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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro

Diretoria Geral de Ensino e Instrução

Manual Básico
de
Bombeiro Militar

Volume 02

1º Edição Revista e Atualizada


Rio de Janeiro - 2014
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Capítulo 9 – Técnica e Maneabilidade de Salvamento


9.1. Conceito de Salvamento ............................................................................................... 244
9.2. Ferramentas, Equipamentos e Acessórios .................................................................... 244
9.2.1. Desencarcerador Hidráulico .................................................................................. 245
9.2.1.1. Componentes do Desencarcerador............................................................... 246
9.2.1.2. Operação prática do conjunto de salvamento .............................................. 247
9.2.2. Desencarcerador SC 350 E (Lukas elétrico) ........................................................... 251
9.2.3. Macaco Hidráulico ................................................................................................. 252
9.2.4. Almofadas Pneumáticas ........................................................................................ 252
9.2.5. Tirfor ...................................................................................................................... 254
9.2.6. Linga ...................................................................................................................... 258
9.2.7. Gerador à gasolina ................................................................................................ 259
9.2.8. Motosserra ............................................................................................................ 259
9.2.9. Moto-cortador....................................................................................................... 261
9.2.10. Rádio Transceptor Portátil .................................................................................... 261
9.2.11. Oxi-explosímetro ................................................................................................... 262
9.2.12. Tripé ...................................................................................................................... 262
9.2.13. Cabo ou corda ....................................................................................................... 263
9.2.14. Cabo solteiro ......................................................................................................... 264
9.2.15. Mosquetão ............................................................................................................ 264
9.2.16. Aparelho oito ......................................................................................................... 265
9.2.17. Polias ..................................................................................................................... 265
9.2.18. Ascensor de Punho ................................................................................................ 265
9.2.19. Fitas tubulares ....................................................................................................... 266
9.2.20. Baudrier ................................................................................................................. 266
9.2.21. Cinto Paraquedista ou Baudrier Integral ............................................................... 266
9.2.22. Cinto Cadeira ......................................................................................................... 267
9.2.23. Escada prolongável................................................................................................ 267
9.2.24. Tesourão ................................................................................................................ 268
9.2.25. Vara de Manobra com Croque na Ponta ............................................................... 269
9.2.26. Alavanca ................................................................................................................ 269
9.2.27. Halligan .................................................................................................................. 269
9.2.28. Machado................................................................................................................ 270
9.2.29. Malho .................................................................................................................... 270
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9.2.30. Pá ........................................................................................................................... 271


9.2.31. Lanternas ............................................................................................................... 271
9.2.32. Cones de sinalização.............................................................................................. 272
9.3. Equipamentos de Proteção Individual .......................................................................... 272
9.3.1. Capacetes de proteção .......................................................................................... 272
9.3.2. Luvas de proteção ................................................................................................. 273
9.3.3. Óculos de proteção ............................................................................................... 273
9.3.4. Botas de borracha ................................................................................................. 274
9.3.5. Jardineira ............................................................................................................... 274
9.3.6. Capa de aproximação ............................................................................................ 275
9.3.7. Cotoveleiras e joelheiras ....................................................................................... 275
9.3.8. Máscara contra pó ................................................................................................ 275
9.3.9. Protetor auricular .................................................................................................. 276
9.3.10. Equipamento de Proteção Respiratória ................................................................ 276
9.3.11. Luva de procedimento .......................................................................................... 277
9.4. Técnicas de Salvamento ................................................................................................ 277
9.4.1. Desencarceramento .............................................................................................. 277
9.4.2. Corte de árvore ..................................................................................................... 285
9.4.3. Operações com elevadores ................................................................................... 290
9.4.4. Entradas Forçadas e Arrombamentos ................................................................... 297
9.4.5. Salvamento em Alturas ......................................................................................... 303
9.4.5.1. Cordas............................................................................................................ 303
9.4.5.2. Nós e Voltas ................................................................................................... 308
9.4.5.3. Métodos de enrolar a corda .................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.5.4. Métodos de ancoragem .......................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.5.5. Técnicas de salvamento em alturas ........ Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6. Salvamento aquático ....................................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.1. Equipamentos para salvamento aquático...................... Ошибка! Закладка не
определена.
9.4.6.2. Segurança nas operações ........................ Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.3. Comunicação nas operações ................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.4. Dinâmica do rio ....................................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.5. Características da correnteza .................. Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.6. Leitura das corredeiras ............................ Ошибка! Закладка не определена.
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9.4.6.7. Ângulo de travessia ................................. Ошибка! Закладка не определена.


9.4.6.8. Técnicas e habilidades de busca e salvamento em enchentes ............ Ошибка!
Закладка не определена.
9.4.6.9. Natação defensiva ................................... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.10. Posição de nado agressivo ou ofensivo... Ошибка! Закладка не определена.
9.4.6.11. Salvamento com Nadador de Alta Velocidade ou Isca Viva Ошибка! Закладка
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9.5. Operações com produtos perigosos ....................... Ошибка! Закладка не определена.
9.5.1. Conceito de produto perigoso ........................ Ошибка! Закладка не определена.
9.5.2. Acidente tecnológico ....................................... Ошибка! Закладка не определена.
9.5.2.1. Acidentes com produtos perigosos no mundo .............. Ошибка! Закладка не
определена.
9.5.2.2. Acidentes com produtos perigosos no Brasil ................. Ошибка! Закладка не
определена.
9.5.3. A identificação do produto perigoso ............... Ошибка! Закладка не определена.
9.5.3.1. Meios para a identificação do produto perigoso ........... Ошибка! Закладка не
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9.5.3.2. Sistema de classificação da ONU ............. Ошибка! Закладка не определена.
9.5.4. Ações de primeira resposta às emergências ... Ошибка! Закладка не определена.
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CAPÍTULO 9
TÉCNICA E MANEABILIDADE DE SALVAMENTO

9.1. Conceito de Salvamento


Operações de salvamento consistem basicamente em: remoção de pessoas, animais,
bens ou ainda na recuperação de corpos dos mais variados sinistros, com a finalidade de
preservar sua integridade física e psíquica, o que torna o serviço altamente especializado, o
qual exigindo dos socorristas preparo físico, técnico e psicológico em função dos diferentes
tipos de atividades e materiais nelas empregados.

Em virtude das circunstâncias em que é efetuado o salvamento, encontramos grande


esforço exercido pela guarnição em:

 Empregar corretamente as técnicas desenvolvidas;


 Empregar adequadamente os materiais;
 Atingir o objetivo da operação desenvolvida;
 Localizar e alcançar as vítimas;
 Assegurar-lhes a vida.

Os serviços de salvamento e atendimento pré-hospitalar são praticamente interligados


por natureza da profissão, nos quais os executantes de ambas as atividades são denominados
de “socorristas”. Pode-se dizer que os serviços de salvamento consistem na remoção
cuidadosa de pessoas, animais e/ou objetos dos mais variados sinistros e do atendimento pré-
hospitalar imediato, antes que os cuidados médicos sejam prestados.

9.2. Ferramentas, Equipamentos e Acessórios

i) Ferramenta: Objeto manual que serve para realizar uma tarefa, com a energia que
provém diretamente do operador. Exemplos: Guilhotina, barra, martelo e pá.

ii) Equipamento: Máquina ou aparelho de certa complexidade que serve para realizar
uma tarefa e cujo princípio de ação consiste na transformação da energia para
aumentar a capacidade de trabalho. Exemplos: motosserra, martelo de impacto e
moto cortador.

iii) Acessório: Objeto que individualmente e em conjunto com outros, podem


conformar um equipamento ou ferramenta, permitindo ampliar ou melhorar as
capacidades operativas ou realizar uma tarefa. Exemplo: Balde, correntes para a
motosserra, extensão elétrica e vasilha de combustível.
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9.2.1. Desencarcerador Hidráulico


Ao longo da década de 70, surgiram no mundo vários fabricantes de cunhas
expansoras para desencarceramento. Inicialmente, foram as empresas Jaws e Hurst, norte-
americanas, mais tarde, surgiram a Holmatro (holandesa), Weber Hidraulik e Lukas (alemãs). O
principal objetivo da concorrência desses fabricantes é o de produzir um equipamento com
maior capacidade de abertura, maior rapidez de funcionamento com pesos cada vez menores.
Nesse manual, será tomado como referência o conjunto de salvamento Lukas por ser de uso
mais comum no CBMERJ.

Desencarcerador hidráulico

Especificações técnicas
Motorização Motor 4 T – gasolina aditivada 1,1 litros – potência do motor 4HP –
peso 37kg
Lubrificação Óleo do motor SAE 10W30 – 0,6 litros
Sistema hidráulico Óleo hidráulico – Shell tellus C10/Petrobras HR 10EP/Mobil DTE 21,4
litros
Ferramenta combinada KS35C – força de corte 300KN / força de expansão 80KN / força de
tração 40KN – distância de abertura 36 cm – peso 15,5Kg
Jogo de correntes KSS9 – comprimento 2 metros / força de ruptura 120KN / força de
trabalho 40KN
Cilindro expansor LTR3.5/820 – extensão máxima 1,26 metros / mínima 44,5 cm /
peso 20,8kg / força 1º embolo 24,4KN / 2º embolo 12,2KN / 3º
embolo 3,5KN

É composto por uma bomba hidráulica, que acionada por um motor 4 tempos à
gasolina, pressuriza um sistema formado por mangueiras com sistemas de engate rápido e
várias ferramentas hidráulicas, estas servirão no desencarceramento das vítimas, executando
afastamentos, cortes e tracionamentos.

O conjunto de salvamento pode ser utilizado em acidentes envolvendo veículos,


desabamentos, arrombamentos, ou até mesmo em trabalhos submersos, dentro do limite de
40m de profundidade.
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Todos os motores deverão trabalhar com inclinação máxima de 15° e os


desencarceradores possuem conjunto de correntes com engates, com capacidade para 80KN e
comprimento de aproximadamente 2m.

9.2.1.1. Componentes do Desencarcerador

i) Bomba hidráulica

1 – Bocal de abastecimento da gasolina


2 – Tela de proteção
3 – Manopla de acionamento
4 – Bocal de abastecimento do óleo do motor
5 – Silencioso com escudo protetor
6 – Comando de partida, aceleração e parada
7 – Filtro de ar
8 – Carburador
9 – Cabeçote
10 – Vela
11 – Identificação do motor
12 – Bocal de abastecimento do fluído hidráulico
13 – Visor de nível do fluído hidráulico
14 – Bujão do dreno
15 – Identificação do modelo da bomba
16 – Reservatório do fluído hidráulico
17 – alavanca de pressurização
18 – Bloco da válvula

Fig. Partes da bomba hidráulica do


desencarcerador

ii) Cortadores – A série de cortadores possui lâminas, em formato de meia-lua, que


deslizam uma sobre a outra, proporcionando o corte. Estas podem ser trocadas por
outras de diferentes desenhos para os mais diversos tipos de cortes e de materiais
(Ex. Seccionamento de portas e colunas de veículos onde haja vítimas presas),
realizando o trabalho com rapidez e segurança.

iii) Expansores – São ferramentas equipadas com braços que têm, em suas
extremidades, ponteiras substituíveis e podem ser utilizados para abertura ou
separação de chapas (Ex. Retirando a porta de um veículo acidentado), ou ainda, no
tracionamento de partes (Ex. elevando-se a coluna de direção para liberar vítima do
volante do veículo), com o concurso do jogo de correntes.
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iv) Ferramenta combinada – Como o próprio nome diz, combina as funções das outras
ferramentas, sendo equipada com braços multifuncionais, que permitem a
realização de cortes, afastamento e tracionamento, este último com auxílio de jogo
de correntes.

v) Cilindro expansor ou cilindro de resgate – Aplicável em qualquer tipo de resgate e


salvamento onde se requeira elevação de carga. É particularmente útil nos
desabamentos, no serviço de levantamento de lajes e vigas, devido a grande
potência desenvolvida (12 ton) ou quando os trabalhos de afastamento necessitem
de grandes extensões, não alcançadas pelos expansores. Sendo assim,
comprimentos de 75cm, 1,30m e 1,70m podem ser atingidos.

Pinça hidráulica LKS-35


1 – Braços antideslizantes de aço
2 – Eixo central de fixação
3 – Manga de proteção
4 – Disco anatômico para abertura e fechamento
5 – Punho
6 – Plugue de engate rápido
7 – Mangueiras

Pinça LSP 40 e LSP 44B Pinça hidráulica LS-300 e LS-200

Fig. Componentes da pinça e diferentes


modelos

9.2.1.2. Operação prática do conjunto de salvamento

A operação só pode ser iniciada depois que os operadores estiverem equipados com o
EPI adequado. De uma forma genérica, a operação das diversas pinças é a mesma, a diferença
está na escolha da pinça adequada para o serviço.
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i) Sequência:

1º) Conferir nível de combustível e óleo do motor (este deve ser


verificado/completado com o equipamento na posição de uso, não sendo
necessária a inclinação do equipamento para esta ação;

2º) Conferir nível do fluido hidráulico (a marca do óleo não deve ficar abaixo da
metade do visor de nível do mesmo);

3º) A alavanca de pressurização do fluido deve estar na posição que mantenha o


sistema despressurizado (posição horizontal). Ela controla uma válvula que é
responsável pela liberação do fluido em direção à ferramenta.
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4º) Conecte as mangueiras através dos plugues tipo “engate rápido” (evite que as
capas dos engates fiquem expostas, conectando uma na outra) e abra a válvula
de combustível girando-a cerca de ¼ de volta em sentido anti-horário.

5º) Coloque a chave de ON/OFF na posição ON e posicione o comando do


acelerador na posição “START” (afogado), quando o motor estiver aquecido
posicione na posição “FAST”.

6º) Segure a manopla de acionamento e puxe suavemente até sentir resistência, a


fim de retirar a folga. Em seguida, puxe rapidamente o cordão, dando partida
no motor, deixando a manopla retornar a sua posição inicial de forma gradual.

7º) Quando a máquina funcionar, mova o comando do acelerador à posição


desejada de rotação do motor, na faixa entre “SLOW” e “FAST”.
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8º) Coloque a alavanca de pressurização do fluido na posição vertical, a fim de


pressurizar o sistema.

9º) Segure a pinça hidráulica pela alça e pelo punho, atuando com o dedo polegar
no disco anatômico proporcionando o movimento desejado, respeitando as
indicações de abertura e fechamento encontradas no corpo da pinça
hidráulica.

10º) Ao final da operação, coloque a alavanca de pressurização na posição de forma


a despressurizar o sistema.

11º) Desligue o motor passando o comando do acelerador para “STOP”.

12º) Feche a válvula de combustível, girando-a em sentido horário.

13º) Desconecte as mangueiras e coloque as capas apropriadas.


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ii) Considerações gerais:

 Antes da operação, devem ser verificados os níveis de combustível, óleo do


motor e fluido hidráulico.
 Durante o corte os braços da pinça deverão permanecer perpendiculares à
superfície na qual se pretende cortar, caso contrário haverá o perigo de danificar
a pinça e de não se conseguir efetuar o corte, deve-se manter o objeto a ser
cortado o mais próximo possível do centro das lâminas para o melhor
aproveitamento da capacidade de corte da pinça, deve-se realizar cortes
contínuos, evitando dar pequenos “trancos”, acionando e voltando o disco, para
não causar danos às válvulas internas do aparelho e sobrecarregar,
desnecessariamente, o motor.
 Durante o uso o aparelho deve permanecer nivelado, para evitar problemas
como nível de fluido hidráulico.
 Deve-se evitar o corte de metais muito duros, e somente em último caso este
deverá ser realizado, pois tais metais tem a característica de quebrarem quando
tensionados. Desta forma, dois problemas poderão ocorrer: ferimentos na
vítima ou no operador ocasionados por fragmentos projetados e danos nos
braços da ferramenta em função do choque produzido.
 Ao final da operação, deve-se deixar as pontas dos braços da pinça afastadas
uma da outra, cerca de 1 ou 1,5cm, evitando-se pressões desnecessárias entre
as partes.

9.2.2. Desencarcerador SC 350 E (Lukas elétrico)


Desencarcerador a bateria da empresa Lukas, semelhante ao que funciona com motor
externo, tem força de corte de 360KN, força de expansão de 350KN, autonomia de 30min
(trabalhando em condições severas) e demora cerca de 75min para carregar totalmente sua
bateria.

Fig. – Lukas SC 350 E


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9.2.3. Macaco Hidráulico


Aparelho destinado ao levantamento de cargas através do deslocamento de um
êmbolo que sobe impulsionado pela pressão do óleo hidráulico, que é bombeado com o vai e
vem do pistão. Para a descida do embolo usa-se a válvula de retorno que é aberta com sua
torção no sentido anti-horário.

Fig. – Macaco hidráulico

9.2.4. Almofadas Pneumáticas


O sistema Maxiforce de Almofadas Pneumáticas é caracterizado pela força, leveza e
praticidade, o que lhe garante grande versatilidade e aplicabilidade nas operações de
levantamento de cargas ou afastamento, sendo indicado para salvamento em eventos de
colisão de veículos, desabamentos e outras situações de socorro.

O sistema opera com os cilindros usados nas máscaras autônomas, somado as


almofadas e os reguladores de pressão. O sistema funciona com a utilização do ar comprimido
nos cilindros a alta pressão que passa pelo regulador de pressão, reduzindo a pressão de 3.000
para 125Psi, que é a pressão de trabalho. Depois o ar segue para a almofada, que é inflada sob
controle do bombeiro.

Este equipamento possui a válvula de controle e válvula de segurança (VCVS) que é


formada por um sistema duplo de segurança e controle de ar e é usada para inflar ou esvaziar
as almofadas, capaz de controlar a operação de duas almofadas individualmente, as duas
válvulas de alívio da pressão são fabricadas com regulagem de 87Psi ou 118Psi dependendo da
aplicação, para prevenir um enchimento acima do possível.

O sistema vem acompanhado por três mangueiras: duas mangueiras (uma vermelha e
outra amarela) são conectadas entre a VCVS. Todas as almofadas, mangueiras e reguladores
são equipados com conexões de engate rápido fabricados em tamanho especial para evitar
conexões erradas.

São muitos os tamanhos e formatos de almofadas de ar MAXIFORCE, cada uma é


indicada para uma determinada carga ou situação, contudo todas possuem um X no centro
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indicando o local correto de posicionamento da almofada no centro da carga. O que garantirá


o maior deslocamento e uma melhor estabilidade.
Bico de
Entrada de ar

Etiqueta com
Dados técnicos

Fig. – Almofada pneumática

i) Operação:

Antes de iniciar a operação é importante que todos os bombeiros que estiverem


operando o equipamento estejam usando os EPIs adequados como capacete, óculos de
proteção, luvas, botas, etc. Deve-se avaliar cuidadosamente o que será feito, determinando o
peso e o tamanho a ser movimentado, sempre garantindo o máximo contato entre a almofada
e a carga.

ii) Sequência:

1º) Fixe o cilindro em um ponto fixo, poste, muro ou carro e inspecione as válvulas
do cilindro e o regulador para verificar a presença de defeitos na rosca, sujeira,
poeira, óleo ou graxa;

2º) Enrosque o regulador de pressão ao cilindro e aperte firmemente;

3º) Antes de abrir a válvula do cilindro, deve-se girar a alça em “T” do manômetro
até a mola de ajustagem estar solta, posicione-se do lado oposto ao regulador
e abra lentamente a válvula do cilindro, matendo-se entre o cilindro e o
regulador. Depois calibre o manômetro de baixa pressão para 125Psi girando a
alavanca em “T”, o botão de ajustagem para a direita.

4º) Conecte a mangueira do regulador (preta) na VCVS, e em seguida abra


completamente a válvula de saída de ar, girando o botão para controle de
saída de ar para a direita, o que levará o ar até a válvula de controle, conecte a
almofada e coloque-a sob a carga, e antes de inflá-la verifique se as válvulas de
segurança (alívio) estão na posição “FECHADO”.

5º) Proceda à abertura da válvula de controle lentamente, e dessa forma vá


controlando o levantamento da carga, sempre mantendo atenção à pressão a
que ela está submetida, através do manômetro correspondente da VCVS, e
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quando o manômetro estiver acusando pressão na área vermelha a válvula de


segurança deverá abrir e o ar escapará por ela em grande velocidade.

iii) Observações:

 Não permita que a almofada receba pressão acima da necessária para erguer ou
escorar a carga em que se está operando. Assim que o objetivo estiver erguido
na altura desejada, calce-o ou escore-o, e durante o calçamento o operador
deve interromper o enchimento, lembre-se que as almofadas não precisam de
uma superfície regular para apoiar-se, mas é necessário calçamento e
escoramento. Nunca trabalhe sob a carga apoiada penas pela almofada.
 As almofadas não podem ser usadas sob objetos cortantes ou em uma superfície
com temperatura superior a 105ºC, contudo se isto for absolutamente
necessário, coloque uma proteção flexível (lonas industriais, borracha, couro,
proteções de mangueira) entre a superfície quente ou cortante e a almofada.
 Duas almofadas podem ser usadas simultaneamente, tanto para levantar
grandes pesos com dois pontos de apoio, ou empilhadas, para garantir um maior
deslocamento, sendo que neste caso, a maior ficará embaixo e esta deve ser
inflada primeiro.
 Para esvaziar a almofada, feche ambas as válvulas de controle e lentamente gire
o botão da válvula de segurança para a direita.

9.2.5. Tirfor
Durante várias décadas o uso do Tirfor constituiu-se como o elemento chave das
operações de desencarceramento. Ancorado em postes, árvores ou mesmo na viatura de
salvamento, por intermédio da tração de um cabo de aço que passava pelo seu interior e era
tracionado pela ação conjugada de dois mordentes em trabalho alternado.

Produzido pela filial brasileira da empresa alemã CIDAM, o nome Tirfor se tornou de
uso corrente e de terminologia técnica ao invés de “Sistema de Tracionamento de Cabos de
Aço”, nome este que adotamos nesta publicação para uma maior facilidade de emprego de
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nomenclatura. Abaixo será descrita as características técnicas do equipamento Tirfor numa


transcrição de seu manual de operação.

É um aparelho manual de tração e içamento de cargas, que trabalhando com cabo de


aço, desenvolve uma força nominal que vai de 750 Kg até 4000 Kg, conforme o seu tipo.

1 – Orifício para a admissão do cabo


2 – Alavanca de avanço
3 – Alavanca de recuo
4 – Punho de debreagem
5 – Trava de debreagem
6 – Gancho/bloco de ancoragem
7 – Alavanca telescópica
8 – Cabo de aço

Fig. Tirfor

1. Orifício para admissão do cabo;

2. Alavanca de avanço – Destina-se ao movimento alternado de vai e vem, acionando


os pares mordentes para o tracionamento da carga, acionado pela alavanca
telescópica que nela se encaixa, quando nesta operação;

3. Alavanca de recuo – Destina-se ao movimento alternado de vai e vem, acionando os


pares de mordentes para o retorno do cabo e favorece a liberação da carga, acionado
pela alavanca telescópica que nela se encaixa, quando nesta operação;

4. Punho de debreagem – Destina-se ao movimento de debreagem, acionando ou


liberando os pares de mordentes, para passagem livre do cabo;

5. Trava de debreagem – aciona-se para travar o punho de debreagem em sua posição;

6. Gancho/bloco de ancoragem – Para ancoragem da linga ou cabo de aço amarrado


ao peso a ser deslocado;

7. Alavanca telescópica;

8. Cabo de aço.

i) Funcionamento:

Consiste no princípio de acionamento do cabo de sustentação, em vez de enrolar-se


em um tambor, como nos aparelhos clássicos de içamento, é puxado em linha reta por dois
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pares de mordentes de ajuste automático e forma apropriada. Fechados em um cárter, os dois


pares de mordentes, movendo-se alternadamente, agarram o cabo como duas mãos. O
esforço é transferido para os mordentes por meio de duas alavancas - uma de avanço e outra
de marcha-a-ré - as quais funcionam através de um sistema de chaves, que comandam o
travamento dos mordentes no cabo. Os dois blocos de mordentes são levados ao fechamento
pela própria tração do cabo, assim: “quanto mais pesada a carga, mais sólido será o aperto”.

Para facilitar a operação do aparelho Tirfor, é possível abrir simultaneamente os dois


pares de mordentes para introduzir o cabo de aço. Para dar tensão ao cabo de aço, desengatar
o aparelho. Para soltar simultaneamente os dois pares de mordentes é necessário puxar o
mecanismo de marcha-a-ré.

ii) Segurança:

Ao operar um aparelho TIRFOR em sentido inverso, você rapidamente se conscientiza


de como é perfeitamente seguro. Naturalmente, notará que deverá exercer um certo esforço
nas alavancas. Este esforço corresponde ao exigido para forçar o cabo a passar pelos
mordentes ligeiramente soltos, que não abrem, mas atuam continuamente com um dispositivo
secundário de frenagem. Em caso de o par de mordentes ser danificado no curso de sua
operação, por um objeto estranho, o par de mordentes imediatamente assume o controle da
carga em uma distância que não ultrapassa o curso dos mordentes, isto é, 5cm.

iii) Utilização dos aparelhos Tirfor:

Os aparelhos TIRFOR podem ser para qualquer serviço de içamento e tração dentro de
sua capacidade. São particularmente úteis para trações de içamento a longas distâncias, que
não podem ser feitos por outros equipamentos, em virtude do fato de que comprimento de
cabo pode ser usado.

iv) Ancoragem dos aparelhos Tirfor:

Caso seja necessário ancorar o TIRFOR no solo, a primeira coisa a fazer, é localizar um
ponto adequado e satisfatório. Uma argola fixada ao solo, uma coluna de suporte, um trilho,
um caminhão, uma árvore, uma viga atravessada no vão da porta ou uma janela, são as
soluções mais fáceis. Ainda assim, é possível que nenhum ponto de ancoragem satisfatório
seja encontrado. Então torna-se necessário criar um ponto de ancoragem no solo.

v) Operação:

O militar deve manter atenção especial ao EPI, principalmente com relação às mãos,
que são um alvo freqüente de lesões. Após este cuidado, o militar deve desenrolar o cabo,
pressionar o punho de debreagem em direção à alavanca telescópica até travá-lo, introduzir a
ponta do cabo até sair do lado oposto, ancorar o aparelho pelo eixo de ancoragem num ponto
fixo e resistente, puxar o cabo, a mão, até ficar bem esticado e colocar o punho de debreagem
à posição inicial.
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Antes de iniciar o tracionamento, é conveniente a verificação da ancoragem do


aparelho e o ângulo de trabalho, para que o cabo trabalhe em linha reta, então deve-se
introduzir e travar a alavanca telescópica no seu braço e para içar ou tracionar, movimenta-se
a mesma em vai e vem, obter o deslocamento desejado da carga.

Para finalizar a operação, deve-se movimentar a alavanca em marcha a ré, até afrouxar
o cabo e, após isto, elevar o punho de debreagem à frente, liberando o cabo.

Fig. –tirfor Fig. –tirfor debreagem acionada

Fig. –introdução do cabo de aço Fig. – ancoragem

Fig. –pronto para tracionar


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Fig. – Utilização do tirfor

9.2.6. Linga
Cabo curto de aço com alças em suas extremidades, que tem por objetivo laçar algum
objeto para transporte, içamento ou arrasto.

Fig. – Linga
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9.2.7. Gerador à gasolina


O gerador a gasolina é um equipamento formado por um motor à explosão destinado
a fornecer corrente elétrica aos materiais operacionais, comumente usado para garantir a
iluminação do local do evento, principalmente quando este estiver distante da viatura.

Fig. – Gerador

9.2.8. Motosserra
Este equipamento é essencial nos eventos de corte de árvore, já que facilita o corte
dos galhos e troncos, agilizando o trabalho, mas em momento algum devem ser afastadas as
técnicas e nem o fator segurança, afinal o bombeiro não pode permitir a velocidade influenciar
no fator segurança. A motosserra é composta de um motor a explosão e um sabre com
corrente. Conforme será demonstrado abaixo:

As motosserras são constituídas dos seguintes componentes, observados na fig.ura


abaixo:
1 – Sabre
2 – Corrente
3 – Punho
4 – Filtro de ar
5 – Acelerador
6 – Trava do acelerador
7 – Afogador
8 – Protetor do punho
9 – Retém do acelerador
10 – Vela de ignição
11 – Tampa do cárter
12 – Garra Fig. motosserra

i) Operação:

Para dar a partida na motosserra, o militar deve equipar-se com o EPI, colocar o
afogador em “O”, apertar o botão de meia aceleração e bloqueá-lo. Para acionar o arranque,
deve-se primeiramente fixar a motosserra contra o solo, segurando o suporte tubular com a
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mão esquerda e a manete do cabo de arranque com a direita, retirar a folga do cabo até travar
e puxar rápido e firmemente, não largando no retorno, mas levando-o até a posição inicial.

Com a motosserra já em funcionamento, deve-se colocar o afogador em “I”, soltar o


bloqueio da alavanca do acelerador, e manter a aceleração do motor até que o motor passe a
marcha lenta.

Quando o motor já estiver quente, não necessita de acionamento do afogador e


muitas vezes também não é preciso da meia aceleração.

Para desligar o motor, vire a chave interruptora na posição “off”.

O abastecimento é realizado com uma mistura de óleo 2 tempos e gasolina na


proporção 1:50 (óleo do fabricante, para óleos de outros fabricantes use a proporção 1:25) – O
fabricante especifica a marca Castrol super TT, próprio para motores 2 tempos de alta rotação.

Errado
Certo

Fig. como ligar a motosserra

Nunca coloque a motosserra em funcionamento de forma suspensa, pois dessa forma,


poderá ferir-se ou outra pessoa que estiver próxima. Cuidado redobrado quando a utilização
do equipamento for feito no alto da árvore devendo o operador possuir o conhecimento
técnico e o domínio da motosserra.

Fig. cuidados na utilização da motosserra


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9.2.9. Moto-cortador
Equipamento com o funcionamento semelhante ao da motosserra, contudo usado
para cortes de chapas. É possível a utilização de vários tipos de discos, mas na corporação,
utiliza-se o disco misto para corte (corta ferro e aço), o que capacita o equipamento ao
salvamento de pessoas em acidentes automobilísticos, ou para arrombamentos de portas de
aço, ou ainda outras situações onde caiba sua utilização, como para o corte de vergalhões em
desabamentos.

Os moto-cortadores são constituídos dos seguintes componentes, observados na


figura abaixo:

1 – Disco
2 – Protetor de disco
3 – Punho
4 – Filtro de ar
5 – Acelerador
6 – Trava do acelerador
7 – Afogador
8 – Borboleta da
regulagem do protetor

Fig. moto-cortador

i) Operação:

O procedimento para dar a partida no motor do moto-cortador é o mesmo do acima


descrito para a motosserra, no entanto alguns cuidados especiais devem nortear a operação
deste equipamento, já que há a geração, de centelhas durante o corte, o que oferece riscos ao
bombeiro, ao patrimônio e das possíveis, vítimas envolvidas, criando a possibilidade de
incêndios, caso haja derramamento de inflamáveis ou explosão se houver escapamento de
gases combustíveis.

9.2.10. Rádio Transceptor Portátil


É um equipamento indispensável para eventos mais complexos por facilitar a
comunicação entre os membros da equipe de salvamento, e membros de outras equipes, já
que facilita a coordenação da prestação do socorro. As viaturas de salvamento devem estar
equipadas com este equipamento.
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Fig. – Rádio

9.2.11. Oxi-explosímetro
É um instrumento, portátil, confiável e de fácil utilização para a detecção da presença
de oxigênio e gases combustíveis. Sempre que houver a presença de algum gás combustível
em porcentagem que venham a oferecer risco de explosão o mesmo disparará um alarme
luminoso, bem como um alarme sonoro indicando o risco do local, isso ocorrerá também
quando da alteração de oxigênio. Pode ser manuseado facilmente nas situações e ambientes
mais adversos.

Fig. – Oxi-explosímetro

9.2.12. Tripé
É formado por três peças tubulares com 3,5m de altura, que possuem encaixe na parte
superior, que os mantém unidos, formando uma estrutura piramidal estável. Ele é muito útil
para o içamento de cargas, especialmente em poços. Para a sua utilização deve-se adaptar
uma roldana no centro do aparelho para içar a carga, o que permite a utilização de cordas ou
de cabos de aço.

Fig. – Tripé
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9.2.13. Cabo ou corda


Basicamente a corda é formada por fios unidos e torcidos uns sobre os outros,
formando um conjunto uniforme e resistente à tração. Existem vários tipos de cordas,
principalmente em função do material usado em sua fabricação, entre eles temos os cabos de
fibras de origem animal (seda, crina e couro), os cabos de fibra vegetal (manilha, sisal e
cânhamo), os de fibra sintética (nylon, seda, polietilenos, poliamida, poliéster, etc.) e os de
fibra mineral (aço).

No CBMERJ as cordas tem normalmente diâmetros de 9 a 11mm e comprimentos


variando em 30, 50, 100 ou 200m dependendo do seu uso. Podem ser estáticas ou semi-
estáticas (mais usadas em salvamentos em alturas) e dinâmicas (usadas em salvamento em
montanhas).

i) Partes da corda:

a) Fibra: Matéria básica da corda;


b) Fio: Conjunto de fibras;
c) Cordão: Conjunto de fios;
d) Capa: É a camada externa de uma corda, que tem como finalidade a
flexibilidade e a proteção da alma;
e) Alma: Trata-se da parte interna da corda, que é protegida pela capa, tem
como finalidade a resistência e a elasticidade da corda;
f) Chicote: Ponta solta da corda;
g) Falcaça: É o agrupamento dos cordões na extremidade da corda para evitar
que este desacoche;
h) Firme: Parte livre da corda próxima à ancoragem.

Fig. – Corda
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9.2.14. Cabo solteiro


Cabo de material sintético, de 6 a 8mm de diâmetro e de comprimento reduzido.

Fig. – cabo solteiro

9.2.15. Mosquetão
Trata-se de uma peça metálica constituída de um anel com abertura e gatilho para ser
utilizado em ancoragens e no baudrier. No início os mosquetões eram feitos de aço, mas
devido ao seu peso, foram completamente superados pelas novas ligas, que agregam leveza e
resistência.

Hoje a maior parte dos mosquetões é feita de uma liga especial de alumínio, cromo e
zinco, mas existem modelos de titânio, tornando-os leves e resistentes.

Existem vários modelos com utilidades específicas, como o simétrico ou oval,


assimétrico, pêra e semi-oval. Também diferem entre si dependendo do tipo de gatilho, sem
trava, ou com trava que pode ser de rosca ou automática.

Possuem resistências diferentes, sempre como a inscrição da sua capacidade expressa


em KN, gravada ao longo do corpo ou dorso, cujo valor do mesmo é de 100Kg para cada 1KN.

Os mosquetões sem trava, no CBMERJ, são conhecidos como molas.

Fig. – mosquetão simétrico Fig. – mosquetão assimétrico

Fig. – mosquetões sem trava ou


“molas”
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9.2.16. Aparelho oito


Peça com formato do algarismo oito, usado como freio para a descida de pessoas e
cargas.

Fig. – aparelho oito

9.2.17. Polias
Conhecidas no CBMERJ como patescas, são utilizadas em içamentos de cargas,
transposição de obstáculos, sistemas de força e salvamento com plano inclinado. São
fabricadas em vários modelos.

Fig. – polias

9.2.18. Ascensor de Punho


Ou simplesmente ascensor, geralmente utilizado em cordas simples de 8 a 13mm de
diâmetro. Este equipamento trava na corda para facilitar a ascensão, é fácil de manusear,
porém o CBMERJ padroniza o uso de uma mola, entre o orifício superior do mesmo e a corda,
a fim de evitar acidentes. É utilizado em par, sendo o 1º posicionado acima e o 2º posicionado
abaixo, e são conectados ao cinto do bombeiro através de fitas tubulares ou cabos solteiros.

Fig. – ascensores
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9.2.19. Fitas tubulares


São fabricadas normalmente de polipropileno, perlon ou nylon, com 3cm de largura e
3mm de espessura são usadas como ponto de ancoragem e para a confecção de cintos-
cadeiras ou amarrações em vítimas e macas.

Fig. – fitas tubulares

9.2.20. Baudrier
Equipamento destinado a envolver o bombeiro ou a vítima dando sustentação ao
corpo com segurança e equilíbrio, fornecendo um ponto de fixação.

Fig. – baudrier

9.2.21. Cinto Paraquedista ou Baudrier Integral


Equipamento semelhante ao baudrier anterior, no entanto possui sustentação para a
parte superior do corpo, bem como outros olhais onde o bombeiro pode se ancorar no
sistema, a saber: um no peito e um nas costas, além do tradicional na parte frontal da cintura.

Fig. – cinto paraquedista


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9.2.22. Cinto Cadeira


Equipamento inventado pelo 1º Sargento BM Carlos, mais conhecido também por
“Graveto”, militar do Grupamento de Busca e Salvamento do CBMERJ. Reciclando partes dos
cintos da brigada paraquedista do exército brasileiro, deu origem a este cinto muito utilizado
em salvamentos em altura, principalmente no resgate a suicidas, por possuir ganchos de
soltura rápida, facilitando a operação.

Fig. – Utilização do cinto cadeira

9.2.23. Escada prolongável


Escada composta de alumínio ou fibra de vidro para garantir resistência e
versatilidade, composta de dois lanços, um fixo e um móvel. O lanço móvel desloca-se sobre o
fixo através de encaixes.

Fig. – escada prolongável


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i) Operação:

1º) Dois militares transportaram a escada, com seus ombros entre os banzos da
mesma entre o primeiro e segundo degrau de cada lado;

2º) Deslocam-se com os pés da escada para frente;

3º) Chegando ao local certo para desenvolvê-la a colocam no chão, um dos


militares apoia os pés da escada sob seus próprios pés, enquanto o outro
militar do lado oposto da escada a levanta andando por baixo da mesma até
colocá-la na posição vertical;

4º) Com a escada na posição vertical começam a desenvolvê-la, quando ela


estiver do tamanho desejado usam o mesmo cabo que utilizaram para
desenvolvê-la para ancorar no degrau, evitando que o cabo fique solto e possa
causar acidentes;

5º) Um dos militares sobe na escada alternando os movimentos, subindo o braço


direito junto com a perna esquerda e o braço esquerdo junto com a perna
direita, enquanto o outro militar segura a escada;

6º) O militar que sobe na escada leva consigo um cabo solteiro que utiliza para
ancorar a escada, evitando que ela caia.

9.2.24. Tesourão
É uma ferramenta formada de aço com lâminas que é utilizada no corte de barras
metálicas, fios, cabos, arames e chapas. O tamanho da ferramenta é proporcional a sua
capacidade de cortar peças de maior espessura.

Fig. – tesourão
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9.2.25. Vara de Manobra com Croque na Ponta


Ferramenta composta por um cabo de fibra subdividido em partes com 1,5m cada, que
servem para prolongar o equipamento e possuem alta resistência mecânica e elétrica, possui
versatilidade para que a peça na sua ponta possa ser trocada conforme a necessidade. Deve-se
ter o cuidado para não expô-la a temperaturas muito elevadas, pois assim ela pode perder sua
resistência mecânica e elétrica.

A peça na ponta da vara é o croque, ferramenta clássica do bombeiro em forma de


gancho e fisga.

Fig. – vara de manobra e croque

9.2.26. Alavanca
Equipamento aplicado em vários tipos de salvamentos, constituído de uma barra de
ferro de seção circular ou octogonal, com comprimento, formas e extremidades variadas,
usado em atividades de arrombamento e deslocamento de cargas.

Fig. – alavanca

9.2.27. Halligan
Também conhecida como Hooligan é uma ferramenta muito versátil usada para
entradas forçadas, foi projetada por um bombeiro de New York, FDNY, chamado Hugh Halligan
em 1948, mais tarde naquele ano, o primeiro protótipo da barra Halligan foi feita por Peter
Clarke (um ferreiro).
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Fig. – Tipos de barra Halligan

9.2.28. Machado
Ferramenta de aço com o formato semicircular e de gume afiado dotado de um cabo
de madeira, usado em arrombamentos e cortes.

Fig. – machado

9.2.29. Malho
Ferramenta em aço de resistência superior aos aços comuns, possuindo uma
extremidade em forma retangular e seção quadrada conectada a um cabo de madeira ou
ferro, à semelhança de uma marreta, destinado a trabalhos que exijam grandes esforços de
deslocamento ou deformação, especialmente em arrombamentos.

Fig. – malho
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9.2.30. Pá
É um equipamento formado por uma chapa metálica de formato côncavo dotado de
um cabo de madeira, usado em remoção de material e escavação, é comum a sua utilização
em colisões quando há o vazamento de combustíveis e óleo, pode ser quadrada, redonda ou
ainda de campanha.

Fig. – pá quadrada Fig. – pá redonda

Fig. – pá de campanha

9.2.31. Lanternas
Aparelho destinado à iluminação, alimentado por pilhas, destina-se a iluminação de
pequenas áreas nas operações de salvamento.

Fig. – lanterna
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9.2.32. Cones de sinalização


Objeto de borracha de formato tronco cônico branco e laranja, empregado na
sinalização em vias de trânsito e isolamento da área do evento.

Fig. – cone de sinalização

9.3. Equipamentos de Proteção Individual


Segundo a Norma Regulamentadora nº 06 do Ministério do Trabalho, Equipamento de
Proteção Individual (EPI) é todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no
trabalho.

A seleção destes equipamentos deve ser bastante criteriosa, tendo em vista o fato de
afetarem diretamente o próprio desempenho do militar. Segundo Roberge (2008, p.135 apud
BELTRAME, 2010,p.12) “o uso impróprio do EPI pode impactar de forma negativa o
trabalhador em seu desempenho, segurança, conforto físico e emocional, comunicação e
audição”.

São equipamentos utilizados para manter a segurança do usuário, são utilizados quando
as medidas coletivas de segurança não garantem a proteção necessária.São de extrema
importância e necessidade para as atividades de bombeiro, um socorrista ferido perde parte
de seu potencial para resgatar uma vítima e pode vir a se transformar em uma nova vítima,
dificultando muito a operação e sobrecarregando seus companheiros.

9.3.1. Capacetes de proteção


Capacete com desenho específico para proteger a cabeça do militar em situações de
salvamento, evitando lesões em uma das principais partes do corpo humano, fazendo com que
o bombeiro possa ficar impossibilitado de prosseguir na atividade.
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Fig. – Capacete Montana para


Fig. – capacete F2X MSA
Trabalhos em Alturas

9.3.2. Luvas de proteção


Luva usada em atividades que gerem atritos que poderiam ferir a mão, podendo ser de
vaqueta, de raspa de couro ou de outros materiais com resistência química, como a butílica ou
a nitrílica, entre outras.

Fig. – luva de vaqueta


Fig. – luva de raspa de couro

Fig. – luva butílica

9.3.3. Óculos de proteção


É destinado a proteção dos olhos do bombeiro contra agentes agressivos e partículas.
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Fig. – óculos de proteção

9.3.4. Botas de borracha


Calçados de borracha com um cano longo usado em atividades em que haja a proteção
dos pés em relação a líquidos, contudo deve ser evitado o contato com agentes agressivos à
borracha e superfícies aquecidas.

Fig. – botas de borracha

9.3.5. Jardineira
Calça de segurança, confeccionada em PVC, com ajuste e acoplada com botas de PVC,
dá proteção ao bombeiro em seus membros inferiores contra líquidos contaminados.

Fig. – jardineira
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9.3.6. Capa de aproximação


Equipamento de proteção típico de combate de combate a incêndio, que oferece
proteção térmica, mas que é muito utilizado em salvamentos por possuir também proteção
contra abrasão.

Fig. – capa de aproximação

9.3.7. Cotoveleiras e joelheiras


Equipamentos de proteção contra abrasão dos cotovelos e joelhos, muito utilizado em
operações de resgate em estruturas colapsadas.

Fig. – cotoveleiras e joelheiras

9.3.8. Máscara contra pó


Protege o bombeiro de respirar pós em operações, muito utilizado em operações de
resgate em estruturas colapsadas e entradas forçadas.
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Fig. – máscara contra pó

9.3.9. Protetor auricular


Equipamento que visa proteger a audição do militar, deve ser utilizado em conjunto
com equipamentos como Motosserra e moto cortador.

Fig. – protetor auricular

9.3.10. Equipamento de Proteção Respiratória


Equipamento típico de combate a incêndios que deve ser utilizado sempre nos
salvamentos quando houver risco de contaminação respiratória ou ainda deficiência de
oxigênio na atmosfera do salvamento. Maiores informações consultar capítulo de técnica e
maneabilidade em combate a incêndio.

Fig. – equipamento de proteção


respiratória
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9.3.11. Luva de procedimento


Luvas confeccionadas em látex natural, de pequena espessura (tipo cirúrgica) com
talco. Material leve e flexível, formando uma luva confortável, que garante excelente
tactibilidade.

Oferecem relativa resistência contra compostos orgânicos e inorgânicos que


apresentam água como solvente.

Devem ser empregadas internamente, sob outras luvas, como segurança extra para as
mãos dos usuários. Este tipo de luva, sobretudo, deve garantir a proteção biológica do
bombeiro.

Fig. – luva de procedimento

9.4. Técnicas de Salvamento

9.4.1. Desencarceramento
A missão do bombeiro de salvamento neste evento é a de retirar as ferragens das
vítimas, permitindo aos bombeiros das viaturas de socorros de emergências (ASE) o
atendimento e a remoção da vítima ao hospital, contudo se a viatura de socorro médico não
estiver no local, a guarnição de salvamento deverá atender as vítimas empregando os
conhecimentos apreendidos na matéria de socorros de urgência e aguardar no local a chegada
da outra viatura (ASE).

Vale lembrar que em nenhum momento o militar deve ficar desatento com o fator
segurança, por ser este essencial para uma operação bem sucedida. São muitos os perigos
existentes nas colisões de veículos, como o de incêndio, instabilidade dos veículos, ferragens
pontiagudas, estilhaços de vidro, produtos perigosos etc. Portanto é necessário utilizar os
equipamentos de proteção individual e tomar medidas para evitar riscos à integridade física
dos bombeiros, da vítima e dos transeuntes.

Deve-se ter sempre em mente que a prioridade do bombeiro é garantir o acesso às


vítimas, estabilizar e protegê-las de novas lesões, que poderiam ser ocasionadas por faísca,
vidros, metais e até mesmo pelas ferramentas de resgate.
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O desencarceramento possui as seguintes fases:

 Estacionamento das viaturas;


 Sinalização/isolamento do local;
 Uso do EPI;
 Armação da linha de prevenção;
 Estabilização do veículo;
 Desligamento ou corte dos cabos da bateria e fechamento da válvula do
GNV (caso possua);
 Manuseio dos vidros;
 Desencarceramento e resgate das vítimas.

i) Estacionamento das viaturas:

Sempre que possível, a viatura de salvamento (ABS e ABSL) deve ser posicionada junto
à calçada, a uma distância mínima de 5 metros à frente do evento, de forma que fique
facilitada a retirada dos equipamentos necessários à realização das atividades operacionais.

A viatura de socorro médico (ASE) deverá também ser posicionada à frente, a uma
distância máxima de 5 metros do ponto da colisão, ficando, entretanto, posicionada junto à
margem interna da via de circulação, de forma que fique assegurada a sua partida rápida sem
maiores impedimentos em direção à rolagem da pista.

A viatura de combate a incêndio (ABI, ABT ou AT) deverá se posicionar, no mínimo, 5


metros à retaguarda do evento.

No caso de incêndio, as distâncias serão de 20 metros do ponto de colisão e, caso haja


risco de explosão, de, no mínimo, 200 metros.

ii) Sinalização/Isolamento do local:

A sinalização do local deverá ser feita desde a distância de 1 x velocidade máxima da


pista, ou seja, em uma pista de velocidade máxima de 100 km/h, a sinalização deverá se iniciar
a 1 x 100 = 100 metros, ou para facilitar a demarcação dessa distância, adota-se um passo
longo para cada metro, sendo assim, a distância de isolamento dessa pista ficaria de 100
passos longos.

Essa sinalização deverá ser feita obrigatoriamente por meio de dispositivos (cones)
fotoluminescentes (que brilhem a exposição da luz), no mínimo sete cones devem ser
utilizados, ficando o primeiro deles, o mais distante da viatura, encostado ao meio feio da pista
e o último ficando a uma distância mais larga que a ocupada pela viatura, tal procedimento, de
extrema importância, serve como prevenção à ocorrência de outros acidentes secundários. A
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sinalização deverá envolver toda a cena do acidente, o local deverá ser isolado de forma a
limitar o acesso apenas àqueles que trabalham na ocorrência.

No caso de curvas a sinalização deve ter início antes da mesma, se o acidente ocorrer
em locais de aclive ou declive acentuado, a sinalização deve ter início no lado oposto do
mesmo, em caso de anormalidades (presença de chuva, fumaça, neblina, óleo na pista, à noite,
etc.) a distância de sinalização dever ser dobrada por motivo de segurança.

Distância para início


Velocidade máxima Distância para início da da sinalização
Tipo da via
permitida sinalização (pista seca) (chuva, neblina,
fumaça, à noite)
Vias locais 30 km/h 30 passos longos 60 passos longos
Avenidas 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos
Vias de fluxo rápido 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos
Rodovias 110 km/h 110 passos longos 220 passos longos
Fonte: POP-CBMERJ, parqueamento de viaturas

Fig. – estacionamento de viaturas e balizamento da cena

Quanto ao isolamento, poderemos operar estipulando círculos de trabalho, com


objetivo de organizar o teatro de operações, ou seja:

 Círculo interno: círculo imaginário de 5 metros, em redor do acidente a


que se tem acesso: equipes de salvamento/equipes médicas/ambulância.
 Círculo exterior: área delimitada de 10 metros que se situa fora do círculo
interior e onde estão demarcadas as seguintes áreas:
 Viatura de desencarceramento/Ambulância;
 Outras viaturas de socorro;
 Depósito de destroços.
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Fig. – demonstração dos círculos imaginários

iii) Uso do EPI:

Todos os bombeiros deverão estar usando o EPI adequado: capacete, capa de


aproximação, luvas cirúrgicas, luvas de raspa de couro, equipamento autônomo de respiração
artificial (caso o evento seja pertinente a vazamento de produtos perigosos);

Para os casos que envolvam riscos elétricos deverá ser acrescido o EPI dos seguintes
materiais: capacete de segurança, calçado de segurança, luva de segurança isolante de
borracha, manga de segurança isolante de borracha, vestimenta condutiva de segurança,
multímetro, croque com cabo isolante, tesourão com cabo isolado, alicate com cabo isolado,
chave de fenda com cabo isolado, tapete isolante, protetor facial para arco elétrico, óculos de
segurança.

Fig. – bombeiro equipado com EPI


adequado
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iv) Armação da linha de prevenção:

Antes de qualquer procedimento de abordagem do veículo, deverá ser armada uma


linha de prevenção com esguicho de vazão regulável (EVR) ou, se for o caso, o mangotinho, em
carga (pressurizada) e fechado, com o corpo de bomba funcionando em regime de baixa
rotação.

v) Estabilização do veículo:

Deverá ser feita antes da abordagem dos veículos acidentados a estabilização dos
mesmos contra tombamento, esmagamento do teto, deslizamento ou contra qualquer outro
movimento que venha a pôr em risco o sucesso da operação, o que deverá ser feito pela
utilização de calços, cunhas, escoras, cabos, fitas tubulares, cabos de aço ou outros
dispositivos aplicáveis.

Deverá haver uma estabilização progressiva, ou seja, uma estabilização da área à


medida que for progredindo a operação, visto que algumas partes do veículo são retiradas e
sua estabilidade pode ficar comprometida. Cabe ao Comandante da Operação alertar seus
comandados para observarem sempre esse detalhe.

Fig. – estabilização de veículo Fig. – ancoragem em veículo tombado


capotado

Fig. – veículo estabilizado


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vi) Desligamento ou corte dos cabos da bateria e fechamento da válvula do GNV

Deverá ser feito, com a prevenção de uma linha direta, o corte da alimentação de
energia elétrica do veículo, retirando primeiramente o cabo ligado ao borne negativo (-) da
bateria.

Atualmente, alguns automóveis são equipados com sistema suplementares de


retenção, ou seja, airbags, possuindo várias siglas de identificação, como “SIR”, “SRS”, “SIPS”.
Porém, no caso de corte de energia, estes se mantêm ativos por aproximadamente trinta
minutos, em virtude dos veículos possuírem acumuladores eletrônicos, portanto assegurar que
ninguém se coloque entre o volante e/ou console e a vítima.

Fig. – protetor de airbag

Fig. – desligamento da bateria

Na falta de protetores de airbag, as equipes de salvamento poderão utilizar fitas


tubulares e/ou cabos solteiros, envolvendo o volante, reduzindo assim a probabilidade de
ocorrer lesões devido ao seu acionamento.
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vii)Manuseio dos vidros

Os vidros podem ser: removidos, partidos ou cortados. Dependendo da situação, não


será necessária a quebra dos vidros, o que poderá dificultar ainda mais as ações de
salvamento. Basta apenas retirá-los, caso a situação assim permitir, utilizando facas para a
remoção de borrachas, chaves de fenda para remoção de metais e ainda borrachas tipo
“ventosas’ para segurar o vidro impedindo assim a sua queda.

Caso seja necessária a quebra dos vidros, estes deverão ser eliminados de fora para
dentro; uma proteção transparente, segura e maleável deve ser utilizada para proteger a
vítima e as equipes de salvamento.

viii) Abertura de acessos

Permite que a equipe de atendimento pré-hospitalar se aproxime da vítima para


prestar os cuidados necessários.

Após o veículo se encontrar estabilizado e seguro, devem ser utilizados os acessos já


existentes, permitindo uma rápida abordagem, ou seja, portas, para-brisas, janelas etc.

Caso seja necessário o Comandante de Operações ordenará que cortes estratégicos


sejam feitos e acessos sejam criados para chegar à vítima, até terminarem as operações.

No caso de incêndio, simultaneamente ao combate às chamas, utilizando o esguicho


regulável na posição de jato neblinado, produzir uma “cortina d’água” entre o fogo e o
acidentado e efetuar o salvamento. Porém, nos casos de menor potencial ígneo, poderão ser
utilizados extintores correspondentes.

Caso o veículo seja movido a GNV e não havendo chamas envolvendo o cilindro, a
válvula deverá ser fechada. Caso o cilindro de um veículo esteja envolvido em chamas, sua
válvula não deverá ser fechada.

ix) Desencarceramento da vítima

Para efeito de entendimento, as barras de sustentação do teto de qualquer veículo são


denominadas pilares, levando em consideração inicial o pilar A, próximo do vidro dianteiro e,
por conseguinte pilares B, C e D, quantos forem.
284
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig. – demonstração de pontos importantes do veículo

Este procedimento deverá obedecer às seguintes etapas, caso sejam necessárias:

- Desencarceramento: aqui deve ser aplicada a regra básica de remover as ferragens


da vítima e nunca a vítima das ferragens.

 Remoção do teto: frontal, lateral, a retaguarda ou totalmente.


 Remoção da porta: pela maçaneta e pela dobradiça.
 Afastamento do painel.

Protocolo a ser seguido:

1º) Removem-se teto e portas;


2º) Corta-se o pilar “A” na parte de baixo;
3º) O cilindro é colocado na parte de baixo da coluna “B” e no meio da coluna “A”;
4º) Pode-se usar o suporte do cilindro na coluna “B” (material específico) ou o
expansor como base;
5º) Levantar o painel verticalmente; pode-se colocar um cilindro pequeno na base
do pilar “A”, no local do corte.
6º) Abertura do painel lateral: o procedimento é utilizado quando da necessidade
de manusear os pés da vítima que se encontram presos nos pedais.
7º) Retirada dos pedais: poderá ser feito o afastamento do pedal com a fita tubular
e/ou o corte do pedal com ferramenta específica.

- Abertura em “concha”: este procedimento é feito quando o veículo encontra-se


tombado lateralmente, ou seja, formando um ângulo de 90º em relação ao solo
aproximadamente.

Protocolo a ser seguido:


285
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

1º) Estabiliza-se a viatura em ambos os lados (utilizamos também, além dos calços e
cunhas, escoras);
2º) Retira-se o vidro traseiro para o primeiro contato com a vítima;
3º) Os vidros são quebrados para que possam ser feitos cortes no pilares;
4º) Antes de quebrar os vidros, proteger a vítima e o socorrista (equipe médica)
com a proteção maleável (cacos de vidro);
5º) Cortar os pilares;
6º) Realizar dois cortes estratégicos no teto na parte traseira e dianteira, próximo
ao solo;
7º) Rebater o teto para o solo, como se estivesse “abrindo uma concha”;
8º) Retirar a vítima.

- Atropelamento com vítima sob o veículo:

Protocolo a ser seguido:

1º) Levantar o veículo utilizando cilindros extensivos, macacos e/ou expansores


hidráulicos;
2º) Estabilizar progressivamente.

9.4.2. Corte de árvore


O serviço de corte de árvore, realizado pelo CBMERJ, compreende o abate ou retirada
e o desbaste ou poda, só se aplicando em situações emergenciais.

i) Definições:

a) Situações emergenciais: são acontecimentos mórbidos e inesperados, que, por


sua natureza imutável e de risco extremo, requerem tratamento imediato.

b) Risco iminente: perigo ou possibilidade de perigo que está em via de efetivação


imediata.

c) Abate seccionado: utilizado quando não for possível efetuar a queda livre da
árvore, consiste em seccionar a árvore em pedaços menores, utilizando-se de
técnicas variadas.

d) Corte de abate pleno: realizado acima do corte direcional, mantendo uma faixa
de fratura igual a 1/10 do diâmetro da árvore.

e) Sistema de elevador: técnica de corte que consiste em remover os galhos


parcialmente, aos pedaços, em vez de abatê-los totalmente de um só golpe.
286
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Essa técnica deve ser empregada amarrando-se o galho ou a parte da árvore que
se vai cortar em ponto fixo da própria árvore ou outro ponto de apoio seguro,
efetuando-se em seguida o corte. A adoção dessa técnica evita que a parte
cortada caia de uma só vez.

f) Entalhe direcional: é o entalhe feito para determinar a direção da queda do


tronco, formada pela mesa (base horizontal) e a boca (corte oblíquo) onde se
retira uma cunha em direção ao centro.

Nem toda solicitação para a realização da atividade de corte de árvore requer,


necessariamente, a efetiva execução pelo CBMERJ, nas hipóteses em que não forem
constatadas a incidência de risco iminente, a atividade competirá a Engenheiro Agrônomo,
segundo o art. 6º, letra “f”, do Decreto Federal nº 23.196, de 12 de outubro de 1933, cuja
infração consta sedimentada no art. 6º, alíneas “a” e “e”, c/c o art. 76, todos da Lei Federal nº
5.194, de 24 de dezembro de 1966.

ii) Considerações gerais

Considerando o que preconizam as normas legais vigentes sobre o tema depreende-se


ser da atribuição do CBMERJ apenas a retirada das árvores ou a poda dos galhos de grande
porte já caídos nas vias públicas, que possam vir a provocar outros acidentes como a colisão de
um veículo. Dentro desse cenário, podem-se incluir também vegetais que estejam
parcialmente tombados, ou seja, que estejam pendentes ou soltos de sua base de apoio, fora
do seu estado normal e que só não estão no chão por estarem apoiados em muros, em
edificações, ou quaisquer outros anteparos elevados, caracterizando o risco iminente de
queda, pois oferecendo risco real à integridade física das pessoas ou de seus bens.

O evento de corte de árvore é um atendimento que requer bastante atenção, tanto no


que toca a segurança da guarnição dos Bombeiros Militares que estão realizando o serviço,
haja vista o elevado número de ocorrências que incapacitaram ou levaram a termo fatal
militares da Corporação, quanto no que se refere à proteção dos bens materiais circunvizinhos
ao evento.

iii) Ameaça de queda

Em casos de solicitação de “ameaça de queda”, requer a avaliação de profissional com


habilitação legal (Engenheiro Agrônomo), pelo fato de não termos em nossos quadros tal
profissional, a análise da situação fitossanitária da árvore se torna impossível. Portanto,
quanto às solicitações de “ameaça de queda”, é imprescindível que seja apresentado ao
CBMERJ um relatório do profissional habilitado, atestando que o vegetal se encontra em risco
de queda iminente, caracterizando a natureza emergencial do serviço.
287
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

iv) Procedimentos

1º) A viatura de autobusca e salvamento (ABS ou ABSL) deverá se posicionar afastada do


local onde será efetuado o corte de árvore, a uma distância segura para possíveis
incidentes, porém de fácil acesso à guarnição, de forma que facilite a retirada dos
materiais específicos necessários à atividade.

2º) O isolamento do local deverá obedecer a uma distância de, no mínimo, duas vezes o
tamanho real da árvore a ser cortada, deverá ser feito com faixas de sinalização,
cordas e/ou cones de sinalização.

3º) Antes de efetuar o corte, deve-se fazer uma avaliação técnica (reconhecimento do
local), bem como uma avaliação do tipo de terreno: se há edificações por perto,
presença de fiação elétrica e principalmente as condições climáticas (possibilidade de
chuvas ou ventos fortes).

4º) A análise da situação efetuada nos reconhecimentos citados norteará a tomada de


decisão quanto ao método de corte a ser empregado, assim como possibilitará decidir
pela solicitação de apoio a outros Órgãos Públicos, pelo isolamento da área, retirada
de pessoas e ainda a escolha adequada dos equipamentos necessários à execução do
serviço.

5º) Os equipamentos de proteção individual devem ser usados pelos elementos da


guarnição, a saber: capacete, óculos de proteção, protetor auricular, equipamentos de
altura e luvas. Adotar todos os cuidados com relação à utilização da motosserra.

6º) Na aplicação do “sistema de elevador”, o bombeiro responsável pelo abate do galho


deverá atentar para que não haja, a princípio, o corte total do mesmo, ou seja, deverá
fazer uma incisão suficiente para que não cause a sua queda, ficando a ação final a ser
executada por tração, pela equipe de terra, após a descida do operador e do
equipamento de corte.

7º) Todo bombeiro que tiver que subir na árvore deverá estar ancorado e fazer uma
segurança acima da sua cabeça, bem como o equipamento a ser utilizado e todo
material deverão ser levados para cima da árvore por içamento.

- Corte de abate: Para a queda, dependendo da situação e necessidade, poderão ser


utilizados materiais auxiliares de tração (Tirfor, guinchos, cabos, polias, etc).

Fig. – corte de abate


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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

- Sistema de elevador: Para a queda, dependendo da situação e necessidade, poderão


ser utilizados materiais auxiliares de tração (Tirfor, guinchos, cabos, polias, etc).

Fig. – Análise Preliminar antes do Corte e Preparação do Sistema de Elevador

Fig. –Sistema de Elevador

Fig. –Sistema de Elevador na mesma árvore e utilização do tirfor


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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Após o serviço, os BM deverão deixar livres vias e passagens no local do evento. Não é
responsabilidade do CBMERJ a retirada e o transporte dos troncos e galhos cortados.

A tensão, a lubrificação e a afiação da corrente da motosserra devem ser observadas


antes e após o corte; deve-se testar a motosserra antes de qualquer situação real. Para o
içamento da motosserra, a mesma deverá estar em funcionamento e com o freio da corrente
acionado. Quando a motosserra for transportada em terreno plano ou aclive, deve ser
conduzida com o sabre voltado para trás. Ao abastecer, não derramar combustível nem fumar.
Somente o operador deve manusear a motosserra desde sua preparação até o corte. O
operador deve possuir condições físicas, psicológicas e técnicas para realizar o serviço. Durante
o corte, as garras da motosserra devem estar firmadas, garantindo maior controle do
equipamento. Deve-se ter muita atenção com os troncos rachados, pois estes podem
facilmente soltar lascas.

v) Cuidados com árvores próximas a rede elétrica:

A tabela a seguir, retirada do manual MTB-35 - Coletânea de Manuais Técnicos de


Bombeiros do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de São Paulo apresenta a distância
mínima necessária de um ponto energizado para que uma pessoa possa se movimentar,
inclusive manipulando equipamentos ou ferramentas não isolantes, sem o risco de abertura de
arco elétrico em relação ao seu corpo.

Classes de tensão (KV) Distância mínima (m)


13,8 1,10
20 1,15
34,5 1,20
69 1,35
88 1,45
138 1,60
230 2,20
345 3,00
440 3,30
500 3,80
Fonte: CBSP

Nesse caso, torna-se importante que a companhia de eletricidade local seja acionada e
apóie o CBMERJ devido à complexidade do evento. Se não for possível a interrupção do
fornecimento de energia, solicitar junto à companhia o apoio de equipe especializada em
trabalhos.
290
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

9.4.3. Operações com elevadores


Conjunto de equipamentos com acionamento eletromecânico ou hidráulico destinado
a realizar transporte vertical de passageiros, cargas ou para ambos concomitantemente entre
os pavimentos de uma edificação. Devido às diversas aplicações, os equipamentos possuem os
mais diversos itens de segurança e proteção aos usuários: reguladores de velocidade, freios de
segurança, limites de parada, botões de emergência etc.

Esses itens dão ao passageiro segurança no transporte e consistem basicamente de


uma cabina suspensa por meio de cabos de aço que correm sobre uma polia de tração
adequada e sobre trilhos acionada por um motor. Na outra extremidade, cabos de aço
sustentam um contrapeso. O acionamento desse conjunto é comandado por um sistema de
controle que proporciona o deslocamento da cabina no sentido de subida, descida e as
paradas realizadas pela mesma nos andares predeterminados. Esses comandos poderão ser
realizados pela parte externa, que são os pavimentos, e pelo interior da cabina.

Para fins de entendimento pelo Corpo de Bombeiros, com o intuito de melhor


classificar as ocorrências, ficará definido que “pessoas retidas” compreendem aquelas no
interior da cabina do elevador parado por qualquer motivo; “pessoas presas” compreendem
aquelas prensadas entre ferragens ou prensadas entre a cabina e o pavimento ou ainda entre
a cabina e as paredes da caixa de corrida.

i) Definições:

A seguir teremos uma visão geral bem como a de cada parte que compõe o sistema
de um elevador :

Fig. –principais partes do elevador

a) Cabina: É o nome dado ao compartimento onde é transportada a carga e/ou as


pessoas.
291
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig. – cabina do elevador

b) Caixa de corrida: Compreende o espaço entre a casa de máquinas e o piso do


poço; é o local onde se movimentam a cabina e o contrapeso (cabina, operador
de porta, contrapeso, guias, cabos de aço).

Fig. – caixa de corrida

c) Contrapeso: utilizado quando não for possível efetuar a queda livre da árvore,
consiste em seccionar a árvore em pedaços menores, utilizando-se de técnicas
variadas.

Fig. – contrapeso
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

d) Pavimento de acesso: São os diversos locais de parada da cabina; é composto


por: porta de pavimento, sinalização de pavimento, botoeira de pavimento.

Fig. – pavimento de acesso

e) Casa de máquinas: É o nome dado ao local onde normalmente são instalados os


equipamentos; abriga os aparelhos que comandam e controlam o elevador
(máquina de tração, limitador de velocidade, painel de comando, quadro de
força e controle).

Fig. – casa de máquinas

f) Poço: É a parte inferior da caixa (fosso), onde ficam instalados dispositivos de


segurança (para-choque) para proteção de limites de percurso do elevador;
existem três tipos de para-choques: hidráulico, de molas e de borracha.

Fig. – poço
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

g) Limitador de velocidade: Tem a finalidade de travar o elevador em caso de


aumento de velocidade acima do padrão de segurança, impedindo, assim, uma
eventual queda livre do elevador.

Fig. – limitador de velocidade

h) Quadro de comandos: Onde são gerenciadas as informações elétricas do


elevador para a realização dos comandos de parada e partida. Constituído de
bobinas, relês, transformadores e chaves de força.

Fig. – quadro de comandos

i) Máquina de tração: Conjunto motriz que tem a finalidade de realizar a força no


transporte vertical. Constituído de motor-gerador, sistema de tração, coroa sem
fim, freio eletromecânico, polia de tração e cabos de tração.

Fig. – máquina de tração


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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

ii) Possíveis defeitos:

 A falta de força geral ou por algum defeito localizado na edificação causa


paralisação imediata dos elevadores;
 Sobrecargas, devido ao excessivo número de passageiros, podem desarmar
a chave de proteção do motor de tração;
 Defeito no freio pode causar a ultrapassagem dos limites de percurso,
desligando as chaves de limite que cortam a alimentação;
 Sapatas, cursores das cabinas com desgaste excessivo provocam atuação do
freio de segurança na descida;
 Defeito no regulador de velocidade pode fazer atuar o freio de segurança
quando a cabina se movimentar em sentido de descida;
 Defeitos no comando elétrico podem causar a paralisação em qualquer
ponto do percurso.

iii) Procedimentos:

A guarnição padrão para esse tipo de ocorrência é formada com no mínimo três
Bombeiros. O Chefe da Guarnição deverá abrir e operar junto à porta de pavimento mais
próxima da cabina (andar imediatamente superior ou inferior); os outros dois componentes da
guarnição deverão operar acima da caixa de corrida, na casa de máquinas do elevador.

O dispositivo de construção do elevador estabelece o contrapeso a fim de amenizar o


esforço dos motores. Para tal, o contrapeso vem a ter sua carga igual ao peso da cabina
acrescido de metade do valor do peso da capacidade total do equipamento, ou seja, terá o
peso igual ao da cabina com metade de sua carga.

Se a quantidade de passageiros for menor que a metade da capacidade da cabina, a


tendência da cabina será subir, pois estará mais leve que o contrapeso, sendo então as vítimas
serão retiradas pelo andar imediatamente superior. Se a quantidade de passageiros for maior
que a metade da capacidade da cabina, a tendência da cabina será descer, pois estará mais
pesada que o contrapeso, as vítimas são retiradas, então, pelo andar imediatamente inferior.

Coletar, durante o deslocamento, o máximo de informações possível junto à SsCO:

As solicitações para o atendimento dessa emergência, com vítimas, envolvem diversas


causas e circunstâncias, conforme os vários tipos que podem ser classificados:

 Retiradas de pessoas do interior das cabinas;


 Acidentes com as vítimas presas entre a cabina e o piso dos pavimentos;
 Vítima presa às ferragens ou ao contrapeso;
295
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

 Vítima no interior do fosso.

Os dados que deverão ser colhidos são aqueles que irão auxiliar o Comandante da
Ocorrência a fazer um planejamento tático, solicitar meios adequados e prever riscos
adicionais para aquele tipo de ocorrência, dados estes, além daqueles que são padrão de
serem colhidos pelo SsCO, como local da ocorrência, identificação do solicitante etc.

Os dados a serem coletados para este tipo de ocorrência são:

1) Causa do acidente;
2) Tipo de acidente;
3) Quantidade de vítimas;
4) Empresa e contato do técnico;
5) Responsável pela edificação (porteiro, sindico, proprietário) no local;
6) Existência de chave de emergência da porta de pavimento;
7) Riscos potenciais para o atendimento da ocorrência (incêndio,
rompimento de cabos, curtos-circuitos etc.).

Antes do deslocamento, conferir o material necessário ao salvamento (rádios, chaves


de elevador, lanternas, desencarcerador, material de salvamento em altura etc.). Acionar de
imediato o apoio necessário (por exemplo: se houver vítima presa nas ferragens, acionar a
guarnição de emergência pré-hospitalar, policiamento, que deverá ser acionado de imediato
logo na solicitação de atendimento da ocorrência, em caso de acidente com vítimas fatais,
para realizar os procedimentos legais e preservação dos autos, assistência técnica responsável
pelo elevador), cabendo ao Comandante de Operações confirmar com a SsCO, durante o
deslocamento, esses acionamentos.

iv) Conduta operacional para vítimas retidas no interior da cabina:

Esse tipo de acidente é causado, de modo geral, pela falta de energia elétrica, por
excesso de carga ou por defeitos eletromecânicos no elevador. Obombeiro, ao chegar ao local,
após rápido reconhecimento, deverá avaliar a quantidade de vítimas e o estado psicológico em
que se encontram, informando-as da presença do socorro, procurando tranqüilizá-las,
adotando os seguintes procedimentos:

a) Localizar a posição da cabina em relação aos pavimentos;

b) Dividir a guarnição, devidamente equipada com rádios transceptores elanternas,


entre a casa de máquinas e o local próximo à cabina com as vítimas;
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

c) Na casa de máquinas deverá ser efetuado o corte da energia elétrica do


elevador, por meio do desligamento da chave geral correspondente;

d) Em caso de dúvida, desligam-se as chaves de todos os elevadores, a chave geral


da casa de máquinas ou ainda os disjuntores do quadro de energia situado
geralmente no andar térreo, após evacuar as demais cabinas;

e) Simultaneamente às ações desenvolvidas na casa de máquinas, deverá ser


procedida a abertura da porta do andar mais próximo à cabina com as vítimas.

Fig. – chave triângulo

f) O nivelamento será processado por meio da liberação do freio hidromecânico e


rotação lenta e contínua do volante de inércia da máquina de tração;

Fig. – Uso da Chave de Freio e Nivelamento da Cabina

Caso o número de pessoas seja superior à metade da capacidade nominal de carga,


a cabina deverá ser deslocada preferencialmente para baixo e caso o número de pessoas seja
inferior à metade da capacidade nominal da carga, a cabina deverá ser deslocada
preferencialmente para cima.

g) Logo após o nivelamento da cabina com o andar, comunicar aos operadores da


casa de máquinas que parem a operação, freando novamente o elevador, o que
permitirá o destravamento e a abertura da porta da cabina de forma mecânica,
girando a polia ou movimentando a lança do controlador de porta, dependendo
do modelo.

Fig. – abertura da porta da cabina


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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

9.4.4. Entradas Forçadas e Arrombamentos


Os conhecimentos descritos neste item destinam-se a capacitar o bombeiro a retirar
obstáculos que estejam obstruindo sua passagem. A entrada forçada é o ato pelo qual o militar
adentra em um recinto fechado valendo-se de meios não convencionais, sempre buscando o
menor dano possível no patrimônio alheio, ou seja, deve-se evitar o arrombamento.

As entradas forçadas e arrombamentos são procedimentos realizados pelo bombeiro e


que possuem o seguinte amparo legal:

 A segurança global da população é um dever dos Estados democráticos e


também direito e responsabilidade da cidadania;
 A Constituição da República Federativa do Brasil garante que todos são
iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito
à vida, à saúde, à segurança, à propriedade e à incolumidade das pessoas e
do patrimônio, em todas as condições, especialmente em circunstâncias de
desastres;
 A Constituição Federal, porém, estabelece exceções à inviolabilidade
domiciliar. Assim, a casa é asilo inviolável do indivíduo; ninguém pode
penetrar nela sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante
delito, desastre, para prestar socorro ou ainda durante o dia, por
determinação judicial;
 Diante do amplo espectro de atribuições do CBMERJ, bem como das
severas condições em que as operações se desenrolam, a lei torna-se
importante aliada dos integrantes da instituição.

Faz-se necessária a cautela de todos os bens de um domicílio antes de passá-lo a


autoridade competente que assumirá o local.

Na terminologia jurídica, cautela possui o significado de precaução. É, assim, a justa


prevenção ou a ponderada diligência que se emprega para a execução do ato, de modo que
ele se faça sem que possa trazer contrariedade a quem o faz ou a quem o mesmo possa
aproveitar.

Assim, a medida acautelatória consiste na documentação ou registro da existência ou


estado de bens, evitando com isso o receio de extravio ou de dissipação, com o depósito em
mãos de pessoa de confiança.

Após a realização das atividades, resguardando o local, não permitindo o acesso de


pessoas estranhas a ele e acautelamento dos bens, o domicílio deve ser entregue à autoridade
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

competente e/ou proprietário, finalizando as atividades de bombeiro militar, certificando-se


de ter cumprido todas as anotações devidas para confecção do relatório, principalmente os
dados do responsável recebedor do local de evento.

Vale ressaltar que, no caso de ocorrência de crime, o domicílio deverá ser entregue
somente à autoridade competente.

i) Definições:

a) Abertura de Portas Comuns: Primeiramente deve-se verificar o sentido da


abertura da porta, que pode ser para dentro do ambiente ou para fora dele,
quando para fora do ambiente é comum as dobradiças estarem à mostra, então
deve-se retirar os pinos para que a porta ou janela se solte. Com a porta abrindo
para dentro do ambiente, deve-se num primeiro momento identificar onde
estão os trincos e fechaduras forçando a porta de cima à baixo, já que a porta
oferecerá resistência nestes pontos. Depois o militar deve colocar a ponta da
alavanca imediatamente acima ou abaixo do trinco e forçando-o no sentido da
porta deverá abri-la, depois se repete o procedimento com todos os outros
trincos e fechaduras.

Fig. – trinco de porta

b) Abertura de Portas de Enrolar: São portas feitas de metal muito comuns nos
estabelecimentos comerciais, possuem dois tipos de travas, uma junto ao chão e
outra nas laterais. A trava junto ao solo pode estar fixada por um cadeado, que é
facilmente cortado com o tesourão, ou pode estar presa por uma trava tipo
cilindro que prende a porta à argola, que estando à mostra deve ser golpeada
com o malho, agora se não estiver à mostra, é preferível a utilização da pinça
hidráulica do desencarcerador, que deve ser colocada entre a porta e o chão. Já
as travas laterais devem ser cortadas com o moto cortador em suas
extremidades.
299
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Utilização do malho moto-cortador desencarcerador


Fig. – portas de enrolar

c) Abertura de Portas de Vidro: Podem ser encontradas portas de vidro comum e


de vidro temperado, a de vidro comum vem circundada por uma moldura onde
se encontram a fechadura e as dobradiças, esta porta não pode sofrer impacto,
torção ou compressão, senão pode se partir, portanto a única alternativa do
bombeiro para abrir esta porta sem quebrar o painel de vidro é foçando com a
chave de grifo o tambor da fechadura ou retirar os pinos da dobradiça. Caso o
vidro seja temperado deve-se buscar outros métodos de entrada evitando a
quebra do vidro por que esta porta tem um custo bem superior ao da de vidro
comum, além de que, a porta de vidro temperado é bem mais resistente. Caso
tenha que quebrar o vidro deve-se golpear a porta na proximidade das
dobradiças e fechadura.

Fig. – porta de vidro

d) Abertura de Janelas com painéis de vidro: Num primeiro momento deve o


bombeiro buscar a abertura da janela sem quebrar o vidro forçando a moldura
no sentido de sua abertura, não sendo possível a abertura, deve-se quebrar um
dos painéis de vidro e proceder a liberação dos trincos ou trancas. No caso de
janelas duplas de deslocamento horizontal, o bombeiro deve buscar a trava que
fica entre as folhas, em todos os casos se não encontrar outra alternativa o
bombeiro deve quebrar apenas uma das partes de vidro e abrir o fecho, se
300
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

houver risco de ferir alguém com este procedimento, o bombeiro deve colar
fitas adesivas no vidro antes de quebrá-lo.

Fig. – janelas com painel de vidro

e) Abertura de Grades: As grades podem ser cortadas com o moto cortador ou com
as pinças hidráulicas do desencarcerador.

Fig. – corte de grades

f) Abertura de paredes: A abertura de paredes é feita com malho, talhadeira e


alavanca. Deve-se ter cuidado em não atingir paredes estruturais, colunas e
vigas, por que o arrombamento destas podem comprometer a estabilidade da
edificação.

Fig. – arrombamento de parede


301
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

g) Abertura de paredes em estruturas colapsadas: Em estruturas colapsadas alguns


cuidados devem ser seguidos, para tanto, com uma tinta spray traça-se um
triângulo de 1m de lado a 10cm do piso (dessa maneira a resistência da parede
2será mantida), faz-se então um orifício para comunicação e após resposta
positiva de vítimas em seu interior o restante do triângulo será arrombado
permitindo a passagem dos socorristas. Caso a parede possua risco de colapso
ela deverá ser escorada antes desse procedimento.

Fig. – acesso horizontal BREC

h) Abertura de Telhados: Para andar no telhado o bombeiro precisa ser auxiliado


por uma escada que servirá na distribuição de seu peso pela estrutura fixa do
telhado. Depois de se posicionar no local de entrada, será efetuada a retirada
das telhas.
302
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig. – retirada de telhas

h) Arrombamento de lajes: Caso seja necessário o arrombamento de lajes o


bombeiro demarcará um quadrado de 1m de lado onde ela será quebrada, mais
uma vez a tinta spray deve ser utilizada, para evitar que este pedaço caia em
cima de alguma vítima um orifício será feito e por ele passará uma alavanca com
um cabo para segurar o quadrado maior quando este for solto. O tripé deve ser
usado para facilitar o içamento e descida de materiais e pessoas.

i) Abertura de forros: Os forros podem ser feitos de madeira, gesso, cerâmica,


painéis de metal etc. Na sua retirada o bombeiro deve puxá-los para baixo com
o auxílio do croque.

Fig. – abertura de forros

j) Abertura de divisórias: Muito comuns em escritórios, são empregadas para


compartimentar os ambientes, podem ser retiradas com o emprego de duas
alavancas, uma na parte de cima da placa e outra próxima ao chão.
303
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig. – abertura de divisórias

9.4.5. Salvamento em Alturas

9.4.5.1. Cordas
Quando abordamos a questão de salvamento em alturas, um importante material a
ser estudado é a corda. Com o intuito de facilitar e padronizar os nomes das partes de uma
corda adota-se a seguinte terminologia:

Fig.: partes da corda

Faz-se necessário ainda, quando trabalhamos com cordas, tomarmos conhecimento de


alguns termos relativos a este material:

 Acochar – Ajuste de um cabo quando de sua utilização ou manuseio.


 Aduchar – É o acondicionamento de um cabo com vista ao seu pronto
emprego.
 Alça – É uma volta ou curva em forma de “U”.
304
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

 Anel – É uma volta onde se verifica a interseção da corda.


 Bitola – É o diâmetro do cabo.
 Cabo guia – É o cabo utilizado para direcionar o içamento ou a descida de
uma vítima ou objeto, também é o cabo usado no apoio a bombeiros
quando estão entrando em locais de difícil visibilidade.
 Carga de ruptura – É a tensão mínima necessária para o rompimento de um
cabo.
 Carga de trabalho – É a carga máxima à qual deve ser submetida à corda
quando empregada nos serviços de salvamento. Esta carga é estipulada em
função da carga de ruptura e do fator de segurança:
- Carga de trabalho para cargas: será de 1/5 o valor da carga de
ruptura.
- Carga de trabalho para cargas vivas: será de 1/10 o valor da carga
de ruptura.
 Coçado – É o cabo puído, desgastado em conseqüência do atrito.
 Coca – Volta rígida que a corda apresenta em determinados casos
dificultando o seu uso.
 Estrangular – Prender uma corda com ela mesma.
 Nó – Entrelaçamento das partes de um ou mais cabos.
 Retesar – Esticar a corda.
 Seio – Parte da corda que fica entre os chicotes, ou entre este e o firme, em
forma de “U”, semelhante à alça.
 Permeada - é a situação em que uma corda se encontra dobrada ao meio.

i) Manutenção e vida útil de uma corda

A manutenção e vida útil de uma corda dependem:

 da freqüência de utilização;
 da forma de emprego (rapel, escaladas, espéleo, sob tensão, etc.);
 da sua manutenção adequada;
 do excesso de trabalhos mecânicos;
 dos processos de abrasão sofridos por ela;
305
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

 da quantidade de raios ultravioletas e umidade que ela absorve, tendo em


vista que eles degradam, pouco a pouco, as propriedades da corda.
As cordas podem sofrer danos irreparáveis durante sua primeira utilização, de acordo
com os trabalhos executados.

ii) Como avaliar a vida útil de uma corda

As formas de avaliação de uma corda são inúmeras, dentre elas algumas são de
suma importância para definir a sua capacidade de utilização, bem como o tempo destinado
para o emprego das cordas.

Tipo de uso Período de utilização


Intensivo De 3 meses a 1 ano
Semanal De 2 a 3 anos
Ocasional De 4 a 5 anos
Fonte: CBMDF

Deverá ser sempre observada a sua operacionalidade, tais como o uso em: meio
líquido, atividades de incêndio, buscas, trações e tensões, içamentos diversos e até mesmo as
formas em que elas são empregadas nas atividades de rapel.

Sempre que possível as cordas deverão ser protegidas de quinas vivas e partes
ásperas, usando-se pedaços de mangueiras (proteções de mangueira) ou outros tecidos, nunca
se deve pisar nas cordas, evitando que pequenas pedras sejam presas nas cordas pela ação de
nossos pés e deve-se evitar o contato da corda com areia, terra, óleo, graxa, água suja etc.

Fig.: Cuidados com as cordas

As cordas devem ser lavadas com água a temperatura ambiente, com sabão neutro e
com o uso de uma escova com o cuidado de não danificar as fibras da capa e devem ser postas
para secar a sombra.
306
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig: Cuidados com as cordas

Deve-se evitar que a corda fique sob tensão por muito tempo ou desnecessariamente,
não devem ser guardadas molhadas e ainda deve-se evitar que a corda fique exposta às
intempéries por muito tempo.

Fig: Armazenamento da corda

As cordas não devem sofrer fortes impactos contra o solo (alturas elevadas danificam
as suas fibras) ou choques violentos como atrito, sobrecarga, etc.

iii) Situações em que as cordas deverão ser postas fora do serviço (da atividade-fim)

Existem determinadas situações que levam a corda a ser inutilizada para a atividade de
salvamento, pois sua permanência em atividades implica em risco à vida do bombeiro e ao
salvamento. Entre as mais importantes, temos aquelas em que a corda:

 Tiverem suportado uma carga ou impacto violento ou uma sobrecarga


(força superior a carga de trabalho).
 Aparentarem a alma danificada. Essa observação é feita durante a inspeção
da corda. Nesse caso, corta-se a corda.
 Apresentarem grande desgaste na capa.
 Tiverem contato com reagentes químicos.
307
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

Fig.: corda danificada

iv) Durante a utilização, manutenção e cuidados, deve-se:

 Enrolar e acomodar as cordas corretamente e em local adequado.


 Sempre “falcacear” os chicotes.
 Sempre identificar o comprimento da corda nos seus chicotes.
 Secar sempre à sombra e sem tração (as que são feitas de fibras vegetais
diminuem em até 10% seu comprimento).
 Respeitar sempre a carga de trabalho da corda.
 Sempre que for utilizar a corda, verificar se há coças.
 Guardar as cordas em local fresco e ventilado, longe de lugares úmidos e
livres da ação de roedores.
 Cortar a corda quando apresentar avaria (retirando a parte danificada)
remarcando o seu comprimento.
 Utilizar nós adequados à atividade.

v) Outras recomendações

Independente das circunstâncias, a vida útil de uma corda jamais deverá exceder a 5
anos. Deve ser visto também que o período de armazenamento, bem como o de uso, quando
acumulados, jamais deverão exceder a 10 anos. Antes da primeira utilização, a corda deverá
ser mergulhada em água, ficando nessa situação por um período de 24h e, após esse tempo,
deverá ser posta para secar a sombra, por um período mínimo de 72h.

As cordas, depois de secas, normalmente encolhem cerca de 5%, devendo o usuário


ter a consciência dessa perda de comprimento a qual será recuperada aos poucos, à medida
que a corda for utilizada ou submetida a cargas. Se a corda estiver completamente suja, ela
poderá ser lavada em água fresca e limpa e, se necessário, poderá ser adicionado sabão neutro
a água podendo ainda ser usada uma escova de fibras sintéticas para auxiliar na limpeza. É
308
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

sempre recomendado o uso de uma sacola para transportar a corda, a fim de protegê-la de
sujeiras e minimizar a sua torção.

9.4.5.2. Nós e Voltas


Considerando o alto risco envolvido em atividades com cabos e cordas, o bombeiro
deve ter conhecimento suficiente para a execução dos nós, porque os mesmos em conjunto
com outros equipamentos sustentarão vidas durante as operações.

Por isso nesta parte do manual abordaremos os principais nós em uso em


Salvamento em Alturas e em Montanhas.

 Características dos Nós

- Fácil confecção.
- Não estar trepado, pois assim diminuirá a resistência da corda.
- Ser específico e próprio para a função que o exige.
- Apresentar o máximo de segurança.
- Acochar conforme recebe tensão, sem correr o risco de se desfazer.
- Ser de fácil soltura.

 Finalidade dos Nós

- Ancoragem.
- Confecção de alças.
- Asseguramento.
- União de cabos.
- Confecção de cadeiras.
- Encordamento.
- Reforço ou encurtamento.
- Blocagem.
- Amarrações especiais.
- Arremate.

i) Nó simples

O nó mais simples de ser feito, serve para o arremate de outros nós, conhecido neste
caso como “cote”.

A seguir teremos a sequência de feitura deste nó.


309
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

3º Passo

Fig. – feitura nó simples

ii) Pescador duplo

Semelhante ao nó anterior pode ser usado para a segurança em descidas em cordas,


feito no chicote da mesma evitando que o olhal menor do aparelho oito passe por ele,
prendendo assim o bombeiro a corda em caso de acidentes.
2º Passo
1º Passo

3º Passo

Fig. – pescador duplo


310
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

iii) Frade

Muito parecido com o Pescador Duplo, no entanto este nó fica com uma “cicatriz” na
frente dele (onde o cabo passa por sobre o nó), diferente do anterior e possuem a mesma
função.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó de frade

iv) Nó duplo

Nó para emenda de cordas, fazendo um nó simples em cada chicote abraçando os


cabos.

Quando da emenda de fitas tubulares deverá ser este o nó utilizado por questões de
segurança, por este motivo o nó duplo é também conhecido como nó de fita.
2º Passo
1º Passo
311
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – nó duplo

v) Nó direito

Nó para emenda de cabos e cordas de mesmo diâmetro, convém o uso de cotes por
segurança.
2º Passo
1º Passo
312
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó direito

vi) Nó de envergue

Semelhante ao nó direito, porém sem finalidade e inseguro, com os chicotes


dispondo-se inversamente.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo
313
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

5º Passo

Fig. – nó de envergue

vii) Nó Torto ou Esquerdo

Sua confecção é muito parecida com a do nó direito, contudo os chicotes não ficam
paralelos aos seus firmes e não apresenta a mesma segurança.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó esquerdo

viii) Escota simples ou singela

Nó usado para união de cabos de diâmetros diferentes.


314
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – escota simples

ix) Escota dupla ou dobrada

Nó usado para união de cabos com diâmetros diferentes, a diferença para o anterior
é que neste dá-se uma volta a mais com o chicote.
2º Passo
1º Passo
315
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Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

Fig. – escota dobrada

x) Nó de Aboço

Utilizado para serviços que envolvam cargas pesadas e para unir amarras grossas ou
cabos pesados.
2º Passo
1º Passo
316
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

Fig. – nó de aboço

xi) Volta do Fiel pelo seio ou Nó de Porco

Nó utilizado para ancoragem, conhecido também como nó do bombeiro, é o nó mais


utilizado no CBMERJ para este fim, apesar de não ser o melhor para esta função. Tira cerca de
40% da carga de ruptura da corda e deve ser arrematado com cotes, para a ancoragem clássica
do CBMERJ usam-se três cotes após a volta do fiel.
2º Passo
1º Passo
317
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

Fig. – nó de porco

xii) Volta do Fiel pelo chicote ou Nó de Barqueiro

Exatamente igual ao nó anterior. A volta do fiel recebe também o nome de nó de


barqueiro quando executado pelo chicote. É importante o bombeiro saber executar este nó
das duas formas, pelo seio e pelo chicote, dependendo do local da ancoragem uma das duas
formas será melhor para a confecção do nó ou simplesmente não será possível executá-lo da
outra forma.
2º Passo
1º Passo
318
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó de barqueiro

xiii) UIAA

É um nó de segurança dinâmica, o atrito com o próprio cabo minimiza o risco de


grandes impactos em queda, permite até o bloqueio da corda, evitando a queda.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – UIAA
319
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xiv) Pata de gato

Nó de ancoragem, usado para ancoragem de fitas em anel ou para ancorar ao gato


de um aparelho de tração.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – pata de gato

xv) Boca de lobo

Nó também para ancoragem, bem parecido com o anterior, diferença que neste dá-
se mais uma volta em cada anel.
320
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

Fig. – boca de lobo

xvi) Prussik

Nó usado para progredir numa corda verticalmente ou ainda como autoblocante


para diversas finalidades.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – prussik
321
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xvii) Marchand

Nó bem semelhante ao anterior, usado basicamente para a mesma função.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

8º Passo
7º Passo

Fig. – marchand
322
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xviii) Bachman

Nó também muito parecido com os dois anteriores. Onde um mosquetão será usado
onde o nó será movimentado, simulando a função de um aparelho ascensor.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

8º Passo
7º Passo

Fig. – bachman
323
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Manual Básico de Bombeiro Militar

xix) Cabrestante Simples ou Lais de Guia ou Nó de Salvação

Nó usado para confecção de uma alça que pode ser usada para dar sustentação ao
bombeiro ou ainda para ancoragem.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – Lais de guia

xx) Cabrestante duplo

Nó parecido com o anterior, usado para ancoragens, confecção de alças e para


confecção de cintos cadeira improvisados.
2º Passo
1º Passo
324
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – cabrestante duplo

xxi) Azelha simples pelo seio

Nó usado para confecção de alças e ancoragem, a azelha mais fácil de ser feita, tanto
pelo chicote quanto pelo seio, no entanto quanto submetido a tensão é muito difícil de ser
solto.
2º Passo
1º Passo
325
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

Fig. – azelha simples pelo seio

xxii) Azelha simples pelo chicote

Descrição idêntica à da azelha simples pelo seio.


2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo
326
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

7º Passo

Fig. – azelha simples pelo chicote

xxiii) Azelha dobrada pelo seio

Nó usado para confecção de alças e para ancoragem, para sua confecção pelo chicote
é necessário a confecção da volta do fiador antes e quando feito pelo seio usa-se a volta do
fiador também, no entanto feito com o cabo dobrado.

Após sofrer tensão é mais fácil desfazer este nó do que a Azelha Simples.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo
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CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

5º Passo

Fig. – azelha dobrada pelo seio

xxiv) Azelha dobrada pelo chicote

Descrição idêntica à azelha dobrada pelo chicote.


2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo
328
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Manual Básico de Bombeiro Militar

8º Passo
7º Passo

10º Passo
9º Passo

Fig. – azelha dobrada pelo chicote

xxv) Azelha equalizada

Tem as mesmas funções que os dois anteriores, possuindo a vantagem da confecção


da ancoragem equalizada e após sofrer tensão se desfaz com muito mais facilidade que os
anteriores.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo
329
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Manual Básico de Bombeiro Militar

6º Passo
5º Passo

7º Passo

Fig. – azelha equalizada

xxvi) Nó de catau

Conhecido também como catau de reforço, usado para isolar da corda um pedaço
coçado ou danificado dela passando a tensão para outra parte da corda.
2º Passo
1º Passo
330
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó de catau

xxvii) Encapeladura simples

Nó usado para confecção de alças, com o detalhe de que estas alças se acocham
quando sofrem tensão, estrangulando o que estiver dentro delas.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – encapeladura simples


331
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Manual Básico de Bombeiro Militar

xxviii) Encapeladura dobrada

Nó semelhante ao anterior, no entanto este possui uma alça a mais.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – encapeladura dobrada

xxix) Volta do calabrote

Conhecido também como nó de cirurgião tem a mesma função do nó direito, usado


para união de cabos.
332
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

Fig. – volta do calabrote

xxx) Pescador duplo de correr

Usado para a união de cabos.


2º Passo
1º Passo
333
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

7º Passo

Fig. – pescador duplo de correr

xxxi) Pescador fixo

Usado para confecção de alças para diversos fins, a alça fica no meio da corda
apontando para um dos chicotes.
2º Passo
1º Passo
334
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – pescador fixo

xxxii) Harnês

Usado para confecção de alças, desacocha após o uso com facilidade.


2º Passo
1º Passo
335
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Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – Harnês

xxxiii) Nó de moringa

Utilizado para o içamento e transporte de cantis e garrafas, o cantil fica com sua base
na alça do nó enquanto o gargalo fica no centro do nó que pode ser acochado garantindo a
segurança.
2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo
336
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Manual Básico de Bombeiro Militar

6º Passo
5º Passo

7º Passo

Fig. – nó de moringa

xxxiv) Nó de borboleta

Utilizado para confecção de alças, feito no meio da corda e excelente para uso, uma
vez que após o esforço pode ser desfeito sem dificuldades.
2º Passo
1º Passo
337
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – Nó de borboleta

xxxv) Balso pelo seio fixo

Utilizado para confecção de alças e ancoragem.


2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

Fig. – balso pelo seio fixo


338
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xxxvi) Balso pelo seio de correr

Semelhante ao anterior, mas as alças neste nó podem ser ajustadas, elas correm,
aumentando e diminuindo de tamanho simultaneamente.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

Fig. – balso pelo seio de correr

xxxvii) Nó de trapa

Nó para ancoragem de rápida e fácil confecção e que preserva a carga de ruptura da


corda próxima da original, precisa ser feito em uma superfície cilíndrica e livre de pontos
abrasivos.
339
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – Nó de trapa

xxxviii) Nó de prender mangueira

Como o nome diz, ele é usado para prender a mangueira num cabo para ser içada,
muito usado também em cortes de árvore e ainda para a confecção do Nó de Mula que será
visto a seguir.
2º Passo
1º Passo
340
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – Nó de prender mangueira

xxxix) Nó de mula

Nó de ancoragem dinâmica oferece segurança como ancoragem e quando necessário


pode ser desfeito o nó de prender mangueira, transformando o nó no UIAA e permitindo a
liberação da carga com segurança.
2º Passo
1º Passo
341
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

4º Passo
3º Passo

Fig. – nó de mula

xl) Fraldão

Improvisação de cadeira para descidas ou içamentos de pessoas, feito de forma


rápida com um cabo solteiro grosso ou com uma fita tubular.
2º Passo
1º Passo

3º Passo

Fig. – fraldão
342
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xli) Cadeira brasileira

Outra forma de improvisação de cadeira usando um pedaço de corda, fita ou um


cabo solteiro grosso.

Começa-se a cadeira passando o cabo por trás da cintura e o unindo na frente com
um nó direito, em seguida passa-se cada chicote por volta das pernas e se faz o nó volta do fiel
na frente com três cotes de cada lado conforme as fig.uras abaixo.

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

5º Passo

Fig. – cadeira brasileira


343
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

xlii) Nó paulista

Também conhecido como nó de caminhoneiro, usado no CBMERJ para


tracionamento ou para içamento de cargas, trata-se de um sistema de forças três para um, isto
é, respeitadas as perdas de força no processo, divide o peso da carga em um terço, ou
multiplica a força do bombeiro por três, por este motivo não se deve exceder o número de
quatro bombeiros para o tracionamento, que na realidade serão doze bombeiros retesando a
corda, evitando danos na mesma.

No CBMERJ é feito por meio da ancoragem padrão, volta do fiel com três cotes, no
ponto de perigo ou na carga, em seguida é passado em um mosquetão ou em volta de uma
superfície cilíndrica e no meio do cabo é feito o sistema de tracionamento conforme a imagem
abaixo.

2º Passo
1º Passo
3º Passo

4º Passo

Fig. – nó paulista

xliii) Cariocão

Um sistema de tracionamento melhorando o nó paulista. Durante o tracionamento


anterior existem muitas perdas por atrito do cabo com ele mesmo, o uso de mosquetões ou
roldanas diminui este atrito, no caso do nó paulista se algum bombeiro se descuidar o sistema
todo retornará, afrouxando o mesmo, o uso de cabos solteiros com nós Prussik ou ainda de
aparelhos ascensores resolverá este problema, tornando o sistema autoblocante.
344
CBMERJ
Manual Básico de Bombeiro Militar

2º Passo
1º Passo

4º Passo
3º Passo

6º Passo
5º Passo

7º Passo

Fig. – cariocão

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