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São revogados os artigos 315.º e 316.º do Código Penal. c) «Banco de fachada»: banco que não dispõe de
qualquer presença física no país no qual
Artigo 45.º esteja constituído e autorizado, e que não se
Entrada em vigor integra num grupo financeiro regulado sujeita
à supervisão consolidada e efetiva;
A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
sua publicação. d) «Beneficiário»: pessoa singular ou coletiva ou
entidade sem personalidade jurídica identificadas
Aprovada em 28 de Novembro de 2012. pelo ordenante como recetoras da transferência
eletrónica solicitada;
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício,
Júlio Lopes Correia e) «Beneficiário efetivo»: pessoa singular proprietária
última ou que detém o controlo final de um
Promulgada em 16 de Janeiro de 2013.
cliente e/ou a pessoa singular por conta da qual
Publique-se. é efetuada uma operação. Inclui também as
pessoas que controlam efetivamente uma pessoa
O Presidente da República, JORGE CARLOS DE coletiva ou uma entidade sem personalidade
ALMEIDA FONSECA. jurídica.
Assinada em 17 de Janeiro de 2013. f) «Bens»: ativos de qualquer tipo, designadamente:
O Presidente da Assembleia Nacional, em exercício, i. Corpóreos ou incorpóreos, móveis ou imóveis,
Júlio Lopes Correia. tangíveis ou intangíveis, adquiridos por qualquer
meio, de origem legítima ou ilegítima, e os
–––––– documentos ou instrumentos jurídicos que
Lei n.º 120/VIII/2016 atestam a propriedade ou outros direitos sobre
os referidos ativos;
de 24 de março
ii. Bens detidos pelo agente criminoso ou por
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, terceiro, transferidos pelo agente criminoso
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, para terceiro, permanecendo o primeiro com
o seguinte: direitos, tais como o direito de posse, usufruto,
Artigo 1.º direito de natureza hereditária, entre outros
de natureza obrigacional e real sobre o bem
Alteração
transferido;
São alterados os artigos 2.º, 3.º, 4.º, 5.º, 7.º, 8.º, 9.º, 10.º,
iii. Bens ou direitos obtidos mediante transação
12.º, 13.º, 14.º, 15.º, 16.º, 17.º, 18.º, 19.º, 20.º, 21.º, 23.º, 24.º,
ou troca com os bens obtidos por meio da prática
28.º, 31.º, 42.º, 43.º, 44.º e 46.º da Lei n.º 38/VII/2009, de
do fato ilícito típico;
27 de Abril, que passam a ter a seguinte redação:
“Artigo 2.º
iv. Direitos, direta ou indiretamente, obtidos
por meio do fato ilícito típico ou direitos sobre
[…] os bens obtidos direta ou indiretamente pela
prática do fato ilícito típico;
1. Para efeitos da presente lei, entende-se por:
v. Bens transformados ou misturados com os bens
a) «Autoridade competente»: todas as autoridades
provenientes da prática do crime de lavagem
públicas a quem foram atribuídas responsabilidades
de capitais.
no combate à lavagem de capitais ou crimes
subjacentes associados, designadamente: g) «Boa-fé»: ignorância desculpável de que os bens,
i. A Unidade de Informação Financeira (UIF); direitos, valores ou vantagens do crime se
relacionavam com atividades ilícitas;
ii. Os órgãos de polícia criminal;
h) «Caráter inabitual da operação»: operação isolada
iii. As autoridades judiciárias; em que ainda assim se não justifique em
virtude de, no caso concreto, não ser habitual
iv. As que recebem declarações sobre o transporte a sua prática;
transfronteiriço de numerário e de instrumentos
negociáveis ao portador; i) «Confisco»: a perda definitiva de bens ou vantagens
do crime, por decisão de um tribunal;
v. As com responsabilidades de regulação e
supervisão, para garantir que as entidades j) «Congelamento» ou «apreensão»: a proibição
sujeitas cumprem as suas obrigações de prevenção temporária de transferir, converter, alienar,
à lavagem de capitais. dispor ou movimentar bens ou fundos ou outros
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iii. Remessa postal de numerário ou de instrumentos aa) «Volume da operação» quantidade de operações
negociáveis ao portador por uma pessoa singular sucessivas de igual natureza que, por si só,
ou coletiva. não se justifique.
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2. Para os efeitos previstos na alínea t) do número pessoa politicamente exposta de uma pessoa
anterior, e nos termos da presente lei, consideram-se coletiva, ou que com ele tenha relações comerciais
PEP designadamente: próximas;
a) “Funções públicas proeminentes”: ii. Qualquer pessoa singular que seja proprietária
do capital social ou dos direitos de voto de uma
i. Chefe de Estado; pessoa coletiva, que seja notoriamente conhecido
como tendo como único beneficiário efetivo a
ii. Chefe do Governo;
pessoa politicamente exposta.
iii. Membros do Tribunal Constitucional, do Artigo 3.º
Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal de
[…]
Contas, de tribunais superiores e de outros
órgãos judiciais de alto nível, cujas decisões Ao crime previsto na presente lei são subsidiariamente
não são habitualmente suscetíveis de recurso, aplicáveis as normas do Código Penal, Código de Processo
salvo em circunstâncias excepcionais; Penal, a lei que estabelece os princípios gerais da cooperação
judiciária internacional em matéria penal.
iv. Membros do Governo;
Artigo 4.º
v. Membros de família reais;
Entidades de regulação e supervisão
vi. Parlamentares;
São entidades de regulação e supervisão:
vii. Altos responsáveis dos partidos políticos; a) O Banco de Cabo Verde, para as instituições
viii. Embaixadores, Chefes de missões diplomáticas financeiras referidas no artigo 5.º;
e postos consulares; b) A Inspeção-geral de Jogos para pessoas físicas ou
coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
ix. Oficiais Superiores das Forças Armadas e da
ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores
Polícia;
de jogos de fortuna ou azar;
x. Presidentes das Câmaras Municipais; c) A Ordem dos Advogados, relativamente aos
xi. Os membros do Conselho ou Direção do Banco Advogados e Solicitadores;
Central; d) A Direção-geral dos Registos, Notariado e
xii. Dirigentes dos ministérios; Identificação, relativamente aos Notários e
Conservadores dos Registos;
xiii. Membros dos órgãos executivos de organizações
e) A Direção Nacional das Receitas do Estado,
de Direito Internacional;
relativamente à Direção das Alfândegas;
xiv. Membros dos órgãos de administração, f) A Inspeção-geral das Construções e da Imobiliária
da direção ou de fiscalização das empresas e relativamente às entidades que exerçam
públicas, do Conselho de Administração das atividades de promoção imobiliária, mediação
Autoridades Administrativas Independentes, e imobiliária, compra e venda de imóveis bem
de sociedades anónimas de capitais exclusiva ou como entidades construtoras que procedam à
maioritariamente públicos, institutos públicos, venda direta de imóveis;
fundações públicas, estabelecimentos públicos,
qualquer que seja o modo da sua designação, g) A Ordem dos Profissionais Auditores e Contabilistas
incluindo os órgãos de gestão das empresas certificados, relativamente aos Auditores,
integrantes dos setores empresariais e locais; Contabilistas e Consultores fiscais;
i. Qualquer pessoa singular, que seja notoriamente 1. Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres
conhecida como proprietária conjunta com a previstos na presente lei as instituições financeiras e as
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atividades e profissões não financeiras designadas que 6. São atividades e profissões não financeiras designadas:
tenham a sua sede no território nacional, assim como as
suas sucursais, filiais e outras formas de representação a) Os casinos, incluindo os casinos online;
que estejam sediadas aqui ou no exterior. b) As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
lotarias, sempre que procedam a pagamentos
2. São instituições financeiras:
a vencedores de prémios de apostas ou lotarias
a) As instituições de crédito, designadamente: de montante igual ou superior a 300.000$00
(trezentos mil escudos);
i. Os bancos;
c) As pessoas responsáveis pela gestão, exploração
ii. As sociedades de investimento; e comercialização de lotarias e outros jogos de
azar respeitante às operações de pagamento
iii. As sociedades de locação financeira; de prémios;
iv. As sociedades de fatoring; d) As pessoas, físicas ou jurídicas, que se dedicam
v. As sociedades financeiras para aquisições e habitualmente ao comércio ou organizam a
crédito; venda de joias, pedras ou metais preciosos,
objetos de arte ou antiguidades;
vi. As sociedades emitentes ou gestoras de cartões
e) Os comerciantes de veículos;
de crédito;
f) As entidades que exerçam atividades de promoção
vii. As sociedades de garantia mútua; imobiliária, mediação imobiliária, compra e venda
viii. As sociedades de desenvolvimento regional; de imóveis, bem como entidades construtoras
que procedam à venda direta de imóveis;
ix. Outras que como tal sejam qualificadas pela lei;
g) Os comerciantes que transaccionem bens cujo
b) As instituições de moeda eletrónica; pagamento seja efetuado em numerário, em
montante igual ou superior a 1.000.000$00 (um
c) As seguradoras e as sociedades gestoras de fundos milhão de escudos), independentemente de a
de pensões; transação ser realizada através de uma única
d) Os fundos de pensões e os organismos de operação ou de várias operações aparentemente
investimento coletivo desde que dotadas de relacionadas entre si;
personalidade jurídica; h) As organizações sem fins lucrativas, nos termos
estabelecidos pelo artigo 20.º-A;
e) As sociedades gestoras de fundos de investimento
e as sociedades depositárias de valores afetos i) Os advogados, solicitadores, notários, conservadores
a fundos de investimento, de acordo com o dos registos, outras profissões jurídicas
Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de fevereiro; independentes, auditores, contabilistas e
consultores fiscais, quando intervenham ou
f) Sociedades de gestão financeira;
assistam, a título profissional, em operações de:
g) Sociedade de capital de risco; i. Compra e venda de bens imóveis, estabelecimentos
h) As agências de câmbio. comerciais e participações sociais;
ii. Gestão de fundos, valores mobiliários ou outros
3. São igualmente consideradas instituições financeiras:
ativos do cliente;
a) As instituições de autorização restrita;
iii. Abertura e gestão de contas bancárias, de
b) As sociedades de entrega rápida de valores em poupança ou de valores mobiliários;
numerário; iv. Organização de contribuições destinadas à
c) As entidades referidas como sujeitas à supervisão criação, exploração ou gestão de sociedades;
da Auditoria Geral do Mercado de Valores v. Criação, operação e gestão de pessoas coletivas
Mobiliários, nos termos do Código do Mercado ou de entidades sem personalidade jurídica e
de Valores Mobiliários; compra e venda de entidades comerciais;
d) Os serviços postais, na medida em que prestem vi. Alienação e aquisição de direitos sobre praticantes
atividades financeiras ao público. de atividades desportivas profissionais;
4. Ainda, consideram-se instituições financeiras outras j) Os prestadores de serviços a sociedades e a fundos
definidas em legislação específica. fiduciários sempre que preparem ou efetuem
operações para um cliente no quadro das
5. São abrangidas também as sucursais, filiais e agências
seguintes atividades:
situadas em território nacional, das entidades referidas no
número anterior que tenham a sua sede no estrangeiro, i. Atuação como agentes na constituição de pessoas
bem como as sucursais financeiras exteriores. coletivas;
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1. As pessoas, nacionais ou estrangeiras, que entram 5. É proibida a circulação da moeda não declarada,
ou saem do território caboverdiano, devem declarar, ou falsamente declarada até se determinar se ela está
por escrito as divisas ou títulos ao portador ou moeda relacionada com a lavagem de capitais.
eletrónica, por qualquer meio, sempre que o montante
6. Havendo falsas declarações sobre a origem das divisas
transportado seja igual ou superior a 1.000.000$00 (um
e títulos ao portador, a quantidade não declarada de moedas
milhão de escudos) ou equivalente em moeda estrangeira.
nacional, estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao
2. A Direção das Alfândegas deve: portador, o transportador/detentor sujeita-se ao crime por
falsas declarações previstas em legislação penal.
a) Por sua própria iniciativa, informar, de imediato a
UIF, sempre que saiba, suspeite ou tenha razões 7. A obrigação de monitorizar a circulação de moeda e
suficientes para suspeitar que teve lugar, está em instrumentos negociáveis ao portador também se aplica ao
curso ou foi tentada a realização de movimentos fluxo de moeda através do correio e do uso de contentores.
físicos transfronteiriços de moedas nacional,
estrangeira ou de instrumentos negociáveis ao 8. Do montante apreendido lavra-se um auto que é
portador, suscetíveis de estarem associados à remetido ao Banco de Cabo Verde, devendo este conservá-lo
prática de crime de lavagem de capitais; até decisão da autoridade judiciária.
5. A identificação de centros de interesses coletivos 3. Quando as entidades sujeitas não puderem dar
sem personalidade jurídica constituídos de acordo com o cumprimento ao previsto nas alíneas a) e b) do número
direito estrangeiro ou instrumentos legais semelhantes, 1, não deve abrir a conta, iniciar a relação de negócio
sem personalidade jurídica, deve incluir a obtenção e ou efetuar a operação, ou ainda, fazer cessar a relação
verificação do nome dos administradores, instituidores de negócio e, considerar a possibilidade de fazer uma
e beneficiários. comunicação de operação suspeita à UIF.
6. Sempre que a entidade sujeita tenha conhecimento 4. Os procedimentos de diligência relativos à clientela
ou fundada suspeita de que o cliente não atua por conta são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes,
própria, deve tomar medidas adequadas que lhe permitam de modo regular e em função do nível de risco existente.
conhecer a identidade da pessoa ou entidade por conta
5. Considerando a avaliação do risco representado pelo
de quem o cliente está a atuar, nomeadamente dos
tipo de cliente, pela relação de negócio ou transação, as
beneficiários efetivos.
entidades de regulação e supervisão podem determinar,
7. As entidades sujeitas devem também verificar se através de regulamento, as situações em que as obrigações
os representantes dos clientes se encontram legalmente constantes previstas na presente lei podem ser reduzidas
habilitados a atuar em seu nome ou representação. ou simplificadas, em relação à identificação e verificação
da identidade do cliente ou do beneficiário efetivo.
8. A obrigação de identificação prevista no presente
artigo aplica-se também aos clientes já existentes quanto 6. Para além da identificação dos clientes, dos seus
às operações em curso e às futuras. representantes e dos beneficiários efetivos as entidades
sujeitas devem:
9. A verificação da identidade dos clientes existentes
será objecto de regulamentação emitida pelas autoridades a) Obter informação sobre a finalidade e a natureza
de regulação e supervisão, no prazo de cento e oitenta pretendida da relação de negócio;
dias após a entrada em vigor da presente lei.
b) Obter informação relativa a clientes que sejam
Artigos 9.º pessoas coletivas ou entidades sem personalidade
Dever de diligência relativo ao cliente jurídica, que permita compreender a estrutura
de propriedade e de controlo do cliente;
1. As entidades sujeitas devem adotar, para além da
identificação dos clientes, representantes e beneficiários c) Obter informação, quando o perfil de risco do
efetivos, as seguintes medidas de diligência em relação cliente ou as caraterísticas da operação o
aos clientes: justifiquem, sobre a origem e o destino dos
fundos movimentados no âmbito de uma relação
a) Tomar medidas adequadas que lhes permitam de negócio ou na realização de uma transação
compreender a estrutura de propriedade e de ocasional;
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b) Nos contratos de seguro associados a planos de 1. As entidades sujeitas podem recorrer a terceiros ou
pensão desde que não contenham uma cláusula intermediários para realizar a identificação e verificação
de resgate nem possam ser utilizados para da identificação dos clientes, se estiverem assegurados
garantir empréstimos; os seguintes critérios:
c) Nos regimes de pensão, planos complementares de a) Quando solicitados, possam fornecer imediatamente
pensão ou regimes semelhantes de pagamento cópias dos documentos de identificação dos
de prestações de reforma aos trabalhadores clientes e beneficiários efetivos bem como
assalariados, com contribuições efetuadas verificar a sua identidade e outros documentos
mediante dedução nos salários e cujo regime relacionados com a obrigação de diligência;
vede aos beneficiários a possibilidade de
transferência de direitos. b) Estejam estabelecidos em Cabo Verde ou noutro
Estado cuja legislação imponha obrigações
Artigo 10.º
de diligência equivalentes às exigidas pela
Bancos correspondentes presente lei e se encontrem sujeitos a supervisão
As instituições financeiras, no que respeita às suas adequada;
relações transfronteiras entre bancos correspondentes c) Tenham a possibilidade de compreender e, quando
e a outras relações semelhantes, além da aplicação das adequado, obter informação sobre o objeto e a
medidas de diligência relativas à clientela, devem: natureza da relação de negócio;
a) Recolher informações suficientes sobre a instituição d) Estejam sujeitos a regulação e supervisão, bem como
que solicita a relação e com quem executam adotar providências destinadas ao cumprimento
a relação de correspondência, de modo a das obrigações de diligência relativas à clientela
compreenderem plenamente a natureza da e de conservação de documentos.
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2. Sem prejuízo do referido no número anterior, a a verificação da identidade pode ser complementada por
responsabilidade pelo cumprimento dos deveres contidos documentos ou informações suplementares consideradas
na presente Lei continua a caber à entidade obrigada que adequadas para verificar ou certificar os dados fornecidos
recorreu a terceiros. pelo cliente.
3. No caso de operações financeiras realizadas 5. Ainda, as entidades sujeitas devem aplicar medidas
internacionalmente e sem contato pessoal com o cliente, de vigilância reforçadas:
caso subsistam dúvidas sobre a identidade do mesmo e o
montante ou a natureza da operação o justificarem, pode a) Para clientes, relações de negócio ou operações
ser solicitado ao beneficiário da operação que a identificação em categorias de risco mais elevadas;
e a natureza da operação sejam comprovadas por uma
instituição financeira reconhecidamente idónea. b) Aos clientes anteriores à promulgação do presente
diploma, em função do nível de relevância e
4. As instituições financeiras devem sempre, na risco, e cumprir o dever de vigilância sobre
determinação dos países em que podem estar estabelecidos os essas relações.
terceiros que cumprem os critérios, atender às informações
disponíveis sobre o nível de risco associado a esses países. 6. As instituições financeiras devem aplicar medidas de
diligência reforçadas a relações de negócio e operações com
Artigo 13.º pessoas, singulares e coletivas, e instituições financeiras
de países com um risco mais elevado de lavagem de
Dever de recusa de realização das operações
capitais para esse efeito designados pelo Grupo de Ação
Financeira Internacional, os quais devem ser eficaz e
1. As entidades sujeitas devem recusar o início da
proporcional aos riscos.
relação de negócio, a realização da operação pretendida:
7. As entidades sujeitas devem considerar a possibilidade
a) Em caso de ausência de identificação do cliente ou
de fazer uma declaração suspeita quando:
do representado ou beneficiário efetivo;
a) Se vê impossibilitada de verificar a identidade do
b) Se não for fornecida a informação sobre a estrutura
cliente ou do beneficiário efetivo;
de propriedade e controlo do cliente, a natureza
e a finalidade da relação de negócio; b) Iniciou uma relação de negócio e se vê
impossibilitada de verificar satisfatoriamente a
c) Se não se conhece a origem e o destino dos fundos
identidade do cliente ou do beneficiário efetivo
nos casos previstos na presente lei.
e, ainda pôr termo à relação de negócio.
Artigo 14.º
Artigo 15.º
[…]
[…]
1. Sem prejuízo do cumprimento do disposto nos artigos 1. As entidades sujeitas devem conservar, por um
8.º e 12.º, as entidades sujeitas devem aplicar medidas período mínimo de sete anos após o momento em que
acrescidas de diligência em relação aos clientes e às foi efetuada a transação ou a partir do fim da relação
operações, atendendo à natureza, complexidade, volume, de negócio ou após a data da transação, sob qualquer
caráter não habitual, ausência de justificação económica forma de suporte, os originais ou cópias dos seguintes
ou suscetibilidade de enquadrar num tipo legal de crime. documentos, internos ou internacionais:
2. Verificadas as circunstâncias descritas no número a) Demonstrativos da identidade dos clientes,
anterior, as entidades sujeitas devem procurar informação beneficiários e representados;
do cliente sobre a origem e destino dos fundos e reduzir
a escrito o resultado destas medidas, que deve estar b) Cópias dos registos relativos às transações
disponível para as autoridades competentes. executadas, de modo a permitir a reconstituição
das transações, bem como os relatórios escritos
3. São sempre aplicáveis medidas acrescidas de diligência referidos na presente lei.
às operações realizadas à distância e especialmente às que
possam favorecer o anonimato, às operações efetuadas 2. No caso das instituições financeiras, para além
com pessoas politicamente expostas, às operações de dos documentos constantes do número anterior, devem
correspondência bancária com instituições financeiras conservar as fichas de abertura de contas de depósito
bancárias estabelecidas em países terceiros e a quaisquer e correspondência relacionada, durante, pelo menos, o
outras designadas pelas autoridades de regulação e período de sete anos a seguir ao encerramento da conta
supervisão do respetivo setor, desde que legalmente ou ao fim da relação de negócio.
habilitadas para o efeito.
3. As entidades sujeitas, sempre que solicitadas, devem
4. Sem prejuízo de regulamentação emitida pelas fornecer cópias dos documentos referidos nos números
autoridades competentes, nos casos em que a operação anteriores às autoridades competentes e à UIF, para
tenha lugar sem que o cliente, ou o seu representante, ou efeitos de investigação do crime de lavagem de capitais
o seu beneficiário efetivo estejam fisicamente presentes, e inteligência de informações.
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Artigo 16.º 7. Caso existam limitações de ordem técnica que
[…]
impeçam que as informações sobre o ordenante ou o
beneficiário, previstas no número 2, sejam transmitidas
1. As transferências eletrónicas podem ser nacionais com a transferência eletrónica doméstica correspondente,
ou transfronteiras. a instituição financeira que as recebe deve manter um
registo de toda a informação recebida da instituição
2. Quando as instituições financeiras desenvolvem financeira ordenante ou de outra instituição financeira
atividades de transferências eletrónicas nacionais, devem intermediária.
incluir:
8. A instituição financeira beneficiária que receber uma
a) O nome do ordenante;
transferência eletrónica transfronteira cuja informação
b) O número de conta do ordenante se essa for sobre o ordenante seja incompleta, tal como prevista no
utilizada para o processamento da operação. Na número 2, deve verificar a identidade do beneficiário
ausência da conta, o número único de referência dessa transferência.
utilizado para rastrear a operação;
9. No caso de transferências eletrónicas transfronteiriças,
c) A morada do ordenante, ou o número do documento as instituições financeiras beneficiárias devem:
de identidade nacional, ou o seu número de
identificação de cliente, ou a data e o local de a) Verificar a identidade do beneficiário, caso esta
nascimento; não tenha sido previamente verificada, as
informações dos clientes quando há suspeita de
d) O nome do beneficiário; e lavagem de capitais, e conservar esta informação
de acordo com o disposto no artigo 15.º;
e) O número de conta do beneficiário se essa conta
for utilizada para o processamento da operação b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar
ou, na ausência da conta, o número único de transferências eletrónicas transfronteiras sem
referência que permita rastrear a operação. as informações do ordenante ou do beneficiário;
3. Quando as instituições financeiras desenvolvem
c) Ter políticas e procedimentos baseados em riscos para
atividades de transferências eletrónicas transfronteiras
determinar quem executa, recusa ou suspende uma
de fundos, igual ou superior a 1.000.000$00 (um milhão
transferência eletrónica por falta de ordenante ou
de escudos) devem também incluir informação acerca do
beneficiário e quando necessário tomar a medida
ordenante, como indicado para as transferências eletrónicas
de seguimento adequada.
nacionais, que devem acompanhá-las ao longo de toda a
cadeia de pagamento.
10. Além destas exigências, a autoridade de supervisão
4. A instituição financeira que pretenda efetuar uma pode exigir que as instituições financeiras apliquem outras
transferência eletrónica e que não esteja em condições medidas com a finalidade de gerir os riscos de lavagem
de cumprir os requisitos estabelecidos no número 2, deve de capitais decorrentes das transferências eletrónicas.
abster-se de efetuá-la.
11. As instituições financeiras que iniciem transferências
5. A instituição financeira que efetuar ou receber eletrónicas devem conservar todas as informações do
transferências eletrónicas transfronteiras, deve adotar ordenante e do beneficiário de acordo com o disposto no
medidas razoáveis, para identificar aquelas que não artigo 15.º.
incluam as informações exigidas no número 2, e aplicar
Artigo 17.º
procedimentos baseados no risco a fim de determinar
quando deve executar, receber, rejeitar ou suspender uma Dever de controlo
transferência eletrónica e quando deve adotar medidas
adequadas de acompanhamento. 1. As entidades sujeitas devem aprovar, por escrito e:
6. No caso das transferências eletrónicas transfronteiriças, a) Desenvolver políticas, procedimentos, programas,
as instituições financeiras intermediárias devem: sistemas e controlos internos de prevenção de
a) Assegurar que conservem as informações sobre o lavagem de capitais que incluam dispositivos
ordenante ou o beneficiário que acompanham adequados de observância regulatória;
a transferência eletrónica;
b) Desenvolver procedimentos adequados na
b) Tomar medidas razoáveis no sentido de identificar contratação e recrutamento dos seus funcionários,
transferências eletrónicas transfronteiras sem a fim de garantir que esta se efetua de acordo
as informações do ordenante ou do beneficiário; com critérios exigidos;
2. Cabe igualmente às entidades sujeitas comunicar 1. As entidades sujeitas devem fornecer ao juiz ou
aos funcionários os procedimentos, políticas e controlos ao Ministério Público, quando estes o ordenarem ou
requererem, informações, documentos, bem como quaisquer
internos.
outros objetos ou outros bens que possam derivar de
atividade criminosa que tiverem na sua posse, que devam
3. Ainda, as entidades sujeitas devem possuir uma
ser congelados ou apreendidos e que sejam necessários à
função de auditoria interna independente dos demais
instrução do processo por crime de lavagem de capitais,
serviços, com funcionários especificamente destacados
afastando a obrigação de sigilo.
para esse efeito.
2. As informações constantes do número anterior devem
4. Os programas em matéria de prevenção e combate ser transmitidas à UIF e às entidades de regulação e
à lavagem de capitais, tal como previsto no número supervisão previstos na presente lei, sempre que estes
anterior, aplicam-se, conforme o caso, a todas as sucursais o solicitarem.
nacionais e estrangeiras, filiais e empresas com participação
3. O não cumprimento do dever nos termos dos números
maioritária.
1 e 2, ainda que negligente, faz incorrer o seu agente
num crime de desobediência qualificada, além de coima.
5. Sempre que o requisito do combate à lavagem de
capitais de um país de acolhimento for menos exigente Artigo 20.º
do que os do presente diploma, as instituições financeiras Dever de comunicação
devem aplicar os requisitos da presente lei às suas sucursais
e filiais maioritárias nos países de acolhimento. 1. As entidades sujeitas devem informar a UIF
imediatamente, via fax ou correio eletrónico, logo que
6. Caso não seja possível aplicar os requisitos previstos saibam, suspeitem ou tenham razões suficientes para
na presente lei às sucursais e filiais maioritárias nos suspeitar que teve lugar, está em curso ou foi tentada
países terceiros, as instituições financeiras devem aplicar uma operação suscetível de configurar a prática do
crime de lavagem de capitais, ou sempre que tenham
medidas de gestão de risco suplementares e informar o
conhecimento de quaisquer fatos que possam constituir
seu supervisor em Cabo Verde.
indícios da prática daqueles crimes.
7. As entidades sujeitas devem remeter à UIF o seu 2. Para além do enunciado no numero anterior, as entidades
manual de procedimento. sujeitas devem comunicar à UIF, independentemente
da suspeita, as operações em numerário de que tenham
8. Salvo no que respeitar às obrigações de identificação conhecimento cujos montantes sejam iguais ou superiores,
do cliente e de recusa em aceitar relação de negócios ou tratando-se de uma única ou várias operações que parecem
operação solicitada, não são exigíveis outras obrigações ligadas, a:
impostas na presente lei às entidades sujeitas que exerçam
a) 1.000.000$00 (um milhão de escudos) para:
actividades e profissões não financeiras que se mostrarem
manifestamente incompatíveis com a natureza, estrutura i. Operações de depósito em instituições bancárias,
e dimensão de tais entidades. compra de ações e aplicações financeiras;
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iii. Sociedades de entrega rápida de valores em 1. As entidades sujeitas, podem, quando haja receio
numerário; do desaparecimento dos fundos, sem informar o cliente,
suspender a execução de quaisquer operações que
iv. Operações de promoção, mediação, compra,
fundadamente suspeitem estar relacionadas com a
venda e revenda de imóveis;
prática dos crimes previstos no artigo 24.º, e informar
v. Para as operações de câmbio de moeda; desse fato a UIF.
vi. Comerciantes que transaccionem bens cujo 2. A UIF deve imediatamente transmitir o pedido
pagamento seja efetuado em numerário; ao Procurador-geral da República ou ao magistrado do
Ministério Público, por ele designado.
vii. Em operações de compra de fichas em casinos,
3. O Procurador-geral da República ou o magistrado do
por junto ou acumulado, numa mesma partida;
Ministério Publico por ele designado procede, no prazo
3. Excetuam-se do número anterior as operações de de dois dias úteis à confirmação ou ao levantamento
depósito em espécie por uma pessoa ou uma empresa da suspensão da operação, devendo, em qualquer caso,
cuja natureza da atividade necessita da utilização de tal notificar a entidade sujeita da decisão de confirmação da
procedimento, nomeadamente o Estado, os supermercados, suspensão, diretamente e imediatamente, por qualquer
as empresas de transporte público. meio, sob pena de a operação poder ser realizada por aquela
entidade, dando também conhecimento da decisão à UIF.
4. Às informações prestadas nos termos do número
Artigo 23.º
anterior é aplicável o regime previsto no artigo 19.º-B.
[…]
5. As informações fornecidas no presente artigo apenas
podem ser utilizadas em processo penal, não podendo ser 1. Não constitui violação do dever de sigilo bancário,
revelada, em caso algum, a identidade de quem as forneceu. nem envolve responsabilidade penal, civil, disciplinar
ou contraordenacional a prestação de informação ou
6. As comunicações recebidas e os relatórios disseminados colaboração, fundadamente e de boa fé para quem as
pela UIF ao Procurador-geral da República não têm valor tiver prestado ou para a instituição a que se encontrar
probatório e não podem ser incorporadas nos processos vinculado.
judiciais ou administrativos.
2. Igualmente, os dirigentes, administradores e funcionários
7. A UIF valora a qualidade das comunicações recebidas são eximidos, pela lei, de responsabilidade criminal ou
das entidades sujeitas e notifica-lhes periodicamente. civil por quebra das regras de confidencialidade, impostas
por contrato ou por qualquer disposição legislativa,
8. As comunicações de operações suspeitas devem conter regulamentar ou administrativa, quando declarem, de boa-fé,
as seguintes informações: as suas suspeitas à UIF, ainda que não conhecessem,
com precisão, qual era a atividade criminal em questão
a) Relação e identificação das pessoas físicas ou
e mesmo que a atividade ilegal de que suspeitavam não
jurídicas que participam na operação e conceito
tenha realmente ocorrido.
de sua participação na mesma;
Artigo 24.º
b) Atividade conhecida das pessoas físicas ou jurídicas
na operação e correspondência entre a atividade […]
e a operação; 1. [...]
c) Relação de operações vinculadas e datas a que se 2. [...]
referem com indicação da sua natureza, profissão,
moeda em que se realizam, quantia, lugar ou 3. [...]
lugares de execução, finalidade e instrumentos
4. [...]
de pagamentos ou descontos realizados;
5. O fato será punível ainda que o procedimento criminal
d) Medidas tomadas pelo sujeito obrigado ao comunicante
relativo à infração principal depender de queixa e esta
em investigar a operação comunicada;
não tiver sido tempestivamente apresentada.
e) Exposição das circunstâncias das quais se podem 6. Ainda incorre na mesma pena, quem:
inferir o indício ou certeza de relação com a
lavagem de capitais ou que tenham aparente a) Se associar para cometer, tentar cometer, ajudar
falta de justificação económica, profissional ou incitar alguém a cometer ou o aconselhar
ou de negócio para a realização da operação; para esse efeito, ou facilitar a execução dos
fatos previstos nos números anteriores;
f) Quaisquer outros dados relevantes para a prevenção
da lavagem de capitais que se determinar b) Estabeleça ou mantenha relação jurídica de
regulamentarmente. natureza económica com quaisquer sujeitos ou
760 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
s) A omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas de tais operações, após a confirmação, pela
de diligência aos clientes e às operações autoridade judiciária ou pela UIF, da ordem
bancária com instituições estabelecidas em de suspensão;
países terceiros; e
l) O cometimento de uma infração grave antes de
t) O incumprimento da obrigação de recusa de decorridos 5 (cinco) anos sobre a prática da
execução de operações em conta bancária, de mesma infração;
estabelecimento de relações de negócio ou de
realização de transações ocasionais. 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
singular, a coima entre é de 400.000$00 (quatrocentos
2. Quando a infração for praticada por uma pessoa mil escudos) a 3.000.000$00 (três milhões de escudos).
singular, a coima é de 250.000$00 (duzentos e cinquenta
Artigo 46.º
mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e quinhentos
mil escudos). […]
e) O incumprimento da obrigação de observância de São aditados os artigos 3.º-A, 4.º-A, 5.º-A, 6.º-A, 8.º-A, 8.º-
medidas reforçadas aos clientes e às operações B, 10.º-A, 10.º-B, 10.º-C, 14.º-A, 14.º-B, 15.º-A, 17.º-A, 19.º-A,
suscetíveis de revelar um maior risco de lavagem 19.º-B, 20.º-A, 31.º-A, 31.º-B, 31.º-C, 31.º-D, 31.º-E, 31.º-F,
de capitais e às relações transfronteiriças de 31.º-G, 31.º-H, 31.º-I, 36.º-A, 41.º-A, 41.º-B, 41.º-C, 41.º-D,
correspondência; 44.º-A, 44.º-B, 46.º-A, 46.º-B e 46.º-C à Lei n.º38/VII/2009,
de 27 de abril, com a seguinte redação:
f) A resistência ou obstrução à realização da inspeção;
“Artigo 3.º-A
g) O incumprimento doloso da obrigação de congelar ou Entidades sujeitas
bloquear fundos, ativos financeiros ou recursos
económicos de pessoas físicas ou jurídicas, Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos
entidades ou grupos designados; na presente Lei as instituições financeiras e as atividades
e profissões não financeiras designadas que tenham
h) O incumprimento doloso da proibição de colocar os a sua sede no território nacional, assim como as suas
fundos, ativos financeiros ou recursos económicos sucursais, filiais e outras formas de representação que
à disposição de pessoas físicas ou jurídicas, estejam sediadas aqui ou no exterior.
entidades ou grupos designados;
Artigo 4.º-A
i) A ausência de conservação dos originais, das
Competências
cópias, das referências ou de outros suportes
duradouros; 1. Compete às autoridades de regulação e supervisão
regular, supervisionar, fiscalizar, inspecionar e garantir
j) O incumprimento do dever de abstenção de
o cumprimento do disposto na presente lei.
execução de operações suspeita e da respetiva
obrigação de prestação de informação à UIF e 2. Compete, especialmente, às autoridades de regulação
às autoridades judiciárias; e supervisão:
k) O incumprimento de ordens de suspensão da a) Editar regras de boas práticas com o propósito de
execução de operações suspeita e a execução combater a lavagem de capitais e de outros bens;
762 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
c) Acompanhar e fiscalizar a aplicação das regras e n) Manter dados estatísticos sobre medidas adotadas
medidas de prevenção aos respetivos setores; e sanções impostas no quadro de aplicação da
presente lei;
d) Recolher informação e outros dados junto das
entidades sujeitas e executar inspeções no o) Determinar o tipo e o âmbito de medidas a adotar
local ao nível do grupo, podendo as autoridades pelas entidades sujeitas para cada um dos
de regulação e supervisão delegar as suas requisitos estabelecidos no artigo 9.º, tendo em
competências a outras entidades; consideração o risco de lavagem de capitais e
o volume da atividade comercial;
e) Ordenar, quando e sempre que necessário, a
apresentação de quaisquer informações p) Informar as entidades sujeitas sobre o destino
relevantes, obter cópias de documentos, em das operações suspeitas comunicadas à UIF;
qualquer formato, e retirar documentos das
instalações de uma instituição financeira ou q) Emitir diretivas sobre a forma como apresentar
instituição não financeira; essas comunicações de operações suspeitas.
f) Aplicar medidas e sanções às instituições financeiras 3. Ainda, quanto às instituições financeiras e pessoas
e atividades e profissões não financeiras físicas ou coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
designadas por violação do cumprimento das ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores de jogos de
obrigações, previstas na presente lei, inclusive fortuna ou azar, cabe à entidade de regulação e supervisão:
o poder de cancelar, restringir ou suspender a
autorização, se for caso disso; a) Procurar que aquelas adotem as medidas necessárias
para evitar que os agentes dos crimes ou os
g) Aprovar regulamentos de execução, orientações e respetivos comparticipantes, adquiram ou
recomendações para ajudar as entidades sujeitas sejam beneficiários efetivos de participações de
no cumprimento das obrigações previstas na controlo ou de participações significativas em
presente lei; instituições financeiras ou que nelas ocupem
funções de direção;
h) Aprovar regulamentos que obriguem as entidades
sujeitas a aplicar medidas de diligência b) Garantir que as instituições financeiras
reforçadas, ou outras medidas, relativamente implementem políticas empresariais consistentes
a relações de negócio e operações com pessoas de acordo com as leis nacionais e os padrões
singulares e coletivas e instituições financeiras internacionais de supervisão, que devem
de países que não aplicam normas internacionais ser também aplicadas à supervisão em base
de prevenção à lavagem de capitais ou não as consolidada.
aplicam de forma satisfatória;
4. Tratando-se de atividades e profissões não financeiras
i) Cooperar e partilhar informações com outras designadas, cabe à entidade de regulação e supervisão
autoridades competentes no tocante a proceder à fiscalização em função do risco e assegurar a
investigações e processos relativos à lavagem boa aplicação de sistemas de fiscalização adequados a
de capitais, infrações subjacentes associadas; outras categorias de atividades e profissões não financeiras
designadas que garantam que o regime de prevenção de
j) Verificar se as sucursais estrangeiras e as filiais
lavagem de capitais seja implementado.
maioritárias das entidades sujeitas, adotam
e aplicam medidas para dar cumprimento ao Artigo 5.º-A
disposto na presente lei;
Deveres das entidades sujeitas
k) Colaborar sem demora e de forma eficaz com
suas homólogas que desempenhem funções As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho
equivalentes, bem como com outras autoridades da respetiva atividade, ao cumprimento dos seguintes
competentes, quer nacionais quer estrangeiras, deveres:
nomeadamente na troca de informações;
a) Dever de avaliação e abordagem dos riscos;
l) Estabelecer e aplicar critérios de idoneidade e
adequação para a titularidade, controlo ou b) Dever de identificação e verificação de identidade;
participação, direta ou indireta, na direção, gestão c) Dever de diligência relativo à clientela;
ou funcionamento de instituições financeiras;
d) Dever de recusa;
m) Estabelecer regras e normas relativas às
percentagens de participação de accionistas e) Dever de conservação;
em instituições financeiras de controlo de
ações maioritárias e de participação, direta f) Dever de exame;
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 763
3. As avaliações previstas no número 1 devem ser Dever de identificação e verificação de identidade específico
atualizadas, documentadas e colocadas à disposição das
autoridades competentes e dos organismos de regulação 1. As companhias de seguros e os intermediários de
e supervisão. serviços de seguros devem identificar os clientes e verificar
4. As entidades sujeitas devem adotar medidas adequadas a sua identidade, sempre que os prémios de seguros pagos
para identificar, avaliar e compreender os respetivos riscos durante um ano excedam 110.000$00 (cento e dez mil
de lavagem de capital, nomeadamente o risco de cliente, escudos), se o pagamento for realizado sob a forma de
risco-país ou risco geográfico, fatores de riscos associados um prémio único excedendo 220.000$00 (duzentos e vinte
ao produto, serviço, operação ou canal de distribuição, mil escudos) e no caso de contratos de seguros de pensões
estando obrigados a: relacionados com o emprego ou a atividade profissional
do segurado, quando estes contratos contenham uma
a) Documentar as respetivas avaliações dos riscos; cláusula de remissão e possam ser usados como garantias
b) Considerar todos os fatores de risco relevantes de empréstimos.
antes de determinar o nível de risco global e o
nível adequado e tipo de medidas de atenuação 2. No caso de concessionários de exploração de jogos e
a aplicar; casinos o dever de identificação e verificação da identidade
dos frequentadores deve ser feito à entrada da sala de
c) Manter essas avaliações atualizadas; e jogo ou quando adquirirem ou trocarem fichas de jogo,
ou símbolos convencionais utilizáveis para jogar, num
d) Dispor de mecanismos adequados para comunicar
montante total igual ou superior a 300.000$00 (trezentos
a informação sobre a avaliação dos riscos às
mil escudos).
autoridades competentes e aos organismos de
auto-regulação.
3. Os concessionários de casinos devem emitir cheques
5. As entidades sujeitas devem ainda: seus, obrigatoriamente nominativos e cruzados, com
indicação de cláusula proibitiva de endosso apenas:
a) Dispor de políticas, procedimentos e controlos, que
devem ser aprovados pela alta direção, para a) Em troca de fichas ou símbolos convencionais à
atenuar e gerir eficazmente os riscos de lavagem ordem dos frequentadores identificados que os
de capitais identificados ao nível das pessoas tenham adquirido através de cartão bancário ou
sujeitas, dos países ou das zonas geográficas; cheque não inutilizado e no montante máximo
b) Aplicar medidas especificamente orientadas para equivalente ao somatório das aquisições;
a gestão dos riscos de lavagem de capitais, caso
estabeleçam relações de negócio ou executem b) Para pagamentos de prémios à ordem dos
operações com um cliente que não esteja frequentadores premiados previamente
fisicamente presente para efeitos de identificação; identificados e resultantes das combinações
do plano de pagamentos das máquinas ou de
c) Assegurar que as medidas destinadas a impedir ou a sistemas de prémio acumulado.
mitigar a lavagem de capitais são proporcionais aos
riscos identificados e lhes permitem desenvolver 4. A identidade dos frequentadores do casino deve ser
os seus recursos de modo mais eficaz possível. sempre objeto de registo.
764 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
9. Prestador de serviços a sociedades e a fundos fiduciários, 3. As instituições financeiras devem assegurar-se que
devem identificar os seus clientes sempre que preparem as suas instituições clientes não permitam que as suas
ou efetuem operações para um cliente no quadro das contas sejam utilizadas por bancos de fachada.
atividades descritas na alínea j) do número 6 artigo 5.º. Artigo 10-B.º
10. As entidades que procedam a pagamentos a vencedores Transferência de fundos ou de valores
de prémios de apostas ou lotarias devem proceder à
identificação e verificação da identidade do beneficiário 1. Os prestadores de serviços de fundos ou de valores
do pagamento, sempre que o valor do prémio seja igual devem manter uma lista atualizada dos seus agentes que
ou superior a 600.000$00 (seiscentos mil escudos). podem ceder às autoridades competentes.
Artigo 8.º-B 2. Quando recorram a agentes devem assegurar que
Elementos de identificação e verificação da identidade de
estes se incluam nos seus programas anti lavagem de
clientes capitais e controlem o cumprimento destes programas
por parte dos mesmos agentes.
1. A identificação das pessoas singulares deve incluir
Artigo 10.º-C
o nome completo, filiação, estado civil, profissão, data e
lugar de nascimento, residência, Número de Identificação Novas tecnologias
Fiscal, o local de trabalho, o número de contato, o endereço
eletrónico. 1. A autoridade central em matéria de cooperação
internacional em matéria penal, as instituições financeiras
2. A verificação é efetuada pela apresentação de qualquer e as atividades e profissões não financeiras designadas
documento de identificação oficial válido, onde conste a devem identificar e avaliar os riscos de lavagem de capitais
respetiva fotografia e assinatura. que possam resultar:
3. A identificação das pessoas coletivas deve incluir; a) Do desenvolvimento de novos produtos e novas
práticas comerciais, nomeadamente novos
a) Nome, natureza e forma legal, lugar da sede;
mecanismos de distribuição,
b) Identidade dos gerentes ou administradores;
b) Da utilização de tecnologias novas ou em fase
c) Identificação de quem detém os poderes para as de desenvolvimento relacionadas com novos
obrigar. produtos ou com produtos pré-existentes.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 765
2. As entidades sujeitas devem avaliar o risco antes do e o seu perfil de risco, qualquer conduta, atividade ou
lançamento dos novos produtos ou práticas comerciais operações cujos elementos caraterizadores o tornem
ou da utilização de tecnologias novas ou em fase de suscetível de estar relacionada com a lavagem de capitais.
desenvolvimento.
2. Para efeitos do número anterior o exame da operação
3. Ainda, as entidades sujeitas devem adotar medidas deve incidir, nomeadamente, sobre:
adequadas para gerir e mitigar esses riscos.
a) A natureza, a finalidade, a frequência, a complexidade,
Artigo 14.º-A a invulgaridade e a atipicidade da conduta,
Adequação ao grau de risco atividade ou operação;
1. Sem prejuízo do dever de diligência reforçada, as 1. As entidades sujeitas devem abster-se de executar
entidades sujeitas devem examinar com especial cuidado qualquer operação sempre que saibam ou suspeitem
e atenção, de acordo com a sua experiência profissional, o estar relacionada com a prática dos crimes de lavagem
seu conhecimento do cliente, as suas atividades comerciais de capitais e informar desse fato a UIF.
766 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
Destino dos bens perdidos a favor do Estado 1. As autoridades nacionais competentes devem garantir
a cooperação internacional com as suas congéneres
1. Os bens e valores declarados perdidos a favor do
estrangeiras em matéria de prevenção e repressão da
Estado são destinados nos termos da Lei n.º 18/VIII/2012,
lavagem de capitais.
de 13 de Setembro, que criou Gabinete de Recuperação
de Ativos (GRA) e do Gabinete de Administração de Bens 2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
(GAB) e estabeleceu ainda as regras de administração construtivo e efetivo, devendo ser assegurados mecanismos
dos bens recuperados, apreendidos ou perdidos a favor eficazes de troca de informação.
do Estado.
3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
2. Não devem ser vendidos os bens, objetos ou ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
instrumentos confiscados pelo Estado que, pela sua podendo ser referente à lavagem de capitais, bem como
natureza ou caraterísticas, podem ser utilizados para em relação aos fatos ilícitos típicos de onde provêm as
cometer outros crimes. vantagens.
3. Não devem ser destruídos os bens, objetos ou 4. A troca de informação não pode ser recusada ou
instrumentos confiscados que tenham interesse criminal, sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
científico ou didático. ou restritiva.
4. Na falta de acordo internacional, os bens, valores 5. A cooperação internacional não pode ser recusada
ou produtos apreendidos à solicitação de autoridade unicamente com o fundamento de que o pedido está
estrangeira, bem como os fundos provenientes da sua relacionado com questões fiscais.
768 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
2. Compete à UIF, no âmbito das suas atribuições e c) Estiver pendente a partir da notificação do despacho
competências legais, e às autoridades de regulação e supervisão que procede ao exame preliminar do recurso da
mencionadas no artigo 4.º, emitir alertas e difundir informação decisão da autoridade de supervisão e inspeção
atualizada sobre tendências e práticas conhecidas, com o que aplica a coima, até à decisão final do recurso.
propósito de prevenir a lavagem de capitais.
2. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número
3. A UIF deve dar o retorno oportuno de informação anterior, a suspensão não pode ultrapassar um ano.
às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão
e de fiscalização mencionadas no artigo 4.º, sobre o Artigo 41.º-B
encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas
Interrupção da prescrição
de lavagem de capitais, por aquelas comunicadas.
Artigo 31.º-I 1. A prescrição do procedimento por contraordenação
Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos interrompe-se com a:
1. Cabe à UIF preparar e manter atualizados dados a) Qualquer notificação, nomeadamente comunicação
estatísticos relativos ao número de transações suspeitas ao arguido dos despachos, decisões ou medidas
comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais contra eles definidos;
comunicações.
b) Realização de quaisquer diligências de prova,
2. As autoridades judiciárias, por intermédio do designadamente exames e buscas, ou com o
membro do Governo responsável pela área da Justiça, pedido de auxílio às autoridades policiais ou a
bem como as autoridades policiais devem remeter à UIF, qualquer autoridade administrativa;
anualmente, os dados estatísticos relativos à lavagem
de capitais, nomeadamente o número de denúncias c) Notificação ao arguido para exercício do direito de
realizadas, processos-crimes abertos, pessoas acusadas, audição ou com as declarações por ele prestadas
pessoas condenadas, pessoas extraditadas, pedidos de no exercício desse direito;
cartas rogatórias recebidos e solicitados, montante dos
bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a d) Decisão da autoridade de supervisão e inspeção
favor do Estado. que procede à aplicação da coima.
3. As autoridades judiciárias devem criar um sistema 2. Nos casos de concurso de infrações, a interrupção da
destinado a manter estatísticas completas sobre auxílio prescrição do processo criminal determina a interrupção
judiciário mútuo referente a apreensão, congelamento e da prescrição do procedimento contraordenacional.
confiscação de bens, extradição, bem como outros pedidos
de cooperação solicitados ou recebidos. 3. A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando,
Artigo 36.º-A desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão,
tiver decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade.
Aplicação no espaço
Artigo 41.º-C
Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
presente capítulo é aplicável a: Suspensão da prescrição da coima
a) Fatos praticados em território cabo-verdiano;
A prescrição do pagamento da coima suspende-se
b) Fatos praticados fora do território nacional de que durante o tempo em que:
sejam responsáveis as entidades referidas no
artigo 5.º, atuando por intermédio de sucursais a) Por força da lei ou regulamento a execução não
ou em prestação de serviços. pode começar ou não pode continuar a ter lugar;
1. A prescrição da coima interrompe-se com o início da Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
sua execução, em caso de pagamento fracionado. dia de coima é fixado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
2. A prescrição da coima ocorre quando, desde o seu respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
início e ressalvado o tempo de suspensão, tiver decorrido ou entidade equiparada.
o prazo normal da prescrição acrescido de metade.
Artigo 46.º-C
Artigo 44.º-A
Punição de atos preparatórios
Contraordenações leves
São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
1. Constituem contraordenações leves punidas com na presente lei.”
coima de 100.000$00 (cem mil escudos) a 2.000.000$00
(dois milhões de escudos): Artigo 3.º
Revogação
a) O incumprimento por Organização de Sociedade
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação É revogado o artigo 11.º da Lei n.º 38/VII/2009, de 27
estabelecida nos números 2 e 4 no artigo 20.º-A; de abril.
b) Os incumprimentos de obrigações estabelecidos Artigo 4.º
especificamente na presente lei que não constituam
infração especialmente grave ou grave. Republicação
2. Quando a infração for praticada por uma pessoa É republicada, em anexo à presente lei, a Lei n.º 38/VII/2009,
singular, a coima é de 50.000$00 (cinquenta mil escudos) de 27 de abril, com as modificações ora introduzidas, e
a 1.000.000$00 (um milhão de escudos). procedendo à renumeração dos artigos.
1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes A presente lei entra em vigor no dia seguinte ao da
circunstâncias: sua publicação.
Ao crime previsto na presente lei são subsidiariamente 2. Compete, especialmente, às autoridades de regulação
aplicáveis as normas do Código Penal, Código de Processo e supervisão:
Penal, a lei que estabelece os princípios gerais da cooperação
a) Editar regras de boas práticas com o propósito de
judiciária internacional em matéria penal.
combater a lavagem de capitais e de outros bens;
Artigo 4.º
b) Garantir que as entidades sujeitas estão a cumprir
Entidades sujeitas as suas obrigações no âmbito da alínea a) do
artigo 8.º.
Estão obrigadas ao cumprimento dos deveres previstos
na presente lei as instituições financeiras e as atividades c) Acompanhar e fiscalizar a aplicação das regras e
e profissões não financeiras designadas que tenham medidas de prevenção aos respetivos setores;
a sua sede no território nacional, assim como as suas
sucursais, filiais e outras formas de representação que d) Recolher informação e outros dados junto das
estejam sediadas aqui ou no exterior. entidades sujeitas e executar inspeções no
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 773
local ao nível do grupo, podendo as autoridades o) Determinar o tipo e o âmbito de medidas a adotar
de regulação e supervisão delegar as suas pelas entidades sujeitas para cada um dos
competências a outras entidades; requisitos estabelecidos no artigo 9.º, tendo em
consideração o risco de lavagem de capitais e
e) Ordenar, quando e sempre que necessário, a o volume da atividade comercial;
apresentação de quaisquer informações
relevantes, obter cópias de documentos, em p) Informar as entidades sujeitas sobre o destino
qualquer formato, e retirar documentos das das operações suspeitas comunicadas à UIF;
instalações de uma instituição financeira ou
instituição não financeira; q) Emitir diretivas sobre a forma como apresentar
essas comunicações de operações suspeitas.
f) Aplicar medidas e sanções às instituições financeiras
e atividades e profissões não financeiras 3. Ainda, quanto às instituições financeiras e pessoas
designadas por violação do cumprimento das físicas ou coletivas que exploram casinos, jogos de fortuna
obrigações, previstas na presente Lei, inclusive ou azar, lotarias, apostas mútuas e promotores de jogos de
o poder de cancelar, restringir ou suspender a fortuna ou azar, cabe à entidade de regulação e supervisão:
autorização, se for caso disso;
a) Procurar que aquelas adotem as medidas necessárias
g) Aprovar regulamentos de execução, orientações e para evitar que os agentes dos crimes ou os
recomendações para ajudar as entidades sujeitas respetivos comparticipantes, adquiram ou
no cumprimento das obrigações previstas na sejam beneficiários efetivos de participações de
presente Lei; controlo ou de participações significativas em
instituições financeiras ou que nelas ocupem
h) Aprovar regulamentos que obriguem as entidades funções de direção;
sujeitas a aplicar medidas de diligência
reforçadas, ou outras medidas, relativamente b) Garantir que as instituições financeiras
a relações de negócio e operações com pessoas implementem políticas empresariais consistentes
singulares e coletivas e instituições financeiras de acordo com as leis nacionais e os padrões
de países que não aplicam normas internacionais internacionais de supervisão, que devem
de prevenção à lavagem de capitais, ou não as ser também aplicadas à supervisão em base
aplicam de forma satisfatória; consolidada.
vi. As sociedades emitentes ou gestoras de cartões d) As pessoas, físicas ou jurídicas, que se dedicam
de crédito; habitualmente ao comércio ou organizam a
venda de joias, pedras ou metais preciosos,
vii. As sociedades de garantia mútua; objetos de arte ou antiguidades;
ix. Outras que como tal sejam qualificadas pela lei; f) As entidades que exerçam atividades de promoção
imobiliária, mediação imobiliária, compra e venda
b) As instituições de moeda eletrónica; de imóveis, bem como entidades construtoras
que procedam à venda direta de imóveis;
c) As seguradoras e as sociedades gestoras de fundos
de pensões; g) Os comerciantes que transaccionem bens cujo
pagamento seja efetuado em numerário, em
d) Os fundos de pensões e os organismos de montante igual ou superior a 1.000.000$00 (um
investimento coletivo desde que dotadas de milhão de escudos), independentemente de a
personalidade jurídica; transação ser realizada através de uma única
operação ou de várias operações aparentemente
e) As sociedades gestoras de fundos de investimento relacionadas entre si;
e as sociedades depositárias de valores afetos
a fundos de investimento, de acordo com o h) As organizações sem fins lucrativos, nos termos
Decreto-lei n.º 15/2005, de 14 de fevereiro; estabelecidos pelo artigo 35.º;
d) Os serviços postais, na medida em que prestem v. Criação, operação e gestão de pessoas coletivas
atividades financeiras ao público. ou de entidades sem personalidade jurídica e
compra e venda de entidades comerciais;
4. Ainda, consideram-se instituições financeiras outras
definidas em legislação específica. vi. Alienação e aquisição de direitos sobre
praticantes de atividades desportivas
5. São abrangidas também as sucursais, filiais e agências profissionais;
situadas em território nacional, das entidades referidas no
número anterior que tenham a sua sede no estrangeiro, j) Os prestadores de serviços a sociedades e a fundos
bem como as sucursais financeiras exteriores. fiduciários sempre que preparem ou efetuem
operações para um cliente no quadro das
6. São atividades e profissões não financeiras designadas: seguintes atividades:
a uma sociedade ou a qualquer outra pessoa 2. Será designada em diploma próprio, no prazo de
coletiva ou a entidades sem personalidade cento e vinte dias após a entrada em vigor desta lei, a
jurídica; autoridade competente para coordenar a resposta nacional
aos riscos mencionados no número anterior.
iv. Atuação como administrador de um fundo
fiduciário explícito ou o exercício de função 3. As avaliações previstas no número 1 devem ser
equivalente para outros tipos de entidade atualizadas, documentadas e colocadas à disposição das
sem personalidade jurídica ou procedam às autoridades competentes e dos organismos de regulação
diligências necessárias para que outra pessoa e supervisão.
atue das formas referidas;
4. As entidades sujeitas devem adotar medidas adequadas
v. Intervenção como acionistas por conta de outra para identificar, avaliar e compreender os respetivos riscos
pessoa ou proceder às diligências necessárias de lavagem de capitais, nomeadamente o risco de cliente,
para que outra pessoa intervenha dessa forma. risco-país ou risco geográfico, fatores de riscos associados
ao produto, serviço, operação ou canal de distribuição,
k) As outras atividades e profissões que vierem a ser estando obrigados a:
designadas por lei.
a) Documentar as respetivas avaliações dos riscos;
Artigo 8.º
b) Considerar todos os fatores de risco relevantes
Deveres das entidades sujeitas antes de determinar o nível de risco global e o
nível adequado e tipo de medidas de atenuação
As entidades sujeitas estão vinculadas, no desempenho
a aplicar;
da respetiva atividade, ao cumprimento dos seguintes
deveres: c) Manter essas avaliações atualizadas; e
a) Dever de avaliação e abordagem dos riscos; d) Dispor de mecanismos adequados para comunicar
a informação sobre a avaliação dos riscos às
b) Dever de identificação e verificação de identidade; autoridades competentes e aos organismos de
c) Dever de diligência relativo à clientela; auto-regulação.
sido devidamente identificadas. É vedada, em particular, tenham adquirido através de cartão bancário ou
a abertura, contratação ou manutenção de contas, ativos cheque não inutilizado e no montante máximo
ou instrumentos numerados, cifrados, anónimos ou com equivalente ao somatório das aquisições;
nomes fitícios.
b) Para pagamentos de prémios à ordem dos
4. Os elementos relativos à identificação do cliente frequentadores premiados previamente
devem ser anotados, por escrito, em impresso próprio identificados e resultantes das combinações
ou no documento comprovativo da operação realizada. do plano de pagamentos das máquinas ou de
sistemas de prémio acumulado.
5. A identificação de centros de interesses coletivos
sem personalidade jurídica constituídos de acordo com o 4. A identidade dos frequentadores do casino deve ser
direito estrangeiro ou instrumentos legais semelhantes, sempre objeto de registo.
sem personalidade jurídica, deve incluir a obtenção e
5. As entidades pagadoras de prémios de apostas ou
verificação do nome dos administradores, instituidores
lotarias devem identificar os vencedores dos prémios
e beneficiários.
sempre que o montante ganho for igual ou superior a
6. Sempre que a entidade sujeita tenha conhecimento 600.000$00 (seiscentos mil escudos).
ou fundada suspeita de que o cliente não atua por conta 6. As entidades que exerçam atividades de mediação,
própria, deve tomar medidas adequadas que lhe permitam promoção imobiliária, compra e venda de imóveis, bem
conhecer a identidade da pessoa ou entidade por conta como entidades construtoras que procedam à venda
de quem o cliente está a atuar, nomeadamente dos direta de imóveis, devem identificar os seus clientes,
beneficiários efetivos. representantes e beneficiários efetivos, sempre que
7. As entidades sujeitas devem também verificar se realizem operações para os seus clientes, devendo ainda
os representantes dos clientes se encontram legalmente recolher os seguintes elementos:
habilitados a atuar em seu nome ou representação. a) Identificação clara dos intervenientes;
8. A obrigação de identificação prevista no presente b) Montante global do negócio jurídico;
artigo aplica-se também aos clientes já existentes quanto
às operações em curso e às futuras. c) Menção dos respetivos títulos representativos;
a) Em troca de fichas ou símbolos convencionais à 1. A identificação das pessoas singulares deve incluir
ordem dos frequentadores identificados que os o nome completo, filiação, estado civil, profissão, data e
778 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
lugar de nascimento, residência, Número de Identificação deve abrir a conta, iniciar a relação de negócio ou efetuar
Fiscal, o local de trabalho, o número de contato, o endereço a operação, ou ainda, fazer cessar a relação de negócio e,
eletrónico. considerar a possibilidade de fazer uma comunicação de
operação suspeita à UIF.
2. A verificação é efetuada pela apresentação de qualquer
documento de identificação oficial válido, onde conste a 4. Os procedimentos de diligência relativos à clientela
respetiva fotografia e assinatura. são aplicáveis quer aos novos clientes, quer aos existentes,
de modo regular e em função do nível de risco existente.
3. A identificação das pessoas coletivas deve incluir;
5. Considerando a avaliação do risco representado pelo
a) Nome, natureza e forma legal, lugar da sede; tipo de cliente, pela relação de negócio ou transação, as
b) Identidade dos gerentes ou administradores; entidades de regulação e supervisão podem determinar,
através de regulamento, as situações em que as obrigações
c) Identificação de quem detém os poderes para as constantes previstas na presente Lei podem ser reduzidas
obrigar. ou simplificadas, em relação à identificação e verificação
da identidade do cliente ou do beneficiário efetivo.
4. A verificação da identificação das pessoas coletivas é
efetuada pela apresentação da certidão dos seus estatutos. 6. Para além da identificação dos clientes, dos seus
representantes e dos beneficiários efetivos as entidades
5. A identificação de fundos fiduciários constituídos de sujeitas devem:
acordo com o direito estrangeiro ou instrumentos legais
semelhantes, sem personalidade jurídica, deve incluir a) Obter informação sobre a finalidade e a natureza
a obtenção e verificação do nome dos administradores, pretendida da relação de negócio;
instituidores e beneficiários.
b) Obter informação relativa a clientes que sejam
Artigos 15.º pessoas coletivas ou entidades sem personalidade
Dever de diligência relativo ao cliente jurídica, que permita compreender a estrutura
de propriedade e de controlo do cliente;
1. As entidades sujeitas devem adotar, para além da
identificação dos clientes, representantes e beneficiários c) Obter informação, quando o perfil de risco do
efetivos, as seguintes medidas de diligência em relação cliente ou as caraterísticas da operação o
aos clientes: justifiquem, sobre a origem e o destino dos
fundos movimentados no âmbito de uma relação
a) Tomar medidas adequadas que lhes permitam de negócio ou na realização de uma transação
compreender a estrutura de propriedade e de ocasional;
controlo do cliente e determinar a identidade
da pessoa singular que efetivamente detêm d) Manter um acompanhamento contínuo da relação
poderes ou controlam o cliente; de negócio, a fim de assegurar que tais operações
são consistentes com o conhecimento que a
b) Compreender e, quando adequado, obter informação instituição possui do cliente, dos seus negócios
sobre o objeto e a natureza da relação de negócio; e do seu perfil de risco, incluindo se necessário
a origem dos fundos;
c) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio. e) Manter atualizados os elementos de informação
obtidos no decurso da relação de negócio.
d) Manter uma vigilância contínua sobre a relação de
negócio e examinar atentamente as operações 7. Salvo quando existam suspeitas de lavagem de capitais,
realizadas no decurso dessa relação, para as entidades sujeitas ficam dispensadas do cumprimento
assegurar que essas operações são consistentes dos deveres enunciados nos númeross 1 e 2 deste artigo
com o conhecimento que a instituição tem do e no artigo 12.º, nas situações em que o cliente seja:
cliente, dos seus negócios e do seu perfil de risco,
incluindo, se necessário, a origem dos fundos. a) Estado, autarquias ou pessoa coletiva de direito
público, de qualquer natureza;
2. Essas medidas devem ser adotadas sempre que:
b) Entidade que presta serviços postais;
a) Estabeleçam relações de negócio;
c) Autoridade ou organismo público sujeito a práticas
b) Efetuem transações ocasionais, acima de contabilísticas transparentes e objeto de
1.000.000$00 (um milhão de escudos); fiscalização.
c) Exista suspeita de lavagem de capitais; ou 8. Nos casos previstos no número anterior, as entidades
d) Tenha dúvidas quanto à veracidade ou à adequação sujeitas devem, em qualquer caso, recolher informação
dos dados de identificação do cliente previamente suficiente para verificar se o cliente se enquadra numa
obtidos. das categorias ou profissões, bem como acompanhar a
relação negocial de forma a poder detetar transações
3. Quando as entidades sujeitas não puderem dar complexas ou de valor anormalmente elevado que não
cumprimento ao previsto nas alíneas a) e b) do n.º 1, não aparentem ter objetivo económico ou fim lícito.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 779
c) Nos regimes de pensão, planos complementares de 1. Nenhum banco pode operar em Cabo Verde se
pensão ou regimes semelhantes de pagamento não dispuser de presença física no país, se não estiver
de prestações de reforma aos trabalhadores licenciado pelo Banco de Cabo Verde e não pertencer a
assalariados, com contribuições efetuadas um grupo financeiro regulamentado sujeito a supervisão
mediante dedução nos salários e cujo regime numa base consolidada.
vede aos beneficiários a possibilidade de
transferência de direitos. 2. As instituições financeiras não devem estabelecer
nem manter relações de negócio:
Artigo 16.º
d) Recolher informação sobre a natureza das atividades 2. Quando recorram a agentes devem assegurar que
da instituição que solicita a relação; estes se incluam nos seus programas anti lavagem de
capitais e controlem o cumprimento destes programas
e) Avaliar a reputação da instituição que solicita a por parte dos mesmos agentes.
relação e a natureza da supervisão a que está
sujeita, de acordo com a informação disponível Artigo 19.º
publicamente;
Novas tecnologias
f) Determinar se a instituição foi sujeita a investigação
ou a medida regulamentar envolvendo crime 1. A autoridade central em matéria de cooperação
de lavagem de capitais; internacional em matéria penal, as instituições financeiras
780 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
capitais para esse efeito designados pelo Grupo de Ação Artigo 25.º
Financeira Internacional, os quais devem ser eficaz e Dever de conservação de documentos
proporcional aos riscos.
1. As entidades sujeitas devem conservar, por um
7. As entidades sujeitas devem considerar a possibilidade período mínimo de sete anos após o momento em que
de fazer uma declaração suspeita quando: foi efetuada a transação ou a partir do fim da relação
de negócio ou após a data da transação, sob qualquer
a) Se vê impossibilitada de verificar a identidade do
forma de suporte, os originais ou cópias dos seguintes
cliente ou do beneficiário efetivo;
documentos, internos ou internacionais:
b) Iniciou uma relação de negócio e se vê
a) Demonstrativos da identidade dos clientes,
impossibilitada de verificar satisfatoriamente a
beneficiários e representados;
identidade do cliente ou do beneficiário efetivo
e, ainda pôr termo à relação de negócio. b) Cópias dos registos relativos às transações
executadas, de modo a permitir a reconstituição
Artigo 23.º
das transações, bem como os relatórios escritos
Adequação ao grau de risco referidos na presente lei.
1. No cumprimento dos deveres de identificação e de 2. No caso das instituições financeiras, para além
diligência previstos nos artigos 12.º, 15.º e 22.º, as entidades dos documentos constantes do número anterior, devem
sujeitas devem adaptar a natureza e a extensão dos conservar as fichas de abertura de contas de depósito
procedimentos de verificação e das medidas de diligência, e correspondência relacionada, durante, pelo menos, o
em função do risco associado ao tipo de cliente, à relação período de sete anos a seguir ao encerramento da conta
de negócio, ao produto, à transação e à origem ou destino ou ao fim da relação de negócio.
dos fundos.
3. As entidades sujeitas, sempre que solicitadas, devem
2. As entidades sujeitas devem estar em condições de fornecer cópias dos documentos referidos nos números
demonstrar a adequação dos procedimentos adotados anteriores às autoridades competentes e à UIF, para
nos termos do número anterior, sempre que tal lhes efeitos de investigação do crime de lavagem de capitais
seja solicitado pela competente autoridade de regulação e inteligência de informações.
e supervisão. Artigo 26.º
6. No caso das transferências eletrónicas transfronteiriças, 1. As entidades sujeitas devem aprovar, por escrito e:
as instituições financeiras intermediárias devem:
a) Desenvolver políticas, procedimentos, programas,
a) Assegurar que conservem as informações sobre o sistemas e controlos internos de prevenção de
ordenante ou o beneficiário que acompanham lavagem de capitais que incluam dispositivos
a transferência eletrónica; adequados de observância regulatória;
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 783
3. Ainda, as entidades sujeitas devem possuir uma a) Aplicar medidas equivalentes às previstas
função de auditoria interna independente dos demais na presente lei em matéria de deveres de
serviços, com funcionários especificamente destacados identificação, de diligência, de conservação e
para esse efeito. de formação;
ser congelados ou apreendidos e que sejam necessários à 3. Não constitui violação do dever enunciado no número
instrução do processo por crime de lavagem de capitais, anterior, a divulgação de informações, legalmente devidas,
afastando a obrigação de sigilo. às autoridades de supervisão ou de fiscalização previstos
na presente lei, incluindo os organismos de regulação
2. As informações constantes do número anterior devem profissional das atividades e profissões não financeiras
ser transmitidas à UIF e às entidades de regulação e designadas sujeitas à presente lei.
supervisão previstos na presente lei, sempre que estes
o solicitarem. 4. Quem, ainda que com negligência, revelar ou
favorecer a descoberta da identidade de quem forneceu
3. O não cumprimento do dever nos termos dos números informações, ao abrigo dos artigos referidos no número
1 e 2, ainda que negligente, faz incorrer o seu agente anterior, é punido com pena de prisão até três anos ou
num crime de desobediência qualificada, além de coima. com pena de multa.
Artigo 32.º 5. O disposto no número 1 também não impede a
Dever de abstenção
divulgação da informação, para efeitos de prevenção
da lavagem de capitais entre instituições congéneres,
1. As entidades sujeitas devem abster-se de executar baseada no memorando de entendimento ou desde que
qualquer operação sempre que saibam ou suspeitem haja reciprocidade, em matéria de prevenção à lavagem
estar relacionada com a prática dos crimes de lavagem de capitais.
de capitais e informar desse fato a UIF. Artigo 34.º
4. O Procurador-geral da República notifica a entidade 2. Para além do enunciado no número anterior, as entidades
comunicante da sua decisão dando também conhecimento sujeitas devem comunicar à UIF, independentemente
à UIF. da suspeita, as operações em numerário de que tenham
conhecimento cujos montantes sejam iguais ou superiores,
5. No caso da entidade sujeita considerar que a suspensão tratando-se de uma única ou várias operações que parecem
referida no número 1 não é possível ou que, após consulta ligadas, a:
à UIF, pode ser suscetível de prejudicar a prevenção ou
a futura investigação do crime de lavagem de capitais, a a) 1.000.000$00 (um milhão de escudos) para:
operação pode ser realizada, devendo a entidade sujeita
fornecer, de imediato, à UIF as informações respeitantes i. Operações de depósito em instituições bancárias,
à operação. compra de ações e aplicações financeiras;
4. Às informações prestadas nos termos do número 4. Para efeito do número anterior, as organizações
anterior é aplicável o regime previsto no artigo 33.º. sem fins lucrativas ficam sujeitas durante o período de
sete anos a conservar todos os registos de identificação
5. As informações fornecidas no presente artigo apenas das pessoas que forneçam ou recebam a título gratuito
podem ser utilizadas em processo penal, não podendo fundos ou recursos da fundação, nos termos dos artigos
ser revelada, em caso algum, a identidade de quem as 12.º, 14.º e 15.º, devendo estes registos estar à disposição
forneceu. da UIF e da autoridade judiciária.
6. As comunicações recebidas e os relatórios disseminados
pela UIF ao Procurador-geral da República não têm valor 5. O disposto nos números anteriores será aplicável às
probatório e não podem ser incorporadas nos processos associações, correspondendo em tais casos aos órgãos do
judiciais ou administrativos. governo ou da assembleia geral, aos membros dos órgãos
de representação que gere os interesses da associação e
7. A UIF valora a qualidade das comunicações recebidas o organismo encarregado de verificar a sua constituição,
das entidades sujeitas e notifica-lhes periodicamente. no exercício das suas funções.
8. As comunicações de operações suspeitas devem conter 6. Atendendo aos riscos a que se encontram expostos
as seguintes informações: o setor, são extensíveis às fundações e às associações as
a) Relação e identificação das pessoas físicas ou restantes obrigações estabelecidas na presente lei.
jurídicas que participam na operação e conceito Artigo 36.º
de sua participação na mesma;
Suspensão de execução da operação
b) Atividade conhecida das pessoas físicas ou jurídicas
na operação e correspondência entre a atividade 1. As entidades sujeitas, podem, quando haja receio
e a operação; do desaparecimento dos fundos, sem informar o cliente,
c) Relação de operações vinculadas e datas a que se suspender a execução de quaisquer operações que
referem com indicação da sua natureza, profissão, fundadamente suspeitem estar relacionadas com a
moeda em que se realizam, quantia, lugar ou prática dos crimes previstos no artigo 39.º e informar
lugares de execução, finalidade e instrumentos desse fato à UIF.
de pagamentos ou descontos realizados;
2. A UIF deve imediatamente transmitir o pedido
d) Medidas tomadas pelo sujeito obrigado ao comunicante ao Procurador-geral da República ou ao magistrado do
em investigar a operação comunicada; Ministério Público, por ele designado.
1. As organizações sem fins lucrativos devem: 1. O Banco de Cabo Verde deve igualmente informar
a) Produzir relatórios, anualmente ou sempre que a UIF sempre que, na sua atividade de inspeção ou de
haja alteração no objeto e a finalidade das suas qualquer outro modo, tenha conhecimento de fatos que
atividades; indiciem a prática de crime previsto na presente lei.
b) Identificar a pessoa ou pessoas que gerem, controlam 2. Às informações prestadas nos termos do número
suas atividades, e compreendem os dirigentes, anterior é aplicável o regime previsto nos artigos 31.º e
os membros do conselho de administração e os 34.º da presente ei.
administradores.
Artigo 38.º
2. Igualmente, as organizações sem fins lucrativos
devem publicar anualmente, no boletim oficial ou no Exclusão de responsabilidade
quadro de anúncios legais, seus estados financeiros com
1. Não constitui violação do dever de sigilo bancário,
a divulgação das suas despesas e receitas.
nem envolve responsabilidade penal, civil, disciplinar
3. Os dirigentes ou responsáveis das organizações não- ou contraordenacional a prestação de informação ou
governamentais, em exercício de funções, o pessoal com colaboração, fundadamente e de boa-fé para quem as
responsabilidade pela gestão das mesmas zelam para que tiver prestado ou para a instituição a que se encontrar
estas não sejam utilizadas para a lavagem de capitais. vinculado.
786 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
4. A punição pelo crime de lavagem de capitais previstos Responsabilidade criminal das pessoas coletivas
nos números anteriores tem lugar ainda que o fato ilícito
relativo à infração principal tenha sido praticado no 1. As pessoas coletivas, ainda que irregularmente
estrangeiro, desde que seja também punível pela legislação constituídas, e as associações sem personalidade jurídica
do lugar em que tiver sido praticado. são responsáveis pelo crime de lavagem de capitais,
quando cometido, em seu nome e no interesse coletivo:
5. O fato será punível ainda que o procedimento criminal
relativo à infração principal depender de queixa e esta a) Pelos seus órgãos ou representantes;
não tiver sido tempestivamente apresentada.
b) Por uma pessoa sob a autoridade destes, quando o
6. Ainda incorre na mesma pena, quem: cometimento do crime se tenha tornado possível
a) Se associar para cometer, tentar cometer, ajudar em virtude de uma violação dolosa dos deveres
ou incitar alguém a cometer ou o aconselhar de vigilância ou controlo que lhes incumbem.
para esse efeito, ou facilitar a execução dos
2. A responsabilidade das entidades referidas no número
fatos previstos nos números anteriores;
anterior não exclui a responsabilidade individual dos
b) Estabeleça ou mantenha relação jurídica de respetivos agentes.
natureza económica com quaisquer sujeitos ou
Artigo 43.º
entidades, sabendo que estão envolvidos em
atividades de lavagem de capitais, ou adquira Penas aplicáveis às pessoas coletivas
ou aumente a participação de controlo relativo
a imóvel, empresa ou outro tipo de pessoa 1. Pelo crime referido no número 1 do artigo anterior
coletiva, ainda que irregularmente constituída, são aplicáveis às entidades aí referidas as seguintes
situados, registados ou constituídos em território penas principais:
nacional ou em outra jurisdição;
a) Multa;
c) For autor da infração principal, praticar os fatos
típicos ilícitos estabelecidos neste número e b) Dissolução judicial.
nos anteriores.
2. A pena de multa é fixada nos termos do Código Penal.
7. Para a comprovação de que um bem é produto do
crime de lavagem de capitais, não é exigível que a pessoa 3. Se a multa for aplicada a uma associação sem
tenha sido condenada por uma infração subjacente. personalidade jurídica, responde por ela o património
comum e, na sua falta ou insuficiência, solidariamente,
8. A negligência é sempre punível. o património de cada um dos associados.
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 787
Destino dos bens perdidos a favor do Estado Cooperação com congéneres estrangeiras
1. Os bens e valores declarados perdidos a favor do 1. As autoridades nacionais competentes devem garantir
Estado são destinados nos termos da Lei n.º 18/VIII/2012, a cooperação internacional com as suas congéneres
de 13 de setembro, que criou Gabinete de Recuperação estrangeiras em matéria de prevenção e repressão da
de Ativos (GRA) e do Gabinete de Administração de Bens lavagem de capitais.
(GAB) e estabeleceu ainda as regras de administração
2. A cooperação deve ser prestada de modo célere,
dos bens recuperados, apreendidos ou perdidos a favor
construtivo e efetivo, devendo ser assegurados mecanismos
do Estado.
eficazes de troca de informação.
2. Não devem ser vendidos os bens, objetos ou 3. A troca de informação deve ser efetuada espontaneamente
instrumentos confiscados pelo Estado que, pela sua ou a pedido do país que submete o pedido de informação,
natureza ou caraterísticas, podem ser utilizados para podendo ser referente à lavagem de capitais, bem como
cometer outros crimes. em relação aos fatos ilícitos típicos de onde provêm as
vantagens.
3. Não devem ser destruídos os bens, objetos ou
instrumentos confiscados que tenham interesse criminal, 4. A troca de informação não pode ser recusada ou
científico ou didático. sujeita a qualquer condição indevida, desproporcionada,
ou restritiva.
4. Na falta de acordo internacional, os bens, valores
ou produtos apreendidos à solicitação de autoridade 5. A cooperação internacional não pode ser recusada
estrangeira, bem como os fundos provenientes da sua unicamente com o fundamento de que o pedido está
venda, são repartidos em partes iguais entre o Estado relacionado com questões fiscais.
requerente e o Estado de Cabo Verde, após decretada a
respetiva perda. 6. A cooperação não pode ser recusada com base em
legislação que imponha deveres de confidencialidade e de
Artigo 50.º sigilo às autoridades nacionais competentes, exceto se as
informações relevantes forem adquiridas em circunstâncias
Cooperação e coordenação nacionais
que envolvam sigilo profissional.
1. O Governo cria por diploma próprio no prazo de Artigo 54.º
cento e vinte dias após a entrada em vigor deste diploma,
Acesso, difusão e retorno da informação
uma comissão interministerial com atribuição de definir
e determinar a coordenação das políticas em matéria de 1. Para cabal desempenho das suas atribuições de
prevenção e combate à lavagem de capitais. prevenção da lavagem de capitais, a UIF pode requerer
e deve ter acesso, em tempo útil, à informação financeira,
2. As autoridades nacionais competentes devem cooperar administrativa, judicial e policial, a qual fica sujeita ao
e, quando necessário, coordenar-se, no âmbito desta disposto ao dever de sigilo.
Comissão, ao nível operacional e da definição de políticas,
para o desenvolvimento e a aplicação de estratégias e de 2. Compete à UIF, no âmbito das suas atribuições e
atividades, com base nos riscos identificados, destinadas competências legais, e às autoridades de regulação e
a prevenir e a combater a lavagem de capitais. supervisão mencionadas no artigo 5.º, emitir alertas e
difundir informação atualizada sobre tendências e práticas
Artigo 51.º
conhecidas, com o propósito de prevenir a lavagem de
Cooperação entre autoridades de regulação e supervisão capitais.
As autoridades responsáveis pela regulação e supervisão 3. A UIF deve dar o retorno oportuno de informação
de entidades sujeitas, devem colaborar com as suas às entidades sujeitas e às autoridades de supervisão
homólogas estrangeiras na prevenção e na luta contra a e de fiscalização mencionadas no artigo 5.º, sobre o
lavagem de capitais e crimes subjacentes. encaminhamento e o resultado das comunicações suspeitas
de lavagem de capitais por aquelas comunicadas.
Artigo 52.º
Artigo 55.º
Cooperação entre as Unidades de Informações Financeiras Recolha, manutenção e publicação de dados estatísticos
1. A UIF pode partilhar informações, quer espontaneamente, 1. Cabe à UIF preparar e manter atualizados dados
quer mediante pedido, com qualquer congénere ou outras estatísticos relativos ao número de transações suspeitas
autoridades competentes estrangeiras, em matéria de comunicadas e ao encaminhamento e resultado de tais
prevenção e combate à lavagem de capitais e crimes comunicações.
subjacentes, numa base de reciprocidade ou de comum
acordo no quadro de acordos de cooperação. 2. As autoridades judiciárias, por intermédio do
membro do Governo responsável pela área da Justiça,
2. Para os efeitos referidos no número anterior a UIF bem como as autoridades policiais devem remeter à UIF,
pode celebrar acordos ou memorandos de entendimentos. anualmente, os dados estatísticos relativos à lavagem
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 789
de capitais, nomeadamente o número de denúncias acusação, só o podendo ser em separado, em ação cível,
realizadas, processos-crimes abertos, pessoas acusadas, nos casos previstos no Código de Processo Penal, com as
pessoas condenadas, pessoas extraditadas, pedidos de necessárias adaptações.
cartas rogatórias recebidos e solicitados, montante dos
Artigo 59.º
bens congelados, apreendidos ou declarados perdidos a
favor do Estado. Autonomia dos crimes previstos nesta lei relativamente
aos crimes antecedentes
3. As autoridades judiciárias devem criar um sistema
destinado a manter estatísticas completas sobre auxílio 1. O processo do crime de lavagem de capitais e de confisco
judiciário mútuo referente a apreensão, congelamento e de bens é autónomo do processo da infração principal.
confiscação de bens, extradição, bem como outros pedidos
2. O processo do crime de lavagem de capitais e o
de cooperação solicitados ou recebidos.
pedido de confisco são instruídos, com base em indícios,
Artigo 56.º respetivamente, da existência da infração principal e da
Defesa de direitos de terceiro de boa-fé origem ilícita dos bens, sendo puníveis os fatos previstos
nesta lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o
1. Tomado conhecimento da apreensão, o terceiro que autor daquele crime.
invoque a titularidade de coisas, direitos ou valores
apreendidos nos termos do artigo anterior, pode deduzir, CAPÍTULO V
no processo respetivo, a defesa dos seus direitos, através
CONTRAORDENAÇÕES
de requerimento fundamentado em que alegue e prove
fatos de que resulta a sua boa-fé. Secção I
4. O disposto nos números anteriores é aplicável, ainda Seja qual for a nacionalidade do agente, o disposto no
que o terceiro de boa-fé tenha apenas tido conhecimento do presente capítulo é aplicável a:
desapossamento das coisas, direitos ou valores apreendidos
após terem sido declarados perdidos a favor do Estado. a) Fatos praticados em território cabo-verdiano;
Artigo 57.º b) Fatos praticados fora do território nacional de que
Confiscação de bens e direitos
sejam responsáveis as entidades referidas no
artigo 7.º, atuando por intermédio de sucursais
1. O juiz, a requerimento do Ministério Público, pode ou em prestação de serviços.
decretar na decisão final, o confisco de bens imóveis ou
móveis, direitos, títulos, valores, quantias e quaisquer c) Fatos praticados a bordo de navios ou aeronaves
outros objectos depositados em bancos ou outras instituições de bandeira cabo-verdiana, salvo tratado ou
de crédito, mesmo que em cofres individuais, em nome convenção internacional em contrário.
do arguido ou de terceiros, de origem ilícita. Artigo 62.º
2. O pedido de confisco de bens ou vantagens do crime 1. Pela prática das contra-ordenações que consistam
é deduzido no processo penal respetivo, até à dedução da na inobservância das regras de conduta das entidades
790 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
financeiras são responsáveis estas entidades, desde que c) Notificação ao arguido para exercício do direito de
os seus dirigentes, empregados e representantes tenham audição ou com as declarações por ele prestadas
atuado no exercício das suas funções, ainda que de modo no exercício desse direito;
ilícito, ou em nome e no interesse das referidas instituições.
d) Decisão da autoridade de supervisão e inspeção
2. O disposto no número anterior não afasta a que procede à aplicação da coima.
responsabilidade disciplinar dos titulares dos órgãos
dirigentes, empregados ou colaboradores das entidades 2. Nos casos de concurso de infrações, a interrupção da
financeiras, a que haja lugar, nem o direito de regresso prescrição do processo criminal determina a interrupção
pelos prejuízos causados às instituições financeiras pelos da prescrição do procedimento contraordenacional.
seus dirigentes, empregados ou representantes. 3. A prescrição do procedimento tem sempre lugar quando,
3. A eventual invalidade ou ineficácia das operações desde o seu início e ressalvado o tempo de suspensão,
realizadas entre a instituição e o cliente não obsta à tiver decorrido o prazo da prescrição acrescido de metade.
responsabilidade da entidade financeira. Artigo 69.º
Artigo 65.º Suspensão da prescrição da coima
Destino das coimas
A prescrição do pagamento da coima suspende-se
O produto das coimas reverte a favor do Estado. durante o tempo em que:
Artigo 66.º a) Por força da lei ou regulamento a execução não
Prescrição
pode começar ou não pode continuar a ter lugar;
a) Não puder legalmente iniciar-se ou continuar por Competência para instrução e aplicação de sanções
falta de autorização legal;
1. A averiguação das contra-ordenações previstas neste
b) Estiver pendente a partir do envio do processo diploma e a instrução dos respetivos processos cabem
ao Ministério Público até à sua devolução à à entidade que detiver a competência de supervisão ou
autoridade administrativa; fiscalização do respetivo setor de atividade.
c) Estiver pendente a partir da notificação do despacho 2. Compete às autoridades de supervisão de cada setor e
que procede ao exame preliminar do recurso da na sua falta à UIF o poder de aplicar as coimas previstas
decisão da autoridade de supervisão e inspeção neste diploma, com a faculdade de delegação.
que aplica a coima, até à decisão final do recurso.
3. A UIF é informada, semestralmente, pelas autoridades
2. Nos casos previstos nas alíneas b) e c) do número de regulação e supervisão, de todas as sanções definitivas
anterior, a suspensão não pode ultrapassar um ano. aplicadas às entidades reguladas.
Artigo 68.º Artigo 72.º
c) O incumprimento da obrigação de aplicar medidas 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
de diligência reforçada; singular, a coima é de 250.000$00 (duzentos e cinquenta
mil escudos) a 2.500.000$00 (dois milhões e quinhentos
d) O incumprimento da obrigação de abstenção; mil escudos).
e) O incumprimento da obrigação de comunicação Artigo 73.º
sistemática;
Contra-ordenações especialmente graves
f) O incumprimento da obrigação de conservação de
documentos; 1. Constituem contra-ordenações especialmente graves,
puníveis com coima de 750.000$00 (setecentos e cinquenta
g) O incumprimento da obrigação de aprovar por escrito
mil escudos) a 6.000.000$00 (seis milhões de escudos),
e aplicar medidas de políticas e procedimentos
as seguintes infrações:
declarados de controlo interno;
h) O incumprimento da obrigação de estabelecer a) O incumprimento das obrigações de identificação
órgãos de controlo interno independente; e de verificação da identidade de clientes,
representantes ou beneficiários efetivos,
i) O incumprimento da obrigação de tomar medidas previstos neste diploma;
adequadas para manter a confidencialidade
sobre a identidade dos funcionários, diretores b) O incumprimento da obrigação de comunicação,
ou agentes que realizaram uma comunicação; nos termos previstos na presente lei;
j) O estabelecimento ou manutenção de relação de c) O incumprimento da obrigação de colaboração à
negócio ou a execução de operações proibidas; UIF, autoridades judiciárias e às entidades de
k) O incumprimento da obrigação de declaração de regulação e supervisão;
movimentos de meios de pagamento; d) O incumprimento da obrigação de confidencialidade;
l) A ausência de definição e aplicação de políticas e
e) O incumprimento da obrigação de observância de
procedimentos internos de controlo;
medidas reforçadas aos clientes e às operações
m) A não adopção de medidas e de programas de suscetíveis de revelar um maior risco de lavagem
divulgação e formação em matéria de prevenção de capitais e às relações transfronteiriças de
da lavagem de capitais; correspondência;
n) A abertura de contas anónimas ou manutenção de f) A resistência ou obstrução à realização da inspeção;
contas anónimas ou sob nomes manifestamente
fitícios; g) O incumprimento doloso da obrigação de congelar ou
bloquear fundos, ativos financeiros ou recursos
o) O recurso à execução das obrigações de identificação económicos de pessoas físicas ou jurídicas,
e diligência por entidades terceiras, com entidades ou grupos designados;
inobservância das condições e termos previstos
no artigo 8.º; h) O incumprimento doloso da proibição de colocar os
fundos, ativos financeiros ou recursos económicos
p) Não inclusão da informação na mensagem ou
à disposição de pessoas físicas ou jurídicas,
formulário de pagamento que acompanha a
entidades ou grupos designados;
transferência eletrónica do ordenante;
q) A constituição de bancos de fachada em território i) A ausência de conservação dos originais, das
cabo-verdiano, assim como o estabelecimento cópias, das referências ou de outros suportes
de relações de correspondência com os bancos duradouros;
fachada ou com outras instituições que
j) O incumprimento do dever de abstenção de
reconhecidamente permitam que as suas contas
execução de operações suspeita e da respetiva
sejam utilizadas por bancos de fachada;
obrigação de prestação de informação à UIF e
r) A não adequação da natureza e da extensão dos às autoridades judiciárias;
procedimentos de verificação da identidade e das
medidas de diligência ao grau de risco existente, k) O incumprimento de ordens de suspensão da
bem como a ausência de demonstração de tal execução de operações suspeita e a execução
adequação perante as autoridades competentes; de tais operações, após a confirmação, pela
autoridade judiciária ou pela UIF, da ordem
s) A omissão, total ou parcial, de medidas acrescidas de suspensão;
de diligência aos clientes e às operações
bancária com instituições estabelecidas em l) O cometimento de uma infração grave antes de
países terceiros; e decorridos 5 (cinco) anos sobre a prática da
mesma infracção.
t) O incumprimento da obrigação de recusa de
execução de operações em conta bancária, de 2. Quando a infração for praticada por uma pessoa
estabelecimento de relações de negócio ou de singular, a coima é de 400.000$00 (quatrocentos mil
realização de transações ocasionais. escudos) a 3.000.000 $00 (três milhões de escudos).
792 I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016
Artigo 74.º b) Publicidade da decisão punitiva pela autoridade
Contraordenações leves
de regulação ou supervisão, a expensas do
infrator; e
1. Constituem contraordenações leves punidas com
c) Tratando-se de entidade sujeita que para operar
coima de 100.000.$00 (cem mil escudos) a 2.00.000$00
carece de autorização administrativa, a
(dois milhões de escudos):
revogação desta.
a) O incumprimento por Organização de Sociedades Artigo 78.º
sem Fins Lucrativos (OSFL) da obrigação
estabelecida nos números 2 e 4 do artigo 35.º; Proteção dos intervenientes
Determinação da sanção aplicável Para efeitos previstos na presente lei, o valor de cada
dia de coima é fixado em 5.000$00 (cinco mil escudos)
1. Na determinação da sanção atende-se às seguintes e em 20.000$00 (vinte mil escudos) quando se tratar,
circunstâncias: respetivamente, de pessoa singular ou de pessoa coletiva
ou entidade equiparada.
a) A quantia da operação ou os ganhos obtidos como
consequência da omissão ou atos constitutivos Artigo 80.º
da infração; Punição de atos preparatórios
b) O grau de responsabilidade ou intenção com que São punidos os atos preparatórios dos crimes previstos
atuou o infrator; na presente lei.
c) A conduta anterior do infrator, na entidade culpada Artigo 81.º
ou em outra, em relação às exigências previstas
Remissões
nesta lei;
As remissões de normas contidas em diplomas
d) O caráter da representação que a pessoa em
legislativos ou regulamentares para a legislação revogada
causa possui;
consideram-se referidas às disposições correspondentes
e) A capacidade económica do infrator quando a do presente diploma.
sanção seja multa. Artigo 82.º
Em caso de negligência, o montante da coima não pode O presente diploma entra em vigor 30 dias após a sua
ser superior a metade do montante máximo previsto para publicação.
a respetiva contraordenação. Aprovada em 3 de março de 2009.
Artigo 77.º
O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
Sanções acessórias Raimundo Lima
Com as sanções previstas no artigo 45.º podem ser Promulgada em 14 de abril 2009
aplicadas ao infrator as seguintes sanções acessórias:
Publique-se.
a) Inibição do exercício de cargos sociais e de funções
de administração, direção, gerência ou chefia O Presidente da República, PEDRO VERONA
de entidades financeiras, por um período de RODRIGUES PIRES
um a dez anos, quando o arguido seja membro Assinada em 16 de abril de 2009
dos órgãos das entidades sujeitas exerça cargos
de direção, chefia, gerência ou atue em sua O Presidente da Assembleia Nacional, Aristides
representação, legal ou voluntária; Raimundo Lima
I SÉRIE — NO 21 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 24 DE MARÇO DE 2016 793
de 24 de março Património
Por mandato do Povo, a Assembleia Nacional decreta, 1. O património da ARES é o previsto no artigo 37.º
nos termos da alínea b) do artigo 175º da Constituição, dos seus Estatutos.
o seguinte: 2. Em caso de extinção, o património da ARES reverte
Artigo 1.º para o Estado, salvo quando se tratar de fusão por
incorporação, caso em que o património reverte para a
Criação entidade incorporante.
É criada a Agência Reguladora do Ensino Superior, Artigo 5.º
doravante designada por ARES, e são aprovados os Independência e princípios de actuação
respectivos Estatutos, publicados em anexo à presente
lei, que dela fazem parte integrantes. A ARES é independente no desempenho das suas
funções e não se encontra submetida à superintendência
Artigo 2.º nem à tutela do Governo no que respeita ao exercício
Natureza e regime das suas funções reguladoras, sem prejuízo dos poderes
de fiscalização atribuídos à Assembleia Nacional e ao
1. A ARES é uma autoridade administrativa independente, Governo e da coordenação sectorial.
de base institucional, dotada de autonomia administrativa, Artigo 6.º
financeira e patrimonial, criada para exercer funções
reguladoras, incluindo as de regulamentação, supervisão Dever de cooperação
e sancionamento de infracções. A Direcção-Geral do Ensino Superior (DGES), demais
2. A ARES rege-se pela presente lei, pelos respetivos serviços do Ministério do Ensino Superior, Ciência e Inovação
Estatutos e subsidiariamente pelas disposições aplicáveis (MESCI) e os serviços e organismos da Administração
às autoridades reguladoras e demais legislação aplicável. Pública e as instituições de ensino superior têm o dever de
colaboração e cooperação com a ARES, bem como o dever
Artigo 3.º de comunicação da informação que lhes seja solicitada,
no quadro do sistema de garantia da qualidade do ensino
Fins
superior.
1. A ARES, tendo por fim o cumprimento dos padrões de Artigo 7.º
desempenho institucional e de qualidade científica, técnica,
Pessoal
cultural e pedagógica das formações ministradas, fixados
na legislação nacional e nos estatutos e instrumentos 1. A ARES integra pessoal tecnicamente especializado
de gestão estratégica daquelas instituições, tem por fins para as funções a exercer, a recrutar mediante procedimento
garantir a qualidade do ensino superior no País, através de: concursal adequado, sendo as respectivas condições
e disciplina de trabalho definidas por regulamento, a
a) Avaliação e acreditação das instituições de ensino
aprovar pela ARES no quadro do regime do contrato
superior e dos seus ciclos de estudos;
individual de trabalho.
b) Reconhecimento de graus e diplomas conferidos 2. A ARES, pelo seu Conselho de Administração, aprova,
por instituições de ensino superior estrangeiras; no uso das competências que lhe estão atribuídas no
domínio da autonomia administrativa de que dispõe, a
c) Organização e manutenção de um sistema de
tabela remuneratória, remunerações adicionais, encargos
informação sobre o ensino superior;
e regalias a atribuir ao pessoal.
d) Desempenho das funções de fiscalização e controlo Artigo 8.º
do funcionamento das instituições do ensino
Atribuição de competências
superior públicas e privadas.
1. Após a entrada em vigor da presente lei, e por força do
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, a
disposto no artigo 99.º do Regime Jurídico das Instituições
ARES pode ainda:
do Ensino Superior – RJIES, aprovado pelo Decreto-Lei
a) Participar, por determinação legal, na realização n.º 20/2012, de 19 de Julho, na redacção que lhe foi dada
de outras avaliações de natureza científica, pelo Decreto-Lei n.º 12/2015, de 24 de Fevereiro, e 91.º do
designadamente de instituições que integrem Regime Jurídico de Graus e Diplomas do Ensino Superior-
o sistema científico nacional; RJGDES, aprovado pelo Decreto-lei n.º 22/2012, de 7 de
Agosto, consideram-se como atribuídas à ARES todas as
b) Colaborar, em matéria das suas atribuições, com competências previstas no RJIES e no RJGDES bem como
organismos estrangeiros, seus congéneres, nas as atribuídas ao departamento governamental responsável
áreas da avaliação e da acreditação; pelo ensino superior, relativamente às matérias de: