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Projeto aprovado CNPQ

Research Proposal · April 2019

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1 author:

Andrei Crestani
Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
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Lugares e territórios no espaço urbano View project

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CNPQ | Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

PROJETO PARA CHAMADA UNIVERSAL MCTIC/CNPQ no 28 | 2018

Além da matéria
uma investigação da produção da
cidade em sua dimensão imaterial

Setembro | 2018
1
SUMÁRIO

SUMÁRIO ................................................................................................................................................................. 1

1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA ......................................................................................................2

2. DADOS DO PROPONENTE E EQUIPE ...........................................................................................2

3. ÁREA(S) DO CONHECIMENTO PREDOMINANTE(S) ............................................................2

4. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................................... 6

4.1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................................6


4.2. DE CIDADES IMATERIAIS E SUA RELAÇÃO COM A MATERIALIDADE .................................. 8
4.3. DA CARTOGRAFIA CRÍTICA COM MEIO E PRODUTO DO IMATERIAL ................................... 9

5. METODOLOGIA PROPOSTA ............................................................................................................. 11

6. ETAPAS DE EXECUÇÃO ..................................................................................................................... 19

6.1. CRONOGRAMA DA PESQUISA ...................................................................................................................22

7. PRODUTOS ESPERADOS .................................................................................................................. 22

8. PERSPECTIVAS DE COLABORAÇÕES INTERINSTITUCIONAIS ................................ 23

9. COLABORAÇÕES EXISTENTES ..................................................................................................... 23

10. PERSPECTIVAS DE COLABORAÇÕES INTERINSTITUCIONAIS .............................. 24

11. RECURSOS DE OUTRAS FONTES ............................................................................................. 24

12. DISPONIBILIDADE DE INFRAESTRUTURAPARA DESENVOLVIMENTO ........... 25

13. ORÇAMENTO ..........................................................................................................................................26

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................... 27
2
1. IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA

Título Além da matéria: uma investigação da produção da


cidade em sua dimensão imaterial

2. DADOS DO PROPONENTE E EQUIPE

Proponente e Prof. Dr. Andrei Mikhail Zaiatz Crestani (PUCPR)


Coordenador Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Escola de Arquitetura e Design

Pesquisadores Prof. Dra. Regina M. M. de Araújo Klein (PUCPR)


Prof. Dra. Sylvia Ramos Leitão (PUCPR)
Prof. Me. Willian Carlos Siqueira Lima (PUCPR)
Prof. Me. Adriana Cristina Corsico Dittmar (PUCPR)
Escola de Arquitetura e Design
Curso de Arquitetura e Urbanismo

Prof. Dra. Letícia Nerone Gadens (UFPR)


Departamento de Arquitetura e Urbanismo

Prof. Dr. Julio Cesar Pedrassoli (UFBA)


Prof. Dra. Patricia Lustosa Brito (UFBA)
Departamento de Engenharia de Transportes e Geodésia

Prof. Dr. Carlos Tapia Martin (ETSAS)1


Departamento de Historia, Teoría y Composición Arquitectónicas

Instituição Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)


Participante

3. ÁREA(S) DO CONHECIMENTO PREDOMINANTE(S)


Grande área 6.00.00.00-7 Ciências Sociais Aplicadas
Sub-área: 6.05.00.00-0 Planejamento Urbano e Regional

1
Universidad de Sevilla: Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Sevilla
3
Resumo

Além da matéria é uma proposta de investigação da produção da cidade


desde sua dimensão imaterial. A dimensão imaterial é entendida aqui como
aquela tecida nas trocas cotidianas coletivas, no tempo atual e póstumo
entre relações de memória, apropriação coletiva, resistências e disputas. Tal
dimensão é arejada também no exercício político do espaço: como lugar
que restitui a possibilidade do direito à cidade por todos os cidadãos entre
suas diferenças.

Na continuidade de uma trajetória de investigação desta equipe de


pesquisadores que se voltou ao interesse sobre a (re)produção do espaço
urbano a partir de dimensões que excedem a forma construída, despertou-
se um incômodo quanto a carência de um repertório mais robusto no trato
metodológico da cidade capaz de reunir seus aspectos invisíveis aos
visíveis, lacuna esta que se alarga especialmente considerando a
especificidade nacional brasileira de pesquisas neste âmbito.

A fim de superar abordagens que dissociam cidade material e imaterial, esta


pesquisa propõe uma aproximação do espaço urbano que restitua ambas
dimensões, desenvolvendo-se em torno de um problema de "dois tempos":
1) como estruturar e produzir uma cartografia capaz de capturar a dimensão
imaterial do espaço e relacioná-la a espacialidade da cidade material? 2) É
possível caracterizarmos “tipologias de arranjos” como categorias
explicativas das relações entre cidade material e imaterial?

Como objetivo geral, propõe-se interpretar a produção da cidade


relacionando, pela via do cotidiano, atributos de suas dimensões física e
imaterial (da memória, das apropriações, das sensações e do simbólico), a
fim de reconhecer como o invisível (porém sensível) também informa e
produz cidade, devendo ser incorporado como componente fundamental
no estudo e ações concretas sobre o espaço urbano.

Do ponto de vista metodológico, a pesquisa caracteriza-se como


exploratória e de uso aplicado, objetivando gerar conhecimentos técnicos
e científicos em torno da dimensão imaterial da cidade, que sejam passíveis
de aplicação teórica e prática na cidade. Na fase analítica serão explorados
contextos reais – utilizando a cidade de Curitiba/PR como unidade de
análise, especialmente pelo perfil histórico-político da cidade que desde a
década de 1970, esteve fortemente orientada ao resguardo de conjuntos
paisagísticos e arquitetônicos vinculados a símbolos, memória e
significados imateriais da cidade. A motivação para o estudo da cidade se
justifica também a partir de pesquisas empíricas anteriores, onde notou-se
que contextos físicos com foco das políticas locais de resguardo da
memória, não acompanham e/ou ressaltavam locais que atualmente
imantam maior intensidade de relações de apropriação cotidiana e
significação coletiva.

A análise empírica aqui proposta, diferentemente de outras pesquisas na


área, não se apresenta obedecendo uma intenção de expor e contrapor a
relação teoria-prática para validar ou refutar uma hipótese sustentada. As
cartografias das quais esta pesquisa trata não se determinam a priori:
importará mais a exploração do conteúdo que se torna sensível a partir de
práticas, contextos e sujeitos; sobrepondo presenças e ausências; ruídos e
silêncios; códigos e sentidos expostos; temporalidades atuais e passadas.
4
É sobre a composição de um olhar “outro” sobre a cidade que essa pesquisa
se debruça, deslocando-se da posição habitual de certeza sobre como
mapear relações e traduzir a realidade (em sentido euclidiano), para
investigar como o cotidiano pode nos conduzir a um processo de
questionamento de nossas certezas. Ao final, a postura da pesquisa é de
reencontrar dimensões invisibilizadas, mas que resistem e guardam novas
linhas de entrada na investigação da realização da cidade – uma escolha
que valoriza a experiência-análise e mantém o “mapa” aberto.

Palavras cidade imaterial . invisibilidades urbanas . cotidiano. memória coletiva


chave apropriação . cartografia crítica

Abstract “Beyond the matteriality” is a research proposal about the production of the
city departing from its immaterial dimension. The immaterial dimension is
understood on this work as the one that arises from the everyday collective
interchanges, in the present and past time among relations of collective
memory, appropriation, resistances and disputes. Such dimension is also
activated at the political practice of space: as a place that restitute the
possibility of the right to the city for every citizen and their differences.

As part of a collective research trajectory, this team of researchers has a


particular interest on the theme “(re) production of urban space from
dimensions that exceeded the constructed form”. Some of our research
projects awakened a nuisance about the lack of a more robust repertoire in
the methodological approach of the city capable of bringing together its
invisible to the visible aspects - a gap which is widened especially
considering the Brazilian specificity of research on this matter.

In order to overcome approaches that dissociate material and immaterial


city, this research proposes an approximation over the urban space that
restores both dimensions, raising a dual research question: 1) how to
structure and produce a cartography capable of capturing the immaterial
dimension of space and relate it to the spatiality of the material city? 2) Is it
possible to recognize "typologies of arrangements" as explanatory categories
of relations between material and immaterial cities?

The main goal is to interpret the production of the city based on the analyses
of everyday life, taking into account how the attributes of its physical
dimension are tied to its immaterial dimension (of collective memory,
appropriations, sensations and symbols), in order to recognize how the
invisible city (but still sensible) also produces the city, and may be
incorporated as a fundamental component in the study and concrete
interventions on urban space.

From the methodological point of view, the research is characterized as


exploratory and applied use, aiming to generate technical and scientific
knowledge about the intangible dimension of the city, which could be
applied theoretically and practically on the city. In the analytical phase, real
contexts will be explored - using the city of Curitiba / PR as a unit of analysis,
especially for the historical and political profile of the city that since the
1970s was strongly oriented to the protection of architectural and
5
architectural ensembles linked to symbols, memory and immaterial
meanings. The motivation for the study of the city is also justified from
previous empirical research, where it was observed that physical contexts
with focus on the local memory protection policies did not follow and / or
emphasize places that currently iman greater intensities of everyday
collective appropriation and meaning.

The empirical analysis proposed here, unlike other field research, does not
intend to expose and contrast the theory-practice relationship to validate or
refute a sustained hypothesis. The cartographies in this research are not
determined a priori: it will matter more the exploitation of the content that
becomes sensitive from practices, contexts and subjects; overcoming
presences and absences; noises and silences; codes and directions; current
and past temporalities.

It is about the composition of a "different glimpse” at the city that this


research is about, shifting from the habitual position of certainty about how
to map relationships and translate reality (in the Euclidean sense), to
investigate how everyday life can lead us to a process of questioning our
certainties. In the end, the research's position is to rediscover invisible
dimensions, but that show to resist and point out new lines of input in the
investigation of the production of the city- a choice that values experience-
analysis and keeps the "map" open.

Keywords immaterial city. Urban invisibilities . collective memory . collective


appropriations . everyday life . critical cartography
6
4. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
4.1. INTRODUÇÃO

Para além das camadas da materialidade urbana existe um estrato sensível


por onde interagem significados da memória coletiva. Alguns destes significados
são comunicados pela corporificação de elementos construídos - monumentos
consagrados ou formas físicas apropriadas-, enquanto outros extrapolam a
visibilidade e se fazem sensíveis por meio de relações intangíveis da experiência
entre sujeito e espaço vivido.
Pessoas não apenas experimentam o espaço, mas também sentem o
espaço e imaginam através do espaço. A cidade, portanto, não apenas dá forma
ao mundo social existente (experimentado e entendido como uma condição
concreta da vida), mas também a dimensões sociais outras, a mundos que podem
inspirar a ação e comunicar significados coletivos (STAVRIDES, 2010).
Em trabalho anterior (CRESTANI; KLEIN, 2017) se discutiu sobre como
compreender a cidade como forma e formato cultural nos convoca a relacionar
sua concretude com imagens socialmente estabelecidas que também se
referenciam no imaginário, ou seja, em sua dimensão imaterial. As interações
sociais ocorrentes nas micro-geografias urbanas darão o reconhecimento a
determinados espaços como partes da cidade que superam sua materialidade:

Cidades são formas extraordinárias de vida coletiva – meios para


nossas interações em intensidades talvez impossíveis de serem
alcançadas sem sua espacialidade particular. Elas expressam nossa
natureza profundamente comunicativa, habitam nosso imaginário,
amparam e ampliam nossa capacidade de produzir as ideias, artefatos
e técnicas que viabilizam nossa continuidade; e o fazem em uma
escala sempre crescente – uma escala cujo limite não conhecemos
(NETTO, 2014, p.19).

A obra “City Worlds” editada por Doreen Massey com John Allen e Steve
Pile já esclarecia: uma única cidade reúne muitas outras de si mesma. Embora o
espaço material seja o mesmo para todos, o modo como cada sujeito estabelece
relações com o espaço é capaz de constituir diversas cidades imateriais que
convivem, cada qual carregando suas próprias paisagens, sentidos,
temporalidades e espacialidades.
Nesta dimensão imaterial da cidade residem, portanto, apropriações
afetivas que promovem sentidos particulares de pertencimento ao lugar que
conecta o indivíduo ao ambiente coletivamente produzido. Dar tangibilidade a
cidade sensível é reconhecer a necessidade de investigar sobre significados que
unem o homem ao espaço, oportunizando discussões mais profundas sobre
interações entre a imaterialidade e a materialidade que produzem o espaço
urbano.
No âmbito quantitativo, os métodos de análise já avançaram em diversas
frentes com apoio à interpretação da cidade edificada. Quanto ao qualitativo,
embora dispomos de inúmeras pesquisas sobre significados e memórias que têm
desdobramentos nas políticas de patrimônio cultural, estas ainda não alcançam
de forma satisfatória um corpo metodológico que permita uma abordagem para
7
além de diagnósticos descritivos das relações imateriais que operam o cotidiano
da cidade. Nos deparamos, assim, com uma profunda escassez de pesquisas que
ofereçam indicadores robustos o suficiente para alcançar uma isometria no trato
da cidade entre materialidade e imaterialidade.
Se por um lado arquitetos e urbanistas se ocupam da cidade como espaço
privilegiado de reflexão e prática, por outro a bibliografia produzida na área
mostra que nossa consideração às relações imateriais que constituem a cidade
como espaço social praticado que imanta relações imateriais é historicamente
tardia, sendo por muito tempo (até os anos 90) uma discussão retida no âmbito
estético, de gestão e/ou desenho funcional.2
Claramente, a dimensão material (ou física) do espaço tem sua
importância não como mero desenho ou manifestação tangível de
determinações legais, mas especialmente porque ampara e é elemento ativo na
realização de sua dimensão imaterial: sensível pelas
trocas cotidianas coletivas, tecida no tempo atual e póstumo entre relações de
memória, apropriação coletiva, resistências e disputas. Tal dimensão imaterial é
arejada também no exercício político do espaço: como lugar que restitui a
possibilidade do direito à cidade por todos os cidadãos entre suas diferenças.
A cidade se apresenta então na reunião dessas distintas – mas
complementares – dimensões de realização. Nesse sentido, é próprio de sua
natureza a dificuldade de postularmos uma conceituação e metodologia
particular e inequívoca sobre a qual se possa apoiar sem a necessidade do
debate. Ao contrário, é precisamente pela trama de relações e dimensões que
envolvem o seu significado e realização, que nos parece mais adequado pensá-
la antes como questão que não se encerra do que como uma ideia que possa
fixar-se universalmente (DEUTSCHE, 2007).
Considerando a indissociabilidade de suas dimensões material e imaterial,
a arquitetura e urbanismo pouco se propôs a traçar uma trajetória metodológica
e prática capaz de oferecer uma abordagem mais integrativa dessas relações. Nos
ocupamos muito da materialidade, do concreto, enquanto nos desviamos dos
sentidos coletivos, do político e do simbólico do espaço. Quando muito, falamos
de memórias, apropriações e, ainda assim, fixamos tais dinâmicas em legendas,
“médias” aproximadas, diagnósticos que petrificam a cidade em representações
muito achatadas sem de fato alcançar temporalidades, durações, tensões,
disputas, sentidos múltiplos que aí convivem e produzem espaço.
No intento de superar abordagens que isolam cidade material e imaterial
para uma aproximação do espaço urbano que restitua ambas dimensões, esta
pesquisa se desenvolve em torno de um problema de "dois tempos": 1) Como
estruturar e produzir uma cartografia capaz de capturar a dimensão imaterial do
espaço e relaciona-la a espacialidade da cidade material? 2) É possível

2
Camillo Sitte no século XIX estudou a cidade do ponto de vista da qualidade de vida, mas com
grande ênfase sobre o espaço estético e cenográfico. Le Corbusier, um dos arquitetos mais
importantes do século XX (arquitetura e urbanismo moderno), reduz a abordagem do espaço a
questões estruturais e funcionais. Kevin Lynch estuda nos anos 60 “A imagem da cidade”,
preocupado em entender a percepção do espaço a partir dos sujeitos, mas não avançando sobre
a discussão de atributos imateriais (como aspectos sensoriais, memoráveis, simbólicos etc).
8
caracterizarmos “tipologias de arranjos” como categorias explicativas das
relações entre cidade material e imaterial?
O objetivo geral é interpretar a produção da cidade relacionando, pela
via do cotidiano, atributos de suas dimensões física e imaterial (da memória, das
apropriações, das sensações e do simbólico), a fim de reconhecer como o
invisível (porém sensível) também informa e produz cidade, devendo ser
incorporado como componente fundamental no estudo e ações concretas sobre
o espaço urbano. Quanto aos objetivos específicos, optamos por apresentá-los
em momento posterior do texto, na medida em que possuem articulação direta
com a estrutura metodológica e oferecem melhor compreensão após a leitura da
referida seção.
Finalmente, é sobre a composição de um olhar “outro” sobre a cidade que
essa pesquisa se debruça, deslocando-se da posição habitual de certeza sobre
como mapear relações e traduzir a realidade (em sentido euclidiano), para
investigar como o cotidiano pode nos conduzir a um processo de questionamento
de nossas certezas sobre a cidade. Ao final, buscamos reencontrar dimensões
invisibilizadas da cidade, mas que resistem e guardam novas linhas de entrada
na investigação de sua realização.

4.2. DE CIDADES IMATERIAIS E SUA RELAÇÃO COM A MATERIALIDADE

O espaço urbano não é estrutura neutra, mas dotado de imaterialidade


entre signos, símbolos, valores que correspondem a uma ideia de como contar a
cidade, de como apropriar-se dela (ou não), de onde e como somos orientados a
estabelecer nossos lugares coletivos:

Existe – neste movimento entre a visibilidade e invisibilidade da


conformação de “lugares da memória e lugares do esquecimento” –
diferentes planos de percepção, apropriação e significação da cidade.
Os espaços que são memoráveis para os habitantes não
necessariamente são contemplados (pela gestão e/ou mídia) como
locais memoráveis de uma cidade, assim como alguns contextos ditos
oficialmente “históricos” nem sempre são assim apropriados pela
população (CRESTANI, 2017, p. 103).

A cidade imaterial acumula eventos de significação que promovem certa


capilaridade dos espaços apropriados - nos endereços de memórias coletivas
existe a vontade de demorar-se no espaço. Nestes ambientes de permanências de
signos, o sujeito sente-se acolhido e inserido na continuidade da história urbana
e social que o antecede (ASSMAN, 2011; CHOAY, 2006).
Os lugares que incorporam recordações permitem o espelhamento de uma
coletividade. O homem se reconhece nas memórias que reencontra nas cenas de
seu cotidiano. São as permanências semânticas que realizam uma espécie de
costura das lembranças geracionais e perpetuam os significados históricos.
Entretanto, mesmo quando a materialidade da cidade se revela imutável
na sucessão do tempo, a imaterialidade que lhe confere conteúdo pode ser
cambiante, ressignificando-se no trânsito de gerações ou migrando de
espacialidade (SGARD, 2011). Araújo (2010) em sua obra “A cidade sou eu”
9
discutiu que não apenas habitamos as cidades, como somos habitados por elas.
Nesta inter-relação, podemos dizer que na medida em que os sujeitos se
movimentam e se apropriam do espaço, com eles também se desenham cidades
(imateriais) diversas, singulares que apesar de difícil detecção, são transmitidas
“pela inscrição das ações das pessoas no mundo” (ARAÚJO, 2010, p. 200).
Com isso, reiteramos o argumento de Doreen Massey (2005) apresentado
na introdução deste projeto, de que uma cidade contém muitas outras, as quais
apresentam tecidos semânticos ora coincidentes e ora divergentes. Tais tecidos
conformam um conjunto geográfico cujo conteúdo é indissociável das práticas,
ritos e narrativas específicas que os sustentam, fornecendo linhas explicativas
para a preferência ou o repúdio por lugares, percursos, becos, recortes que são
partes queridas da cidade para alguns, enquanto totalmente desprezíveis para
outros.
Interrogar o espaço urbano tendo como filtro tais sentidos da experiência
urbana é aprofundar-se na rede de interações homem-cidade, buscando elucidar
em que medida estas são motivadas pelo espaço concreto, ou também o quanto
são capazes de gerar novos espaços como expressões de uma certa “reconquista
da cidade”.
É assim que a leitura da movimentação de significados urbanos relaciona-
se com as transformações do meio edificado. Investigar a mutabilidade entre a
materialidade e a imaterialidade da cidade permite iluminar motivos da
sustentação do vínculo entre o citadino e sua urbe. É nesta relação que funda a
identidade urbana, que buscamos explicar como se realiza a manutenção de
espaços da memória e/ou espaços do esquecimento com suas interfaces físicas.

4.3. DA CARTOGRAFIA CRÍTICA COM MEIO E PRODUTO DO IMATERIAL

Este projeto nasce como continuidade de uma trajetória de investigação


dos membros desta equipe que se voltou ao interesse sobre a (re)produção do
espaço urbano a partir de dimensões que excedem a forma construída. Além do
interesse epistemológico em torno do tema, o desenvolvimento de pesquisas em
diferentes níveis (como pesquisadores e docentes) despertou um incômodo
quanto a carência de um repertório mais robusto no trato metodológico da cidade
reunindo seus aspectos invisíveis aos visíveis, lacuna esta que se alarga
especialmente considerando a especificidade nacional brasileira de pesquisas
neste âmbito3.
O arquiteto urbanista estuda, analisa e intervém na cidade por meio de
representações do real. Aprendemos desde cedo a traduzir (e/ou produzir)
graficamente as relações que encontramos na cidade em mapas: expressões
visuais que decifrem elementos físicos a fim de constituir a base de nossa atuação.
O mapa como instrumento de operação da realidade acompanha as diferentes
escalas de atuação sobre a cidade: desde o lote até grandes planos regionais.

3
Em geral, o que encontramos são estudos de caso que mimetizam uma série de abordagens para
aplicar diagnósticos a partir de Kevin Lynch (1960), Gordon Cullen (1961), Jane Jacobs (1961),
Whilliam Whyte (1980) e, mais recentemente, Jan Gehl (2010) – entre outros –, mas que
dificilmente superam o plano textual para chegar em proposições cartográficas.
10
Entretanto, como instrumento importante no processo metodológico do
planejamento urbano, ele deveria ser capaz de elucidar aspectos imateriais
forjados no tecido social que funda a cidade como espaço da experiência
coletiva.
Este projeto se propõe a questionar o olhar metodológico habitual no
estudo da cidade, indo especificamente em direção a análise e interpretação da
cidade contemporâneo a partir de sua imaterialidade. Retomando a obra de
Anette Kim (2015) – que encontrou no cotidiano das calçadas a base de suas
reflexões sobre a produção da cidade –, nos deparamos com incômodos comuns
a nossa pesquisa: As possibilidades do mapa não poderiam ser muito maiores do
que praticamos? O que mais poderia ser revelado e aprendido sobre a cidade
através de cartografias alternativas? Até que ponto podemos romper com o
formato habitual de um mapa?

Eu vejo este apanhado de questões como uma entrada pedagógica para


uma agenda de pesquisa fértil, um começo e não a palavra final (KIM,
2015, p. 45).

A cartografia crítica comparece aqui como um termo conscientemente


eleito e distinto de mapa. O mapa supõe uma orientação “permanente”, uma
leitura um tanto ordenadora do espaço, embora não esteja objetivamente "acima"
ou "além" do que representa. Como representação, é este o alcance de um mapa,
ou seja, precisamos desmistificar a perspectiva de qualificar mapas “mais
científicos/pragmáticos” ou “mapas mais conceituais/abstratos” porque na
prática todos são expressivos de discursos subjetivos sobre o espaço que se
queiram reforçados, evidenciados. O mapa também produz espaço segundo
critérios específicos.
Harley (1989) elucida os mapas como: expressão de um conjunto
particular de interesses (concorrentes), incluindo culturais, históricos e políticos.
Como Crampton (2001) também esclarece: os mapas podem ser entendidos pelo
que eles subjugam / ignoram / minimizam (o que Harley [1988] chamou de
silêncios e segredos). O autor continua: a maneira de interpretar mapas não é
como registros da paisagem, mas traçando a forma como eles incorporam o poder
(na criação / regeneração de relações de poder institucionais, como servo / senhor
ou nativo / europeu) e estão impregnados em relações de poder. Mapas não são
inocentes (CRAMPTON, 2001) e também servem para atrair nosso olhar a
mensagens que sejam convenientes para alguns e camuflar outras partes do real.
A cartografia, diferentemente, é expressiva de um processo que admite
maior abertura, sem a necessidade de apontar um acabamento preciso e fechado
(HARLEY, 1989). É claro que as cartografias também englobam intenções
políticas tanto relativas ao que se decide cartografar, como de que modo se
operacionaliza sua apresentação (RENA, 2015). Entretanto, a cartografia
comparece, para este projeto, mais como meio investigativo, do que como
representação fim; mais como descoberta do invisibilizado, do que como
decalque do que já está; mais como produção advinda e em conjunto de uma
experiência cotidiana, do que como um registro do alto e ao longe. Sua natureza
admite que as subjetividades imateriais operem e deem encaminhamentos à sua
forma e extensão de modo mais fluído. Enquanto os mapas nascem com uma
11
meta e parâmetros já determinados a priori, a cartografia nasce e se
dissolve constantemente por relações: “se dá no desembaraçamento das linhas
que a compõem - linhas de invisibilidade, de enunciação, de força, de
subjetivação” (PASSOS; BARROS, 2009, p.5):

A cartografia como método de pesquisa-intervenção pressupõe uma


orientação do trabalho do pesquisador que não se faz de modo
prescritivo, por regras já prontas […]O desafio é o de realizar uma
reversão do sentido tradicional de método – não mais um caminhar
para alcançar metas prefixadas (metá-hódos), mas o primado do
caminhar que traça, no percurso, suas metas (PASSOS; BARROS, 2009,
p. 17).

A cartografia é feita de conexões ao mesmo tempo em que as produz


(RENA, 2015; CRAMPTON, 2001). Ela se concentra e persegue processos em
andamento, admitindo mudar sua orientação na medida em que se desdobra. É
assim então que se mostra como instrumento-experiência a um só tempo e
potente no programa que envolve a investigação da realização da cidade em sua
imaterialidade. “Nos processos cartográficos predominam insurgências em
planos de imanência, semânticas, potências em fluxo que se encontram,
conectando mundos e modos de vida” (RENA, 2015, p. 15). Valoriza assim um
fazer movente, criativo, que se desvela por linhas de ação e não pela
aparente estaticidade.
Navegar admitindo uma cartografia aberta – a descobrir – nos permite
abordar cada pedaço do território urbano como um canal de entrada para uma
série de informações que não estão inscritas em seus mapas oficiais. A pura
dimensão física da arquitetura da cidade não dá conta de informar seu conteúdo.
Os gestos, os corpos, as palavras, os elementos, os olhares, os acenos, os
silenciamentos, as posições, as trajetórias – assim como a estrutura espacial
– compõem, portanto, diversos níveis de realização imaterial da cidade.

5. METODOLOGIA PROPOSTA
Do ponto de vista da natureza do trabalho, esta pesquisa caracteriza-se
como exploratória e de uso aplicado, objetivando gerar conhecimentos técnicos
e científicos para aplicação teórica e prática (estudo e intervenção) da cidade
conjugando suas dimensões imaterial e material. Do ponto de vista da forma de
abordagem do problema, é qualitativa, em que a interpretação dos fenômenos e
a atribuição de significados são as bases do processo.
Quanto aos seus objetivos, a pesquisa estrutura-se em duas fases
complementares: exploratória e analítica. Na fase exploratória são investigados
novos conceitos, ferramentas e modelos visando compor referências que
amparem o aperfeiçoamento de instrumentos de investigação voltados ao estudo
da dimensão imaterial da cidade.
Na fase analítica serão explorados contextos reais – utilizando a cidade de
Curitiba/PR como unidade de estudo a fim de produzir um conjunto de ensaios
empírico-analíticos continuados que permitam validar, entre diferentes etapas, o
procedimento na sequência apresentado como proposta metodológica. Esta fase
12
se concentrará na investigação da dimensão imaterial do espaço, pela via do
cotidiano, construindo leituras que reconheçam relações invisíveis de produção
do espaço urbano.
A escolha de Curitiba como unidade de análise justifica-se especialmente
perfil histórico-político da cidade quanto ao desenho de sua gestão pública que,
desde a década de 1970, esteve fortemente orientada ao resguardo de conjuntos
paisagísticos e arquitetônicos (portanto concretos) vinculados a símbolos,
memória e significados imateriais da cidade. Entretanto, em pesquisas empíricas
anteriores (CRESTANI, 2015; CRESTANI; KLEIN, 2017) notou-se que os contextos
físicos que ganham foco das políticas locais de resguardo da memória, não
acompanham e/ou ressaltam locais que contemporaneamente imantam com
maior intensidade relações de apropriação e significação coletiva.
Nessas pesquisas, concluiu-se preliminarmente que materialidade e
imaterialidade não se sustentam de forma correlata em certos contextos da
cidade, mas ainda não havia sido desenvolvido uma estrutura metodológica que
fosse capaz de perseguir como se desenham as tramas da cidade imaterial,
permitindo interpretar em que medida ela opera sobre a cidade material e vice-
versa. A continuação deste debate culminou no presente projeto a fim de
desenvolver uma abordagem pouco explorada sobre: como ladear dimensões
imateriais e materiais da cidade, e iluminar arranjos desta relação.
O campo aqui, diferentemente de grande parte de outras pesquisas na
área, não se apresenta obedecendo uma intenção de expor e contrapor a relação
teoria-prática para validar ou refutar uma hipótese sustentada. Ele (o
campo) aparecerá aqui como o terreno que é a um só tempo objeto de
investigação e plataforma de ensaio e revisão do procedimento de cartografias da
cidade imaterial como metodologia. Do ponto de vista prático, isso significa que
as cartografias se encontram em um fazer constante, não instituem um limite
prévio, mas se deixam desdobrar a partir de apropriações e os conteúdos que elas
mobilizam, reavivam.
As cartografias das quais esta pesquisa trata, portanto, não se determinam
a priori: não sabemos seus formatos ou extensões (nem nos importam tanto).
Importará mais a exploração do conteúdo que se torna sensível a partir de
práticas, contextos e sujeitos; sobrepondo presenças e ausências; ruídos e
silêncios; códigos e sentidos expostos; temporalidades atuais (da duração, da
imprevisibilidade, da mudança) e passadas (de conteúdos já fixados e/ou
correspondentes a certas representações socioculturais fixadas).
Assumindo a perspectiva empírica aqui formulada, não seria possa falar
de um recorte geográfico fechado 4 para tipologia de investigação empírica
proposta nesta pesquisa. Contudo, denotamos o centro histórico da cidade
(especificamente definido pelo Largo da Ordem) e suas imediações como
potencial área de aproximação com o cotidiano da cidade imaterial. Isso porque,
este contexto sustenta-se como um importante lugar simbólico e concreto da
história de Curitiba, não apenas pela representatividade dos monumentos e
marcos patrimoniais que reúne, mas também por se ratificar como local da

4
Porque o projeto advoga a necessidade de falarmos de uma cartografia contingente, sem fixação
preliminar de bordas de espaço e tempo.
13
convivência de múltiplos tribos urbanas, que estabelecem apropriações
cotidianas de diversas ordens (CRESTANI; KLEIN, 2017).

Figura 1 – Contextualização territorial do Largo da Ordem em Curitiba


Fonte: CRESTANI, KLEIN 2017.

Os pressupostos fundamentais que acompanham o exercício empírico em


busca da cidade imaterial são:

§ não há um início “certo”: o projeto trata de uma investigação atenta


a simultaneidades no/do espaço-tempo capazes de elucidar o que
chamamos de cidade imaterial. Nesse sentido, a proposta é sobre
um jeito de investigar que se encaminhe entre teoria e empiria de
modo paralelo, proporcionando composições cartográficas e
textuais analíticas da cidade, obedecendo a mesma ordem com a
qual percebemos e experimentamos em campo;

§ esta proposta aborda a cidade de um modo pouco convencional (


a partir de sua imaterialidade), seguindo uma determinada
trajetória, a qual não é a única e desde a qual, possivelmente, não
14
somos capazes de avistar todos os desfechos possíveis. Mais do que
a reafirmação de um modelo a ser seguido, trata-se da proposta de
alternativa de perseguir rastros que revelem forças invisíveis da
produção do espaço urbano;

§ os momentos do cotidiano (como campo) serão condutores do


procedimento e do argumento: este será o modo como a discussão
e a investigação será organizada que, ao invés de fixar limites
espaço-temporais a priori, dará chance ao desdobrar, pouco a
pouco, da investigação em campo da rede de práticas do cotidiano.

(Re)Pensar a cidade – para o que este projeto se propõe


tanto teoricamente como em sua prática – requer que avancemos explorando
o cotidiano como meio elucidativo: “Na apropriação (cotidiana) se colocam as
possibilidades da invenção que [...] explora o possível ligando a produção da
cidade a uma prática criadora” (CARLOS, 2007, p. 12).
Para tal, o cotidiano comparece aqui no sentido Lefebvriano: que não é
da mera repetição, mas da imprevisibilidade que oportuniza que o novo apareça.
O autor desenvolve a compreensão da cidade como espaço social,
associando sua (re)produção ao cotidiano como momentum e locus criativo, nos
direcionando à exploração do plano vivido – primordial para o debate da cidade
em sua dimensão imaterial, já que esta se vincula ao tecido urbano social e
político. Seu programa questiona o pensamento cartesiano e matemático do
espaço, para recuperar práticas sociais e suas inscrições invisíveis como
centralidade do debate da produção do espaço.
O argumento de Lefebvre retoma o espaço como obra que não pode ser
sintetizada como objeto autônomo. Para isto, ele propõe uma tríade – ou como
ele prefere chamar: “três momentos” – como planos que interatuam e atravessam
o cotidiano: espaço percebido, espaço imaginado/concebido e espaço
vivido5. Essas três dimensões existem e se relacionam no cotidiano em estado de
incerteza, não havendo hierarquia, pré-disposição, ou ordem a ser
obedecida entre elas.
Essas três dimensões (percebido, concebido e vivido) são propostas como
chaves de entrada de cartografias críticas concentradas na exploração da cidade
imaterial. A apropriação revela-se na teoria lefebvriana como ação (incluindo,
portanto, o tempo) que demarca o espaço social. A apropriação não se encerra
no sentido de posse, e implica relações nas quais o espaço é componente ativo
no ato:
A apropriação não pode se confundir com uma prática próxima dela,
mas distinta: o desvio. Um espaço existente, tendo tido sua finalidade

5
Sinteticamente: espaço percebido diz respeito a percepção dos sujeitos a partir de interações
socioespaciais cotidianas que valorizam e se fundamentam na relação consciente sujeito –
materialidade; espaço concebido: imaginário parcial do espaço que se relaciona à linguagem, às
representações em nível de discurso, descrições, esquemas que sintetizam, teorias e a própria
história; espaço vivido: refere-se a um aspecto sensível que se desenvolve pelas práticas e
apropriações cotidianas, os elos semânticos que se estabelecem com o espaço, sejam eles
memoráveis (que perduram no tempo-espaço) ou não.
15
(sua razão de ser, condicionando formas, funções, estruturas) pode se
encontrar vago e em seguida desviado. Portanto, reapropriado por um
uso outro que o primeiro. […] O desvio e a reapropriação dos espaços
têm um grande sentido e podem servir de ensinamento para a
produção de espaços novos (LEFEBVRE, 2006, p. 234).

O quadro 01 ilustra as conexões até aqui estabelecidas como plano de


referência do procedimento proposto neste projeto. O procedimento respalda-se
no pressuposto de que a investigação da cidade imaterial (desde a definição que
se apresenta neste projeto) deve necessariamente considerar as qualidades das
interações socioespaciais cotidianas. Como esclarecido no quadro, os momentos
criativos encontram nas apropriações coletivas do cotidiano a oportunidade de
suas ocorrências, não havendo posição no mapa onde se possa presumi-las.
É por isso também que espaço percebido, concebido e vivido são
propostas como “linhas de entrada” na tentativa de rastrear cartografias do
invisível. A abordagem de cartografias pelo percebido, concebido e vivido se
coloca como um exercício de descoberta de conteúdos que interagem e
conformam intensidades expressivas de momentos criativos da cidade – uma
escolha que valoriza a experiência-análise e mantém o “mapa” aberto.
O sujeito é aqui componente fundamental para discernir a cidade
imaterial, uma vez que é o que expressa sentidos que produzem o espaço do qual
participa. O quadro 02 – como desdobramento do quadro 1 – detalha uma
proposta de como este sujeito-praticante poderia se articular com as linhas de
entrada investigativa propostas, bem como as técnicas de pesquisa previstas.

 
  

16
  

 

  DIMENSÃO IMATERIAL   DIMENSÃO FÍSICA

Assim, para o que este projeto se propõe é impossível a relação sujeito-espaço-sujeito como centralidade deste programa de pesquisa. O
sujeito é aqui o interlocutor dos sentidos que sustentam a cidade imaterial. O quadro 02 – como desdobramento do quadro 1 –

detalha uma proposta de como este sujeito-praticante poderia se articular com as linhas de entrada investigativa propostas, bem



como as técnicas de pesquisa previstas para aplicação dos distintos contextos de investigação vinculados a este projeto. produção de elos simbólicos
(

¶Ú  ¥œt°»ƒtœÚšœÚ
via de investigação da relação
entre cidade imaterial e material ¬¥e»ÚjÚ©xš©‰lƒƒtetxÚ, ÚÚsignificação do espaço concreto
¶Ú

experiência da vida em comum
   ÃÚ e¬¥e´x©©e
NÚ direito a diferença de expressão e
ºÚ significação da cidade

oœ—wڜ x¥e¥EÚ
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ÚxÚ©xš~ƒtœ©Ú ¥x©xš¬x©Úšœ©Ú Ú Ú
 
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- .<ÚÚÚcomo lugar estabelecido no tempo imprevisto
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;Ú 0Ú ©°Žx„¬œ©Úx´…txšo„eš 0Ú 0Ú 0Ú 2Ú¥x´xetœ©Ú£’œ©Ú©°Žx®¬œ©!Ú
–Ú como ação que demarca espaços simbólicos

0Ú tœÚxx—xš¬œ©ÚtœÚ   txÚe©©Ÿƒe¹fV9Ú 2ÚG©©œo„e¹fœÚxÚešg„©xÚ
   
uy‘yªÚ 1Ú 0Ú ¥x´xe—Ú©x—hš¬„oe©Ú 0Ú 2Úoœš°š¬eÚoœ—ÚxÚHÚ Ú
 0ÚdaL[3ÁÂx_©Ú_
šœ _Ú

    como ato que produ cidade

½^Ú por experencias atravessadas por ritmos
P particulares daquele tempo I espaço

oœš¬x¸¬œ©Ú ©œo„œx© eo„e„©Ú el„„¬eÚ xš¬¥xÚ


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Quadro 1 – Quadro referencial da estrutura do procedimento empírico geral
Elaborado pelo autor, 2018

  
    
 
17
  


:lmagens que o
participante percebe
como expressivas do                     
" S
seu cotidiano
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  $""

 


  


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S !15;GHFCGS0CSD+FI6.6D+BJ1RP 

S .CASKASM1F-CS EK1S 


S 1NDF1GG1SCSG1BH60CS0CSG1KS 
S F157GHFCS7A+51A<S 


S +=+MF+GS01S+GGC.7+/,CS 

S 06F1H+S0CSD+FH7.6D+BH1S

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S 1ASF1>+,CS+SGK+GS  ( 9%S S)))))))S*S 
S 1ND1F62B.6+GS1AS    
  
S .CBH1NHCGS1GD1.63.CGS


S 0+GS.70+01S ( !""SS""
"S#S 




   

  
   
  
  
S -G1FM+,CS08F1H+S0CS   

   
S D1GEK6G+0CFS
S 4.CSB+SEK+?60+01S0+GS

S 6BI1F+/ 1GSGC.7C1GD+.6Q
S +7GS1SG1KGS.CBH1L0CGS

S!‚"S#!SS#!SSS#!
Quadro 2 – Proposta de leitura empírica específica e suas técnicas de pesquisa
Elaborado pelo autor, 2018
18
Tais encaminhamentos convidam a pensar no espaço-tempo como
produção fluída, e não apenas como recipientes. Nota-se uma tendência geral de
muito se “espacializar o tempo”, e poucas tentativas de se “temporalizar o
espaço”. Ou seja: embora não sejam novos os argumentos teóricos da
indissociabilidade da relação tempo-espaço, o tempo (e as temporalidades)
assumem uma posição extremamente tímida ou marginal nos estudos urbanos
empíricos. Mesmo estudos de arquitetura e urbanismo que, como proposto neste
projeto, investem sobre dimensões do simbólico, memória, conteúdos,
apropriações, encontramos poucos referenciais empírico-analíticos
(especialmente cartográficos) que de fato incorporem a dimensão tempo como
ativa. Em geral, o tempo vem associado a dados que decalcam apenas uma
diacronia, que nada mais fazem do que setorizar relações entre “dia e noite”,
“dias da semana” etc. Daí também um grande intento deste projeto: de encontrar
um modo simétrico de investigar e expressar tal indissociabilidade, sem
desprezar a dinamicidade de como temporalidades diversas têm seus conteúdos
ativos na produção da cidade imaterial.
Resgatar o tempo como parte do intertexto da realidade implica assumir
um caminhar mais fluído no cotidiano, que admite relativizar a cronologia para
ler a realidade via simultaneidades e imanências. Isso exprime a necessidade de
abordá-los considerando noções concernentes ao tempo, como: duração,
transitoriedade, transformação, passagem, evento.
O procedimento metodológico como proposto aqui, igualmente,
demanda tempo: de apreensão, de retomadas de locais já visitados, de reflexão
e questionamentos se de fato os contextos já conhecidos não têm mais nada a
dizer. As cartografias se desdobram entre pausas e movimento, assim como
ganham uma certa profundidade na medida em que nos permitimos navegar
pelas temporalidades dos processos, da morfologia, dos símbolos, valores,
práticas, ratificando que o tempo é tão relacional como o espaço.
A investigação da realidade via cartografias visa romper então com
dominâncias iconográficas sobre a cidade. Dito de outro modo: um giro crítico
sobre como podemos questionar variáveis pré-dispostas, instrumentos
quantificáveis que se dizem potentes para avaliar o espaço urbano.
A preocupação nestas cartografias da cidade imaterial se direciona
também como uma prática mais do que representação. Ou como Crang indica:
um tipo de cartografia “menos preocupada com uma questão de "quão preciso é
isso?" e mais engajada em explorar "o que acontece se eu mobilizar isso/aquilo?"
(CRANG, 2003, p. 194).
Tendo entendido o arcabouço metodológico proposto e o objetivo geral6
pontuado na apresentação do projeto, explicitamos então objetivos específicos
deste projeto:

6
Retomando: interpretar a produção da cidade relacionando, pelo cotidiano, atributos da
dimensão física com a dimensão imaterial (da memória, das apropriações, das sensações e do
simbólico), de modo a reconhecer como o invisível (porém sensível) também informa e produz
cidade, devendo ser incorporado como componente fundamental no estudo e ações concretas
sobre o espaço urbano
19
§ Estudo e sistematização teórico-conceitual na abordagem de

Atualização das bases


GRUPO 1

teóricas-conceituais
“cidade imaterial” na arquitetura e urbanismo;
§ Consolidação teórico-conceitual das implicações da distinção
entre mapas e cartografias como formas de representação e leitura
da cidade em suas dimensões física e imaterial;
§ Sistematização teórico-conceitual de técnicas vinculadas a
elaboração de cartografias críticas e seus encaminhamentos
possíveis para o estudo e interpretação da cidade imaterial;

§ Construir uma abordagem aplicada de cartografia que seja capaz


Desenvolvimento de bases
empírico-analíticas
GRUPO 2

de expressar relações de simultaneidades espaço-tempo da cidade


imaterial e os fenômenos que a elas se associam;
§ Articular novos modos cartografar com plataformas e ferramentas
digitais contemporâneas relacionadas ao levantamento e análise de
dados vinculados aos aspectos imateriais da cidade;
§ Desenvolver sistemas de cartografias que elucidem implicações
entre ambiente construído da forma urbana (e as forças das quais
ele é expressão) e a dimensão imaterial mobilizada nas práticas
cotidianas;

§ Analisar, a partir das cartografias, como relações em rede no


Aplicação empírica, produção analítica
e aprofundamento metodológico
GRUPO 3

continuado

cotidiano contribuem para esclarecer processos da (re)produção da


cidade imaterial e seus entrelaçamentos com a cidade física;
§ Estudo do cotidiano de contextos urbanos distintos buscando, a
partir das cartografias, (re)conhecer em que medida se relacionam
as dimensões imateriais de diferentes cidades pesquisadas;
§ Apresentar como novos sistemas e lógicas cartográficas podem
oferecer um tipo de argumento visual capaz de criar novos
conhecimentos da cidade em geral invisibilizados em mapas
oficiais e/ou pesquisas tradicionais da área.

6. ETAPAS DE EXECUÇÃO
A partir dos objetivos específicos organizados nos três grupos
anteriormente indicados, apresenta-se a seguir as fases de pesquisa seguindo esta
mesma ordem:

ETAPA 1 . GRUPO 1: Atualização de bases teórico-conceituais

§ 1.a: Levantamento e organização do material bibliográfico por temas


centrais da pesquisa. De modo específico: I) cidade imaterial (desenvolver
um marco teórico transdisciplinar; II) memória; III) cotidiano; IV)
apropriações coletivas; V) significação do espaço urbano; VI) cartografia
crítica (caracterização e exemplos correlatos na bibliografia)
20
§ 1.b: Investigação e discussão sobre práticas de cartografia da cidade
imaterial. Aprofundamento sobre algumas limitações das práticas atuais
de mapeamento e investigação de como cartografar a CIDADE
IMATERIAL a partir de uma conjugação de técnicas quali-valorativas
pouco utilizadas atualmente no Brasil.
§ 1.c: Realização de workshop presencial 1 da equipe para: a)
compatibilização dos estudos teóricos realizados pelos membros equipe
da pesquisa; b) consolidação do plano teórico da pesquisa; c) definição
de estrutura transversal dos artigos da etapa 1; d) orientação da
organização de trabalho da etapa de trabalho 2.
§ 1.d: Produção de artigos que consolidem os achados da etapa.

ETAPA 2 . GRUPO 2: Desenvolvimento de bases empírico-analíticas

▪ 2.a: Revisão de modelos cartográficos que, em diferentes campos do


conhecimento, abordam e propõem expressões da cidade imaterial na
relação espaço-tempo.
▪ 2.b: Desenho de escopo de procedimento cartográfico aplicado ao estudo
da cidade imaterial, demonstrando técnicas de apreensão e sistematização
do cotidiano.
▪ 2.c: Desenho de indicadores prévios vinculados ao estudo da dimensão
imaterial cidade, suas formas de levantamento e operação analítica.
▪ 2.d: Ensaios de escopos de visualizações de cartografias da cidade
imaterial baseado no levantamento do cotidiano em casos preliminares,
com o uso de distintas ferramentas e plataformas digitais, alternativas ao
padrão euclidiano de mapeamento. Sistematização análises comparativas
sobre limites e alcances das aplicações para estudos empíricos entre os
diferentes contextos.
▪ 2.e: Reuniões (presenciais e virtuais) para compatibilização dos estudos.
Definição de estrutura transversal dos artigos da etapa 2. Realização de
workshops temáticos do projeto estruturado pelos membros da equipe e
seus respectivos orientandos (estudantes de todos os níveis).
▪ 2.f: Refinamento de procedimento cartográfico próprio, capaz de integrar
técnicas distintas; inventários profundos do suporte físico e legal dos
contextos investigados; informações sociopolíticas dos contextos.
Definição de modelo de codificação quali-valorativa de dados para
visualização em plataformas digitais.
▪ 2.g: Produção de artigos que consolidem os achados da etapa.

ETAPA 3 . GRUPO 3: Aplicação empírica, produção analítica, aprofundamento


metodológico continuado

▪ 3.a: Elaboração de protocolos que definam parâmetros para seleção de


Estudos de Caso finais considerando o aporte teórico – especificamente
sobre a dimensão imaterial da cidade.
21
▪ 3.b: Desenvolvimento e teste de protocolos de indicadores capazes de
operar o “como” observar e capturar relações de forças que dinamizam a
cidade imaterial.
▪ 3.c: Elaboração de protocolos de organização do banco de dados para
cada caso (possível utilização de documento ‘html’ para cada caso, para
facilitar a organização e acesso aos respectivos documentos) e elaboração
da cadeia de evidências.
▪ 3.d: Aplicação de pesquisas de campo em contextos selecionados e
construção de cenários cartográficos em regime continuado, ou seja,
atualizados constantemente a partir de novas entradas de pesquisa em
campo.
▪ 3.e: Cruzamento e análise dos dados para cada caso. Construção de
cartografias dos casos que vinculem relações da materialidade e
imaterialidade: história e particularidades locais; principais configurações
físicas, sociais e políticas; caracterização e transformações ao longo do
tempo; contextualização espacial e temporal; e redes coletivas de
apropriação que informe conteúdos da cidade imaterial.
▪ 3.f: Cruzamento e análise integrada dos diferentes contextos estudados,
gerando uma “cartografia expandida e mutável (no sentido de que
permanece sempre aberta a novas entradas)” relativa a formas de
produção da cidade contemporâneo via dimensão imaterial.
▪ 3.g: Desenvolvimento de plataforma interativa das cartografias que admita
a navegação dinâmica capaz de explorar as diversas inter-relações
existentes.
▪ 3.h: Realização de workshop 3: a) para compatibilização dos achados,
reconhecimento de impasses e novas soluções para o desenvolvimento
final da pesquisa; b) exposição de workshop temático final do projeto
estruturado pelos membros da equipe e seus respectivos orientandos
(estudantes de todos os níveis) para exposição e debate aberto a estudantes
e docentes da graduação e pós-graduação.
▪ 3.i: Análise e discussão geral dos resultados. Redação final de relatórios
da pesquisa para o CNPQ e de trabalhos científicos conclusivos,
apontando alcances da pesquisa, seus limites e seus horizontes
continuados.
22
6.1. CRONOGRAMA DA PESQUISA

Tabela 1 – Cronograma de atividades da pesquisa (em meses) e produtos

ETAPAS PERÍODOS

1o ano 2o ano 3o ano


ETAPA 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
1.a
1.b
1.c
1.d P4
ETAPA 2
2.a
2.b
2.c
2.d
2.e
2.f
2.g P4
ETAPA 3
3.a
3.b P1
3.c
3.d
3.e
3.f
3.g P3
3.h P2
3.i
3.j P4

7. PRODUTOS ESPERADOS
A realização deste projeto de pesquisa pretende o alcance dos seguintes
produtos (previstos na Tabela 1):
▪ P1: Instrumento científico de indicadores vinculados ao estudo do espaço
urbano imaterial e sua relação com a materialidade, aplicável como
ferramenta de futuras pesquisas técnicas e científicas na área
▪ P2: Desenvolvimento de ao menos 1 curso aberto relativo à "cidade
imaterial" para alimentação de disciplinas de graduação e pós-graduação
em temas correspondentes aos estudados por esta pesquisa.
▪ P3: Plataforma cartográfica digital da rede de "Curitiba Imaterial" de
recortes específicos da pesquisa, podendo ser consultada como suporte
ao enfrentamento das questões urbanas locais, setoriais, territoriais, e
regionais vinculadas a gestão do espaço urbano e seus significados;
▪ P4: Mínimo de 2 Artigos científicos publicados em periódicos nacionais e
internacionais QUALIS A1 e/ou Scimago Q1 na área de Planejamento
Urbano, ao final de cada uma das etapas contando com resultados parciais
e finais da pesquisa.
23
8. PERSPECTIVAS DE COLABORAÇÕES
INTERINSTITUCIONAIS

▪ Aperfeiçoamento de metodologias vinculadas ao estudo, leitura e


intervenção do espaço urbano em sua dimensão imaterial, as quais podem
contribuir com pesquisas de lato e stricto senso dos cursos de arquitetura
e urbanismo, assim como geografia, das instituições vinculadas à
pesquisa;
▪ Geração de instrumentos de pesquisa – conhecimento detalhado das
relações entre materialidade e imaterialidade da cidade e seus impactos
sobre o urbano; sistematização e descrição, de forma rigorosa, das teorias
formulando categorias de análise e constructo de investigação;
▪ Desenvolvimento e aprimoramento de processos de ensino-
aprendizagem, de modo transdisciplinar nas áreas de Arquitetura e
Urbanismo e Geografia;
▪ Possível formação de pós-graduandos com caráter inovador e
aperfeiçoamento de pesquisadores vinculados ao Programa de Pós-
graduação em Gestão Urbana (PUCPR), ao curso de especialização em
Planejamento e Cidades (PUCPR), e ao ao Programa de Pós-Graduação
em Planejamento Urbano da UFPR.
▪ Disseminação dos temas centrais de estudo desta pesquisa na comunidade
científica próxima dos grupos e instituições envolvidas, principalmente
através dos workshops de discussão organizados para subsídio deste
projeto, nas três etapas previstas para o desenvolvimento do programa
completo de pesquisa.
▪ Desenvolvimento de projetos conjuntos envolvendo convênios e parcerias
com instituições de ensino e pesquisa nacionais e internacionais (neste
projeto: PUCPR, UFBA, UFPR e Universidad de Sevilla).
▪ Fomento à contínua formação de pesquisadores de mestrado, doutorado
e iniciação científica, bem como o aprimoramento de discentes em nível
de graduação por meio de workshops e oficinas formativas na temática.

Além do citado, espera-se também obter uma maior inserção de grupos e


pesquisadores brasileiros no cenário internacional de produção científica nos
principais temas abordados pela pesquisa. O fortalecimento dos vínculos
institucionais e das pesquisas conjuntas dos grupos de pesquisa e pesquisadores
participantes mostra-se como provável ganho das atividades desta proposta.

9. COLABORAÇÕES EXISTENTES
O proponente deste projeto tem colaborado efetivamente com grupos de
pesquisa em estudos da cidade contemporânea no Brasil. As parcerias bem
estabelecidas a longo prazo incluem o grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ
"Laboratório de Estudos do Ambiente Urbano Contemporâneo", do Instituto de
Arquitetura e Urbanismo - São Carlos (IAU, São Carlos), em projetos coordenados
24
pelo Dr. Manoel Rodrigues Alves, em participação e publicação em eventos e
em disciplina especial quanto a cartografias críticas de apropriação do espaço
urbano (na qual os pesquisadores Julio Pedrassoli e Carlos Tapia
também formaram parte do corpo docente). O proponente e demais membros
da equipe também compõem o grupo de pesquisa Planejamento e Projeto
em Espaços Urbanos e Regionais coordenado pela Dra. Letícia Peret Hardt.
A pesquisadora Dra. Sylvia Leitão participa em dois grupos de
pesquisa cadastrados no CNPQ e coordenados, respectivamente, por
pesquisadores da UNICAMP e da USP: LOTE - Grupo de Estudos de
Urbanização e Regulação Urbana, YBY - Grupo de Estudos Fundiários,
Políticas Urbanas, Produção do Espaço e da Paisagem. Ambos pesquisadores
Andrei Crestani e Sylvia Leitão coordenam trabalhos de pesquisa e orientação
científica vinculados ao Curso de Arquitetura e Urbanismo e ao Laboratório de
Cidades (PUCPR).
Considera-se também, tendo como representante a pesquisadora Dra.
Letícia Neron Gadens, a interlocução com o Grupo de Pesquisa Cidade, Meio
Ambiente e Políticas Públicas, cadastrado no CNPQ, vinculado ao
Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Laboratório de Habitação e
Urbanismo (UFPR), coordenado pela professora Dra. Cristina de Araujo Lima.

10. PERSPECTIVAS DE COLABORAÇÕES


INTERINSTITUCIONAIS
§ Workshops nacionais e internacionais de cartografia experimental
com estudantes nas sedes dos pesquisadores (videoconferência).
§ Participação interinstitucional dos pesquisadores em disciplinas
obrigatórias e/ou eletivas em Grau e pós-graduação entre as
instituições representadas no projeto (PUCPR; UFPR; UFBA e ETSA)
§ Acordos de estudo e intercâmbio de estudantes e professores entre
as instituições representadas no projeto.
§ Possibilidade futura de inserção de docentes pesquisadores do
Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Departamento de
Geomática (relacionados à cartografia colaborativa), como
potenciais futuros colaboradores da pesquisa.

11. RECURSOS DE OUTRAS FONTES

§ 4 Bolsas de IC institucionais (fluxo anual): Pontifícia Universidade


Católica do Paraná
§ 1 Bolsa de PIBIT Fundação Araucária (vigência 2018-2019)
§ 1 Bolsa bolsa de IC Fundação Araucária (vigência 2018-2019)
25
12. DISPONIBILIDADE DE INFRAESTRUTURAPARA
DESENVOLVIMENTO
Abaixo se detalha como cada uma das instituições de origem dos
pesquisadores deste projeto contribuem em termos de infraestrutura para fins de
reuniões e workshops (presenciais e virtuais); bem como com materiais e demais
recursos necessários para fins de desenvolvimento das cartografias previstas no
projeto:
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná dispõe, por meio do LabCidade
– Laboratório de Cidades – 1 sala para estudos, 1 sala para reuniões e
planejamento do andamento do projeto e 1 sala com 3 computadores com
softwares de edição de texto e apresentações de mídias digitais. Além disso, 2
laboratórios com software ARCGIS registrado pela instituição em 30
computadores para uso em pesquisas e educação. Conta ainda com a ARENA
DIGITAL7 que dispõe de um planetário digital e uma sala de projeção composta
por uma cúpula com tecnologia 4D de alta definição, podendo ser utilizada para
exploração dos dados, exposições e workshops previstos neste projeto. A
instituição dispõe de 4 auditórios; sala de metodologias ativas formatada com
mobiliário mutável que permite o desenvolvimento de atividades em grupo.
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) abriga o Laboratório de
Habitação e Urbanismo (LAHURB), vinculado ao Departamento de Arquitetura
e Urbanismo. O Laboratório, criado em 2009, tem por objetivo dar suporte à
pesquisa, ao ensino e atividades de extensão, conforme os grupos de pesquisa
vinculados ao curso de Arquitetura e Urbanismo. Apresenta como estrutura 1 sala
de estudos e reuniões, 1 biblioteca e 10 computadores com software livre QGis
que permite visualização, edição e análise de dados georreferenciados.
A Universidade Federal da Bahia (UFBA) conta com o Laboratório de
Geoprocessamento (LABGEO), vinculado ao departamento de Engenharia de
transportes e geodesia da escola politécnica da universidade. Criado em 2012, o
LABGEO possui 30 computadores com licenças de softwares como ArcGis, ENVI
e Topograph que podem ser utilizados para projetos de ensino e pesquisa,
especialmente na área geográfica, geoinformação com softwares livres, como
QGIS. O Laboratório também dá suporte aos levantamentos fotogramétricos
realizados com 5 drones, especificamente: 1 dji Phantom 2; 1 dji Phantom 4 Pro;
1 dji Mavic pro; 1 dji Inspire 1 v.2; 1 câmera infravermelho próximo mapir 2.
A Escola Técnica Superior de Arquitetura de Sevilha (Espanha) abriga o
FABLAB (laboratório fabricação digital) e sala de videoconferência. No que diz
respeito ao pesquisador Dr. Carlos Martin Tapia, na qualidade de subdiretor do
Mestrado em Cidade e Arquitetura Sustentáveis na ETSAS, oferecerá ainda para
os estudantes projetos de pesquisa derivados dos conteúdos deste projeto para
assim treinar aos estudantes em investigação da cidade imaterial. Esses estudantes
têm a possibilidade de obter bolsa da universidade de Sevilha, em edital
específico da instituição que ocorrem anualmente.
Todas as instituições dispõem de conexão Wifi de livre acesso de seus
membros para reuniões, troca de arquivos, pesquisa, workshop online e demais
atividades que exijam conexão a internet.

7
https://www.pucpr.br/ftd-digital-arena/
26
13. ORÇAMENTO
ETAPA DE
APLICAÇÃO
VALOR UNITÁRIO VALOR TOTAL
TIPO ITEM JUSTIFICATIVA NA
PESQUISA

Desenvolvimento de pesquisa
teórica; pesquisa empírica em
R$ período continuado a partir do 2
BOLSA

1 Bolsa de IC para R$ 14.400,00 A partir da


ano de projeto garantindo um
discentes de 400,00/mês 1 bolsa por 3 recorte transversal de dados etapa 1 do
graduação anos do profundo para espacialização e projeto
projeto) análise de casos

Versão PRO Softwares de levantamento em


Softwares de campo e plataforma digital
CUSTEIO

necessários para geração de


Levantamento em A partir da
R$ 200,00 ao R$ 600,00 cartografias no âmbito proposto
campo e pela pesquisa.(Especificamente: etapa 2 do
ano (3 anos de
geoprocessament projeto) Software FULCRUM e projeto
o interativo plataforma CARTO)
CAPITAL

Viabilizar reuniões virtuais, A partir da


Micro projetor WiFi R$ 400,00 R$ 400,00 exposições dos trabalhos em etapa 1 do
equipe e workshops projeto

Espaço virtual de
R$
Organização coletiva e
CUSTEIO

compartilhamento R$ 35,00/ 1260,00 compartilhamento de dados A partir da


de arquivos (Nuvem) mês (3 anos de levantados, da bibliografia, das etapa 1 do
projeto) análises, dos artigos construídos projeto
- Google Drive

Material Atualização de discussões de


CAPITAL

A partir da
Bibliográfico R$ bases teórico-tecnológicas para
etapa 1 do
(valor médio genérico - 600,00 dar suporte à construção da
projeto
para 3-4 livros) pesquisa
CUSTEIO

Passagens aéreas Transporte aéreo de membros


(ida e volta valor
R$ A partir da
da equipe e de eventuais
R$ 800,00 7200,00 etapa 1 do
genérico de 9 palestrantes para os workshops
projeto
viagens)

Hospedagens e Hospedagem e Diárias para


CUSTEIO

diárias membros da equipe e A partir da


R$ 250,00 R$
valor genérico de 10 palestrantes externos para os etapa 1 do
hospedagens)
2500,00 Workshops projeto

Subsídio para
publicação em Apoio para viabilização de
revistas tradução de produção
CUSTEIO

internacionais acadêmica resultante do projeto A partir da


R$
(valor genérico para línguas estrangeiras e etapa 3 do
R$ 1500,00
1500,00 pagamento de revistas projeto
baseado em preços
atuais para 1 internacionais de grande
publicação em visibilidade e alta classificação
revistas pagas)

R$
TOTAL ITENS FINANCIÁVEIS 28.460,00
27
REFERÊNCIAS

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