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Trabalho de Direito Comercial

1-Faça uma análise sobre as empresas virtuais, sua existência e regime jurídico.
O e-commerce em muitos países já é uma realidade, mas em Angolana ainda não o é,
porém encontramos fortes indícios de ascensão, pois é uma realidade que não se pode
escapulir, mormente no mundo empresarial. Hodiernamente, já não se pode cogitar uma
sociedade sem o direito digital e, é indiscutível que, o virtual está em vouga, é
definitivamente a tendência que virou moda porquanto deixa os consumidores a um
click dos bens e serviços.
Por conseguinte, as nossas investigações visarão responder a seguinte problemática:
tendo em conta o crescente número de “empresas virtuais”, é possível admitir-se que
sítio electrónico apresenta a mesma natureza jurídica de estabelecimento comercial e,
concomitantemente, aplicar-se o regime jurídico daquele.
No entanto, é impossível dar-mos resposta a pergunta de partida sem termos uma noção,
ainda que em construção, do que poderá ser uma “empresa virtual”.
I-Noção de Empresa Virtual
Não existe um conceito unitário de empresa, essa, por sua vez, é definida de acordo com
acepções. Nessa ordem de ideia, passaremos a analisar o que poderá ser ou não empresa
virtual nas três acepções tradicionais em que estudamos a noção de empresa:
a-Empresa em sentido subjectivo
Nós aprendemos que nesta acepção, empresa é toda entidade, singular ou colectiva, que
exerce uma actividade económica. Claramente não há dúvidas da existência de
empresas virtuais nessa roupagem e podemos constatar nas várias páginas nas redes
socias que comercializam bolos, e outros produtos de pastelaria, onde os seus
proprietários assumem sozinhos todos os processos da cadeia de produção.
b-Empresa enquanto actividade
Vimos que empresa, nessa acepção, é entendida como uma série de actos praticados
numa lógica orgânica, em massa. E neste sentido, as empresas virtuais viabilizam a
prática das actividades elencadas no art. 230º do Código Comercial.
c-Empresa em sentido objectivo
É exactamente nessa acepção onde reside o calcanhar de aquiles, pois a empresa é vista
como o complexo de bens aptos ao exercício de uma actividade económica e, entende a
doutrina, que não existe empresa nessa acepção.
A acepção acima refira indicia a ideia de estabelecimento comercial. A Profª Sofia
Vale, na esteira do Prof. Coutinho Abreu, define estabelecimento comercial como
sendo uma unidade jurídica fundada numa organização de meios que constitui um
instrumento de exercício relativamente estável e autónomo de uma actividade
comercial.
Então o que seriam empresas virtuais em sentido objectivo?
O Ilustre Professor, acima referido, conceituou empresa virtual, na acepção em análise,
como unidade jurídica fundada em organização de meios essencialmente informáticos
que constitui um instrumento relativamente autónomo para produzir bens imateriais
(serviços) trocáveis (apenas) na internet. Desta podemos inferir três características
essenciais, nomeadamente:
1-Quanto organização de meios: nas empresas virtuias dá-se primazia aos meios
informáticos, ou seja, os meios que integram o sítio electrónico são essencialmente
informáticos;
2-Quanto a actividade económica prestada: as empresas virtuais cingem-se em produzir
ou prestar bens imaterias ( sem existência física), isto quer dixer que não produzem bens
materiais;
3-Quanto a exclusividade: são consideradas empresas virtuais apenas as que prestam os
seus serviços apenas pela internet (num mercado sem restrições físicas, geográficas e
temporais), como é o caso da Amazon. Excluem-se as empresas que comercializam pela
internet os seus bens ou serviços ao mesmo tempo que o fazem em uma empresa real,
por ex., uma sucursal.
Do que foi dito, importa dizer que a noção de empresa em sentido objectivo indicia a
ideia de estabelecimento comercial, no âmbito das “empresas reais”, já no hemisfério
das empresas virtuais, inculca claramente a ideia ou noção de sítio electrónico. Mas o
que vem a ser sítio electrónico?
Sítio electrónico é um espaço virtual na Internet. Trata-se de um conjunto de páginas
web que são acessíveis a partir de um mesmo domínio ou subdomínio da World Wide
Web (WWW).
Aqui chegados, urge questionar se é possível fazer uma aplicação analógica do
regime jurídico do estabelecimento comercial ao sítio electrónico?
Antes de responder a questão apontaremos três similitudes que darão sustento a nossa
resposta:
 o estabelecimento comercial não é sujeito de direito tal como não é o sítio
electrónico, pois o sujeito de direito é o empresário, titular do estabelecimento
ou do sítio e estes não possuem personalidade jurídica;

 o estabelecimento comercial e o sítio são universalidade de facto;

 Tanto o sítio como o estabelecimento comercial integram o património do


empresário ou da sociedade comercial, não podem ser confundidos com o
empresário ou a sociedade (sujeito de direito), nem com a empresa (actividade
económica organizada ou organização de factores de produção).
Portanto, na esteira do Prof. Tarcísio Teixeira, diremos que se o empresário usar
exclusivamente o site como forma de colocar seus produtos ou serviços no mercado, o
estabelecimento virtual (o sítio electrónico) poderá lhe ser aplicado o regime jurídico
aplicável ao estabelecimento comercial. Por exemplo, podemos trespassar a Amazon,
vender apenas o nome de domínio (endereço virtual), juntamente com a marca sem,
necessariamente, vender os equipamentos que lhe dão suporte.
Por isso, hoje por hoje, o sítio eletrónico apresenta-se como instrumento vital da
actuação empresarial e utilizado para a promoção do comércio eletrónico tem natureza
jurídica de estabelecimento comercial.

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