Comunicação e Estudos Visuais I – Vanda Gorjão

Cultura Visual e Comunicação Visual - Um campo vasto de Teorias da Imagem.

O que é uma imagem? Principais perspetivas de análise.

A IMAGEM, ENTRE A TEOLOGIA E A HISTÓRIA

António Guerreiro

Hans Belting é autor de uma obra

vastíssima e monumental, tanto pela
erudição como pela elaboração teórica,
centrada numa reflexão sobre a imagem,
onde se cruzam várias disciplinas: a
história da arte, a antropologia, a
teologia, a história da religião, a história
dos "media" Deste grande investigador
alemão, que recentemente esteve em
Lisboa, acaba de sair a tradução de um
dos seus livros: "A Verdadeira Imagem"

Paul Gaugin, Le Christ au jardin des oliviers, 1889

Hans Belting (…) fundou e dirigiu um curso interdisciplinar que fala da imagem, numa perspetiva antropológica, o seu
objeto. Trata-se de uma Bilduissenschaft, uma ciência das imagens, que assenta as suas bases nesta tríade: imagem-
corpo-médium.

Eis como Belting fala dela: "O meu interesse incide na questão da migração das imagens através dos media: do quadro
para a fotografia e da fotografia para os novos media. Ao contrário de Warburg, que quis mostrar como as imagens
migravam no tempo, para mim as imagens viajam pelos media. E a tríade imagem,corpo-médium é importante, porque
sem um médium não existe visualmente imagem fora do nosso corpo.
Estas palavras são retiradas de uma conversa que tivemos com Hans Belting, em Lisboa, recentemente, por altura
da saída do seu primeiro livro traduzido em Portugal ("A Verdadeira Imagem" (Dafne Editora)
Este seu livro agora traduzido, "A Verdadeira Imagem", tem de ser lido no âmbito de "uma história coerente da
perceção" ou de uma "antropologia dos meios visuais", (…) uma teoria das imagens com base antropológica,
Belting abre com uma pergunta: "O que é uma verdadeira imagem?" Questionado sobre o paradoxo que uma tal
questão implica (tendo em conta que na tradição ocidental, desde Platão, a imagem surge relacionada com algo
que é falso), ele explica que "as imagens verdadeiras são aquelas imagens, anteriores à arte, que têm uma garantia
de autenticidade, em suma, as que mostram a face real de Cristo, convocando a realidade e a crença".

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(…)

E aqui, entramos num campo onde este livro faz vastas incursões: o da secularização da imagem. Diz-nos Belting:
"A secularização aconteceu em várias etapas. No século XVII, com Descartes e Kepler, surgiu algo novo, a imagem
científica, que é uma espécie de imagem com autoridade, porque mostra algo que não podemos ver (por exemplo,
o céu visto pelo telescópio). Depois, com a invenção da fotografia começou uma nova era, em que as imagens não
têm de ser impressas ou pintadas. E a seguir vêm as imagens em movimento, as imagens com vida do cinema e da
televisão. Hoje, com as novas tecnologias, a imagem sobrepõe-se à realidade. Deste vive-se num regime em que
há imagens por todo o lado. E isso representa não um triunfo, mas uma crise permanente da imagem, que é
também uma crise da imagem ocidental, cuja dominação chegou ao fim com a globalização."

Kepler telescope identifies ancient solar system