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NOTAS SOBRE

GEOGRAFIA E MODERNIDADE

Prof. Dr. Antonio dos Anjos


Iporá
2023
Modernidade e ciência

Idade Moderna: 1453 - 1789

Século XVI: nascimento da ciência moderna


rompimento com o saber aristotélico (?)

As ciências naturais (física, matemática,


biologia etc.) dominam e se tornaram o modelo
de cientificidade

O senso comum e os estudos humanísticos


(história, filologia, direito, literatura, filosofia e
teologia) são vistos como intrusos
Modernidade e ciência

Ciência do século XVI

Adota um modelo global e totalitário

Marcos:

- Teoria heliocêntrica de Copérnico (1473-1543)


- Leis de Kepler (1571-1630) (órbitas dos planetas)
- Leis de Galileu (1564-1642) (queda dos corpos)
- Leis de Newton (1643-1727) (ordem cósmica)
- Filosofia empiricista de Bacon (1561-1626)
- Filosofia racionalista Descartes (1596-1650)
Modernidade e ciência

Ciência do século XVI

Duas distinções fundamentais:

- Ciência / Senso comum


- Natureza / Pessoa humana
Modernidade e ciência

Ciência do século XVI busca o


rompimento com a ciência
aristotélica (metafísica), no entanto
ela permanece presente nos
grandes pensadores da ciência
moderna.
Modernidade e ciência

Na ciência do século XVI o domínio da matemática na


ciência moderna faz com que:

- Conhecer seja igual a separar e quantificar

- A realidade precisa ter sua complexidade reduzida

- A realidade se reproduz indefinidamente no tempo

(Santos não considera essa escolha como natural)


EPISTEMOLOGIA – gr. episteme (ciência) + logos (discurso)

A epistemologia (filosofia do pensamento) busca:

1) Definir a natureza do conhecimento

2) Situar o lugar do conhecimento científico dentro do domínio do saber

3) Estabelecer os limites do conhecimento científico

4) Conhecer a dimensão mental e material da aquisição de conhecimento


EPISTEMOLOGIA

• Epistemologia global (geral):


• estuda o saber em geral

• Epistemologia particular:
• campos do saber (áreas do conhecimento, como as ciências humanas)

• Epistemologia específica (regional):


• disciplinas (ciências, como a Geografia)
EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA

• Epistemologia global (geral):


• estuda o saber em geral

• Epistemologia particular:
• campos do saber (há possibilidade e necessidade de se estudar as
sociedades, então existem as ciências humanas)

• Epistemologia específica (regional):


• disciplinas (A Geografia é uma ciência especial, que estudará a relação
da sociedade com o espaço)
EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA

Epistemologia Global

Epistemologia Derivada

GEOGRAFIA

Epistemologia interna (específica)


EPISTEMOLOGIA DA GEOGRAFIA

REGIÃO

noção
conceito
objeto
método
A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO NA MODERNIDADE

SUJEITO OBJETO
(aquele que conhece) (o que é conhecido)
A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO NA MODERNIDADE

Vertente IDEALISTA (racionalista) (Descartes – 1596-1650)

Primado do sujeito: a representação que fazemos das coisas está


subordinada às ideias. Há a reconstituição de um acordo entre as coisas
e a mente, que se estabelece pela análise das ideias.
O renascimento cultural do séc. XVI e a
metafísica de René Descartes
A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO NA MODERNIDADE

Vertente REALISTA (empirista) (Francis Bacon, 1561-1626)

Primado do objeto: a representação que fazemos das coisas está


subordinada aos objetos em si mesmos, que são apreendidas pelos
sentidos e registradas pelo intelecto.
A filosofia metafísica de Bacon e Kant
nos séculos XVII e XVIII

A ciência deve restabelecer


o imperium hominis (império do
homem) sobre as coisas.

Francis Bacon (1561-1626)


A filosofia verdadeira não é apenas
a ciência das coisas divinas e
humanas. É também algo prático.
A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO NA MODERNIDADE

Vertente KANTIANA (Emmanuel Kant – 1724-1804) (subjetivista)


Correlação entre o sujeito e o objeto: o conhecimento é um trabalho conjunto
entre a apreensão sensível das coisas mesmas e o intelecto. Resultando daí uma
síntese dos elementos objetivo e subjetivo, ou seja, o conhecimento. A realidade
é apreendida através do fenômeno, que não é a realidade em si mesma, mas a
apreensão relativa ao próprio sujeito.
A filosofia metafísica de Bacon e Kant
nos séculos XVII e XVIII

Na epistemologia, ligou
racionalismo continental (de René
Descartes, Baruch Espinoza e
Gottfried Wilhelm Leibniz, onde
impera a forma de raciocínio
dedutivo) e a tradição empírica
Immanuel Kant (1724 – 1804) inglesa (de David Hume, John
Locke, ou George Berkeley, que
Idealismo transcendental: todos nós valoriza a indução).
trazemos formas e conceitos a priori
(aqueles que não vêm da experiência)
para a experiência concreta do mundo.
A RELAÇÃO SUJEITO-OBJETO NA MODERNIDADE

Vertente FENOMENOLÓGICA (Edmund Husserl – 1859-1938) (intencionalista)


O objeto enquanto fenômeno da consciência: se interessa pelo puro fenômeno tal
como se torna presente e se mostra à consciência.
FENOMENOLOGIA
E MÉTODO FENOMENOLÓGICO

Franz Brentano (1838-1917)


Edmund Husserl (1859-1938)
Martin Heidegger (1889-1976)

A fenomenologia se interessa pela manifestação da realidade enquanto fenômeno da consciência, ou


seja, busca entender como o ocorre a compreensão da realidade pelos seres humanos.

Representa uma resistência à busca de eliminação da metafísica em favor do empirismo lógico, em


voga nos séculos XIX e XX.

A coisa como fenômeno de consciência (noema) é a coisa que importa. Para isso o filósofo coloca o
mundo “entre parênteses” e analisa a experiência apenas na consciência.

Uma preocupação importante é a intencionalidade, que está ligada ao pensamento autêntico, muito
utilizado pelas ciências humanas.
Georg Wilhelm Friedrich HEGEL (1770-1831)

Leis da dialética:

a) ação recíproca, unidade polar ou "tudo se relaciona";

b) mudança dialética, negação da negação ou "tudo se transforma";

c) passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa;

d) interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.


MATERIALISMO HISTÓRICO
E DIALÉTICO

Karl Marx (1818-1883) e


Friedrich Engels (1820-1895)

Material (não metafísico)

Histórico (processual e cíclico)

Dialético (atuação de forças contraditórias)


O positivismo como fundamento da Geografia Tradicional
(Antônio Carlos Robert Moraes)

O Positivismo foi o fundamento comum de todas as correntes da


Geografia tradicional.

...Por isso:

- Reduzem a realidade ao mundo dos sentidos (os estudos


restringem-se aos aspectos visíveis, mensuráveis e palpáveis da
realidade, que estariam disponíveis para o pesquisador);

- Todas as correntes da Geografia Tradicional definem essa ciência


como empírica e pautada na observação;

- Os procedimentos das pesquisas se limitaram à descrição,


enumeração e classificação dos fatos referentes ao espaço, o
que levava à elaboração de tipos formais, a-históricos e abstratos;
O positivismo como fundamento da Geografia Tradicional
(Antônio Carlos Robert Moraes)

O Positivismo foi o fundamento comum de todas as correntes da Geografia tradicional.

...Por isso:

- A Geografia Geral se restringiu aos compêndios enumerativos e exaustivos, sem desenvolver


conceitos amplamente aplicáveis;

- Aceitou-se que havia um único método de interpretação da realidade, o já utilizado pelas


ciências naturais (matemática, física, biologia...), levando à “naturalização” dos fenômenos
sociais.

- A sociedade será um mero elemento a mais na paisagem. A relação entre esta e a natureza é
mais importante que as relações entre as pessoas;
O positivismo como fundamento da Geografia Tradicional
(Antônio Carlos Robert Moraes)

O Positivismo foi o fundamento comum de todas as correntes da Geografia tradicional.

...Por isso:

- Definiu-se a Geografia como uma ciência de síntese, aceitando-se a hierarquização das


ciências presentes na concepção positivista; ao sistematizar o conhecimento das demais ciências,
a Geografia acabaria por ser antissistemática para si mesma;
GEOGRAFIA CLÁSSICA
1870

A geografia se institui com ciência autônoma influenciada pela ciência positivista


(ciência moderna) e por:

- Historicismo: a realidade social não obedece a leis, mas a um processo histórico

- Funcionalismo: ramo da antropologia e ciências sociais que explica a sociedade


por meio a atribuição de funções de suas partes.

- Estruturalismo: ramos das ciências socias baseado na linguística, que entende a


realidade social a partir de sua ligação com estruturas maiores, como os troncos
linguísticos ou a manutenção de modos de vida específicos.
NOVA GEOGRAFIA (GEOGRAFIA
TEORÉTICA / QUANTITATIVA) (déc. 1950-
1970)

A geografia passa a se basear no


neopositivismo

Neopositivismo (positivismo lógico):


segue o princípio da verificação,
estipulando que a realidade deve ser
apreendida apenas de modo empírico e
baseado na matemática.

Grafo que representa as adjacências entre os estados do Brasil


NOVA GEOGRAFIA (GEOGRAFIA TEORÉTICA /
QUANTITATIVA) (déc. 1950-1970)

A geografia passa a servir ao planejamento da reconstrução espacial do pós-guerra,


oferecendo estudos de processos espaciais e econômicos. No Brasil, a geografia dá
sustentação ao IBGE.
Regionalização na Nova geografia (teorética, quantitativa)
Geografia crítica: a renovação da geografia

Meados da década de 1970 - transformações:

- Choque do petróleo de 1973


- Pressões inflacionárias
- Questionamento das políticas keynesianas
- Ascenção do modelo de Estado liberal
- Descrença nos resultados sociais
- Crise econômica geral

>>> Inicia-se um novo momento mundial chamado pós-modernidade


1976
1978
1980
Geografia cultural: décadas de 1970 em diante

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