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Pontifícia Universidade Católica do Paraná

ELISIANA ALVES KLEINSCHMITT

PAISAGEM PLANEJADA:
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA CIDADE DE FOZ DO iGUAÇU,PARANÁ

MESTRADO EM
GESTÃO URBANA
PUCPR

CURITIBA
2017
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA DE ARQUITETURA E DESIGN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO URBANA

ELISIANA ALVES KLEINSCHMITT

PAISAGEM PLANEJADA:
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU, PARANÁ

CURITIBA
2017
ELISIANA ALVES KLEINSCHMITT

PAISAGEM PLANEJADA:
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE NA CIDADE DE FOZ DO IGUAÇU, PARANÁ

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Gestão Urbana da
Escola de Arquitetura e Design e da Pró-
Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da
Pontifícia Universidade Católica do
Paraná.

Linha de pesquisa:
Planejamento e Projeto em
Espaços Urbanos e Regionais

Orientadora:
Profa. Dra. Letícia Peret Antunes Hardt

CURITIBA
2017
Dados da Catalogação na Publicação

Kleinschmitt, Elisiana Alves


K64p Paisagem planejada: avaliação da qualidade na cidade de Foz do
2017 Iguaçu, Paraná / Elisiana Alves Kleinschmitt ; orientadora: Letícia Peret
Antunes Hardt. – 2017.
180 f. : il. ; 30 cm

Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do


Paraná,
Curitiba, 2017
Bibliografia: f. 139-151

1. Planejamento urbano. 2. Paisagem urbana. 3. Percepção visual.


4. Cidades e vilas - Paraná. I. Hardt, Letícia Peret Antunes. II. Pontifícia
Universidade Católica do Paraná. Programa de Pós-Graduação em
Gestão Urbana. III. Título.

CDD 20. ed. – 711.4

Pontifícia Universidade Católica do Paraná


Sistema Integrado de Bibliotecas – SIBI/PUCPR
Biblioteca Central
À minha mãe, Therezinha (in memoriam),
pelo seu exemplo de fé, perseverança e alegria.
Ao meu pai, Carlito (in memoriam),
pelo seu modelo de força, humildade e estudioso autodidata.

DEDICO
AGRADECIMENTOS

A Deus, que nos momentos de fraqueza, sempre atendeu os pedidos de


força e equilíbrio.
À minha orientadora, Professora Doutora Letícia Peret Antunes Hardt,
pela paciência com as minhas dificuldades, pela dedicação e incentivo para a
elaboração da dissertação.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana
(PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), pelos
ensinamentos e conhecimento compartilhados.
Ao Centro Universitário Dinâmica das Cataratas (UDC), pela oportunidade
oferecida.
Aos amigos, professores e alunos que ajudaram nos levantamentos de
campo.
À família, pela compreensão pelas minhas ausências em momentos de
comemorações e confraternização.
Enfim, a todos que direta e indiretamente estiveram ligados à minha
pesquisa.
As cidades são um imenso laboratório de
tentativa e erro, fracasso e sucesso, em
termos de construção e desenho urbano.

Jane Jacobs
RESUMO

A paisagem tem sido considerada uma variável indispensável para a gestão urbana,
para o planejamento territorial e para o projeto urbanístico. Além de indicadora de
condições de desenvolvimento de determinada sociedade, é interpretada pelas suas
manifestações de valores naturais, culturais, históricos, sociais e econômicos, dentre
outros. Todavia, é notável a sua progressiva deterioração em várias cidades
brasileiras. Sob essa ótica, o objetivo geral da pesquisa é avaliar a qualidade
paisagística, com adoção do estudo de caso em Foz do Iguaçu, Paraná, elencando-
se subsídios à minimização dos seus impactos do passado e à ampliação da sua
capacidade futura. Com natureza aplicada, abordagem qualiquantitativa e sistema
múltiplo de métodos, a investigação foi elaborada com base em quatro referenciais
principais: técnico, compreendendo o recorte metodológico de ensaio peculiar;
teórico, englobando o recorte temático para delimitação de conceito próprio;
empírico, comportando o recorte geográfico para aplicação prática dos
procedimentos anteriores; e crítico, envolvendo o recorte propositivo, derivado da
integração das informações analisadas. Os resultados de caracterização paisagística
da área de estudo revelam dois marcantes momentos históricos – antes e após a
construção da usina de Itaipu –, partindo de um processo lento para um crescimento
acentuado, associado à insuficiência de planejamento e ao consequente
desordenamento urbano. Os dados da qualificação técnica da paisagem, obtidos por
meio de método indireto, indicam maior incidência da classe média baixa para os
cenários avaliados, ao mesmo tempo em que as informações da classificação
perceptual, derivadas de método direto, evidenciam que a maioria da população
também a enquadra no mesmo patamar. A aceitação da hipótese de que alguns
parâmetros e componentes urbanísticos propiciam a qualidade da paisagem das
cidades, tornando possível, pela sua redefinição, a redução de interferências
pretéritas e a expansão de potencialidades futuras, conduz à indicação da
necessidade de elaboração de projetos de valorização paisagística no âmbito dos
planos diretores municipais.

Palavras-chave: Paisagem urbana. Planejamento territorial. Qualidade visual.


Análise técnica. Interpretação perceptual. Gestão de cidades.
ABSTRACT

Landscapes have been considered an essential variable to urban management,


territorial planning and urban projects. They indicate conditions of development in
societies and are interpreted through their manifestations of natural, cultural, historic,
social and economic values. Nevertheless, the progressive deterioration of
landscapes can be observed in many Brazilian cities. From this perspective, the aim
of this study was to evaluate the landscape quality in Foz do Iguaçu, Paraná, as a
case study, encompassing subventions to minimize its past impacts and extend its
future capacity. Through applied work, quali-quantitative approach and multiple
system of methods, the research was conducted based on four main theoretical
frameworks: technical framework, comprising the methodological facet of peculiar
experiments; theoretical framework, comprising the thematic facet to delimit its own
concept; empirical framework, comprising the geographical facet to the practical
application of previous procedures; and critical framework, comprising the
propositional facet, derived from the integration of the analyzed information. The
results from the landscape characterization of the study area revealed two noticeable
historical moments – before and after the construction of the Itaipu Dam -, going from
a slow process to a sharp growth, associated with the insufficiency of planning and
with the consequent urban disorder. The technical qualification data, obtained
through an indirect method, indicate higher incidence of lower middle class in the
evaluated landscapes, although the perceptual information, derived from an direct
method, substantiate that most of the population are also included in the same level.
The acceptation of the hypothesis that some urban parameters and components
provide landscape quality in cities, making it possible, through its redefinition, to
reduce preterit interference and expand future potentiality, indicates the necessity of
elaborating projects which value the landscape in the range of city master plans.

Key-words: Urban Landscape. Territorial Planning. Visual Quality. Technical


Analysis. Perceptual Interpretation. City Management.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Organograma da estrutura da fundamentação teórica ...................................................... 34


Figura 2: Organograma de componentes da paisagem urbana ....................................................... 39
Figura 3: Organograma do processo de percepção dos componentes da paisagem urbana ......... 43
Figura 4: Organograma de fases do processo de planejamento e gestão da paisagem
urbana ................................................................................................................................ 60
Figura 5: Mapas de localização do Paraná no país e de Foz do Iguaçu no estado ......................... 65
Figura 6: Mapa de Foz do Iguaçu e dos municípios e países limítrofes ......................................... 66
Figura 7: Mapas de evolução territorial do município de Foz do Iguaçu – 1924-2003 ..................... 67
Figura 8: Mapa de distribuição das missões jesuítas na região de Foz do Iguaçu – 1610 a
1640 ................................................................................................................................... 68
Figura 9: Imagem aérea de mapeamento de hidrografia em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana ............................................................................................................ 73
Figura 10: Mapa de ocupações irregulares em áreas de risco às margens de cursos d’água
na área urbana de Foz do Iguaçu – 2005.......................................................................... 74
Figura 11: Imagem aérea de mapeamento de hipsometria em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana ........................................................................................................... 76
Figura 12: Imagem aérea de mapeamento de declividades em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana ........................................................................................................... 77
Figura 13: Imagem aérea de mapeamento de cobertura vegetal em Foz do Iguaçu com
destaque para a área urbana – 2016 ................................................................................ 79
Figura 14: Mapa de detalhe de vulnerabilidade geoambiental de Foz do Iguaçu ............................. 80
Figura 15: Gráfico comparativo das taxas de crescimento populacional – mesorregiões
paranaenses – 1970 a 2000 .............................................................................................. 82
Figura 16: Mapas do avanço da urbanização do município de Foz do Iguaçu – 1970 a 2007 .......... 83
Figura 17: Mapa de usos programados do solo urbano em Foz do Iguaçu ...................................... 85
Figura 18: Imagem aérea de mapeamento de infraestrutura em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana ........................................................................................................... 88
Figura 19: Mapa de valoração da paisagem urbana de Foz do Iguaçu com divisões do
zoneamento de uso e ocupação do solo .......................................................................... 96
Figura 20: Mapa de zoneamento de uso e ocupação do solo com posicionamento das
fotografias para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu .................. 104
Figura 21: Fotografias de análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu, segundo
organização aleatória do questionário, zona urbanística pertinente e classificação
de qualidade paisagística pelo método indireto .............................................................. 105
Figura 22: Gráficos de proporcionalidade de dados de perfil dos entrevistados para análise
perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ........................................................ 109
Figura 23: Gráfico de proporcionalidade de indicação da melhor condição paisagística de
imagens selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do
Iguaçu ............................................................................................................................. 110
Figura 24: Gráfico de proporcionalidade de indicação da pior condição paisagística de
imagens selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do
Iguaçu ............................................................................................................................. 111
Figura 25: Gráficos de proporcionalidade de reconhecimento de imagens selecionadas para
análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ............................................ 113
Figura 26: Gráficos de proporcionalidade de qualidade paisagística de imagens selecionadas
para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ................................... 119
Figura 27: Gráfico de proporcionalidade de impressão de segurança de imagens
selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ............. 125
Figura 28: Gráficos de proporcionalidade de sensação de insegurança de imagens
selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu .............. 126
Figura 29: Gráfico de proporcionalidade da situação paisagística geral pela análise
perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ......................................................... 127
Figura 30: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre adequações paisagísticas pela
análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ............................................. 128
Figura 31: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre indicativos de melhoria
paisagística pela análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ................. 129
Figura 32: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre possibilidades de melhoria
paisagística pela análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu ................. 130
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Extensões territoriais de Foz do Iguaçu ............................................................................ 71


Tabela 2: Proporcionalidade de classes hipsométricas na área urbana de Foz do Iguaçu .............. 75
Tabela 3: Proporcionalidade de classes de declividades na área urbana de Foz do Iguaçu ........... 75
Tabela 4: Proporcionalidade de classes de cobertura vegetal na área urbana de Foz do
Iguaçu ................................................................................................................................ 78
Tabela 5: Proporcionalidade de classes de usos atuais do solo na área urbana de Foz do
Iguaçu ............................................................................................................................... 84
Tabela 6: Proporcionalidade de zonas de usos programados do solo na área urbana de Foz
do Iguaçu .......................................................................................................................... 86
Tabela 7: Proporcionalidade de componentes de infraestrutura na área urbana de Foz do
Iguaçu ............................................................................................................................... 87
Tabela 8: Evolução da população em Foz do Iguaçu, Paraná e Brasil – 1991 a 2015..................... 89
Tabela 9: Evolução do número de habitantes em função dos ciclos econômicos em Foz do
Iguaçu – 1870 a 2005 ........................................................................................................ 90
Tabela 10: Proporcionalidade de faixas de rendimento médio familiar em Foz do Iguaçu –
2010 ................................................................................................................................... 90
Tabela 11: Proporcionalidade das classes de qualidade paisagísticas em relação à área
urbana de Foz do Iguaçu ................................................................................................... 97
Tabela 12: Síntese de resultados percentuais das análises técnica e perceptual da paisagem
urbana de Foz do Iguaçu ................................................................................................. 133
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Fases de desenvolvimento da pesquisa............................................................................ 23


Quadro 2: Relação de componentes paisagísticos para avaliação da qualidade visual das
unidades de paisagem da área de estudo pelo método indireto de desagregação
dos elementos .................................................................................................................... 28
Quadro 3: Relação de exemplos de componentes da paisagem segundo os ambientes
natural e construído ........................................................................................................... 38
Quadro 4: Relação de exemplos de métodos diretos, indiretos e mistos de avaliação da
qualidade da paisagem ...................................................................................................... 50
Quadro 5: Definições básicas para estudos ambientais .................................................................... 55
Quadro 6: Considerações básicas sobre a conservação de recursos naturais ................................. 56
Quadro 7: Definições básicas para agenciamento da paisagem ....................................................... 59
Quadro 8: Avanço da urbanização do município de Foz do Iguaçu – 1970 a 1995 ........................... 82
Quadro 9: Sistema de valoração para avaliação da qualidade visual das unidades de
paisagem da área de estudo pelo método indireto de desagregação dos
componentes paisagísticos ............................................................................................... 93
Quadro 10: Características das zonas urbanísticas relacionadas às imagens fotográficas
selecionadas para classificação perceptual da qualidade da paisagem urbana de
Foz do Iguaçu .................................................................................................................. 103
LISTA DE SIGLAS

ABAP Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas


AMVALI Associação dos Municípios do Vale do Itapocu
APP Área de preservação permanente
ASI Agenzia Spaciale Italiana (Agência Espacial Italiana)
CE Council of Europe (Conselho da Europa; Conseil de l'Europe)
DLR Deutschen Zentrums für Luft und Raumfahrt (Centro
Aeroespacial Alemão)
DSG Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro
DTCEA Destacamento de Controle do Espaço Aéreo
EE Eixo Estrutural
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GEODEM Centro de Ingeniería e Innovación para el Desarrollo
Medioambiental (Centro de Engenharia e Inovação para o
Desenvolvimento do Meio Ambiente)
GIS Geographic information system
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IIRSA Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-
Americana
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social
ITC International Institute for Geo-Information Science and Earth
Observation (Instituto Internacional de Geociências da
Informação e Observação da Terra)
LALI Latin American Landscape Initiative (Iniciativa Latinoamericana
del Paisaje; Iniciativa Latino-americana da Paisagem)
LANDSAT Land Remote Sensing Satellite (Satélite de Sensoriamento
Remoto da Terra)
LDCM Landsat Data Continuity Mission (Missão de Continuidade de
Dados Landsat)
LTR Long term release (liberação de longa duração)
LTS Long term support (suporte de longa duração)
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MINEROPAR Minerais do Paraná
NASA National Aeronautics and Space Administration (Administração
Nacional Aeronáutica e Espacial)
NIMA National Images and Mapping Agency (Agência Nacional de
Imagens e Mapeamento)
PMFI Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu
PPGTU Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
QGIS Quantum geographic information system
SCC Setor de Comércio Central
SE Setor Especial
SIG Sistema de informações geográficas
SRTM Shuttle Radar Topography Mission (Missão Topográfica Radar
Shuttle)
UDC Centro Universitário Dinâmica das Cataratas
UFPR Universidade Federal do Paraná
UNESCO United Nations Organization for Education, Science and Culture
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura)
ZC Zona Central
ZCE Zona de Comércio de Exportação
ZEP Zona Especial de Proteção
ZEU Zona de Expansão Urbana
ZI Zona Industrial
ZM Zona Mista
ZPP Zona Preservação Permanente
ZR1 Zona Residencial de Baixa Densidade
ZR2 Zona Residencial de Média Densidade
ZR3 Zona Residencial Popular
ZR4 Zona Residencial de Alta Densidade
ZR5 Zona Residencial de Verticalização
ZS Zona de Serviços
ZTP Zona Turística Principal
ZTS Zona Turística Secundária
ZUI Zona Especial de Uso Institucional
ZVR Zona Verde Residencial
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 17
1.1 PROBLEMÁTICA ..................................................................................... 17
1.2 JUSTIFICATIVAS ..................................................................................... 18
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................. 20

2 ESTRUTURAÇÃO METODOLÓGICA ..................................................... 22


2.1 REFERENCIAL TÉCNICO ....................................................................... 24
2.2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 24
2.3 REFERENCIAL EMPÍRICO ...................................................................... 25
2.3.1 Descrição da paisagem urbana ............................................................. 25
2.3.2 Análise da qualidade paisagística ........................................................ 26
2.4 REFERENCIAL CRÍTICO ......................................................................... 33

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 34


3.1 PAISAGEM E CIDADE ............................................................................. 34
3.1.1 Abordagens conceituais ........................................................................ 35
3.1.2 Componentes espaciais ........................................................................ 37
3.1.3 Processos sociais .................................................................................. 40
3.1.4 Qualidade visual ..................................................................................... 44
3.2 GESTÃO E PLANEJAMENTO ................................................................. 51
3.2.1 Ordenamento territorial ......................................................................... 53
3.2.2 Conservação ambiental ......................................................................... 54
3.2.3 Participação social ................................................................................. 56
3.2.4 Agenciamento paisagístico ................................................................... 58
3.3 PAISAGEM PLANEJADA ......................................................................... 61

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .......................................................... 64


4.1 CARACTERIZAÇÃO PAISAGÍSTICA....................................................... 64
4.1.1 Suporte natural ....................................................................................... 71
4.1.2 Sistema antrópico .................................................................................. 81
4.2 QUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA ............................................................. 92
4.2.1 Classificação técnica ............................................................................. 92
4.2.2 Classificação Perceptual ..................................................................... 102
4.3 INTEGRAÇÃO PROPOSITIVA............................................................... 131

5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 136

REFERÊNCIAS ...................................................................................... 139

APÊNDICE ............................................................................................. 152


APÊNDICE A
MODELO DE QUESTIONÁRIO PRELIMINAR ....................................... 152
APÊNDICE B
MODELO DE QUESTIONÁRIO DEFINITIVO......................................... 155
17

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a paisagem tem sido considerada uma variável


indispensável para a gestão urbana, para o planejamento territorial e para o projeto
urbanístico. A adequação das suas características é imprescindível para o futuro,
pois amplia o nível de qualidade de vida, a efetividade do exercício da cidadania e o
grau de bem-estar dos seus usuários (HARDT, 2000). Nesse contexto, deve ser
interpretada como manifestação de valores naturais, culturais, históricos, sociais e
econômicos, além de indicadora das condições de desenvolvimento da sociedade
(LALI, 2016).
Para Ribeiro e Vargas (2001), as relações do homem com o meio são de
suma importância para sua qualidade de vida, entendida não somente como o
atendimento às suas necessidades básicas, mas também pelo alcance da satisfação
individual e coletiva. No ambiente urbano, esse estágio é vinculado a melhores
níveis qualitativos dos contextos físico e social, considerando, além daqueles
valores, os recursos disponíveis e demais fatores intervenientes nos seus processos
de enfrentamento dos eventuais problemas.

1.1 PROBLEMÁTICA

Segundo Leite (2008), programas de gestão são, simultaneamente,


reflexos da estrutura da sociedade e seus objetos de intervenção, sendo a paisagem
projetada a partir de elaborações filosóficas e culturais resultantes da observação
objetiva do espaço quanto às experiências pessoais ou grupais. Para uma
população em constante crescimento, questiona-se como promover o acesso
equitativo a bens e serviços, bem como a melhores condições ambientais,
vinculadas às formas de conciliação da vivência nas cidades com o desenvolvimento
sustentável.
Os índices de qualidade de vida se referem a indicadores sociais,
econômicos e de infraestrutura, dentre outros, mas a satisfação do ser
humano, associada à percepção do espaço em que vive, normalmente não
é devidamente interpretada (HARDT, 2000, p.2).
18

Pela ótica ambiental, Almeida, Mello e Cavalcanti (2004) lembram que as


questões mais preocupantes são a depredação passada e presente dos recursos da
região, os quais têm sido utilizados acima da capacidade de equilíbrio dos
ecossistemas, tanto naturais como antropizados. Para os autores, essa exploração
irracional é, geralmente, realizada em benefício de potências externas e com pouco
proveito para a impulsão do desenvolvimento interno, gerando relevantes disfunções
gerenciais.
Diante dessas colocações, a problemática da investigação é voltada à
perda progressiva de qualidade paisagística das cidades, em especial as brasileiras
(HARDT, 2014), mesmo com a existência de normas legais no país que poderiam
promover a sua melhoria, a exemplo daquelas constantes no Estatuto da Cidade
(Lei Federal Nº 12.257, de 10 de julho de 2001 – BRASIL, 2001). Essa também é a
situação de Foz do Iguaçu, Paraná, adotada como estudo de caso da presente
dissertação.
Dentre os instrumentos previstos pelo estatuto, destaca-se o plano diretor
municipal, que dispõe sobre diretrizes de desenvolvimento em diversas vertentes,
consubstanciadas no âmbito territorial pelo zoneamento de uso e ocupação do solo.
Conforme Hardt (2014), essas disposições deveriam ser, a princípio, elaboradas a
partir de estudos específicos sobre os cenários urbanos resultantes. Entretanto, essa
parece não ser a realidade; este pressuposto conduz, então, à seguinte questão-
problema basilar da pesquisa: alguns parâmetros urbanísticos promovem melhores
condições paisagísticas que outros ou prevalecem na paisagem certos elementos
determinantes de condições visuais favoráveis ou adversas?
Por decorrência, tem-se a seguinte hipótese de investigação: se alguns
parâmetros e componentes urbanísticos propiciam a qualidade da paisagem das
cidades, então é possível, pela sua redefinição, minimizar impactos paisagísticos do
passado e ampliar a capacidade futura dos cenários urbanos. Nessa conjuntura, o
processo de planejamento deve ser integrado e voltado à valorização do território.

1.2 JUSTIFICATIVAS

Como fundamental componente do patrimônio natural e cultural, a


paisagem representa a integração do presente com o passado e define o futuro dos
povos. Sendo o desfrute das suas adequadas condições um direito de todos os
19

seres humanos, constitui um recurso excepcional e frágil, que demanda


compromissos e responsabilidades (LALI, 2016). Nesse sentido,
[...] a avaliação da qualidade da paisagem urbana passa a constituir um
instrumento de grande valia para qualquer municipalidade no sentido da
interpretação do grau de satisfação e bem-estar de seus cidadãos quanto ao
ambiente citadino (HARDT, 2000, p.2).

Para Almeida, Mello e Cavalcanti (2004), a complexidade da conexão


entre o desenvolvimento socioeconômico e a proteção ambiental revela uma
interdependência que se manifesta em três âmbitos:
a) a possibilidade de o desenvolvimento ser sustentado requer uma
base sólida sobre a qual devem ser previstas as futuras condições
de vida;
b) o manejo racional dos recursos e do meio é item fundamental para a
sustentabilidade;
c) o desenvolvimento em longo prazo, ou seja, o destino de uma região
está diretamente ligado à ação antrópica sobre o meio natural, o que
amplia a importância das condições do ambiente para a definição
dos níveis de bem-estar da comunidade.
Portanto, a oferta ambiental adquire relevância extraordinária, cuja
influência sobre o desenvolvimento se torna cada vez mais significativa. Nessa
perspectiva, a avaliação da qualidade paisagística das cidades é justificada diante
da possibilidade de observação do grau de intervenção exercido pelo homem em
determinados territórios, analisando, por exemplo, se os critérios de uso e ocupação
do solo estão sendo obedecidos conforme a legislação vigente. Dessa maneira, por
meio de instrumentos de planejamento e gestão, torna-se factível promover a
proteção, conservação, restauração, manutenção e valorização da paisagem
urbana, dentre outras possibilidades (ALMEIDA; MELLO; CAVALCANTI, 2004).
Cabe, ainda, citar a relação da presente pesquisa com outras, em
desenvolvimento ou finalizadas no mesmo programa de pós-graduação, que têm a
“paisagem planejada” como tema central, inclusive baseando estudos desenvolvidos
por Hardt e Hardt (2014; 2017). Nessa conjuntura, há envolvimento desde o nível de
doutorado (TRENTO, 2016) e mestrado (DE ROSE, 2017; TREVISAN, 2017;
ZANONI, 2017), até a iniciação científica (ABADE, 2016; 2017; BARROS, 2017;
BUSTANI, 2016; GROENWOLD, 2017; LIMA, 2016; MEDEIROS, 2017; MOREIRA,
20

2017; MOYSÉS, 2017; NICOLÁS, 2017; OLIVEIRA, 2016; OLIVEIRA, 2017; RUANI,
2017; SILVA, 2016; SILVA, 2017).
A cidade de Foz do Iguaçu possui a singularidade da sua posição
geográfica junto às fronteiras de duas outras nações. Apesar de o município abrigar,
em boa parte de seu território, uma das mais importantes unidades de conservação
do país – o Parque Nacional do Iguaçu –, que, graças à beleza de suas cataratas, é
considerado Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sua sede urbana ainda é carente de
ambientes públicos de lazer, como praças e parques (PMFI, 2006). Nos espaços
existentes, a falta de manutenção em equipamentos e de cuidados com a
vegetação, por exemplo, configuram o abandono e a degradação. A valorização e
recuperação desses locais, além da criação de novos, é um dos principais anseios
dos cidadãos na contemporaneidade (HARDT; HARDT, 2007). Essas são algumas
das prerrogativas que sustentam as finalidades deste trabalho.

1.3 OBJETIVOS

Com base nas colocações anteriores, o estudo tem como objetivo geral
avaliar a qualidade da paisagem urbana, com adoção do estudo de caso em Foz do
Iguaçu, Paraná, elencando-se subsídios à minimização dos seus impactos do
passado e à definição da sua capacidade futura. Assim, seus objetivos específicos
são:
a) identificar métodos e procedimentos como referencial técnico para
desenvolvimento de ensaio metodológico específico;
b) interpretar teorias e conceitos sobre as temáticas pertinentes ao
referencial teórico, com vistas à aproximação conceitual da
paisagem planejada propriamente dita;
c) descrever os fatores paisagísticos da cidade selecionada para o
referencial empírico, determinando os aspectos principais de Foz do
Iguaçu;
d) analisar quantitativa (método indireto) e qualitativamente (método
direto) as variáveis paisagísticas da área de estudo, classificando
suas unidades de paisagem em termos técnicos e perceptuais;
21

e) sintetizar, sob referencial crítico, os elementos estruturantes do


território e os princípios de arquitetura da paisagem com vistas à
indicação de soluções futuras de integridade urbana.
Cabe destacar que o reconhecimento da qualidade paisagística urbana
em espaço transfronteiriço como bem patrimonial comum (trinacional – Argentina,
Brasil e Paraguai) permite a união de esforços para a sua proteção, com a futura
responsabilidade compartilhada entre as nações. Além de fornecer resultados
relevantes para esta investigação, pode contribuir para estudos futuros sobre essa
realidade peculiar.
22

2 ESTRUTURAÇÃO METODOLÓGICA

Com natureza aplicada, abordagem qualiquantitativa e sistema múltiplo de


métodos1 (GIL, 2010; SILVA; MENEZES, 2005), “cuja adoção é justificada pela
possibilidade de redução das deficiências peculiares a um conjunto único de
procedimentos, promovendo, inclusive, a complementaridade dos resultados”
(HARDT PLANEJAMENTO, 2010, p.71), a estrutura deste trabalho é baseada nos
seguintes níveis e configurações:
a) referencial técnico – compreende o recorte metodológico, oriundo de
ensaio elaborado especificamente para a presente dissertação, mas
com caráter reprodutível para investigações futuras;
b) referencial teórico – engloba o recorte temático, estabelecido com
vistas à cunhagem de um conceito próprio de paisagem planejada, a
ser adaptado à cada realidade peculiar;
c) referencial empírico – comporta o recorte geográfico da paisagem
urbana de Foz do Iguaçu como estudo de caso para aplicação
prática dos procedimentos anteriores;
d) referencial crítico – envolve o recorte propositivo, derivado da
integração dos resultados alcançados.
As cinco fases principais da pesquisa, atreladas aos referenciais e
recortes anteriores, são adiante detalhadas segundo as particularidades dos seus
métodos, técnicas, fontes, dados e resultados (Quadro 1).

1
Conforme Gil (2008), os métodos exploratórios são destinados ao aprofundamento de
ideias e intuições, evidenciando o problema, enquanto os descritivos são adequados à
compreensão do fenômeno investigado. Por sua vez, os analíticos são pertinentes à
devida organização dos dados e resultados, com eliminação, pela síntese, de
informações irrelevantes.
23

Quadro 1: Fases de desenvolvimento da pesquisa


FASES MÉTODOS TÉCNICAS FONTES DADOS RESULTADOS
REFERENCIAL TÉCNICO
Livros, artigos Desenvolvi-
científicos, mento de
trabalhos ensaio
Identificação Estudo acadêmicos, Aspectos específico
de métodos e Exploratórios bibliográfico e documentos metodológicos (Seção 2:
adequados à Estruturação
procedimentos documental institucionais, investigação metodológica |
legislação e referente ao
demais fontes primeiro objetivo
secundárias específico)
REFERENCIAL TEÓRICO
Aproximação
Livros, artigos conceitual da
científicos, Conceitos,
abordagens e paisagem
Interpretação trabalhos planejada
Exploratórios Estudo discussões
de teorias e bibliográfico acadêmicos, sobre assuntos
(Seção 3:
conceitos legislação e Fundamentação
demais fontes pertinentes à teórica | referente
temática ao segundo
secundárias
objetivo específico)
REFERENCIAL EMPÍRICO
Determinação
Informações dos principais
primárias aspectos da
Livros, artigos paisagem
Levantamento Componentes urbana
científicos, do suporte
Descrição da de campo (Seção 4 –
Exploratórios e trabalhos natural e do Discussão dos
paisagem de Estudo acadêmicos,
descritivos sistema resultados:
Foz do Iguaçu bibliográfico e documentos antrópico da subseção 4.1:
documental institucionais, área de estudo Caracterização
legislação e paisagística |
demais fontes referente ao
secundárias terceiro objetivo
específico)
Exploratórios, Levantamentos Informações
descritivos e de campo primárias Classificação
analíticos Geoprocessa- Mapas técnica e
(método indireto mento temáticos e perceptual
por desagregação (sistema de
imagens das unidades
de componentes informações de paisagem
Análise da paisagísticos) geográficas – SIG) aéreas Unidades de (Seção 4 –
qualidade Exploratórios, paisagem da Discussão dos
paisagística descritivos e Estudo de área de estudo resultados:
percepção de subseção 4.2:
analíticos Qualificação
(método direto por usuários em Questionários
e fotografias paisagística |
preferências campo referente ao quarto
visuais – (amostragem objetivo específico)
subjetividade estatística)
admitida)
REFERENCIAL CRÍTICO
Indicação de
soluções
futuras de
Síntese de integridade
elementos Análise urbana
estruturantes (Seção 4 –
relacional
do território e Sintético- (relação matricial e Anteriores Anteriores Discussão dos
de princípios analítico
resultados:
testes de subseção 4.3:
de arquitetura correlação) Integração
da paisagem propositiva |
referente ao quinto
objetivo específico
e ao geral)
Fonte: Elaborado com base nos objetivos específicos da pesquisa.
24

2.1 REFERENCIAL TÉCNICO

Este nível foi aprofundado por meio de métodos exploratórios e de


técnicas relativas a estudo bibliográfico e documental, especialmente em livros,
artigos científicos, trabalhos acadêmicos, documentos institucionais, legislação e
demais fontes secundárias. Nesse quadro, a fase de identificação de métodos e
procedimentos foi voltada à seleção de aspectos de metodologia adequados à
investigação.
O desenvolvimento do ensaio específico consubstancia a presente seção
de estruturação metodológica. Com isso, tem-se o atendimento do primeiro objetivo
específico da pesquisa.

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fase de interpretação de teorias e conceitos fundamentou este nível,


com o apoio de métodos exploratórios e de técnicas de estudo bibliográfico,
baseadas nas mesmas fontes secundárias anteriormente citadas. O exame de
conceitos, teorias e discussões sobre assuntos pertinentes à temática foi estruturado
nos seguintes itens:
a) paisagem e cidade – compreendendo abordagens conceituais,
componentes espaciais, processos sociais e qualidade visual;
b) gestão e planejamento – envolvendo ordenamento territorial,
conservação ambiental, participação popular e agenciamento
paisagístico;
c) paisagem planejada – englobando referências teóricas, técnicas,
empíricas e críticas.
Esta etapa teve o intuito basilar da busca da aproximação do conceito
estruturante sobre paisagem planejada. Como resultado, tem-se a elaboração da
Seção 3 – Fundamentação teórica, referente ao segundo objetivo específico da
pesquisa.
25

2.3 REFERENCIAL EMPÍRICO

Este nível foi direcionado ao estudo de caso da cidade de Foz do Iguaçu,


sendo organizado em duas fases principais:
a) descrição da paisagem urbana – necessária à compreensão das
variáveis aplicáveis ao exame empírico da problemática;
b) análise da qualidade paisagística – indispensável à comprovação da
hipótese aventada a partir da questão-problema (ver seção 1 –
Introdução).

2.3.1 Descrição da paisagem urbana

Esta fase foi executada por meio de métodos exploratórios e descritivos,


articulados com técnicas tanto de levantamento de campo de informações primárias
quanto de estudo bibliográfico e documental nas tipologias de fontes secundárias já
citadas. Inicialmente, foi realizada a contextualização histórica do município de Foz
do Iguaçu. Na sequência, tanto os dados coletados in loco quanto os obtidos de
maneira indireta foram relacionados aos seguintes componentes da área de estudo:
a) suporte natural – fatores físicos (clima e ar, água, solo e subsolo) e
biológicos (flora e fauna);
b) sistema antrópico – aspectos territoriais (uso e ocupação do solo,
infraestrutura e serviços urbanos), socioeconômicos (população,
condições socioculturais e atividades econômicas) e institucionais
(legislação e normatização).
Por decorrência, foram determinados os principais aspectos da paisagem
urbana de Foz do Iguaçu. Esses resultados constam da Subseção 4.1 –
Caracterização paisagística – da Seção 4 – Discussão dos resultados, atinente ao
terceiro objetivo específico da dissertação.
26

2.3.2 Análise da qualidade paisagística

Esta fase foi compreendida por duas etapas básicas. A primeira foi
embasada em métodos exploratórios (indiretos), descritivos e analíticos e em
técnicas de levantamento de campo de detalhamento das informações primárias em
unidades de paisagem selecionadas, correspondentes aos diferentes
compartimentos espaciais das zonas urbanísticas de uso e ocupação do solo (ver
subseção 4.1 – Caracterização paisagística), as quais, a princípio, são
determinantes da configuração dos cenários da cidade (HARDT, 2000).
Os dados secundários, adotados segundo fontes disponíveis, foram
oriundos tanto de imagens orbitais do satélite Landsat 8 (série LANDSAT – Land
Remote Sensing Satellite; Satélite de Sensoriamento Remoto da Terra – LDCM,
2017), com fusão de bandas pancromáticas para resolução espacial de melhor
representatividade, quanto dos seguintes mapas temáticos do suporte natural (ver
subseção 4.1 – Caracterização paisagística – da seção 4 – Discussão dos
resultados):
a) hidrografia – os dados desse tema foram gerados a partir da base
sistemática do Ministério do Exército, adquiridos por meio da
Diretoria de Serviço Geográfico (DSG, 2017) e representados em
escala de detalhe. Especificamente, os rios Iguaçu e Paraná foram
gerados por imagens de satélite (LDCM, 2017), uma vez que não
estavam contidos nas bases de dados;
b) hipsometria e declividades – essas informações foram obtidas no
sítio eletrônico do setor de Monitoramento por Satélite da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2017). Esses
produtos foram oriundos de sensores a bordo do ônibus espacial
Endeavour, no projeto Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM –
Shuttle Radar Topography Mission), uma parceria das agências
espaciais dos Estados Unidos (National Aeronautics and Space
Administration – NASA – e National Images and Mapping Agency –
NIMA), Alemanha (Deutschen Zentrums für Luft und Raumfahrt –
DLR) e Itália (Agenzia Spaciale Italiana – ASI). Os dados espaciais
são compatíveis com a primeira série Brasil Visto do Espaço, feita
27

com imagens do satélite Landsat 7 de 2000/2001, disponível para


consultas gratuitas via Internet. Os dados brutos foram originalmente
corrigidos e padronizados para eliminação de falhas, sombras e
distorções, obtendo-se uma série de mapas em que cada pixel tem
valor altimétrico real (MIRANDA, 2005);
c) cobertura vegetal – esse tema foi obtido com apoio de imagens
Landsat 8 com a quinze metros de resolução espacial, com as
mudanças na estrutura dos metadados promovidas pelo projeto
Missão de Continuidade de Dados Landsat (LDCM – Landsat Data
Continuity Mission) (LDCM, 2017).
Da mesma forma, os dados também foram organizados segundo o
mapeamento dos seguintes temas do sistema antrópico (ver subseção 4.1 –
Caracterização paisagística – da seção 4 – Discussão dos resultados):
a) usos do solo – restritas ao interior da zona urbana, essas
informações também foram levantadas a partir das imagens e fonte
(LDCM, 2017) acima mencionadas, resultando na classificação de
usos residenciais de baixa, média e alta densidade, bem como
populares; afora esses, foram mapeados e quantificados os
industriais e comerciais e de serviços, além de outras tipologias
(turísticas e especiais, por exemplo);
b) infraestrutura – igualmente baseados nas imagens e fontes
anteriores, esses dados têm foco no sistema viário e seus
componentes, além de linhas de alta tensão e outros tipos.
O método indireto de avaliação da qualidade visual da paisagem, por
meio da técnica de desagregação de componentes paisagísticos, foi selecionado por
constituir uma das alternativas mais adequadas para territórios extensos (HARDT,
2004). Para a organização do sistema de valoração das unidades, foi adaptada e
aplicada a técnica Delphi (ou Delfos – RODRIGUES, 2015), a qual é baseada na:
[...] experiência de profissionais especializados, no caso em análises
paisagísticas, e no princípio de que, em termos científicos, estimativas de
uma equipe de peritos são mais precisas do que aquelas emanadas de
grupos informais ou de indivíduos isolados. [...] A utilização da técnica
Delphi no início das atividades resulta na vantagem do conhecimento
preliminar das condicionantes mais relevantes em curto período de tempo,
permitindo o adequado direcionamento das etapas seguintes (PUCPR;
AMVALI, 2014, s.p).
Em conjunto com os apontamentos das experiências individuais de
técnicos especializados em processos de avaliação da paisagem, foram consultadas
28

fontes secundárias de caráter teórico, com estudo bibliográfico sobre o tema, e de


resolução prática, por intermédio da consulta a documentos de investigações
similares. De posse dessas informações, foram estruturados os componentes da
paisagem constantes no Quadro 2.
Quadro 2: Relação de componentes paisagísticos para avaliação da qualidade visual das unidades
de paisagem da área de estudo pelo método indireto de desagregação dos elementos
FATORES FÍSICOS

Cachoeira ou catarata
drenagem superficial

Corredeira (fluxo hídrico rápido)


hidrografia

Curso d’água permanente superior a 8,0 m de largura


ÁGUA

Lago, lagoa ou açude permanente (inclusive viveiro de peixes)

Terreno sujeito a inundação


Curso d’água temporário (intermitente ou periódico) ou de aluvião (igual ou inferior a 8,0 m de
largura).
Curso d’água permanente igual ou inferior a 8,0 m de largura

Acima de 240,0 m
variação altimétrica
SOLO / SUBSOLO
hipsoimetria

De 205,1 a 240,0 m
SUPORTE NATURAL

De 170,1 a 205,0 m

De 135,1 a 170,0 m

Até 135,0 m

Escarpado: declividades acima de 75,0%


inclinação dos terrenos
relevo: declividades
SOLO / SUBSOLO

Montanhoso: declividades de 45,1 a 75,0%

Forte ondulado: declividades de 20,1 a 45,0%

Ondulado: declividades de 8,1 a 20,0%

Suave ondulado: declividades de 3,1 a 8,0%

Plano: declividades até 3,0%

FATORES BIOLÓGICOS
cobertura vegetal
VEGETAÇÃO:

Arbórea

Não arbórea

Alta densidade (ZR4)

Verticalização (ZR5)
Continua
Fonte: Elaborado com base nas legendas dos mapas relativos aos temas (ver subseção 4.1 –
Caracterização paisagística).
Nota: Ver fatores de valoração e respectivas justificativas das escalas de valores no item 4.2.1
– Classificação técnica
29

Continuação
RESIDENCIAIS

Baixa densidade (ZR1)

Média densidade (ZR2)

Popular (ZR3)

COMERCIAIS E DE SERVIÇOS

Serviços (ZS)

Mista (ZM)

Industriais (ZI)
ASPECTOS TERRITORIAIS:

Comércio de Exportação (ZCE)


usos atuais do solo

Central (ZC)

TURÍSTICAS

Principal (ZTP)

Secundária (ZTS)

ESPECIAIS
SISTEMA ANTRÓPICO

Expansão Urbana (ZEU)

Especial de Proteção (ZEP)

Preservação Permanente (ZPP)

Verde Residencial (ZVR)

Área de Interesse (AI)

Setor Especial (SE)

Eixo Estrutural (EE)

Especial de Uso Institucional (ZUI)

Via secundária

Via principal

Construção genérica do sistema de transporte


ASPECTOS TERRITORIAIS:

Transposição de rio por bote ou balsa


infraestrutura

Trapiche, molhe de atracação ou píer

Rodovia

Aeroporto

Campo de pouso, de emergência

Ponte, ponte móvel, viaduto ou passagem


Heliporto
Linha de alta tensão
30

Sobre sistemas de valoração paisagística, Hardt (2000, p.101-103) afirma


que:
ao se considerarem as condições ambientais, constata-se que para o
ambiente natural prevalecem a naturalidade, flexibilidade, informalidade,
amenidade e dinamismo, onde sobressaem, normalmente, os espaços
“vazios” [...]. Esse conjunto de atributos faz com que os graus atribuídos [...]
tenham resultados normalmente positivos [...]. Ao contrário [...], para o
construído prevalecem a artificialidade, rigidez, formalismo, aridez e
imobilidade, onde sobressaem, normalmente, os espaços “cheios” [...].
Essas condições fazem com que os graus atribuídos [...] tenham resultados
geralmente negativos.

No suporte natural, clima e ar não foram avaliados à parte, sendo


considerados na valoração de outros elementos, como no caso da maior iluminação
pela exposição de vertentes (especificada para o relevo) e nos efeitos de excessivo
sombreamento oriundos dos volumes construídos (interpretados no sistema
antrópico); por outro lado, as questões de subsolo também foram agregadas às
condições geomorfológicas. Frente à sua impossibilidade de avaliação precisa, a
fauna foi associada à tipologia da vegetação. Para o sistema antrópíco, os aspectos
socioeconômicos e institucionais também foram relacionados aos usos do solo.
Na sequência, com as informações específicas das camadas temáticas
dos componentes paisagísticos, obtidas a partir de diversas fontes (ver subseção 4.1
– Caracterização paisagística), foi realizado o geoprocessamento por sistema de
informações geográficas (SIG – geographic information system – GIS), no software
Quantum GIS (QGIS), escolhido pela sua facilidade para download, por possuir
grande comunidade de usuários e pela sua instalação sem maiores dificuldades em
computadores pouco potentes. QGIS é o programa líder e aparece em versões
atualizadas; por causa do caráter “experimental” do long term release (LER –
liberação de longa duração), foram utilizadas as últimas versões não estáveis em
vez daquelas de long term support (LTS – suporte de longa duração) pelas
seguintes razões:
a) uso de interface gráfica próxima de produtos comerciais;
b) desenvolvimento rápido na integração de características pedidas
pelos usuários;
c) estabilidade e interoperabilidade (no caso, foram utilizadas as
plataformas Windows e Linux Ubuntu).
31

Na sequência do trabalho, foi utilizada a álgebra de mapeamento, ou seja,


operação matemática em que é atribuído um valor para um pixel, a partir do qual
pode haver a combinação com outros. Para Câmara (1995), na modelagem espacial
em geocampos, pode ser utilizado um conjunto de procedimentos sobre mapas
temáticos e modelos numéricos de terreno, que operam em geometrias matriciais,
que incluem operações pontuais, de vizinhança e zonais. Assim, são associados
valores de ordem quantitativa (escalar, ordinal, cardinal ou intervalar) ou de feição
qualitativa (nominal) para cada local da área de estudo, com vistas a operações
matemáticas entre esses elementos, de acordo com a vontade e bom-senso do
modelador.
Para cada unidade de paisagem (compartimento de zona urbanística),
foram medidas as áreas ou extensões de cada componente paisagístico, às quais
foram atribuídos os respectivos fatores de valoração (ver item 4.2.1 – Classificação
técnica). Os valores das camadas temáticas foram somados, resultando em
pontuação relativa de qualidade para cada unidade, com o intervalo total de X1 a X5,
sendo efetuada a divisão nas seguintes quatro classes de qualidade visual:
a) X4 a X5 – alta;
b) X3 a X4 – média alta;
c) X2 a X3 – média baixa;
d) X1 a X2 – baixa.
A primeira parte subseção 4.2 – Qualificação paisagística, condizente com
o quarto objetivo específico, comporta essa classificação técnica das unidades de
paisagem.
A segunda etapa desta fase de análise foi executada por métodos
exploratórios (diretos), descritivos e analíticos, estruturada pelo estudo de percepção
de usuários em campo segundo suas preferências visuais (subjetividade admitida –
HARDT, 2004). Para tanto, foram utilizadas fotografias representativas de cada
unidade paisagística e aplicados questionários por amostragem.
No primeiro caso, foram sorteados aleatoriamente os cruzamentos das
vias existentes em compartimentos de zonas urbanísticas, de acordo com os
mesmos parâmetros estatísticos adiante especificados. As fotos foram, então,
tomadas do ponto central da encruzilhada, nas direções das ruas confluentes, em
um total de 100 conjuntos, sendo 25 para cada classificação de qualidade
paisagística definida pelo método indireto (alta, média alta, média baixa e baixa) em
32

diferentes pontos da área urbana; por sorteio aleatório, obtiveram-se cinco


fotografias para cada classe, restando 20, quantidade considerada razoável para a
aplicação do método direto de subjetividade admitida (HARDT, 2000). Elementos
discordantes nas cenas foram tratados ou eliminados no software Corel Photo-Paint
X, para prevenção de interferências demasiadamente subjetivas nas leituras dos
entrevistados.
Como teste de aplicação dos questionários, foi considerada a amostra
preliminar de 31 entrevistados, a qual, conforme Doane e Seward (2014), é
suficientemente grande para convergência das respostas para a normalidade porque
corresponde aos graus de liberdade, ou seja, número de dados disponíveis para
cálculo estatístico com heterogeneidade amostral e mínima confiança de resultados.
O questionário preliminar (Apêndice A), baseado em Tarnowski (2007), foi aplicado
em novembro de 2016 a estudantes do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas
(UDC), entre outros moradores de Foz do Iguaçu dos arredores daquela instituição,
e era composto por duas partes principais:
a) identificação do perfil do entrevistado – com informações sobre
gênero, faixa etária, grau de escolaridade e renda (segundo bairro
de domicílio – PMFI, 2006), visando à aferição dessas
características com indicadores municipais oficiais;
b) classificação de seis imagens fotografadas nas unidades de
paisagem (neste teste, correspondentes a cruzamentos em vias
urbanas escolhidas aleatoriamente dentre as com maior fluxo de
trânsito) em alta, média alta, média baixa e baixa qualidade visual.
Para aplicação dos questionários definitivos, esse conteúdo foi ajustado a
partir das desconformidades identificadas pelo teste anterior, mantendo-se, porém,
estrutura geral semelhante (Apêndice B). Os cálculos amostrais foram relativos à
população urbana de Foz do Iguaçu com idade igual ou superior a 12 anos
(correspondente a 263.782 habitantes em 2015 – IBGE, 2015), garantindo um grau
mínimo de amadurecimento dos respondentes para a interpretação crítica.
33

Para a definição da amostra, foi empregada a seguinte fórmula de


população infinita (superior a 100.000 indivíduos – GIL, 2008):
2
D .p.q
n = ---------------
2
e
Sendo: n = população amostral calculada: 384 (número de entrevistados)
D = nível de confiança escolhido: 2 (95% de confiabilidade)
e = índice de erro máximo: 5%
p = porcentagem provável de verificação do fenômeno: 50%
q = porcentagem complementar: 50%

Obteve-se, com 95% de confiabilidade e erro máximo de 5%, o total de


384 questionários para aplicação à população alvo, segundo estratificação conforme
faixas etárias. A aplicação final resultou em 386 respondentes e foi realizada por
meio de redes sociais e endereçamentos eletrônicos (e-mails). A escolha pelo meio
digital foi decorrente da sua abrangência, enquanto que no modo convencional,
adotado no questionário preliminar, a maioria dos entrevistados não demonstrou
interesse no fornecimento de respostas.
A tabulação de dados, a análise qualiquantitativa e a representação de
gráficos específicos integram a segunda parte da subseção 4.2 – Qualificação
paisagística – da seção 4 – Discussão dos resultados, no intuito da concretização do
quarto objetivo específico pela classificação perceptual das unidades de paisagem.

2.4 REFERENCIAL CRÍTICO

Este nível final englobou a síntese de elementos estruturantes do território


e de princípios de arquitetura da paisagem, sendo desenvolvido a partir de método
sintético-analítico e de técnicas de análise relacional. Em primeira instância, foram
sumarizados, de maneira integrada, os resultados da caracterização paisagística
(subseção 4.1). Na sequência, foram confrontados, notadamente por relação
matricial, os produtos de qualificação paisagística (subseção 4.2).
Assim, os dados anteriores e respectivas fontes permitiram a indicação de
soluções futuras de integridade urbana, visando ao alcance do quinto objetivo
específico e do geral, relacionados à subseção 4.3 – Integração propositiva – da
seção 4 – Discussão dos resultados.
34

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção, são fundamentados conceitos e teorias acerca dos temas


pertinentes à pesquisa, consubstanciados nos seguintes tópicos inter-relacionados:
paisagem e cidade, gestão e planejamento, e paisagem planejada (Figura 1).

Figura 1: Organograma da estrutura da fundamentação teórica

PAISAGEM E CIDADE GESTÃO E PLANEJAMENTO

ABORDAGENS referências ORDENAMENTO


território
CONCEITUAIS teóricas TERRITORIAL

COMPONENTES referências CONSERVAÇÃO


ambiente
ESPACIAIS técnicas AMBIENTAL

PROCESSOS referências PARTICIPAÇÃO


percepção
SOCIAIS empíricas POPULAR

QUALIDADE referências AGENCIAMENTO


avaliação
VISUAL críticas PAISAGÍSTICO

PAISAGEM PLANEJADA

Fonte: Elaborada com base na seção 2 – Estruturação metodológica.

3.1 PAISAGEM E CIDADE

Este primeiro tópico é destinado à compreensão dos principais objetos do


estudo, com foco em:
a) abordagens conceituais – com circunscrição da paisagem e da
cidade na sua dimensão territorial;
b) componentes espaciais – com definição da estrutura dos cenários
urbanizados frente ao suporte natural e ao sistema antrópico dos
seus ambientes ecológico, construído e social;
c) processos sociais – com interpretação de características da
percepção humana em relação a condições paisagísticas;
d) qualidade visual – com exposição de princípios e opções
metodológicas de avaliação da paisagem urbana.
35

3.1.1 Abordagens conceituais

A partir de fontes diferenciadas, Hardt (2000) explica que a palavra


“paisagem” está relacionada com conceitos primitivos. Tanto nas línguas românicas,
derivada do vocábulo latino “pagus” (país), quanto nas germânicas, originada do
termo “land” (terra), têm significados equivalentes. Assim, entende-se que a
paisagem “designa uma parte do território, tal como é apreendida pelas populações,
cujo carácter resulta da ação e da interação de fatores naturais e/ou humanos” (CE,
2000, p.3). No mesmo sentido, Hardt (2000, p.15) a conceitua como:
combinação dinâmica de elementos naturais e antrópicos, inter-relacionados
e interdependentes, que, em determinado tempo, espaço e momento social,
formam um conjunto único e indissociável, promovendo percepções mentais
e sensações estéticas.

Para Marenzi (2000), é o resultado harmonioso de uma imagem que sofre


a ação dos mesmos elementos citados. A autora expõe que a ecologia da paisagem
a considera, de maneira holística, nas dimensões geográfica, ecológica e cultural,
explicando que esses enfoques dependem dos detalhes necessários ou do caráter
do estudo a ser realizado.
Por outro lado, Bohrer (2000) resume a paisagem como um grupo de
ecossistemas, sob a influência de um mesmo tipo de clima, com semelhante relevo e
conjunto de perturbações, com ocorrência de fluxos ou interações. Essa parte do
espaço é caracterizada por um tipo de arranjo ativo de componentes diferenciados
(físicos, biológicos e antrópicos), que, ao se enfrentarem dialeticamente uns com os
outros, transformam-na em um conjunto geográfico que evolui de forma integrada.
Conforme Mascaró (2008), a paisagem é definida como um espaço aberto
que se abrange com um só olhar, sendo entendida como realidade ecológica,
materializada fisicamente numa área que se poderia chamar de “natural”, no qual se
inscrevem os elementos e as estruturas construídas pelos homens, com
determinada cultura, designada também como “cultural”.
36

[...] a paisagem humanizada e a paisagem natural adquiriram ao longo dos


dois últimos séculos qualidades figurativas através de vários fenômenos
culturais e sociais: pelo valor simbólico ou mágico de certos sítios; pela
exaltação iconográfica feita pelas artes como a pintura, a fotografia e a
literatura; e também por reação à gradação qualitativa e baixo teor estético
das urbanizações. Através destes processos, as paisagens foram sendo
carregadas com os atributos da beleza, capazes de provocar a emoção
estética [..., a qual] na contemplação da paisagem, tornou-se um fator
cultural. [...] Valor que provém também de que a paisagem humanizada, a
cidade e o território são fenômenos culturais (LAMAS, 2014, p.67).

Hardt (2000) detalha essas classificações nas seguintes tipologias e seus


respectivos resultados visuais:
a) natural – inexistência de impacto humano significativo;
b) manejada – tendência à homogeneização pelo manejo de espécies
nativas;
c) cultivada – propensão à geometrização de regiões com cultivo;
d) suburbana – formação de mosaicos de parcelas menores e mais
heterogêneas de espaços cultivados e ocupações urbanas;
e) urbana – composição de forte conjunto de formas e volumes
geométricos, com predominância de áreas impermeáveis.
Hardt (2006) interpreta a cidade como o resultado físico-territorial de um
processo de formação do ambiente construído, enquanto o urbano propriamente dito
é referente ao fenômeno social, econômico e institucional estruturante da própria
urbanização. Lamas (2014) considera que a construção da paisagem humanizada é
uma ação arquitetônica, classificando-a como patrimônio coletivo. Nessa conjuntura,
os cidadãos – e a própria sociedade – têm o direito de viver em ambientes
esteticamente qualificados, com ordenamento do território para defesa e
preservação do meio. Por sua vez, George (2001) subdivide a paisagem urbana em
áreas:
a) centrais – em grandes centros, espaços públicos naturais e
construídos tendem a ser predominantemente degradados, estando
a qualidade da paisagem ligada ao legado histórico de construções
por vezes em ruínas e com urgência de manutenção;
37

b) consolidadas – onde o tecido urbano é geralmente estruturado e


coeso, proporcionando condições paisagísticas com possibilidades
de resiliência e de qualidade;
c) suburbanas ou periféricas – nas quais as alterações mais profundas
se referem no campo demográfico e socioeconômico.
Segundo Vieira (2014), a paisagem é polissêmica, ou seja, possui vários
conceitos, tendo complexidade e dinamismo, modificando-se de acordo com o local,
a escala, o tempo e quem a percebe.
Ela é uma representação do real e, para ser analisada, precisa de um
observador, de um conjunto de objetos a serem observados e da percepção
desses objetos pelo observador; os fatores bióticos, abióticos e
socioculturais se inter-relacionam e evoluem em conjunto. Pode ser
alterada, mas não destruída. De qualidades subjetivas, porém medida e
compreendida de forma objetiva (VIEIRA, 2014, p.130).

Como expressão visual de determinado espaço, a paisagem é formada


por diferenciados componentes nele existentes. Suas disposições e relacionamentos
compõem diferentes características paisagísticas.

3.1.2 Componentes espaciais

Considerados como cada um dos atributos que compõem a paisagem


(TYS, 2016), Criado (2012) define, como seus componentes principais, os fatores
naturais (relevo, solo, clima, fauna, flora,...) e antrópicos (população, usos do solo,
infraestrutura, áreas de lazer,...). Os primeiros ocorrem naturalmente, sem
intervenção humana. Os segundos compreendem o ambiente modificado pelo
homem (artificializado). O Quadro 3 detalha alguns desses elementos.
Associando os componentes do suporte natural aos do sistema antrópico
(cultural), Hardt (2000) apresenta a estrutura para a paisagem urbana ilustrada na
Figura 2. Nesse âmbito, a autora os relaciona aos ambientes natural, construído e
socioeconômico, bem como às condições físico-ambientais e sociais.
38

Quadro 3: Relação de exemplos de componentes da paisagem segundo os ambientes natural e


construído
AMBIENTE NATURAL
Ar, atmosfera e espaço exterior
Águas, em qualquer de seus estados físicos
Terra, solo e subsolo
Fauna terrestre ou aquática, selvagem, doméstica ou domesticada, nativa ou exótica
Flora terrestre ou aquática, nativa ou exótica, em todas suas entidades taxonômicas
Microflora e microfauna da terra, do solo, subsolo, dos cursos ou massas de água, em todas suas
entidades taxonômicas
Diversidade genética e fatores e padrões que regulam seu fluxo
Topografia com potencial energético
Fontes naturais subterrâneas de calor que podem produzir energia geotérmica
Clima e elementos e fatores que o determinam
Processos ecológicos essenciais, tais como fotossíntese, regeneração natural dos solos,
purificação natural das águas e reciclagem espontâneo dos nutrientes
Depósitos de substâncias minerais metálicas e não metálicas, incluindo argilas de superfície,
salinas, areias, rochas e demais materiais aplicados diretamente na linha de produção
Sistemas ambientais em perigo, vulneráveis e raros
AMBIENTE CONSTRUÍDO
Infraestrutura de transporte, comunicações, abastecimento energético, abastecimento de água,
drenagem, resíduos
Assentamentos urbanos e rurais
Equipamentos de cunho administrativo, comercial, educacional, saúde, recreativo, esportivo e
cultural
Centros e edificações que acolhem a produção industrial e artesanal
Solo urbanizado
Explorações minerais, agrícolas, florestais e marinhas
Cenas urbanas e rurais
Patrimônio histórico e cultural do passado e do presente
Marcos urbanos, arquitetônicos e artísticos
Lugares de acontecimentos urbanos, espaços públicos
Fonte: Adaptado de GEODEM (2007).
39

Figura 2: Organograma de componentes da paisagem urbana

Fonte: Adaptada de Hardt (2000).

Criado (2012) comenta que esses componentes conformam áreas do


território com caráter único e singular, definindo-as como “unidades de paisagem”,
as quais permitem sintetizar a caracterização dos cenários e conhecer a diversidade
paisagística do território. Seus elementos constituintes e suas inter-relações
condicionam uma identidade específica, de natureza ambiental, cultural, perceptiva e
simbólica, que lhe confere uma idiossincrasia diferenciada do restante (TYS, 2016).
Criado (2012) também cita os “recursos paisagísticos”, especificando-os
como elementos lineares ou pontuais singulares, que têm valor visual, ecológico,
cultural, social ou histórico. Porém, também reflete sobre os chamados “conflitos
paisagísticos”, ou seja, aspectos que provocam a degradação visual ou funcional,
por causas naturais ou antrópicas. Como consequências, cita o desaparecimento ou
deterioração de cenas valiosas, a fragmentação territorial e o aparecimento de novas
paisagens de baixa qualidade, por exemplo.
40

A composição cênica é o resultado da relação entre o homem e o


ambiente, evidenciada pela distribuição e arranjos dos componentes espaciais, suas
cores, formas e outros atributos (TYS, 2016). Aos elementos anteriormente citados,
Hardt (2000) incorpora processos diversificados da sociedade. Dentre as tipologias
mencionadas, cabe destaque aos referentes à percepção dos observadores das
paisagens.

3.1.3 Processos sociais

Para Hardt (2004, p.4), “a paisagem urbana é formada basicamente pelo


espaço visual e pelos mecanismos perceptuais”.
Para que a paisagem aconteça, não basta o mundo natural, pois ela não
pertence à natureza, mas à cultura. Para que a paisagem exista, é
necessário reunir um homem, um ponto de vista e, sobretudo, uma narrativa
que possa nomear o que o homem vê e sente; um relato que logre solapar a
ameaçadora, insuportável, separação entre o homem e o mundo natural.
Sendo a paisagem uma narrativa alinhavada através de uma soma
incompleta de saudades próprias ou alheias, de memórias e de perdas, de
iluminações e de apagamentos, essa ficção – a paisagem – tornaria a
separação entre o homem e a natureza ambígua, imprecisa, porém,
aceitável, pois o que vemos não se basta apenas em vermos (MELENDI,
2010, p.197).

No âmbito da paisagem urbana, Nogué (2007, p.137-138) argumenta que:


[...] é o resultado de uma transformação coletiva da natureza; é a projeção
cultural de uma sociedade em um espaço determinado. [...] As sociedades
humanas, através de sua cultura, transformam paisagens naturais originais
em paisagens culturais, caracterizadas não somente por uma determinada
materialidade, mas também pela mudança da própria paisagem de seus
valores, de seus sentimentos. Paisagem é, portanto, um conceito
enormemente impregnado de conotações culturais e pode interpretar-se
como um dinâmico código de símbolos que falam de cultura de seu
passado, de seu presente e quem sabe também de seu futuro.

A percepção compreende o conjunto de atividades e processos


relacionados com a estimulação sensitiva, mediante os quais se obtém informações
a respeito do hábitat, das ações nele efetuadas e dos próprios estados internos do
indivíduo (TYS, 2016).
Percepção é tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como a
atividade proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados,
enquanto outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados. Muito do
que percebemos tem valor para nós, para a sobrevivência biológica, e para
propiciar algumas satisfações que estão enraizadas na cultura (TUAN,
2012, p.4).
41

Lynch (2011) cita que, para a interpretação perceptual da imagem


transmitida por uma paisagem, é necessária a combinação de todos os sentidos,
transmitindo um sentimento de segurança emocional, podendo estabelecer relações
harmônicas entre o observador e o mundo à sua volta.
A imagem assim desenvolvida limita e enfatiza o que é visto, enquanto a
imagem em si é testada, num processo constante de interação, contra a
informação perceptiva filtrada. Deste modo, a imagem de uma determinada
realidade pode variar significativamente entre observadores diferentes
(LYNCH, 2011, p.7).

Para aplicar o conceito de imaginabilidade urbana, o mesmo autor utiliza


entrevistas a amostras de cidadãos, sobre sua visão do ambiente, e um exame
sistemático da imagem ambiental gerada em campo com observadores
especializados. No primeiro procedimento, é solicitado que o entrevistado desenhe
um esquema da cidade (“mapa mental”) e faça uma descrição de alguns de seus
deslocamentos, sendo reconhecidas e enumeradas as imagens mais expressivas
que ficaram retidas na lembrança, tendo como meta a obtenção daquela mais
significativa na memória pública. Mesmo que imperfeita, ajudará a desenvolver
sugestões para o planejamento e desenho urbano.
Na análise sistemática, a observação é feita a pé por um observador
treinado, com conhecimento prévio do conceito de imaginabilidade urbana; portanto,
mapeia a área, identificando condições de visibilidade, a presença e as inter-
relações entre marcos, pontos nodais, vias, limites e bairros (“mapa técnico”). Assim,
diagnostica as forças e fragilidades das imagens desses elementos. Ao cruzar as
informações dos dois tipos de mapas, tem-se a equivalência de esboços em
aspectos principais de uma cidade, identificando a sua essência visual pelo senso
comum e pela ótica científica.
A visão permitiu constatar que o movimento não é apenas progressão
facilmente mensurável e útil para a planificação, mas se divide em duas
componentes distintas: o ponto de vista e a imagem emergente. O homem
tem em todos os momentos a percepção da sua posição relativa, sente a
necessidade de se identificar com o local em que se encontra, e esse
sentido de identificação, por outro lado, está ligado à percepção de todo o
espaço circundante (CULLEN, 2008, p.14).
42

Segundo Del Rio (1990), a percepção é a ação mental de inter-relações


do homem com o meio, envolvendo mecanismos sensitivos e cognitivos. Kohlsdorf
(1996, p.57), por sua vez, afirma que resulta da sensação:
[...] porém não como uma simples cadeia de seus produtos isolados, mas
como nova qualidade do reflexo sensorial. Na percepção do espaço, em
que pese a contribuição dos receptores visuais e tátil-cinéticos, não
comparecem apenas essas características do objeto, mas toda sua
complexidade, porque entram em ação os demais órgãos sensoriais. [...] a
percepção do espaço físico se apoia na unidade entre sujeito e objeto.
Trata-se de uma relação com um meio, real ou lógico, que não se
caracteriza por ser o lugar onde as coisas estão colocadas, mas o meio pelo
qual sua disposição se torna possível. Passa-se da noção idealista de
espaço passivo e neutro para um conceito de espaço ativo, que se
consubstancia na referida unidade sujeito-objeto, na medida em que é a
presença do corpo humano no mundo que o mantém vivo, animado e
passível de conhecimento.

Sintetizando essas observações, Hardt (2000, p.41) pondera que a


percepção da paisagem é processada por duas tipologias de filtros:
a) biofísico, determinado pelas condições de visibilidade do espectador
(intrínsecas: acuidade visual e outras condições sensitivas;
extrínsecas: limitações espaciais – posição do observador, condições
atmosféricas, iluminação e barreiras visuais; limitações fisiográficas –
distância, compartimento visual) [...];
b) condutual, relativo às reações sensitivas, cognitivas (culturais, sociais
e econômicas) e psicológicas (emocionais e afetivas), além de outros
fatores abstratos [...].

Atuando de maneira diferente para cada observador em relação aos


elementos visuais e não percebidos pela visão, bem como à composição
paisagística, o primeiro estimula a percepção visual, enquanto o segundo incita o
processo psicológico. Em ambas as situações, estão relacionados ao estado
biopsíquico do ser humano (Figura 3), seu genótipo (características individuais e
filogenéticas) e suas condições de vida (ambiência pessoal e comportamento).
43

Figura 3: Organograma do processo de percepção dos componentes da paisagem urbana

ESPAÇO
VISUAL

MECANISMOS
PERCEPTUAIS

Fonte: Adaptada de Hardt (2000).


44

A criação da imagem é um processo bilateral entre observador e


observado. “O que ele vê é baseado na forma exterior, mas o modo como ele
interpreta e organiza isso, e como dirige sua atenção, afeta por sua vez aquilo que
ele vê” (LYNCH, 2011, p.38). Conforme Kohlsdorf (1996), pode-se observar a
configuração dos espaços pelos processos sociais, responsáveis pela produção dos
usos espaciais, com diversas possibilidades de função em relação a perspectivas
socialmente definidas. É justamente esse conjunto de fatores que permitem a
avaliação de padrões qualitativos de visualização de determinada paisagem.

3.1.4 Qualidade visual

Essa condição é estabelecida pelas características que majoram os


valores estéticos e singulares dos cenários, compreendendo tanto o grau de
excelência da paisagem quanto o seu mérito para não ser alterada ou destruída
(TYS, 2016). Para Macedo (2002), podem ser atribuídos três tipos de qualidade
paisagística: ambiental, funcional e estética, fornecendo aos indivíduos meios para
agir sobre o espaço qualificado.
De maneira complementar, Ribeiro e Vargas (2001) afirmam que, no
contexto urbanístico, está além dos conceitos de salubridade, saúde e segurança,
como também do desenho urbano e das feições morfológicas do sítio. Para os
autores, o funcionamento da cidade é condicionado ao desempenho das atividades
urbanas e às possibilidades de atendimento às pretensões dos indivíduos que a
procuram.
Para Santos (2014), o belo na paisagem tem importância incontestável na
qualidade de vida dos cidadãos e da coletividade. O seu desfrute é essencial, devido
aos benefícios à saúde psíquica e espiritual dos seres humanos. Assim, demonstra
sua essência na proporção de redução do esgotamento psicológico e de devolução
da paz e da serenidade perdidas para as frustrações cotidianas. A estética é,
portanto, um valor essencial aos cenários, pois os sentimentos de cada indivíduo
são influenciados pela beleza paisagística, vivenciando as interferências diretas
dessa percepção.
Segundo Leite (2008), o processo multidirecional de qualificação
paisagística envolve o estabelecimento de relações com o conjunto de elementos
físicos, tanto naturais quanto culturais. Portanto, os projetos são forçados a se
45

deslocar do campo estritamente visual, em que têm o papel essencial de


organização espacial, para o âmbito ambiental, em que alcançam a função de
otimização dos espaços, alterando radicalmente a reflexão sobre a paisagem e os
padrões estéticos do processo projetual. Para Kohlsdorf (1996), os lugares têm
potenciais específicos para serem entendidos pelos indivíduos visando à ação sobre
a realidade para a sua adequada transformação.
Conforme Nogué (2007), a fragmentação territorial e paisagística vem
sendo provocada pela dispersão do ambiente construído e pela urbanização difusa,
ou seja, pelo crescimento desordenado dos assentamentos urbanos. A pulverização
desses espaços urbanizados e a implantação de infraestruturas pesadas e de
arquitetura de baixa qualidade estética geram paisagens medíocres, onde a impera
homogeneidade, com repetições, artificialidades, banalizações e temáticas
duvidosas, especialmente em regiões preparadas para o turismo, gerando, assim,
locais com deficiências de qualidade ambiental e cultural.
Dentre os exemplos expostos pelo Centro de Ingeniería e Innovación para
el Desarrollo Medioambiental (Centro de Engenharia e Inovação para o
Desenvolvimento Ambiental – GEODEM, 2007), vale citar os seguintes fatores de
degradação dos componentes paisagísticos em cidades: contaminação do ar, das
águas e do solo; alterações das condições naturais de cursos, massas ou depósitos
hídricos, algumas também nocivas ao fluxo natural; processos de erosão e
sedimentação edáfica; destruição indiscriminada da flora nativa, além dos limites de
sua regeneração natural; eliminação, destruição ou degradação do habitat das
entidades taxonômicas florísticas ou faunísticas consideradas em perigo,
vulneráveis, raras ou insuficientemente conhecidas; introdução ou distribuição de
variedades vegetais e animais exóticos; acumulação ou disposição inadequada de
resíduos; modificação dos elementos determinantes do clima; destruição ou
alteração desnecessária ou antiestética dos cenários; e estabelecimento de
assentamentos humanos e a realização de atividades industriais e minerárias em
áreas protegidas oficialmente.
Segundo Hardt (2004), a qualidade da paisagem está relacionada com o
grau de excelência de suas características visuais. Criado (2012) também considera
aspectos cênicos, singularidade, representatividade, interesse de conservação e
função como partes de um conjunto integral. Da análise da visibilidade, esta última
autora cita a possibilidade de identificação de áreas com maior exposição visual e,
46

portanto, mais frágeis, também comentando sobre o valor social e justificando que, a
partir da participação pública, são determinadas as preferências da população.
[...] a avaliação da qualidade da paisagem urbana passa a constituir um
instrumento de grande valia para qualquer municipalidade no sentido da
interpretação do grau de satisfação e bem-estar de seus cidadãos quanto
ao ambiente citadino (HARDT, 2000, p.2)

Como objeto de pesquisa, a valoração da paisagem, pelo feito de dar


valor aos aspectos ambientais, culturais, visuais e perceptivos (TYS, 2016), gera
subsídios para a sua proteção, de relevante importância no desenvolvimento
socioeconômico local, regional, nacional e internacional, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida.
A aproximação científica a essa dinâmica [...] de difícil expressão estatística,
só se torna possível mediante esforço de observação da cidade sob certas
condições: a partir do seu interior, abordando-a como relação socioespacial
e realizando essas atividades junto com seus habitantes [...] (KOHLSDORF,
1996, p.10).

Para Lynch (2011), a diversidade da percepção paisagística é ampla e varia


de um observador para outro. Nesse sentido, é dinâmica, visto que nem todos os
espectadores percebem o mesmo ponto de vista da mesma maneira; assim, sua
análise é dependente de múltiplos métodos. As metodologias são diversas e a
escolha do método vai depender das condições e características da área a ser
estudada (HARDT, 2004).
Já Cullen (2008) cita que a visão tem o poder de relembrar memórias e
experiências, com todo o seu corolário de emoções, fato do qual se pode tirar
proveito para criar ocorrências de utilização intensa. Perante o fato de que o meio
gera reações emocionais, o autor comenta que é preciso considerar três aspectos:
a) ótica – no percurso de um pedestre atravessando a cidade, a
paisagem urbana surge como uma sucessão de surpresas e
revelações súbitas, entendida como “visão serial”;
b) local – perante sua posição no espaço, o corpo humano se relaciona
instintiva e continuamente com o meio, pois o sentido de localização
não pode ser ignorado e deve integrar a planificação do ambiente;
c) conteúdo – a constituição da cidade (cores, texturas, escalas, estilos
etc.) definem a sua identidade e o que a individualiza.
47

Nucci (1998) concentra sua principal preocupação no agrupamento


máximo dos dados cartografáveis de uma área para posterior cruzamento e
elaboração de um diagnóstico especializado, consubstanciado em um mapa de
qualidade ambiental, com valoração qualitativa dos atributos do meio. Para Marenzi
(2000), também devem ser analisados os padrões dos componentes da paisagem,
ou seja, diferentes arranjos entre mosaicos formados pela combinação de formas
superficiais do terreno, aspectos bióticos e intensidade de ocupação urbana, sendo
identificáveis pela interpretação de imagens de satélite, fotografias aéreas e mapas
temáticos, dentre outras opções.
Para Bohrer (2000), a paisagem deve ser analisada como um sistema ou
entidade holística, composta por diferentes elementos, um influenciando o outro;
dessa maneira, propõe uma análise sistêmica para medição do grau de correlação
entre vários componentes. As dinâmicas atuais motivam aspectos contemporâneos
do ambiente, enquanto as passadas deixam legados no meio, afetando sua
suscetibilidade. Sua definição está embasada na identidade da hierarquia das suas
partes homogêneas – as já citadas “unidades”. Para o autor, o enfoque em
mapeamentos apresenta a possibilidade de extrapolação e interpolação de dados
sobre os componentes paisagísticos.
Para Hardt, Hardt e Hardt (2007), o sensoriamento remoto e o
geoprocessamento são instrumentos fundamentais para estudos dessa natureza.
Utilizando informações cartográficas e fotogramétricas, processadas em sistema de
informações geográficas (SIG), é possível o diagnóstico de determinada área, tendo
como resultado o mapeamento dos níveis de suscetibilidade física, fragilidade
biológica e intervenção humana. Bohrer (2000) cita que a integração na coleta de
dados, na análise espacial e no processo de tomada de decisões pode ser realizada
por intermédio do SIG, com as vantagens na automatização e agilização da
produção de mapas, com diferentes opções de representação gráfica de informação
e de rápida atualização.
Dentre os diversos enfoques metodológicos, vale citar que Hardt e Hardt
(2010) utilizaram a avaliação da percepção dos usuários em unidades de
conservação de Curitiba, Paraná, somadas a levantamentos de reconhecimento
específico em campo, sendo aplicados questionários semiestruturados, divididos em
três partes – perfil do usuário, hábitos de utilização e aspectos qualitativos da
paisagem. Os dados foram ser tratados estatisticamente na etapa final de
48

interpretação e discussão, os quais permitiram a formulação de opções para gestão


de áreas naturais protegidas em cidades.
Eiter (2010), por sua vez, analisou a região da Noruega com base nos
usos para exploração de valores relacionados à cobertura do solo, utilizando a
percepção por meio da experiência no local, que pode ser ligada ao entendimento
de paisagem como área de atividade, em que qualquer diferença detectada ou
percebida pode ser qualificada como diversidade. Para esse estudo, foi necessária a
combinação de métodos relacionados a diferentes condições perceptuais
qualitativas. Os dados foram registrados e apresentados em forma de mapas,
apoiados em investigações de campo. Foram adotados dois grupos de análises, por
usuários e por especialistas.
Giaretta (2012) cita que a percepção pode ser definida como
procedimento de coleta de informação por meio da recepção, obtenção, absorção e
emprego do conhecimento, ocorrendo por estímulos dos sentidos (visão, audição,
olfato, paladar e tato), com o processo desenvolvido em dois estágios
independentes, a sensação e a assimilação. O mesmo autor apresenta a
metodologia de avaliação paisagística desenvolvida pelo International Institute for
Geo-Information Science and Earth Observation (ITC – Instituto Internacional de
Geociências da Informação e Observação da Terra, University of Twente, Holanda),
que fez a distribuição de unidades de paisagem no espaço em níveis hierárquicos de
dimensões crescentes; incluindo dois aspectos da vegetação, sua composição e sua
estrutura.
Tângari (2013) analisou a paisagem no município do Rio de Janeiro por
intermédio do método de abordagem multiescalar e multitemporal, optando por
manter o foco nos múltiplos sistemas de espaços livres de edificação, públicos ou
privados, interpretados a partir do estudo de sua construção social e do maior
potencial em termos de transformação coletiva. Suas relações com a ocupação da
cidade e com o suporte físico resultaram em um mapeamento sistematizado que
conjuga a localização das áreas centrais; as características do tecido urbano
(consolidado ou não); as principais linhas de drenagem e de circulação; a incidência
de espaços livres públicos e de arborização; as manchas de florestas e outras
formações vegetais; os demais elementos significativos do suporte geobiofísico e os
eixos previstos de expansão. Com isso, a autora pretendeu aprofundar a análise de
conflitos e de contradições.
49

Procopiuck e Rosa (2015) avaliaram as influências entre sociedade e um


rio urbano em Curitiba, Paraná, a partir de uma perspectiva social, provendo
potencial explicativo na constituição e composição dos cursos d’água inseridos em
contextos urbanizados. Dessa maneira, abrangeram vários agentes sociopolíticos e
os limites de instrumentos analíticos para aceite das variáveis das dimensões
naturais e antrópicas. O foco da abordagem residiu em técnicas amparadas em
indicadores de qualidade e quantidade hídrica. A forma de avaliação consistiu na
aplicação de questionários com questões de múltipla escolha respondidas pelos
residentes próximos ao rio. O nível de percepção das mudanças e o sentimento de
responsabilidade moveram os cidadãos à sua participação nas ações em conjunto
com a administração municipal.
Em vertente semelhante, Henningsson et al. (2015) investigaram os
valores ecológicos, culturais e sociais percebidos pela população local no processo
de planejamento de uma rodovia na Suécia. Foram utilizados questionários e
documentos de planejamento, com os resultados demonstrando que as pessoas
presumiram que os primeiros valores seriam afetados negativamente com a
construção da nova estrada, enquanto que os demais permaneceriam os mesmos.
Marenzi (2000) menciona que características e propriedades das
paisagens podem ser agrupadas em variáveis que possibilitam sua quantificação,
exemplificando que a utilização de:
[..] além dos elementos ambientais encontrados no meio (rios, mar,
construções, vegetação, morros etc.), também características como a
diversidade, a naturalidade, a singularidade paisagística e a complexidade
topográfica, entendendo-se como: diversidade, a variedade paisagística de
um determinado local, podendo ser expressa pelo número de unidades
homogêneas existentes na área estudada; naturalidade, o aspecto
paisagístico proporcionado pelo conjunto de elementos naturais em
considerável estado de conservação; singularidade, o efeito paisagístico
causado por um ou mais elementos naturais ou artificiais de expressividade
singular; e complexidade topográfica, a existência de relevo variado em uma
área (MARENZI, 2000, p.6).

Em resumo, Hardt (2000; 2004) contextualiza que podem ser aplicados


diversos métodos de avaliação da qualidade visual da paisagem, os quais são
sintetizados pela autora em (Quadro 4):
a) diretos (qualitativos ou subjetivos) – a partir da contemplação da
paisagem como um todo, por usuários ou por peritos, no local ou por
meio de substitutos, avaliam a sua totalidade, baseados no exame
estético e, por decorrência, em avaliação subjetiva;
50

b) indiretos (quantitativos ou técnicos) – pela desagregação da


paisagem em seus componentes e elementos visuais principais, são
fundamentados em sistema de valoração estabelecido por
especialistas;
c) mistos (associativos) – reúnem as vantagens dos diretos e indiretos,
com interpretação individualizada dos componentes paisagísticos
que determinam respostas subjetivas.

Quadro 4: Relação de exemplos de métodos diretos, indiretos e mistos de avaliação da qualidade


da paisagem
MÉTODOS DIRETOS
Subjetividade admitida Plena aceitação da apreciação subjetiva
Controle dos aspectos subjetivos pela valoração por meio de
Subjetividade compartilhada
dinâmicas de grupo com discussões dos valores pessoais
Relativização de valores para a qualidade adquirida da paisagem,
Subjetividade controlada
a partir do seu grau de suscetibilidade de visualização ou utilização
Valoração por grupos de pessoas para formação de opinião com
representatividade, apoiando-se em procedimentos estatísticos,
Subjetividade representativa técnicas de diferenças semânticas, listas de adjetivos,
ordenamento e comparação de pares de unidades paisagística,
por exemplo
MÉTODOS INDIRETOS
Avaliação com base em
Atribuição de pesos específicos para cada uma delas
categorias estéticas
Atribuição de pesos para cada um deles em cada unidade de
paisagem, que podem ser dos seguintes tipos: irregulares,
homogêneas ou naturais (resultantes da divisão do território a
partir de limites de elementos representativos ou de critérios
Avaliação com base em visuais, com análise por sobreposição de imagens), regulares,
componentes paisagísticos heterogêneas ou artificiais (oriundas da sobreposição de malhas
geométricas para medição e valoração de cada componente por
quadrícula) e mistas (advindas da combinação das anteriores,
como pela utilização de unidades irregulares com sobreposição de
malhas regulares)
MÉTODOS MISTOS
Avaliação estatística análise multivariada, de regressão etc.
Fonte: Adaptado de Hardt (2004).

Hardt e Hardt (2008, p.15) apontam vantagens da avaliação integrada da


qualidade da paisagem relacionadas:
[...] ao monitoramento das condições do ambiente urbano, pela análise do
espaço visual (método indireto), e à determinação do grau de satisfação do
homem em relação ao espaço urbano, pela interpretação da experiência
humana (métodos direto e misto), constituindo instrumento simplificado para
análise de qualidade de vida, considerando-se o grau de satisfação do
cidadão em relação ao seu local de vivência.
51

Os procedimentos de avaliação da qualidade visual são basilares para os


processos de planejamento e gestão da paisagem urbana. Nesse sentido, embasam
diagnósticos e prognósticos, bem como proposições de desenvolvimento
urbanístico.

3.2 GESTÃO E PLANEJAMENTO

Em complementação ao anterior, este tópico aborda processos


relacionados ao tratamento dos objetos de estudo, discorrendo sobre o ordenamento
do território, a conservação do ambiente, a participação da população – com ênfase
na apreensão da percepção dos cidadãos – e o agenciamento da paisagem.
Planejar, gerenciar e governar cidades de forma sustentável, maximizando
oportunidades econômicas e minimizando danos ambientais, são desafios que
praticamente todos os países enfrentarão neste século (BOUSKELA et al., 2016).
Frey (2012) explica que os termos “gestão e governança” surgiram na
área das ciências políticas a partir de trabalhos e reflexões de novas e participativas
maneiras de interação do governo com a sociedade, ou seja, a administração
pública cria arranjos corporativos, reconhecendo que não é possível governar
unilateralmente, abrindo-se, assim, para os atores sociais (FREY, 2012).
A questão ambiental impõe desafios peculiares à gestão e à política pública.
Alguns pressupostos de gestão e de políticas públicas mais ajustadas à
complexidade dos problemas ambientais tornam-se de fundamental
importância a uma análise de nossos padrões e processos organizacionais
no âmbito da gestão e do planejamento público. As discussões costumam
girar em torno da necessidade de uma atuação interdisciplinar e
intersetorial, do envolvimento e da participação do cidadão e da sociedade
civil na gestão do planejamento, bem como de processos de tomada de
decisão capazes de inserir as preocupações com os bens comuns em
estratégias efetivas de ação coletivas (FREY, 2012, p.147).

Segundo Rezende e Castor (2005, p.27), a gestão urbana visa “à


qualidade da infraestrutura e dos serviços urbanos, propiciando as melhores
condições de vida e aproximando os cidadãos nas decisões e ações da governança
pública municipal”, produzida no tempo presente. Os autores ainda comentam que o
planejamento, voltado à programação do futuro, embasa o desenvolvimento
harmônico do município e dos núcleos urbanos nele existentes. Identificando
vocações locais e regionais, estabelece as principais estratégias e políticas
municipais, além de regras de ordenamento territorial, com definição de restrições,
52

proibições e limitações para a progressiva elevação da qualidade de vida dos


munícipes.
Segundo Lopes (2004), o maior desafio na gestão local é a definição e a
implantação de estratégias competitivas com uma visão global, capaz de superar
suas deficiências e capitalizar suas potencialidades. Definidas por meio do
planejamento mobilizam e direcionam os recursos, não apenas financeiros, físicos e
humanos, mas também os intangíveis, como: especialidades, autoridade,
características históricas, civilidade e prestígio político, entre outros, que devem ser
analisados na deliberação de objetivos, ações e projetos. Apesar da intangibilidade
dos seus resultados, seus efeitos são concretos para a cidade.
É necessário não confundir planejamento estratégico com plano diretor
municipal, mesmo que partam de mesmo esboço teórico e dados similares, pois têm
concepção diversa na formulação dos objetivos, das formas de elaboração e
implantação e dos horizontes de médio e longo prazo, bem como da visão local e
global do ambiente urbano. Suas funções são diversas, mas complementares. O
plano estratégico resulta na concretização da ação, elaborado com base na
aprovação pública e privada, e sua realização se fundamenta no comprometimento
desses agentes. Por outro lado, o planejamento urbano concebe um plano de
organização da ação, ou seja, de ordenamento urbanístico, tendo como objetivo
regulamentar os usos do solo e os sistemas de integração e comunicação, dentre
outras área de atuação, fundamentando-se em normas advindas da legislação
(LOPES, 2004).
O planejamento está inserido em um processo dinâmico, retroalimentado
e aberto, devendo ser reavaliado constantemente e readequado às novas
realidades. O ato de planejar implica na articulação de diversos interesses, em que a
participação mais ampla da sociedade tenha reflexos na melhoria da qualidade de
vida, ou seja, o sistema democrático passa a ser um componente essencial da
proposta, garantindo a sua vinculação com a diversidade urbana (PORTO ALEGRE,
2000) e com a própria organização do território.
53

3.2.1 Ordenamento territorial

Santos (2003) define o território como uma área apropriada e usada, não
restrita ao espaço geográfico. Em síntese, seu conceito pode ser expresso como:
[...] chão da população, isto é, sua identidade, o fato e o sentimento de
pertencer àquilo [a] que [... se] pertence. O território é a base do trabalho,
da residência, das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais
influi (SANTOS, 2000, p.96).

Alves (2014) afirma que, diante das relevantes transformações de um


mundo em transição, o conceito de ordenamento territorial tem sido constantemente
redimensionado. Para a autora, seu caráter contemporâneo é interdisciplinar e
prospectivo, com vistas à otimização do espaço (FERRÃO, 2011).
O crescimento acelerado, associado à ocupação desordenada e irregular de
diversas porções dos territórios dos municípios, originou condições
paisagísticas deletérias e problemas ambientais, em que pesem os esforços
e os investimentos do poder público na tentativa de planejar e orientar o uso
do solo e dos recursos naturais (PELLIZZARO; HARDT, 2006, p.2).

Diante dessa complexidade e inserindo o tema no contexto das políticas


públicas, a Carta Europeia de Ordenamento do Território expõe que:
[...] é a tradução espacial das políticas econômica, social, cultural e
ecológica da sociedade. [...] deve ter em consideração a existência de
múltiplos poderes de decisão, individuais e institucionais que influenciam a
organização do espaço, o caráter aleatório de todo o estudo prospectivo, os
constrangimentos do mercado, as particularidades dos sistemas
administrativos, a diversidade das condições socioeconômicas e ambientais.
Deve, no entanto, procurar conciliar estes fatores da forma mais harmoniosa
possível (CE, 1988, p.9-10).

Ainda que essa convenção seja válida somente no continente europeu,


tornou-se referência mundial no que se refere à legislação de proteção, tanto que é
citada por inúmeros pesquisadores do assunto, tendo influenciado projetos de leis
inclusive no Brasil (SANTOS, 2014).
A preocupação com a paisagem, em especial com a paisagem urbana
emerge da necessidade de se ajustar o território e as ocupações urbanas
de modo que propiciem qualidade de vida aos seus habitantes, e de
preservar os espaços verdes e demais áreas de interesse ambiental que
sobreviveram ao processo de ocupação. Felizmente, o Direito Ambiental
trouxe a paisagem de volta para a agenda política de diversos países ao
redor do mundo, resgatando a valorização do belo e alçando a beleza das
cidades a um patamar protetivo de destaque, enquanto micro bem
ambiental essencial à manutenção do meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Assim, a paisagem passa a ser contemplada como um
elemento essencial à sadia qualidade de vida da sociedade [...], muito por
conta de suas funções estéticas e implicações psicológicas [...],
reconhecida, destarte, como componente indissociável da concepção
54

holística do meio ambiente e do bem-estar coletivo e individual (SANTOS,


2014, s.p.).

Segundo a Lei Federal Nº 11.952, de 25 de junho de 2009 (BRASIL,


2009), o ordenamento territorial urbano consiste no planejamento da área
urbanizada, de expansão ou de urbanização específica, que considere as diretrizes
da Lei Federal Nº 10.257, de 10 de julho de 2001 (BRASIL, 2001 – Estatuto da
Cidade), e inclua, no mínimo, os seguintes elementos:
a) delimitação de zonas especiais de interesse social em quantidade
compatível com a demanda de habitação de interesse social do
Município;
b) diretrizes e parâmetros urbanísticos de parcelamento, uso e
ocupação do solo urbano;
c) diretrizes para infraestrutura e equipamentos urbanos e comunitários;
d) diretrizes para proteção do meio ambiente e do patrimônio cultural
(BRASIL, 2009, Artigo 2°, Parágrafo VI).

Vitte (2015) argumenta que o desenvolvimento não é alheio às condições


geográficas e está intimamente relacionado com o ordenamento do território,
havendo influências recíprocas entre ambos. A autora também afirma que os
fundamentos do planejamento territorial estão atrelados à gestão dos mais
diversificados recursos, o que justifica o complexo conjunto de agentes
intervenientes em suas realidades. Invariavelmente, a conservação do ambiente
figura dentre os seus principais pressupostos, como comentado nas subseções 3.1.1
– Abordagens conceituais – e 3.1.2 – Componentes espaciais.

3.2.2 Conservação ambiental

Segundo Almeida, Mello e Cavalcanti (2004), com a forte consciência


ambiental da sociedade contemporânea, atestando os riscos reais que a degradação
provoca na qualidade de vida, na produção econômica e na sobrevivência da
espécie humana, a exigência de tratamento especial para assuntos ambientais se
torna imperativa.
O avanço do ideário ambientalista ou da cidadania ecológica e, com isso, a
força e persistência das causas socioambientais em sociedades
democráticas dependem essencialmente do aumento dos fluxos
informacionais e comunicacionais entre sociedade e Estado, e entre o local
e o global, da ampliação das práticas democráticas e da abertura de canais
interativos capazes de absorver e processar demandas e valores ecológicos
emergentes (FREY, 2012, p.167).
55

Assim, deve estar acima de ideologias e partidos políticos, sendo de


interesse geral da sociedade, seja das gerações atuais, seja das futuras. Dessa
maneira, consagra o direito de todos os cidadãos ao equilíbrio ecológico do
ambiente, endossando os princípios de desenvolvimento sustentável emanados da
Conferência de Estocolmo de 1972 (CMMAD, 1988). Assim, atribui, direta ou
indiretamente, aos planejadores e gestores, uma responsabilidade para a qual não
há, ainda, a devida preparação científica e tecnológica.
A evolução das políticas ambientais também constitui uma preocupação
social, manifesta continuamente nas últimas décadas. Almeida, Mello e Cavalcanti
(2004) distinguem quatro abordagens estratégicas básicas para o assunto no âmbito
brasileiro: a administração dos recursos naturais, o controle da poluição industrial, o
planejamento territorial e a gestão integrada de recursos.
Para tanto, Rocha (1997) sistematiza algumas definições fundamentais a
serem relembradas antes do início de um estudo com esse escopo, as quais são
arroladas no Quadro 5. Para o mesmo autor, também é preciso conservar os
recursos naturais, conforme o disposto no Quadro 6.

Quadro 5: Definições básicas para estudos ambientais


Vertical, quando atinge, aproximadamente, 1.000 km acima da litosfera, e
Meio ambiente horizontal, quando alcança cerca de 100 m abaixo do nível médio dos
oceanos, sendo suscetível a inúmeros tipos de poluição
Preservação Resguardo do meio no estado encontrado
Conservação Uso do ambiente visando à sua melhoria constante e à sua perpetuidade
Reflorestamento Reposição integral da floresta (não ocorrente na prática)
Plantio de florestas em qualquer lugar, especialmente em locais onde a
Florestamento aptidão das terras é propícia. Pode ser enquadrado em energético,
econômico e ecológico, além de outras funcionalidades
Ações para prevenção, correção ou minimização de efeitos ambientais
Medidas mitigadoras e
dos impactos causados por empreendimentos, bem como para sua
compensatórias
compensação
Unidades ambientais naturais, constituídas de seres bióticos e abióticos
Ecossistemas
que produzem algo
Fonte: Adaptado de Rocha (1997).
56

Quadro 6: Considerações básicas sobre a conservação de recursos naturais


Mistura de vários compostos diferentes que constituem a atmosfera terrestre
e, com exceção do gás carbônico, são invariáveis. As condições
Ar
atmosféricas influenciam fatores climáticas, com reflexos na percepção da
paisagem.
De extrema importância para a vida animal e vegetal, as águas são
classificadas pelo seu posicionamento ou distribuição espacial, em
superficiais (enxurradas, rios, córregos, lagos, açudes,...), subsuperficiais
(infiltradas a pequenas profundidades), subterrâneas (aquíferos e lençóis
Água
freáticos) e oceânicas (oceanos e mares). As superficiais e subsuperficiais
formam os rios e lagos, referindo-se ao escoamento por saturação (após
encharcamento do solo) e constituindo as tipologias de interesse para análise
paisagística.
Originado a partir da ação dos agentes climáticos e do tempo sobre as
Solo / subsolo
rochas (subsolo), constitui o suporte físico de qualquer tipo de paisagem.
A cobertura vegetal existente na litosfera é dividida, principalmente, em:
arbórea – plantas lenhosas de grande porte; arbustiva – vegetais ramificados
desde a base, que crescem até cinco metros e possuem lenho; herbácea –
Flora
com ausência de parte lenhosa (madeira); vegetação inferior – algas
(fitoplâncton), líquens, fungos e musgos. A maior parte desses estratos pode
ser encontrada em paisagens urbanizadas.
Distribuídos em todo planeta de acordo com as suas características
genéticas de adaptação, os animais estabelecem, em geral, simbiose
harmônica com os demais recursos naturais, de tal modo que conseguem
Fauna
sobreviver sem provocar deterioração ambiental (sinecologia). Nas
paisagens das cidades, essas relações são diferenciadas (sinantropia),
ocorrendo distúrbios faunísticos diferenciados.
Fonte: Adaptado de Rocha (1997).

Esses recursos conformam o suporte natural da paisagem, o qual, muitas


vezes, é submetido às interferências do sistema antrópico (ver subseção 3.1.2 –
Componentes espaciais). É justamente nas cidades que as pressões da ocupação
humana produz efeitos mais significativos, provocando, por vezes, resultados
paisagísticos deletérios (HARDT, 2000). O seu enfrentamento passa,
necessariamente, por processos sociais (ver subseção 3.1.3), relacionados à
percepção e posterior consciência para a conservação ambiental, a qual não pode
prescindir de processos participativos das comunidades envolvidas.

3.2.3 Participação social

Com a recente democratização das instituições brasileiras, que


possibilitou o exercício da cidadania, a participação popular representa, hoje, um
mecanismo para a definição das políticas públicas. “A conscientização e a
participação da sociedade civil é uma meta do Estado moderno e sua concretização
57

é apontada como essencial para a realização de mudanças necessárias e


imperativas na realidade pátria” (COSTA, 2009, p.230). Nesse sentido, há que se
garantir o:
[...] diálogo de cunho participativo entre os principais atores sociais,
estabelecendo o papel do Estado e da Sociedade, para que ambos
consigam fomentar o desenvolvimento social e realizar a boa governança,
principalmente pautada nas questões ambientais. A governança ambiental
pressupõe ações, as quais estimulam os cidadãos a participarem das
decisões oriundas do seio político, econômico e social, e a não participação
tem como corolário o enfraquecimento da gestão democrática, impedindo a
eclosão da cidadania ecológica (QUEIROZ, 2012, p.1).

Oliveira Filho (2009) esclarece que o processo participativo é formado por


um sistema de decisão com interação efetiva e eficaz de comunidades interessadas.
Mesmo nesse quadro, Hardt, Hardt e Duarte (2009) constatam que nem sempre as
diretrizes da administração pública são adequadamente percebidas pelos cidadãos.
Pela avaliação integrada da paisagem, tem-se o relacionamento da interpretação
individual do ambiente, com fundamento no seu espaço visual, com a percepção
oriunda da experiência dos observadores.
Vale salientar a importância das decisões políticas baseadas nas
percepções da população, com a gestão da qualidade da paisagem urbana
incluindo indicadores de bem-estar do ser humano, condicionado por
mecanismos perceptuais, principalmente sensoriais, e por impressões
estéticas, que se refletem em seu estado biopsíquico (HARDT, 2000,
p.218).

Conforme Tuan (2012), a experimentação da sociedade acentua o seu


envolvimento perceptual e determina os seus padrões comportamentais (ver
subseção 3.1.3 – Processos sociais).
É através do fortalecimento da cidadania que melhor se sustenta toda e
qualquer qualificação das estruturas de governo de uma cidade (na sua
administração, nas suas redes de governança e de participação, no seu
capital social e cultural). É no fortalecimento da cidadania que melhor se
constrói comunidade (SEIXAS, 2013, p.282).

Por sua vez, Kidd (2013) enfatiza a importância do relacionamento entre o


engajamento público e a efetiva implementação das ações de planejamento da
paisagem. Nessa perspectiva, Roe (2013) indica a existência de várias formas de
participação social e suas relações com questões mais amplas de justiça,
governança, democracia e sustentabilidade em relação ao tratamento paisagístico,
precedido da devida avaliação dos cenários locais (ver subseção 3.1.4 – Qualidade
visual).
58

3.2.4 Agenciamento paisagístico

Anteriormente ao início de estudos da paisagem, torna-se necessário o


conhecimento de definições básicas complementares aos conceitos apresentados
na subseção 3.1 – Paisagem e cidade, conforme disposto no Quadro 7.
A paisagem urbana surge como elemento ínsito ao direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, direito de terceira geração, e revela a sua
importância diante dos impactos negativos causados pela poluição visual
nos cenários urbanos. Sua tutela decorre da redescoberta do valor estético
e da capacidade da beleza paisagística de resgatar a conexão do homem
com a natureza, proporcionando alívio psicológico e elevando o espírito em
meio ao caos do dia a dia, de modo que o belo deixa de ser somente uma
noção subjetiva e revela que a paisagem urbana não pode mais ser
enxergada sob o rótulo de direito supérfluo, uma vez que se trata de um
bem essencial à vida sadia e ao bem-estar coletivo, alicerçado no princípio
da dignidade da pessoa humana e, portanto, verdadeiro direito fundamental
(SANTOS, 2014, s.p.).

Dentre os principais instrumentos para o agenciamento paisagístico, cabe


destaque às chamadas “cartas da paisagem”, Instrumento de consulta de estratégias
entre agentes públicos e privados, aplicáveis em escala local, municipal , estadual e,
até mesmo, internacional, com o fim de desenvolver atuações para a sua proteção,
gestão e ordenação, mantendo seus valores fundamentais. No caso do Brasil, vale
mencionar a Carta Brasileira da Paisagem (ABAP, 2012). Para a América Latina,
ressalta-se a Latin American Landscape Initiative (LALI – Iniciativa Latinoamericana
del Paisaje; Iniciativa Latino-Americana da Paisagem) (LALI, 2016), enquanto para a
Europa, vale citar a Convenção Europeia da Paisagem, elaborada em Florença, em
20 de outubro de 2000 (CE, 2000).
Essas definições e princípios devem ser orientadores do planejamento e
gestão da paisagem urbana, cujo processo, contínuo, dinâmico e integrado, é
proposto por Hardt (2000) em três fases principais, apoiadas em modelos
específicos (Figura 4).
59

Quadro 7: Definições básicas para agenciamento da paisagem


Avaliação ambiental Sistema que incorpora considerações ambientais (políticas, planos e
estratégica programas)
Processo que busca estabelecer o valor cênico qualitativo, intrínseco da
Avaliação da paisagem paisagem em estudo, e o seu grau de fragilidade, considerando, por
vezes, a percepção por parte da sociedade
Característica que permite determinar aquelas unidades de paisagem
Conservabilidade convenientes à preservação (conservabilidade = qualidade + fragilidade+
exposição visual + percepção)
Naturalização: reforço dos elementos naturais dominantes ou padrões
existentes
Ocultação: cobertura do ponto de vista da ação dos principais pontos de
observação
Estratégias de Mimetismo: imitação total ou parcial dos elementos mais representativos
integração paisagística da paisagem em que se insere a ação
Singularização: criação de nova paisagem harmoniosa, resultante da
combinação de elementos pré-existentes ou não, com distinção ou
particularização do entorno, estabelecendo outras relações plásticas e
formais; estratégia em que o projeto adquire maior protagonismo
Análise que permite reconhecer se a superfície é visível desde os pontos
Exposição visual de observação selecionados, ou seja, é o grau de visibilidade de uma
paisagem desde o lugar que se observa
Capacidade de resposta de uma paisagem frente a algum uso; é o grau
potencial de deterioração frente a mudanças em suas propriedades;
Fragilidade paisagística
suscetibilidade de uma paisagem à degradação de seus valores naturais,
culturais, visuais e perceptivos
Fragilidade visual Condição de visibilidade de um território por suas próprias características
adquirida e propriedades
Atuações dirigidas a guiar e harmonizar as transformações induzidas por
Gestão da paisagem
processos sociais, econômicos e ambientais perceptivos
Perturbação na paisagem provocada por fenômeno natural ou pela
Impacto paisagístico
atividade humana
Organização das Ações destinadas à valorização, à restauração ou à criação de
paisagens paisagens
Lugar de onde se observa a paisagem, pertinente à paisagem percebida
Ponto de observação
e não à integral
Zona visível de um ponto determinado, que, por extensão, é aplicável ao
Ponto de vista conjunto de locais próximos que constituam uma unidade ou objeto,
considerando-se a porção do terreno deles visualizada
Ações destinadas a conservar os recursos característicos de uma
Proteção das paisagens paisagem, justificados por seu valor patrimonial, ambiental e econômico,
que provem de sua configuração natural ou da intervenção humana
Conjunto de operações com a finalidade de que a percepção visual de
Restauração
um espaço seja similar ou evolutivamente concordante àquela antes de
paisagística
alterada pela atividade humana
Usos, representações, expressões, conhecimento e técnicas, junto com
instrumentos, objetos, artefatos e espaços culturais inerentes, que as
Valores intangíveis da comunidades reconhecem como parte integrante de seu patrimônio
paisagem (cultura imaterial), criado constantemente pelas comunidades e grupos
em função de seu entorno, sua interação com a natureza e sua história,
e lhes infunde sentimentos de identidade
Valor intrínseco da Características que configuram a paisagem e que intervêm de forma
paisagem própria sobre o valor final de qualidade e fragilidade
Fonte: Adaptado de TYS (2016).
60

Figura 4: Organograma de fases do processo de planejamento e gestão da paisagem urbana

Fonte: HARDT (2000)

Resultante da fase preliminar de referenciação, o modelo referencial deve


constar de:
a) conceituação – definição de conceitos e critérios básicos
fundamentados em princípios de qualidade paisagística:
b) determinação – fixação de objetivos e delimitação de informações a
serem analisadas, estruturadas conforme as peculiaridades da
paisagem em questão:
c) instrumentação – especificação de técnicas e métodos adequados à
necessidade de valoração dos cenários e, por decorrência, às demais
etapas de planejamento, implementação e revisão do processo de
gestão da qualidade paisagística (HARDT, 2000, p.209-210).

Na segunda fase – de planejamento do processo de gestão da qualidade


da paisagem –, devem ser desenvolvidas as seguintes etapas:
a) descrição – delineamento do modelo descritivo vinculado à estrutura
da paisagem urbana, podendo extrapolar a simples análise da sua
qualidade e determinar a fragilidade visual do espaço, definindo o seu
"potencial de impactos paisagísticos" [...];
61

b) proposição – seleção de propostas (modelos alternativos), voltada à


consideração da paisagem como um recurso ambiental [...],
constituindo as diretrizes que definem o modelo básico de gestão da
qualidade paisagística, vinculadas ao conceito de desenvolvimento
visual, ou seja, à possibilidade de intervenção [...];
c) prescrição – elaboração de prognósticos (modelos prescritivos sem e
com propostas), fornecendo subsídios para determinação da
capacidade visual da paisagem, ou seja, sua aptidão para absorver
intervenções, conservando sua integridade visual [...] (HARDT, 2000,
p.201-211).

A terceira fase, correspondente à implementação do processo, que “deve


ter o enfoque de viabilização prioritária de ações de prevenção da qualidade da
paisagem” (HARDT, 2000, p.212), considerando:
a) resolução – viabilização executiva e política, inserindo-se
sistematicamente ações de conservação ou recuperação paisagística;
b) acompanhamento – manutenção ou manejo das áreas de intervenção
e estabelecimento de sistema de monitoramento considerando a
avaliação das paisagens envolvidas;
c) controle – fiscalização vinculada à conscientização da população
sobre a condição da paisagem como recurso ambiental, associando a
avaliação do processo de gestão da qualidade paisagística à
sistemática de avaliação de impactos visuais [...];
d) revisão – atualização constante, total ou parcial, das diretrizes
adotadas, com priorização da prevenção da degradação [...] (HARDT,
2000, p.212).

Hardt (2000) salienta, ainda, que é imperativa a inclusão de indicadores


de satisfação do ser humano, valorizando a percepção do espaço de vivência dos
cidadãos. Nogué (2007), por sua vez, destaca a importância da gestão sustentável
dos recursos paisagísticos, baseada no diálogo com a população e na promoção do
conhecimento das características da paisagem, de maneira a permitir a sua
apreciação. O planejamento paisagístico deve, portanto, ser também pautado
nesses pressupostos.

3.3 PAISAGEM PLANEJADA

Segundo Hardt et al. (2008), a paisagem urbana se relaciona com as


ações de planejamento urbanístico e com a morfologia espacial, ou seja, é resultado
de ações espontâneas ou planejadas do homem. Nesse processo, as soluções
desenham o espaço, “sendo, portanto, imprescindível a sua abordagem aprofundada
quando da execução dessas atividades” (HARDT, 2016, p.47). Portanto, a
conservação e a recuperação de determinados padrões de qualidade paisagística
devem ser partes estruturantes dos planos diretores municipais.
62

A paisagem consiste numa resultante, não só da história do local, mas


também dos atos e decisões dos homens que ali viveram. Portanto, para
sua análise, deve-se levar em conta a história da cidade (HARDT, 2008,
p.16).

Em relação à emergência da paisagem, é importante destacar que a


iniciativa de colocar a natureza em perspectiva e de construí-la como
paisagem se inscreve na modernidade. Esse é um olhar do homem da
cidade, que por não estar mais em contato direto com a natureza, o que
gera um distanciamento, faz este recorte estético. [...] A cidade é também
concebida como paisagem. Assim, o homem se apropria da natureza e da
cidade como paisagem [...] (COELHO, 2011, p.57).

Para planejar o ambiente urbano, é preciso considerar as relações


existentes entre as pessoas que ali vivem, pois têm significado relevante em seu
cotidiano. Alguns projetos de intervenção modificam totalmente os cenários
urbanizados, criando um local completamente novo, ou seja, o espaço vivido cede
lugar ao planejado. Se, por um lado, a paisagem planejada pode ser sinônima de
progresso e desenvolvimento econômico, por outro, para as pessoas que são
atingidas pelo plano, significa mudanças no seu estilo de vida, com a perda de sua
identidade espacial. Esse impacto social será menor se a prevalecerem as decisões
democráticas, ou seja, se as opiniões da população e dos técnicos encontrarem um
caminho direcionado aos interesses da maioria (SANTOS, 2003).
Até o momento, o modelo de urbanização brasileiro tem negado a
qualidade espacial e o valor humano como valores essenciais da sociedade, com
exceção de bairros de classe média e alta. Faz-se necessária, então, a modificação
desse conceito patrimonialista de gestão e planejamento da paisagem, amparados
em projetos e obras apenas com visibilidade política, que melhoram a infraestrutura
em locais que visem a especulação imobiliária. A maioria dos projetos
desconsideram as noções públicas do tecido urbano, mesmo que apontem a
valorização do patrimônio e a criação de espaços livres (SANDEVILLE JÚNIOR,
2003).
O urbanismo não deve emitir um juízo de valor em relação à forma como os
residentes de uma cidade gostariam de viver. É preciso deixar claro que não
defendemos que todos devem habitar bairros fisicamente semelhantes aos
que hoje consideramos centrais ou históricos. Uma cidade saudável deve
atender a uma multiplicidade de características urbanas demandadas pela
própria população (LING, 2017, p.13).
63

O agenciamento paisagístico pode contribuir como força central no


planejamento, inclusive como vetor de inclusão socioespacial. Como instrumento de
compreensão dos processos de apropriação e alteração urbana, constitui fator de
contribuição para a organização do espaço quando deixa de ser meramente uma
técnica de embelezamento. Afinal, mais do que melhoramento urbano, a paisagem
“revela tempos, usos, ocupações, querências [...], auxiliando na percepção do modo
nem sempre justo, nem sempre mais adequado, nem sempre sustentável, com que
fazemos as nossas inserções” (SANTOS, 2004, p.4).
Diante do exposto e para os fins da presente dissertação, conceitua-se a
“paisagem planejada” como aquela resultante de aprofundadas diretrizes de
planejamento, considerando os diversos fatores naturais e antrópicos intervenientes.
Dessa maneira, deve ser sustentada em princípios ecológicos, territoriais, sociais,
culturais, econômicos e institucionais. Com base nessa fundamentação teórica, na
próxima seção são discutidos os resultados do referencial empírico – estudo de caso
em Foz do Iguaçu – e crítico – análise relacional.
64

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Conforme exposto na seção 2 – Estruturação metodológica, a discussão


dos resultados é adiante apresentada segundo os seguintes tópicos:
a) caracterização paisagística – pertinente à avaliação da paisagem
urbana de Foz do Iguaçu, considerando seus componentes do
suporte natural e do sistema antrópico;
b) qualificação paisagística – correspondente à análise dos cenários
urbanos pelos métodos indireto (“técnico”) e direto (“perceptual”);
c) integração propositiva – atinente à síntese de elementos
estruturantes do território e de indicação de soluções futuras para a
sua integridade visual.

4.1 CARACTERIZAÇÃO PAISAGÍSTICA

Os países da América do Sul têm se dedicado à cooperação no que diz


respeito às suas fronteiras comuns, reconhecendo que a integração transfronteiriça
é eficaz alternativa para a resolução tanto da falta de coesão social quanto dos
desequilíbrios estruturais. Para a sua obtenção, são necessários, em planos
estratégicos das nações vizinhas, o estabelecimento da meta de promoção do
desenvolvimento integral e sustentável dos territórios (IIRSA, 2016).
Em um cenário mundial, que está organizado em grandes espaços
econômicos, um país como o Brasil busca o caminho para o
desenvolvimento e a conquista de um lugar de destaque no sistema mundo
a partir do [Mercado Comum do Sul] MERCOSUL e também da IIRSA –
Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana –, com a
eliminação de barreiras fronteiriças para a constituição e estruturação de um
mercado ampliado e o adensamento dos fluxos (de pessoas, mercadorias,
comunicações e serviços) como um todo. [...]. O estabelecimento da
fronteira entre dois países é na prática, a territorialização dos Estados
nacionais. Além da demarcação do território e do conjunto de leis que irão
regê-lo, uma cultura, uma língua e uma identidade nacional recairão sobre a
população que habita o território fronteiriço (CARNEIRO FILHO; RÜCKERT,
2011, p.2-3).
65

O município de Foz do Iguaçu está localizado na tríplice fronteira entre


Brasil, Argentina e Paraguai, e no Extremo Oeste paranaense (Figura 5), sob as
coordenadas geográficas 25°32’55" de latitude Sul e 54°35’17" de longitude Oeste.
Por volta de 1940, a área total do município era de 8.132,0 km2, mas sofreu vários
desmembramentos de 1924 a 2003, ocupando hoje um território de 617,7 km2.
Atualmente, estabelece divisas municipais com Itaipulândia, ao norte, e Santa
Terezinha de Itaipu e São Miguel do Iguaçu, a leste (Figura 6). Ao sul e a oeste, é
limítrofe a Puerto Iguazú (Argentina), e a Ciudad del Este e Presidente Franco
(Paraguay), respectivamente (PMFI, 2006).

Figura 5: Mapas de localização do Paraná no país e de Foz do Iguaçu no estado

Fonte: PMFI (2006)

Conforme Roseira (2006), Foz do Iguaçu é a cidade mais importante da


Mesorregião Oeste do estado do Paraná, formando uma metrópole trinacional com
Ciudad del Este e Puerto Iguazu, concentrando atividades que a tornam
centralizadora em uma região transfronteiriça que envolve o Oeste Paranaense, o
Leste Paraguaio e o Nordeste Argentino. A Figura 7 mostra a evolução das divisas
do município em quase 80 anos, sendo possível constatar a sua perda de território
no período.
66

Figura 6: Mapa de Foz do Iguaçu e dos municípios e países limítrofes

Fonte: Elaborado com base em LDCM (2017).


67

Figura 7: Mapas de evolução territorial do município de Foz do Iguaçu – 1924 a 2003

1924 1951

1970 2003
Fonte: Adaptada de PMFI (2006).

Pesquisas arqueológicas realizadas no espaço brasileiro do reservatório


de Itaipu, antes da sua formação, encontraram vestígios da mais remota presença
do homem na região, datada de 6.000 a.C. Os primeiros habitantes das
circunvizinhanças de Foz do Iguaçu, que em tupi-guarani significa “água grande”,
foram os índios Caigangues, imigrados do Paraguai e inimigos da nação Guarani,
que desapareceram sem deixar maiores indícios. Em 1542, o espanhol Álvar Nuñes
Cabeza de Vaca chegou ao rio Iguaçu e seguiu pelas suas margens, guiado por
aqueles indígenas, até atingir as cataratas, das quais é reconhecido como seu
descobridor (PMFI, 2006).
A região também fez parte das missões jesuítas, fundadas entre os
guaranis de 1610 a 1640, e instaladas em diferentes localidades, distantes entre si.
Nomeadas como Acaray, Iguazú Itatin, Paraná, Tape e Uruguay, tais áreas
demarcadas podem ser observadas nos mapas ilustrados na Figura 8. A primeira,
correspondente à área de estudo desta pesquisa, foi instalada com duas missões:
Santa Maria Maior del Iguazú (1626), na margem esquerda do Rio Paraná, e
68

Nuestra Señora de la Natividad del Acaray, no lado oposto (1624) (MAEDER;


GUTIÉRREZ, 2010). De acordo com Lima (2001), por volta de 1765, por intermédio
da fundação de um estabelecimento militar na fronteira, foi assegurada a posse da
região ao Brasil, a qual, devido às distâncias e à resistência indígena, foi levada ao
esquecimento. Por volta de 1876, o Imperador D. Pedro II ordenou uma nova
expedição de exploração, sendo, então, as terras incorporadas definitivamente ao
mapa brasileiro.

Figura 8: Mapa de distribuição das missões jesuítas na região de Foz do Iguaçu – 1610 a 1640

Fonte: Adaptado de Maeder e Gutiérrez (2010).

A Fronteira Guarani foi uma conquista territorial do país, que, na sua


época imperial, teve esse espaço assegurado após a sua vitória com a Argentina e o
Uruguai na Guerra da Tríplice Aliança (1865-1870). Foi, então, imposta ao Paraguai
a anexação, ao território brasileiro, das terras daquela nação a leste do Rio Paraná,
por meio da assinatura do Tratado de Limites (1972); consolidando-se, assim, a
ocupação desta faixa fronteiriça (ROSEIRA, 2006).
Somente em 1881, Foz do Iguaçu recebeu seus dois primeiros habitantes
após o período jesuítico, o brasileiro Pedro Martins da Silva e o espanhol Manuel
Gonzáles, com a posterior chegada dos irmãos Goycochéa, que começaram a
explorar a erva-mate (PMFI, 2006). Oito anos após, com intuito de defender os
limites nacionais, foi fundada a Colônia Militar na fronteira (1889), a qual marcou a
ocupação definitiva do território brasileiro.
Segundo Hahn (2006), foi em 1897 que o capitão Edmundo de Barros
desenhou uma planta das Cataratas do Iguaçu, a fim de protegê-las, propondo um
69

projeto de instalação de um parque nacional, nas margens brasileiras do Rio Iguaçu.


Essa unidade de conservação se tornou realidade em 10 de janeiro de 1939, por
meio do Decreto-Lei Federal No 1.035 (BRASIL, 1939), com área total de
185.262,2 ha.
Somente em 09 de abril de 1910, foi criada a Vila Iguassú, a qual, em 10
de junho de 1914, foi elevada à categoria de município. Finalmente, em 05 de abril
de 1918 recebeu oficialmente o nome de Foz do Iguaçu, por estar na confluência
deste rio com o Paraná (PMFI, 2006).
De acordo com Hahn (2006), para integrar a região de Foz do Iguaçu com
o restante do país, no final da década de 1930, o então presidente Getúlio Vargas
determinou que a rodovia que a interligava a Curitiba fosse revitalizada. Na segunda
metade da década de 1950, teve início a construção da Ponte da Amizade, com o
governo de Juscelino Kubitschek iniciando também o asfaltamento da BR-277, que
cortaria de leste a oeste o estado do Paraná, estendendo a ligação até Paranaguá,
no litoral paranaense.
Entre as décadas de 1970 e 1980, houve um inchaço populacional de
cerca de 300% devido à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, iniciada com a
assinatura de acordo específico, em 26 de abril de 1973, pelos presidentes Emílio
Garrastazu Medici, do Brasil, e Alfredo Stroessner, do Paraguai, chamado “Tratado
de Itaipu” (BRASIL, 1973; PMFI, 2006). A obra foi responsável pela atração de
diversos migrantes, compostos, em maior parte, por trabalhadores e suas famílias,
vindas do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
São Paulo (LIMA, 2001).
No ápice da construção, foram contratados cerca de 40 mil operários
(HAHN, 2006). O processo migratório teve grande influência no município,
provocando transformações no seu quadro urbano, elevando também a demanda
por serviços públicos e privados, revelando as disparidades e desigualdades
espaciais, resultado de um crescimento desordenado. Souza (2009) cita que tais
processos de transformação e modernização durante a obra de Itaipu são
contraditórios, pois trouxeram benefícios para a sociedade (progresso econômico e
desenvolvimento tecnológico, por exemplo) e, do lado inverso, promoveram
problemas sociais, que poderiam ser evitados e resolvidos pelo planejamento prévio,
ou seja, com possibilidades de previsão dos impactos e de proposição de soluções
para a sua mitigação.
70

Souza (2009) reflete sobre o desenvolvimento de Foz do Iguaçu desde o


início da construção de Itaipu, caracterizando-a como um marco na história da
cidade, pois alterou sua estrutura urbana. Os aspectos negativos do salto
demográfico nas décadas de 1970 e 1980 tinham como resultado o problema da
moradia, que se tornou ainda mais preocupante quando as obras foram finalizadas e
centenas de operários foram dispensados, formando assim um contingente de
desempregados.
Com esse cenário, a expansão da malha urbana foi diretamente ligada à
dinâmica econômica do município, com a construção da usina como o símbolo de
transformação. Se, por um lado, essa obra valorizou terras e favoreceu a
especulação imobiliária, por outro, os gestores locais agiram em benefício de seus
interesses e descartaram, das decisões políticas, uma parcela significativa de
moradores (HAHN, 2006).
Apesar de excluir muitos trabalhadores, devido à baixa qualificação da
mão de obra, a Itaipu Binacional construiu grande parte da infraestrutura turística e
conformou vários espaços protegidos, como unidades de conservação e áreas de
preservação permanente (APPs), com implementação de ações para reprodução da
fauna e de mudas, bem como para abastecimento de água para parte do município,
além de programas de educação ambiental (MARTINS; RUSCHMANN, 2010).
Com o aumento significativo das transações comerciais entre os países
da tríplice fronteira (Argentina, Brasil e Paraguai), surgiram novas frentes de trabalho
para prestação de serviços, incluindo as áreas de educação e saúde. Assim, ocorreu
acentuada migração sazonal e pendular, abrangendo habitantes locais e de outras
localidades e nações. Esse aumento migratório em Foz do Iguaçu acarretou
extensas invasões de áreas públicas e privadas por famílias de baixa renda (HAHN,
2006).
Em meados de 1980, o turismo assumiu parte da economia local com a
geração de emprego e renda, pela movimentação de hotéis, agências de viagens,
lanchonetes, restaurantes e transportes, entre outros serviços (PMFI, 2006). Martins
e Ruschmann (2010) comentam que, atualmente, os turistas da tríplice fronteira se
surpreendem com a convivência pacífica entre quase 80 etnias, sendo esta
variedade cultural refletida nos hábitos da população (religião, vestuários,
alimentação e línguas).
71

Em termos gerais, as principais extensões territoriais de Foz do Iguaçu


estão resumidas na Tabela 1, na qual se verifica que a área urbana, objeto desta
dissertação, corresponde a pouco menos de um terço do espaço municipal. Todavia,
destaca-se que a zona rural também não é extensa – pouco mais de um quinto –,
sendo expressivas as proporcionalidades do Parque Nacional do Iguaçu e do
Reservatório de Itaipu, que, juntas, aproximam-se da metade do território do
município.

Tabela 1: Extensões territoriais de Foz do Iguaçu


2
ÁREAS EXTENSÕES (km ) % DO MUNICÍPIO
Urbana 191,5 31,0
Rural 138,1 22,4
Parque Nacional do Iguaçu 138,6 22,4
Lago de Itaipu 149,1 24,1
Ilha Acaray 0,4 0,1
TOTAL 617,7 100,0
Fonte: Elaborada com base em PMFI (2006).

Nas próximas subseções, são detalhadas as características da paisagem


urbana de Foz do Iguaçu, considerando os componentes do seu suporte natural e do
seu sistema antrópico essenciais à avaliação da sua qualidade paisagística.

4.1.1 Suporte natural

No contexto dos fatores físicos, o clima regional é caracterizado como


subtropical úmido, com verões quentes, geadas poucos frequentes e chuvas em
todos os meses do ano. As principais médias meteorológicas anuais: temperatura de
22,1ºC, com variação entre -1,8ºC (mínima) e 38,2ºC (máxima), umidade relativa
atmosférica de 72,4% e pluviosidade de 102,1 mm (PMFI,2006). Não há registros de
significativas fontes de poluição do ar. Thaumaturgo (2012) cita que Foz do Iguaçu é
um dos municípios mais quentes do Paraná, devido à sua baixa altitude e à sua
localização às margens de expressivos corpos d’água.
72

Uma das maiores do mundo, a bacia Platina, englobando Argentina,


Brasil, Paraguai e Uruguai, tem cerca de 3,1 milhões de quilômetros quadrados, com
quase metade as sua extensão em território brasileiro. É formada pelos rios
Paraguai, Paraná e Uruguai. A segunda é a maior das três e, situada em áreas do
Sudeste e Sul do Brasil, possui grande potencial hidrelétrico (ANDRIOLO; BETIOLI,
2015). A hidrografia do estado do Paraná é composta por dois grandes sistemas de
bacias: a do rio homônimo, com 186.321 km², e a Atlântica, com 14.674 km², cuja
área representa apenas 7,3% do território paranaense. A primeira compreende os
rios Iguaçu, Ivaí, Piquiri, Tibagi e seus afluentes, integrando o complexo hidrográfico
da bacia do Prata, que deságua no Oceano Atlântico (THAUMATURGO, 2012).
O Iguaçu é segundo maior rio do Oeste Paranaense e nasce no lado
ocidental da Serra do Mar, na Região Metropolitana de Curitiba, e deságua no rio
Paraná, no encontro do marco das três fronteiras. Sua bacia hidrográfica cobre uma
superfície de 70.800 km² no território brasileiro, sendo 57.329 km² no território
paranaense (THAUMATURGO, 2012). O regime de água do município de Foz do
Iguaçu é determinado por nove microbacias hidrográficas, sete delas circunscritas ao
perímetro municipal (Figura 9). Seus principais cursos d’água são: Paraná (principais
afluentes: Almada, Cuê, Guabiroba, M’Boicy, Monjolo e O’Coi) e Iguaçu. (principais
afluentes: Carimã, São João e Tamanduá) (PMFI, 2006).
Os rios e córregos existentes na área urbana apresentam questões
problemáticas em suas margens pela inexistência, em grande parte, de mata ciliar, e
pela ocupação irregular (especialmente nos rios Almada, na região de Três Lagoas,
e M’Boicy, com essa tipologia de assentamento desde a nascente até sua foz, bem
como no Arroio Ouro Verde, em toda sua extensão, e no Córrego dos Porcos, na
região do Porto Meira (Figura 10). A extinção da cobertura vegetal e a ampla
impermeabilização da superfície tem tornado o solo pouco permeável, com
consequente o aumento do volume hídrico em época de chuvas, causando
transbordamentos e enchentes (PMFI, 2006).
73

Figura 9: Imagem aérea de mapeamento de hidrografia em Foz do Iguaçu com destaque para a
área urbana

Fonte: Elaborada com base em DSG (2017) e em LDCM (2017).


74

Figura 10: Mapa de ocupações irregulares às margens de cursos d’água na área urbana de Foz do
Iguaçu – 2005

Limite municipal

Ocupações irregulares

Rede hidrográfica
Rede viária

Fonte: PMFI (2006)

O Paraná tem, como característica intrínseca de relevo, sucessivos


planaltos – Primeiro, Segundo e Terceiro –, estando Foz do Iguaçu localizado neste
último, também chamado de “Planalto de Guarapuava”. O estado apresenta grande
diversidade geológica; na Região Oeste, a Bacia do Paraná é estabelecida sobre
rochas ígneas e metamórficas, do Embasamento Cristalino, que recobrem espessa
sequência de rochas sedimentares e vulcânicas (THAUMATURGO, 2012). Em
termos de solo e subsolo, há predomínio no município dos tipos pedológicos de
textura argilosa, de origem eruptiva, profundos e ricos em matéria orgânica.
Originados da decomposição de rochas basálticas, são representados pelas classes
75

latossolo roxo distrófico e eutrófico, nas regiões altas, e terra roxa estruturada, nas
encostas pouco acentuadas (PMFI, 2006).
Tais características estão condicionadas, dentre outros fatores, à altitude
média de 192 m acima do nível do mar, sendo 164 m na sede municipal, com
máxima de cerca de 275 m (região de Três Lagoas) e mínima próxima a 100 m (foz
do Rio Iguaçu) (Figura 11) (DTCEA, 2012). No interior do perímetro urbano, são
encontradas as proporcionalidades de classes hipsométricas expostas na Tabela 2.
Por outro lado, a Tabela 3 sumariza as proporções de intervalos de declividades
(Figura 12) no mesmo espaço.

Tabela 2: Proporcionalidade de classes hipsométricas na área urbana de Foz do Iguaçu


2
CLASSES ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
Acima de 240,0 m 38,7 20, 2
De 205,1 a 240,0 m 78,9 41,2
De 175,1 a 205,0 m 59,5 31,1
De 135,1 a 175,0 m 11,7 6,1
Até 135,0 m 2,7 1,4
TOTAL 191,5 100,0
Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).

Tabela 3: Proporcionalidade de classes de declividades na área urbana de Foz do Iguaçu


2
CLASSES ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
Declividades acima de 75,0% Escarpado 0,0 0,0
Declividades de 45,1 a 75,0% Montanhoso 0,6 0,3
Declividades de 20,1 a 45,0% Forte ondulado 4,6 2,4
Declividades de 8,1 a 20,0% Ondulado 33,1 17,3
Declividades de 3,1 a 8,0% Suave ondulado 110,3 57,6
Declividades até 3,0% Plano 42,9 22,4
TOTAL 191,5 100,0
Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).
76

Figura 11: Imagem aérea de mapeamento de hipsometria em Foz do Iguaçu com destaque para a
área urbana

Fonte: Elaborada com base em EMBRAPA (2017) e em LDCM (2017).


77

Figura 12: Imagem aérea de mapeamento de declividades em Foz do Iguaçu com destaque para a
área urbana

Fonte: Elaborada com base em EMBRAPA (2017) e em LDCM (2017).


78

Para os fatores biológicos, cabe destaque à flora original, relacionada à


Floresta Estacional Semidecidual (FES – Floresta Tropical Subcaducifolia) (IBGE,
2012), cuja principal característica é a deciduidade parcial, condicionada por efeitos
climáticos (chuvas e secas) (CAMPOS; SILVEIRA FILHO, 2010). Para fins do
presente trabalho, vale a interpretação de áreas com coberturas arbórea e não
arbórea, ilustradas na Figura 13, cujas proporções são apresentadas na Tabela 4.

Tabela 4: Proporcionalidade de classes de cobertura vegetal na área urbana de Foz do Iguaçu


2
CLASSES ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
Arbórea 32,5 16,9
Não arbórea 5,4 2,8
TOTAL 37,9 19,7
Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).

Conforme antes exposto, o município de Foz do Iguaçu, no início da


colonização, ocupava extensa área territorial, associada ao Bioma Mata Atlântica. À
época, os poucos núcleos urbanos e a pequena produção agrícola não afetavam a
cobertura florestal nativa. Entretanto, após os anos 1970, com a implantação da
usina de Itaipu, grande parte da floresta original da região foi desmatada, para dar
lugar à construção da hidrelétrica e à formação do reservatório. Com o fechamento
das comportas da barragem, foram inundadas cerca de 1.010 km2 de terras
produtivas, mata nativa e áreas urbanas (THAUMATURGO, 2012).
79

Figura 13: Imagem aérea de mapeamento de cobertura vegetal em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana – 2016

Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).


80

Santos et al. (2007), em seu estudo do mapeamento da vulnerabilidade


geoambiental do estado do Paraná considerando as variáveis geologia,
geomorfologia e pedologia, além de processos como erosão, movimentos de massa,
queda de blocos, subsidência, recalques e colapsos de solo, inundações periódicas
e contaminação de águas subterrâneas, identificam problemas e aptidão de uso
para cada unidade geomorfológica no território estadual. Com foco para a do
Planalto de Foz do Iguaçu (Figura 14), observa-se o predomínio, no espaço
municipal, de baixa vulnerabilidade à erosão, possuindo: recomendação para
ocupação com práticas conservacionistas; solo adequado para uso rural e urbano,
com loteamentos residenciais, comerciais e industriais; facilidade de implantação de
infraestrutura enterrada, vias de circulação e outros. Para as áreas de média e alta
vulnerabilidade, devem ser evitados os tipos de uso de solo que ocasionem
concentração de água superficial.

Figura 14: Mapa de detalhe de vulnerabilidade geoambiental de Foz do Iguaçu

Fonte: Adaptada de MINEROPAR (2007).

Para fins de análise da paisagem urbana, a esses componentes


apresentados do suporte natural devem ser associados outros de origem humana,
detalhados no próximo item.
81

4.1.2 Sistema antrópico

A formação de Foz do Iguaçu é resultante do ciclo histórico de


colonização e ocupação do Oeste Paranaense. Como já explicitado, a evolução da
urbanização do município ocorreu em dois momentos principais: antes e depois da
construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Na fase anterior ao empreendimento, a
cidade era de pequeno porte, sem significativas mudanças em sua malha. Na
posterior, teve uma ocupação muito rápida e sem adequadas diretrizes de
planejamento urbano e ambiental, com reflexos deletérios nas características da
cidade, como traçados das ruas e localização dos bairros e serviços urbanos, que
foram surgindo de acordo com as necessidades. Sua população, que antes da usina
era de aproximadamente 33 mil pessoas, quase que quadruplicou, passando para
130 mil habitantes em 10 anos (THAUMATURGO, 2012).
As forças militares coordenaram as mudanças, ficando o município sob o
seu controle. Especialmente por estar localizada em área de segurança nacional, a
cidade estava no centro de uma estratégia territorial que envolveu o Oeste
Paranaense e toda a Bacia do Prata (ROSEIRA, 2006). Para atender as
necessidades de moradia, a Itaipu Binacional construiu 5.226 unidades
habitacionais, executadas em quatro anos e distribuídas em três bairros
(denominados Vila A, Vila B e Vila C).
O crescimento exagerado da população fez com que surgissem muitos
loteamentos na cidade, cujo número, no final da década de 1970, era de 49. À
demanda de novas unidades habitacionais pelas obras da usina foram associadas
as da construção da Ponte Tancredo Neves, que uniu o Brasil à Argentina. Em sua
maioria, os novos lotes ficavam longe do Centro e não possuíam condições
adequadas de habitação, sendo desprovidos de benfeitorias. Em contrapartida,
grandes áreas bem localizadas e com infraestrutura básica (energia, água,
transporte etc.), continuavam sem ocupação, formando grandes vazios urbanos
(THAUMATURGO, 2012).
Segundo Roseira (2006), nas décadas de 1970 e 1980, a Região Oeste
teve um crescimento urbano de quase 440%, devido, principalmente, à construção
de Itaipu, com seu grau de crescimento populacional comparado à média
paranaense; pelo Censo Demográfico de 2000 (IBGE, 2000), esse índice se
82

aproximava do registrado para a Região Metropolitana de Curitiba e para o Norte


Central (Figura 15). O Quadro 8 expõe brevemente o avanço ocorrido em espaço de
tempo semelhante.

Figura 15: Gráfico comparativo das taxas de crescimento populacional – mesorregiões paranaenses
– 1970 a 2000

Fonte: ROSEIRA (2006)

Quadro 8: Avanço da urbanização do município de Foz do Iguaçu – 1970 a 1995


Malha urbana dividida em dois núcleos: central e próximo à Ponte da Amizade, com
1970 a qual, associada à rodovia BR-277, o município se transformou em polo de
interesse econômico e social.

Aumento demográfico exagerado devido às obras de Itaipu, com ocupações em


1985 áreas de periferia urbana/rural, no entorno da rodovia e às margens de córregos e
rios, em moradias improvisadas e favelas, sem infraestrutura urbana.
Ocupação ilegal em vários vazios, nas áreas rurais e de preservação ambiental,
1995 como as margens do Rio Paraná e próximas ao Lago de Itaipu, na faixa dos 100 m
do entorno do reservatório.
Fonte: Adaptado de Thaumaturgo, Simões e Trannin (2013).

Ao observar os avanços entre os mapas de 1970 e 2007 (Figura 16),


nota-se que, no primeiro ano, o município apresentava malha urbana de 2,1 km² e,
em 2007, 191,5 km². Ou seja, em 37 anos, o crescimento foi superior a 9.100%
(THAUMATURGO; SIMÕES; TRANNIN, 2013), o que não aconteceu de forma
ordenada, devido à falta de recursos e consequente má gestão municipal, visto que
problemas de infraestrutura urbana, por exemplo, perduram até os dias atuais.
83

Figura 16: Mapas do avanço da urbanização no município de Foz do Iguaçu – 1970 a 2007

Fonte: THAUMATURGO; SIMÕES; TRANNIN (2013)


84

Dos municípios com transformações urbanas oriundas da construção da


usina, certamente Foz do Iguaçu é o mais impactado. Além da necessidade de
atendimento ao excepcional número de migrantes, foi elevada a quantidade de
turistas em busca de seus atrativos naturais, sem mencionar a grande massa de
compristas, devido ao comércio fronteiriço com Ciudad Del Este (Paraguai). A
importância da cidade seria menor se não fossem as potencialidades turísticas,
principalmente relacionadas com a Usina Hidrelétrica de Itaipu e com as Cataratas
do Iguaçu, que a conectam a diversos países (ROSEIRA, 2006).
Fundamentais para a caracterização paisagística, os aspectos
territoriais são, em primeira instância, baseados nos usos do solo, cujas condições
atuais em Foz do Iguaçu são delineadas na Tabela 5, neste caso para o interior do
perímetro urbano.

Tabela 5: Proporcionalidade de classes de usos atuais do solo na área urbana de Foz do Iguaçu
2
CLASSES ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
Residenciais de baixa densidade 4,0 2,1
Residenciais de média densidade 28,1 14,7
Residenciais de alta densidade 11,9 6,2
Residenciais populares 14,9 7,8
Comerciais e de serviços 13,0 6,8
Industriais 2,7 1,4
Outras tipologias 116,9 61,0
TOTAL 191,5 100,0
Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).

Nesse âmbito, merece destaque o zoneamento de uso e ocupação do


solo, instituído pela Lei Complementar Municipal Nº 124, de 20 de julho de 2007
(FOZ DO IGUAÇU, 2007), que dispõe sobre as utilizações programadas (Figura 17).
As zonas estabelecidas correspondem às unidades paisagísticas selecionadas para
a presente pesquisa (ver seção 2 – Estruturação metodológica), sendo distribuídas
nas proporções da área urbanizada exposta na Tabela 6.
85

Figura 17: Mapa de usos programados do solo urbano em Foz do Iguaçu

Fonte: Elaborada com base em Foz do Iguaçu (2007) e em LDCM (2017).


86

Tabela 6: Proporcionalidade de zonas de usos programados do solo na área urbana de Foz do


Iguaçu
2
ZONAS ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
RESIDENCIAIS 61,2 32,0
Baixa Densidade (ZR1) 4,0 2,1
Média Densidade (ZR2) 28,1 14,7
Popular (ZR3) 14,9 7,8
Alta Densidade (ZR4) 11,9 6,2
Verticalização (ZR5) 2,3 1,2
COMÉRCIO E SERVIÇOS 12,9 6,8
Central (ZC) 1,3 0,7
1
Comércio Central (SCC ) 0,4 0,2
Mista (ZM) 3,0 1,6
Comércio de Exportação (ZCE) 2,1 1,1
Serviços (ZS) 6,1 3,2
INDUSTRIAL (ZI) 2,7 1,4
TURÍSTICAS 8,0 4,2
Principal (ZTP) 3,8 2,0
Secundária (ZTS) 4,2 2,2
ESPECIAIS 106,7 55,6
Verde Residencial (ZVR) 4,9 2,5
Expansão Urbana (ZEU) 46,9 24,5
Especial de Proteção (ZEP) 47,7 24,9
1
Setor Especial (SE ) 3,0 1,6
1
Eixo Estrutural (EE ) 2,7 1,4
Preservação Permanente (ZPP) 0,2 0,1
Especial de Uso Institucional (ZUI) 0,2 0,1
Áreas de interesse 1,1 0,6
TOTAL 191,5 100,0
Fonte: Elaborada com base em Foz do Iguaçu (2007) e em LDCM (2017).
1
Notas: = setor urbanístico
87

Outro aspecto territorial diz respeito à infraestrutura, especialmente em


termos de sistema viário e seus componentes, além de linhas de alta tensão e de
outras tipologias (Tabela 7 e Figura 18). A infraestrutura é necessária para o bom
funcionamento da cidade, para isso são necessários investimentos para
planejamento, implantação e manutenção; para que a mesma tenha eficácia e
menores conflitos com a paisagem, o planejamento quanto ao equilíbrio e respeito
ao ambiente natural sejam levados em consideração.

Tabela 7: Proporcionalidade de componentes de infraestrutura na área urbana de Foz do Iguaçu


2
COMPONENTE ÁREA (km ) % DA ÁREA URBANA
Via secundária 12,44 6,5
Via principal 3,36 1,75
Construção genérica do sistema de transporte 0,01 0,0
Transposição de rio por bote ou balsa 0,03 0,01
Trapiche, molhe de atracação ou píer 0,0 0,00
Rodovia 4,7 2,45
Aeroporto 1,75 0,91
Campo de pouso, de emergência 0,05 0,02
Ponte, ponte móvel, viaduto ou passagem 0,06 0,03
Heliporto 0,00 0,0
Linha de alta tensão 3,36 1,75
TOTAL 25,76 13,42
Fonte: Elaborada com base em LDCM (2017).

Nogué (2007) destaca os efeitos adversos da implantação de


infraestruturas pesadas sobre os componentes paisagísticos, tem gerado paisagens
dominadas pela homogeneização, repetição, clonagens, artificialização,
festivalização e banalização, predominando a falta de qualidade e originalidade; as
grandes construções, transformando em uma paisagem sem autenticidade.
O problema não reside na transformação por si, mas na intensidade e
caráter de tal transformação: este é o cerne da questão. A incapacidade
para saber atuar sobre a paisagem sem destruí-la, sem romper seu caráter
essencial, sem eliminar aqueles aspectos que lhe conferem continuidade
histórica, é um dos dramas de nossa civilização. Exceto raras exceções,
não se sabe alterar, modificar, intervir sem destruir. E quando se destrói
uma paisagem, se destrói a identidade daquele lugar (NOGUÉ, 2007,
p.139).
88

Figura 18: Imagem aérea de mapeamento de infraestrutura viária em Foz do Iguaçu com destaque
para a área urbana

Fonte: Adaptada de PMFI (2006) e elaborada com base em LDCM (2017).

Para os aspectos socioeconômicos, a dinâmica da população revela


um decréscimo de moradores no município de 2005 até 2010 (Tabela 8). A
estimativa para 2015 era de 263.782 habitantes e para 2017 era de 264.044
pessoas (IBGE, 2015; 2017). Como já citado anteriormente, o crescimento
populacional de Foz do Iguaçu está diretamente ligado à construção da usina de
Itaipu, pois atraiu várias correntes migratórias (ROSEIRA, 2006).
89

Tabela 8: Evolução da população em Foz do Iguaçu, Paraná e Brasil – 1991 a 2015


1 2 1 1 2 1 1 2 1
1991 % 1996 % 2000 % 2007 % 2010 % 2015 %
FOZ DO IGUAÇU
Urbana 186.385 98,10 228.326 98,57 256 524 99,28 309.156 99,30 253.962 99,39 262.168 99,38

Total 190.000 100 231.627 100 258.392 100 311.336 100 255.525 100 263.782 100

PARANÁ

Urbana 6.197.853 73,36 7.011.990 77,88 7.786.084 81,41 8.649.267 84,1 8.912.692 85,33 9.533.217 85,40

Total 8.448.713 100 9.003.804 100 9.563.458 100 10.441.872 100 10.444.526 100 11.163.018 100

BRASIL

Urbana 110.990.990 75,59 123.076.831 78,36 137.953.959 81,25 152.893.438 83,1 160.925.804 84,36 174.662.189 85,43

TOTAL 146.825.475 100 157.070.163 100 169.799.170 100 183.987.291 100 190.755.799 100 204.450.649 100

Fonte: Elaborada com base em IBGE (1991; 1996; 2000; 2007; 2010; 2015).
1
Notas: = proporção da urbana em relação à total na mesma circunscrição
2
= projeção

As principais atividades econômicas de Foz do Iguaçu estão relacionadas


ao turismo, sendo um dos destinos mais procurados por turistas brasileiros e
estrangeiros. Além disso, detém numerosa diversidade cultural, contando com cerca
de 80 etnias (PMFI, 2016). Conhecido por “terra de todos os povos”, “tem um
mosaico de sotaques. Nas ruas, sons hispânicos, indígenas, chineses e das arábias
misturam-se ao português de paranaenses, gaúchos, mineiros, goianos e paulistas”
(PARO, 2016, p.163).
A ampla diversidade cultural é especialmente notada sob a forma de
escolas, templos e clubes (SOUZA, 2009). A tríplice fronteira é marcada pela
presença de pessoas de diferenciadas nacionalidades. Como antes comentado, até
meados do século XX, muitas famílias migraram para esta região. Atualmente, a
imigração acontece, em maiores quantidades, com a contínua chegada de árabes e
orientais asiáticos, os quais se dedicam ao comércio, o que influencia os hábitos e a
cultura local. Uma das etnias mais expressivas e influentes na cidade é justamente a
dos primeiros, que concentra cerca de 20 mil pessoas e seus descendentes,
tornando-se a segunda maior colônia desse tipo étnico no Brasil (PARO, 2010).
As características populacionais estão relacionadas com as atividades
econômicas na região e desde 1870 foram identificados quatro ciclos de economia,
os quais determinaram, até meados do século passado, expressivos acréscimos no
número de habitantes (Tabela 9). A Tabela 10 expõe as proporções das faixas de
renda média familiar no município, observando-se que 60,3% estão vinculados ao
patamar de até três salários mínimos.
90

Tabela 9: Evolução do número de habitantes em função dos ciclos econômicos em Foz do Iguaçu
– 1870 a 2005
CICLO ACRÉSCIMO DE NÚMERO TOTAL
PERÍODO % ACRÉSCIMO
ECONÔMICO HABITANTES DE HABITANTES
Extração da
1870-1970 madeira e cultivo 3.400 33.966 11,1
da erva mate
Construção da
1970-1980 Hidroelétrica de 102.000 136.321 300,3
Itaipu
Exportação e
1980-1995 turismo de 74.000 190.194 54,3
compras
Abertura de
1995-2005 mercados, turismo 84.000 301.409 44,1
e eventos
Fonte: Adaptada de PMFI (2006).

Tabela 10: Proporcionalidade de faixas de rendimento médio familiar em Foz do Iguaçu – 2010
FAIXAS DE SALÁRIOS MÍNIMOS %
Até 1 15,6
De 1 a 2 29,3
De 2 a 3 15,4
De 3 a 5 15,2
De 5 a 10 14,3
De 10 a 20 5,4
Mais de 20 2,7
Fonte: IBGE (2010)

Um fator que tem considerável influência na economia de Foz do Iguaçu é


o pagamento dos royalties1. De 1992 a 2012, o município recebeu da Itaipu
Binacional o equivalente a US$ 263,3 milhões sob essa forma, os quais têm sido
destinados a obras institucionais que não estão diretamente relacionadas à melhoria
de infraestrutura do município (THAUMATURGO, 2012).

1
Royalties é uma palavra em inglês que significa regalia ou privilégio. Consiste em uma
quantia que é paga por alguém ao proprietário pelo direito de usar, explorar ou
comercializar um produto, obra, terreno etc. (SIGNIFICADOS, 2017).
91

Os governos brasileiro e paraguaio recebem uma compensação financeira,


denominada royalties, pela utilização do potencial hidráulico do Rio Paraná
para a produção de energia elétrica na Itaipu. [...] O repasse de royalties é
proporcional à extensão de áreas submersas pelo lago e à quantidade de
energia gerada mensalmente. [...] No Brasil, de acordo com a Lei dos
Royalties, a distribuição da compensação financeira é feita da seguinte
forma: 45% aos Estados, 45% aos Municípios e 10% para órgãos federais
(Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia, e Fundo
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). [...] O repasse do
valor a ser pago a título de royalties pela Itaipu Binacional varia conforme a
geração de energia destinada a comercialização em cada mês. No dia 10
de maio de 2017, a Itaipu efetuou mais um repasse de royalties ao Tesouro
Nacional, no valor de US$ 11,1 milhões. Ao Governo do Paraná e aos 15
municípios paranaenses que fazem divisa com o reservatório [...], destinam-
se o equivalente a US$ 8,4 milhões (ITAIPU, 2017, s.p.)

Como antes explicado, Foz do Iguaçu tem sua economia impactada pela
força do turismo, sendo um dos mais importantes polos turísticos nacionais. As
atividades comerciais (varejista e atacadista) sofrem influência desse setor,
destacando-se pela capacidade de geração direta de empregos, notadamente a
hotelaria (ROSEIRA, 2006).
Por fim, os aspectos institucionais de interesse deste estudo fazem
referência à legislação e normatização. Um dos principais dispositivos legais e
normativos de interesse desta pesquisa é a citada lei de zoneamento de uso e
ocupação do solo (Lei Complementar Municipal Nº 124, de 20 de julho de 2007 –
FOZ DO IGUAÇU, 2007). Os diversos compartimentos das zonas urbanísticas são
adiante interpretados como unidades paisagísticas para avaliação qualitativa da
cidade de Foz do Iguaçu (ver seção 2 – Estruturação metodológica). Associado a
essas unidades espaciais, o conjunto de características naturais e antrópicas antes
apresentadas permite a análise da qualidade visual da paisagem, detalhada na
próxima subseção.
92

4.2 QUALIFICAÇÃO PAISAGÍSTICA

Conforme detalhado na seção 2 – Estruturação metodológica, esta


subseção é dividida em duas classificações principais:
a) técnica – compreendendo os produtos da aplicação do método
indireto de avaliação qualitativa da paisagem;
b) perceptual – comportando os resultados da análise do método direto
de preferências visuais de observadores de cenas urbanas
(subjetividade admitida – ver subseção 3.1.4 – Qualidade visual – da
seção 3 – Fundamentação teórica).

4.2.1 Classificação técnica

Com base no método indireto, foi avaliada qualitativamente a paisagem


urbana por meio da técnica considerada por Hardt (2004) como adequada para
territórios extensos, de desagregação de componentes paisagísticos, enquadrados
em naturais e antrópicos por Criado (2012) e Hardt (2000). Com base nos
procedimentos detalhados no item 2.3.2 – Análise da qualidade paisagística – da
seção 2 – Estruturação metodológica, pela álgebra de mapas, aplicada ao
mapeamento temático a partir do sistema de valores constante no Quadro 9, obteve-
se o mapa de valoração da qualidade da paisagem (por pixel) apresentado na
Figura 19.
93

Quadro 9: Sistema de valoração para avaliação da qualidade visual das unidades de paisagem da
área de estudo pelo método indireto de desagregação dos componentes paisagísticos
FATORES JUSTIFICATIVAS DAS
COMPONENTES PAISAGÍSTICOS DE ESCALAS DE VALORES
VALORAÇÃO
FATORES FÍSICOS

Extensas massas hídricas de


Cachoeira ou catarata 5,0
alta atratividade visual

Corredeira Extensas massas hídricas de


5,0
(fluxo hídrico rápido) alta atratividade visual
drenagem superficial

Curso d’água permanente superior a Medianas massas hídricas de


2,0
hidrografia

8,0 m de largura média atratividade visual


ÁGUA

Lago, lagoa ou açude permanente Medianas massas hídricas de


2,0
(inclusive viveiro de peixes) média atratividade visual

Reduzidas massas hídricas de


Terreno sujeito a inundação 1,0
baixa atratividade visual

Curso d’água temporário (intermitente ou Reduzidas massas hídricas de


periódico) ou de aluvião (igual ou inferior 1,0
baixa atratividade visual
a 8,0 m de largura).
Curso d’água permanente igual ou Reduzidas massas hídricas de
1,0
inferior a 8,0 m de largura baixa atratividade visual

Áreas com muito elevada altitude e


SUPORTE NATURAL

Acima de 240,0 m 4,0


muito extensa amplitude visual

Áreas com elevada altitude e


variação altimétrica
SOLO / SUBSOLO

De 205,1 a 240,0 m 3,0


extensa amplitude visual
hipsoimetria

Áreas com mediana altitude e


De 170,1 a 205,0 m 2,0
média amplitude visual

Áreas com pouca altitude e


De 135,1 a 170,0 m 1,0
reduzida amplitude visual

Áreas com muito pouca altitude e


Até 135,0 m 0,0
sem amplitude visual

Escarpado Áreas muito íngremes e


Declividades acima de 75,0% 2,5
com alta diversidade visual

Montanhoso Áreas íngremes e


2,0
Declividades de 45,1 a 75,0% com média alta diversidade visual
inclinação dos terrenos
relevo: declividades
SOLO / SUBSOLO

Forte ondulado Áreas medianamente íngremes e


1,5
Declividades de 20,1 a 45,0% com média diversidade visual

Ondulado Áreas medianamente planas e


1,0 com média baixa diversidade
Declividades de 8,1 a 20,0%
visual
Suave ondulado Áreas planas e
0,5
Declividades de 3,1 a 8,0% com baixa diversidade visual

Plano Áreas muito planas e


0,0
Declividades até 3,0% sem diversidade visual

Continua
Fonte: Elaborado com base na aplicação da técnica Delphi e respectivos ajustes por fontes
secundárias (ver item 2.3.2 – Análise da qualidade paisagística).
94

Continuação
FATORES
JUSTIFICATIVAS DAS
COMPONENTES PAISAGÍSTICOS DE
ESCALAS DE VALORES
VALORAÇÃO
FATORES BIOLÓGICOS
cobertura vegetal
VEGETAÇÃO:

Cobertura vegetal de
SUPORTE
NATURAL

Arbórea 5,0 caraterísticas mais relevantes


pelo porte
Cobertura vegetal de
Não arbórea 2,5 caraterísticas menos relevantes
pelo porte
RESIDENCIAIS

Áreas com baixa intrusão visual


Baixa densidade (ZR1) 0,0 por construções

Áreas com mediana intrusão


Média densidade (ZR2) -1,0 visual por construções

Áreas com mediana intrusão


Popular (ZR3) -2,0 visual por manutenção restrita

Áreas com alta intrusão visual por


Alta densidade (ZR4) -2,0 construções

Áreas com muito alta intrusão


Verticalização (ZR5) -3,0 visual por construções
ASPECTOS TERRITORIAIS:
SISTEMA ANTRÓPICO

usos atuais do solo

COMERCIAIS E DE SERVIÇOS

Áreas com mediana poluição


Serviços (ZS) -2,0 visual

Áreas com intensa poluição


Mista (ZM) -2,5 visual

Áreas com muito intensa poluição


Industriais (ZI) -3,0 visual

Áreas com muito intensa poluição


Comércio de Exportação (ZCE) -3,0 visual

Áreas com muito intensa poluição


Central (ZC) -3,0 visual

TURÍSTICAS

Áreas de alta atratividade


Principal (ZTP) 1,5 paisagística

Áreas de alta atratividade


Secundária (ZTS) 1,0 paisagística

Continua
95

Continuação
FATORES
JUSTIFICATIVAS DAS
COMPONENTES PAISAGÍSTICOS DE ESCALAS DE VALORES
VALORAÇÃO
ESPECIAIS

Áreas de maior atratividade


Expansão Urbana (ZEU) 3,0 paisagística

Áreas de maior atratividade


Especial de Proteção (ZEP) 3,0 paisagística
ASPECTOS TERRITORIAIS:

Áreas de maior atratividade


usos atuais do solo

Preservação Permanente (ZPP) 3,0 paisagística

Áreas de alta atratividade


Verde Residencial (ZVR) 2,0 paisagística

Áreas de alta atratividade


Área de Interesse (AI) 2,0 paisagística

Áreas de média atratividade


Setor Especial (SE) 1,0 paisagística

Áreas de baixa atratividade


Eixo Estrutural (EE) 0,5 paisagística

Áreas de baixa atratividade


Especial de Uso Institucional (ZUI) 0,5 paisagística
SISTEMA ANTRÓPICO

Via secundária -1,0 Reduzida intrusão visual

Via principal -2,0 Relativa intrusão visual

Construção genérica do sistema de Relativa intrusão visual


-2,0
transporte

Transposição de rio por bote ou balsa -2,0 Relativa intrusão visual


ASPECTOS TERRITORIAIS:

Trapiche, molhe de atracação ou píer -2,0 Relativa intrusão visual


infraestrutura

Rodovia -3,0 Significativa intrusão visual

Aeroporto -3,0 Significativa intrusão visual

Campo de pouso, de emergência -3,0 Significativa intrusão visual

Ponte, ponte móvel, viaduto ou Significativa intrusão visual


-3,0
passagem

Heliporto -3,0 Significativa intrusão visual

Linha de alta tensão -5,0 Muito significativa intrusão visual


96

Figura 19: Mapa de valoração da paisagem urbana de Foz do Iguaçu com divisões do zoneamento
de uso e ocupação do solo

Fonte: Elaborada com base no sistema de valoração para avaliação da qualidade visual das
unidades de paisagem pelo método indireto de desagregação dos componentes
paisagísticos e em LDCM (2017).
97

As proporcionalidades das classes de qualidade paisagística (Tabela 11)


revelam a maior incidência da média baixa, com 60,2% da área urbana (115,3 km2),
restando somente 4,0% (7,7 km2) para a alta.

Tabela 11: Proporcionalidades das classes de qualidade paisagística em relação à área urbana de
Foz do Iguaçu
ÁREA %
CLASSE 2
(km ) ÁREA URBANA
Baixa 28,1 14,7
Média baixa 115,3 60,2
Média alta 40,4 21,1
Alta 7,7 4,0
ÁREA TOTAL 191,5 100,0
Fonte: Elaborada com base na Figura 19.

Para Leite (2008), o processo de qualificação da paisagem está


relacionado com as interações entre seus elementos naturais e culturais. Portanto,
depreende-se que os resultados encontrados deveriam ser melhores, considerando
que o território de Foz do Iguaçu abriga parte do Parque Nacional do Iguaçu,
considerado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO) como Patrimônio da Humanidade. Esta unidade de conservação
de proteção integral ocupa 22,4% (138,6 km2) do município, mas não pertence à
área urbana, a qual, por sua vez, corresponde a 31,0% (191,5 km2) do espaço
municipal.
Um dos fatores para a prevalência da classificação reduzida de qualidade
(74,9% para classes baixa e média baixa) é a história de ocupação de Foz do
Iguaçu, desde seu descobrimento (1542) até os dias atuais. Um dos fatos que
deixou marcas significativas na cidade foi a construção da usina de Itaipu (1973),
com alterações profundas na estrutura urbanística, devido ao expressivo salto
demográfico de quase 300% no período de 1970 a 1980 (PMFI, 2006), derivando em
carência de infraestrutura, crescimento desordenado e insuficiência de recursos para
adequada gestão municipal. Nogué (2007) afirma esse processo de ocupação dos
assentamentos urbanos resulta na fragmentação territorial e paisagística.
98

Se, por um lado, o empreendimento trouxe benefícios pelo progresso


econômico e desenvolvimento tecnológico, por outro, houve a acentuação de
problemas sociais, que poderiam ter sido evitados se ocorresse um conjunto
adequado de estudos preliminares e melhores condições mitigação de impactos
urbanos (HAHN, 2006; PMFI, 2006; SOUZA, 2009).
A evolução da urbanização em Foz do Iguaçu pode ser analisada pelos
resultados registrados no mapeamento de valoração paisagística (ver Figura 19) e
pelos mapas de avanço da malha urbana (ver item 4.1.2 – Sistema antrópico – da
subseção 4.1 – Caracterização paisagística). Verifica-se, então, que na década de
1970, sua ocupação já estava consolidada a partir da zona central e próximo a
Ponte da Amizade, em áreas classificadas como de baixa qualidade.
Entre 1985 e 1995, com a construção da usina de Itaipu, notou-se o
avanço significativo da urbanização, seguindo do centro para a periferia, às margens
da rodovia e em áreas de proteção ambiental, com relevante presença de
assentamentos irregulares, resultando em baixa a média baixa qualidade
paisagística. Este crescimento foi marcante para a cidade; nesse sentido,
Thaumaturgo, Simões e Trannin (2013) citam que, entre 1970 (com malha urbana de
2,11 km2) e 2007 (com 191,46 km2), a expansão do tecido urbanizado em 37 anos
foi equivalente a mais de 90 vezes.
A principal melhoria no processo de planejamento do município ocorreu
especialmente a partir do plano diretor elaborado pela Universidade Federal do
Paraná no final da década de 1970 (UFPR, 1979), porém não houve a sua
implementação nos bairros e serviços urbanos, como também não foi possível
conter as ocupações inadequadas. Essas condições reduzem os padrões
qualitativos da paisagem quando em discordância com as leis de uso do solo e de
proteção ambiental.
Em síntese, a avaliação da qualidade visual das unidades de paisagem a
partir dos seus componentes físicos do suporte natural revela que, em termos da
hidrografia, a presença da água deveria ser um fator positivo, “tanto pelas suas
impressões de reflexão, ampliação visual e movimento, quanto por seus efeitos
sonoros e psicológicos” (HARDT, 2000, p.101-102), especialmente em se
considerando que o município comporta uma quantidade considerável de cursos e
corpos hídricos (ver item 4.1.1 – Suporte natural – da subseção 4.1 – Caracterização
paisagística). Entretanto, na área urbana, esses componentes são relacionados com
99

problemas de ocupações irregulares, inexistência de mata ciliar e ampla


impermeabilização do solo, conformando áreas de risco. Pelo mapa de valoração da
paisagem (ver Figura 19), é possível observar que os cursos d’água situados em
regiões consolidadas (Rio M’Boicy, arroios dos Porcos e Ouro Verde, e nascente do
Rio Almada) têm suas classificações enquadradas como baixa e média baixa (0,58%
da cidade). Já o Rio Tamanduá, com valoração média alta e, em alguns pontos, alta
(0,02%), está localizado em Zona de Expansão Urbana, onde a ocupação é
incipiente.
Ao se avaliar o solo e subsolo pela sua condição de variação altimétrica
(hipsometria), verifica-se a prevalência da faixa de 205,1 a 240,0 m (41,2% da
cidade – ver item 4.1.1 – Suporte natural – da subseção 4.1 – Caracterização
paisagística). Altitudes mais elevadas ampliam o alcance visual, intensificando a
percepção de cenas; da mesma forma, “as características de maior luminosidade de
algumas vertentes evidenciam possíveis contrastes, valorizando a diversidade [...]”
(HARDT, 2000, p.102). Por sua vez, alguns locais se sobressaem “devido à maior
movimentação de relevo em um cenário com presença significativa de superfícies
planas” (HARDT, 2000, p.102); mas no caso de Foz do Iguaçu, observa-se o
predomínio de baixa declividade (suave ondulado – 57,6% da área urbana – ver
mesmo item citado acima). Por não ter grandes porções mais altas e ser
predominantemente plana, esses componentes pouco interferem de forma positiva
na valoração.
Para os fatores biológicos do suporte natural, tem-se a proporção de
19,7% da área urbana para a cobertura vegetal (ver item 4.1.1 – Suporte natural –
da subseção 4.1 – Caracterização paisagística), relativamente baixa em função da
insuficiência de praças e parques, bem como de outros tipos de áreas verdes,
devido à já comentada ocupação desordenada (THAUMATURGO, 2012), em que
grande parte da floresta nativa foi devastada para dar lugar à construção da usina e
à formação do lago de Itaipu. Pela confrontação dos mapas de cobertura vegetal
(ver mesmo item citado acima) e de valoração paisagística (ver Figura 19), é
possível observar que mesmo os espaços com vegetação arbórea, os quais
deveriam apresentar valoração positiva por conterem características paisagísticas
relevantes, não obtém, em sua totalidade, a classificação máxima de alta qualidade
(4,0% da cidade).
100

Hardt (2000) cita que os fatores naturais desempenham papeis relevantes


na configuração da paisagem urbana, com a cobertura vegetal assumindo funções
relevantes na sua qualificação. Para a autora, “a formação arbórea é a que, em
geral, apresenta características paisagísticas mais relevantes [...]”, mas todos os
portes de vegetação possuem interessantes efeitos de mutabilidade, “pela sua
condição de crescimento e efeitos de sazonalidade (especialmente floração,
frutificação e caducifoliedade)” (HARDT, 2000, p.103).
Criado (2012) especifica os recursos paisagísticos como elementos
lineares ou pontuais singulares, com valor visual, ecológico, cultural, social ou
histórico. De maneira complementar, Marenzi (2000) cita que a qualificação da
paisagem pode ser promovida pelo agrupamento de determinadas características,
como naturalidade, diversidade, singularidade e complexidade. Conforme
informações de GEODEM (2007), os fatores de degradação dos componentes
paisagísticos do suporte natural podem ser constatados no ar, nas águas e no solo,
bem como na flora e na fauna. Nessa conjuntura, cabe destaque à erosão, às
inundações, à sedimentação dos solos em cursos d’água e à introdução de
variedades vegetais exóticas, por exemplo, ou seja, a qualquer ato ou omissão que
altere negativamente a composição ou potencial natural dos componentes
ambientais básicos, ameaçando a viabilidade genética ou atentando contra a vida, a
saúde, a integridade ou o desenvolvimento do homem, vegetais ou animais.
Por outro lado, a relação da qualidade da paisagem com aspectos
territoriais do sistema antrópico referentes ao uso e ocupação do solo evidencia que,
para as zonas residenciais (32,0% da cidade), há predomínio das classes
intermediárias. Para as comerciais, de serviços e industriais (8,2% da malha
urbanizada), prevalecem as mais baixas, enquanto as mais altas são
majoritariamente encontradas nas turísticas e especiais (59,8% da área urbana). Os
componentes de infraestrutura são normalmente enquadrados nas piores
classificações.
101

Embora os volumes construídos “possam ter diversidade, e algumas


vezes até singularidade, geralmente conformam fortes barreiras que reduzem a
amplitude visual [...]”. Entretanto, as características paisagísticas desses elementos
“podem variar substancialmente com as condições de renda local, pois resultam em
áreas mais ou menos tratadas, com uso de materiais de melhor ou pior qualidade”
(HARDT, 2000, p.104).
Em seus estudos sobre qualidade da paisagem urbana, Hardt (2000)
diagnostica que setores urbanísticos com taxas superiores de ocupação dos lotes e
com densidades demográficas mais elevadas tendem à deterioração de condições
visuais e que determinadas redes de serviços urbanos são “potenciais para a
detração paisagística” (HARDT, 2000, p.104).
Como a composição da paisagem é resultante das relações entre o
homem (sistema antrópico) e o ambiente (suporte natural), sendo salientada pelos
arranjos de cores, formas e outras características dos componentes espaciais (TYS,
2016), desequilíbrios dessas interações influenciam a sua qualidade. Leite (2008)
atribui ao processo de qualificação paisagística o envolvimento das relações do
conjunto de elementos físicos, naturais e culturais, com os projetos ultrapassando o
contexto visual e alcançando a perspectiva ambiental.
A dispersão do ambiente construído e a urbanização difusa ocasionam a
fragmentação territorial e paisagística, com crescimento de espaços desordenados e
implantação de infraestruturas de porte, que geram paisagens conturbadas, gerando
locais com deficiências de qualidade ambiental e cultural (NOGUÉ, 2007). As causas
naturais ou antrópicas que provocam a degradação visual ou funcional têm, como
consequências, a deterioração ou o desaparecimento de cenas valiosas (CRIADO,
2012). Essas condições influenciam a percepção humana, proporcionando
sensações adversas nos cidadãos, como abordado a seguir.
102

4.2.2 Classificação perceptual

Esta análise é estruturada pelo estudo de percepção da paisagem de Foz


do Iguaçu segundo as preferências visuais de seus observadores (ver item 2.3.2 –
Análise da qualidade paisagística – da seção 2 – Estruturação metodológica).
Busca-se, então, o estabelecimento do valor cênico qualitativo por parte da
sociedade (TYS, 2016). Adiante são apresentados os resultados da aplicação dos
386 questionários definitivos (Apêndice B) à amostra definida.
As 20 fotografias selecionadas e constantes do formulário são
representativas das classes de valoração (alta, média alta, média baixa e baixa)
especificadas na Figura 19 (ver item 4.2.1 – Classificação técnica). Essas imagens
são relacionadas às seguintes tipologias de zonas urbanísticas: residenciais (ZR1 –
Zona Residencial Exclusiva, ZR2 – Zona Residencial de Média Densidade, ZR3 –
Zona Residencial Popular de Média Densidade, ZR4 – Zona Residencial de Alta
Densidade e ZR5 – Zona Residencial de Verticalização), de comércio e serviços (ZC
– Zona Comercial – e ZCE – Zona de Comércio e Exportação) e especiais (ZEU –
Zona de Expansão Urbana) (Quadro 10). A localização de cada ponto de vista das
fotografias pode ser observada no mapa da Figura 20 e a organização aleatória das
mesmas conforme questionário é disposta na Figura 21, segundo sua numeração,
zona urbanística pertinente e classificação de qualidade paisagística pelo método
indireto (ver Figura 19 – item 4.2.1 – Classificação técnica).
103

Quadro 10: Características das zonas urbanísticas relacionadas às imagens fotográficas


selecionadas para classificação perceptual da qualidade da paisagem urbana de Foz do
Iguaçu
ZONA CARACTERÍSTICAS

ZC Zona Comercial: predomina o uso comercial intenso, localizado na área central da


cidade. São permitidos usos compatíveis com o residencial, podendo ser aceitar a
Foto: verticalização de até 22 pavimentos, devido à disponibilidade da infraestrutura
19 existente.

ZCE Zona de Comércio e Exportação: com foco comercial voltado ao comércio de


Foto: exportação, devido à proximidade com a Ponte da Amizade (Brasil - Paraguai), é
11 constituída por região da Vila Portes e do Jardim Jupira.

ZEU Zona de Expansão Urbana: destinada à urbanização prioritária, é constituída por


áreas próximas aos loteamentos já consolidados, mas ainda não parceladas, loteadas
Fotos: ou edificadas, apesar de possuírem infraestrutura urbana instalada e, portanto, aptas à
02; 04; 07; ocupação. O estabelecimento de critérios de controle do seu parcelamento e do seu
16; 18; 20 adensamento é baseado nos existentes nas zonas adjacentes.

Zona Residencial Exclusiva: privilegia o uso residencial, quase que exclusivo, sendo
ZR1 permitida habitação unifamiliar, unifamiliar em série e geminada. É tolerado o uso
comunitário, bem como para serviços de escritórios de profissionais liberais, não
Foto: incômodos e exercidos na própria residência, ou outros que não descaracterizem a
12 vocação residencial e não alterem a tipologia do imóvel. A altura de pavimentos
máxima é dois, não sendo permitida a verticalização.

ZR2 Zona Residencial de Média Densidade: é permitido o uso residencial unifamiliar e


multifamiliar, com comércio e serviços que não causem incômodos à vizinhança.
Fotos: Podem ser liberados usos diversificados de comércio e serviço vicinal, bem como a
05; 06; 08; instalação de pequenas indústrias não poluentes. O tamanho mínimo de lote sugerido é
09; 14; 15; de 300 m2 e a altura máxima é de dois pavimentos, não sendo permitida a
17 verticalização.

ZR3 Zona Residencial Popular de Média Densidade: predomina o uso residencial com
Fotos: características populares, com carências significativas de infraestrutura. O lote mínimo
2
03;10 sugerido é de 250 m , não sendo permitida a verticalização.

Zona Residencial de Alta Densidade: é permitido o uso residencial para habitação


ZR4 unifamiliar e coletiva, além de comércio e serviços previstos em outras zonas, como
alimentação, comércio varejista, serviços pessoais, serviços de profissional liberal, não
Foto: incômodos, e serviço profissional autônomo, exercido no domicílio, sendo os referentes
01 a reparação, manutenção e conservação permitidos de acordo com a peculiaridade
local. É possibilitada a verticalização baixa, de até quatro pavimentos.

ZR5 Zona Residencial de Verticalização: usos permitidos para habitação unifamiliar e


multifamiliar. É possibilitada a diversificação do comércio e serviços vicinais, e de
Foto: bairro, sendo analisados os incômodos potenciais dos setoriais. É incentivada a
13 verticalização de até oito pavimentos.
Fonte: Adaptado de PMFI (2006).
104

Figura 20: Mapa de zoneamento de uso e ocupação do solo com posicionamento das fotografias
para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

Fonte: Adaptada de PMFI (2006).


105

Figura 21: Fotografias de análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu segundo
1 2
organização aleatória do questionário , zona urbanística pertinente e classificação de
3
qualidade paisagística pelo método indireto
Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4) Zona de Expansão Urbana (ZEU)

classe média baixa classe média alta

Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3) Zona de Expansão Urbana (ZEU)

classe baixa classe alta

Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

classe baixa classe média alta


Continua
1 2 3
Fonte: Elaborada com base em = Apêndice B, = PMFI (2006) e = Figura 19 (ver item 4.2.1
– Classificação técnica).
106

Continuação
Zona de Expansão Urbana (ZEU) Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

classe alta classe baixa

Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)

classe média alta classe média baixa

Zona de Comércio e Exportação (ZCE) Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)

classe baixa classe média alta


Continua
107

Continuação
Zona Residencial de Verticalização (ZR5) Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

classe baixa classe média alta

Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) Zona de Expansão Urbana (ZEU)

classe média baixa classe alta

Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) Zona de Expansão Urbana (ZEU)

classe média baixa classe alta


Continua
108

Continuação
Zona Comercial (ZC) Zona de Expansão Urbana (ZEU)

classe média baixa classe: alta

Aplicado em junho de 2017, por meio digital, o questionário definitivo


(Apêndice B) foi encaminhado a diversos grupos, a partir de redes sociais e
mensagens eletrônicas (ver item 2.3.2 – Análise da qualidade paisagística – da
seção 2 – Estruturação metodológica). Quanto ao perfil dos entrevistados
(Figura 22), foram colhidas informações sobre gênero (66,1% do sexo feminino),
faixa etária (37,9% entre 21 a 25 anos), escolaridade (44,0% com grau superior
incompleto) e morador (88,3% com residência em Foz do Iguaçu).
Como explicado na seção 2 – Estruturação metodológica, o questionário
foi dividido em cinco partes. Na primeira, o respondente deveria escolher a melhor e
a pior paisagem entre as 20 fotografias representativas das unidades de paisagem
(ver Figura 21). As respostas foram variadas e não houve equilíbrio proporcional
entre uma ou outra imagem, sendo o conjunto avaliado em pequenas proporções,
pois os consultados se dividiram na escolha entre elas.
109

Figura 22: Gráficos de proporcionalidade de dados de perfil dos entrevistados para análise
perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu
GÊNERO FAIXA ETÁRIA

100 100
90 90

80 80
66,1 70
70
60
60
50
50 37,9
40
40 33,9 30
30 20 14,5 14,3
7,2 11,4
20 10 5,5 4,7 2,8
0,2 1,5
10 0
12 a 16 a 21 a 26 a 31 a 36 a 41 a 46 a 51 a 56 a
0 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Feminino Masculino anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos

MORADIA ESCOLARIDADE

100 100
88,3 90
90 80
80 70
60 44,0
70 50
60 40 27,7
30
50 20
10 7,0 8,3 7,6
40 0,3 1,0 3,1 1,0
0 Especialização

Mestrado
Fund. incompleto

Fund. Completo

Ens.Médio Incomp.

Doutorado
Ens.Médio Comp.

Superior Incomp.

Superior Comp.

30
20
11,7
10
0
Morador Não Morador
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).

Dentre as 20 opções, a Foto 02 foi mais apreciada (Figura 23), mas por
apenas 71 respondentes (18,5%), estando localizada na Zona de Expansão Urbana
(ZEU), classificada pelo método indireto como de média alta qualidade.
Curiosamente, o local constitui a entrada de um dos bairros mais carentes de
infraestrutura e equipamentos urbanos (Vila Carimã), levando à interpretação de que
a sua indicação é justificada pela quantidade de espécimes vegetais na imagem.
Cabe destacar, novamente, que a vegetação pode constituir um elemento de
valorização paisagística das cidades (HARDT, 2000).
110

Figura 23: Gráfico de proporcionalidade de indicação da melhor condição paisagística de imagens


selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100
90
80
70
60
50
40
30
18,5
20 15,5
15,0
9,0 10,6 11,6
10 4,6 4,1
0,0 0,8 1,0 2,0 1,6 0,8 1,0 1,8 0,8 0,5 0,0 0,8
0
Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4
Foto 5
Foto 6
Foto 7
Foto 8
Foto 9
Foto 10
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
Foto 15
Foto 16
Foto 17
Foto 18
Foto 19
Foto 20
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).
Notas: Foto 01 = Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4)
Foto 02 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 03 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 04 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 05 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 06 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 07 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 08 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 09 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 10 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 11 = Zona de Comércio e Exportação (ZCE)
Foto 12 = Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)
Foto 13 =Zona Residencial de Verticalização (ZR5)
Foto 14 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 15 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 16 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 17 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 18 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 19 = Zona Comercial (ZC)
Foto 20 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)

De outra maneira, a Foto 11 foi escolhida como a pior paisagem


(Figura 24) por 87 respondentes (22,6%), a qual está localizada na Zona de
Comércio e Exportação (ZEU), na região da Vila Portes, onde é consolidada a
atividade comercial, há pouca vegetação, o espaço é desordenado e há inexistência
quase total de calçadas. Vale lembrar que as múltiplas escolhas dos observadores
variam de um a outro, pois a interpretação perceptual da imagem transmitida por
uma paisagem exige a interação de todos os sentidos do ser humano,
111

estabelecendo relações harmônicas – ou não – entre ele e o mundo à sua volta


(LYNCH, 2011).

Figura 24: Gráfico de proporcionalidade de indicação da pior condição paisagística de imagens


selecionadas para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100
90
80
70
60
50
40
30
22,6
20
12,5
11,2 10,2
10 8,8 7,3
6,0
5 3,6 4,1 0,5
0,0 1,3 0,8 1,5 1,3 1,6 0,5 0,2 1,0
0
Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4
Foto 5
Foto 6
Foto 7
Foto 8
Foto 9
Foto 10
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
Foto 15
Foto 16
Foto 17
Foto 18
Foto 19
Foto 20
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).
Notas: Foto 01 = Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4)
Foto 02 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 03 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 04 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 05 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 06 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 07 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 08 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 09 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 10 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 11 = Zona de Comércio e Exportação (ZCE)
Foto 12 = Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)
Foto 13 =Zona Residencial de Verticalização (ZR5)
Foto 14 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 15 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 16 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 17 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 18 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 19 = Zona Comercial (ZC)
Foto 20 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
112

Na segunda parte do questionário, o respondente deveria expressar o seu


reconhecimento das regiões das fotografias, observando-se que nenhuma
imagem obteve o total de respostas (Figura 25), sendo a Foto 11 – a anteriormente
indicada como a pior paisagem –, a que mais se aproximou da totalidade, com seu
local reconhecido por 258 pessoas (66,8%). Esse fato é justificado por se tratar da
região da Vila Portes (Zona de Comércio e Exportação – ZCE), muito conhecida por
esta atividade e pelo baixo custo, sendo uma das primeiras a desenvolvê-la devido à
proximidade com a Ponte Internacional da Amizade, que faz a ligação com o
Paraguai.
A menor proporção ficou com a Foto 16, com 383 respondentes (99,2%)
negando conhecer o local, provavelmente por estar inserido em Zona de Expansão
Urbana (ZEU). A média foi de 20,7% dos respondentes (80 pessoas) reconhecendo
os locais e 79,3% (306) não os identificando.
Para Cullen (2008), o homem tem necessidade de se identificar com o
local e este sentido está ligado a todo o espaço circundante. No presente estudo,
portanto, o reconhecimento ocorre quando existe a identificação do respondente
com a paisagem; assim, a sua falta – observada em relação à maioria das imagens,
pode ser diagnosticada como vivência restrita dos cidadãos nos locais analisados.
Santos (2000) cita que o espaço em que vive uma comunidade lhe traz o sentimento
de pertencimento, estabelecendo sua identidade, pois vive nele e suas trocas
materiais e espirituais influenciam a própria estrutura espacial.
113

Figura 25: Gráficos de proporcionalidade de reconhecimento de imagens selecionadas para análise


perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu
FOTO 01: Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4) FOTO 02: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0 93,5


90,0 90,0
80,0 72,5 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
27,5
30,0 30,0
20,0 20,0
6,5
10,0 10,0
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

FOTO 03: Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3) FOTO 04: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0
97,2 100,0
87,3
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0 12,7
10,0 2,8 10,0
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

Continua
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (ver Apêndice B).
114

Continuação
FOTO 05: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 06: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 100,0
90,0 90,0 80,6
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 53,4 60,0
46,6
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0 19,4
20,0 20,0
10,0 10,0
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

FOTO 07: Zona de Expansão Urbana (ZEU) FOTO 08: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 91,7
90,0 100,0
80,0 90,0
80,0
70,0
70,0
63,7
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0 36,3
40,0 40,0
30,0
30,0
20,0
20,0 8,3 10,0
10,0 0,0
0,0 Sim Não
Sim Não

Continua
115

Continuação
FOTO 09: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 10: Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)

100,0
98,4 100,0
97,2
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 1,6 10,0 2,8
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

FOTO 11: Zona de Comércio e Exportação (ZCE) FOTO 12: Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
66,8
70,0 70,0
60,0 60,0 49,5 50,5
% 50,0 % 50,0
40,0 32,9 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 10,0
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

Continua
116

Continuação
FOTO 13: Zona Residencial de Verticalização (ZR5) FOTO 14: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 100,0
90,0 90,0 83,9
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 50,0 50,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
16,1
20,0 20,0
10,0 10,0
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

FOTO 15: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 16: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

99,2
100,0 89,6 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 10,4 20,0
10,0 10,0 0,8
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

Continua
117

Continuação
FOTO 17: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 18: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0
98,2 100,0
96,1
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 1,8 10,0 3,9
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

FOTO 19: Zona Comercial (ZC) FOTO 20: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0
98,4
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 49,2 50,8 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 20,0
10,0 10,0 1,6
0,0 0,0
Sim Não Sim Não

Continua
118

Continuação
MÉDIA

100,0

90,0
79,3
80,0

70,0

60,0

% 50,0

40,0

30,0
20,7
20,0

10,0

0,0

Sim Não

Nesta segunda parte do questionário, o respondente também deveria


classificar a qualidade da paisagem (Figura 26) representada pelas 20 fotografias.
A imagem com melhor avaliação individual foi a da Foto 15, correspondente à Zona
Residencial de Média Densidade (ZR2), apontada por 216 respondentes (56,0%)
para a classe média alta e 43 (11,1%) para a alta. Paradoxalmente, esta imagem é
representativa da classe média baixa pelo método indireto (ver Figura 21).
Essa classificação técnica é justificável porque, nesta região, foram
realizados diversos aterros, por ser originalmente úmida e alagável, com ocupação
massiva. Todavia, na percepção da população, essas condições não são
caracterizadas, pois a imagem apresenta certa qualidade visual na infraestrutura e
em alguns espécimes vegetais.
As piores condições foram registradas para as Fotos 05 e 03 (Zona
Residencial de Média Densidade – ZR2 – e Zona Residencial Popular de Média
Densidade – ZR3, respectivamente), ambas representativas da menor classificação
pelo método indireto (ver Figura 19 – ver item 4.2.1 – Classificação técnica). No
primeiro caso, 239 respondentes (61,9%) enquadraram a cena na classe média
baixa, mas apenas 76 (19,7%) a situaram na baixa (81,6% nos estratos inferiores).
Para a segunda imagem, 192 entrevistados (49,7%) a posicionaram naquela classe,
porém 165 (42,8%) a delimitaram na de mais reduzida qualidade, perfazendo 92,5%
nas duas últimas classificações.
119

Figura 26: Gráficos de proporcionalidade de qualidade paisagística de imagens selecionadas para


análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu
FOTO 01: Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4) FOTO 02: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 47,7 60,0 46,9
50,0 44,0 50,0
% %
40,0 40,0 29,0
30,0 30,0
16,3
20,0 20,0 7,8
10,0
4,9 3,4 10,0
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

FOTO 03: Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3 FOTO 04: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0
100,0
90,0
90,0
80,0
80,0
70,0 70,0
60,0 49,7 60,0 52,3
% 50,0 42,7 % 50,0
40,0 40,0 31,1
30,0 30,0
20,0
14,5
20,0
6,2 10,0 2,1
10,0 1,3 0,0
0,0
Alta Média Média Baixa
Alta Média Média Baixa alta baixa
alta baixa

Continua
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário preliminar (ver Apêndice B).
120

Continuação
FOTO 05; Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 06: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 61,9 70,0
60,0 60,0 49,5
% 50,0 % 50,0 38,6
40,0 40,0
30,0 17,6 19,7 30,0
20,0 20,0 8,5
10,0 0,8 10,0 3,4
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

FOTO 07: Zona de Expansão Urbana (ZEU) FOTO 08: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
48,4
% 50,0 % 50,0
38,3 36,3
40,0 31,6 40,0
30,0 30,0
18,9
20,0 11,1 20,0 13,5
10,0 10,0 1,8
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

Continua
121

Continuação
FOTO 09: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 10: Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
57,0
60,0 49,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 40,0
30,0 24,1 23,6 30,0 21,0
19,4
20,0 20,0
10,0 3,4 10,0 2,6
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

FOTO 11: Zona de Comércio e Exportação (ZCE) FOTO 12: Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
50,0
45,1 41,5 50,0 43,5
% % 38,6
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0 11,7 20,0 10,4
10,0 1,8 7,5
10,0
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

Continua
122

Continuação
FOTO 13: Zona Residencial de Verticalização (ZR5) FOTO 14: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 60,0
45,3 47,2
% 50,0 42,7 % 50,0 38,9
40,0 40,0
30,0 30,0
20,0
7,8
20,0 9,8
4,1 10,0 4,1
10,0
0,0 0,0

Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa


alta baixa alta baixa

FOTO 15: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 16: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
56,0 52,3
60,0 60,0
% 50,0 % 50,0
40,0 31,6 40,0 32,6
30,0 30,0
20,0 11,1 20,0 11,7
10,0 1,3 10,0 3,4
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

Continua
123

Continuação
FOTO 17: Zona Residencial de Média Densidade (ZR2) FOTO 18: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0
54,9 60,0 48,2
% 50,0 % 50,0
40,0 31,6 40,0 27,7
30,0 30,0 20,5
20,0 12,7 20,0
10,0 0,8 10,0 3,6
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

FOTO 19: Zona Comercial (ZC) FOTO 20: Zona de Expansão Urbana (ZEU)

100,0 100,0
90,0 90,0
80,0 80,0
70,0 70,0
60,0 50,3 60,0 51,6
% 50,0 % 50,0
40,0 31,6 40,0
30,0 30,0
24,1
18,1
20,0 10,9 7,3 20,0
6,2
10,0 10,0
0,0 0,0
Alta Média Média Baixa Alta Média Média Baixa
alta baixa alta baixa

Continua
124

Continuação
MÉDIA

100,0

90,0

80,0

70,0

60,0

50,0
46,8
%
40,0
28,0
30,0
19,9
20,0

10,0 5,2
0,0

Alta Média Média Baixa


alta baixa

Note-se que os casos extremos antes mencionados, sob a ótica tanto


positiva quanto negativa, são encontrados em zonas de média densidade de
ocupação residencial. Também vale mencionar que o maior número de
respondentes foi registrado para a classe média baixa (181 respondentes – 46,9%),
seguida da média alta (108 respondentes – 28,0%), baixa (77 respondentes –
19,9%) e alta (20 respondentes – 5,2%).
Hardt (2004) cita que a qualidade da paisagem está relacionada com o
grau de excelência de suas características visuais, diagnosticando-se, assim,
problemas nesse sentido em Foz do Iguaçu. Kohlsdorf (1996, p.69) afirma que “os
lugares possuem desempenhos cognitivos, ou seja, potencialidades específicas de
serem entendidos pelos indivíduos como um dos pressupostos para [se] agir [..]
sobre a realidade, inclusive transformando-a”. A mesma autora comenta que um
mesmo local pode produzir percepções e expectativas diferentes nos respondentes,
com, por exemplo, respostas positivas quanto ao conforto ambiental e negativas
quanto à interação social, e vice versa. Essa condição também é clara nas maiores
proporções das respostas obtidas, geralmente classificadas entre média baixa e
média alta, algumas vezes com pequenas diferenças entre elas.
125

Na sequência, o questionário previa a escolha, entre as 20 fotografias,


daquelas que mais produziam impressão de segurança e sensação de
insegurança. Para a primeira situação (Figura 27), 114 respondentes (29,5%)
escolheram a Foto 19, pertinente à Zona Comercial (ZC), devido à ocupação
consolidada e ao espaço vivenciado. Para a segunda (Figura 28), foi indicada a Foto
07 por 100 respondentes (25,9%), localizada na Zona de Expansão Urbana (ZEU),
pela raridade de elementos construídos e de infraestrutura.

Figura 27: Gráfico de proporcionalidade de impressão de segurança de imagens selecionadas para


análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu
100
90
80
70
60
50
40
30 29,5
24,0
20 17,6
8,3
10 6,0
0,5 1,0 2,3 1,5 0,5 1,0 3,1 2,3 0,7 1,5 1,5 1,2
0,7 0,0 0,0
0
Foto 1
Foto 2
Foto 3
Foto 4
Foto 5
Foto 6
Foto 7
Foto 8
Foto 9
Foto 10
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
Foto 15
Foto 16
Foto 17
Foto 18
Foto 19
Foto 20

Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).
Notas: Foto 01 = Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4)
Foto 02 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 03 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 04 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 05 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 06 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 07 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 08 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 09 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 10 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 11 = Zona de Comércio e Exportação (ZCE)
Foto 12 = Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)
Foto 13 =Zona Residencial de Verticalização (ZR5)
Foto 14 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 15 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 16 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 17 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 18 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 19 = Zona Comercial (ZC)
Foto 20 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
126

Figura 28: Gráficos de proporcionalidade de sensação de insegurança de imagens selecionadas


para análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100

90

80

70

60

50

40

30 26,0
20
13,7
10,6
10 8,5 7,8
4,4 4,1 5,4 4,1 3,6 4,6
0,3 0,6 0,0 1,8 1,5 0,8 0,6 0,8 0,8
0
Foto 3
Foto 1
Foto 2

Foto 4
Foto 5
Foto 6
Foto 7
Foto 8
Foto 9
Foto 10
Foto 11
Foto 12
Foto 13
Foto 14
Foto 15
Foto 16
Foto 17
Foto 18
Foto 19
Foto 20
Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).
Notas: Foto 01 = Zona Residencial de Alta Densidade (ZR4)
Foto 02 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 03 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 04 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 05 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 06 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 07 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 08 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 09 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 10 = Zona Residencial Popular de Média Densidade (ZR3)
Foto 11 = Zona de Comércio e Exportação (ZCE)
Foto 12 = Zona Residencial de Baixa Densidade (ZR1)
Foto 13 =Zona Residencial de Verticalização (ZR5)
Foto 14 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 15 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 16 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 17 = Zona Residencial de Média Densidade (ZR2)
Foto 18 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)
Foto 19 = Zona Comercial (ZC)
Foto 20 = Zona de Expansão Urbana (ZEU)

Reafirmando que é necessária a combinação de todos os sentidos


humanos para a percepção de uma paisagem, Lynch (2011) comenta que os
mesmos transmitem sentimentos de segurança emocional quando do
estabelecimento de relações harmônicas entre o observador e o mundo à sua volta.
O mesmo é verificado na escolha dos respondentes quanto à impressão de
proteção, pois têm maior interação com o espaço escolhido. Nogué (2007) explica
127

que a urbanização difusa e a dispersão do ambiente construído causam impressão


de insegurança quando os cidadãos não têm interações de convívio com o local.
Na quarta parte do questionário, era solicitada a marcação da situação
da paisagem urbana de Foz do Iguaçu, posicionando-a em ótima (equivalente à
alta), boa (correspondente à média alta), ruim (análoga à média baixa) ou péssima
(semelhante à baixa). Nessa perspectiva, 244 respondentes (63,2%) disseram que é
ruim, 75 (19,4%) que é boa; 65 (16,8%) que é péssima; e apenas 2 (0,5%) que é
ótima (Figura 29).

Figura 29: Gráfico de proporcionalidade da situação paisagística geral pela análise perceptual da
paisagem urbana de Foz do Iguaçu
100
95
90
85
80
75
70
65 63,2
60
55
50
45
40
35
30
25
20 19,5
16,8
15
10
5
0,5
0
Ótima Boa Ruim Péssima

Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).

A desestruturação da paisagem de Foz do Iguaçu pode ser o indicativo


pelo qual é considerada inadequada pela maioria de sua população, com seus
cidadãos expressando 80,0% de respostas negativas (somatório das escolhas ruim,
com 63,2%, e péssima, com 16,8%). Ao se avaliar a qualidade paisagística é
possível identificar o grau de satisfação dos cidadãos quanto ao seu ambiente
urbano (HARDT, 2000). A beleza das visuais tem importância na vida dos indivíduos
e o seu desfrute é essencial, visto que um de seus benefícios é a redução do
esgotamento psicológico da agitação diária (SANTOS, 2014).
128

Cada lugar tem seus potenciais e são entendidos pelos observadores


com vistas à sua ação sobre a realidade para a sua adequada transformação
(KOHLSDORF, 1996). Por outro lado, Cullen (2008) cita que o meio gera reações
emocionais, sendo necessário considerar aspectos como: a ótica, onde a paisagem
surge como surpresas do percurso; o local, como sentido de localização do corpo
humano, que se relaciona instintiva e continuamente com o lugar; e conteúdo, que
define sua identidade por meio de cores, texturas, escalas etc.
Para finalizar o questionário, foram realizadas questões abertas para
identificação de anseios da população, indagando sobre o que, na visão dos
respondentes, seria adequado na paisagem de Foz do Iguaçu, o que deveria ser
melhorado e como seria possível a elevação da sua qualidade paisagística. Como a
abordagem desse tipo de perguntas possibilita respostas dúbias, procurou-se
sistematizar suas palavras-chaves, sendo possível definir a proporção das mesmas.
Para a primeira pergunta – sobre o que é bom na paisagem de Foz do
Iguaçu –, surgiram diversas respostas (Figura 30), com o destaque destinado à
arborização viária (222 respondentes – 57,5%), seguida das áreas verdes (58 –
15,0%), pontos turísticos (40 – 10,4%), vias públicas (23 – 5,9%) e o restante (43 –
11,2%) especificando outras opções.

Figura 30: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre adequações paisagísticas pela análise
perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100
90
80
70
60 57,5

50
40
30
20 15,0
10,4 11,2
10 5,9
0
Arborização Pontos turísticos Áreas verdes Vias públicas Outras
Praças

Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).
129

Com referência à segunda questão – sobre o que poderia ser melhorado


na paisagem de Foz do Iguaçu –, a infraestrutura foi a mais citada (191 dos
respondentes – 49,6%) (Figura 31), seguida pela manutenção da arborização (98–
25,4%), espaços públicos (33 – 8,5%) e poluição visual (14 – 3,6%), com o restante
(50 – 12,9%) mencionando possibilidades diversas.

Figura 31: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre indicativos de melhoria paisagística


pela análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100
90
80
70
60
49,6
50
40
30 25,4
20 12,9
8,5
10
3,6
0
Infraestrutura Espaços Públicos Manutenção Poluição visual Outro
arborização

Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).

Em relação à terceira pergunta – sobre como seria possível melhorar a


qualidade da paisagem de Foz do Iguaçu, foram apontados o planejamento e
projetos (142 respondentes – 36,8%) (Figura 32), seguidos pela manutenção (100 –
25,9%), investimentos (42 – 10,8%), políticas públicas (33 – 8,5%) e conscientização
da população (27 – 7,0%), com o restante (42 – 10,8%) de respostas diversas.
130

Figura 32: Gráfico de proporcionalidade de respostas sobre possibilidades de melhoria paisagística


pela análise perceptual da paisagem urbana de Foz do Iguaçu

100
90
80
70
60
50
36,9
40
30 25,9
20
10,8 10,8
10 8,5 7,0
0
Planejamento Política Conscientizar Investimentos Manutenção Outros
projetos públicas população

Fonte: Elaborada com base nas respostas do questionário definitivo (Apêndice B).

As respostas acima retratam as aspirações da população consultada, em


seu conhecimento e reconhecimento sobre o lugar em que vive, circula e trabalha.
Ao responder que o que mais lhes agrada em Foz do Iguaçu é a arborização viária,
os respondentes destacam um componente do sistema natural, o qual é presenciado
com maior incidência nas áreas centrais e nas principais avenidas, sendo raro nos
bairros. Ao se observar as fotos sorteadas para o questionário, verifica-se que
aparece em poucas ruas, sem o devido estabelecimento de critérios e o adequado
processo de planejamento.
As áreas verdes e praças também são citadas, indicando que, mesmo
com poucos espaços públicos de qualidade e bem estruturados, a população os
valoriza e os qualifica. Vale ressaltar que a cobertura vegetal assume relevante
importância na paisagem urbana e, quando devidamente planejada, pode trazer
inúmeros benefícios para a qualidade ambiental e de vida da população (HARDT,
2000).
Sendo a infraestrutura, pertinente ao sistema antrópico (ambiente
construído), a mais citada para o questionamento sobre o que é preciso ser
melhorado, depreende-se que a sua insuficiência e a sua desestruturação produzem
prejuízos paisagísticos para a cidade de Foz do Iguaçu. Assim, cabe repetir que
Criado (2012) sustenta que a degradação visual por causas naturais ou antrópicas
deteriora cenas valiosas e gera cenários de baixa qualidade.
131

As opiniões para alternativas para melhoria paisagística de Foz do Iguaçu


divididas em maiores proporções entre planejamento, projetos e manutenção
revelam que ainda há necessidade de conscientização do próprio cidadão para que
tenha participação efetiva nas deliberações urbanísticas. Ao repassar a
responsabilidade para o poder público, a percepção quanto à qualidade e à
deterioração paisagística, como também a indicação de respectivas ações, ficam
relegadas aos gestores urbanos.
Vale relembrar que Costa (2009) cita que deve ser uma meta do Estado
conscientizar a população sobre a importância de sua participação nas tomadas de
decisões. Como argumenta Nogué (2007), as sociedades transformam as paisagens
naturais em culturais, sendo a projeção da sua cultura em um espaço determinado;
assim, a paisagem das cidades é uma transformação coletiva da natureza. Para
Hardt (2000, p.214), sua avaliação integrada é “produto do inter-relacionamento da
interpretação individualizada do ambiente, embasada no seu espaço visual, com a
percepção da experiência humana considerada a partir das preferências visuais dos
observadores”, como abordado na próxima subseção.

4.3 INTEGRAÇÃO PROPOSITIVA

Como disposto na subseção 2.4 – Referencial crítico – da seção 2 –


Estruturação metodológica, adiante são estabelecidos inter-relacionamentos entre
os resultados antes apresentados. Essa integração visa à indicação de proposições
para a gestão da paisagem urbana, de maneira específica – para Foz do Iguaçu – e
de forma genérica – para cidades em geral.
Como citado anteriormente, a paisagem pode contribuir como força
central no planejamento urbano, sendo um fator de organização espacial quando a
seu agenciamento deixa de ser meramente uma técnica de embelezamento para
revelar a história de sua população (SANTOS, 2004). Nesse sentido, os resultados
de caracterização paisagística de Foz do Iguaçu, dispostos na subseção 4.1,
permitem o diagnóstico sintético de que existe uma riqueza hídrica na cidade, com
rios e córregos que deveriam ser melhor aproveitados como forma de valorização e
aumento da qualidade de vida, a partir da implantação de parques lineares em sua
faixa de proteção. No entanto, em suas margens há predomínio de ocupações
irregulares e ausência de mata ciliar.
132

A cobertura arbórea representa apenas 19,7% da área urbana e, em sua


maioria, não é de uso público; por sua vez, praças e pequenos parques estão em
situação de abandono e a arborização viária está disposta quase que
exclusivamente em algumas de suas principais vias, ficando os bairros deficientes
da sua presença. Esses fatos são derivados, a princípio e em parte, da construção
da usina de Itaipu, que teve como impacto negativo a expansão da malha
urbanizada sem o devido planejamento, originando uma cidade com crescimento
populacional de quase 300% em apenas uma década.
Em síntese, falhas nesse processo, devidas à insuficiência de
investimentos e à falta de efetiva implementação do planejamento proposto, além do
melhor tratamento dos espaços, alteraram a estrutura urbanística. Por sua vez, a
falta de moradia gerou invasões e áreas sem infraestrutura. Para o enfrentamento
dessas questões, os gestores públicos devem ter plena ciência de que a qualificação
e a valorização paisagística têm papeis fundamentais no processo de planejamento
urbano (SANTOS; HARDT, 2013), que deve dispensar a devida importância à
paisagem propriamente dita.
A Tabela 12 sintetiza os resultados específicos de qualificação
paisagística de Foz do Iguaçu (ver subseção 4.2) segundo as análises técnica e
perceptual. Da sua observação por foto, nota-se que alguns dados estão alinhados e
outros conflitantes, ou seja, com desconformidades significativas, as quais significam
que a imagem é representativa de uma região com uma condição de qualidade pela
avaliação técnica e outra muito diversa pela perceptual (mais de uma classe de
deslocamento); quando os posicionamentos são vizinhos, para cima ou para baixo,
essa diferença não é significativa, na medida em que outras quantidades de recortes
classificatórios poderiam enquadrá-las no mesmo intervalo.
133

Tabela 12: Síntese de resultados percentuais das análises técnica e perceptual da paisagem urbana
de Foz do Iguaçu
TÉCNICA PERCEPTUAL
RECONHECIMENT
QUALIDADE PREFERÊNCIA QUALIDADE SENSAÇÃO
O
ZONA
média média
alta alta
alta alta inseguranç
melhor pior sim não segurança
média média a
baixa baixa
baixa baixa

Foto 01 15,0 0,0 72,5 47,7 17,6 0,3 ZR4

Foto 02 18,5 1,3 93,5 46,9 0,5 4,4 ZEU

Foto 03 0,0 8,8 97,2 49,7 0,7 4,1 ZR3

Foto 04 0,8 5,0 87,3 52,3 0,0 8,5 ZEU

Foto 05 1,0 0.8 53,4 61,9 1,0 0,6 ZR2

Foto 06 4,6 3,6 80,6 49,5 2,3 0,0 ZR2

Foto 07 9,0 1,5 91,7 38,3 1,5 26,0 ZEU

Foto 08 2,0 11,2 63,7 48,4 0,5 5,4 ZR2

Foto 09 1,6 1,3 98,4 49,0 1,0 4,1 ZR2

Foto 10 0,8 4,1 97,2 57,0 0,0 1,8 ZR3

Foto 11 1,0 22,6 66,8 45,1 8,3 3,6 ZCE

Foto 12 10,6 1,6 50,5 43,5 3,1 1,5 ZR1

Foto 13 1,8 0,5 50,0 45,3 2,3 0,8 ZR5

Foto 14 0,8 7,3 83,9 47,2 0,7 0,6 ZR2

Foto 15 11,6 0,2 89,6 56,0 24.0 0,8 ZR2

Foto 16 0,5 12,5 99,2 52,3 1,5 7,8 ZEU

Foto 17 0,0 0,5 98,2 54,9 1,5 4,6 ZR2

Foto 18 0,8 10,2 96,1 48,2 1,2 13,7 ZEU

Foto 19 15,5 1,0 50,8 50,3 29,5 0,8 ZC

Foto 20 4,1 6,0 98,4 51,6 2,8 10,6 ZEU

Fonte: Elaborado com base nos resultados da subseção 4.2 – Classificação paisagística.
Notas: ZC = Zona Comercial
ZCE = Zona de Comércio e Exportação
ZEU = Zona de Expansão Urbana
ZR1 = Zona Residencial de Baixa Densidade
ZR2 = Zona Residencial de Média Densidade
ZR3 = Zona Residencial Popular de Média Densidade
ZR4 = Zona Residencial de Alta Densidade
ZR5 = Zona Residencial de Verticalização
XXX = desconformidades significativas
134

Notam-se desconformidades significativas entre as fotos 04, 07, 16, 18 e


20, todas localizadas em Zona de Expansão Urbana (ZEU). A melhor classificação
técnica da primeira fotografia (classe alta) é oriunda da sua localização em altitudes
mais elevadas que as demais, com considerável cobertura vegetal. Pela análise
perceptual, a população a avaliou como de média baixa qualidade devido a
insuficiências de infraestrutura, à falta de elementos construídos em seu entorno e à
incipiente ocupação espacial. Da mesma forma, as fotos 07, 18 e 20 foram
enquadradas na alta qualidade em termos técnicos, porém transmitindo elevada
sensação de insegurança frente ao reduzido grau de urbanização em seu entorno.
As condições paisagísticas de Foz do Iguaçu vêm sofrendo degradações
e fragmentações territoriais no decorrer da história e a presente pesquisa obteve
resultados pouco favoráveis quanto à sua qualidade. Assim, no âmbito da gestão
pública, propõe-se estudar a implementação de projetos de valorização da paisagem
como parte integrante do plano diretor municipal, que consiste em um dos
instrumentos reguladores de desenvolvimento urbano, somente consolidado por
meio de programas de ação, participação popular e sistemas de informações
(PMPA, 2000).
No escopo dos projetos sugeridos, deveriam ser apontadas soluções para
a minimização dos impactos do passado e para a definição da capacidade futura dos
cenários de Foz do Iguaçu segundo os resultados encontrados neste trabalho, em
especial com referência a parâmetros e componentes urbanísticos. Hardt (2016) cita
que atividades de planejamento desenham a paisagem, a qual é resultante do
gerenciamento do espaço; assim, a qualificação paisagística deve ser discutida e
planejada, devendo ser parte estruturante do plano diretor municipal. Nesse
contexto, deve-se recordar que Rezende e Castor (2005, p.27) citam que a gestão
urbana destina-se “à qualidade da infraestrutura e dos serviços urbanos, propiciando
as melhores condições de vida e aproximando os cidadãos nas decisões e ações da
governança municipal”.
A paisagem pode ser considerada como um vetor de inclusão, ou seja,
como instrumento de compreensão dos processos de apropriação e alteração
urbanística (SANTOS, 2004). Em paralelo, uma cidade deve atender à diversidade
de características urbanas reivindicadas pela própria população (LING, 2017). Ao se
associar o citado programa com outros de desenvolvimento urbano e ambiental,
pode-se adotar o planejamento estratégico, o qual, como citado por Lopes (2004),
135

consiste em programação de atividades, elaboradas com a aprovação dos setores


público e privado, sendo fundamentado o comprometimento dos mesmos.
Vale lembrar que o sentimento de pertencimento de lugar e identidade da
população influencia o ordenamento do território, como base do trabalho, da
residência, das trocas materiais e espirituais e da própria vida (SANTOS, 2000). Ao
levar em conta esses aspectos, os cidadãos devem participar das decisões políticas
no âmbito da gestão da qualidade da paisagem urbana (HARDT, 2000), pois
somente com o fortalecimento da cidadania é que são sustentadas as estruturas de
governo, sendo nele que melhor é construída uma comunidade (SEIXAS, 2013).
Nessa perspectiva, o plano diretor municipal atua como regulador de
ações. Assim, o Município, ao implantar estratégias com visão global, tem a
capacidade de superar suas deficiências e capitalizar suas potencialidades, a partir
da definição das estratégias a serem desenvolvidas, direcionando os recursos a
serem aplicados para a concretização de objetivos, ações e projetos. Os resultados
são, então, tangíveis e com efeitos significativos para a cidade e sua paisagem.
Como o município está em região de fronteira, faz-se necessário o estudo
continuado da paisagem transfronteiriça, pois seu reconhecimento como bem
patrimonial comum trinacional (Argentina, Brasil e Paraguai) permitiria a união de
esforços para a sua proteção, com responsabilidade compartilhada entre as nações.
136

5 CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados, a hipótese de investigação é aceita,


pois se observa que alguns parâmetros e componentes urbanísticos propiciam a
redução ou a ampliação da qualidade da paisagem. Pela sua redefinição, tem-se,
então, a possibilidade de mitigação de impactos paisagísticos do passado e de
análise da capacidade futura de cenários urbanos.
Quanto aos procedimentos metodológicos adotados na pesquisa, foi
possível diagnosticar as vantagens do método indireto pelas suas propriedades de
cunho técnico, imprimindo maior vinculação com a realidade local. Por sua vez, a
utilização do método direto, por meio da avaliação da experiência humana a partir de
fotografias de setores urbanísticos selecionados aleatoriamente, permitiu a
inferência do grau de satisfação da população em relação a determinados
compartimentos paisagísticos, possibilitando a detecção antecipada de algumas
indicações para gestores e planejadores de cidades conforme solicitações e
avaliações dos cidadãos. Ambos os métodos se mostram, então, de grande valia
para estudos empíricos, apontando algumas referências técnicas e perceptuais de
desenvolvimento do ensaio metodológico próprio, como previsto no primeiro objetivo
específico da dissertação.
Por outro lado, o aprofundamento do referencial teórico permitiu maior
grau de entendimento do tema e a definição conceitual da paisagem planejada,
visando ao atendimento do segundo objetivo específico, bem como à determinação
de subsídios para pesquisas futuras. Vale destacar a necessidade de investigações
contínuas acerca do agenciamento paisagístico de cidades, vista a sua importância
no planejamento e gestão urbana.
Em termos da discussão dos resultados, a descrição da paisagem
selecionada para o estudo de caso em Foz do Iguaçu, pertinente ao terceiro objetivo
específico, foi fundamental para a análise quantitativa (método indireto) e qualitativa
(método direto) das variáveis da área estudada, visando à classificação das
unidades paisagísticas. Com o levantamento de campo, foi possível observar
aspectos derivados de dois momentos essenciais: anterior e posterior à construção
da usina de Itaipu. No primeiro, a cidade crescia lentamente, mas no segundo,
houve expressiva expansão demográfica, com aumento da população em cerca de
137

300% em dez anos, fato este que acarretou degradação ambiental e estrutural da
malha urbana. Mesmo diante da existência de plano diretor, não foi possível conter
os danos causados pelo crescimento desordenado.
Nos âmbitos técnicos e perceptuais, como apontado no quarto objetivo
específico da investigação, a paisagem foi avaliada qualitativa e quantitativamente
pelo método indireto, utilizando-se procedimentos adequados para territórios
extensos, de desagregação dos componentes paisagísticos. À análise de aspectos
do ambiente natural e do meio antrópico, baseada em técnicas de
geoprocessamento para vinculação de cada contexto temático ao sistema de
valoração proposto, foi vinculada a álgebra de mapas para a valoração da paisagem
e sua classificação de qualidade visual. O principal resultado desses procedimentos
é a indicação prioritária da classe média baixa, apontada para 60,2% da área
urbana.
Por outro lado, a classificação perceptual foi efetivada a partir da
aplicação de questionários à população, com vistas à identificação das suas
preferências visuais. Nesse âmbito, recomenda-se que o mesmo não seja tão
extenso, visto que, ao tornar-se cansativo, o respondente não o finaliza. Esta foi uma
dificuldade encontrada no desenvolvimento do trabalho, apesar de ter sido
alcançado o índice amostral desejado.
Nesse estágio, os resultados também apontam para a mesma classe
média baixa de padrões qualitativos, com reconhecimento de deficiências como a
degradação de visuais, a sensação de insegurança e a insuficiência de manutenção
e investimentos, as quais são mais observadas em zonas de menor renda,
assinalando que gestores municipais devem dispensar maior atenção a esses locais.
Depreende-se, assim, que além de alguns parâmetros urbanísticos promoverem
melhores condições paisagísticas que outros, também prevalecem na paisagem
certos elementos determinantes de condições visuais favoráveis ou adversas, como
esboçado na questão-problema apresentada na seção introdutória deste
documento.
O quinto objetivo específico foi alcançado pela síntese de elementos
estruturantes do território e por princípios de arquitetura da paisagem, resultando na
indicação da implementação de projetos de valorização paisagística como parte
integrante do plano diretor municipal. Dessa maneira, o planejamento local e a
gestão urbana são direcionados à conservação do ambiente, à participação da
138

população e ao reordenamento do território, com vistas a soluções futuras de


integridade urbanística, com reflexos na melhoria da qualidade de vida, na
ampliação da qualificação de cenários urbanizados e na recuperação de ambientes
deteriorados. Tem-se, assim, concretizado o alcance do objetivo geral da pesquisa
de avaliar a qualidade da paisagem urbana, reconhecendo sua diversidade e seus
valores.
Portanto, a importância deste estudo está voltada, em primeira instância,
ao planejamento da paisagem aplicada à gestão pública, concluindo-se que as
administrações municipais devem contemplar conceitos mais amplos, adaptáveis ao
lugar e às pessoas, com possibilidades de as instituições governamentais
planejarem e orientarem suas ações para a configuração de paisagens urbanas
sustentáveis. Nessa conjuntura, um dos principais papeis do gestor consiste em
alcançar melhores resultados ambientais, sociais e econômicos, não descartando a
participação do cidadão no processo de tomada de decisões.
A pesquisa também contribui para as áreas científicas e técnicas, pois seu
aprofundamento nos fundamentos dos temas associados ao planejamento e gestão
urbana é de especial interesse para espaços fronteiriços, como é do caso de Foz do
Iguaçu. Essa assertiva estimula novas investigações, visando ao compartilhamento
de responsabilidades entre nações para a garantia da qualidade da paisagem
planejada em cidades.
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VITTE, Claudete de Castro Silva. O planejamento territorial e a dimensão espacial


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152

APÊNDICES

APÊNDICE A:
MODELO DE QUESTIONÁRIO PRELIMINAR

PERCEPÇÃO DA PAISAGEM URBANA


Este questionário é parte integrante da dissertação de Mestrado em Gestão Urbana, da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Sua colaboração é fundamental, sendo que as informações
prestadas são sigilosas, não existindo respostas certas ou erradas.
Sinceros agradecimentos

Dados do entrevistado
Sexo: Morador de Foz Escolaridade
[ ] Masculino [ ] Sim [ ] Ensino Fundamental incompleto
[ ] Feminino [ ] Não [ ] Ensino Fundamental completo
[ ] Ensino Médio incompleto
Idade: Bairro onde mora: [ ] Ensino Médio completo
[ ] Superior incompleto
_____ anos [ ] Superior completo

Análise de fotos
153

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 1
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 2
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 3
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança
154

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 4
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 5
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança

1. Você identifica o local das fotos


ao lado? Se sim, identifique

FOTO 6
Alta Média alta Média baixa Baixa
2. Ao observar
Qualidade da
as fotos,
paisagem
classifique-as
Qualidade dos
de acordo com
elementos
os aspectos a
naturais
seguir (marque
Qualidade dos
com um X a
elementos
coluna que
construídos
corresponde à
sua opinião) Sensação de
segurança
155

APÊNDICE B:
MODELO DE QUESTIONÁRIO DEFINITIVO

PERCEPÇÃO DA PAISAGEM URBANA DE FOZ DO IGUAÇU

Este questionário é parte integrante da dissertação de Mestrado em Gestão Urbana, da Pontifícia


Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Sua colaboração é fundamental, sendo que as
informações prestadas são sigilosas, não existindo respostas certas ou erradas.

Sinceros agradecimentos
Elisiana Alves Kleinschmitt

Questionário realizado via internet através do Google Formulários


https://goo.gl/forms/5QMQnLYXyfizVatt1

Dados do entrevistado

1) Sexo
[ ] Masculino
[ ] Feminino

2) Idade
anos

3) Morador de Foz:
[ ] Sim
[ ] Não

4) Bairro onde mora:

5) Tempo que reside em Foz (anos e meses)


_________________________________________________________________
__

6) Escolaridade
[ ] Ensino Fundamental incompleto
[ ] Ensino Fundamental completo
[ ] Ensino Médio incompleto
[ ] Ensino Médio completo
[ ] Superior incompleto
[ ] Superior completo
[ ] Especialização
[ ] Mestrado
[ ] Doutorado
156

7) Analise as fotos das paisagens abaixo e marque qual você acha ser a
melhor e a pior paisagem
157

a) Qual você acha ser a melhor paisagem? (marcar somente uma opção)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

b) Qual você acha ser a pior paisagem? (marcar somente uma opção)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
158

8) Com relação à imagem 01

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


159

9) Com relação à imagem 02

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


160

10) Com relação à imagem 03

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


161

11) Com relação à imagem 04

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


162

12) Com relação à imagem 05

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


163

13) Com relação à imagem 06

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


164

14) Com relação à imagem 07

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


165

15) Com relação à imagem 08

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


166

16) Com relação à imagem 09

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


167

17) Com relação à imagem 10

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


168

18) Com relação à imagem 11

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


169

19) Com relação à imagem 12

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


170

20) Com relação à imagem 13

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


171

21) Com relação à imagem 14

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


172

22) Com relação à imagem 15

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


173

23) Com relação à imagem 16

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


174

24) Com relação à imagem 17

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


175

25) Com relação à imagem 18

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


176

26) Com relação à imagem 19

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


177

27) Com relação à imagem 20

a) Você identifica o local da foto acima?

Sim

Não

b) Se você identificou o local da foto acima, informe-o abaixo:

c) Ao observar a foto, classifique-a de acordo com o aspecto a seguir:


178

28) Analise as fotos abaixo e marque qual dá mais impressão de


segurança e qual da mais sensação de insegurança
179

a) Qual das fotos acima dá mais impressão de segurança?


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

b) Qual das fotos acima dá mais sensação de insegurança?


1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
180

29) Na sua opinião, qual a situação da paisagem dos espaços públicos de


Foz do Iguaçu?

30) O que você acha bom na paisagem de Foz do Iguaçu?

31) O que você acha que deve ser melhorado na paisagem de Foz do
Iguaçu?

32) Como seria possível melhorar a qualidade da paisagem de Foz do


Iguaçu?

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