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CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

DIRETORIA GERAL DE ENSINO E INSTRUÇÃO

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Vol. 02
TECNOLOGIA E MANEABILIDADE EM SALVAMENTOS
Revisto e Atualizado
Rio de Janeiro - 2017
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar
Volume 02

1º Edição Revista e Atualizada


Rio de Janeiro - 2017
160 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico de
Bombeiro Militar

Volume 02

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 161


162 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Luiz Fernando Pezão
Secretário de Estado da Defesa Civil e Comandante-geral do CBMERJ
Cel BM Ronaldo Jorge Brito de Alcântara
Subsecretário de Estado da Defesa Civil
Cel BM José Eduardo Saraiva Amorim
Chefe do Estado-Maior Geral e Subcomandante do CBMERJ
Cel BM Roberto Robadey Costa Junior
Subchefe do Estado-Maior Geral Administrativo
Cel BM Flávio Luiz Castro Jesus
Subchefe do Estado-Maior Geral Operacional
Cel BM William Vieira Carvalho
Diretor-Geral de Ensino e Instrução
Cel BM Otto Luiz Ramos da Luz

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Comissão de Elaboração e Revisão do Manual
Coordenador
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Equipe revisora
Ten-Cel BM Eliane Cristine Bezerra De Lima
Maj BM Euler Lucena Tavares Lima
Maj BM Jeferson Corato Junior
Maj BM Filipe Correia Lima
Cap BM Leonardo Luiz Dos Reis
Cap Thiago Muniz Bucker
Cap BM Glauco Rocha Machado
Cap BM Márcio da Costa Brito
Cap BM Raphael de Almeida Mariano
Cap BM Rodrigo Pacheco de Melo Alcantelado
Cap BM Ruan Gasiglia do Amaral
Cap BM Gabriel Ferreira dos Santos
Cap BM Felipe Bonfim Junqueira
Cap BM Bruno Polycarpo Palmerim Dias
Cap BM Anndrio Luiz do Couto
Cap BM Igor Campos Bacelar
Cap BM Raphael Luiz Ferreira Palmieri
Cap BM Natan Lima Paracampos Barroso
Cap BM Rodolfo Augusto França Campos
1º Ten BM Luiz Felipe Motta Filgueira Gomes
2º Ten BM Allan Yelsin Ramos de Sousa
3º Sgt BM Priscilla Santos Vitório Tavares Lima
Cb BM Rafael Silveira De Oliveira

Equipe de apoio
Subten BM Renilton Dias dos Santos
1º Sgt BM Rodrigo da Silveira Marins
2º Sgt BM Alexandre Barbosa de Oliveira
2º Sgt BM Ricardo Patrocínio de Oliveira

Fotografia de capa do manual


Subten BM/RR Marcelo Ciro Xavier
Sumário

9. TÉCNICA E MANEABILIDADE DE SALVAMENTO...167 9.2.26. Alavanca................................................................. 186


9.1. Conceito de Salvamento....................................................167 9.2.27. Halligan................................................................... 186
9.2. Ferramentas, Equipamentos e Acessórios..................167 9.2.28. Machado................................................................. 186
9.2.1. Desencarcerador Hidráulico..................................167 9.2.29. Malho........................................................................187
9.2.1.1. Componentes do Desencarcerador..... 168 9.2.30. Pá...............................................................................187
9.2.1.2. Operação prática do conjunto 9.2.31. Lanternas.................................................................187
de salvamento........................................................ 169
9.2.32. Cones de sinalização........................................... 188
9.2.2. Desencarcerador SC 350
e (Lukas elétrico).................................................................172 9.3. Equipamentos de Proteção
Individual...................................................................................... 188
9.2.3. Macaco Hidráulico...................................................173
9.3.1. Capacetes de proteção.......................................... 188
9.2.4. Almofadas Pneumáticas.......................................173
9.3.2. Luvas de proteção.................................................. 188
9.2.5. Tirfor............................................................................174
9.3.3. Óculos de proteção................................................ 189
9.2.6. Linga............................................................................178
9.3.4. Botas de borracha.................................................. 189
9.2.7. Gerador à gasolina..................................................178
9.3.5. Jardineira.................................................................. 190
9.2.8. Motosserra................................................................178
9.3.6. Capa de aproximação............................................ 190
9.2.9. Moto-cortador......................................................... 180
9.3.7. Cotoveleiras e joelheiras...................................... 190
9.2.10. Rádio Transceptor Portátil................................. 180
9.3.8. Máscara contra pó.................................................. 191
9.2.11. Oxi-explosímetro..................................................... 181
9.3.9. Protetor auricular.................................................... 191
9.2.12. Tripé............................................................................ 181
9.3.10. Equipamento de Proteção
9.2.13. Cabo ou corda.......................................................... 181 Respiratória Autônomo..................................................... 191
9.2.14. Cabo solteiro...........................................................182 9.3.11. Luva de procedimento...........................................192
9.2.15. Mosquetão...............................................................182 9.4. Técnicas de Salvamento...................................................192
9.2.16. Aparelho oito.......................................................... 183 9.4.1. Desencarceramento................................................192
9.2.17. Polias......................................................................... 183 9.4.2. Corte de árvore........................................................ 198
9.2.18. Ascensor de Punho................................................ 183 9.4.3. Operações com elevadores.................................202
9.2.19. Fitas tubulares....................................................... 183 9.4.4. Entradas forçadas
e arrombamentos...............................................................208
9.2.20. Baudrier................................................................... 184
9.4.5. Salvamento em Alturas.........................................214
9.2.21. Cinto Paraquedista ou Baudrier Integral....... 184
9.4.5.1. Cordas.........................................................214
9.2.22. Cinto Cadeira......................................................... 184
9.4.5.2. Nós e Voltas..............................................217
9.2.23. Escada prolongável............................................. 185
9.2.24. Tesourão.................................................................. 185 9.4.5.3. Métodos de enrolar a corda............... 266

9.2.25. Vara de Manobra com Croque na Ponta........ 186 9.4.5.4. Métodos de ancoragem...................... 284

166 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.4.5.5. Técnicas de salvamento
em alturas................................................................286
9.4.6. Salvamento aquático............................................295
9.4.6.1. Equipamentos para salvamento aquáti-
co............................................................................... 296
9.4.6.2. Segurança nas operações................... 303
9.4.6.3. Comunicação nas operações............. 304
9.4.6.4. Dinâmica do rio...................................... 304
9.4.6.5. Características da correnteza........... 305
9.4.6.6. Leitura das corredeiras....................... 306
9.4.6.7. Ângulo de travessia.............................. 306
9.4.6.8. Natação defensiva..................................312
9.4.6.9. Posição de nado agressivo
ou ofensivo...............................................................312
9.4.6.10. Salvamento com Nadador de Alta
Velocidade ou Isca Viva........................................312

9.5. Operações com produtos perigosos............................ 313


9.5.1. Conceito de produto perigoso.............................. 314
9.5.2. Acidente tecnológico............................................. 314
9.5.2.1. Acidentes com produtos perigosos no
mundo........................................................................ 314
9.5.2.2. Acidentes com produtos perigosos no
Brasil......................................................................... 315
9.5.3. A identificação do produto perigoso................ 315
9.5.3.1. Meios para a identificação do produto
perigoso.................................................................... 316
9.5.3.2. Sistema de classificação da ONU...... 319
9.5.4. Ações de primeira resposta às emergências.320

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 167


Capítulo 9

168 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9. TÉCNICA E MANEABILIDADE vém diretamente do operador. Exemplos:
Guilhotina, barra, martelo e pá.
DE SALVAMENTO
ii. Equipamento: Máquina ou aparelho de
certa complexidade que serve para rea-
9.1. Conceito de Salvamento lizar uma tarefa e cujo princípio de ação
Operações de salvamento consistem basicamente consiste na transformação da energia para
em: remoção de pessoas, animais, bens ou ainda na re- aumentar a capacidade de trabalho. Exem-
cuperação de corpos dos mais variados sinistros, com a plos: motosserra, martelo de impacto e
finalidade de preservar sua integridade física e psíquica, moto cortador.
o que torna o serviço altamente especializado, o qual exi-
iii. Acessório: Objeto que individualmente e
gindo dos socorristas preparo físico, técnico e psicológi-
em conjunto com outros, podem conformar
co em função dos diferentes tipos de atividades e mate-
um equipamento ou ferramenta, permitindo
riais nelas empregados.
ampliar ou melhorar as capacidades opera-
Em virtude das circunstâncias em que é efetuado o tivas ou realizar uma tarefa. Exemplo: Balde,
salvamento, encontramos grande esforço exercido pela correntes para a motosserra, extensão elé-
guarnição em: trica e vasilha de combustível.
• Empregar corretamente as técnicas desenvol-
9.2.1. Desencarcerador Hidráulico
vidas;
Ao longo da década de 70, surgiram no mundo vários
• Empregar adequadamente os materiais;
fabricantes de cunhas expansoras para desencarcera-
• Atingir o objetivo da operação desenvolvida; mento. Inicialmente, foram as empresas Jaws e Hurst,
• Localizar e alcançar as vítimas; norte-americanas, mais tarde, surgiram a Holmatro (ho-
landesa), Weber Hidraulik e Lukas (alemãs). O principal
• Assegurar-lhes a vida.
objetivo da concorrência desses fabricantes é o de pro-
Os serviços de salvamento e atendimento pré-hospi-
talar são praticamente interligados por natureza da pro-
fissão, nos quais os executantes de ambas as atividades
são denominados de “socorristas”. Pode-se dizer que os
serviços de salvamento consistem na remoção cuidado-
sa de pessoas, animais e/ou objetos dos mais variados
sinistros e do atendimento pré-hospitalar imediato, an-
tes que os cuidados médicos sejam prestados.

9.2. Ferramentas, Equipamentos e


Acessórios
i. Ferramenta: Objeto manual que serve para
Desencarcerador hidráulico
realizar uma tarefa, com a energia que pro-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 169


duzir um equipamento com maior capacidade de abertu- Todos os motores deverão trabalhar com in-
ra, maior rapidez de funcionamento com pesos cada vez clinação máxima de 15° e os desencarceradores
menores. Nesse manual, será tomado como referência possuem conjunto de correntes com engates,
o conjunto de salvamento Lukas por ser de uso mais co- com capacidade para 80KN e comprimento de
mum no CBMERJ. aproximadamente 2m.

ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
9.2.1.1. Componentes do
Motor 4 T – gasolina aditiva-
Desencarcerador
Motorização da 1,1 litros – potência do mo-
tor 4HP – peso 37kg i. Bomba hidráulica

Óleo do motor SAE 10W30 –


Lubrificação 0,6 litros

Óleo hidráulico – Shell tellus


Sistema C10/Petrobras HR 10EP/Mo-
hidráulico bil DTE 21,4 litros

KS35C – força de corte


300KN / força de expansão
Ferramenta 80KN / força de tração 40KN
combinada – distância de abertura 36 cm
– peso 15,5Kg

KSS9 – comprimento 2 me-


Jogo de tros / força de ruptura 120KN
correntes / força de trabalho 40KN

LTR3.5/820 – extensão máxi- Fig. Partes da bomba hidráulica do desencarcerador


ma 1,26 metros / mínima 44,5
Cilindro cm / peso 20,8kg / força 1º
expansor embolo 24,4KN / 2º embolo 1. Bocal de abastecimento 10. Vela
12,2KN / 3º embolo 3,5KN da gasolina
11. Identificação do motor
2. Tela de proteção
12. Bocal de abastecimento
3. Manopla de acionamento do fluído hidráulico
É composto por uma bomba hidráulica, que acionada
por um motor 4 tempos à gasolina, pressuriza um sis- 4. Bocal de abastecimento 13. Visor de nível do fluído
do óleo do motor hidráulico
tema formado por mangueiras com sistemas de engate
5. Silencioso com escudo 14. Bujão do dreno
rápido e várias ferramentas hidráulicas, estas servirão protetor
15. Identificação do modelo
no desencarceramento das vítimas, executando afasta- 6. Comando de partida, ace- da bomba
mentos, cortes e tracionamentos. leração e parada
16. Reservatório do fluído
7. Filtro de ar hidráulico
O conjunto de salvamento pode ser utilizado em aci-
8. Carburador 17. alavanca de pressurização
dentes envolvendo veículos, desabamentos, arromba-
9. Cabeçote 18. Bloco da válvula
mentos, ou até mesmo em trabalhos submersos, dentro
do limite de 40m de profundidade.

170 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


ii.Cortadores – A série de cortadores pos-
sui lâminas, em formato de meia-lua, que
deslizam uma sobre a outra, proporcio-
nando o corte. Estas podem ser trocadas 1. Braços antideslizantes de
por outras de diferentes desenhos para aço

os mais diversos tipos de cortes e de 2. Eixo central de fixação


3. Manga de proteção
materiais (Ex. Seccionamento de portas
4. Disco anatômico para aber-
e colunas de veículos onde haja vítimas tura e fechamento
presas), realizando o trabalho com rapi- 5. Punho
dez e segurança. 6. Plugue de engate rápido
7. Mangueiras
iii.Expansores – São ferramentas equipadas
com braços que têm, em suas extremida-
des, ponteiras substituíveis e podem ser
utilizados para abertura ou separação
de chapas (Ex. Retirando a porta de um
veículo acidentado), ou ainda, no tracio-
namento de partes (Ex. elevando-se a
coluna de direção para liberar vítima do
volante do veículo), com o concurso do
Pinça LSP 40 e LSP 44B Pinça hidráulica
jogo de correntes.
LS-300 e LS-200
iv.Ferramenta combinada – Como o próprio
nome diz, combina as funções das outras
ferramentas, sendo equipada com braços
Fig. Componentes da pinça e diferentes modelos
multifuncionais, que permitem a realiza-
ção de cortes, afastamento e traciona-
mento, este último com auxílio de jogo de
correntes.
9.2.1.2. Operação prática do
v.Cilindro expansor ou cilindro de resgate conjunto de salvamento
– Aplicável em qualquer tipo de resgate
A operação só pode ser iniciada depois que os opera-
e salvamento onde se requeira elevação dores estiverem equipados com o EPI adequado. De uma
de carga. É particularmente útil nos de- forma genérica, a operação das diversas pinças é a mes-
sabamentos, no serviço de levantamento ma, a diferença está na escolha da pinça adequada para
de lajes e vigas, devido a grande potência o serviço.
desenvolvida (12 ton) ou quando os traba- i)Sequência:
lhos de afastamento necessitem de gran-
1º)Conferir nível de combustível e óleo do motor (este
des extensões, não alcançadas pelos ex- deve ser verificado/completado com o equipamento
pansores. Sendo assim, comprimentos de na posição de uso, não sendo necessária a inclinação
do equipamento para esta ação;
75cm, 1,30m e 1,70m podem ser atingidos.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 171


3º)A alavanca de pressurização do fluido deve estar na
posição que mantenha o sistema despressurizado
(posição horizontal). Ela controla uma válvula que é
responsável pela liberação do fluido em direção à fer-
ramenta.

4º)Conecte as mangueiras através dos plugues tipo “en-


gate rápido” (evite que as capas dos engates fiquem
expostas, conectando uma na outra) e abra a válvula
de combustível girando-a cerca de ¼ de volta em sen-
tido anti-horário.
2º)Conferir nível do fluido hidráulico (a marca do óleo não
deve ficar abaixo da metade do visor de nível do mes-
mo);

172 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


6º)Segure a manopla de acionamento e puxe suavemen-
te até sentir resistência, a fim de retirar a folga. Em
seguida, puxe rapidamente o cordão, dando partida
no motor, deixando a manopla retornar a sua posição
inicial de forma gradual.

5º)Coloque a chave de ON/OFF na posição ON e posicio-


ne o comando do acelerador na posição “START” (afo-
gado), quando o motor estiver aquecido posicione na
posição “FAST”.

7º)Quando a máquina funcionar, mova o comando do ace-


lerador à posição desejada de rotação do motor, na
faixa entre “SLOW” e “FAST”.

8º)Coloque a alavanca de pressurização do fluido na po-


sição vertical, a fim de pressurizar o sistema.

9º)Segure a pinça hidráulica pela alça e pelo punho, atu-


ando com o dedo polegar no disco anatômico pro-
porcionando o movimento desejado, respeitando as

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 173


indicações de abertura e fechamento encontradas no • Durante o corte os braços da pinça deverão permane-
corpo da pinça hidráulica. cer perpendiculares à superfície na qual se pretende
cortar, caso contrário haverá o perigo de danificar a
pinça e de não se conseguir efetuar o corte, deve-se
manter o objeto a ser cortado o mais próximo possível
do centro das lâminas para o melhor aproveitamento
da capacidade de corte da pinça, deve-se realizar cor-
tes contínuos, evitando dar pequenos “trancos”, acio-
nando e voltando o disco, para não causar danos às
válvulas internas do aparelho e sobrecarregar, desne-
cessariamente, o motor.
• Durante o uso o aparelho deve permanecer nivelado,
para evitar problemas como nível de fluido hidráulico.
• Deve-se evitar o corte de metais muito duros, e so-
mente em último caso este deverá ser realizado,
pois tais metais tem a característica de quebrarem
quando tensionados. Desta forma, dois problemas
poderão ocorrer: ferimentos na vítima ou no opera-
dor ocasionados por fragmentos projetados e danos
nos braços da ferramenta em função do choque pro-
duzido.
• Ao final da operação, deve-se deixar as pontas dos
braços da pinça afastadas uma da outra, cerca de 1 ou
1,5cm, evitando-se pressões desnecessárias entre as
partes.

9.2.2. Desencarcerador SC 350


e (Lukas elétrico)
Desencarcerador a bateria da empresa Lukas, seme-
lhante ao que funciona com motor externo, tem força de
10ºAo final da operação, coloque a alavanca de pressuri- corte de 360KN, força de expansão de 350KN, autonomia
zação na posição de forma a despressurizar o siste- de 30min (trabalhando em condições severas) e demora
ma. cerca de 75min para carregar totalmente sua bateria.

11º)Desligue o motor passando o comando do acelerador


para “STOP”.

12º)Feche a válvula de combustível, girando-a em sentido


horário.

13º)Desconecte as mangueiras e coloque as capas apro-


priadas.
ii)Considerações gerais:
• Antes da operação, devem ser verificados os níveis
de combustível, óleo do motor e fluido hidráulico. Fig. – Lukas SC 350 E

174 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.2.3. Macaco Hidráulico pelo regulador de pressão, reduzindo a pressão de
3.000 para 125Psi, que é a pressão de trabalho. Depois
Aparelho destinado ao levantamento de cargas atra-
o ar segue para a almofada, que é inflada sob controle
vés do deslocamento de um êmbolo que sobe impulsio-
do bombeiro.
nado pela pressão do óleo hidráulico, que é bombeado
com o vai e vem do pistão. Para a descida do embolo usa- Este equipamento possui a válvula de controle e vál-
se a válvula de retorno que é aberta com sua torção no vula de segurança (VCVS) que é formada por um sistema
sentido anti-horário. duplo de segurança e controle de ar e é usada para inflar
ou esvaziar as almofadas, capaz de controlar a operação
de duas almofadas individualmente, as duas válvulas de
alívio da pressão são fabricadas com regulagem de 87Psi
ou 118Psi dependendo da aplicação, para prevenir um en-
chimento acima do possível.
O sistema vem acompanhado por três mangueiras:
duas mangueiras (uma vermelha e outra amarela) são co-
nectadas entre a VCVS. Todas as almofadas, mangueiras
e reguladores são equipados com conexões de engate
rápido fabricados em tamanho especial para evitar cone-
xões erradas.
São muitos os tamanhos e formatos de almofadas
de ar MAXIFORCE, cada uma é indicada para uma de-
terminada carga ou situação, contudo todas possuem
um X no centro indicando o local correto de posiciona-
mento da almofada no centro da carga. O que garantirá
o maior deslocamento e uma melhor estabilidade.

Fig. – Macaco hidráulico


Bico de
Entrada de ar

9.2.4. Almofadas Pneumáticas


O sistema Maxiforce de Almofadas Pneumáticas é
caracterizado pela força, leveza e praticidade, o que
lhe garante grande versatilidade e aplicabilidade nas
operações de levantamento de cargas ou afastamento,
sendo indicado para salvamento em eventos de colisão Etiqueta com
de veículos, desabamentos e outras situações de socor- Dados técnicos
ro.
O sistema opera com os cilindros usados nas más-
caras autônomas, somado as almofadas e os regulado-
res de pressão. O sistema funciona com a utilização do
ar comprimido nos cilindros a alta pressão que passa Fig. – Almofada pneumática

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 175


i)Operação: iii)Observações:

Antes de iniciar a operação é importante que todos • Não permita que a almofada receba pressão
os bombeiros que estiverem operando o equipamen- acima da necessária para erguer ou escorar
to estejam usando os EPIs adequados como capace- a carga em que se está operando. Assim que
o objetivo estiver erguido na altura desejada,
te, óculos de proteção, luvas, botas, etc. Deve-se ava-
calce-o ou escore-o, e durante o calçamento
liar cuidadosamente o que será feito, determinando o
o operador deve interromper o enchimento,
peso e o tamanho a ser movimentado, sempre garan- lembre-se que as almofadas não precisam de
tindo o máximo contato entre a almofada e a carga. uma superfície regular para apoiar-se, mas é
ii)Sequência: necessário calçamento e escoramento. Nun-
ca trabalhe sob a carga apoiada penas pela
1º)Fixe o cilindro em um ponto fixo, poste, muro ou almofada.
carro e inspecione as válvulas do cilindro e o re-
• As almofadas não podem ser usadas sob obje-
gulador para verificar a presença de defeitos na
tos cortantes ou em uma superfície com tempe-
rosca, sujeira, poeira, óleo ou graxa;
ratura superior a 105ºC, contudo se isto for ab-
2º)Enrosque o regulador de pressão ao cilindro e solutamente necessário, coloque uma proteção
aperte firmemente; flexível (lonas industriais, borracha, couro, pro-
teções de mangueira) entre a superfície quente
3º)Antes de abrir a válvula do cilindro, deve-se ou cortante e a almofada.
girar a alça em “T” do manômetro até a mola
• Duas almofadas podem ser usadas simultanea-
de ajustagem estar solta, posicione-se do
mente, tanto para levantar grandes pesos com
lado oposto ao regulador e abra lentamente
dois pontos de apoio, ou empilhadas, para ga-
a válvula do cilindro, matendo-se entre o ci-
rantir um maior deslocamento, sendo que nes-
lindro e o regulador. Depois calibre o manô- te caso, a maior ficará embaixo e esta deve ser
metro de baixa pressão para 125Psi girando inflada primeiro.
a alavanca em “T”, o botão de ajustagem para
a direita. • Para esvaziar a almofada, feche ambas as vál-
vulas de controle e lentamente gire o botão da
4º)Conecte a mangueira do regulador (preta) na válvula de segurança para a direita.
VCVS, e em seguida abra completamente a vál-
vula de saída de ar, girando o botão para contro- 9.2.5. Tirfor
le de saída de ar para a direita, o que levará o ar
Durante várias décadas o uso do Tirfor constituiu-se
até a válvula de controle, conecte a almofada e
como o elemento chave das operações de desencarce-
coloque-a sob a carga, e antes de inflá-la verifi-
ramento. Ancorado em postes, árvores ou mesmo na
que se as válvulas de segurança (alívio) estão na
posição “FECHADO”. viatura de salvamento, por intermédio da tração de um
cabo de aço que passava pelo seu interior e era traciona-
5º)Proceda à abertura da válvula de controle do pela ação conjugada de dois mordentes em trabalho
lentamente, e dessa forma vá controlando alternado.
o levantamento da carga, sempre mantendo
Produzido pela filial brasileira da empresa alemã CI-
atenção à pressão a que ela está submetida,
através do manômetro correspondente da DAM, o nome Tirfor se tornou de uso corrente e de termi-
VCVS, e quando o manômetro estiver acu- nologia técnica ao invés de “Sistema de Tracionamento
sando pressão na área vermelha a válvula de de Cabos de Aço”, nome este que adotamos nesta publi-
segurança deverá abrir e o ar escapará por ela cação para uma maior facilidade de emprego de nomen-
em grande velocidade. clatura. Abaixo será descrita as características técnicas

176 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


do equipamento Tirfor numa transcrição de seu manual a liberação da carga, acionado pela alavanca
de operação. telescópica que nela se encaixa, quando nesta
operação;
É um aparelho manual de tração e içamento de cargas,
que trabalhando com cabo de aço, desenvolve uma força 4. Punho de debreagem – Destina-se ao movimento
de debreagem, acionando ou liberando os pares
nominal que vai de 750 Kg até 4000 Kg, conforme o seu
de mordentes, para passagem livre do cabo;
tipo.
5. Trava de debreagem – aciona-se para travar o pu-
nho de debreagem em sua posição;
6. Gancho/bloco de ancoragem – Para ancoragem
da linga ou cabo de aço amarrado ao peso a ser
deslocado;
7. Alavanca telescópica;
8. Cabo de aço.

i)Funcionamento:
Consiste no princípio de acionamento do cabo de
sustentação, em vez de enrolar-se em um tambor, como
nos aparelhos clássicos de içamento, é puxado em linha
reta por dois pares de mordentes de ajuste automático e
forma apropriada. Fechados em um cárter, os dois pares
1 – Orifício para a admissão do cabo de mordentes, movendo-se alternadamente, agarram o
cabo como duas mãos. O esforço é transferido para os
2 – Alavanca de avanço
mordentes por meio de duas alavancas - uma de avanço
3 – Alavanca de recuo e outra de marcha-a-ré - as quais funcionam através de
um sistema de chaves, que comandam o travamento dos
4 – Punho de debreagem
mordentes no cabo. Os dois blocos de mordentes são le-
5 – Trava de debreagem vados ao fechamento pela própria tração do cabo, assim:
6 – Gancho/bloco de ancoragem “quanto mais pesada a carga, mais sólido será o aperto”.

7 – Alavanca telescópica
Para facilitar a operação do aparelho Tirfor, é possível
abrir simultaneamente os dois pares de mordentes para
8 – Cabo de aço introduzir o cabo de aço. Para dar tensão ao cabo de aço,
desengatar o aparelho. Para soltar simultaneamente os
dois pares de mordentes é necessário puxar o mecanis-
1. Orifício para admissão do cabo; mo de marcha-a-ré.
2. Alavanca de avanço – Destina-se ao movimento
ii)Segurança:
alternado de vai e vem, acionando os pares mor-
dentes para o tracionamento da carga, acionado Ao operar um aparelho TIRFOR em sentido inverso,
pela alavanca telescópica que nela se encaixa, você rapidamente se conscientiza de como é perfeita-
quando nesta operação; mente seguro. Naturalmente, notará que deverá exercer
3. Alavanca de recuo – Destina-se ao movimento um certo esforço nas alavancas. Este esforço correspon-
alternado de vai e vem, acionando os pares de de ao exigido para forçar o cabo a passar pelos morden-
mordentes para o retorno do cabo e favorece

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 177


tes ligeiramente soltos, que não abrem, mas atuam con- Para finalizar a operação, deve-se movimentar a ala-
tinuamente com um dispositivo secundário de frenagem. vanca em marcha a ré, até afrouxar o cabo e, após isto,
Em caso de o par de mordentes ser danificado no curso elevar o punho de debreagem à frente, liberando o cabo.
de sua operação, por um objeto estranho, o par de mor-
dentes imediatamente assume o controle da carga em
uma distância que não ultrapassa o curso dos morden-
tes, isto é, 5cm.

iii)Utilização dos aparelhos Tirfor:


Os aparelhos TIRFOR podem ser para qualquer servi-
ço de içamento e tração dentro de sua capacidade. São
particularmente úteis para trações de içamento a longas
distâncias, que não podem ser feitos por outros equipa-
mentos, em virtude do fato de que comprimento de cabo
pode ser usado.

iv)Ancoragem dos aparelhos Tirfor:


Caso seja necessário ancorar o TIRFOR no solo, a pri-
meira coisa a fazer, é localizar um ponto adequado e satis-
fatório. Uma argola fixada ao solo, uma coluna de suporte,
um trilho, um caminhão, uma árvore, uma viga atravessada
no vão da porta ou uma janela, são as soluções mais fáceis. Fig. –tirfor
Ainda assim, é possível que nenhum ponto de ancoragem
satisfatório seja encontrado. Então torna-se necessário
criar um ponto de ancoragem no solo.

v)Operação:
O militar deve manter atenção especial ao EPI, princi-
palmente com relação às mãos, que são um alvo freqüen-
te de lesões. Após este cuidado, o militar deve desenro-
lar o cabo, pressionar o punho de debreagem em direção
à alavanca telescópica até travá-lo, introduzir a ponta
do cabo até sair do lado oposto, ancorar o aparelho pelo
eixo de ancoragem num ponto fixo e resistente, puxar o
cabo, a mão, até ficar bem esticado e colocar o punho de
debreagem à posição inicial.
Antes de iniciar o tracionamento, é conveniente a ve-
Fig. –tirfor debreagem acionada
rificação da ancoragem do aparelho e o ângulo de traba-
lho, para que o cabo trabalhe em linha reta, então deve-se
introduzir e travar a alavanca telescópica no seu braço e
para içar ou tracionar, movimenta-se a mesma em vai e
vem, obter o deslocamento desejado da carga.

178 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. –introdução do cabo de aço Fig. – ancoragem

Fig. –pronto para tracionar Fig. – Utilização do tirfor

Fig. – Utilização do tirfor

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 179


9.2.6. Linga 9.2.8. Motosserra
Cabo curto de aço com alças em suas extremidades, Este equipamento é essencial nos eventos de corte de
que tem por objetivo laçar algum objeto para transporte, árvore, já que facilita o corte dos galhos e troncos, agi-
içamento ou arrasto. lizando o trabalho, mas em momento algum devem ser
afastadas as técnicas e nem o fator segurança, afinal o
bombeiro não pode permitir a velocidade influenciar no
fator segurança. A motosserra é composta de um motor
a explosão e um sabre com corrente. Conforme será de-
monstrado abaixo:
As motosserras são constituídas dos seguintes com-
ponentes, observados na fig.ura abaixo:

Fig. – Linga

9.2.7. Gerador à gasolina


O gerador a gasolina é um equipamento formado por 1 – Sabre
um motor à explosão destinado a fornecer corrente elé-
2 – Corrente
trica aos materiais operacionais, comumente usado para
garantir a iluminação do local do evento, principalmente 3 – Punho
quando este estiver distante da viatura.
4 – Filtro de ar

5 – Acelerador

6 – Trava do acelerador

7 – Afogador

8 – Protetor do punho

9 – Retém do acelerador

10 – Vela de ignição

11 – Tampa do cárter

12 – Garra
Fig. – Gerador

180 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


i)Operação: acelerador, e manter a aceleração do motor até que o
Para dar a partida na motosserra, o militar deve equi- motor passe a marcha lenta.
par-se com o EPI, colocar o afogador em “O”, apertar o Quando o motor já estiver quente, não necessita de
botão de meia aceleração e bloqueá-lo. Para acionar o acionamento do afogador e muitas vezes também não é
arranque, deve-se primeiramente fixar a motosserra preciso da meia aceleração.
contra o solo, segurando o suporte tubular com a mão
Para desligar o motor, vire a chave interruptora na po-
esquerda e a manete do cabo de arranque com a direita,
sição “off”.
retirar a folga do cabo até travar e puxar rápido e firme-
mente, não largando no retorno, mas levando-o até a po- O abastecimento é realizado com uma mistura de óleo
sição inicial. 2 tempos e gasolina na proporção 1:50 (óleo do fabrican-
te, para óleos de outros fabricantes use a proporção 1:25)
Com a motosserra já em funcionamento, deve-se co-
– O fabricante especifica a marca Castrol super TT, pró-
locar o afogador em “I”, soltar o bloqueio da alavanca do
prio para motores 2 tempos de alta rotação.

ERRADO CERTO
Fig. como ligar a motosserra

Nunca coloque a motosserra em funcionamento de forma suspensa, pois dessa forma, poderá ferir-se ou ou-
tra pessoa que estiver próxima. Cuidado redobrado quando a utilização do equipamento for feito no alto da
árvore devendo o operador possuir o conhecimento técnico e o domínio da motosserra.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 181


1 – Disco

2 – Protetor de disco

3 – Punho

4 – Filtro de ar

5 – Acelerador

6 – Trava do acelerador

7 – Afogador

Fig. cuidados na utilização da motosserra 8 – Borboleta da regulagem


do protetor
Sempre que trabalharmos com a motosserra em lo-
cais suspensos esta deverá estar ancorada.

9.2.9. Moto-cortador motosserra, no entanto alguns cuidados especiais


devem nortear a operação deste equipamento, já
Equipamento com o funcionamento semelhante ao da
que há a geração, de centelhas durante o corte, o que
motosserra, contudo usado para cortes de chapas. É pos-
oferece riscos ao bombeiro, ao patrimônio e das pos-
sível a utilização de vários tipos de discos, mas na cor-
síveis vítimas envolvidas, criando a possibilidade de
poração, utiliza-se o disco misto para corte (corta ferro
incêndios, caso haja derramamento de inflamáveis ou
e aço), o que capacita o equipamento ao salvamento de
explosão se houver escapamento de gases combus-
pessoas em acidentes automobilísticos, ou para arrom-
tíveis.
bamentos de portas de aço, ou ainda outras situações
onde caiba sua utilização, como para o corte de verga- 9.2.10. Rádio Transceptor Portátil
lhões em desabamentos.
É um equipamento indispensável para eventos mais
Os moto-cortadores são constituídos dos seguintes complexos por facilitar a comunicação entre os membros
componentes, observados na figura abaixo: da equipe de salvamento, e membros de outras equipes,
I)Operação: já que facilita a coordenação da prestação do socorro. As
viaturas de salvamento devem estar equipadas com este
O procedimento para dar a partida no motor do
equipamento.
moto-cortador é o mesmo do acima descrito para a

182 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.2.12. Tripé
É formado por três peças tubulares com 3,5m de altu-
ra, que possuem encaixe na parte superior, que os man-
tém unidos, formando uma estrutura piramidal estável.
Ele é muito útil para o içamento de cargas, especialmen-
te em poços. Para a sua utilização deve-se adaptar uma
roldana no centro do aparelho para içar a carga, o que
permite a utilização de cordas ou de cabos de aço.

Fig. – Rádio

9.2.11. Oxi-explosímetro
É um instrumento, portátil, confiável e de fácil utili-
zação para a detecção da presença de oxigênio e gases
combustíveis. Sempre que houver a presença de algum
gás combustível em porcentagem que venham a ofere-
cer risco de explosão o mesmo disparará um alarme lu- Fig. – Tripé
minoso, bem como um alarme sonoro indicando o risco
do local, isso ocorrerá também quando da alteração de 9.2.13. Cabo ou corda
oxigênio. Pode ser manuseado facilmente nas situações Basicamente a corda é formada por fios unidos e tor-
e ambientes mais adversos. cidos uns sobre os outros, formando um conjunto unifor-
me e resistente à tração. Existem vários tipos de cordas,
principalmente em função do material usado em sua fa-
bricação, entre eles temos os cabos de fibras de origem
animal (seda, crina e couro), os cabos de fibra vegetal
(manilha, sisal e cânhamo), os de fibra sintética (nylon,
seda, polietilenos, poliamida, poliéster, etc.) e os de fibra
mineral (aço).
No CBMERJ as cordas tem normalmente diâmetros
de 9 a 11mm e comprimentos variando em 30, 50, 60, 100
ou 200m dependendo do seu uso. Podem ser estáticas
ou semi-estáticas (mais usadas em salvamentos em altu-
ras) e dinâmicas (usadas em salvamento em montanhas).
I)Partes da corda:

a. Fibra: Matéria básica da corda;


Fig. – Oxi-explosímetro

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 183


b. Fio: Conjunto de fibras; 9.2.15. Mosquetão
c. Cordão: Conjunto de fios; Trata-se de uma peça metálica constituída de um anel
com abertura e gatilho para ser utilizado em ancoragens
d. Capa: É a camada externa de uma corda, que tem
como finalidade a flexibilidade e a proteção da e no baudrier. No início os mosquetões eram feitos de aço,
alma; mas devido ao seu peso, foram completamente superados
pelas novas ligas, que agregam leveza e resistência.
e. Alma: Trata-se da parte interna da corda, que é
protegida pela capa, tem como finalidade a resis- Hoje a maior parte dos mosquetões é feita de uma liga
tência e a elasticidade da corda; especial de alumínio, cromo e zinco, mas existem mode-
f. Chicote: Ponta solta da corda; los de titânio, tornando-os leves e resistentes.

g. Falcaça: É o agrupamento dos cordões na extremi- Existem vários modelos com utilidades específicas,
dade da corda para evitar que este desacoche; como o simétrico ou oval, assimétrico, pêra e semi-oval.
Também diferem entre si dependendo do tipo de gatilho,
h. Firme: Parte livre da corda próxima à ancoragem.
sem trava, ou com trava que pode ser de rosca ou auto-
mática.
Possuem resistências diferentes, sempre com a ins-
crição da sua capacidade expressa em KN, gravada ao
longo do corpo ou dorso, cujo valor do mesmo é de 100Kg
para cada 1KN.
Os mosquetões sem trava, no CBMERJ, são conheci-
dos como molas.

Fig. – Corda

9.2.14. Cabo solteiro


Cabo de material sintético, de 6 a 8mm de diâmetro e
de comprimento reduzido. Fig. – mosquetão simétrico

Fig. – cabo solteiro Fig. – mosquetões sem trava ou “molas”

184 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.2.18. Ascensor de Punho
Ou simplesmente ascensor, geralmente utilizado em
cordas simples de 8 a 13mm de diâmetro. Este equipa-
mento trava na corda para facilitar a ascensão, é fácil de
manusear, o CBMERJ padroniza o uso de uma mola, entre
o orifício superior do mesmo e a corda, a fim de evitar aci-
dentes. É utilizado em par, sendo o 1º posicionado acima
Fig. – mosquetão assimétrico e o 2º posicionado abaixo, e são conectados ao cinto do
bombeiro através de fitas tubulares ou cabos solteiros.

9.2.16. Aparelho oito


Peça com formato do algarismo oito, usado como
freio para a descida de pessoas e cargas.

Fig. – ascensores

Fig. – aparelho oito


9.2.19. Fitas tubulares
São fabricadas normalmente de polipropileno, perlon
9.2.17. Polias ou nylon, com 3cm de largura e 3mm de espessura são
Conhecidas no CBMERJ como patescas, são utiliza- usadas como ponto de ancoragem e para a confecção de
das em içamentos de cargas, transposição de obstácu- cintos-cadeiras ou amarrações em vítimas e macas.
los, sistemas de força e salvamento com plano inclinado.
São fabricadas em vários modelos.

Fig. – polias Fig. – fitas tubulares

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 185


9.2.20. Baudrier 9.2.22. Cinto Cadeira
Equipamento destinado a envolver o bombeiro ou a ví- Equipamento inventado pelo 1º Sargento BM Carlos,
tima dando sustentação ao corpo com segurança e equi- mais conhecido também por “Graveto”, militar do Grupa-
líbrio, fornecendo um ponto de fixação. mento de Busca e Salvamento do CBMERJ. Reciclando
partes dos cintos da brigada paraquedista do exército
brasileiro, deu origem a este cinto muito utilizado em
salvamentos em altura, principalmente no resgate a sui-
cidas, por possuir ganchos de soltura rápida, facilitando
a operação.

9.2.21. Cinto Paraquedista ou Baudrier


Integral
Equipamento semelhante ao baudrier anterior, no en-
tanto possui sustentação para a parte superior do corpo,
bem como outros olhais onde o bombeiro pode se anco-
rar no sistema, a saber: um no peito e um nas costas, além
do tradicional na parte frontal da cintura.

186 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


i)Operação:
1º)’Dois militares transportaram a escada, com
seus ombros entre os banzos da mesma en-
tre o primeiro e segundo degrau de cada lado;
2º) Deslocam-se com os pés da escada para
frente;
3º) Chegando ao local certo para desenvolvê-la
a colocam no chão, um dos militares apoia
os pés da escada sob seus próprios pés, en-
quanto o outro militar do lado oposto da es-
cada a levanta andando por baixo da mesma
até colocá-la na posição vertical;
4º) Com a escada na posição vertical começam
a desenvolvê-la, quando ela estiver do ta-
manho desejado usam o mesmo cabo que
utilizaram para desenvolvê-la para ancorar
no degrau, evitando que o cabo fique solto e
possa causar acidentes;
Fig. – Utilização do cinto cadeira 5º) Um dos militares sobe na escada alternando
os movimentos, subindo o braço direito jun-
9.2.23. Escada prolongável to com a perna esquerda e o braço esquerdo
Escada composta de alumínio ou fibra de vidro para junto com a perna direita, enquanto o outro
garantir resistência e versatilidade, composta de dois militar segura a escada;
lanços, um fixo e um móvel. O lanço móvel desloca-se so-
6º) O militar que sobe na escada leva consigo
bre o fixo através de encaixes.
um cabo solteiro que utiliza para ancorar a
escada, evitando que ela caia.

9.2.24. Tesourão
É uma ferramenta formada de aço com lâminas que é
utilizada no corte de barras metálicas, fios, cabos, ara-
mes e chapas. O tamanho da ferramenta é proporcional a
sua capacidade de cortar peças de maior espessura.

Fig. – escada prolongável Fig. – tesourão

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 187


9.2.25. Vara de Manobra com Croque na 9.2.27. Halligan
Ponta Também conhecida como Hooligan é uma ferramenta
Ferramenta composta por um cabo de fibra sub- muito versátil usada para entradas forçadas, foi projeta-
dividido em partes com 1,5m cada, que servem para da por um bombeiro de New York, FDNY, chamado Hugh
prolongar o equipamento e possuem alta resistên- Halligan em 1948, mais tarde naquele ano, o primeiro
cia mecânica e elétrica, possui versatilidade para protótipo da barra Halligan foi feita por Peter Clarke (um
que a peça na sua ponta possa ser trocada confor- ferreiro).
me a necessidade. Deve-se ter o cuidado para não
expô-la a temperaturas muito elevadas, pois assim
ela pode perder sua resistência mecânica e elétri-
ca.
A peça na ponta da vara é o croque, ferramenta clássi-
ca do bombeiro em forma de gancho e fisga.

Fig. – vara de manobra e croque Fig. – Tipos de barra Halligan

9.2.26. Alavanca
9.2.28. Machado
Equipamento aplicado em vários tipos de salvamen-
Ferramenta de aço com o formato semicircular e de
tos, constituído de uma barra de ferro de seção circular
gume afiado dotado de um cabo de madeira, usado em
ou octogonal, com comprimento, formas e extremidades
arrombamentos e cortes.
variadas, usado em atividades de arrombamento e des-
locamento de cargas.

Fig. – alavanca Fig. – machado

188 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.2.29. Malho
Ferramenta em aço de resistência superior aos aços
comuns, possuindo uma extremidade em forma retangu-
lar e seção quadrada conectada a um cabo de madeira ou
ferro, à semelhança de uma marreta, destinado a traba-
lhos que exijam grandes esforços de deslocamento ou
deformação, especialmente em arrombamentos.

Fig. – pá quadrada

Fig. – malho

9.2.30. Pá Fig. – pá redonda


É um equipamento formado por uma chapa metálica
de formato côncavo dotado de um cabo de madeira, usa-
9.2.31. Lanternas
do em remoção de material e escavação, é comum a sua
utilização em colisões quando há o vazamento de com- Aparelho destinado à iluminação, alimentado por pi-
bustíveis e óleo, pode ser quadrada, redonda ou ainda de lhas, destina-se a iluminação de pequenas áreas nas ope-
campanha. rações de salvamento.

Fig. – pá de campanha Fig. – lanterna

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 189


9.2.32. Cones de sinalização 9.3.1. Capacetes de proteção
Objeto de borracha de formato tronco cônico branco Capacete com desenho específico para proteger a
e laranja, empregado na sinalização em vias de trânsito e cabeça do militar em situações de salvamento, evitando
isolamento da área do evento. lesões em uma das principais partes do corpo humano,
fazendo com que o bombeiro possa ficar impossibilitado
de prosseguir na atividade.

Fig. – cone de sinalização

9.3. Equipamentos de Proteção Fig. – Capacete Montana para Trabalhos em Alturas

Individual
Segundo a Norma Regulamentadora nº 06 do Ministé-
rio do Trabalho, Equipamento de Proteção Individual (EPI)
é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado
pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetí-
veis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
A seleção destes equipamentos deve ser bastante cri-
teriosa, tendo em vista o fato de afetarem diretamente o
próprio desempenho do militar. Segundo Roberge (2008,
p.135 apud BELTRAME, 2010,p.12) “o uso impróprio do EPI
pode impactar de forma negativa o trabalhador em seu
desempenho, segurança, conforto físico e emocional, co-
municação e audição”.
Fig. – capacete F2X MSA
São equipamentos utilizados para manter a seguran-
ça do usuário, são utilizados quando as medidas coleti-
vas de segurança não garantem a proteção necessária.
9.3.2. Luvas de proteção
São de extrema importância e necessidade para as ati-
vidades de bombeiro, um socorrista ferido perde parte Luva usada em atividades que gerem atritos que po-
de seu potencial para resgatar uma vítima e pode vir a deriam ferir a mão, podendo ser de vaqueta, de raspa de
se transformar em uma nova vítima, dificultando muito a couro ou de outros materiais com resistência química,
operação e sobrecarregando seus companheiros. como a butílica ou a nitrílica, entre outras.

190 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.3.3. Óculos de proteção
É destinado a proteção dos olhos do bombeiro contra
agentes agressivos e partículas.

Fig. – óculos de proteção

Fig. – luva de vaqueta


9.3.4. Botas de borracha
Calçados de borracha com um cano longo usado em
atividades em que haja a proteção dos pés em relação a
líquidos, contudo deve ser evitado o contato com agen-
tes agressivos à borracha e superfícies aquecidas.

Fig. – luva butílica

Fig. – luva de raspa de couro Fig. – botas de borracha

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 191


9.3.5. Jardineira utilizado em salvamentos por possuir também proteção
contra abrasão.
Calça de segurança, confeccionada em PVC, com ajus-
te e acoplada com botas de PVC, dá proteção ao bombei-
ro em seus membros inferiores contra líquidos contami-
nados.

Fig. – capa de aproximação

9.3.7. Cotoveleiras e joelheiras


Equipamentos de proteção contra abrasão dos coto-
velos e joelhos, muito utilizado em operações de resgate
em estruturas colapsadas.

Fig. – jardineira

9.3.6. Capa de aproximação


Equipamento de proteção típico de combate a in-
cêndio, que oferece proteção térmica, mas que é muito

192 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – cotoveleiras e joelheiras
Fig. – protetor auricular
9.3.8. Máscara contra pó
Protege o bombeiro de respirar pós em operações, 9.3.10. Equipamento de Proteção
muito utilizado em operações de resgate em estruturas Respiratória Autônomo
colapsadas, entradas forçadas e também em operações Equipamento típico de combate a incêndios que deve
de desencarceramento. ser utilizado sempre nos salvamentos quando houver ris-
co de contaminação respiratória ou ainda deficiência de
oxigênio na atmosfera do salvamento. Maiores informa-
ções consultar capítulo de técnica e maneabilidade em
combate a incêndio.

Fig. – máscara contra pó

9.3.9. Protetor auricular


Equipamento que visa proteger a audição do militar,
deve ser utilizado em conjunto com equipamentos como
Motosserra e moto cortador. Fig. – equipamento de proteção respiratória Autônomo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 193


9.3.11. Luva de procedimento Vale lembrar que em nenhum momento o militar deve
ficar desatento com o fator segurança, por ser este es-
Luvas confeccionadas em látex natural, de pequena
sencial para uma operação bem sucedida. São muitos
espessura (tipo cirúrgica) com talco. Material leve e fle-
os perigos existentes nas colisões de veículos, como o
xível, formando uma luva confortável, que garante exce-
de incêndio, instabilidade dos veículos, ferragens pon-
lente tactibilidade.
tiagudas, estilhaços de vidro, produtos perigosos etc.
Oferecem relativa resistência contra compostos or- Portanto é necessário utilizar os equipamentos de pro-
gânicos e inorgânicos que apresentam água como sol- teção individual e tomar medidas para evitar riscos à
vente. integridade física dos bombeiros, da vítima e dos tran-
Devem ser empregadas internamente, sob outras lu- seuntes.
vas, como segurança extra para as mãos dos usuários. Deve-se ter sempre em mente que a prioridade do
Este tipo de luva, sobretudo, deve garantir a proteção bombeiro é garantir o acesso às vítimas, estabilizar e
biológica do bombeiro. protegê-las de novas lesões, que poderiam ser ocasiona-
das por faísca, vidros, metais e até mesmo pelas ferra-
mentas de resgate.
• O desencarceramento possui as seguintes fa-
ses:
• Estacionamento das viaturas;
• Sinalização/isolamento do local;
• Uso do EPI;
• Armação da linha de prevenção;
• Estabilização do veículo;
• Desligamento ou corte dos cabos da bateria e
fechamento da válvula do GNV (caso possua);
• Manuseio dos vidros;
Fig. – luva de procedimento • Desencarceramento e resgate das vítimas.

i)Estacionamento das viaturas:


9.4. Técnicas de Salvamento
Sempre que possível, a viatura de salvamento (ABS e
9.4.1. Desencarceramento ABSL) deve ser posicionada junto à calçada, a uma dis-
tância mínima de 5 metros à frente do evento, de forma
A missão do bombeiro de salvamento neste evento
que fique facilitada a retirada dos equipamentos neces-
é a de retirar as ferragens das vítimas, permitindo aos
sários à realização das atividades operacionais.
bombeiros das viaturas de socorros de emergências
(ASE) o atendimento e a remoção da vítima ao hospital, A viatura de socorro médico (ASE) deverá também ser
contudo se a viatura de socorro médico não estiver no lo- posicionada à frente, a uma distância máxima de 5 me-
cal, a guarnição de salvamento deverá atender as vítimas tros do ponto da colisão, ficando, entretanto, posiciona-
empregando os conhecimentos apreendidos na matéria da junto à margem interna da via de circulação, de forma
de socorros de urgência e aguardar no local a chegada da que fique assegurada a sua partida rápida sem maiores
outra viatura (ASE). impedimentos em direção à rolagem da pista.

194 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


A viatura de combate a incêndio (ABI, ABT ou AT) de-
verá se posicionar, no mínimo, 5 metros à retaguarda do
evento.

No caso de incêndio, as distâncias serão de 20 metros do ponto de colisão e, caso haja risco de explosão, de, no
mínimo, 200 metros.

ii)Sinalização/Isolamento do local: ficando a uma distância mais larga que a ocupada pela
A sinalização do local deverá ser feita desde a distân- viatura, tal procedimento, de extrema importância, serve
cia de 1 x velocidade máxima da pista, ou seja, em uma como prevenção à ocorrência de outros acidentes se-
pista de velocidade máxima de 100 km/h, a sinalização cundários. A sinalização deverá envolver toda a cena do
deverá se iniciar a 1 x 100 = 100 metros, ou para facilitar acidente, o local deverá ser isolado de forma a limitar o
a demarcação dessa distância, adota-se um passo longo acesso apenas àqueles que trabalham na ocorrência.
para cada metro, sendo assim, a distância de isolamento No caso de curvas a sinalização deve ter início antes
dessa pista ficaria de 100 passos longos. da mesma, se o acidente ocorrer em locais de aclive ou
Essa sinalização deverá ser feita obrigatoriamente declive acentuado, a sinalização deve ter início no lado
por meio de dispositivos (cones) fotoluminescentes (que oposto do mesmo, em caso de anormalidades (presen-
brilhem a exposição da luz), no mínimo sete cones devem ça de chuva, fumaça, neblina, óleo na pista, à noite, etc.)
ser utilizados, ficando o primeiro deles, o mais distante a distância de sinalização dever ser dobrada por motivo
da viatura, encostado ao meio feio da pista e o último de segurança.

Distância para início da


Velocidade máxima per- Distância para início da si-
Tipo da via sinalização (chuva, ne-
mitida nalização (pista seca)
blina, fumaça, à noite)
Vias locais 30 km/h 30 passos longos 60 passos longos
Avenidas 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos
Vias de fluxo rápido 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos
Rodovias 110 km/h 110 passos longos 220 passos longos
Fonte: POP-CBMERJ, parqueamento de viaturas

Fig. – estacionamento de viaturas e balizamento da cena

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 195


Quanto ao isolamento, poderemos operar estipulando • Círculo exterior: área delimitada de 10 metros
círculos de trabalho, com objetivo de organizar o teatro que se situa fora do círculo interior e onde estão
de operações, ou seja: demarcadas as seguintes áreas:

• Círculo interno: círculo imaginário de 5 metros, • Viatura de desencarceramento/Ambulância;


em redor do acidente a que se tem acesso: equi- • Outras viaturas de socorro;
pes de salvamento/equipes médicas/ambulân-
cia. • Depósito de destroços.

Fig. – demonstração dos círculos imaginários

iii)Uso do EPI:
Todos os bombeiros deverão estar usando o EPI ade-
quado: capacete, capa de aproximação, luvas cirúrgicas,
luvas de raspa de couro, equipamento autônomo de res-
piração artificial (caso o evento seja pertinente a vaza-
mento de produtos perigosos);
Para os casos que envolvam riscos elétricos deverá
ser acrescido o EPI dos seguintes materiais: capacete de
segurança, calçado de segurança, luva de segurança iso-
lante de borracha, manga de segurança isolante de bor-
racha, vestimenta condutiva de segurança, multímetro,
croque com cabo isolante, tesourão com cabo isolado,
alicate com cabo isolado, chave de fenda com cabo iso-
lado, tapete isolante, protetor facial para arco elétrico,
óculos de segurança.
Fig. – bombeiro equipado com EPI adequado

196 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iv)Armação da linha de prevenção:
Antes de qualquer procedimento de abordagem do
veículo, deverá ser armada uma linha de prevenção com
esguicho de vazão regulável (EVR) ou, se for o caso, o
mangotinho, em carga (pressurizada) e fechado, com o
corpo de bomba funcionando em regime de baixa rota-
ção.
v)Estabilização do veículo:
Deverá ser feita antes da abordagem dos veículos
acidentados a estabilização dos mesmos contra tomba-
mento, esmagamento do teto, deslizamento ou contra
qualquer outro movimento que venha a pôr em risco o su-
cesso da operação, o que deverá ser feito pela utilização Fig. – ancoragem em veículo tombado
de calços, cunhas, escoras, cabos, fitas tubulares, cabos
de aço ou outros dispositivos aplicáveis.
Deverá haver uma estabilização progressiva, ou seja,
uma estabilização da área à medida que for progredindo
a operação, visto que algumas partes do veículo são reti-
radas e sua estabilidade pode ficar comprometida. Cabe
ao Comandante da Operação alertar seus comandados
para observarem sempre esse detalhe.

Fig. – veículo estabilizado

vi)Desligamento ou corte dos cabos da bateria e


fechamento da válvula do GNV
Deverá ser feito, com a prevenção de uma linha direta,
o corte da alimentação de energia elétrica do veículo, re-
tirando primeiramente o cabo ligado ao borne negativo
(-) da bateria.
Atualmente, alguns automóveis são equipados com
sistema suplementares de retenção, ou seja, airbags,
possuindo várias siglas de identificação, como “SIR”,
Fig. – estabilização de veículo capotado

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 197


“SRS”, “SIPS”. Porém, no caso de corte de energia, estes
se mantêm ativos por aproximadamente trinta minutos,
em virtude dos veículos possuírem acumuladores eletrô-
nicos, portanto assegurar que ninguém se coloque entre
o volante e/ou console e a vítima.

Fig. – desligamento da bateria

Na falta de protetores de airbag, as equipes de salva-


mento poderão utilizar fitas tubulares e/ou cabos soltei-
ros, envolvendo o volante, reduzindo assim a probabili-
dade de ocorrer lesões devido ao seu acionamento.

vii) Manuseio dos vidros


Os vidros podem ser: removidos, partidos ou cor-
tados. Dependendo da situação, não será necessária
a quebra dos vidros, o que poderá dificultar ainda mais
as ações de salvamento. Basta apenas retirá-los, caso a
situação assim permitir, utilizando facas para a remoção
de borrachas, chaves de fenda para remoção de metais e
ainda borrachas tipo “ventosas’ para segurar o vidro im-
Fig. – protetor de airbag pedindo assim a sua queda.

198 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Caso seja necessária a quebra dos vidros, estes
deverão ser eliminados de fora para dentro; uma
proteção transparente, segura e maleável deve ser
utilizada para proteger a vítima e as equipes de sal-
vamento.

viii) Abertura de acessos


Permite que a equipe de atendimento pré-hospitalar
se aproxime da vítima para prestar os cuidados necessá-
rios.
Após o veículo se encontrar estabilizado e seguro, de-
vem ser utilizados os acessos já existentes, permitindo
uma rápida abordagem, ou seja, portas, para-brisas, jane- Fig. – demonstração de pontos importantes do veículo
las etc.
- Desencarceramento: aqui deve ser aplicada a regra
Caso seja necessário o Comandante de Operações
básica de remover as ferragens da vítima e nunca a víti-
ordenará que cortes estratégicos sejam feitos e acessos
ma das ferragens.
sejam criados para chegar à vítima, até terminarem as
operações. • Remoção do teto: frontal, lateral, a retaguarda
ou totalmente.
No caso de incêndio, simultaneamente ao combate
às chamas, utilizando o esguicho regulável na posição de • Remoção da porta: pela maçaneta e pela dobradiça.
jato neblinado, produzir uma “cortina d’água” entre o fogo • Afastamento do painel.
e o acidentado e efetuar o salvamento. Porém, nos casos
de menor potencial ígneo, poderão ser utilizados extinto- Protocolo a ser seguido:
res correspondentes. 1º)Removem-se teto e portas;
Caso o veículo seja movido a GNV e não havendo cha- 2º)Corta-se o pilar “A” na parte de baixo;
mas envolvendo o cilindro, a válvula deverá ser fechada.
Caso o cilindro de um veículo esteja envolvido em cha- 3º)O cilindro é colocado na parte de baixo da co-
mas, sua válvula não deverá ser fechada. luna “B” e no meio da coluna “A”;
4º)Pode-se usar o suporte do cilindro na colu-
ix) Desencarceramento da vítima na “B” (material específico) ou o expansor
como base;
Para efeito de entendimento, as barras de sustenta-
ção do teto de qualquer veículo são denominadas pilares, 5º)Levantar o painel verticalmente; pode-se
levando em consideração inicial o pilar A, próximo do vi- colocar um cilindro pequeno na base do pilar
dro dianteiro e, por conseguinte pilares B, C e D, quantos “A”, no local do corte.
forem.
6º)Abertura do painel lateral: o procedimento
Este procedimento deverá obedecer às seguintes eta- é utilizado quando da necessidade de ma-
pas, caso sejam necessárias: nusear os pés da vítima que se encontram
presos nos pedais.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 199


7º)Retirada dos pedais: poderá ser feito o I)Definições:
afastamento do pedal com a fita tubular e/
a. Situações emergenciais: são acontecimentos
ou o corte do pedal com ferramenta espe- mórbidos e inesperados, que, por sua natureza
cífica. imutável e de risco extremo, requerem tratamen-
to imediato.
- Abertura em “concha”: este procedimento é feito
quando o veículo encontra-se tombado lateralmente, b. Risco iminente: perigo ou possibilidade de perigo
ou seja, formando um ângulo de 90º em relação ao solo que está em via de efetivação imediata.
aproximadamente. c. Abate seccionado: utilizado quando não for pos-
sível efetuar a queda livre da árvore, consiste em
Protocolo a ser seguido: seccionar a árvore em pedaços menores, utilizan-
do-se de técnicas variadas.
1º)Estabiliza-se a viatura em ambos os lados
(utilizamos também, além dos calços e d. Corte de abate pleno: realizado acima do corte
cunhas, escoras); direcional, mantendo uma faixa de fratura igual a
1/10 do diâmetro da árvore.
2º)Retira-se o vidro traseiro para o primeiro
e. Sistema de elevador: técnica de corte que con-
contato com a vítima;
siste em remover os galhos parcialmente, aos pe-
3º)Os vidros são quebrados para que possam daços, em vez de abatê-los totalmente de um só
ser feitos cortes nos pilares; golpe. Essa técnica deve ser empregada amarran-
do-se o galho ou a parte da árvore que se vai cortar
4º)Antes de quebrar os vidros, proteger a ví- em ponto fixo da própria árvore ou outro ponto de
tima e o socorrista (equipe médica) com a apoio seguro, efetuando-se em seguida o corte. A
adoção dessa técnica evita que a parte cortada
proteção maleável (cacos de vidro);
caia de uma só vez.
5º)Cortar os pilares;
f. Entalhe direcional: é o entalhe feito para deter-
6º)Realizar dois cortes estratégicos no teto na minar a direção da queda do tronco, formada pela
mesa (base horizontal) e a boca (corte oblíquo)
parte traseira e dianteira, próximo ao solo;
onde se retira uma cunha em direção ao centro.
7º)Rebater o teto para o solo, como se estives-
se “abrindo uma concha”; Nem toda solicitação para a realização da ativi-
dade de corte de árvore requer, necessariamente,
8º)Retirar a vítima.
a efetiva execução pelo CBMERJ, nas hipóteses em
que não forem constatadas a incidência de risco imi-
- Atropelamento com vítima sob o veículo:
nente, a atividade competirá a Engenheiro Agrôno-
mo, segundo o art. 6º, letra “f”, do Decreto Federal nº
Protocolo a ser seguido:
23.196, de 12 de outubro de 1933, cuja infração consta
• Levantar o veículo utilizando cilindros extensi- sedimentada no art. 6º, alíneas “a” e “e”, c/c o art. 76,
vos, macacos e/ou expansores hidráulicos;
todos da Lei Federal nº 5.194, de 24 de dezembro de
• Estabilizar progressivamente. 1966.

9.4.2. Corte de árvore ii)Considerações gerais


• O serviço de corte de árvore, realizado pelo Considerando o que preconizam as normas legais
CBMERJ, compreende o abate ou retirada e o vigentes sobre o tema depreende-se ser da atribuição
desbaste ou poda, só se aplicando em situações
do CBMERJ apenas a retirada das árvores ou a poda
emergenciais.
dos galhos de grande porte já caídos nas vias públicas,

200 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


que possam vir a provocar outros acidentes como a tamanho real da árvore a ser cortada, deve-
colisão de um veículo. Dentro desse cenário, podem- rá ser feito com faixas de sinalização, cor-
se incluir também vegetais que estejam parcialmente das e/ou cones de sinalização.
tombados, ou seja, que estejam pendentes ou soltos
3º)Antes de efetuar o corte, deve-se fazer uma
de sua base de apoio, fora do seu estado normal e que
avaliação técnica (reconhecimento do lo-
só não estão no chão por estarem apoiados em muros,
cal), bem como uma avaliação do tipo de ter-
em edificações, ou quaisquer outros anteparos eleva-
reno: se há edificações por perto, presença
dos, caracterizando o risco iminente de queda, pois
de fiação elétrica e principalmente as condi-
oferecendo risco real à integridade física das pessoas
ções climáticas (possibilidade de chuvas ou
ou de seus bens.
ventos fortes).
O evento de corte de árvore é um atendimento que re-
4º)A análise da situação efetuada nos reconhe-
quer bastante atenção, tanto no que toca a segurança da
cimentos citados norteará a tomada de de-
guarnição dos Bombeiros Militares que estão realizando
cisão quanto ao método de corte a ser em-
o serviço, haja vista o elevado número de ocorrências
pregado, assim como possibilitará decidir
que incapacitaram ou levaram a termo fatal militares da
pela solicitação de apoio a outros Órgãos
Corporação, quanto no que se refere à proteção dos bens
Públicos, pelo isolamento da área, retirada
materiais circunvizinhos ao evento.
de pessoas e ainda a escolha adequada dos
iii)Ameaça de queda equipamentos necessários à execução do
Em casos de solicitação de “ameaça de queda”, requer serviço.
a avaliação de profissional com habilitação legal (Enge- 5º)Os equipamentos de proteção individual de-
nheiro Agrônomo), pelo fato de não termos em nossos vem ser usados pelos elementos da guarni-
quadros tal profissional, a análise da situação fitossa- ção, a saber: capacete, óculos de proteção,
nitária da árvore se torna impossível. Portanto, quanto protetor auricular, equipamentos de altura
e luvas. Adotar todos os cuidados com rela-
às solicitações de “ameaça de queda”, é imprescindível
ção à utilização da motosserra.
que seja apresentado ao CBMERJ um relatório do pro-
fissional habilitado, atestando que o vegetal se encontra 6º)Na aplicação do “sistema de elevador”, o
bombeiro responsável pelo abate do galho
em risco de queda iminente, caracterizando a natureza
deverá atentar para que não haja, a princí-
emergencial do serviço.
pio, o corte total do mesmo, ou seja, deverá
iv)Procedimentos fazer uma incisão suficiente para que não
1º) A viatura de autobusca e salvamento (ABS cause a sua queda, ficando a ação final a ser
ou ABSL) deverá se posicionar afastada executada por tração, pela equipe de terra,
do local onde será efetuado o corte de após a descida do operador e do equipa-
árvore, a uma distância segurapara pos- mento de corte.
síveis incidentes, porém de fácil acesso à 7º)Todo bombeiro que tiver que subir na árvo-
guarnição, de forma que facilite a retirada
re deverá estar ancorado e fazer uma se-
dos materiais específicos necessários à
gurança acima da sua cabeça, bem como o
atividade.
equipamento a ser utilizado e todo material
2º)O isolamento do local deverá obedecer a deverão ser levados para cima da árvore por
uma distância de, no mínimo, duas vezes o içamento.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 201


- Corte de abate: Para a queda, dependendo da situa- - Sistema de elevador: Para a queda, dependendo da
ção e necessidade, poderão ser utilizados materiais auxi- situação e necessidade, poderão ser utilizados materiais
liares de tração (Tirfor, guinchos, cabos, polias, etc). auxiliares de tração (Tirfor, guinchos, cabos, polias, etc).

CORTE DIRECIONAL
1/3 de diâmetro

Filete de ruptura

Corte de abate

Direção
Corte de abate

Fig. – corte de abate Fig. – Análise Preliminar antes do Corte e Preparação do Sis-
tema de Elevador

202 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


A tensão, a lubrificação e a afiação da corrente da
motosserra devem ser observadas antes e após o corte;
deve-se testar a motosserra antes de qualquer situação
real. Para o içamento da motosserra, a mesma deverá
estar em funcionamento e com o freio da corrente acio-
nado. Quando a motosserra for transportada em terreno
plano ou aclive, deve ser conduzida com o sabre voltado
para trás. Ao abastecer, não derramar combustível nem
fumar. Somente o operador deve manusear a motosserra
desde sua preparação até o corte. O operador deve pos-
suir condições físicas, psicológicas e técnicas para reali-
zar o serviço. Durante o corte, as garras da motosserra
devem estar firmadas, garantindo maior controle do
equipamento. Deve-se ter muita atenção com os troncos
rachados, pois estes podem facilmente soltar lascas.

v)Cuidados com árvores próximas a rede elétrica:


A tabela a seguir, retirada do manual MTB-35 - Cole-
tânea de Manuais Técnicos de Bombeiros do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado de São Paulo apresenta a
distância mínima necessária de um ponto energizado
para que uma pessoa possa se movimentar, inclusive ma-
nipulando equipamentos ou ferramentas não isolantes,
sem o risco de abertura de arco elétrico em relação ao
seu corpo.

Classes de tensão (KV) Distância mínima (m)


13,8 1,10
20 1,15
34,5 1,20
69 1,35
88 1,45
Fig. –Sistema de Elevador na mesma árvore e utilização do
tirfor 138 1,60
230 2,20
345 3,00
440 3,30
Após o serviço, os BM deverão deixar livres vias e 500 3,80
passagens no local do evento. Não é responsabilidade do Nesse caso, torna-se importante que a companhia
CBMERJ a retirada e o transporte dos troncos e galhos
cortados. Fonte: CBSP

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 203


de eletricidade local seja acionada e apóie o CBMERJ
devido à complexidade do evento. Se não for possível
a interrupção do fornecimento de energia, solicitar
junto à companhia o apoio de equipe especializada em
trabalhos.

9.4.3. Operações com elevadores


Conjunto de equipamentos com acionamento ele-
tromecânico ou hidráulico destinado a realizar trans-
porte vertical de passageiros, cargas ou para ambos
concomitantemente entre os pavimentos de uma
edificação. Devido às diversas aplicações, os equipa-
mentos possuem os mais diversos itens de segurança
e proteção aos usuários: reguladores de velocidade, Fig. –principais partes do elevador
freios de segurança, limites de parada, botões de
emergência etc.
a. Cabina: É o nome dado ao compartimento onde é
Esses itens dão ao passageiro segurança no trans- transportada a carga e/ou as pessoas.
porte e consistem basicamente de uma cabina sus-
pensa por meio de cabos de aço que correm sobre uma
polia de tração adequada e sobre trilhos acionada por
um motor. Na outra extremidade, cabos de aço susten-
tam um contrapeso. O acionamento desse conjunto é
comandado por um sistema de controle que propor-
ciona o deslocamento da cabina no sentido de subida,
descida e as paradas realizadas pela mesma nos an-
dares predeterminados. Esses comandos poderão ser
realizados pela parte externa, que são os pavimentos,
e pelo interior da cabina.
Para fins de entendimento pelo Corpo de Bombei-
ros, com o intuito de melhor classificar as ocorrências,
ficará definido que “pessoas retidas” compreendem
aquelas no interior da cabina do elevador parado por
qualquer motivo; “pessoas presas” compreendem
aquelas prensadas entre ferragens ou prensadas en-
tre a cabina e o pavimento ou ainda entre a cabina e as
paredes da caixa de corrida.

i)Definições:
A seguir teremos uma visão geral bem como a de cada
parte que compõe o sistema de um elevador :

Fig. – cabina do elevador

204 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


b. Caixa de corrida: Compreende o espaço entre a
casa de máquinas e o piso do poço; é o local onde
se movimentam a cabina e o contrapeso (cabina,
operador de porta, contrapeso, guias, cabos de
aço).

Fig. – contrapeso

d. Pavimento de acesso: São os diversos locais de


parada da cabina; é composto por: porta de pavi-
mento, sinalização de pavimento, botoeira de pa-
vimento.

Fig. – caixa de corrida

c. Contrapeso: utilizado para diminuir a foça reali-


zada pelo motor do elevador, tem normalmente a
metade do peso suportado pelo aparelho acresci-
da do peso da cabina. Ex.: Elevador com capacida-
de para 1.000 kg, possuirá um contrapeso de 500
kg mais o peso da cabina. Fig. – pavimento de acesso

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 205


e. Casa de máquinas: É o nome dado ao local onde
normalmente são instalados os equipamentos;
abriga os aparelhos que comandam e controlam
o elevador (máquina de tração, limitador de
velocidade, painel de comando, quadro de força e
controle).

Fig. – poço

g. Limitador de velocidade: Tem a finalidade de tra-


var o elevador em caso de aumento de velocidade
Fig. – casa de máquinas acima do padrão de segurança, impedindo, assim,
uma eventual queda livre do elevador.

f. Poço: É a parte inferior da caixa (fosso), onde


ficam instalados dispositivos de segurança (para-
choque) para proteção de limites de percurso do
elevador; existem três tipos de para-choques:
hidráulico, de molas e de borracha.

206 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


i. Máquina de tração: Conjunto motriz que tem a fi-
nalidade de realizar a força no transporte vertical.
Constituído de motor-gerador, sistema de tração,
coroa sem fim, freio eletromecânico, polia de tra-
ção e cabos de tração.

Fig. – limitador de velocidade

Fig. – máquina de tração


h. Quadro de comandos: Onde são gerenciadas as
informações elétricas do elevador para a realiza-
ção dos comandos de parada e partida. Constituí- ii)Possíveis defeitos:
do de bobinas, relês, transformadores e chaves de
força. • A falta de força geral ou por algum defeito loca-
lizado na edificação causa paralisação imediata
dos elevadores;
• Sobrecargas, devido ao excessivo número de
passageiros, podem desarmar a chave de pro-
teção do motor de tração;
• Defeito no freio pode causar a ultrapassagem
dos limites de percurso, desligando as chaves
de limite que cortam a alimentação;
• Sapatas, cursores das cabinas com desgaste
excessivo provocam atuação do freio de segu-
rança na descida;
• Defeito no regulador de velocidade pode fazer
atuar o freio de segurança quando a cabina se
Fig. – quadro de comandos movimentar em sentido de descida;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 207


Defeitos no comando elétrico podem causar a parali- riscos adicionais para aquele tipo de ocorrência, dados
sação em qualquer ponto do percurso. estes, além daqueles que são padrão de serem colhidos
iii)Procedimentos: pelo SsCO, como local da ocorrência, identificação do so-
licitante etc.
A guarnição padrão para esse tipo de ocorrência é for-
Os dados a serem coletados para este tipo de ocor-
mada com no mínimo três Bombeiros. O Chefe da Guar-
rência são:
nição deverá abrir e operar junto à porta de pavimento
mais próxima da cabina (andar imediatamente superior 1)Causa do acidente;
ou inferior); os outros dois componentes da guarnição
2)Tipo de acidente;
deverão operar acima da caixa de corrida, na casa de má-
quinas do elevador. 3)Quantidade de vítimas;
O dispositivo de construção do elevador estabelece 4)Empresa e contato do técnico;
o contrapeso a fim de amenizar o esforço dos motores.
Para tal, o contrapeso vem a ter sua carga igual ao peso 5)Responsável pela edificação (porteiro, sindi-
da cabina acrescido de metade do valor do peso da capa- co, proprietário) no local;
cidade total do equipamento, ou seja, terá o peso igual ao
6)Existência de chave de emergência da porta
da cabina com metade de sua carga.
de pavimento;
Se a quantidade de passageiros for menor que a me-
tade da capacidade da cabina, a tendência da cabina será 7)Riscos potenciais para o atendimento da
subir, pois estará mais leve que o contrapeso, sendo en- ocorrência (incêndio, rompimento de cabos,
tão as vítimas serão retiradas pelo andar imediatamente curtos-circuitos etc.).
superior. Se a quantidade de passageiros for maior que a Antes do deslocamento, conferir o material ne-
metade da capacidade da cabina, a tendência da cabina cessário ao salvamento (rádios, chaves de elevador,
será descer, pois estará mais pesada que o contrapeso, lanternas, desencarcerador, material de salvamen-
as vítimas são retiradas, então, pelo andar imediatamen- to em altura etc.). Acionar de imediato o apoio ne-
te inferior. cessário (por exemplo: se houver vítima presa nas
Coletar, durante o deslocamento, o máximo de infor- ferragens, acionar a guarnição de emergência pré-
mações possível junto à SsCO: -hospitalar, policiamento, que deverá ser acionado
de imediato logo na solicitação de atendimento da
As solicitações para o atendimento dessa emergência, ocorrência, em caso de acidente com vítimas fatais,
com vítimas, envolvem diversas causas e circunstâncias, para realizar os procedimentos legais e preserva-
conforme os vários tipos que podem ser classificados: ção dos autos, assistência técnica responsável pelo
• Retiradas de pessoas do interior das cabinas; elevador), cabendo ao Comandante de Operações
confirmar com a SsCO, durante o deslocamento, es-
• Acidentes com as vítimas presas entre a cabina
ses acionamentos.
e o piso dos pavimentos;

• Vítima presa às ferragens ou ao contrapeso; iv)Conduta operacional para vítimas retidas no


interior da cabina:
• Vítima no interior do fosso.
Esse tipo de acidente é causado, de modo geral, pela
Os dados que deverão ser colhidos são aqueles que falta de energia elétrica, por excesso de carga ou por de-
irão auxiliar o Comandante da Ocorrência a fazer um feitos eletromecânicos no elevador. O bombeiro, ao che-
planejamento tático, solicitar meios adequados e prever gar ao local, após rápido reconhecimento, deverá avaliar

208 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


a quantidade de vítimas e o estado psicológico em que
se encontram, informando-as da presença do socorro,
procurando tranqüilizá-las, adotando os seguintes pro-
cedimentos:

a. Localizar a posição da cabina em relação aos pa-


vimentos;

b. Dividir a guarnição, devidamente equipada com


rádios transceptores e lanternas, entre a casa de
máquinas e o local próximo à cabina com as víti-
mas;

c. Na casa de máquinas deverá ser efetuado o


corte da energia elétrica do elevador, por meio
do desligamento da chave geral corresponden-
te;

d. Em caso de dúvida, desligam-se as chaves de to-


dos os elevadores, a chave geral da casa de máqui-
nas ou ainda os disjuntores do quadro de energia
situado geralmente no andar térreo, após evacuar
as demais cabinas;

e. Simultaneamente às ações desenvolvidas na casa


de máquinas, deverá ser procedida a abertura da
porta do andar mais próximo à cabina com as ví-
timas.

Fig. – chave triângulo

f. O nivelamento será processado por meio da libe-


ração do freio hidromecânico e rotação lenta e
contínua do volante de inércia da máquina de tra-
ção; Fig. – Uso da Chave de Freio e Nivelamento da Cabina

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 209


Caso o número de pessoas seja superior à metade da
capacidade nominal de carga, a cabina deverá ser deslo-
cada preferencialmente para baixo e caso o número de
pessoas seja inferior à metade da capacidade nominal da
carga, a cabina deverá ser deslocada preferencialmente
para cima.

g. Logo após o nivelamento da cabina com o andar,


comunicar aos operadores da casa de máquinas
que parem a operação, freando novamente o ele-
vador, o que permitirá o destravamento e a abertu-
ra da porta da cabina de forma mecânica, girando a
polia ou movimentando a lança do controlador de Fig. – abertura da porta da cabina
porta, dependendo do modelo.

9.4.4. Entradas forçadas


e arrombamentos
Os conhecimentos descritos neste item destinam-se
a capacitar o bombeiro a retirar obstáculos que estejam
obstruindo sua passagem. A entrada forçada é o ato pelo
qual o militar adentra em um recinto fechado valendo-se
de meios não convencionais, sempre buscando o menor
dano possível no patrimônio alheio, ou seja, deve-se evi-
tar o arrombamento.
As entradas forçadas e arrombamentos são procedi-
mentos realizados pelo bombeiro e que possuem o se-
guinte amparo legal:
• A segurança global da população é um dever
dos Estados democráticos e também direito e
responsabilidade da cidadania;
• A Constituição da República Federativa do Bra-
sil garante que todos são iguais perante a lei,
sem distinção de qualquer natureza, garantindo
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à saúde,
à segurança, à propriedade e à incolumidade
das pessoas e do patrimônio, em todas as con-
dições, especialmente em circunstâncias de
desastres;
• A Constituição Federal, porém, estabelece

210 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


exceções à inviolabilidade domiciliar. Assim, comum as dobradiças estarem à mostra, então
a casa é asilo inviolável do indivíduo; ninguém deve-se retirar os pinos para que a porta ou ja-
pode penetrar nela sem consentimento do mo- nela se solte. Com a porta abrindo para dentro
rador, salvo em caso de flagrante delito, desas- do ambiente, deve-se num primeiro momento
identificar onde estão os trincos e fechaduras
tre, para prestar socorro ou ainda durante o dia,
forçando a porta de cima à baixo, já que a por-
por determinação judicial; ta oferecerá resistência nestes pontos. Depois
• Diante do amplo espectro de atribuições do CB- o militar deve colocar a ponta da alavanca ime-
MERJ, bem como das severas condições em que diatamente acima ou abaixo do trinco e forçan-
do-o no sentido da porta deverá abri-la, depois
as operações se desenrolam, a lei torna-se im-
se repete o procedimento com todos os outros
portante aliada dos integrantes da instituição. trincos e fechaduras.

Faz-se necessária a cautela de todos os bens de um


domicílio antes de passá-lo a autoridade competente
que assumirá o local.
Na terminologia jurídica, cautela possui o signifi-
cado de precaução. É, assim, a justa prevenção ou a
ponderada diligência que se emprega para a execução
do ato, de modo que ele se faça sem que possa trazer
contrariedade a quem o faz ou a quem o mesmo possa
aproveitar.
Assim, a medida acautelatória consiste na documen-
tação ou registro da existência ou estado de bens, evi-
tando com isso o receio de extravio ou de dissipação,
com o depósito em mãos de pessoa de confiança.
Após a realização das atividades, resguardando o lo-
cal, não permitindo o acesso de pessoas estranhas a ele
e acautelamento dos bens, o domicílio deve ser entregue Fig. – trinco de porta
à autoridade competente e/ou proprietário, finalizando
as atividades de bombeiro militar, certificando-se de ter
cumprido todas as anotações devidas para confecção do
relatório, principalmente os dados do responsável rece- b. Abertura de Portas de Enrolar: São portas fei-
tas de metal muito comuns nos estabelecimen-
bedor do local de evento. tos comerciais, possuem dois tipos de travas,
Vale ressaltar que, no caso de ocorrência de crime, uma junto ao chão e outra nas laterais. A trava
junto ao solo pode estar fixada por um cadeado,
o domicílio deverá ser entregue somente à autoridade
que é facilmente cortado com o tesourão, ou
competente. pode estar presa por uma trava tipo cilindro que
prende a porta à argola, que estando à mostra
I) Definições: deve ser golpeada com o malho, agora se não
estiver à mostra, é preferível a utilização da pin-
a. Abertura de Portas Comuns: Primeiramente ça hidráulica do desencarcerador, que deve ser
deve-se verificar o sentido da abertura da por- colocada entre a porta e o chão. Já as travas la-
ta, que pode ser para dentro do ambiente ou terais devem ser cortadas com o moto cortador
para fora dele, quando para fora do ambiente é em suas extremidades.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 211


que, a porta de vidro temperado é bem mais re-

1 sistente. Caso tenha que quebrar o vidro deve-se


golpear a porta na proximidade das dobradiças e
fechadura.

1 - Utilização do malho
2 - moto-cortador
3 - desencarcerador
Fig. – porta de vidro

d. Abertura de Janelas com painéis de vidro: Num


c. Abertura de Portas de Vidro: Podem ser encon- primeiro momento deve o bombeiro buscar a
tradas portas de vidro comum e de vidro tempe- abertura da janela sem quebrar o vidro forçando
rado, a de vidro comum vem circundada por uma a moldura no sentido de sua abertura, não sendo
moldura onde se encontram a fechadura e as do- possível a abertura, deve-se quebrar um dos pai-
bradiças, esta porta não pode sofrer impacto, tor- néis de vidro e proceder a liberação dos trincos ou
ção ou compressão, senão pode se partir, portan- trancas. No caso de janelas duplas de deslocamen-
to a única alternativa do bombeiro para abrir esta to horizontal, o bombeiro deve buscar a trava que
porta sem quebrar o painel de vidro é foçando com fica entre as folhas, em todos os casos se não en-
a chave de grifo o tambor da fechadura ou retirar contrar outra alternativa o bombeiro deve quebrar
os pinos da dobradiça. Caso o vidro seja tempera- apenas uma das partes de vidro e abrir o fecho, se
do deve-se buscar outros métodos de entrada evi- houver risco de ferir alguém com este procedi-
tando a quebra do vidro por que esta porta tem um mento, o bombeiro deve colar fitas adesivas no
custo bem superior ao da de vidro comum, além de vidro antes de quebrá-lo.

212 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – janelas com painel de vidro

e. Abertura de Grades: As grades podem ser corta-


das com o moto cortador ou com as pinças hidráu-
licas do desencarcerador.

Fig. – corte de grades

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 213


f. Abertura de paredes: A abertura de paredes é fei-
ta com malho, talhadeira e alavanca. Deve-se ter
cuidado em não atingir paredes estruturais, colu-
nas e vigas, por que o arrombamento destas po-
dem comprometer a estabilidade da edificação.

Fig. - Arrombamento de parede

g. Abertura de paredes em estruturas colapsa-


das: Em estruturas colapsadas alguns cuida-
dos devem ser seguidos, para tanto, com uma
tinta spray traça-se um triângulo de 1m de lado
a 10cm do piso (dessa maneira a resistência da
parede será mantida), faz-se então um orifício
para comunicação e após resposta positiva de
vítimas em seu interior o restante do triângu-
lo será arrombado permitindo a passagem dos
socorristas. Caso a parede possua risco de co-
lapso ela deverá ser escorada antes desse pro-
cedimento.
Fig. – acesso horizontal BREC

214 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


h. Abertura de Telhados: Para andar no telhado o
bombeiro precisa ser auxiliado por uma escada
que servirá na distribuição de seu peso pela estru-
tura fixa do telhado. Depois de se posicionar no lo-
cal de entrada, será efetuada a retirada das telhas.

Fig. – retirada de telhas

i. Arrombamento de lajes: Caso seja necessário o


arrombamento de lajes o bombeiro demarcará um
quadrado de 1m de lado onde ela será quebrada,
mais uma vez a tinta spray deve ser utilizada, para
evitar que este pedaço caia em cima de alguma ví-
tima um orifício será feito e por ele passará uma
alavanca com um cabo para segurar o quadrado Fig. – abertura de forros
maior quando este for solto. O tripé deve ser usa-
do para facilitar o içamento e descida de materiais
e pessoas.

j. Abertura de forros: Os forros podem ser feitos de


madeira, gesso, cerâmica, painéis de metal etc. Na
sua retirada o bombeiro deve puxá-los para baixo
com o auxílio do croque.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 215


k. Abertura de divisórias: Muito comuns em escri- Faz-se necessário ainda, quando trabalhamos com
tórios, são empregadas para compartimentar os cordas, tomarmos conhecimento de alguns termos rela-
ambientes, podem ser retiradas com o emprego tivos a este material:
de duas alavancas, uma na parte de cima da placa
e outra próxima ao chão. • Acochar – Ajuste de um cabo quando de sua uti-
lização ou manuseio.
• Aduchar – É o acondicionamento de um cabo
com vista ao seu pronto emprego.
• Alça – É uma volta ou curva em forma de “U”.
• Anel – É uma volta onde se verifica a interseção
da corda.
• Bitola – É o diâmetro do cabo.
• Cabo guia – É o cabo utilizado para direcionar o
içamento ou a descida de uma vítima ou objeto,
também é o cabo usado no apoio a bombeiros
quando estão entrando em locais de difícil visi-
bilidade.
• Carga de ruptura – É a tensão mínima necessá-
ria para o rompimento de um cabo.
Fig. – abertura de divisórias
• Carga de trabalho – É a carga máxima à qual
deve ser submetida à corda quando empregada
nos serviços de salvamento. Esta carga é esti-
pulada em função da carga de ruptura e do fator
9.4.5. Salvamento em Alturas
de segurança:
9.4.5.1. Cordas ƒƒ Carga de trabalho para cargas: será de 1/5
Quando abordamos a questão de salvamento em al- o valor da carga de ruptura.
turas, um importante material a ser estudado é a corda. ƒƒ Carga de trabalho para cargas vivas: será
Com o intuito de facilitar e padronizar os nomes das par- de 1/10 o valor da carga de ruptura.
tes de uma corda adota-se a seguinte terminologia:
• Coçado – É o cabo puído, desgastado em conse-
qüência do atrito.
• Coca – Volta rígida que a corda apresenta em
determinados casos dificultando o seu uso.
• Estrangular – Prender uma corda com ela mes-
ma.
• Nó – Entrelaçamento das partes de um ou mais
cabos.
• Retesar – Esticar a corda.
• Seio – Parte da corda que fica entre os chicotes,
ou entre este e o firme, em forma de “U”, seme-
Fig.: partes da corda lhante à alça.

216 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


• Permeada - é a situação em que uma corda se nas pedras sejam presas nas cordas pela ação de nossos
encontra dobrada ao meio. pés e deve-se evitar o contato da corda com areia, terra,
óleo, graxa, água suja etc.
i)Manutenção e vida útil de uma corda
A manutenção e vida útil de uma corda dependem:
• da freqüência de utilização;
• da forma de emprego (rapel, escaladas, espé-
leo, sob tensão, etc.);
• da sua manutenção adequada;
• do excesso de trabalhos mecânicos;
• dos processos de abrasão sofridos por ela;
Fig.: Cuidados com as cordas
• da quantidade de raios ultravioletas e umidade
que ela absorve, tendo em vista que eles degra- As cordas devem ser lavadas com água a temperatura
dam, pouco a pouco, as propriedades da corda. ambiente, com sabão neutro e com o uso de uma escova
com o cuidado de não danificar as fibras da capa e devem
As cordas podem sofrer danos irreparáveis durante
ser postas para secar a sombra.
sua primeira utilização, de acordo com os trabalhos exe-
cutados.

ii)Como avaliar a vida útil de uma corda


As formas de avaliação de uma corda são inúmeras,
dentre elas algumas são de suma importância para de-
finir a sua capacidade de utilização, bem como o tempo
destinado para o emprego das cordas.

Tipo de uso Período de utilização


Intensivo De 3 meses a 1 ano Fig: Cuidados com as cordas
Semanal De 2 a 3 anos
Deve-se evitar que a corda fique sob tensão por muito
Ocasional De 4 a 5 anos
tempo ou desnecessariamente, não devem ser guarda-
Fonte: CBMDF das molhadas e ainda deve-se evitar que a corda fique
exposta às intempéries por muito tempo.
Deverá ser sempre observada a sua operacionalidade,
tais como o uso em: meio líquido, atividades de incên-
dio, buscas, trações e tensões, içamentos diversos e até
mesmo as formas em que elas são empregadas nas ativi-
dades de rapel.
Sempre que possível as cordas deverão ser protegi-
das de quinas vivas e partes ásperas, usando-se pedaços
de mangueiras (proteções de mangueira) ou outros teci-
dos, nunca se deve pisar nas cordas, evitando que peque-
Fig: Armazenamento da corda

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 217


As cordas não devem sofrer fortes impactos contra o • Sempre identificar o comprimento da corda
solo (alturas elevadas danificam as suas fibras) ou cho- nos seus chicotes.
ques violentos como atrito, sobrecarga, etc.
• Secar sempre à sombra e sem tração (as que
Situações em que as cordas deverão ser postas fora são feitas de fibras vegetais diminuem em até
do serviço (da atividade-fim) 10% seu comprimento).
Existem determinadas situações que levam a corda a • Respeitar sempre a carga de trabalho da cor-
ser inutilizada para a atividade de salvamento, pois sua da.
permanência em atividades implica em risco à vida do
bombeiro e ao salvamento. Entre as mais importantes, • Sempre que for utilizar a corda, verificar se há
temos aquelas em que a corda: coças.

• Tiverem suportado uma carga ou impacto vio- • Guardar as cordas em local fresco e ventilado,
lento ou uma sobrecarga (força superior a carga longe de lugares úmidos e livres da ação de ro-
de trabalho). edores.
• Aparentarem a alma danificada. Essa observa- • Cortar a corda quando apresentar avaria (re-
ção é feita durante a inspeção da corda. Nesse tirando a parte danificada) remarcando o seu
caso, corta-se a corda.
comprimento.
• Apresentarem grande desgaste na capa.
• Utilizar nós adequados à atividade.
• Tiverem contato com reagentes químicos.
v)Outras recomendações
Independente das circunstâncias, a vida útil de
uma corda jamais deverá exceder a 5 anos. Deve ser
visto também que o período de armazenamento, bem
como o de uso, quando acumulados, jamais deverão
exceder a 10 anos. Antes da primeira utilização, a
corda deverá ser mergulhada em água, ficando nessa
situação por um período de 24h e, após esse tempo,
deverá ser posta para secar a sombra, por um período
mínimo de 72h.

As cordas, depois de secas, normalmente enco-


lhem cerca de 5%, devendo o usuário ter a consciên-
cia dessa perda de comprimento a qual será recupe-
rada aos poucos, à medida que a corda for utilizada
Fig.: corda danificada ou submetida a cargas. Se a corda estiver completa-
mente suja, ela poderá ser lavada em água fresca e
limpa e, se necessário, poderá ser adicionado sabão
iv)Durante a utilização, manutenção e cuidados,
deve-se: neutro a água podendo ainda ser usada uma escova
de fibras sintéticas para auxiliar na limpeza. É sem-
• Enrolar e acomodar as cordas corretamente e
em local adequado. pre recomendado o uso de uma sacola para transpor-
tar a corda, a fim de protegê-la de sujeiras e minimi-
• Sempre “falcacear” os chicotes.
zar a sua torção.

218 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.4.5.2. Nós e Voltas
Considerando o alto risco envolvido em atividades
com cabos e cordas, o bombeiro deve ter conhecimento
suficiente para a execução dos nós, porque os mesmos
em conjunto com outros equipamentos sustentarão vi-
das durante as operações.

Por isso nesta parte do manual abordaremos os prin-


cipais nós em uso em Salvamento em Alturas e em Mon-
tanhas.

~~ Características dos Nós


• Fácil confecção.
• Não estar trepado, pois assim diminuirá a resis-
tência da corda.
• Ser específico e próprio para a função que o exi-
ge.
• Apresentar o máximo de segurança.
• Acochar conforme recebe tensão, sem correr o
risco de se desfazer.
• Ser de fácil soltura.

~~ Finalidade dos Nós


• Ancoragem.
• Confecção de alças.
• Asseguramento.
• União de cabos.
• Confecção de cadeiras.
• Encordamento.
• Reforço ou encurtamento.
• Blocagem.
• Amarrações especiais.
• Arremate.

~~ Nó simples
O nó mais simples de ser feito, serve para o arremate
de outros nós, conhecido neste caso como “cote”.

A seguir teremos a sequência de feitura deste nó.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 219


Fig. – feitura nó simples

ii)Pescador duplo
Semelhante ao nó anterior pode ser usado para a se-
gurança em descidas em cordas, feito no chicote da mes-
ma evitando que o olhal menor do aparelho oito passe
por ele, prendendo assim o bombeiro a corda em caso de
acidentes.

Fig. – pescador duplo

220 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iii)Frade
Muito parecido com o Pescador Duplo, no entanto
este nó fica com uma “cicatriz” na frente dele (onde o
cabo passa por sobre o nó), diferente do anterior e pos-
suem a mesma função.

Fig. – nó de frade

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 221


iv)Nó duplo
Nó para emenda de cordas, fazendo um nó simples em
cada chicote abraçando os cabos.
Quando da emenda de fitas tubulares deverá ser
este o nó utilizado por questões de segurança, por
este motivo o nó duplo é também conhecido como nó
de fita.

Fig. – nó duplo

222 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


v)Nó direito
Nó para emenda de cabos e cordas de mesmo diâme-
tro, convém o uso de cotes por segurança.

Fig. – nó direito

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 223


vi)Nó de envergue
Semelhante ao nó direito, porém sem finalidade e in-
seguro, com os chicotes dispondo-se inversamente.

Fig. – nó de envergue

224 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


vii) Nó Torto ou Esquerdo
Sua confecção é muito parecida com a do nó direito,
contudo os chicotes não ficam paralelos aos seus firmes
e não apresenta a mesma segurança.

Fig. – nó esquerdo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 225


viii) Escota simples ou singela
Nó usado para união de cabos de diâmetros diferen-
tes.

Fig. – escota simples

226 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


ix)Escota dupla ou dobrada
Nó usado para união de cabos com diâmetros diferen-
tes, a diferença para o anterior é que neste dá-se uma
volta a mais com o chicote.

Fig. – escota dobrada

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 227


x)Nó de Aboço
Utilizado para serviços que envolvam cargas pesadas
e para unir amarras grossas ou cabos pesados.

Fig. – nó de aboço

228 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xi)Volta do Fiel pelo seio ou Nó de Porco ção. Tira cerca de 40% da carga de ruptura da corda e
Nó utilizado para ancoragem, conhecido também deve ser arrematado com cotes, para a ancoragem clás-
como nó do bombeiro, é o nó mais utilizado no CBMERJ sica do CBMERJ usam-se três cotes após a volta do fiel.
para este fim, apesar de não ser o melhor para esta fun-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 229


Fig. – nó de porco

xii) Volta do Fiel pelo chicote ou Nó de Barqueiro este nó das duas formas, pelo seio e pelo chicote, depen-
Exatamente igual ao nó anterior. A volta do fiel recebe dendo do local da ancoragem uma das duas formas será
também o nome de nó de barqueiro quando executado melhor para a confecção do nó ou simplesmente não será
pelo chicote. É importante o bombeiro saber executar possível executá-lo da outra forma.

230 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – nó de barqueiro

xiii) UIAA
É um nó de segurança dinâmica, o atrito com o próprio
cabo minimiza o risco de grandes impactos em queda,
permite até o bloqueio da corda, evitando a queda.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 231


Fig. – UIAA

xiv) Pata de gato


Nó de ancoragem, usado para ancoragem de fitas em
anel ou para ancorar ao gato de um aparelho de tração.

232 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – pata de gato

xv) Boca de lobo


Nó também para ancoragem, bem parecido com o ante-
rior, diferença que neste dá-se mais uma volta em cada anel.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 233


xvi) Prussik
Nó usado para progredir numa corda verticalmente ou
ainda como autoblocante para diversas finalidades.

234 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – prussik

xvii) Marchand
Nó bem semelhante ao anterior, usado basicamente
para a mesma função.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 235


236 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
Fig. – marchand

xviii) Bachman
Nó também muito parecido com os dois anterio- movimentado, simulando a função de um aparelho
res. Onde um mosquetão será usado onde o nó será ascensor.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 237


Fig. – bachman

238 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xix) Cabrestante Simples ou Lais de Guia ou Nó
de Salvação
Nó usado para confecção de uma alça que pode ser
usada para dar sustentação ao bombeiro ou ainda para
ancoragem.

Fig. – Lais de guia

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 239


xx) Cabrestante duplo
Nó parecido com o anterior, usado para ancoragens,
confecção de alças e para confecção de cintos cadeira
improvisados.

Fig. – cabrestante duplo

240 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxi) Azelha simples pelo seio
Nó usado para confecção de alças e ancoragem, a aze-
lha mais fácil de ser feita, tanto pelo chicote quanto pelo
seio, no entanto quanto submetido a tensão é muito difí-
cil de ser solto.

Fig. – azelha simples pelo seio

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 241


xxii) Azelha simples pelo chicote
Descrição idêntica à da azelha simples pelo seio.

Fig. – azelha simples pelo chicote

242 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxiii) Azelha dobrada pelo seio se a volta do fiador também, no entanto feito com o cabo
Nó usado para confecção de alças e para ancoragem, dobrado.
para sua confecção pelo chicote é necessário a confec- Após sofrer tensão é mais fácil desfazer este nó do
ção da volta do fiador antes e quando feito pelo seio usa- que a Azelha Simples.

Fig. – azelha dobrada pelo seio

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 243


xxiv) Azelha dobrada pelo chicote
Descrição idêntica à azelha dobrada pelo chicote.

244 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – azelha dobrada pelo chicote

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 245


xxv) Azelha equalizada
Tem as mesmas funções que os dois anteriores, pos- da e após sofrer tensão se desfaz com muito mais facili-
suindo a vantagem da confecção da ancoragem equaliza- dade que os anteriores.

246 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – azelha equalizada

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 247


xxvi) Nó de catau
Conhecido também como catau de reforço, usado
para isolar da corda um pedaço coçado ou danificado
dela passando a tensão para outra parte da corda.

Fig. – nó de catau

248 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxvii) Encapeladura simples
Nó usado para confecção de alças, com o detalhe de
que estas alças se acocham quando sofrem tensão, es-
trangulando o que estiver dentro delas.

Fig. – encapeladura simples

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 249


xxviii) Encapeladura dobrada
Nó semelhante ao anterior, no entanto este possui
uma alça a mais.

Fig. – encapeladura dobrada

250 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxix) Volta do calabrote
Conhecido também como nó de cirurgião tem a mes-
ma função do nó direito, usado para união de cabos.

Fig. – volta do calabrote

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 251


xxx) Pescador duplo de correr
Usado para a união de cabos.

252 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – pescador duplo de correr

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 253


xxxi) Pescador fixo
Usado para confecção de alças para diversos fins, a
alça fica no meio da corda apontando para um dos chico-
tes.

Fig. – pescador fixo

254 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxxii) Harnês
Usado para confecção de alças, desacocha após o uso
com facilidade.

Fig. – Harnês

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 255


xxxiii) Nó de moringa
Utilizado para o içamento e transporte de cantis e gar- gargalo fica no centro do nó que pode ser acochado ga-
rafas, o cantil fica com sua base na alça do nó enquanto o rantindo a segurança.

256 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – nó de moringa

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 257


xxxiv) Nó de borboleta
Utilizado para confecção de alças, feito no meio da
corda e excelente para uso, uma vez que após o esforço
pode ser desfeito sem dificuldades.

Fig. – Nó de borboleta

258 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxxv) Balso pelo seio fixo
Utilizado para confecção de alças e ancoragem.

Fig. – balso pelo seio fixo

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 259


xxxvi) Balso pelo seio de correr
Semelhante ao anterior, mas as alças neste nó podem
ser ajustadas, elas correm, aumentando e diminuindo de
tamanho simultaneamente.

Fig. – balso pelo seio de correr

260 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxxvii) Nó de trapa
Nó para ancoragem de rápida e fácil confecção e que
preserva a carga de ruptura da corda próxima da original,
precisa ser feito em uma superfície cilíndrica e livre de
pontos abrasivos.

Fig. – Nó de trapa

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 261


xxxviii) Nó de prender mangueira
Como o nome diz, ele é usado para prender a manguei- tes de árvore e ainda para a confecção do Nó de Mula que
ra num cabo para ser içada, muito usado também em cor- será visto a seguir.

Fig. – Nó de prender mangueira

262 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xxxix) Nó de mula
Nó de ancoragem dinâmica oferece segurança como de prender mangueira, transformando o nó no UIAA e
ancoragem e quando necessário pode ser desfeito o nó permitindo a liberação da carga com segurança.

Fig. – nó de mula

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 263


xl) Fraldão
Improvisação de cadeira para descidas ou içamentos
de pessoas, feito de forma rápida com um cabo solteiro
grosso ou com uma fita tubular.

264 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xli) Cadeira brasileira
Outra forma de improvisação de cadeira usando um passa-se cada chicote por volta das pernas e se faz o nó
pedaço de corda, fita ou um cabo solteiro grosso. volta do fiel na frente com três cotes de cada lado con-
forme as fig.uras abaixo.
Começa-se a cadeira passando o cabo por trás da cin-
tura e o unindo na frente com um nó direito, em seguida

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 265


xlii) Nó paulista
Também conhecido como nó de caminhoneiro, serão doze bombeiros retesando a corda, evitando
usado no CBMERJ para tracionamento ou para iça- danos na mesma.
mento de cargas, trata-se de um sistema de forças
No CBMERJ é feito por meio da ancoragem padrão,
três para um, isto é, respeitadas as perdas de força
volta do fiel com três cotes, no ponto de perigo ou na car-
no processo, divide o peso da carga em um terço,
ga, em seguida é passado em um mosquetão ou em volta
ou multiplica a força do bombeiro por três, por este
de uma superfície cilíndrica e no meio do cabo é feito o
motivo não se deve exceder o número de quatro
sistema de tracionamento conforme a imagem abaixo.
bombeiros para o tracionamento, que na realidade

Fig. – nó paulistaa

266 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


xliii) Cariocão
Um sistema de tracionamento melhorando o nó pau- paulista se algum bombeiro se descuidar o sistema todo
lista. Durante o tracionamento anterior existem muitas retornará, afrouxando o mesmo, o uso de cabos solteiros
perdas por atrito do cabo com ele mesmo, o uso de mos- com nós Prussik ou ainda de aparelhos ascensores resol-
quetões ou roldanas diminui este atrito, no caso do nó verá este problema, tornando o sistema autoblocante.

Fig. – cariocão

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 267


9.4.5.3. Métodos de enrolar a corda ii) Corrente simples
i) Método de prontidão Começa-se com um nó de azelha ou de laçada rápida
Deixa-se aproximadamente 1,5m de chicote e começa- em um dos chicotes da corda, em seguida pela alça do nó
se a enrolar a corda na mão e no pé fazendo um desenho puxa-se o seio da corda e repete-se este movimento até
de “8” até sobrar aproximadamente 1,5m de chicote do próximo do final da corda e seu arremate é feito dando
outro lado da corda. Enrola-se de cada lado o chicote em pelo menos cinco voltas no último elo da corrente com o
volta da alça do “8” pelo menos cinco voltas e passa-se o chicote e passa-se o seio do chicote por dentro do anel
que sobra do chicote pelo círculo que se forma acima das que se forma e estrangula-se ele com as voltas feitas an-
voltas. Pode-se arrematar o método com um nó direito teriormente.
feito com o chicote e em seguida passar a corda por cima
de um dos ombros do bombeiro que a irá transportar.
Devido ao desconforto para realizá-lo e o fato de
apoiar a corda sob o pé do bombeiro (o que não deve ser
feito conforme visto anteriormente) este método vem
caindo em desuso.

Fig. – método de prontidão

268 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 269
270 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
Fig. – corrente simples

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 271


iii) Corrente dupla
Começa-se esta corrente com o nó de encapeladura pela outra, fazendo isso repetidas vezes até próximo do
simples em um dos chicotes, em seguida passa-se o seio final da corda onde o arremate será feito semelhante aos
da corda primeiramente em uma das alças do nó e depois das correntes anteriores.

272 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – corrente dupla

iv) Corrente tripla a passagem destas pelo nó as encontre com a alça feita
Começa-se da mesma forma que a corrente simples, anteriormente, ficando assim com três elos a corrente,
a grande diferença é que ao invés de se puxar o seio da repete-se este processo até o próximo ao final da corda
corda pela alça do nó eleva-se a corda acima do nó princi- onde o arremate será feito semelhante ao da corrente
pal e puxam-se as duas cordas que ficam na vertical, após simples, só atentando para o detalhe de que desta vez as
voltas deverão ser feitas ao redor dos três elos.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 273


274 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
Fig. – corrente tripla

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 275


v) Corrente quádrupla
Bem parecida com a anterior, a diferença é que os cada, fazendo assim quatro elos na corrente, o arremate
seios serão puxados pelas alças do nó inicial duas vezes será feito semelhante aos das anteriores.

276 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 277
vi) Coroa japonesa
Método onde se faz um uma corrente simples em for- deixa-se um diâmetro nesse anel próximo a distância
ma de anel, muito útil para facilitar o transporte da corda. do ombro ao joelho do bombeiro, em seguida puxa-se a
É o método utilizado para acondicionar a corda para o corda pela alça do nó, uma vez por fora do anel e a outra
resgate a suicida (técnica que será vista mais a frente). por dentro dele, trançando-se assim a corrente no anel.
O arremate será feito da mesma maneira que os das cor-
Começa-se fazendo um nó de azelha dobrada , passa-
rentes anteriores.
se a corda por cima de um ombro e por baixo do outro,

278 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 279
Fig. – coroa japonesa

280 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


vii) Coroa japonesa dobrada
Método bem parecido com o anterior, diferença que
será feito com a corda permeada.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 281


Fig. – coroa japonesa dobrada

viii) Método vai-e-vem


O melhor método para se guardar uma corda na seção de corda para o arremate, caso o bombeiro fique com
ou em local onde ela ficará guardada por algum tempo muita corda nas mãos ele poderá soltá-las e continu-
seria no carretel do próprio fabricante, como isso não é ar o processo mantendo as alças do mesmo tamanho.
possível aconselha-se a guarda dela no método de vai-e- O arremate será feito fazendo com o chicote que so-
vem. brou duas alças de tamanho a metade das maiores, em
Este método permite que as fibras da corda fiquem seguida enrola-se o chicote no centro das alças, pelo
em descanso maior do que nos métodos anteriores, evi- menos cinco vezes, e por dentro de uma das alças me-
tando que a corda fique com “cocas”. nores passa-se o chicote, puxa-se a outra alça menor
até que a alça anterior estrangule o chicote e arremate
Começa-se segurando um chicote com uma das
o método.
mãos e esticando os braços passa-se a corda por trás
da cabeça, repetindo esse movimento de vai e vem Para transporte o bombeiro poderá colocar a corda
com os braços até que sobre aproximadamente 3m sobre os ombros com o nó de arremate atrás do pescoço.

282 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 283
284 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ
Fig. – método vai-e-vem

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 285


9.4.5.4. Métodos de ancoragem para o caso da corda se partir, ela é feita para o caso do
ponto de ancoragem principal se partir, as cordas são
A ancoragem padrão do CBMERJ é feita utilizando a
fabricadas para suportar uma carga muito acima da que
Volta do Fiel com três cotes, em dois pontos, ancoragem
nós utilizaremos no salvamento (vide carga de trabalho
principal e ancoragem secundária. A ancoragem secun-
e de ruptura), para o caso do risco da corda se partir uma
dária deverá ser feita atrás e/ou acima da principal, evi-
segurança extra poderá ser feita utilizando o Nó Prussik
tando que caso o ponto de ancoragem principal se rompa
ou outra corda.
o bombeiro sofra uma queda maior ou um desvio muito
grande de seu trajeto. Os pontos de ancoragem deverão ser livres de quinas
e partes ásperas, quando for o caso, deverão ser utiliza-
A ancoragem secundária nem sempre será necessária,
dos pedaços de mangueiras velhas (proteções de man-
caso o ponto de ancoragem principal seja o que chama-
gueira) para proteger a corda dessas imperfeições da
mos no CBMERJ de “ponto a prova de bomba”, isto é um
superfície, ou ainda em casos extremos o uso de roupas
ponto muito confiável, a ancoragem principal bastará
de aproximação ou gandolas poderá ser feito.
para o salvamento. A ancoragem secundária não é feita

Fig. – ancoragem com a volta do fiel

286 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


i) Ancoragem com fita tubular
A ancoragem em muitos casos será mais simples de
ser feita utilizando-se fitas tubulares e mosquetões.

Fig. – ancoragem com fita tubular

ii) Ancoragem com nó de trapa


A ancoragem que preservará a resistência da corda.

Fig. – ancoragem com nó de trapa

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 287


9.4.5.5. Técnicas de salvamento em
alturas
i) Descida livre
Forma como o bombeiro fará uma descida pela cor-
da usando os seguintes equipamentos: Cinto cadeira ou
baudrier, mosquetão, aparelho oito, corda, luvas e capa-
cete.
O militar se equipará na corda com o mosquetão e o
aparelho oito conforme a figura abaixo:

Fig. – nó pata de gato por equipagem incorreta

Exemplo de checagem com baudrier o militar deverá


falar a checagem em voz alta:
• Soldado Silva checando equipamento!
• Baudrier um, dois, três, quatro, mosquetão, apa-
relho oito, corda, luvas, capacete!
• Soldado Silva pronto! Atenção à segurança!
Fig. – equipagem da corda no aparelho oito
E o militar que estiver fazendo a segurança da descida
responderá:
• Segurança pronta!
Desta forma o militar evitará que as ferragens caiam
e sejam danificadas. A volta da corda deverá sempre ser Só após este procedimento o militar poderá tomar po-
feita conforme a fig.ura acima, nunca com a corda pas- sição para a descida, pois somente agora, caso ocorra um
sando por baixo do aparelho oito, porque nessa situação descuido de sua parte, ele estará seguro pelo militar que
ela em algum esbarrão poderá subir fazendo o nó pata de está no solo fazendo sua segurança.
gato, o que prenderá o bombeiro na corda dificultando
muito a operação. O número 1 representa o tirante da cintura, o 2 o tiran-
te da perna esquerda, o 3 o tirante da perna direita e o
quatro o olhal do cinto, este último deverá ser checado
vendo se não está descosturado ou puído.

288 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Exemplo de checagem usando o cinto cadeira: poderá ser diferente para cada tipo de equipamento,
• Soldado José checando equipamento! como os mais comuns no CBMERJ são o baudrier com
três tirantes e o cinto cadeira, estes dois procedimen-
• Cinto cadeira um, dois, três, mosquetão, apare-
tos de checagem foram aqui descritos.
lho oito, corda, luvas, capacete!
• Soldado José pronto! Atenção à segurança! Com o equipamento checado e a segurança pronta o
militar tomará posição pondo as solas dos pés na pare-
E o militar que estiver fazendo a segurança da descida de, com as pernas abertas com uma distância próxima
responderá: dos ombros e abrindo lentamente a mão de comando
• Segurança pronta! (mão que segura a corda para a descida) controlará sua
descida, a mão livre não deverá tocar a corda, para que
Os números 1, 2 e 3 representam as travas de soltura evite acidentes com os materiais, para que fique livre
rápida do cinto, verificando se estão bem afiveladas, co- para desvios de obstáculos ou ainda para proteger a
meçando com a da cintura, seguida da perna esquerda e vítima.
posteriormente da perna direita, no cinto cadeira não se O militar deverá olhar pelo lado da mão de comando
checa o olhal, por este ser de metal. para baixo, verificando sua posição durante o desloca-
mento.
Cada cinto cadeira, cinto paraquedista ou baudrier
podem ter tirantes diferentes, então está checagem

Fig. – descida livre Fig. – militar fazendo a segurança

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 289


ii) Descida com vítima A checagem deverá ser feita e deverá ser incluída a
checagem da vítima.
Exemplo de checagem, ambos utilizando baudrier:
• Sargento João checando equipamento!
• Baudrier um, dois, três, quatro, mosquetão,
aparelho oito, luvas, capacete! Checando víti-
ma! Baudrier um, dois, três, mosquetão, luvas,
capacete!
• Sargento João pronto! Atenção à segurança!
O militar da segurança responderá:
• Segurança pronta!

Fig. – aparelho oito equipado para descida com vítima

Sistema semelhante ao anterior, diferença que neste


o bombeiro descerá junto com a vítima.
A vítima será equipada com cinto cadeira, baudrier ou
cadeira semelhante. No cinto um mosquetão conectará
a vítima ao mosquetão do socorrista e o aparelho oito
do bombeiro deverá ter uma volta a mais da corda para
diminuir a força que o militar deverá fazer com a mão de
comando para controlar a descida.
A vítima deverá ficar com as pernas passando por
dentro das pernas do bombeiro, um de seus braços pas-
sará também por dentro das pernas do bombeiro, acom-
panhando a posição das pernas e o outro braço abraçará
a cintura do socorrista.
O bombeiro passará a mão de comando que na des-
cida livre ficava na altura da cintura para a altura de seu
joelho, evitando trancos na descida por conta da segunda
volta da corda no aparelho oito, com a outra mão ele pro-
tegerá o rosto da vítima evitando que tenha contato com
as ferragens aquecidas pela descida e ainda protegerá a
vítima e a si próprio de choques com a parede e de obs-
táculos.
Fig. – descida com vítima

290 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iii) Ascensão O bombeiro usará dois cabos solteiros, um para a
Técnica empregada para ascender na corda, pode ser cintura e outro para a perna, a fim de evitar um gasto de
feita com uso dos aparelhos ascensores ou com uso dos energia desnecessário o cabo da cintura deverá ter um
nós prussik, marchand ou bachmann. comprimento da cintura do militar até a boca e o da per-
na deverá ter um comprimento do pé do militar até a sua
O bombeiro se equipará na corda usando os seguin- cintura.
tes materiais: cinto cadeira ou baudrier, cabos solteiros,
mosquetões, molas de segurança, aparelhos ascensores, O militar equipará no baudrier um mosquetão, nes-
luvas e capacete. se mosquetão entrará o cabo solteiro, no cabo solteiro
outro mosquetão e finalmente o aparelho ascensor e a
mola de segurança. Na perna o esquema é semelhante,
Quando o militar optar pelo uso dos ascensores deve-
teremos na corda o aparelho ascensor com a mola de se-
rá colocar na parte superior de cada um deles as molas de
gurança, preso nele um mosquetão e o cabo solteiro mais
segurança, evitando que estes se desprendam da corda.
longo, conforme a imagem abaixo:

1º Passo 2º Passo 3º Passo


Fig. – ascensão

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 291


O bombeiro em seguida deverá executar a checagem O cabo solteiro 01 é referente ao da cintura e o 02 o
antes de sua ascensão. da perna. Os mesmo cuidados da checagem para as des-
cidas devem ser observados para a ascensão, quanto à
Exemplo de checagem:
segurança e ao uso dos equipamentos.
• Cabo Souza checando equipamento! Baudrier
um, dois, três, quatro, mosquetão, cabo soltei- O militar então alternando movimentos de braços e
ro um, mosquetão, ascensor um, mola, corda, pernas, ascenderá verticalmente na corda.
ascensor dois, mola, cabo solteiro dois, luvas, Para aumentar a segurança o sistema da cintura pode-
capacete! rá ser ligado ao sistema do pé por meio de um cabo sol-
• Cabo Souza pronto! teiro ou de uma fita.

1º Passo 2º Passo 3º Passo

4º Passo 5º Passo
Fig. – movimento de ascensão

292 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iv) Freio fixo do em seguida a corda no baudrier da vítima e controlan-
Sistema pelo qual permite o bombeiro resgatar a víti- do assim a descida dela com segurança sem sair do lugar.
ma sem ter que descer com a mesma. O bombeiro fixa o Sistema que facilita um número reduzido de bombei-
aparelho oito numa estrutura usando fitas, proteções de ros retirarem mais de uma vítima do mesmo andar com
mangueiras e mosquetões e equipa a corda nele, passan- mais rapidez e menos desgaste.

Fig. – freio fixo

v) Resgate de suicida
A técnica descrita a seguir é mais comum no CBMERJ com o militar que está abaixo da vítima por meio de rá-
para resgate de suicidas em alturas, como nenhum salva- dio e os outros três ficarão do lado de fora da edificação
mento é igual ao outro esta técnica necessita de algumas prontos para o rapel.
condições e em determinados salvamentos ela deverá Os três militares do rapel deverão estar com três cor-
ser adaptada ou não resultará em êxito da guarnição. das ancoradas, deverão estar equipados e checados e
Pelo menos cinco bombeiros são necessários para a com a corda para descida enrolada em coroa japonesa
execução. Um deverá ficar num andar abaixo da vítima com o arremate solto em suas mãos, quando receberem
ou no solo fazendo contato com a mesma, a acalmando a ordem para o salvamento deverão soltar as cordas e fa-
e mantendo contanto com a equipe de salvamento tam- zerem o rapel juntos para abordarem a vítima sem deixar
bém por meio de rádios. chances para que ela caia, todos os procedimentos no
andar superior deverão ser no maior silêncio, evitando
Outros quatro bombeiros deverão ficar dois andares que a vítima perceba a situação o que poderá fazer com
acima do andar onde a vítima está. Um deles fará contato que ela se antecipe e se jogue, inclusive o deslocamento

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 293


das viaturas quando próximas ao local do evento deverão Pela natureza do salvamento esta ação é extrema-
desligar suas sirenes pelo mesmo motivo. mente difícil e arriscada, requer treinamento, destreza
e tranquilidade e só deve ser realizada quando as tenta-
O bombeiro do meio dos três comandará a descida e
tivas de diálogo se tornaram ineficazes e a tentativa de
a abordagem na vítima, os dois da lateral estarão lá para
salto da vítima for iminente.
evitar que a vítima corra para os lados e se jogue.

294 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 295
Fig. – resgate de suicida

Após a abordagem da vítima e o resgate com sucesso ela deverá receber os cuidados da equipe de socorros de ur-
gência (ASE/SB).

296 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.4.6. Salvamento aquático • Inundação: Transbordamento de água da calha
normal de rios, mares, lagos e açudes, ou acú-
Este manual trará noções básicas de salvamento mulo de água por drenagem deficiente, em áre-
aquático necessárias aos bombeiros militares para o as habitualmente secas.
serviço diários de suas unidades, como salvamentos em
• Enxurrada: é escoamento superficial concen-
rios, enchentes, inundações e/ou alagamentos.
trado e com alta energia de transporte, que
Quando falamos em salvamento aquático, precisamos pode ou não estar associado a áreas de domínio
ter em mente o significado de quatro termos: Alagamen- dos processos fluviais.
to, Enchente, Inundação e Enxurrada. Como conseqüência das enchentes e inundações po-
demos destacar:
Alagamento: Água acumulada no leito das ruas e no
perímetro urbano por fortes precipitações pluviométri- • Afogamentos;
cas, em cidades com sistemas de drenagem deficientes. • Pessoas ilhadas em residências e automóveis;
• Enchente: Elevação do nível de água de um rio, • Pessoas arrastadas pelas correntezas.
acima de sua vazão normal.

Fig. – Perfil esquemático do processo de enchente e inundação

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 297


9.4.6.1. Equipamentos para
salvamento aquático
A seguir descreveremos os principais equipamentos
utilizados nas atividades de salvamento aquático:
i) Capacete de salvamento aquático:
Tem o objetivo de proteger a cabeça do militar em
salvamentos aquáticos. Capacete injetado em Polipro-
pileno, com regulagem interna de tamanho feita com
Neoprene, o que proporciona melhor ajuste, mais segu-
rança e conforto para o usuário. Possui ainda protetor de
orelhas que não prejudicam a audição e furos para ven-
tilação e escoamento d’água. Este capacete flutua e não
absorve água.

Fig. – colete salva-vidas

iii) Roupa de neoprene:


Protege o militar de objetos cortantes durante a ope-
ração de salvamento aquático e tem a função de isolante
térmico.

Fig. – capacete para salvamento aquático

ii) Colete salva-vidas:


Auxilia na flutuação do militar. O colete pode possuir
uma fivela de soltura rápida, onde pelo olhal das costas
serve de ancoragem para o militar realizar determinadas
técnicas, no caso do militar ficar preso pela corda que o
prende a ancoragem ele poderá soltar a fivela soltando-
se do sistema.

Fig. – roupa de neoprene

298 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iv) Apito: vi) Saco de arremesso:
Instrumento sonoro que tem por finalidade a comuni- Saco confeccionado em nylon 500 cordura, possuindo
cação dos militares durante as operações. em seu interior um cabo de 15 a 20m de comprimento e 10
mm de diâmetro.
A base do saco de arremesso é feita com uma espu-
ma flutuadora que além de dar o formato impede que o
mesmo afunde. Acompanha o conjunto o cinto de engate
rápido que permite ao militar prendê-lo a cintura.
O saco deve ser usado para resgate de vítimas em am-
biente aquático conforme técnicas específicas que serão
Fig. – apito vistas na parte de salvamento aquático deste manual.

v) Faca:
Ferramenta versátil utilizada em várias operações de
salvamento.

Fig. – saco de arremesso

Na página a seguir, vemos as figuras que mostram um


bombeiro militar devidamente equipado para uma ope-
ração de salvamento aquático:
Fig. – facão Fig. – faca para
salvamento aquático

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 299


Capacete tipo rafting

Apito

Faca
Colete salva-vidas

Saco de arre-
messo. São
confecciona-
dos em mate-
rial que tem
Laço para arre-
flutuabilidade
messo da corda.
positiva. Com-
Não deve ser co-
portariam
locado em volta
cerca de 15 a
do pulso.
25 metros de
corda, depen-
dendo do seu
diâmetro.
Roupa de neoprene pro-
tege o militar de objetos
cortantes e tem a função
de isolante térmico

Calçado firme que dê


proteção ao tornozelo

Fig. – Bombeiro militar equipado – salvamento aquático

300 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – Bombeiro militar equipado – salvamento aquático

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 301


vii) Embarcações: a) Cuidados com bote inflável: Esses procedimentos
visam aumentar a vida útil do bote, garantindo a efi-
Os tipos de embarcações a serem utilizados nas ope- ciência do mesmo quando necessário.
rações de salvamento devem ser de acordo com o local
• Guarde sempre o bote sob uma cobertura que
de operação
impeça a ação do sol sobre o mesmo. A exposi-
Geralmente, quando a operação ocorre em águas abri- ção ao sol resseca o material e desassocia a co-
gadas, o ideal é a utilização de botes infláveis de fundo rí- lagem por conta da ação dos raios ultravioletas;
gido ou semi-rígido com no máximo 5m de comprimento • Em caso de uso de lona para cobrir o bote, use
e motor de popa com potência para vencer correntezas. somente alpargatas ou amazonas. Evite lonas
Estes botes possuem boa estabilidade na água, facilida- de algodão ou plástico, pois estas podem fazer
de de serem transportados e guardados, possibilidade com que a temperatura interna fique maior que
de reparo no local dependendo do problema, capacidade a externa, aumentando o ressecamento do teci-
para suportar motores de popa até 35HP. do ou danificação da colagem;

Quando a operação ocorre em águas abertas, o ideal é • Evite arrastar o bote no deslocamento até a
a utilização de embarcações de fibra com comprimento água;
maior do que 6m, com motor de centro com potência su- • Evite uso de produtos químicos no bote;
ficiente para vencer correntezas, além de razoável esta-
• Nunca guardar o bote molhado e nem totalmen-
bilidade em mares agitados. No entanto, botes infláveis
te cheio;
de fundo rígido e motor de centro não deixam de ser boas
opções para esse tipo de operação. • Recomenda-se aplicação periódica de emulsão
e silicone para reidratar o tecido;
• Quando estiver exposto ao sol ou calor intenso,
deve-se controlar a pressão dos compartimen-
tos;
• A quilha central quando em navegação, deverá
estar sempre cheia;
• Não usar motorização superior ao recomenda-
do pelo fabricante;
• Aplicar, periodicamente, verniz nas partes de
madeira;
• Quando o bote estiver na água, jogue água pe-
riodicamente sobre os tubulões, para evitar o
rompimento das emendas.
b) Procedimentos para casos de bote emborcado: Caso
o bote utilizado pela guarnição venha a emborcar (vi-
rar de cabeça pra baixo) durante a operação, devem
ser adotados os seguintes procedimentos, que po-
dem ser realizados por um ou mais militares.
Certificar-se que o bote esteja em um local seguro,
preferencialmente sem correnteza. Caso haja corrente-
za, providenciar uma amarração para evitar que o mesmo
Fig. –tipos de botes infláveis se desloque;

302 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Guarnecer um cabo com diâmetro mínimo de 8mm, O militar deverá posicionar-se sobre o flutuante opos-
dividindo-o ao meio. Seu comprimento total deverá ser to ao que o cabo está amarrado, segurar o cabo unindo
no mínimo, o mesmo da distância entre um flutuante sub- as duas partes e tracioná-lo (jogar o peso do corpo para
merso e o oposto não submerso; trás) até que o bote esteja na posição de queda;
Amarrar as extremidades do cabo no flutuante sub- Assim que o bote estiver em posição de queda, o bom-
merso, sendo uma extremidade amarrada na popa e a ou- beiro deverá lançar-se a água, afastando-se do bote, a
tra na proa, devendo o seio do cabo passar sobre o bote; fim de evitar que o mesmo o atinja.

Fig. – procedimento para desvirar o bote emborcado

viii) Remo: ix) Motores de popa:


Ferramenta utilizada para o deslocamento de embar- Por definição, motor de popa é um motor com um ou mais
cações utilizando a energia do militar. hélices, destinado a possibilitar o deslocamento de canoa ou
bote, ou também em alguns navios e lanchas, em determina-
do meio aquático, seja em lago, rio, mar oceano, etc.
A correta utilização do motor, seja em operação ou ma-
nutenção, é de fundamental importância, pois se depende
desse equipamento para o sucesso de uma operação.

Fig. – remo Fig. – motores de popa

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 303


a) Dicas para bom funcionamento do motor de popa:
• Para motores “2 tempos”, use sempre óleo
TCW3. Lembre-se de ter o óleo de reserva;
• Motores usados no litoral devem trabalhar com
a proporção de 40/1. Em água doce, a proporção
deve ser 50/1 (válido para motores sem autolub);
• Quando ficar vários dias sem usar o motor, fun-
cione-o até esgotar a gasolina do carburador.
Se o motor tiver válvula no conector, aperte-o
para entrar ar na tubulação e secar a bomba de
gasolina;
• Se o motor estiver com o rotor de bomba d’água
original, esse tem validade de 3 anos ou 60h de Fig. – lavador para motor de popa – vulgo ”telefone”
uso em média, dependendo do tipo de água;
• Se o rotor do motor for paralelo, sua troca deve- • Verificar a água que sai, se estiver muito preta
rá ser feita a cada ano ou 30h de uso em média; ou com óleo. Caso esteja, pode ser um proble-
• O óleo da rabeta deverá ser trocado a cada 60h. ma. A água deve sair limpa com um leve depósi-
Verificar o nível a cada 30h. Observar se não to de carvão;
tem água misturada; • Será notado, que após alguns minutos a água
Durante a navegação, verifique sempre se o sistema começará sair por outras saídas. Estas saídas
estão ligadas ao termostato, isto significa que
de resfriamento do motor está ativo, nos motores de
os termostatos estão se abrindo;
popa há um esguicho bem visível. Se ele (o esguicho)
parar, verifique o rotor da bomba de água e a tomada de • Deixar, a partir deste ponto, o motor funcionar
água, que pode estar entupida. Desobstruir a tomada de por 10min, sempre verificando a pressão da
água pode ser simples. água e a temperatura do motor, pela água que
sai na descarga, se ela estiver fervendo, signifi-
ca que a pressão da água está pouca, mas se a
b) Dicas para adoçamento do motor de popa: água ficar somente quente, isto é normal;
• Tirar o capô do motor; • Desligar o motor e levantar a rabeta para se
lavar embaixo, aproveitando para verificar os
• Verificar se há algum vazamento de combustí-
anodos, nesta área é comum juntar as “cracas”,
vel, cabo de vela solto, ou alguma outra altera-
não deixar acumular, lavar bem, com água;
ção;
• Abaixar a rabeta e lavar o motor. Aguardar um
• Colocar o “telefone” (peça que faz a ligação da
pouco para que não haja choque de temperatu-
mangueira para adoçar o motor) ou mangueira
ra, provocando uma rachadura no bloco. Lavar
d’água na rabeta;
o motor com mangueira com pressão baixa de
• Verificar se a pressão da água está boa (nos mo- cima para baixo, somente nos cabeçotes e na
tores de popa há um orifício na lateral que espir- descarga, nos motores de popa, da metade do
ra água com boa pressão, se a pressão for baixa volante para trás sem molhar o motor de arran-
este orifício vai sair pouca água); que.
• Ligar o motor sem acelerar (além do motor já • Aplicar spray do fabricante no motor todo, ou
estar quente, NUNCA se acelera fora d’água); vaselina, mas sem excesso;

304 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


• Colocar o capô no motor, dando polimento com
cera de carro uma vez por mês. Nos motores
escuros é comum encontrar manchas de sal na
coluna, neste caso, esfregar uma esponja com
vinagre, várias vezes e depois aplicar a cera, a
mancha vai sair.

9.4.6.2. Segurança nas operações


Toda operação Bombeiro Militar é pautada pela pro-
teção da equipe e do meio em que se vai desenvolver o
cenário da ocorrência. Neste sentido devemos adotar
terminologias e fazer uso de sinais a fim de facilitar o
entendimento entre os militares que atuarão no socorro. Fig. – Delimitação de Áreas em Zona quente, morna e fria.

Os bombeiros devem ter sempre em mente o seguin-


te:
1º) Utilizar o método que apresenta o menor risco, dei-
O sucesso de uma operação de salvamento depende
xando os métodos de alto risco como uma segunda
alternativa. basicamente de quatro coisas:
2º) Todas as equipes de salvamento devem se assegurar
que estão preparados para:
• Salvar a si próprio como sua primeira priorida-
de;
• Zelar pela segurança uns dos outros e ser ca-
paz de realizar o salvamento da própria equipe
como sua segunda prioridade;
• E apenas quando os itens anteriores estiverem
assegurados, devem realizar as ações de salva-
mento das vítimas;
• Não utilize o capacete de incêndio nas opera-
ções aquáticas; A instrução e os manuais técnicos só proporcionam o
primeiro item, que é o treinamento. Se o bombeiro tiver
• Sempre tenha observadores rio acima;
um treinamento adequado e praticá-lo adquirirá a ex-
• Sempre tenha um Back-up, rio abaixo; periência necessária para poder emitir um julgamento a
• Sempre Tenha um plano B; respeito da situação.

• Nunca amarre uma corda ao redor do resgatis-


ta;

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 305


9.4.6.3. Comunicação nas operações 9.4.6.4. Dinâmica do rio
Em ambientes de enchentes e inundações, principal- Para efeitos de eficácia na comunicação em uma ope-
mente quando está chovendo, a comunicação se torna ração que aconteça em um ambiente fluvial devemos es-
muito difícil devido ao barulho do meio externo, poden- tar cientes dos termos que definem a orientação em um
do este fator ser complicador para comunicação entre rio, como demonstra a figura abaixo:
a guarnição e prejudicar o salvamento. Devido a esta
questão é importante que os elementos das guarnições
adotem procedimentos de sinais sonoros e visuais para Rio Abaixo
Margem direita
facilitar os trabalhos.
Margem esquerda
A seguir apresentamos algumas sugestões destes sinais.
• 1 silvo: PARE! OLHE PARA MIM!
• 2 silvos: começar uma ação anteriormente Correnteza Rio Acima

combinada, ou retomar uma ação anteriormen-


te interrompida;
• 3 silvos: PERIGO! AJUDA!
Sinais de braço:
Fig. – referencial de rios.
• Um braço para o alto: “preciso de ajuda”;
• Mão no topo da cabeça: “estou bem”.
É importante frisar que a mesma nomenclatura é utili-
zada em ambientes urbanos.

Fig. – referencial ambiente urbano.

Fig. – Sinais de braço.

306 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


9.4.6.5. Características da correnteza

Direita do rio Rio Acima

Rio Abaixo Esquerda do rio

O fluxo helicoidal das mar-


gens tende a fazer um mo-
vimento de “saca rolhas”
rio abaixo.

A lâmina de água situada mais


ao fundo e nas laterais tende O movimento helicoidal
a ser mais lenta. As correntes tende a empurrar um
mais fortes estão no flor da objeto que está flutuan-
água e no meio da correnteza do para o meio da cor-
tendem a ser mais lentas as renteza.
camadas mais profundas de
fluxo de água.

Fig. – comportamento da correnteza. Fonte: CBMSP.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 307


9.4.6.6. Leitura das corredeiras

Fig. – Leitura de velocidade do rio, formando remanso abaixo Fig. – método de saída de refluxo.
das pedras e locais de correnteza entre elas.

i) Remanso: lugar onde a água fica parada e, às vezes,


até pega um sentido contrário ao da corrente, geralmen- 9.4.6.7. Ângulo de travessia
te atrás de um obstáculo dentro da correnteza (pedra, O ângulo de travessia é de suma importância para que
poste, carro etc.), podendo acontecer próximo às mar- se consiga atravessar de um lado para o outro de um leito
gens, após uma curva do rio, córrego ou curso d’água. de um rio ou de uma área inundada.
Tal ângulo varia com a correnteza, sendo que o mínimo
é de 45º. Conforme a força da correnteza vai aumentan-
do, o ângulo de travessia vai diminuindo, sendo que, obri-
gatoriamente, não pode chegar a 0º, pois a embarcação
ou o bombeiro pararia no meio da correnteza.

Fig. – remanso após estrangulamento do rio.

Refluxo: é uma turbulência causada pela passagem da


água por cima de algum obstáculo, causando um efeito
parecido com o de um liquidificador, podendo até puxar
para o fundo algum objeto que esteja flutuando entre a
linha d’água e o obstáculo que o criou.

Fig. – efeito de refluxo hidráulico. Fig. – ângulo de travessia de 45o. Fonte:CBMMG

308 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – Diminuição do ângulo de ataque devido ao aumento da correnteza. FONTE CBMSP

Técnicas e habilidades de busca e salvamento em enchentes


Grau de risco Técnica

Baixo Alcançar

Moderado Arremessar

Considerável Bote / Remar

Elevado Entrar

Extremo Helicóptero

Pelo fato das técnicas de bote e helicóptero possu- i) Alcançar: esta técnica se caracteriza por tentar al-
írem procedimentos e necessidades muito peculiares cançar a vítima com um remo, escada, ganchos, desde a
para serem aplicadas, neste manual básico abordaremos margem sem que o resgatista tenha que entrar na água;
as técnicas de: Alcançar, Arremessar e Entrar.

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 309


ii) Arremessar: técnica que compreende arremessar de arremesso. Isso normalmente é feito a partir do cabo
algum dispositivo flutuante, como bóia com corda, bolsa ou bolsa de resgate no salvamento em enchentes;

Fig. – Arremesso de corda FONTE: CBMMG

310 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


Fig. – Técnica de arremesso de saco. FONTE CBMMG

Fig. – - Vitima segurando a corda abaixo dos ombros com a corda passando por cima dos ombros, (CORRETO); 2 - Vítima segurando
a corda por baixo dos ombros, sem a corda passar pelos ombros (ERRADO); 3 - Vítima segurando a corda por cima dos ombros,
com a corda passando por cima do ombro, melhor estabilidade (CORRETO). FONTE CBMMG

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 311


NUNCA tracione uma corda atravessando a corren-
teza ou curso d’água formando um ângulo reto com a
margem – esta ação faz com que o bombeiro ou a vítima
caso sejam arrastados até este dispositivo de segurança
fiquem retidos no centro da corda ou no leito do curso
d’água. A força da correnteza levará as pessoas ao cen-
tro da corda formando um “V” dificultando as ações de
resgate.

Fig. – resgatista arremessando

A corda puxará a vítima para próximo do ponto em que


ela estiver presa (pé). Os militares devem estar atentos
para que a corda não passe totalmente do corpo para que
a vítima não seja novamente arrastada pela correnteza.
Após retirar a vítima, esticar a corda em um ângulo de 450
em relação à correnteza para que a vítima não fique pre-
sa no centro da corda.

Fig. – Backup com corda em 45º para recu-


peração de vítimas.
FONTE CBMMG
Fig. – Retirada de vítima com partes do corpo presa FONTE
CBMMG

312 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iii) Entrar: Técnica que envolve bastante habilidade,
que consiste no adentramento da água para tentar re-
alizar salvamentos. Existe um alto risco de acidente. O
Adentramento na água pode ser feito: Formação em li-
nha e em “V”.

Direção da correnteza

Fig. – Adentramento em linha. FONTE CBMMG

Fig. – Adentramento em V. FONTE CBMMG

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 313


O militar da frente recebe uma carga maior da força (remanso, desvio de obstáculos, chegar até uma víti-
da água e ele acaba por fazer um “remanso” para o militar ma). O nado ofensivo é simplesmente a adoção da posi-
logo atrás, isso facilita a estabilidade da formação. ção de “crawl” ou a que o militar tenha o melhor domínio
para nadar mais rapidamente, para alcançar o local que
9.4.6.8. Natação defensiva desejar ou desviar de um obstáculo. É importante lem-
A posição de natação defensiva deve ser tomada por brar que neste tipo de nado o militar deve, se possível,
todo bombeiro que cair na água acidentalmente, como manter a cabeça para fora da água para que possa obser-
parte de uma tática para o salvamento ou em instrução var para onde está indo, se não há nenhum obstáculo e os
prática em um rio com correnteza e corredeira. perigos existentes.

A posição consiste em ficar em decúbito dorsal, ou No salvamento em enchentes, faz-se necessário que o
seja, “boiando de costas”, com os pés voltados para RIO militar tenha um bom domínio no meio aquático, apesar
ABAIXO e braços estendidos na lateral do corpo para dar de estar em um meio terrestre que foi inundado como já
estabilidade à natação. foi dito. Isso é necessário, tendo em vista que pode ser
que seja preciso em algum momento durante uma ação
Quanto mais o corpo ficar estendido, menor são as
de salvamento, de se realizar uma submersão ou nado
chances de bater ou se enroscar em algo que esteja no
submerso, por exemplo, ou até mesmo que seja necessá-
leito do rio.
rio nadar de um lugar para outro, atravessando uma rua
que esteja inundada.

Fig. – Militar realizando nado agressivo


Fig. – Técnica do nado defensivo. FONTE CBMSP

9.4.6.10. Salvamento com Nadador de


9.4.6.9. Posição de nado agressivo
Alta Velocidade ou Isca Viva
ou ofensivo
Esta é uma técnica que só deve ser empregada com
Em algumas situações o nado defensivo não é sufi-
nadadores experientes, com alta velocidade e força de
ciente para o militar chegar em algum local desejado
nado. Muitas vezes uma vítima passa por um ponto onde

314 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


não houve tempo de se colocar militares rio abaixo, ar-
mar sistemas de captura ou em pontos onde o curso
d’água é inviável de realizar outra técnicas.

Fivela de soltu-
Colocar a linha de vida
ra rápida
amarrada ao anel do colete

Fig. – sistema de soltura rápida

Fig. – salvamento isca-viva

Fig. – Salvamento utilizando a técnica de Isca viva em um


ambiente urbano. Fonte CBMMG

9.5. Operações com produtos perigosos


A utilização de produtos perigosos tem gerado diver-
sos riscos à sociedade. Os acidentes com o transporte
rodoviário de produtos perigosos, somados às variáveis
dos cenários das rodovias exigem, para o seu atendimen-
Fig. – salvamento isca-viva to, profissionais qualificados e experientes, com conhe-

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 315


cimentos técnicos específicos e visão em diversas áreas 9.5.2. Acidente tecnológico
de atuação, bem como a utilização de recursos materiais
O acidente tecnológico (desastre tecnológico) é o
adequados, de acordo com os riscos inerentes ao cenário
evento inesperado e indesejável que envolve tecnologia
acidental.
desenvolvida pelo homem e tem a capacidade de afetar,
Neste capítulo procuraremos focar o estudo de pro- direta ou indiretamente a saúde e a segurança dos tra-
dutos perigosos na chamada “Primeira resposta”, isso in- balhadores, da população, ou causar impactos agudos ao
clui as ações de resposta que não envolvam o contato do meio ambiente.
militar com o produto perigoso, abordaremos as ações
que podem ser tomadas por qualquer bombeiro de qual-
quer unidade, não sendo este militar necessariamente
do grupamento especializado, no caso do CBMERJ o Gru-
pamento de Operações com Produtos Perigosos (GOPP).

9.5.1. Conceito de produto perigoso


É toda a substância que, em virtude de suas caracte-
rísticas físico-químicas, oferece risco para a saúde de
pessoas, para a segurança pública, para o patrimônio e
para o meio ambiente.
Os produtos perigosos estão, legalmente, relaciona-
dos na Portaria do Ministério dos Transportes, nº 204,
de 20 de maio de 1997, na qual aprova as Instruções
Complementares aos Regulamentos dos Transportes
Rodoviários e Ferroviários, ou seja, do Transporte Ter-
restre de Produtos Perigosos. Fig. – Acidente em Planta Industrial – exemplo de acidente
tecnológico de natureza humana.

9.5.2.1. Acidentes com produtos


perigosos no mundo
ƒƒ Oppal/Alemanha – 1921: explosão de um
depósito contendo 4.000 t (toneladas)
de nitrato de amônio. Conseqüências: 561
mortes;
Fig. – resgate de suicida Fig. – Ilustração de Produtos Perigo-
sos. ƒƒ Texas/EUA – 1947: explosão em dois bar-
cos que carregavam cerca de 4.000 t de
nitrato de amônio. Conseqüências: 551
“Todas as substâncias são venenosas, mortes e 3.000 feridos;
não existe nenhuma que não seja.
ƒƒ Brest/França – 1947: explosão em navio
“A dose correta diferencia o veneno de um remédio.”
que carregava cerca de 2.500 t de nitrato
de amônio. Conseqüências: 21 mortes;
Paracelso (1493-1541)

316 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


ƒƒ Bhopal/Índia – 1984: vazamento de iso-
cianato de metila numa fábrica de Union
Carbide. Conseqüências: 4.000 mortes,
200.000 intoxicados;

ƒƒ Tchernobyl/Rússia – 1986: vazamento em


reator nuclear. Conseqüências: 31 mortes,
500 feridos e evacuadas 412.000 pessoas
– aparecimento de muitos casos de câncer
na glândula tireóide;

ƒƒ Washington/EUA: 2001 – contaminação


de funcionários das agências centrais dos
correios americanos pela bactéria An-
thrax, através de cartas, fruto do bioterro-
rismo. Conseqüências: 04 (quatro) pesso-
as morreram e várias vítimas parciais.

9.5.2.2. Acidentes com produtos


perigosos no Brasil
Fig. – Acidente em Planta Industrial – exemplo de acidente
ƒƒ Cubatão/SP – 1984 – vazamento em um tecnológico de natureza humana.
dos oleodutos pertencentes à Petrobrás,
na localidade da Vila Socó. Conseqüências:
o combustível derramado entrou combus-
tão, ocasionando um grande incêndio que
9.5.3. A identificação do produto perigo-
ceifou a vida de 508 pessoas; so

ƒƒ Campos/RJ – 1996 – acidente envolven-


Regra Básica em PP:
do duas carretas de 30 t de gás liquefei-
1) Identificação da substância e de seus perigos;
to de petróleo (GLP) cada uma, havendo 2) Aproximação com segurança.
a explosão e rompimento em uma delas.
Conseqüências: 03 pessoas morreram, 20
ficaram feridas, dentre elas o Soldado BM
Carlito que perdeu um dos braços ao ser
atingido por uma chapa de metal;

ƒƒ Rio de Janeiro/RJ – 2001 – vazamento de


parte do combustível muito inflamável,
proveniente de uma carreta de 30 t que
trafegava pela Av. Brasil, pertencente à
Empresa Texaco Brasil S.A., nas proximi-
dades do bairro Deodoro. Conseqüências:
01 pessoa morreu, ocasionando um enor-
me transtorno em todas as vias de acesso
à cidade do Rio de Janeiro, em virtude de
mais de 20 (vinte) horas de trabalho inin-
terrupto. Fig. – Identificação PP

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 317


A identificação do
produto perigoso en-
volvido no acidente é de
suma importância para
definir as ações que
serão tomadas na res-
posta ao evento. Com
base nessa informação
poderemos definir o ní-
vel correto de proteção
a ser utilizado, o raio Fig. – rótulos de risco
de isolamento adota-
do, bem como tomar as
ii) Painel de segurança
decisões precisas com
relação a qualquer aspecto da emergência. Retângulo de cor laranja que deve ser utilizado para o
transporte rodoviário de produtos perigosos. Possuindo
Existem vários manuais que nos auxiliam a identificar-
a parte inferior destinada ao número de identificação do
mos corretamente um produto perigoso e nos orientam
produto (Número ONU) e a parte superior destinada ao
quanto às ações a serem tomadas, o mais popular destes
número de risco.
manuais é o da Associação Brasileira da Indústria Quí-
mica (ABIQUIM) que é uma excelente ferramenta, espe- • Número ONU: É uma numeração estabelecida
cialmente no que diz respeito à primeira resposta sendo, pelas as Nações Unidas em que nosso país se-
porém limitado para respostas avançadas de equipes es- gue no que diz respeito aos números que cor-
respondem a cada produto, sendo constituído
pecializadas. Porém, como a maior parte dos bombeiros
por quatro algarismos, conforme a Portaria n. º
militares da Corporação estará servindo fora do Grupa-
204, de 20/05/1997 do Ministério dos transpor-
mento de Operações com produtos perigosos, este ma-
tes, como exemplo:
nual atende perfeitamente às necessidades.
ƒƒ 1075 – GLP (gás liquefeito de petróleo)
9.5.3.1. Meios para a identificação ƒƒ 1017 – cloro
do produto perigoso
ƒƒ 1203 – combustível para motores, inclusi-
i) Rótulos de risco ve gasolina
São elementos que representam símbolos e/ou ex- • Número de Risco: É constituído por até três al-
pressões emolduradas, referentes à natureza, manuseio garismos e, quando for expressamente proibi-
ou identificação do produto. O símbolo representa uma do o uso de água no produto, deve ser indicado
fig.ura convencional, usada para expressar graficamente com a letra X no início do número. Este número
um risco de forma rápida e fácil a sua identificação. determina o risco principal (1º algarismo) e os
riscos secundários do produto (2º e/ou 3º alga-
• Rótulos de Risco Principal: possuem o número e
rismo).
o nome da classe ou subclasse de risco, devem
ser colocados no ângulo inferior da moldura do ƒƒ Na ausência de risco subsidiário, deve ser
rótulo de risco. colocado como segundo algarismo “zero”;
• Rótulos de Risco Secundário: não possuem o núme- ƒƒ No caso de gás, nem sempre o primeiro al-
ro e o nome da classe ou subclasse de risco, pos- garismo significa o risco principal
suindo somente os símbolos e as mesmas cores.

318 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


ƒƒ A duplicação ou triplicação dos algaris-
mos significa uma intensificação do risco,
por exemplo: 30 - inflamável; 33 - muito in-
flamável; 333 - altamente inflamável.
ƒƒ Quando houver a letra “X” na frente do nú-
mero de risco significa que o produto rea-
ge perigosamente com a água.

Número de risco

Número ONU

Fig. – painel de segurança

• Tabelas de risco do produto: a seguir teremos


duas tabelas, que chamaremos de TABELA A
(que conterá o significado do primeiro algaris-
mo do número de risco) e TABELA B (com o sig-
nificado do segundo e/ou terceiro algarismos)

TABELA A – SIGNIFICADO DO 1º ALGARISMO

Número Significado

2 Gás

3 Líquido inflamável

4 Sólido inflamável

5 Substâncias oxidantes ou peróxidos orgânicos

6 Substâncias tóxicas ou infectantes

7 Radioativos

8 Corrosivos

9 Substâncias perigosas diversas

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 319


TABELA B – SIGNIFICADO DO 2º e/ou 3º ALGARISMO

Número Significado
0 Ausência de risco
1 Explosivo
2 Emana gás
3 Inflamável
4 Fundido
5 Oxidante
6 Oxidante
7 Radioativo
8 Corrosivo
Perigo de reação violenta resultante da decomposição espontânea ou de poli-
9
merização

iii) Diamante de Hommel


O diamante de Hommel, mundialmente conhecido
pelo código NFPA 704 — mas também conhecido como Na simbologia são utilizados losangos que expressam
diamante do perigo ou diamante de risco —, é uma sim- tipos de risco em graus que variam de 0 a 4, cada qual
bologia empregada pela Associação Nacional para Pro- especificado por uma cor (branco, azul, amarelo e verme-
teção contra Incêndios (em inglês: National Fire Protec- lho), que representam, respectivamente, riscos específi-
tion Association), dos Estados Unidos da América. cos, risco à saúde, reatividade e inflamabilidade.

Fig. – diamante de Hommel

320 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


iv) Outras formas de identificação
Temos ainda a possibilidade de identificar o produto
através dos documentos de posse obrigatória que são
o envelope para transporte e a ficha de emergência do
produto.

Fig. – ficha de emergência Fig. – envelope para transporte

9.5.3.2. Sistema de classificação da • Subclasse 1.4 - Substâncias e artefatos que não


ONU apresentam risco significativo;
• Subclasse 1.5 - Substâncias pouco sensíveis.
Classificação em classes e subclasses de produtos
perigosos: Classe 2 - GASES COMPRIMIDOS, LIQUEFEITOS, DISSOL-
VIDOS SOB PRESSÃO OU ALTAMENTE REFRIGERADOS
Classe 1 - EXPLOSIVOS
• Subclasse 1.1 - Substâncias e artefatos com risco de Classe 3 - LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS
explosão em massa;
• Subclasse 1.2 - Substâncias e artefatos com risco de Classe 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS; SUBSTÂNCIAS SU-
projeção; JEITAS À COMBUSTÃO ESPONTÂNEA; SUBSTÂNCIAS
• Subclasse 1.3 - Substâncias e artefatos com risco de QUE, EM CONTATO COM A ÁGUA, EMITEM GASES IN-
predominante de fogo; FLAMÁVEIS

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 321


• Subclasse 4.1 - Sólidos inflamáveis; • IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO;
• Subclasse 4.2 - Substância sujeita à Combustão Es- • ISOLAMENTO DE ÁREA.
pontânea; • CONTENÇÃO DO PRODUTO (desde que não haja con-
• Subclasse 4.3 - Substâncias que, em contato com a tato)
água, emitem Gases Inflamáveis.
i) Identificação do produto
Classe 5 - SUBSTÂNCIAS OXIDANTES; PERÓXIDOS
Para a identificação do produto devemos sempre
ORGÂNICOS
atentar para manter a maior distância possível do aci-
• Subclasse 5.1 - Substâncias Oxidantes;
dente, a fim de evitar a contaminação, para isso devemos
• Subclasse 5.2 - Peróxidos Orgânicos; fazer uso de binóculos ou algum outro recurso que nos
permita reconhecer a simbologia estudada anteriormen-
Classe 6 - SUBSTÂNCIAS TÓXICAS; SUBSTÂNCIAS IN-
te neste capítulo.
FECTANTES
• Subclasse 6.1 - Substâncias Tóxicas; Vale a pena lembrar que a identificação do produto
é uma etapa fundamental da resposta, pois irá orientar
• Subclasse 6.2 - Substâncias Infectantes;
não só as primeiras ações como a própria equipe espe-
Classe 7 - SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS cializada em emergências com produtos perigosos.
ii) Isolamento da área
Classe 8 - CORROSIVOS
O isolamento da área tem a principal finalidade de evi-
Classe 9 - SUBSTÂNCIAS PERIGOSAS DIVERSAS tar a contaminação, seja dos respondedores, seja da po-
pulação comum. Este isolamento deve obedecer a alguns
9.5.4. Ações de primeira resposta às fatores como as propriedades do produto envolvido na
emergências emergência e a direção do vento.

Quando pensamos em uma emergência envolvendo Os raios de isolamento são bastante variáveis, pode-
produtos perigosos (EEPP), devemos levar em conta mos ter isolamento variando de metros a quilômetros,
todo o conhecimento técnico e suporte logístico para dependendo do produto. Estas distâncias constam no
uma resposta avançada. Faz-se necessário o uso de manual de primeira resposta da ABIQUIM, portanto é
roupas de proteção química, montagem de corredor de fundamental a presença deste manual nas guarnições de
descontaminação, além do uso de equipamentos especí- socorro das unidades.
ficos. Dentro do isolamento temos a delimitação das áreas
Desta forma, devemos neste manual básico nos ater de trabalho que tem a finalidade de selecionar o acesso
às ações que devem ser executadas pelos militares que às regiões mais contaminadas, dividimos ao todo em
não contam com todo este aparato e conhecimento para três áreas que definiremos a seguir:
empregar na emergência. • Área Quente – É toda a área onde a possibilidade
Para tanto tomamos as ações que denominamos pri- de contaminação é máxima. É o local que só deve
ser acessado pelas equipes de intervenção que
meira resposta, que seriam os procedimentos que não
são formadas por especialistas em produtos pe-
envolvessem o contato direto com o produto já que, no
rigosos e devidamente equipados, com a finalida-
caso de contaminação, o militar não o suporte para se
de de evitar a contaminação própria e de evitar o
descontaminar. transporte de contaminação para as outras áreas.
A primeira resposta em EEPP é composta, basicamen- • Área Morna – É a região que circunda a área
te, por três ações ou medidas que são: quente, é um local que não possui contaminação

322 Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ


no início das atividades de resposta, porém no Este local em momento algum recebe contami-
decorrer das ações ela recebe traços de conta- nante. É onde fica localizado o posto de coman-
minantes. É o local onde é montado o corredor do, bem como a logística de material e pessoal
de descontaminação. para a resposta.
• Área Fria – É a região que circunda a área morna
e onde a possibilidade de contaminação é nula.

Fig. – delimitação das áreas de trabalho

Manual Básico de Bombeiro Militar | Vol. 2 | CBMERJ 323


iii) Contenção do produto produtos perigosos envolvidos de forma que as informa-
Eventualmente pode ser realizada também a conten- ções aqui apresentadas têm o objetivo de evitar a con-
ção do produto envolvido na emergência, mas é muito taminação das equipes de resposta, em especial as não
importante que fique bem claro que esta contenção não especializadas.
deve oferecer risco ao bombeiro não especializado e que É fundamental que, uma vez identificada a presença
não conte com o material necessário para oferecer uma de um produto perigoso no evento, seja acionado o Gru-
resposta eficaz. Na verdade esta ação seria, por exemplo, pamento de Operações com Produtos Perigosos que
fazer algum tipo de barreira em um bueiro ou boca de lobo, possui pessoal especializado e material específico para
antes da chegada do produto, para evitar que este escor- este tipo de resposta, jamais tente solucionar sozinho
resse por este local, contaminando outras áreas. sem contar com esse apoio, pois dependendo do produto
iv) Considerações finais você pode não ter uma segunda chance de agir correta-
mente.
É muito importante que tenhamos em mente que sem-
pre que vamos para uma emergência podemos encontrar
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

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