coordenadora Geral
CAPÍTULO 1
CARACTERÍSTICAS
BIOLÓGICAS, ECOLÓGICAS
E COMPORTAMENTAIS
Autores
Alessandra Lima de Albuquerque
Cláudia Maria Fontes de Oliveira
Danilo Carvalho Leandro
Eloína Maria de Mendonça Santos
Maria Alice Varjal de Melo Santos
Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
1
CARACTERÍSTICAS
BIOLÓGICAS,
ECOLÓGICAS E
COMPORTAMENTAIS
DOS MOSQUITOS
OBJETIVO
15
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
Fonte: Adaptado do Centers for Disease Control and Prevention (CDC)/ Prof. Frank Hadley Collins,
Dir., Cntr. for Global Health and Infectious Diseases, Univ. of Notre Dame.
16
Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
17
DESENVOLVIMENTO
DOS INSETOS a. Traça
ametábolo
OVO
FORMAS
JOVENS
b. Barbeiro
ADULTO
hemimetábolo
OVO
FORMAS
JOVENS
(NINFAS)
ADULTO c. Mosquito
holometábolo
OVO
LARVAS
FORMAS
JOVENS
PUPA
ADULTO
Figura 2: Tipos de Desenvolvimento dos insetos. | Fonte: Os autores. Infografia: Déborah Silva, EAD Fio-
cruz PE, 2019.
Figura 3: Diferentes ordens de insetos e seus respectivos representantes.
Fonte: 1. Adaptado do Centers for Disease Control and Prevention (CDC); 2. CDC/DPDx - Blaine
Mathison; 3. CDC; 4. CDC; 5. CDC - Dr. Pratt; 6. Freeimages - Marcin Morawiec; 7. CDC; 8. CDC;
9. Freeimages - Cheryl Empey; 10. CDC; 11. CDC - Frank Collins; 12. CDC - Dr. Gary Alpert - Ur-
ban Pests - Integrated Pest Management (IPM); 13. CDC - Prof. Woodbridge Foster; Prof. Frank H.
Collins; 14. CDC - Ken Gage; 15. CDC - Dr. Dennis Juranek.
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
20
Figura 4: Características morfológicas da diferença sexual entre machos e fêmeas e entre machos
e fêmeas de diferentes gêneros de mosquitos.
Fonte: Adaptado do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) / Dr. Richard Darsie.
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
23
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
24
Figura 5: Vias de transmissão. | Fonte: Os autores. | Infografia: Déborah Silva, EAD Fiocruz PE, 2019.
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
ficação até o nível de espécie. Para a podem ter um tempo de vida (longe-
subfamília Anophelinae, por exemplo, vidade) que, em condições favoráveis,
a ausência de sifão já a torna diferente pode alcançar dois ou mais meses, es-
das demais (Figura 6). pecialmente para as fêmeas. Em alguns
casos excepcionais, em regiões de cli-
Em relação à alimentação, as larvas
ma frio, as fêmeas podem entrar em
são predominantemente filtradoras, com
diapausa (um tipo de dormência), aju-
aparelho bucal adaptado para filtrar e in-
dando-as a superar o inverno rigoroso.
gerir microrganismos e matéria orgânica
em suspensão na água dos criadouros. Na subfamília Culicinae, os prin-
Excepcionalmente, em alguns gêneros cipais gêneros envolvidos com a trans-
como Toxorinchites as larvas são preda- missão de patógenos são Aedes e
doras. Culex, já para a subfamília Anopheli-
nae, o gênero de maior importância é
Dependendo da temperatura e da
Anopheles. Informações sobre cada
disponibilidade de alimento, a fase larvá-
gênero são descritas em mais detalhes
ria, que compreende quatro estádios de
a seguir.
desenvolvimento (L1, L2, L3 e L4), pode
se completar entre 5 a 7 dias. • Aedes
27
Formas Anofelinos Culicíneos
Ovos
3. Postos agrupados
1. Postos isolados com 2. Postos isolados
formando jangada sem
flutuadores sem flutuadores
flutuadores
Larvas
4. Permanecem para-
5. Permanecem vertical 6. Permanecem diago-
lelas à superfície da
à superficie da água - nal à superficie da água
água para respirar - não
possuem sifão curto - possuem sifão longo
possuem sifão
Adultos
7. Probóscide e corpo
8. Corpo pousado para- 9. Corpo pousado para-
quase em linha com a
lelamente a superfície lelamente a superfície
superfície de pouso
Fonte: Adaptado de Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Ae. aegypti CDC/ Paul I.
Howell, MPH; Prof. Frank Hadley Collins & Ae. albopictus CDC/ James Gathany.
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
Cada fêmea põe 50 ou mais ovos por Vários estudos comprovam a sus-
oviposição. São exemplos de criadou- ceptibilidade de Ae. albopictus a dife-
ros dessa espécie: caixa d´água, pneus rentes arbovírus, entre eles dengue, fe-
em desuso, vasos de planta e seu pra- bre amarela, chikungunya e Zika. Surtos
to coletor de água, entre muitos outros. de transmissão do vírus dengue, atribu-
Atenção! Pois os tipos de criadouros ídos a essa espécie, foram registrados
podem ser diversos de acordo com o em regiões dos continentes asiático,
ambiente (Figura 8). As larvas de Ae. europeu e africano. Ae. albopictus está
aegypti buscam o alimento no criadou- presente na maioria dos estados brasi-
ro movimentado-se ativamente da su- leiros, mas, sua participação nos ciclos
perfície ao fundo. locais de transmissao ainda é incerta.
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
cômodo com as picadas, suas fêmeas pequeno a grande porte, com colora-
são menos agressivas do que as do gê- ção em geral marrom claro a negro.
nero Aedes.
Os dois subgêneros com maior
Algumas espécies são reconheci- número de espécies e importância epi-
das pela importância médico-veteriná- demiológica são Culex e Melanoconion.
ria na transmissão de patógenos cau-
Sob o ponto de vista de transmis-
sadores de doenças como a filariose
são de doenças ao homem no Brasil,
bancroftiana, dirofilariose (filariose ca-
Culex quinquefasciatus é o represen-
nina), malária aviária, encefalite equina
tante de maior importância do com-
venezuelana, encefalite de Saint Louis,
plexo Culex pipiens. Um complexo é
encefalite japonesa, além da febre do
um grupo de espécies muito parecidas
Nilo ocidental e, mais recentemente,
morfologicamente, mas geneticamente
considerada vetor potencial do Zika ví-
distintas, e que em alguns casos não
rus. Devido à sua característica cosmo-
podem produzir uma prole fértil e por
polita, é importante a investigação do
isso podem ser consideradas espécies
papel de Culex na transmissão de pató-
diferentes. Assim, na maioria das vezes
genos de doenças emergentes.
a identificação taxonômica destas es-
Considerando o grande número pécies só é possível através da análise
de espécies do gênero Culex, as ca- de seus genes.
racterísticas biológicas são variadas
Cx. quinquefasciatus é conheci-
quanto ao ambiente onde ocorrem (ex.:
do como mosquito doméstico tropical,
silvestre, rural e urbano), bem como
apresenta distribuição expansiva no
quanto ao comportamento de acasala-
ambiente urbano entre a faixa equato-
mento, que pode se dar em locais pe-
rial, tropical e subtropical do globo. No
quenos e fechados, como no interior de
Brasil, sua distribuição é bastante in-
uma casa ou mesmo de uma gaiola em
fluenciada pela presença do homem.
condições de laboratório (neste caso
são chamadas de espécies estenogâ- O mosquito adulto tem porte mé-
micas) tal como Ae. aegypti. Outras es- dio, coloração marrom claro sem brilho
pécies se reproduzem em locais aber- metálico e pernas também escuras sem
tos no ambiente silvestre (ex.: matas), marcações claras (Figura 7), diferente
formando verdadeiros enxames (espé- de Aedes aegypti. Os adultos, machos
cies eurigâmicas). Quanto ao tamanho, e fêmeas, são frequentemente encon-
as espécies de Culex podem variar de trados dentro das casas, espaço explo-
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
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Figura 8: Exemplos de criadouros típicos de alguns culicídeos.
Criadouro de Anopheles
2 3
4 5
Fonte: 1. Maria Alice Varjal de Melo Santos; 2. e 4. Centers for Disease Control
and Prevention (CDC) / Graham Heid, Dr. Harry D. Pratt; 3. e 5. Instituto Aggeu
Magalhães / Departamento de Entomologia / Danielle C. T. V. Melo.
Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
A B C D
Toxorhynchites -
Toxorhynchites - Tipulídeos - Quironomídeos
Grande dimensão
Mosquito elefante “mosquitos” - imitadores de
da larva do
adulto gigantes mosquitos
mosquito elefante
Fonte: A. e B. Walther Ishikawa - Planeta Invertebrados; C. Bulent Fahri Ince - Freeimages; D. Dé-
borah Silva/EAD Fiocruz PE.
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Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
REFERÊNCIAS
CDC. Centers for Disease Control and Prevention. Division of Parasitic Disea-
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gov/malaria/about/biology/mosquitoes/index.html>. Acessado em 11 dez. 2018.
CURTIS, C.F.; SCHRECK, C.E.; SHARMA, V.P.; YAP HAN HENG. Chapter 1 Mos-
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use by individuals and communities / prepared by Jan A. Rozendaal. World Health
Organization, 1997. ISBN: 9241544945. Disponível em: <http://www.who.int/wa-
ter_sanitation_health/resources/vector007to28.pdf>. Acessado em: 11 dez. 2018.
GATES, B. The Deadliest Animal in the World - Mosquito Week. 2014. Disponí-
vel em: <https://www.gatesnotes.com/Health/Most-Lethal-Animal-Mosquito-We-
ek>. Acessado em: 11 dez. 2018.
HARBACH, R.E. Classification within the cosmopolitan genus Culex (Diptera: Culi-
cidae): The foundation for molecular systematics and phylogenetic research. Acta
Trop. 120:1-14, 2011.
LAMBRECHTS, L. et al. Genetic specificity and potential for local adaptation be-
40
Capítulo 1 - Características biológicas, ecológicas e comportamentais dos mosquitos
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WHO. World Health Organization. Facts sheets. Malaria. Disponível em: <http://www.
who.int/en/news-room/fact-sheets/detail/malaria>. Acessado em: 11 dez. 2018.
41
CAPÍTULO 2
CONTROLE DE MOSQUITOS
Autores
Cláudia Maria Fontes de Oliveira
Maria Alice Varjal de Melo Santos
Maria Helena Neves Lobo Silva Filha
Rosângela Maria Rodrigues Barbosa
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
CONTROLE
DE MOSQUITOS 2
OBJETIVO
43
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
VOCÊ SABIA?
indicadores entomológicos e os níveis
de transmissão da doença, para identi-
ficar situações ambientais e climáticas
Devemos controlar mosquitos
que favoreçam a disseminação de pa-
em uma área mesmo que NÃO
tógenos. Portanto, a vigilância entomo- esteja ocorrendo a transmissão de
lógica é um componente essencial nos doenças. Isto porque eles podem
causar danos à saúde humana,
programas de controle de insetos. como alergias e incômodo ao sono
e repouso das pessoas.
É importante saber que não existe
um método universal, ou único, para re-
duzir as populações dos mosquitos em
todos os lugares ou ambientes onde
eles causam problemas. A situação de
2. Como podemos realizar
cada local deve ser avaliada para es- o controle mecânico/físico
colher as estratégias de controle mais dos mosquitos?
adequadas e viáveis. Por isso, a Organi-
zação Mundial de Saúde recomenda o
Manejo Integrado de Vetores (MIV) e re- A estratégia de controle mecânico
centemente publicou diretrizes relativas é a mais importante e deve ser feita pela
à importância estratégica do controle população, pelos agentes de endemias
de vetores para a redução e eliminação e pelos órgãos públicos municipais,
de doenças a nível global até 2030. estaduais e federais. Ela deve ser apli-
cada em todos os programas, pois tem
A alta infestação ou alta densi-
como objetivo eliminar os criadouros e
dade populacional de mosquitos em
as condições que causam a prolifera-
áreas urbanas, geralmente, indica que
ção dos mosquitos. Ações mecânicas
existem condições no ambiente, pos-
ou físicas incluem o fechamento corre-
44
Figura 1: Exemplos de ambientes que favorecem a proliferação de mosquitos e podem ser cha-
mados de “criadouros”.
A B
C D
Canaletas e canais com obstrução do fluxo de água Caixa de inspeção sem tampa
pelo lixo
Fonte: Departamento de Entomologia / Instituto Aggeu Magalhães - Eloína Maria M. Santos, Tatia-
ne Cibele S. Gomes e Maria Alice V. Melo Santos.
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
to de fossas, bem como dos grandes A vistoria nas residências para en-
reservatórios de água, como tanques, contrar e eliminar os criadouros é uma
cisterna e caixas d’água; o descarte de ação mecânica-física-ambiental muito
objetos que possam acumular água, es- importante para o controle de mosqui-
pecialmente no ambiente peridomiciliar tos, no entanto, não pode acontecer
(fora da casa) e intradomiciliar (dentro apenas durante as campanhas ou ar-
de casa); a drenagem e limpeza de rios, rastões de limpeza. A vistoria precisa
canais, córregos, sistemas de coleta de ser feitas pelos próprios moradores e
águas pluviais (água de chuva) e de es- por isso, os Agentes de Endemias dos
gotos, calhas e outros para impedir o municípios são também responsáveis
acúmulo de água parada (Figura 2). por ensinar a população sobre como
achar e eliminar os criadouros presen-
tes no ambiente residencial. A partir
destas informações, cada morador(a)
VOCÊ SABIA?
O melhor agente para achar
criadouros de mosquitos é
o próprio morador(a). Ele(a) VOCÊ SABIA?
conhece bem todos os recantos
da casa, sabe onde estão a A organização e a limpeza nas
fossa, tanques, cisternas, calhas, casas pode eliminar boa parte dos
e outros locais e recantos que mosquitos do ambiente.
podem servir como criadouros.
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
A B
Ferro-velho
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
~1mm L1
~3mm L2
~5mm L3
LARVAS
~7mm L4
~5mm PUPA
~8mm ADULTO
Figura 5: Fases de desenvolvimento dos mosquitos Culex e Aedes em escala. Adultos, pupas,
larvas e ovos.
Fonte: Os autores. Infografia: Déborah Silva, 2019
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
A B
Fonte: A. Louise Gubb / Carter Center; B. Ilustração: Túlio Mesquita, EAD Fiocruz PE, 2019.
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
Óleo de
C it r o n e la s
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Cymbopogon na
Pr o
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EA uzido e
D ex
B-7 exporta portado por:
5
Rec , Seto dora l
Peso: 15rm
ife P r-7 IAM
no
E, B
uso exte
rasil
micos mais conhecidos e utilizados são Estes compostos podem ser usa-
os organoclorados (ex.: DDT, dieldrin), dos como larvicidas e aplicados na
organosfosforados (ex.: temephos e água dos criadouros para matar as for-
malathion), carbamatos (ex.: propoxur) mas jovens, principalmente na fase de
e piretróides (ex.: permetrina e deltame- larvas. Eles também podem ser usa-
trina) (Figura 8). dos como adulticidas para eliminar os
mosquitos adultos do ambiente. Neste
Figura 8: Exemplos de inseticidas usados no controle de mosquitos.
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
“Insect Growth Regulators”), que são Outros IGRs são chamados aná-
substâncias reguladoras do crescimen- logos do hormônio juvenil (ex.: meto-
to de insetos. Estes compostos interfe- preno e pyriroxyfen) e eles causam um
Figura 10: Efeito do tratamento de larvas com agentes de controle do grupo IGR.
A B
C D
Fonte: Os autores. Ilustração: A. Túlio Mesquita, EAD Fiocruz PE, 2019. B a D. Departamento de
Entomologia - Instituto Aggeu Magalhães / Fabiana Kalina A. S. da Silva e Maria Alice V. Melo Santos.
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
A B
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A B
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
mosquitos ainda está em fase experi- quito que se quer controlar em campo,
um modo de ação lento e a morte dos ção, serão adotadas abordagens di-
insetos infectados (Figura 14) pode de- ferentes para solturas ou liberação em
60
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
VOCÊ SABIA?
O que é a resistência de insetos a inseticidas?
Como detectar?
Como prevenir?
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
pulacional. Para isto, são produzidos sendo a exposição dos mosquitos à ra-
milhares ou milhões de mosquitos ma- diação X ou gama o mais tradicional e
chos estéreis, que são liberados no utilizado.
ambiente. O objetivo deste método é
Outro método de controle gené-
que os machos estéreis cruzem com as
tico é a técnica do mosquito transgê-
fêmeas de campo (selvagens) e gerem
nico. Nesta técnica uma linhagem de
ovos inviáveis, reduzindo a população
mosquito é modificada geneticamen-
da espécie-alvo progressivamente. A
te em laboratório. Esta modificação
eficiência da técnica depende da cria-
pode ser a inserção de um gene ou a
ção em larga escala, ou seja, em gran-
mudança de um gene já existente no
de quantidade, dos machos estéreis e
mosquito que cause um efeito nega-
em seguida fazer liberação destes em
tivo para sua sobrevivência ou capa-
campo (Figura 15). Quanto maior for o
cidade de transmitir um agente pato-
número de machos estéreis liberados
gênico. Como exemplos, pode ser um
e menor o intervalo entre as solturas,
gene que cause a morte precoce do
maior será a possibilidade de machos
mosquito durante a fase jovem ou ain-
estéreis competirem com machos sel-
da um gene que afete a sua capacida-
vagens em campo e mais efetivo será
de de voar e, portanto, de buscar os
o controle. A esterilização dos machos
hospedeiros para se alimentar.
pode ser feita por diferentes métodos,
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
Como exemplo prático, há uma li- cies presentes no ambiente. Isto ocorre
nhagem transgênica de Aedes aegypti, pois o método é baseado na passagem
denominada OX513A, que foi desen- de genes de uma geração para outra,
volvida em 2002 pela empresa inglesa e a reprodução só pode ocorrer entre
Oxitec. Mosquitos desta linhagem pos- mosquitos da mesma espécie. 2) Os
suem um gene que impede a passagem machos buscam ativamente as fême-
das larvas e pupas para a fase adulta. as para o acasalamento. 3) Os des-
Por isso, se diz que estes mosquitos cendentes ou prole do cruzamento são
transgênicos são portadores de um eliminados ainda na fase jovem. 4) Os
gene letal, que mata toda a prole das machos que são liberados no ambien-
fêmeas que acasalam com os machos te não se alimentam de sangue, por-
OX513A, que foram modificados gene- tanto não são vetores e não causam
ticamente. Projetos de controle popu- incômodos associados às picadas. 5)
lacional utilizando estes mosquitos Ae. O método pode ser utilizado junto com
aegypti transgênicos foram realizados outras técnicas de controle. Existem al-
nas Ilhas Cayman, Malásia, Panamá e gumas experiências de sucesso do uso
no Brasil, que a propósito, foi o primei- da TIE para o controle de espécies de
ro país no mundo a ter uma biofábrica culicídeos, tais como: Cx. pipiens, Cx.
deste tipo de mosquito, localizada no tritaeniorhynchus, Cx. quinquefascia-
estado de São Paulo. Mais informações tus, An. albimanus, An. culicifacies, An.
sobre mosquitos transgênicos serão gambiae, inclusive Ae. albopictus e Ae.
descritas no Módulo 3. aegypti, em países como Itália e Brasil,
respectivamente.
64
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
rá aumentar a cada nova geração até portanto, são muito empregadas para
que ocorra a substituição da popula- o levantamento de índices na vigilân-
ção natural, após um número relati- cia entomológica. Todas têm em co-
vamente reduzido de solturas. Neste mum o fato de serem colonizadas em
caso, o controle é autossustentável. campo pelos próprios mosquitos. Além
Este é o caso dos indivíduos da li- disso, uma pequena quantidade de ar-
nhagem de Ae. aegypti portadora da madilhas pode ser capaz de mostrar a
Wolbachia WmelPop, considerada quantidade de insetos presente em um
capaz de impedir a replicação dos ví- determinado momento em uma deter-
rus Dengue, Zika e chikungunya no minada área. É importante destacar que
mosquito, em teste no projeto “Eli- antes de serem instaladas em campo, é
minar a dengue: Desafio Brasil” e em preciso definir o número de armadilhas
outros países, como Austrália, Viet- em cada área ou bairro. As armadilhas
nã, Colômbia, Índia, Indonésia, Sri também podem ser utilizadas como
Lanka, Fiji, Vanuatu e Kiribati. Mais instrumento para o controle de mosqui-
informações sobre mosquitos trans- tos. Neste caso, a quantidade de arma-
fectados com endossimbiontes se- dilhas será maior do que a necessária
rão descritas no Módulo 3. para o levantamento de índices.
65
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
A. B. C. D.
E. F. G.
H. I. J. K.
66
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
67
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
Figura 17: Armadilhas utilizadas na coleta de formas imaturas dos gêneros Aedes e Culex.
A A B
C C C
68
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
69
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
A B D
Aspirador entomológico
movido a bateria Capturador de Castro Puçá
Fonte: Departamento de Entomologia/Instituto Aggeu Magalhães/ Maria Alice V Melo Santos, Ro-
sângela Maria R Barbosa e Gabriel L Wallau.
71
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
72
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
Figura 20: Coleta de larvas e pupas de mosquitos em criadouros tipo fossa através do método de
conchada para estimar a densidade populacional de larvas.
A B
Criadouro tipo caixa de passagem e instru- Detalhe da concha cotendo larvas e pupas
mento de coleta tipo “concha”
73
Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
Quadro 2. Índices entomológicos estimados por indicadores baseados na coleta de ovos, larvas,
pupas e adultos de mosquitos.
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
Gráfico 1. Densidade de adultos de Culex coletados com armadilha do tipo CDC, que mostra as
flutuações encontradas ao longo do ano.
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
Figura 21. Mapa tipo “Kernel” que mostra uma área com maior (laranja) e menor (azul) densidade
de ovos coletados em armadilhas (ovitrampas) usadas em um município, antes e após intervenção
de controle para avaliação do seu resultado.
MIN: = 67 MIN: = 0
MÁX = 6027 MÁX = 1035
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
Nota: Gráfico mostrando redução da densidade de mosquitos adultos após aumento do número
de criadouros tratados a partir do 13º mês.
Fonte: Os autores, 2019.
Este gráfico mostra que quanto maior Para controle de adultos, estão exem-
for o número de criadouros tratados, plificadas ações de aplicação de adul-
menor será o número de adultos cole- ticidas (spray) espacial, UBV, aplicação
tados, comprovando assim o efeito do no interior de casas, proteção pessoal
tratamento no controle da densidade através do uso de mosquiteiros e re-
populacional dos mosquitos. pelentes. Novos métodos aplicados
na fase adulta, como armadilhas letais,
Para encerrar este módulo, a Fi-
iscas tóxicas e outras, também estão
gura 22 resume os agentes e métodos
exemplificadas. Na parte inferior são ci-
que podem ser aplicados para o con-
tados alguns métodos que ainda estão
trole na fase de ovos-larvas e pupas
em fase de testes, incluindo métodos
(esquerda), e na fase adulta (direita).
com base genética, como as técnicas
Vários métodos descritos neste módulo
de liberação de mosquitos irradiados,
estão localizados na parte superior da
mosquitos transgênicos e mosquitos
figura. Para o controle de larvas, podem
infectados com a bactéria Wolbachia.
ser destacadas as ações de eliminação
de recipientes e tratamento destes com
agentes químicos, biológicos ou IGRs.
As campanhas de educação, limpeza
e organização dos ambientes para re-
duzir criadouros, também são citadas.
79
MÉTODOS EM MÉTODOS
DESENVOLVIMENTO EXISTENTES
POSTURA
Armadilhas para DE OVOS
ovos-ovitrampas letais,
e armadilhas de
autodisseminação
Figura 22: Resumo de agentes e métodos usados para o controle de mosquitos na fase jovem
como ovos-larvas-e pupas (parte superior) e na fase adulta (parte inferior).
Fonte: Adaptado de Achee et al. (2019). Infografia: Túlio Mesquita, 2019.
Capítulo 2 - Controle de Mosquitos
REFERÊNCIAS
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81
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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CAPÍTULO 3
AVANÇOS NA PESQUISA
QUANTO AO CONTROLE
VETORIAL
Autores
Alessandra Lima de Albuquerque
Constância Flávia Junqueira Ayres
Eloína Maria de Mendonça Santos
Gabriel da Luz Wallau
Tatiany Patrícia Romão Pompílio de Melo
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3
AVANÇOS NA
PESQUISA QUANTO
AO CONTROLE
VETORIAL
OBJETIVO
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Figura 1: Exemplo simplificado das etapas de modificação de mosquitos através da transgenia.
Fonte: Os autores. Ilustração: Déborah Silva, EAD Fiocruz PE, 2019.
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Capítulo 3 - Avanços na Pesquisa Quanto ao Controle Vetorial
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Capítulo 3 - Avanços na Pesquisa Quanto ao Controle Vetorial
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Capítulo 3 - Avanços na Pesquisa Quanto ao Controle Vetorial
do inseticida (ou receptor), alterando a quito de forma mais eficiente. Esse pro-
forma de ligação ou até mesmo impe- cesso leva a uma mudança no metabo-
dindo a ligação do composto, como se lismo do inseto, desencadeando o que
fosse uma chave errada na fechadura. chamamos de resistência metabólica.
Essas variações no DNA podem ser Assim, os mosquitos que têm essa alte-
monitoradas nas populações de cam- ração no DNA não são mais eliminados
po através de técnicas de biologia mo- pelo uso do mesmo inseticida.
lecular (Figura 4).
Utilizando o sequenciamento de
Outra forma de resistência a inse- DNA, podemos então detectar se as
ticidas químicos, amplamente conheci- mudanças ligadas à resistência a um
da, ocorre devido às mudanças no DNA dado inseticida, podem também com-
de determinados genes que codificam prometer a ação de outros inseticidas,
para uma proteína/enzima com alta processo conhecido como resistência
capacidade de desintoxicação. Neste cruzada. Para evitar a resistência é ne-
caso, essa enzima torna-se capaz de cessário fazer a rotatividade entre os
eliminar o inseticida do corpo do mos- inseticidas.
Figura 4: Gel de agarose mostrando amostras de Aedes aegypti da Ilha da Madeira-Portugal ava-
liadas para a mutação KDR F1534C que confere resistência ao DDT e piretróides.
Nota: A foto mostra a maioria dos indivíduos resistentes com o genótipo homozigoto (RR) e desta-
ca um indivíduo heterozigoto (RS) e outro susceptível homozigoto (SS).
Fonte: Gonçalo Seixas do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
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Capítulo 3 - Avanços na Pesquisa Quanto ao Controle Vetorial
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Mosquitos | Bases da Vigilância e Controle
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