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Orlando de Assis Figueiredo

COMPORTAMENTO ESTRUTURAL
DE FUNDAÇÕES EM PARABOLÓIDE HIPERBÓLICO
PARA EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS

Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Engenharia Civil do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.
Área de concentração: Estruturas.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio José Martins

Belo Horizonte, 19 de julho de 2010


ii

Figueiredo, Orlando de Assis


F475c Comportamento estrutural de fundações em parabolóide
hiperbólico para edifícios residenciais / Orlando de Assis
Figueiredo. – 2010.
142 f.

Orientador: Prof. Dr. Cláudio José Martins


Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Dissertação (mestrado) – Centro Federal de Educação Tecnológica
de Minas Gerais.

1. Engenharia Civil. 2. Concreto Armado – Estruturas . 3.


Elaboração
Fundações – Engenharia.
da ficha catalográficaI.pela Biblioteca-Campus
Martins, Cláudio José.II /II.CEFET-MG
Centro
Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. III. Título.

CDD 624.18342
iii
iv

AGRADECIMENTOS

Sabedor da valiosa e rara oportunidade dessa trajetória que me foi dada, de estar
próximo com o ambiente da escola e, à minha escolha, formá-lo dentre distintos
colegas, professores, amigos e funcionários, com os quais eu tive o privilégio de
conviver, é já com saudade que encaminho para o encerramento desse ciclo. Desta
forma, é oportuno me dirigir, e externar minha sincera gratidão, aos que direta e
indiretamente contribuíram comigo de algum modo para tornar possível a realização
deste mestrado:

Aos Professores Doutores, Denise Urashima, Marcelo Greco, Yukio Shigaki, pela
parcela importante de conhecimentos que dividiram comigo, possível pela contrapartida
dos vastos conhecimentos que acumularam em suas carreiras, reunindo a competência e
a generosidade na arte de transmitir o saber.

Ao Professor Doutor Cláudio José Martins, pela valiosa orientação e referência para
tornar possível a concretização deste trabalho, com estímulo, compreensão e amizade
ao longo deste período e que me proporcionou inestimável enriquecimento pessoal com
as coisas da academia.

Aos Professores Doutores, Rafael Miranda de Souza, Ricardo André Fiorotti Peixoto,
Wellington Luís de Assis Pereira que se disponibilizaram para compor a banca e pelas
valiosas contribuições no exame de defesa.

Aos colegas, amigos, funcionários e demais professores do Departamento de


Engenharia de Produção Civil (DEPC) do Centro Federal de Educação Tecnológica de
Minas Gerais.
v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ix

LISTA DE TABELAS xii

RESUMO xiv

ABSTRACT xv

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Considerações iniciais 1

1.2 Objetivos 3

1.3 Justificativa 4

1.4 Roteiro do trabalho 5

1.5 Descrição resumida dos capítulos 5

2 FUNDAÇÕES EM CASCA 7

2.1 O cone 7

2.2 Domo invertido 10

2.3 A parabolóide hiperbólica 11

3 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL
E SIMPLIFICAÇÕES DE CÁLCULO 17

3.1 Análise teórica do comportamento estrutural das fundações


superficiais em casca 17

3.2 Simplificação teórica e prática para o emprego de casca de


concreto armado em fundação rasa 20

3.2.1 Teoria 20
3.2.2 Procedimento de cálculo 22
3.2.3 Construção 24

4 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO 29
vi

4.1 Aspectos de cálculo geotécnico das fundações superficiais 29

4.2 Aspectos de dimensionamento estrutural analítico das


fundações em casca parabolóide hiperbólica 30

4.2.1 Comportamento estrutural 30


4.2.2 Cálculo do estado limite da fundação em casca 33
4.2.3 Casca 36
4.2.4 Vigas 38

5 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO 41

5.1 Cálculo estrutural analítico de fundação em sapatas


planas convencionais 41

5.1.1 Aspectos de dimensionamento para sapatas planas 41


5.1.2 Critério de dimensionamento pelo método das bielas (sapatas isoladas) 42

5.2 Modelagem por método numérico do comportamento


geotécnico e estrutural de fundação em sapatas
parabolóide hiperbólicas e planas convencionais 43

5.2.1 Sobre a opção do modelo de interação solo estrutura 43


5.2.2 Determinação do módulo de reação vertical do solo 44
5.2.3 Determinação do módulo de reação horizontal do solo 52

6 APLICAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 53

6.1 Especificações do projeto 53

6.2 Análise geotécnica 54

6.3 Definição do carregamento 55

6.4 Dimensionamento analítico geotécnico da fundação 57

6.4.1 Capacidade de suporte para as sapatas 57


6.4.2 Recalque imediato das sapatas 58

6.5 Dimensionamento analítico estrutural da fundação em casca 59

6.5.1 Resumo do cálculo de materiais 62

6.6 Dimensionamento analítico estrutural da fundação


em sapatas planas 63

6.6.1 Resumo do cálculo de materiais 64


vii

6.7 Modelagem numérica para o comportamento geotécnico


e estrutural de uma sapata da fundação 65

6.7.1 Aspectos da configuração para modelagem das sapatas 66


6.7.2 Diagramas da modelagem numérica e quadros comparativos
dos resultados 67

6.8 Análise e comparação de resultados das fundações


em casca parabolóide hiperbólica 72

7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES 75

7.1 Considerações finais 75

7.2 Sugestões para trabalhos futuros 76

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 77

ANEXOS

ANEXO A - Aspectos de cálculo geotécnico das fundações superficiais 80

A.1 Critérios utilizados para o cálculo das tensões admissíveis


para sapatas convencionais planas quadradas 81

A.2 Critérios utilizados para a verificação de recalque imediato


para sapatas convencionais planas quadradas 84

A.3 Critério para os limites de recalques 87

A.4 Sobre o SPT ABNT NBR 6484 e as correlações de parâmetros


do solo com o NSPT 88

ANEXO B - Detalhamento da seção crítica 94

B.1 Centro das vigas de borda 94

B.2 Cantos 94

B.3 Junção da base do pilar com a viga inclinada 94

ANEXO C - Memória de cálculo da distribuição proporcional


do carregamento do edifício para as sapatas 95

ANEXO D - Memória de cálculo do dimensionamento analítico


geotécnico da fundação 96
viii

ANEXO E - Memória de cálculo do dimensionamento


analítico estrutural da fundação em casca 103

ANEXO F - Memória de cálculo do dimensionamento


analítico estrutural da fundação em sapatas planas 121

ANEXO G - Memória de cálculo do módulo de reação vertical ksv


e horizontal ksh para as sapatas hypar e planas 124
ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Fundações em casca cônica: (a) sapata para coluna,


(b) radier para chaminé 8

Figura 2.2 – Fundação em casca de cone invertido: (a) sapata para mastro,
(b) radier para tanque superficial 9

Figura 2.3 – Radier em cone duplo dobrado 10

Figura 2.4 – Radier de domo esférico invertido 11

Figura 2.5 – Geometria do parabolóide hiperbólico 12

Figura 2.6 - Formas de uso da hypar em fundações: sapata individual


parabolóide hiperbólica 14

Figura 2.7 - Formas de uso da hypar em fundações:


sapata retangular parabolóide hiperbólica com coluna excêntrica 14

Figura 2.8 – Formas de uso da hypar em fundações:


sapatas combinadas parabolóide hiperbólicas 15

Figura 2.9 – Formas de uso da hypar em fundações:


radier parabolóide hiperbólico 15

Figura 2.10 – Formas de uso da hypar em fundações:


radier parabolóide hiperbólico invertido 16

Figura 2.11 – Formas de uso da hypar em fundações:


sapatas individuais parabolóide hiperbólicas como
fundações para cargas contínuas de paredes 16

Figura 3.1 – Teoria da flexão 17

Figura 3.2 – Teoria da membrana 18

Figura 3.3 - Tensões de membrana em sapata parabolóide hiperbólica 21

Figura 3.4 – Sequência de escavação do solo 25

Figura 3.5 – Prisma retangular de solo para uma sapata isolada


(fonte: Kaimal, 1969) 25

Figura 3.6– Acabamento em argamassa pobre da camada de regularização


do perfil com o uso de uma régua (fonte: Kaimal, 1969) 26
x

Figura 3.7 – Armação do aço na posição para uma sapata combinada


(fonte: Kaimal, 1969) 27

Figura 3.8 – Concretagem (fonte: Kaimal, 1969) 28

Figura 3.9 – Sapata terminada (fonte: Kaimal, 1969) 28

Figura 4.1– Tensões de membrana em sapata parabolóide hiperbólica 31

Figura 4.2 – Casca de concreto armado 36

Figura 4.3 - Método da armação de aço da casca parabolóide hiperbólica:


(a) diagonal, (b) paralela 37

Figura 4.4 – Sapata em casca parabolóide hiperbólica individual quadrada:


(a) 1 – parábola convexa (tração), 2 – parábola côncava
(compressão), 3 – geradoras de linhas retas;
(b) detalhamento das vigas 39

Figura 5.1 – Sapata plana (fonte: Alonso, 1983) 42

Figura 5.2 – Modelo de fundação de Winkler 44

Figura 5.3 - Ábaco para o fator IF de influência para a profundidade D


(fonte: Fig. 5-7 Bowles (1996)) 49

Figura 6.1 – Geometria do modelo 53

Figura 6.2 – Estratificação do subsolo 55

Figura 6.3 - Meia planta simétrica dos pilares virtuais para locação
das sapatas 56

Figura 6.4 - Detalhes das dimensões da viga de borda (unidades em mm) 59

Figura 6.5 - Detalhes das dimensões da viga inclinada (unidades em mm) 60

Figura 6.6a - Detalhes das dimensões gerais da sapata hypar


(unidades em mm) 60

Figura 6.6b - Detalhes das dimensões gerais da sapata hypar


(unidades em mm) 61

Figura 6.6c – Detalhamento de aço extra na viga de borda (unidades em mm) 61

Figura 6.6d - Detalhamento de aço para puncionamento


(unidades em mm) 62
xi

Figura 6.7 – Dimensionamento da sapata SA (unidades em mm) 63

Figura 6.8 - Dimensionamento da sapata SB (unidades em mm) 63

Figura 6.9 - Dimensionamento das sapatas SC e SD (unidades em mm) 64

Figura 6.10 – Carregamento das sapatas parabolóide hiperbólicas (kN) 65

Figura 6.11 – Carregamento das sapatas planas (kN) 66

Figura 6.12 – Sapata (SA) - Diagrama dos deslocamentos (mm) 68

Figura 6.13 – Sapata (SA) - Diagrama das esforços axiais nas vigas
de borda e inclinadas (kN) 69

Figura 6.14 – Sapata (SA) - Diagrama das tensões axiais de tração


nas cascas (kPa) 70

Figura 6.15 – Sapata (SA) - Diagrama das tensões axiais de compressão


nas cascas (kPa) 71

Figura 6.16 – Sapata plana (SA) - Diagrama dos deslocamentos (mm) 71

Figura A.1 – Ábaco das tensões admissíveis para sapatas conforme


Equação (A.1) (fonte: Fig. 4-7 Bowles (1996)) 81

Figura B.1 – Provisão extra nas seções críticas (fonte: IS:9456-1980, 1997) 94
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Faixa de valores de ksv 45

Tabela 5.2 – Faixa de valores de ksv 46

Tabela 5.3 – Faixa de valores de ksv 46

Tabela 5.4 – Fator de influência Iw 51

Tabela 5.5 - Coeficiente de forma para a Equação (5.17) 51

Tabela 5.6 – Valores de ksh para argilas sobre-adensadas (Davisson, 1963) 52

Tabela 6.1 – Parâmetros materiais do solo por correlação com o NSPT 54

Tabela 6.2 – Resumo dos resultados de cálculo das tensões admissíveis


das sapatas 57

Tabela 6.3 – Resumo dos resultados de cálculo de recalques imediatos


das sapatas 58

Tabela 6.4 – Consumo de concreto e aço das sapatas


parabolóide hiperbólicas 62

Tabela 6.5 – Consumo de concreto e aço das sapatas planas 64

Tabela 6.6 – Dados para entrada no SAP2000 das sapatas


parabolóide hiperbólicas e planas 67

Tabela 6.7 – Comparativo dos resultados de cálculo de recalques imediatos


das sapatas 72

Tabela 6.8 – Comparativo dos resultados de cálculo das tensões axiais


nas sapatas hypar (vigas) 72

Tabela 6.9 – Comparativo dos resultados de cálculo das tensões axiais


nas sapatas hypar (cascas) 72

Tabela A.1 – Comparação de resultados de recalques „calculados‟ x „medidos‟


fornecidos dos casos e métodos citados nas referências 80

Tabela A.2 – Fatores F para a equação Meyerhof-Bowles 82

Tabela A.3 – Fatores N para a equação da capacidade de carga de Terzaghi 83


xiii

Tabela A.4 – Fatores S para a equação da capacidade de carga de Terzaghi 83

Tabela A.5 – Valores de I1 e I2 para o cálculo do fator de influência


Is das Equações 5.12a e A.7 para valores das razões
N = H/B‟ e M = L/B 86

Tabela A.6 – Valores limites para serem usados em edificações 87

Tabela A.7 – Limites de distorção angular para várias estruturas 87

Tabela A.8 – Correlação de recalque absoluto máximo e distorção


máxima para vários edifícios 88

Tabela A.9 – Recomendações do Comitê Europeu de Padronização


para recalques 88

Tabela A.10 – NSPT e estimativa de resistência 90

Tabela A.11– Parâmetros resistentes efetivos da coesão e do ângulo


de atrito interno do solo 91

Tabela A.12 – Fatores K e α para a expressão do módulo de deformabilidade 91

Tabela A.13 - Valores típicos do módulo de elasticidade do solo 92

Tabela A.14 – Correlação SPT, peso específico de solos argilosos e arenosos 92

Tabela A.15 - Valores típicos do coeficiente de Poisson 93


xiv

RESUMO

O presente trabalho relata os resultados alcançados dos estudos desenvolvidos sobre a


utilização das chamadas estruturas em casca de concreto armado como solução
estrutural para fundações de prédios residenciais. Apresentam-se os procedimentos
analíticos para a previsão dos recalques elásticos e dimensionamento estrutural de
fundações superficiais em casca, composta de sapatas isoladas com geometria em
parabolóide hiperbólico, como alternativa estrutural para materialização de fundações
de edificações, notadamente em solos que apresentam baixa capacidade de carga.

A validação do trabalho é demonstrada por meio da apresentação de um estudo de caso


composto da adoção das fundações em parabolóide hiperbólico em um edifício
residencial de três pavimentos, assentado em solo argiloso que apresenta baixa
capacidade de suporte. Neste estudo relatam-se, a partir dos resultados analíticos e
numéricos via método dos elementos finitos, comparações relativas ao desempenho
estrutural e aos recalques elásticos das fundações superficiais em casca frente às
fundações convencionais de concreto armado.

Os resultados alcançados indicam semelhança no comportamento das fundações em


casca frente às soluções convencionais em sapatas planas, considerando-se as teorias
usuais de previsão do recalque imediato. Quanto ao aspecto construtivo observa-se, para
as fundações em casca, redução significativa no consumo de materiais, tanto de
concreto estrutural quanto de aço, e desta forma uma redução de custos na execução
destas estruturas.

Palavras-chave: estruturas em casca, fundações superficiais, parabolóide hiperbólico,


sapatas isoladas.
xv

ABSTRACT

The present publication reports the achieved results of the developed studies about the
structures of reinforced concrete shell as a structural solution for foundations of
residential buildings. It presents the analytical procedure for predicting the elastic
settlements and structural behavior of shallow shell foundations, composed of
individual footings with geometry in hyperbolic paraboloidal, as an alternative to
materialization of structural foundations of buildings, especially in soils with low
bearing capacity.

The validation of the work is demonstrated by presenting a case study consisting of the
adoption of the foundations in hyperbolic paraboloidal in a residential building of three
floors, sitting in a clay soil that has a low carrying capacity. In these studies are
reported, based on analytical results and numerical results by finite element method,
comparisons on the geotechnical and structural performance of reinforced concrete
shallow foundations among of the plan geometry and the shell geometry.

The achieved results indicates similarities in the behavior of shell foundations in


comparison of the usual solutions in plan foundations, considering the usual theories of
prediction of the elastic settlement. For the constructive aspect can be observed about
the shell foundations that there is a significant reduction in the consumption of
materials, both structural concrete and steel, and so, a reduction on the structures
implementing costs.

Keywords: hyperbolic paraboloidal, individual footings, shallow foundations, shell


structures.
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A Engenharia de Fundação consiste em uma atividade tão antiga quanto a própria arte
de construir, e sem dúvida pode-se dizer que esta atividade está presente em todas as
construções desenvolvidas pelo homem (BOWLES, 1996).

Inicialmente, os estudos em Engenharia de Fundação baseavam-se em observações


empíricas do comportamento geotécnico e estrutural dos elementos de infra-estrutura. A
partir da década de 30, teorias analíticas de comportamento dos solos foram sendo
desenvolvidas e aprimoradas, podendo-se citar, dentre outros, os trabalhos
desenvolvidos por Terzaghi e Frolich (1936), Skempton e Mac Donald (1956) e Taylor
(1948). Com o advento e aplicação maciça dos métodos numéricos computacionais (tais
como, o Método dos Elementos Finitos, Método das Diferenças Finitas e Método dos
Elementos de Contorno), modelos complexos de simulação da interação solo-estrutura
têm conduzido a análises mais precisas e concepções estruturais mais racionais para as
fundações de um modo geral (KURIAN, 1982).

Dentre os elementos estruturais mais utilizados na construção civil, aplicável à maioria


dos tipos de solo, o radier é um método de fundação direta que apresenta diversas
vantagens quando especificado e executado corretamente. Em termos gerais, radier é
uma laje maciça que suporta e distribui – de modo uniforme – a carga da edificação ao
solo. Devido sua simplicidade de execução e às relativamente baixas tensões
transferidas ao solo, tem sido largamente utilizado em obras tanto residenciais quanto
industriais (KURIAN, 2006).

Para resistir às cargas provenientes da superestrutura em um radier plano surgem


esforços de flexão e cisalhamento. Por outro lado, nos radiers em forma de casca (como
é o caso do radier em forma de parabolóide hiperbólico), os esforços solicitantes atuam
no próprio plano da superfície, seja como esforço normal de compressão ou
cisalhamento (FLUGGE, 1973). Esta diferença no comportamento estrutural implica em
2

otimização no dimensionamento dos radiers em forma de casca, uma vez que o material
estará sujeito principalmente a esforços normais de compressão. A economia de
material se torna mais evidente quando tais elementos de fundação são executados em
concreto estrutural, cujo elevado desempenho sob ação de esforços de compressão
proporciona indiscutível redução no consumo de material.

O conceito moderno da utilização de radiers não-planos como elementos estruturais de


fundações vem sendo abordado por pesquisadores em todo o mundo. Pode-se considerar
Candela como o precursor desta arte, introduzindo fundações em parabolóide
hiperbólico no solo da cidade do México (CANDELA, 1955). Posterior ao trabalho
pioneiro de Candela, alguns poucos trabalhos abordando estudos e aplicações do radier
em forma de casca foram desenvolvidos. Kurian (1977) apresenta um estudo de
viabilidade técnica-econômica destas fundações. Hanna e Abdel-Rahman (1990)
pesquisaram o comportamento de radiers cônicos assentados sobre areia em estado
plano de deformação. Maharaj (2003) fez uma análise não-linear para estudar o
comportamento destas fundações em argila, utilizando como ferramenta o Método dos
Elementos Finitos. Nicholls e Izadi (1968), Melerski (1988) e Kurian(2006) estudaram a
capacidade de carga das fundações em parabolóide hiperbólico. Kurian e Varghese
(1969) e Kurian e Mohan (1981) analisaram a distribuições das tensões de contato das
fundações em casca. Harrop-Williams e Grivas (1985), Chandrashekhra e Antony
(1996) analisaram a interação entre fundações em meio elástico não-homogêneo.
Melerski (1988) desenvolveu uma solução aproximada para o problema da casca de
pequena espessura apoiada em base elástica. Kurian (2003) discute a aplicabilidade e
vantagens do uso de cascas como elementos de fundação.

As evidentes vantagens econômicas oriundas da utilização de estruturas de fundação em


forma de cascas são comprovadas em relatos de aplicações em várias partes do mundo
(KURIAN, 2006). Como reportado na literatura esta técnica apresenta grande redução
de consumo de materiais e conseqüente aumento na complexidade dos trabalhos de
escavação. Desta forma, as fundações em casca são extremamente vantajosas quando
são apresentadas pelo menos uma das seguintes situações: baixa capacidade de carga do
3

terreno ou custo da mão-de-obra relativamente baixo, se comparado ao custo dos


insumos.

Com base na exposição acima, é proposto neste trabalho, visando reduzir os custos
totais de execução, a utilização de fundações superficiais confeccionadas em concreto
estrutural armado com a tecnologia das cascas, notadamente as sapatas isoladas na
geometria parabolóide hiperbólica, como elemento de fundação de um prédio
residencial edificado em solo que apresenta baixa capacidade relativa de carga.

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral trata do dimensionamento estrutural das fundações com a tecnologia


das cascas para um edifício residencial a ser edificado em região de solo com baixos
parâmetros de resistência por meio da utilização do sistema construtivo na geometria
parabolóide hiperbólica para sapatas isoladas, confeccionadas em concreto armado.

Os objetivos específicos consistem em: a) Pesquisar, selecionar e prover material


bibliográfico para estudo, fundamentação técnica e teórica deste trabalho; b)
Desenvolver um estudo de caso com a aplicação do dimensionamento analítico
conforme modelo proposto pela IS:9456-1980 Indian Standard (1997) para as sapatas
parabolóide hiperbólicas paralelamente ao dimensionamento de sapatas planas
convencionais; c) Executar a modelagem numérica do estudo de caso utilizando o
Método dos Elementos Finitos para ambos os dimensionamentos para referendar os
resultados analíticos; d) Contribuir com este trabalho para difundir a técnica construtiva
das fundações superficiais em radiers ou sapatas isoladas em forma de casca
(notadamente o parabolóide hiperbólico), que devido à particularidade geométrica
conduzem a soluções otimizadas em termos de consumo de matéria-prima (aço e
concreto).
4

1.3 JUSTIFICATIVA

Esta proposta consiste na alternativa estrutural da fundação de uma edificação


residencial com a utilização do sistema construtivo em forma de casca, confeccionado
em concreto armado. Esta técnica apresenta comprovada redução no consumo de
insumos (aço e concreto) que conduzem a redução de custos de execução destas
fundações, mesmo considerando maior complexidade nos trabalhos de escavação.

A presente proposta apresenta grande caráter inovador e originalidade, uma vez que a
utilização de radiers e principalmente sapatas, ambas em forma de casca para fundações
de obras residenciais ou industriais não tem despertado interesse ou explorada pelos
escritórios de cálculo estrutural. A causa se deve a falta da difusão destes
conhecimentos específicos de comportamento estrutural, para o meio técnico,
notadamente para os profissionais responsáveis pelos dimensionamentos (estrutural e
geotécnico) de obras residenciais ou industriais, e a ausência de relato de estudos
técnicos e pesquisa por parte do meio acadêmico.

Isto pode ser explicado porque estas técnicas, apesar de antigas, foram
preferencialmente utilizadas no passado, pela engenharia, como soluções arquitetônicas
singulares para coberturas das edificações e sabidamente sempre demandaram alto
custo, tanto para a execução devido à especialização artesanal necessária da mão de
obra para a conformação das geometrias, quanto para o complexo cálculo de
dimensionamento, somente admissível a poucos notáveis especialistas da época, pois
era necessário dominar o ciclo completo, compreendendo o projeto, o cálculo e a
construção.

Pontos a ponderar: o custo da mão-de-obra é um fator dependente da análise de muitas


circunstâncias, tais como, a época, a localização e o estágio de desenvolvimento social,
tecnológico, econômico e político da população local. Certamente, na época de hoje, ela
é mais cara se comparada historicamente, mas já existem as facilidades computacionais
para o dimensionamento e, além disso, a execução de obras de fundação com esta
técnica é muito mais simplificada em termos de formas, equipamentos, mão-de-obra
5

quando comparada a execução de elementos estruturais elevados e soltos, como para as


coberturas.

Esta racionalização de insumos irá contribuir tanto para a redução dos impactos
ambientais relacionados à extração de matéria-prima para confecção destes insumos,
quanto para a economia dos investimentos de implementação de projetos de fundação,
residenciais ou industriais. Além de viabilizar pelo contorno da limitação técnica a
utilização de terrenos de baixos parâmetros geotécnicos de resistência, conduzindo ao
aumento de competitividade do setor da Construção Civil.

1.4 ROTEIRO DO TRABALHO

Uma tarefa importante deste trabalho consiste da prospecção da bibliografia específica


para municiar as informações necessárias aos fundamentos teóricos e técnicos, haja
vista, houve certa dificuldade para se obter esse material, constatando-se que o assunto é
escasso no meio acadêmico. No projeto destas fundações especiais será efetuado o
dimensionamento estrutural analítico conforme o modelo desenvolvido por Kurian
(2006), constante na norma IS:9456-1980 Indian Standard (1997) e com a utilização de
formulações clássicas existentes na literatura para dimensionamento geotécnico. Os
resultados serão comparados com o dimensionamento para sapatas planas equivalentes
sob as mesmas condições de carregamento e suporte do terreno. Será efetuada, também,
modelagem numérica via Método dos Elementos Finitos, tanto estrutural, quanto
geotécnica, com a utilização do software comercial SAP2000. A modelagem geotécnica
ficará limitada aos recalques imediatos, para simplificação, utilizando-se a teoria de
Winkler para solos elásticos.

1.5 DESCRIÇÃO RESUMIDA DOS CAPÍTULOS

O capítulo 2 apresenta os tipos de geometrias em cascas mais usados como solução


estrutural para as fundações superficiais em concreto armado. Mostra as características
6

geométricas principais dos elementos constitutivos da forma hypar ou parabolóide


hiperbólica empregada em fundações com sapatas isoladas, combinadas e em radiers. O
capítulo 3 apresenta o comportamento estrutural das sapatas parabolóide hiperbólicas
analisado com a simplificação de cálculo pela teoria da membrana e expõe uma
sequência construtiva de uma sapata hypar com as recomendações práticas de execução.
O capítulo 4 aborda os critérios de dimensionamento com os aspectos do cálculo
estrutural e dos recalques elásticos. Mostra a formulação básica analítica para o cálculo
com a teoria da membrana explicitando a aplicação para cada componente de uma
sapata hypar, as suas vigas e cascas. No capítulo 5 é tratado do cálculo estrutural
analítico para as sapatas planas a ser realizado para obter os resultados para comparação
do desempenho das estruturas planas, versus, hypar. Na sequência trata dos aspectos
preliminares para se fazer a modelagem por método numérico, relativos ao
comportamento estrutural e aos recalques elásticos, para ambas as sapatas
representativas da fundação na sua versão plana e parabolóide hiperbólica. O capítulo 6
apresenta o estudo de caso do projeto de uma fundação para um edifício residencial com
os resultados dos cálculos realizados, analíticos e numéricos, com uma análise
comparativa. O último capítulo, o sétimo, faz as conclusões sobre o assunto tratado e
propõe algumas sugestões para possíveis novas contribuições nesta linha de pesquisa.
7

2 FUNDAÇÕES EM CASCA

Embora uma variedade enorme de cascas possa ser empregada em muitos aspectos
construtivos de coberturas, as que podem ser adequadamente adotadas para uso nas
fundações, são muito poucas. Na seqüência é apresentado um apanhado dos tipos mais
comuns de geometrias em cascas usadas em fundações, e suas características
geométricas, as quais as capacitam a desempenhar suas funções eficientemente e
efetivamente nas fundações sob diferentes circunstâncias.

2.1 O CONE

Em princípio é necessário mencionar que poucas cascas podem competir com o cone na
simplicidade da sua forma. A sapata cônica, rotacionalmente simétrica, em concreto
armado, do tipo mostrado na Figura 2.1a, é provavelmente a mais simples forma na qual
uma casca pode ser materializada como fundação. A provisão de armação radial e
circunferencial são tão simples como para uma fundação circular plana, enquanto a
construção é apenas um pouco mais difícil. A casca poderá ter uma espessura uniforme,
ou a mesma poderá tê-la variando ao logo da geratriz. Entretanto, por conta do seu
plano circular, o uso da casca cônica está limitado às sapatas individuais, diferente das
parabolóides hiperbólicas, as quais podem ser usadas para sapatas combinadas ou em
radier (Kurian, 2006).

Cones de dimensões substancialmente grandes podem servir também como fundações


para altas estruturas, como chaminés, no lugar de convencionais circular ou octogonal
rafts (ver Figura 2.1b).

A casca da Figura 2.1a na posição invertida, Figura 2.2a, é adequada como sapata para
estruturas tais como mastros de antenas estaiados (guyed masts). Uma grande casca
cônica invertida – na sua forma inteira ou truncada, dependendo da área requerida de
contato com o solo – pode também servir como radier para estruturas cilíndricas, tais
8

como tanques aterrados de armazenamento (Figura 2.2b), ou estruturas elevadas, como


o caso dos tanques de água, suportado sobre uma fileira circular de pilares.

(a)

(b)
Figura 2.1 – Fundações em casca cônica: (a) sapata para coluna, (b) radier para chaminé
9

(a)

(b)
Figura 2.2 – Fundação em casca de cone invertido: (a) sapata para mastro, (b) radier para tanque
superficial

A possibilidade de combinar o tronco de um cone invertido na parte interior com um


tronco de um cone vertical externamente toma a forma mostrada na Figura 2.3. Este tem
as características de uma placa dobrada, e por isso é chamado de "fundação em casca de
cone duplo dobrado”, que é a alternativa construtiva ao radier anelar simples de grossa
espessura. É interessante notar que esta é a forma que poderia resultar de uma
membrana anelar que, fixada nas bordas interna e externa, pudesse ser levantada,
circunferencialmente, ao longo de seu centro.
10

Figura 2.3 – Radier em cone duplo dobrado: a) seção diametral; b) vista isométrica

2.2 DOMO INVERTIDO

Para estruturas circulares, ou estruturas elevadas, tal como reservatório de água sobre
colunas enfileiradas em círculo, domos invertidos de parede fina podem servir como
alternativa às fundações em grossos radiers circulares ou anelares. A transferência da
carga de coluna para o domo invertido pode ser efetuada através da viga anelar, no topo,
como mostrado na Figura 2.4. Outras cascas de revolução tal como o parabolóide
rotacional ou elipsóide, podem também servir ao mesmo propósito, no lugar dos domos
esféricos (Kurian, 2006).
11

Figura 2.4 – Radier de domo esférico invertido

2.3 A PARABOLÓIDE HIPERBÓLICA

Como uma superfície translacional, a casca em parabolóide hiperbólico (hypar) é gerada


pelo movimento de uma parábola côncava sobre outra parábola convexa, como
mostrado na Figura 2.5a. Isto leva a uma superfície formada por dois conjuntos de
parábolas com um ângulo reto entre elas. Quando elas são idênticas temos então uma
parabolóide hiperbólica retangular. Sobre uma parabolóide hiperbólica retangular são
geradas as direções da principal parábola, ao longo das direções inclinadas de 45o.
Observa-se que a superfície consiste de linhas retas com variações da inclinação, mas
paralelas e com ângulo reto de uma para outra no plano, o que a torna uma superfície
que pode ser materializada a partir da movimentação de duas linhas retas ortogonais.
Estas linhas retas são também chamadas de geradoras da superfície.
12

Figura 2.5 – Geometria do parabolóide hiperbólico

Se tomarmos agora o ponto de interseção de duas parábolas centrais como origem e os


eixos coordenados como mostrado na Figura 2.5, a superfície é descrita pela equação
simples do segundo grau (FLUGGE, 1973):

z = kxy (2.1)

Onde
k = f / (a b), é chamado de inclinação da casca; com
f sendo a elevação do cume da hypar;
a e b = dimensões no plano.

Um interessante resultado que segue da equação da hypar: z / f = x y / (a b) consiste no


fato de que a razão das ordenadas é a mesma razão das áreas de projeção. Para uma
casca quadrada, a = b, implica em k = f / a2. Usando esta expressão pode ser verificado
que os planos verticais que passam na inclinação de 45o dos eixos coordenados cruzam
a casca nos conjuntos de parábolas convexas e côncavas, como segue:

Interseção do plano vertical, y = x: substituindo y = x na Equação (2.1), tem-se:


13

z = k x2 2.2a

Interseção do plano vertical, y = -x: substituindo y = - x na Equação (2.1), tem-se:

z = −k x 2 2.2b

Por outro lado, planos verticais paralelos aos eixos coordenados cruzam a superfície ao
longo de linhas retas, as quais são as linhas retas geradoras da superfície, como segue:

Interseção do plano vertical, x = m: substituindo x = m na Equação (2.1), tem-se:

z= kmy (2.3a)

Interseção do plano vertical, y = n: substituindo y = n na Equação (2.1), tem-se:

z= kny (2.3b)

As expressões (2.3a) e (2.3b) representam equações de retas com inclinações (k m) e (k


n), respectivamente. A inclinação destas linhas retas (paralelas no plano) aumenta
uniformemente de zero na base até um máximo de f / a (ou f / b, conforme o caso)
quando ela alcança a borda oposta encontrando o ápice. Se tomarmos, agora o setor da
casca cercado pelos eixos coordenados, mostrados na Figura 2.5b, observa-se que
enquanto a parábola convexa tem seu ápice ao longo da parábola côncava central, os
ápices das parábolas côncavas residem fora do setor, sobre a parábola convexa que
passa pela origem. Dentro do setor, ao longo da parábola côncava central que passa pela
origem, a inclinação aumenta de zero na origem até um máximo de √2 f / a (casca
quadrada) no ápice, (máxima inclinação que ocorre no setor).

As Figuras 2.6 e 2.7 mostram os exemplares de sapatas em casca parabolóide


hiperbólico com ocorrência de carregamento central e excêntrico, respectivamente.
Nelas estão indicados os detalhamentos das suas partes que são: as cascas com sua
geometria formada de parábolas convexa e côncava, vistas nas diagonais de cada
14

quadrante e de linhas retas paralelas às bordas, bem como as vigas de borda e inclinadas
através das respectivas vistas das suas seções. Nas Figuras 2.8, 2.9, 2.10, e 2.11 são
vistos os exemplos de utilização desta geometria para as fundações superficiais, tais
como: as sapatas combinadas, a formação em radier parabolóide hiperbólico
convencional e invertido e uma mostra de carregamento contínuo de paredes em sapatas
isoladas por meio de vigas baldrame.

Figura 2.6 - Formas de uso da hypar em fundações: sapata individual parabolóide hiperbólica

Figura 2.7 - Formas de uso da hypar em Fundações: sapata individual parabolóide hiperbólica excêntrica
15

Figura 2.8 – Formas de uso da hypar em fundações: sapatas combinadas parabolóide hiperbólicas

Figura 2.9 – Formas de uso da hypar em fundações: radier parabolóide hiperbólico


16

Figura 2.10 – Formas de uso da hypar em fundações: radier parabolóide hiperbólico invertido

Figura 2.11 – Formas de uso da hypar em fundações: sapatas individuais parabolóide hiperbólicas como
fundações para cargas contínuas de paredes
17

3 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL E SIMPLIFICA-


ÇÕES DE CÁLCULO

3.1 ANÁLISE TEÓRICA DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL DAS


FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS EM CASCA

De acordo com Kurian (2006), enquanto uma estrutura plana tal como uma placa resiste
às cargas aplicadas pela flexão por conta da sua alta rigidez tributada à sua espessura, as
cascas pela virtude da sua geometria e pequena rigidez à flexão tende a suportar as
cargas aplicadas primariamente pelas tensões no plano, acompanhada de pequena ou
nenhuma flexão.

O modo de resistir às cargas aplicadas pela flexão no caso das placas pode ser
inteiramente descrito em termos de duas forças cortantes transversais, dois momentos
fletores normais e um momento torçor. A Figura 3.1 apresenta em qualquer ponto (x, y)
da placa, os seguintes esforços por unidade de comprimento: a força cortante Qx e o
momento fletor Mx na direção x; a força cortante Qy e o momento fletor My, na direção
y; e o momento torçor, Mxy = Myx, constituindo os efeitos que descrevem inteiramente o
estado de tensões de flexão nas seções perpendiculares às direções coordenadas.

Figura 3.1 – Teoria da flexão

Os momentos Mx e My produzem tensões de flexão normais à fibra, variando de


intensidade ao longo da espessura da seção transversal, (Figura 3.1). O momento Mxy
tende a levantar a seção e induz tensão de cisalhamento, como fazem as forças cortantes
Qx e Qy, mas com a diferença que a anterior está na direção horizontal.
18

Tomando o caso das cascas e considerando agora um ponto (x, y) no meio da superfície
da casca (geometricamente bidimensional), conforme Figura 3.2, e se assumir-se que a
casca resiste às cargas aplicadas puramente em termos de tensões no plano, o retrato das
tensões no ponto pode ser inteiramente descrito por três resultantes de tensão de
membrana, das quais, duas são as resultantes de tensão normal, Nx e Ny, e uma outra
resultante de tensão de membrana de cisalhamento, Nxy = Nyx, todas expressas por
unidade de comprimento como no caso das placas. Estas tensões resultantes de
membrana produzem tensões normais e de cisalhamento horizontais, mas de intensidade
uniforme em toda a espessura da casca.

Estes efeitos no plano são apropriadamente chamados de “resultantes de tensões de


membrana”, devido a sua analogia com as membranas finas, as quais, apesar da sua
desprezível rigidez, resistem a todo carregamento aplicado puramente por forças de
membrana. Enquanto tensões de tração e de compressão podem existir em uma
membrana, apenas tensões de tração são desenvolvidas em uma membrana efetiva tal
como uma lâmina de borracha esticada. Analogamente, deve ser notado que a enorme
resistência de uma casca de ovo é possível, devido ao estado de compressão de
membrana em que o material se encontra, quando sobre a casca atuam forças de
compressão.

Figura 3.2 – Teoria da membrana

A análise de membrana é baseada no equilíbrio de forças, isto é, procura-se estabelecer


o equilíbrio entre as cargas aplicadas e as três tensões resultantes Nx, Ny e Nxy. A análise
de membrana de uma casca é um tanto análoga a análise estaticamente determinada de
19

uma treliça, na qual se idealiza que os membros são articulações perfeitas, enquanto na
realidade, efeitos de flexão podem ser desenvolvidos nas ligações físicas reais. De
maneira similar a teoria da membrana intencionalmente negligencia os efeitos de flexão
produzidos pelo cisalhamento transversal, flexão e momento volvente. Pode ser
considerado que a teoria da membrana engloba a parte essencial do sistema de esforços,
e como tal, o efeito de flexão muitas vezes produzirá efeitos secundários. Por outro
lado, se as tensões de flexão induzidas forem da mesma ordem de magnitude que a
tensão de membrana, como ocorre, por exemplo, nas zonas de borda da hypar (referidas
como perturbação da borda), seria inteiramente irreal tratá-las como secundárias, muito
menos ignorá-las. Portanto, deve ser chamada a atenção ao aplicar a teoria da membrana
em tais situações, ao invés de tentar a análise pela teoria da flexão, mais exata.

A teoria da membrana, neste sentido, é aplicada apenas quando as condições de


contorno são compatíveis com as condições de equilíbrio, e como tal, deve ser dada
importância ao fato de que as soluções de membrana não são aplicáveis, sem restrição,
para todos os casos de carregamentos arbitrários e condições de contorno.

As condições de contorno que desenvolverão o estado de tensões de membrana pura na


casca podem ser descritas em termos de: (i) compatibilidade de forças, ou seja,
equilíbrio e (ii) compatibilidade de deformações. Sempre que cada um ou ambos, desses
requisitos não forem encontrados, as tensões de flexão serão necessariamente
desenvolvidas na casca.

As tensões de flexão necessárias para compatibilidade de deslocamentos, mas não para


equilíbrio, são chamadas de tensões de flexão “secundárias”, enquanto aquelas
solicitadas para satisfazer o equilíbrio são chamadas de tensões de flexão “primárias”.
Diz-se que uma casca está apropriadamente formada e adequadamente suportada, se ela
transportar a maior parte da carga por tensões de membrana, e daí desenvolver em
tensões de flexão apenas, secundariamente.
20

3.2 SIMPLIFICAÇÃO TEÓRICA E PRÁTICA PARA O EMPREGO DE CASCA


DE CONCRETO ARMADO EM FUNDAÇÃO RASA.

De acordo com Kaimal, (1969), estruturas em casca já se consagraram com aceitação


universal, no mundo da arquitetura, e têm sido empregadas, em diversas situações,
como solução em coberturas de grandes vãos e com a liberdade de adoção de inúmeras
geometrias. Já para as fundações, o plano estético destas estruturas não tem nenhuma
importância, mas sim, o seu desempenho estrutural, econômico e a sua viabilidade
técnica. Neste sentido, as alternativas geométricas aceitáveis se limitam a uns poucos
modelos, tais como cilíndricos, esféricos, piramidais, cônicos e somando ao conjunto o
notável formato retangular parabolóide hiperbólico.

Comparando com uma sapata convencional, um parabolóide hiperbólico apresenta


muitas vantagens. A solicitação do concreto à tração em tais sapatas é muito menor do
que para as fundações convencionais, as quais têm que resistir aos momentos fletores.
Por isso, as fissuras do concreto são quase eliminadas, reduzindo o risco de corrosão da
armadura pela exposição à umidade do subsolo. Como em toda estrutura em casca a sua
seção está sujeita apenas aos esforços normais, os quais estão sempre distribuídos
uniformemente sobre a seção transversal, resultando em uma melhor utilização do
material e conseqüentemente maior economia. Tais sapatas requerem substancialmente
menor volume de concreto. Deve-se levar em conta que a sua construção requer
trabalho adicional devido à necessidade de laborar a forma geométrica no solo e a
economia real global dependerá dos custos relativos da mão de obra, aço e concreto.

3.2.1 Teoria
De acordo com a teoria das membranas ou cascas, em um parabolóide hiperbólico
sujeito a um carregamento uniforme sobre a projeção horizontal, os esforços decorrentes
induzidos na casca são prevalentes apenas na forma de força de cisalhamento uniforme
Nxy,, (FLUGGE, 1973), dada pela expressão:

wab
Nxy = (3.1)
2H
21

Onde
Nxy é a força de cisalhamento por unidade de comprimento;
w é a carga por unidade de área sobre a projeção horizontal;
a e b são as dimensões do quadrante da casca medidos horizontalmente; e
H é a elevação do cume da casca, ponto central de apoio do carregamento externo.

Esta força de cisalhamento uniforme induz tração e compressão em direções ortogonais


no plano da casca, tensão axial de tração nas vigas horizontais das bordas e de
compressão ao longo da simples junção ou vigas inclinadas (rib ou ridge-beam) entre os
planos quadrantes das cascas adjacentes (ver Figura 3.3).

Figura 3.3 – Tensões de membrana em sapata parabolóide hiperbólica

Para uma sapata de uma coluna, a carga externa vertical é balanceada pela soma das
componentes verticais do esforço de compressão das quatro junções inclinadas. Estes
esforços de compressão são dissipados como força de cisalhamento ao longo destas
22

junções entre os planos das cascas e as próprias ribs. As forças cisalhantes sobre as lajes
são balanceadas pela força uniforme de reação do solo. Além disto, o momento fletor
sobre qualquer seção, devido às forças uniformes de reação do solo é balanceado pelo
par formado pela tensão nas vigas de borda (edge-beams) e a componente horizontal da
compressão nas ribs.

A citada teoria para as ações de membrana ou das cascas leva a um método bastante
simples de cálculo, o qual pode estar sujeito a verificações intermediárias. Do ponto de
vista matemático, os postulados assumidos na teoria poderão dar margens a dúvidas,
mas o ganho de experiências de longa data e os resultados dos recentes testes
conduzidos em sapatas de dimensões em escala real, com aplicação de carga e medição
das deformações, indicam que os cálculos baseados nestes postulados assumidos são
adequados para suportar as cargas com segurança (IS:9456-1980 (1982)).

3.2.2 Procedimento de cálculo


O procedimento para projetar uma sapata analisada pela teoria dada acima envolve os
seguintes passos principais:

Dimensões gerais - A área do plano de assentamento é determinada como para uma


sapata convencional, dividindo a carga total de projeto pela capacidade de suporte do
terreno. Para sapatas isoladas esta área poderá ser quadrada ou retangular, dependendo
das dimensões do pilar. Para sapatas combinadas, o comprimento e a largura deverão
ser proporcionais a adequada resultante da reação do solo coincidente com a respectiva
carga de pilar.

A elevação do ápice da sapata deverá ser tão grande quanto possível, já que a tensão Nxy
é inversamente proporcional a ela. Entretanto, o concreto não poderá ser moldado
eficazmente no local sobre uma rampa de inclinação maior que cerca de 40o, sem a
contensão apropriada por fôrma na superfície superior. Um ótimo valor de H, o qual
representa a inclinação deverá ser adotado, sendo conveniente considerar a altura cerca
de 1/3 do lado mais curto da sapata. Isto corresponde a inclinação de cerca de 34o, que é
23

bastante satisfatório, tanto para revestimento do solo, como para moldagem final, e
depois para a concretagem definitiva.

Laje da casca (shell slab) - Independentemente do valor de Nxy uma casca adequada é
usualmente feita com 15 cm de espessura, dando um cobrimento de 7,5 cm para o aço, o
qual está próximo ao meio da seção transversal. A armação é colocada paralela as
bordas da laje, de tal modo que possibilita o uso de barras retas. Suficiente armação
deverá ser provida em cada direção para resistir a componente diagonal da tensão
naquela direção que é a força de tração igual a Nxy. Embora a tensão diagonal seja
resistida somente pela armação, é desejável reduzir o esforço de tração no concreto a tal
valor, de modo que a formação de fissuras possa ser prevenida. Em raros casos isto
poderá significar o projeto de uma laje com espessura maior que 15 cm.

Vigas de borda (edge-beams) - Estas vigas sustentam esforços puramente de tração, os


quais variam de zero, nos cantos da casca, até o valor máximo, no meio do vão, na
junção com a viga inclinada, e deverão ser resistidos somente pela armadura. Embora
seja possível acomodar este aço no fundo da própria casca, é preferível dispor de vigas
de borda, deste modo, possibilitando o adequado espaçamento da armação necessária e
provendo rigidez extra com estas vigas, para resistir às tensões secundárias. O concreto
também fica sujeito ao mínimo esforço, prevenindo a ocorrência de fissuras. Em solos
de areia, tais vigas também facilitam a transferência da carga do pilar para a massa de
areia confinada.

Com as sapatas combinadas também se provê uma viga de borda, no vale formado pela
junção das cascas adjacentes. Esta viga terá sua seção triangular formada pelo
enchimento requerido no vale da junção.

Junção inclinada das cascas (ribs) - Esta seção está inteiramente em compressão
variando do máximo, na face do pilar, até zero no fundo da sapata (junção rib com a
viga de borda). Sob baixa transferência de esforços, esta junção estará adequada a
resistir a compressão. Adicional encorpamento da área desta seção transversal poderá
ser provida pelo enchimento da junção dos dois planos das cascas adjacentes, na sua
24

face inferior, com decréscimo desta área no sentido das vigas de borda. Entretanto, se
este enchimento for largo estará expondo uma superfície plana, ao invés da casca, em
contato com as reações de pressão do solo e sob as quais o efeito produzido poderá ser
um grande esforço de flexão. Alternativamente, se uma área de seção maior de concreto
seja requerida, poderá ser provida pela adição de seção pelo lado superior da superfície,
ou então, pelo incremento de resistência inteiramente por provimento de aço.

3.2.3 Construção
Preparação do terreno - Modelar o solo de acordo com a dupla curvatura parabolóide
hiperbólica é talvez o mais importante passo da construção da sapata. A melhor maneira
de executar segue nos seguintes estágios: a) a escavação geral é primeiramente feita até
o arrasamento do plano com o nível do topo da sapata; b) a marcação do plano da sapata
é feita fora dos limites desta e a escavação avança até o nível do fundo da sapata de
maneira a preservar isolado o prisma de terra retangular contendo a sapata (Figuras 3.4
e 3.5); c) as inclinações correspondentes as quatro vigas inclinadas são então cortadas
de maneira a isolar os quatro quadrantes e definir as diretrizes das cascas;d) na
seqüência, os quadrantes são formatados grosseiramente e daí então trabalhados de
modo a adquirirem o formato das curvas hiperbolóides com as superfícies tão lisas
quanto possível. Em solos de areia esta tarefa é cumprida facilmente pelo movimento de
uma régua que provoca o desbaste do solo, mantida em uma direção sempre
perpendicular as bordas.

Se o solo é pobre ou de lama, ou se o trabalho necessário é muito custoso, a escavação


poderá tomar um nível abaixo do fundo da sapata e, daí então, formatar a superfície da
casca através de enchimento com material composto de solo cimento ou concreto
magro.
25

Figura 3.4 – Sequência de escavação do solo

Figura 3.5 – Prisma retangular de solo para uma sapata isolada (fonte: Kaimal, 1969)

Camada de regularização - Como acontece com as sapatas convencionais, uma


camada de regularização deverá ser aplicada sobre o solo para formar uma superfície
consistente para receber a concretagem da sapata e prevenir a perda de pasta de cimento
do concreto por percolação no terreno. Esta camada de concreto magro (fck ≤ 10 MPa)
é empregada como blindagem, assim, o provimento de espessura adequada para
executar acuradamente a superfície com o perfil das curvas parabolóides, requer uma
26

espessura média de 2cm. Isto poderá ser executado pelo movimento de uma régua de
maneira semelhante à recomendada anteriormente para desbastar o terreno (Figura 3.6).
Se o formato da fundação já tenha sido preparado com o emprego de solo-cimento ou
concreto magro, a regularização é desnecessária.

Figura 3.6 – Acabamento em argamassa pobre da camada de regularização do perfil com o uso de uma
régua (fonte: Kaimal, 1969)

Montagem da armação - A armação será montada após a cura da camada de


regularização. O comprimento de cada barra pode ser acertado com a marcação da sua
posição a giz sobre a superfície da blindagem. Na Figura 3.7 a armadura é mostrada na
posição no caso de uma sapata combinada.
27

Figura 3.7 – Armação do aço na posição para uma sapata combinada (fonte: Kaimal, 1969)

Concretagem - Quando a armação já estiver montada, colocam-se no lugar as formas


para as vigas de borda. As réguas de escora que suportam a fôrma do pé do pilar,
também definem as linhas inclinadas de centro das ribs (note as guias mestras das
geratrizes que servem de suporte para a forma da base da coluna na Figura 3.8. O
concreto é colocado e vibrado de maneira usual e a superfície da casca terminada como
já descrito anteriormente, através do movimento de uma régua, assumindo as posições
das linhas geratrizes. Uma sapata completada está mostrada na Figura 3.9.
28

Figura 3.8 – Concretagem (fonte: Kaimal, 1969)

Figura 3.9 – Sapata terminada (fonte: Kaimal, 1969)


29

4 CRITÉRIOS DE DIMENSIONAMENTO

4.1 ASPECTOS DE CÁLCULO GEOTÉCNICO DAS FUNDAÇÕES


SUPERFICIAIS

De um modo geral, o comportamento geotécnico das fundações em radier curvo tem


sido analisado de forma semelhante às estruturas planas de fundação, adotando-se o
modelo de Winkler-Pasternack para o solo (MAHARAJ, 2003) ou pela discretização do
solo (MARTINS, etal, 2008). Estudos teóricos e experimentais têm sido conduzidos,
cuja performance das estruturas em cascas tem apresentado desempenho superior aos
planos. Nicholls e Izadi (1968) realizaram uma investigação experimental sobre sapatas
curvas com o objetivo de determinar a distribuição de pressão de contato como uma
função do carregamento último. Os resultados indicam que a capacidade última de
suporte e o recalque das estruturas curvas foram significativamente melhores quando
comparado com as suas correspondentes convencionais planas. Hanna e Abdel-Rahman
(1990) estudaram o comportamento geotécnico global de sapatas curvas assentes em
areia e sob condições de carregamento axial. Os resultados desta investigação mostram
excelentes respostas das fundações em estruturas de casca com respeito a capacidade
última de suporte e recalques característicos. Neste trabalho, para o dimensionamento
analítico geotécnico da fundação, será utilizada uma aproximação com os resultados
obtidos por critérios clássicos da literatura para as tensões admissíveis em sapatas
convencionais planas quadradas e rígidas.

Na modelagem numérica do comportamento geotécnico das estruturas curvas de


Martins et al, (2008), o comportamento geotécnico do parabolóide hiperbólico
apresentou resultados superiores ao radier plano,quando o solo foi modelado como
meio perfeitamente elastoplástico semi-infinito.
30

4.2 ASPECTOS DEDIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL ANALÍTICO


DASFUNDAÇÕES EM CASCA PARABOLÓIDE HIPERBÓLICA

Para o dimensionamento das estruturas de geometria em casca parabolóide hiperbólica é


levada em conta a predominância dos esforços presentes como sendo de natureza
descrita pela teoria da membrana, diferente do que ocorre com as fundações
convencionais planas, uma vez que estas últimas devem resistir a esforços de flexão
devido a presença de momentos fletores. A seguir, apresenta-se um breve resumo da
teoria da membrana aplicada a estrutura de sapata para fundação em parabolóide
hiperbólico (FLUGGE, 1973).

4.2.1 Comportamento estrutural: tensões de membrana nas cascas em parabolóide


hiperbólico
Uma importante propriedade estrutural da casca parabolóide hiperbólica é que uma
carga uniforme vertical induz um estado de tensões de cisalhamento uniforme de
membrana pura na casca (FLUGGE, 1973), desacompanhada de tensões normais. Em
termos de tensões resultantes, isto significa:

−pv
Nx = 0, Ny = 0, e Nxy = t = (4.1)
2k

A Equação (4.1) é equivalente a Equação (3.1), onde pv é intensidade da reação vertical


do solo, assumida uniforme; e k = f / (a b), é a inclinação da casca, conforme
parâmetros da Figura 4.1.

Para sustentar o estado de cisalhamento uniforme do tipo descrito acima, nas regiões do
contorno da casca deverão existir vigas perimetrais, como as de borda e as inclinadas,
para balancear esses cisalhamentos de borda. Este balanceamento induz as forças axiais
em direções opostas nestas vigas, como visto na Figura 4.1. Com relação à viga de
borda, como os seus cantos estão livres de tensão, as forças axiais tenderão a
concentrar-se no meio, resultando na tensão axial T característica desta viga, que a
partir de zero nos cantos aumenta uniformemente até um valor máximo dado por:
31

T=ta (4.2a)

Onde t deriva da magnitude de Nxy.

Figura 4.1 – Tensões de membrana em sapata parabolóide hiperbólica

Da mesma maneira, a borda da casca interage em esforço de cisalhamento de cada lado


ao longo da viga inclinada que resulta na dupla compressão axial C sobre esta viga,
aumentando uniformemente de zero até um valor máximo no ápice, onde a viga
inclinada se junta à base do pilar, conforme a expressão abaixo:

C = 2 t a2 + f 2 (4.2b)

Pode ser visto que, enquanto as componentes horizontais do valor máximo de C dos
pares opostos das vigas inclinadas balanceiam-se em cada par no ápice, as componentes
verticais de Cmáx. das quatro vigas inclinadas somam-se para equilibrar a carga aplicada
32

no pilar. Um fluxo de forças deste tipo, de acordo com a Figura 4.1, permite-nos
visualizar a transmissão da carga do pilar, saindo da base deste para as vigas inclinadas,
destas para as cascas, e daí, para as vigas de borda e para o solo abaixo.

Examinando cuidadosamente o estado de tensões de membrana, Equação (4.1), verifica-


se que para sustentar o estado de cisalhamento simples de membrana na casca, a teoria
da membrana requer vigas de borda e inclinadas as quais deverão ter suficiente rigidez
axial para suportar tração ou compressão sobre elas, mas ao mesmo tempo, nenhuma
rigidez lateral de modo que Nx e Ny permaneçam em zero como requerido pela
condições de contorno.

Verificando o comportamento da casca, pode-se ver que o cisalhamento uniforme de


membrana t, é equivalente a tração e compressão uniforme (tensões principais) de
idêntica magnitude ao longo dos arcos diagonais, convexo e côncavo respectivamente,
como mostrado na Figura 4.1. Se considerarmos a reação do solo em qualquer ponto,
agindo diretamente sobre estes conjuntos de arcos parabólicos com opostas curvaturas,
não será difícil a visualização da ação do arco (compressão) na parábola côncava e a
ação catenária (tração) na parábola convexa.

A aproximação para o cálculo, baseada na teoria da membrana pode ser considerada


como convencional desde que se assuma que a reação do solo é uniforme e com a
resultante do sistema de carga aplicada concêntrica, em relação ao centróide do plano da
área de contato, entre a fundação e o solo. Quanto à direção da resultante da pressão do
solo, deve-se tomar a mesma como sendo “normal” para os casos como argila mole,
onde a existência de componentes tangenciais é um tanto duvidosa devido à baixa
reação de atrito que pode ser mobilizada, e “vertical” onde se estiver certo da existência
de componentes tangenciais de magnitudes substanciais. De qualquer modo, quando na
dúvida, a melhor escolha é calcular para a condição que leve aos maiores valores de
tensões resultantes, a qual é geralmente a anterior.

Do ponto de vista da teoria da membrana, é preferível adotar a maior razão “elevação


versus base” da casca, mas isto deverá ser limitado a valores para os quais não cause
33

nenhuma dificuldade na construção. Por exemplo, se a fundação é muito íngreme será


difícil concretar a casca sem um anteparo de contenção no topo. Uma faixa de 0,50 a
0,84 para a razão f / a, no caso de uma hypar, pode ser estimada adequada para este
ponto de vista.

Desde que as tensões resultantes em qualquer ponto dada pela teoria da membrana são
Nx, Ny e Nxy, o cálculo estrutural da casca deverá também satisfazer estes efeitos.
Quando Nx ou Ny for de compressão, a seção deverá ser calculada para compressão, tal
que ambos concreto e aço sejam solicitados, de outro modo, se a mesma é de tração, a
seção deverá ser calculada em termos do aço isoladamente, onde o concreto deverá
servir apenas como cobertura física. Tratando de Nxy, seria conveniente considerar os
principais efeitos (tração e compressão) ao longo da direção diagonal, para os objetivos
do cálculo, como explicado no caso da sapata parabolóide hiperbólica. Em todos os
casos, práticas corretas implicam que o aço calculado para a membrana seja colocado no
meio da seção do plano da casca. Seja para a casca ou para as vigas, é preferível limitar
a percentagem máxima do aço na seção para 5 % da seção bruta (IS:9456-1980 (1982)).

4.2.2 Cálculo do estado limite da fundação em casca


Como para qualquer estrutura de concreto armado, o cálculo do estado limite da
fundação em casca deverá ser conduzido por fatores de carga obtidos pela multiplicação
das cargas características pelo apropriado fator parcial de segurança, do último que
dependendo da natureza da carga e do estado limite que está sendo considerado. A
tensão de membrana resultante necessita para o seu cálculo que sejam determinados
estes fatores de carga. As propriedades dos materiais (concreto e aço) necessárias para o
cálculo – chamadas resistência de cálculo – são obtidas pela divisão das resistências
características destes materiais pelo apropriado fator de segurança parcial.

A aproximação do estado limite prevê que o cálculo satisfaz o estado limite de ruptura,
bem como a da capacidade de serviço. O modo de ruptura em uma membrana envolve
diretamente compressão ou tração, como for o caso. O estado limite da capacidade de
serviço aplica-se para a flecha e a fissura, sendo esta última de especial importância
para as fundações, de um modo geral, devido à perda de proteção e a exposição do aço
34

da fundação à água do solo, sendo quimicamente agressiva e com a conseqüência da


probabilidade de corrosão da armadura e desintegração do concreto.

Com relação à compressão, segundo a IS:9456–1980 (1982), tanto na seção de casca,


quanto na viga inclinada, a seguinte expressão pode ser usada:

Cu = 0,4 fck Ac + 0,67 fyk As (4.3)

Onde
Cu é a força de cálculo na compressão. O subscrito indica que ela é a carga última ou a
do estado limite;
fck é a resistência característica do concreto;
fyk é a resistência nominal do aço;
Ac é a área do concreto (real);
As é a área do aço.

Se por outro lado, for designado A como a seção bruta, e especificada a percentagem de
aço como p, a expressão anterior pode ser escrita como:

p p
Cu = 0,4 fck A 1 − + 0,67 fyk A (4.4)
100 100

A Equação (4.4) pode ser utilizada tanto para obter o valor da seção A, quanto da área
do aço.

Com relação à tração, ela é inteiramente absorvida pelo aço, seja o cálculo pelo método
do estado limite ou tensão de trabalho, o concreto servirá meramente como cobertura de
proteção ao aço. Isto, contudo, causa séria preocupação com respeito à possibilidade de
fissuras no concreto circundante, particularmente se a largura das fissuras
provavelmente exceder o limite aceitável. Esta exigência é felizmente superada no
cálculo da tensão de utilização (working stress design, WSD) (IS:9456-1980 (1982)),
para as partes sob tração direta, que coloca um limite sobre a tensão de tração na seção
equivalente de concreto. A expressão correspondente é dada por:
35

T
σt = (4.5)
(Ac + mAs )

Onde
T é a força de tração agindo sobre a seção;
σt é a valor (limite) admissível da tensão de tração;
m é a taxa modular, dada como 280 / (3σcbc), onde σcbc é a tensão de compressão
admissível no concreto, na flexão.

Em termos de seção bruta, a Equação (4.5) pode ser reescrita como:

T
σt = (4.6)
[Ac + m − 1 As ]

σt, é o máximo valor da tensão de tração na seção equivalente que corresponde a uma
pequena fração de fck, aproximadamente da ordem de 12 %, ou equivalente a 0,34
(fck)2/3. Na NBR 6118 este valor médio é σt = fct,m = 0,3 (fck)2/3 (MPa), admitindo fctk,sup =
1,3 fct,m = 0,39 (fck)2/3 (MPa).

Para o cálculo da membrana, é indicado que o aço da casca seja detalhado no meio do
plano da sua seção. Quando está previsto o uso do aço em direções perpendiculares, a
prática correta é colocá-los simetricamente a linha de centro (Figura 4.2). Seria
preferível, onde a flexão é esperada, acrescentar uma camada na direção onde se espera
o surgimento de tração na flexão – visando tirar proveito do aumento do braço de
alavanca. O aço detalhado para as cascas e as vigas deve ter assegurado um adequado
cobrimento (todos os lados), espaçamento e ancoragem como previsto em norma.
36

Figura 4.2 – Casca de concreto armado

Segundo recomendações apresentadas na norma IS:9456-1980 (1982), deve-se manter a


mínima espessura da casca em 150 mm, para construção in situ e em 120 mm para
construção pré-moldada. Deve-se também manter a percentagem de aço entre os limites
de 0,5 % (mínimo) e 5 % (máximo), seja na casca ou nas vigas. Pela NBR 6118, o
limite mínimo é de 0,15 %, para armadura de flexão para vigas, considerando a seção
retangular e fck = 25 MPa.

4.2.3 Casca
De acordo com a teoria da membrana, uma reação vertical uniforme do solo, pv, poderia
induzir um estado de tensão uniforme de membrana(cisalhamento) na casca hypar
desacompanhada de tensões normais, como explicado na Seção 4.2.1. Note-se que uma
reação normal uniforme do solo, pn, induz as forças resultantes normais Nx e Ny em
adição a força resultante de cisalhamento Nxy. Esta tensão uniforme de cisalhamento t é
equivalente a tração e compressão uniforme de idêntica magnitude do cisalhamento, ao
longo dos arcos parabólicos diagonais convexo e côncavo, respectivamente,
compreendendo a casca como já mostrado na Figura 4.1 e constitui o principal esforço
para este sistema.

A seção diagonal poderá ser agora calculada para os esforços de tração e de compressão
desenvolvidas. O arco convexo terá, portanto, aço com menor espaçamento do que o
arco côncavo no qual o aço será necessário apenas se o concreto não tiver a capacidade
suficiente para resistir a compressão desenvolvida. Mesmo quando o aço estrutural não
seja necessário, deverá ser provida armadura mínimacom alguma taxa para amarrar o
aço da tração, se não, também para o propósito de proteção contra a possibilidade de
37

flexão. Ambos os jogos de aço devem ser curvados a perfis parabólicos para conformar-
se efetivamente com a geometria da casca, antes da colocação. Entretanto, para evitar a
necessidade de curvar as barras como acima e deste modo facilitar o trabalho de
execução, no caso de uma sapata, é conveniente prover o aço como barras retas ao
longo das direções paralelas as bordas de tal maneira que produza a mesma efetiva área
ao longo da diagonal, isto é um exemplo de usufruir a vantagem das propriedades de
linhas retas da casca. Esta prática, além disso, tem a vantagem adicional que as barras
podem ser curvadas da viga inclinada (ridge beam) para dentro da casca adjacente.
Deste modo, se o requerido espaçamento das barras para atração diagonal é s, (Figura
4.3a), o mesmo efeito pode ser produzido pela colocação de barras paralelas do mesmo
diâmetro, em cada direção perpendicular ao mesmo espaçamento s, como mostrado na
Figura 4.3b. Este método, embora conveniente do ponto de vista do trabalho com a
armação, sofre uma desvantagem, isto é, por tornar igual, a quantidade de aço
disponível na direção da compressão. Isso, na presença de concreto torna o arco
compressivo mais resistente que o arco da tração; assim, levando para um leve
desbalanceamento, mas ao mesmo tempo um projeto seguro. Testes conduzidos por
Kurian (1972) mostraram que colocando a armação diagonalmente não tem mérito
especial sobre a colocação da mesma, na direção paralela aos lados, seja em termos de
carga de fissuramento ou carga última, exceto para o escopo da redução de aço para
compressão. Conseqüentemente, entre os dois métodos, a escolha está entre a economia
de material versus economia de mão de obra. De maneira geral, o método paralelo
parece satisfatório no caso de fundações.

Figura 4.3 – Método da armação de aço da casca parabolóide hiperbólica: (a) - diagonal, (b) – paralela
38

4.2.4 Vigas
Sapatas parabolóide hiperbólicas têm sido projetadas e construídas das seguintes
maneiras: (a) com vigas de bordas, mas sem as vigas inclinadas; (b) sem as vigas de
borda (mas não sem aço na borda), mas com pesadas vigas inclinadas; (c) com ambas as
vigas de borda e inclinadas. Embora entre os dois conjuntos de vigas, a viga inclinada
seja menos importante, é óbvio que a capacidade da casca em resistir aos momentos ou
cargas excêntricas será consideravelmente melhorada na presença das vigas inclinadas.
Será, portanto, prudente usar sapatas parabolóide hiperbólicas com ambas, vigas de
borda e inclinadas nos projetos normais, além disso, considera-se que este tipo é
geralmente capaz de adaptar-se melhor a uma distribuição irregular da reação do solo e
a excentricidades acidentais em cargas como inevitavelmente ocorre na prática. Embora
o cálculo da membrana requeira que estas vigas tenham seus eixos coincidindo com as
bordas da casca (Figura 4.1), é consistente a análise se eles deveriam situar no plano
central, para cima ou para baixo, com relação à casca. Do ponto de vista da
possibilidade de flexão, contudo, é mais efetivo prover a viga por baixo (down
standing). Este método também se mostra de fácil aplicação do ponto de vista da
construção, ambas in situ ou pré-fabricada. Além disso, ele provê melhor confinamento
para o solo no interior da sapata.

Desde que as vigas são tratadas separadamente das cascas, as dimensões seccionais da
viga deverão ser providas distintamente das dimensões da casca como mostrado na
Figura 4.4b, embora seja comum a prática de incluir a porção da casca no
dimensionamento da viga. Além disso, as vigas deveriam ser posicionadas dentro, e não
fora, das dimensões do plano da casca, de modo que a área do plano da sapata
permaneça intacta como mostrado, também, na Figura 4.4b.
39

Figura 4.4 –Sapata em casca parabolóide hiperbólica individual quadrada: (a) 1 – parábola convexa
(tração), 2 – parábola côncava (compressão), 3 – geradoras de linhas retas; (b) detalhamento das vigas

Viga de borda - Conforme tratado na Seção 4.2.1, a viga de borda está sujeita a tração
axial, aumentando de zero nos cantos até o seu valor T = t a, no centro da borda da
sapata (Figura 4.1). O aço na seção central pode ser calculado com base na tração total,
enquanto a área da seção pode ser determinada com base na quantidade requerida para
tração máxima equivalente, dada pela Equação (4.6). Mantendo a largura da viga, d/2,
onde d é a dimensão lateral da base do pilar, verifica-se primeiramente se a seção
triangular disponível no centro (região hachurada da Figura 4.4b) é suficiente para a
área do concreto. Se ela não for, como normalmente acontece, o acerto poderá ser feito
com a projeção para baixo de uma seção retangular. Deste modo a profundidade da
porção retangular pode ser determinada. Aqui, o critério de dimensionar a largura da
viga em d/2 se justifica pela razão óbvia de se manter a distribuição da carga através de
uma seção equivalente, ou seja, o somatório das seções das vigas se iguala a seção do
transportador da carga, a coluna. Sendo determinada a área da seção da viga de borda,
verifica-se que a área de aço para esta seção será muito menor que 5 %. Embora o aço
requerido na seção do canto seja zero, na maioria dos casos, o aço calculado para o
centro é estendido por toda a viga. Isto certamente é uma vantagem do ponto de vista da
resistência última.

Viga inclinada - A compressão axial na viga inclinada é máxima no ápice e, partindo


deste ponto, reduz progressivamente até zero na interseção com as vigas de borda. A
40

seção desta viga pode ser calculada como uma coluna curta com aço não excedendo a 5
%, usando a Equação (4.4). Assim pode ser dimensionada inicialmente se a área
necessária encontrada for apenas com o enchimento triangular com a sua largura, não
excedendo d. Se uma área maior for necessária, poderá ser aditada uma seção retangular
com a projeção por baixo do enchimento triangular. Embora a compressão axial
desapareça na extremidade da viga, ao fundo, muitos projetistas preferem manter a
seção encontrada no ápice para toda a viga. Com relação aos estribos, deverá se provida
conforme requerido nominalmente, para ambos os conjuntos de vigas. Desde que a ação
predominante na viga seja axial, o cisalhamento transversal é provavelmente de pouca
importância para necessitar estribo estrutural. Em todo o caso, somente uma análise de
flexão pode produzir um diagrama de força de cisalhamento que poderá confirmar isto.
Pela mesma razão, a possibilidade de falha da seção da viga por cisalhamento (ou tração
da diagonal) na face do pilar, normalmente chamado de cisalhamento de punção, é
muito remota para requerer preocupação.

Considerando-seque uma porção substancial da casca atua em conjunto com a viga de


borda e a viga inclinada, é possível considerar a contribuição da casca no
dimensionamento das vigas. Muito embora alguma economia na seção das vigas possa
ser realizada desta maneira, normalmente opta-se pelo lado da segurança e ignora-se
esta consideração.

Até aqui, apenas o cálculo de uma sapata parabolóide hiperbólica quadrada submetida a
uma carga vertical central, que é o mais simples dos casos, foi tratado. Cálculos para os
casos, tais como: sapata com momentos, sapata retangular, sapata com pilar excêntrico,
sapatas combinadas e radier, sob várias condições de geometria e carregamento, todas
as quais progressivamente mais complexas, podem ser analisados de acordo com os
conceitos apresentados neste trabalho. Isto também se aplica para os tipos de radier
parabolóide hiperbólico invertido, em simples ou múltiplas unidades.
41

5 PROCEDIMENTO DE CÁLCULO

5.1 CÁLCULO ESTRUTURAL ANALÍTICO DE FUNDAÇÃO EM SAPATAS


PLANAS CONVENCIONAIS

Com o objetivo de obter os valores dos quantitativos materiais, tendo como referência o
dimensionamento da fundação em sapatas planas convencionais, para comparação
posterior frente à proposta deste trabalho, que visa o emprego da tecnologia de
fundações em parabolóide hiperbólico, segue em linhas gerais, os procedimentos
clássicos da literatura.

5.1.1Aspectos de dimensionamento para sapatas planas


De acordo com Alonso (1983), as sapatas planas são elementos de fundação executados
em concreto armado, de altura reduzida em relação às dimensões da base e que se
caracterizam diferentemente das cascas, principalmente por trabalhar à flexão. Na
Figura 5.1, os valores de h1 e h2 são decorrentes do dimensionamento estrutural. A área
da base, estando sujeita apenas a carga vertical, sendo calculada pela expressão: A = a b
= (P + pp) / σs, onde: P é a carga do pilar associado; pp é o peso próprio da sapata e σs é
a tensão admissível do solo.

Na grande maioria dos casos o peso próprio, bem como o peso de terra sobre a sapata é
pouco significativo e como o valor de σs na prática não tem grande precisão, pp é
portanto negligenciado, de tal modo que a expressão é simplificada, A = a b = P / σs. As
dimensões em planta, a e b devem ser escolhidas de modo que: o centro de gravidade da
sapata deve coincidir com o centro de carga do pilar; a sapata não deverá ter nenhuma
dimensão no plano menor que 60 cm; sempre que possível, os balanços da sapata, em
relação a face do pilar sejam iguais nas duas direções (valor de c da Figura 5.1b).
42

Figura 5.1 – Sapata plana (fonte: Alonso, 1983)

5.1.2 Critério de dimensionamento pelo método das bielas (sapatas isoladas)


Determinação da altura d (Figura 5.1d):

a − ao b − bo P
d ≥ ou ≥ ou ≥ 1,44 5.1
4 4 σa

Em que σa= 0,85 fck / 1,96

Cálculo da tensão de tração nas armaduras, nas direções x e y:

P a − ao
Tx =
8d
P (b − bo )
Ty = (5.2)
8d

Cálculo do aço necessário para as armaduras paralelas aos lados a e b:

1,61 Tx
Asx =
fyk
43

1,61 Ty
Asy = (5.3)
fyk

Cálculo da armadura mínima:

Asmín = 0,15% bw h (5.4)

5.2 MODELAGEM POR MÉTODO NUMÉRICO DO COMPORTAMENTO


GEOTÉCNICO E ESTRUTURAL DE FUNDAÇÃO EM SAPATAS
PARABOLÓIDE HIPERBÓLICAS E PLANAS CONVENCIONAIS

Para a confrontação de valores dos resultados do dimensionamento analítico para a


fundação parabolóide hiperbólica, neste trabalho será desenvolvida esta verificação de
resultados por meio da modelagem numérica, pelo Método dos Elementos Finitos, com
o software comercial SAP2000. Na sequência, faz-se uma abordagem dos conceitos
para a determinação do parâmetro necessário a esta modelagem que é o módulo de
reação do solo.

5.2.1 – Sobre a opção do modelo de interação solo estrutura


Segundo Silva (2006), a literatura da área da interação solo-estrutura apresenta vários
estudos onde o solo é modelado de diferentes maneiras. Dentre estes vários modelos, o
modelo de fundação de Winkler, é o mais simples. Segundo este modelo ou hipótese, as
pressões de contato são proporcionais aos deslocamentos. E este modelo pode ser usado
tanto para carregamentos verticais, como é o caso das vigas e radiers de fundação,
quanto horizontais, como é o caso de estacas sob cargas horizontais e estruturas de
escoramento de escavações.

Este modelo tem a vantagem de utilizar apenas um parâmetro, o módulo de reação


vertical ksv, que pode ser convenientemente determinado e adequadamente modificado
para o tamanho e forma da fundação, para ser usado na análise do problema real. A
desvantagem do modelo se deve a consideração do comportamento independente das
44

molas que substituem o solo. Porém, desde que os recalques envolvidos sejam
pequenos, esta aproximação pode ser empregada.

Por outro lado, uma aproximação usando uma idealização do meio elástico contínuo não
é considerada atrativa devido à grande dificuldade de se chegar a um valor preciso do
módulo de elasticidade do solo, o qual é um parâmetro essencial para esta idealização.
Isto faz com que a aproximação usando o módulo de reação vertical ksv seja mais
apreciada. Este modelo, (ver Figura 5.2) permite a análise computacional de forma
simplificada.

Figura 5.2 – Modelo de fundação de Winkler

Ainda de acordo com Silva (2006), outro ponto importante que faz com que a
aproximação de Winkler seja preferida, consiste no fato de que há comprovações na
literatura específica (SMOLIRA, 1975) que mesmo grandes erros na avaliação dos
valores do módulo de reação vertical influenciam quase que insignificantemente a
resposta da superestrutura associada.

5.2.2 Determinação do módulo de reação vertical do solo


Scarlat (1993) apud Souza e Reis (2008), apresenta uma maneira simplificada baseada
na hipótese de Winkler, para medir a deformabilidade dos solos, que consiste em
considerar o seu efeito elástico representado por uma série de molas discretizadas sob a
base da fundação. Estas molas são representadas pelo coeficiente de apoio elástico Ki
(kN/m), que é diretamente proporcional ao módulo de reação ksv (kN/m3) e
inversamente proporcional à sua área carregada conforme:
45

Ki
k vs = (5.5)
Af

Onde Af é à área em planta do elemento de fundação.

A hipótese de Winkler adotada neste procedimento simplificado é dada para o caso de


deformação vertical pela seguinte expressão:

σ x, y = k vs w x, y (5.6)

Onde
σ(x,y) é a tensão média de contato na base da fundação;
w(x,y) é o deslocamento vertical (recalque);
ksv é o módulo de reação vertical, sendo este valor definido em função do tipo de solo
que compõe o maciço de fundação.

Na prática, o coeficiente ksv pode ser determinado de três maneiras: ensaios de placa,
tabelas de valores típicos se por meio de correlações com o módulo de elasticidade.
Todavia, como as Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3 apresentadas mostram os valores propostos para
o módulo de reação a partir de faixas amplas, desta forma, com um alto grau de
incerteza, elas servirão apenas para aferir a ordem de grandeza dos valores a serem
calculados por correlação.

Tabela 5.1 – Faixa de valores de ksv


Argilas Rija Muito rija Dura
qu (MPa) 0,1 a 0,2 0,2 a 0,4 > 0,4
Faixa de valores ksv 16 a 32 32 a 64 > 64
Valor proposto (MN/m3) 24 48 96
Medianamente
Areias Fofas Compacta
compacta
Faixa de valores v 6 a 19 19 a 96 96 a 320
ks
Areia acima NA 3 13 42 160
(MN/m )
Areia submersa 8 26 96
qu corresponde a resistência à compressão não drenada.
Fonte: Terzaghi (1955) apud Souza e Reis (2008)
46

Tabela 5.2–Faixa de valores de ksv


Tipo de solo ksv (MN/m3)
Turfa leve – solo pantanoso 5 a 10
Turfa pesada – solo pantanoso 10 a 15
Areia fina de praia 10 a 15
Aterro de silte, de areia e cascalho 10 a 20
Argila molhada 20 a 30
Argila úmida 40 a 50
Argila seca 60 a 80
Argila seca endurecida 100
Silte compactado com areia e pedra 80 a 100
Silte compactado com areia e muita pedra 100 a 120
Cascalho miúdo com areia fina 80 a 120
Cascalho médio com areia fina 100 a 120
Cascalho grosso com areia grossa 120 a 150
Cascalho grosso com pouca areia 150 a 200
Cascalho grosso com pouca areia compactada 200 a 250
Fonte: Morais (1976) apud Souza e Reis (2008)

Tabela 5.3 – Faixa de valores de ksv


Tipo de solo ksv (MN/m3)
Areia fofa 4 – 16
Areia medianamente compacta 9,6 – 80
Areia muito compacta 64 – 128
Areia argilosa medianamente compacta 32 – 80
Areia siltosa medianamente compacta 24 – 48
Solos argilosos:
qa ≤ 0,2 MPa 12 – 24
0,2 MPa < qa ≤ 0,8 MPa 24 – 48
qa > 0,8 MPa > 48
Estes valores deverão ser usados apenas como um guia para
comparação dos resultados das equações de aproximação.
Fonte: Adaptada da Tab. 9-1 de Bowles (1996)

Conforme Veloso e Lopes (2004), apud Souza e Reis (2008), o módulo de reação
vertical definido com ensaios de placa necessita ser corrigido em função da dimensão e
da forma da fundação real. Esta correção é necessária uma vez que o módulo de reação
vertical não é uma propriedade do maciço de solos, e sim da rigidez relativa entre a
estrutura e o solo.

Para solos arenosos:


47

(k vs )Placa (BFundação + BPlaca )


(k vs )Fundação = (5.7)
(2 BFundação )2

Para solos argilosos rijos a muito rijos:

(k vs )Placa BPlaca
(k vs )Fundação = (5.8)
(BFundação )

Onde BPlaca é o diâmetro da placa circular e BFundação é o diâmetro equivalente da


fundação, o qual deve ser determinado como o diâmetro de um círculo que tenha a área
igual à área da sapata. Por exemplo, se BPlaca é o lado da placa quadrada, com padrão de
0,30 x 0,30 m; então, BFundação será o lado da sapata quadrada.

Bowles (1996) prevê um fator de correção para a correlação das sapatas retangulares
sobre argilas rígidas ou areias medianamente compactas com m = L/B:

(k vs )Fundação (0,5 + m)
(k vs )Fundação ,cor = (5.9)
1,5 m

Onde L é o comprimento e B é a largura da sapata.

Vesic (1961), apud Bowles (1996) propôs que o módulo de reação vertical pode ser
calculado usando o módulo de tensão-deformação Es, como a seguir:

v
12 Es B 4 Es
k ′ s = 0,65 unidades de Es (5.10)
(Ef If ) 1 − μ2

Onde
Es e Ef são os módulos de elasticidade do solo e da sapata, respectivamente;
B e If é a largura da sapata e o seu momento de inércia baseada na seção transversal;
μ é o coeficiente de Poisson.
48

Obtém-se ksv de k‟sv como: ksv = k‟sv / B. Como a raiz duodécima de qualquer valor
multiplicada por 0,65 aproxima de 1, para ser prático a Equação (5.10) se reduz a:

Es
k vs = (5.11)
B (1 − μ2 )

Dadas as equações:

q o B′ (1 − μ2 )
∆H = (5.12)
Es m Is IF

(1 − 2 μ)
Is = I1 + (5.12a)
1 − μ I2

2 2 2 2
1 1 + M2 + 1 M2 + N2 M + M2 + 1 N2 + 1
I1 = M ln + ln (5.12b)
π 2
M 1 + M2 + N2 + 1
2
M + M2 + N2 + 1

N −1 M
I2 = tg tg−1 em radianos (5.12c)
2π 2
N M2 + N2 + 1

Onde
H é o deslocamento vertical (recalque);
qo = capacidade admissível de suporte da fundação;
μ é o coeficiente de Poisson;
M é igual a L‟ / B‟;
N é igual a H / B‟;
H é igual a 5 B;
B‟ é igual a B / 2 (centro), e igual a B (canto Ii);
L‟ é igual a L / 2 (centro), e igual a L (canto Ii);
m é igual a 4 (centro), igual a 2 (lados), e igual a 1 (cantos);
IF, verificado no ábaco da Figura 5.3;
49

Figura 5.3 – Ábaco para o fator IF de influência para a profundidade D (fonte: Fig. 5-7 Bowles (1996))

Rearranjando a Equação (5.12) e usando E‟s = (1 - μ2) / Es e fazendo m = 1, obtém-se:

∆H = ∆q B Is IF E′s (5.13)

Definindo ksv como H /q, obtém-se:

∆H 1
k vs = = 5.14
∆q B Is IF E′s

Nota-se que os momentos fletores e a pressão do solo calculada não são muito sensíveis
ao módulo utilizado ksv, porque a rigidez da estrutura é normalmente 10 ou mais vezes
maior que a rigidez do solo, definida por ksv. Reconhecendo isto, Bowles (1996) sugere
a seguinte aproximação para ksv a partir de uma capacidade admissível qa conhecida,

k vs = 40 SF qa kN (5.15)
m3
50

Esta equação está baseada em qa = qult / SF e a capacidade última do solo está


relacionada com o recalque H = 25,4 mm e ksv é qult / H. Para um H = 6, 12, 20 mm,
etc., a constante 40 deve ser ajustada para 160, 83, 50, etc., que são os inversos
correspondentes, considerando a relação mm para m,e para SF, fator de segurança, o
autor indica a utilização do seu valor igual a 3 para obter-se o módulo relacionado à
capacidade última.

De acordo com Souza e Reis (2008), uma maneira mais direta de se avaliar o coeficiente
de reação vertical é correlacionando-o diretamente com as propriedades elásticas do
maciço de solo, levando-se em conta uma série de fatores, tais como a forma, as
dimensões e a rigidez do elemento de fundação. A Equação (5.16) proposta por Perloff
(1975) apresenta esta alternativa:

Es
k vs = (5.16)
1 − μ2 Iw B

Onde
B é a menor dimensão da sapata;
μ é o coeficiente de Poisson;
Iw é o fator de influência que depende da forma e da rigidez da sapata, conforme ilustra
a Tabela (5.4);
Es é o módulo de elasticidade do solo.
51

Tabela 5.4 – Fator de influência Iw


Valores de Iw
Forma Fundação Flexível
Rígida
Centro Vértice Valor médio
Circular 1,00 0,64 0,85 0,88
Quadrada 1,12 0,56 0,95 0,82
Retangular
L/B = 1,5 1,36 0,68 1,15 1,06
L/B = 2 1,53 0,77 1,30 1,20
L/B = 5 2,10 1,05 1,83 1,70
L/B = 10 2,54 1,27 2,25 2,10
L/B = 100 4,01 2,00 3,69 3,40

B−b
h≥
4
→ Sapata Rígida

B−b
h≤
4
→ Sapata Flexível

Fonte: Adaptado de Perloff e Baron (1976), apud Aoki (2003)

Tsudik (2006) apresenta a expressão de Klepikov para o módulo de reação vertical:

Es
k vs = 2 (5.17)
ω A 1 − μ2

Onde
Es é o módulo de elasticidade do solo;
ω é o coeficiente de forma da sapata que é função da taxa de largura por comprimento e
pode ser obtido da Tabela 5.5;
A é a área da base da sapata;
μ é o coeficiente de Poisson;
B é a largura da sapata;
L é o comprimento da sapata.

Tabela 5.5 - Coeficiente de forma para a Equação (5.17)

L/B 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0
ω 0,88 0,87 0,86 0,83 0,80 0,77 0,74 0,73 0,71 0,69 0,67
52

5.2.3 Determinação do módulo de reação horizontal do solo


De acordo com Hachich et al (1998), no caso de carregamento horizontal, o modelo de
Winkler prevê que as pressões horizontais são proporcionais aos deslocamentos
horizontais, ou seja,

q = k hs v (5.18)

Onde q é a pressão horizontal;


v é o deslocamento horizontal

A constante de proporcionalidade ksh é usualmente chamada de coeficiente de reação


horizontal. Este coeficiente é obtido por meio de ensaio de placa (colocadas
verticalmente e carregadas horizontalmente), de ensaios pressiométricos e através da
utilização de valores típicos.

Como os ensaios em placas carregadas horizontalmente e ensaios pressiométricos são


pouco comuns no Brasil, recorre-se frequentemente às tabelas de valores típicos. Para a
Tabela 5.6, abaixo, o autor não informa a que padrão de placa se refere os resultados.
Sendo conservador, assume-se o tamanho menor de um pé2 ou 30 x 30 cm para a placa.

Tabela 5.6 – Valores de ksh para argilas sobre-adensadas (Davisson, 1963)


Argila qu (kN/m2) Ksh (MN/m3)
Mole e média 20 a 40 80
Rija 100 a 200 500
Muito rija 200 a 400 1000
Dura 400 2000
Fonte: adaptada de Hachich et al (1998)
53

6 APLICAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.1 ESPECIFICAÇÕES DO PROJETO

Com o objetivo de avaliar tecnicamente e economicamente a utilização de sapatas em


forma de parabolóide hiperbólico, como solução estrutural de fundações rasas em solos
de baixa resistência, para tanto, idealizou-se a construção de um edifício residencial.
Sua arquitetura consiste de um bloco composto por três pavimentos estruturados por
alvenaria autoportante (resistência mínima do bloco igual a 4,5 MPa) de espessura 15
cm sem grauteamento e lajes pré-fabricadas em vigotas de concreto armado e blocos
cerâmicos. Considerou-se concreto C25 na confecção das lajes e das sapatas, com fck =
25 MPa, módulo de elasticidade inicial E = 5600 fck = 28 GPa e coeficiente de
Poisson, μ = 0,30. O aço adotado no reforço das estruturas em concreto, CA-50, possui
resistência característica fyk = 500 MPa e módulo de elasticidade igual a 210 GPa. Para a
determinação das seções de concreto, segundo a norma brasileira NBR-6118 (2003),
considerou-se cobrimento de 4 cm e abertura máxima de fissuras wk = 0,4 mm. A
Figura 6.1 apresenta o esquema, sem escala verdadeira, da geometria do edifício com as
dimensões máximas em planta.

Figura 6.1 - Geometria do modelo


54

6.2 ANÁLISE GEOTÉCNICA

O solo, conforme sondagem SPT; consiste de uma camada inicial de 16 m de espessura


composta por argila siltosa mole, seguida de camada de areia grossa mediamente
compacta de espessura 4 m. Sob esta, se encontra uma camada em areia fina, que se
estende até o limite de profundidade de investigação (Figura 6.2). O nível do lençol
freático se encontra a 2,50 m da superfície. A distribuição das camadas é assumida
plana e homogênea, para efeito prático e simplificação de cálculo. A Tabela 6.1
apresenta os parâmetros materiais para os três tipos de camadas consideradas, os quais
foram deduzidos por correlação com os valores do NSPT, cujos cálculos desenvolvidos
estão no Anexo D. Há uma revisão de literatura para o assunto de geotecnia para
fundações superficiais no Anexo A.

Tabela 6.1 - Parâmetros materiais do solo por correlação com o NSPT

Solo / Módulo de Ângulo Coesão Peso


Coeficiente
Parâmetros NSPT Elasticidade de atrito efetiva* Específico
de Poisson
médios (MPa) interno (KPa) (KN/m3)
Argila siltosa
4 5,6 0,30 23º 4 15
0 - 16 m
Areia grossa
8 21,6 0,35 31º 0 19
16 - 20 m
Areia fina
10 27 0,35 32º 0 20
20 - 25 m

*Há dificuldade para se obter o valor deste parâmetro (coesão efetiva) por correlação
simples com o NSPT, porque é necessário conhecer mais informações, tais como: história
das tensões do solo, velocidade de carregamento e de dissipação do excesso de poro-
pressão, que são fatores que influenciam no seu valor. Por isso não há na literatura tal
correlação para a resistência ao cisalhamento característico das argilas na condição
drenada que tem os seus valores normalmente inferiores do que para a condição não
drenada.

O valor estimado desta tabela foi colhido por inferência de um estudo conduzido por
Tonus (2009) - a autora pesquisou históricos de diversos ensaios disponíveis na
55

literatura e de pertinência com o seu estudo que com as devidas correlações e aplicação
estatística montou tabelas específicas. Acrescenta-se para referência e verificação um
exemplo reproduzido de Vesic (1975), apud Aoki (2003).

Figura 6.2 - Estratificação do subsolo

6.3 DEFINIÇÃO DO CARREGAMENTO

Para a sobrecarga de cada pavimento, atuando sobre a fundação e sobre os dois


primeiros pavimentos, foi dado o valor de 2,0 kN/m2, enquanto sobre a cobertura, 0,5
kN/m2. Para a cobertura, considera-se sobrecarga adicional de 1,0 kN/m2 devido aos
elementos da cobertura. O peso próprio das estruturas em concreto armado e alvenaria
são computados considerando-se peso específico do concreto e alvenaria iguais a 25,0
kN/m3 e 16,0 kN/m3, respectivamente. Tais valores conduzem a um carregamento de
aproximadamente 10,8 kN/m2 por pavimento, inferior em 10 % com relação ao valor
típico para edifício residencial (difundido no meio técnico) que é de 12 kN/m2 por
pavimento. Neste caso particular há uma redução de carga devido ao tipo de estrutura
adotada que é a de alvenaria autoportante com as lajes de vigotas pré-moldadas e blocos
cerâmicos.

Desta forma, a distribuição dos esforços sobre as sapatas será diretamente proporcional
à área de influência das mesmas. Assim, a carga total para metade do edifício (115,5
56

m2) será a carga correspondente a 10,8 kN/m2 × np, onde np corresponde ao número de
pavimentos. Assim:

Carga total = 10,8 kN/m2 × 3 × 115,5 m2 = 3742 kN.

A carga característica das sapatas será então dividida em quatro grupos: (SA), com a
dimensão de 3,0 x 3,0 m; (SB), com 2,5 x 2,5 m; (SC) e (SD) com 2,0 x 2,0 m (vide
Figura 6.3), cujos valores são:

(SA): Grupo de peso = 1,00 → 440 kN


(SB): Grupo de peso = 0,75 → 330 kN
(SC): Grupo de peso = 0,50 → 220 kN
(SD): Grupo de peso = 0,25 → 110 kN

Figura 6.3 – Meia planta simétrica dos pilares virtuais para locação das sapatas
57

A tensão de suporte necessária para as sapatas será dada por:

(AS): q0 = 50 kPa;
(SB): q0 = 53 kPa;
(SC): q0 = 55 kPa;
(SD): q0 = 28 kPa

A transferência do carregamento das paredes autoportantes do edifício para a fundação


com a concentração balanceada nas sapatas ocorrerá através dos elementos de baldrame.
Aqui o desequilíbrio com as sapatas (SD) se dá por causa da opção de manter um
padrão construtivo para um número maior delas, embora essas se destinem à metade do
carregamento das sapatas (SC). A memória de cálculo desta seção encontra-se nos
Anexos C e D.

6.4 DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO GEOTÉCNICO DA FUNDAÇÃO

A seguir apresentam-se os resultados do dimensionamento analítico (cálculo dos


recalques) das fundações, considerando-se o mesmo equacionamento para sapatas
planas e parabolóides hiperbólicas, salvo as observações apresentadas no item 4.1.

6.4.1 Capacidade de suporte para as sapatas


A Tabela 6.2 apresenta os valores das tensões admissíveis das sapatas considerando as
teorias de Meyerhof-Bowles, Teixeira e Melo, Caputo e Terzaghi. O desenvolvimento
dos cálculos encontra-se no Anexo D.

Tabela 6.2 – Resumo dos resultados de cálculo das tensões admissíveis das sapatas
Tensão admissível para as sapatas, qa
Método (kPa)
(SA) (SB) (SC) (SD)
Meyerhof-Bowles 89,54 94,67 102,72 102,72
Teixeira e Mello 80 80 80 80
Caputo 69,16 69,16 69,16 69,16
Terzaghi 132,09 124,59 117,09 117,09
58

6.4.2 Recalque imediato das sapatas


O recalque esperado para o solo de argila mole, certamente, além do imediato, toma
importância a parcela do adensamento lento. Como regra geral no meio técnico, as
sapatas ou tubulões não devem ser apoiadas em argilas que não sejam sobreadensadas
ou em solos colapsíveis. Em um projeto real para este solo, há que se estudar algum tipo
de melhoramento da sua capacidade de suporte, viável economicamente, em se
adotando as fundações superficiais, tais como: pré-adensamento com aterro, construção
de drenos de areia, substituição de camada superior, reforço com estacas de areia, etc.

Na Tabela 6.3 encontram-se os valores de recalque para as sapatas(SA), (SB), (SC) e


(SD) de acordo com a teoria de Timoshenko, Goodier e Bowles e são considerados
válidos também para as sapatas parabolóide hiperbólicas. Os recalques encontrados para
a sapata (SD) estão com os seus valores praticamente iguais a metade dos valores das
sapatas (SC) e se deve ao dimensionamento em dobro, já comentado anteriormente. O
desenvolvimento dos cálculos encontra-se no Anexo D.

Tabela 6.3 – Resumo dos resultados de cálculo de recalques imediatos das sapatas
Recalques,  (mm)
Método Timoshenko, Goodier apud Bowles (1996)
Sapatas
Flexível Rígida
Cantos Laterais Centro Centro
SA (3 x 3 m)
8,3 16,6 18,5 17,2
440 kN
SB (2,5 x 2,5 m)
7,4 14,7 16,4 15,3
330 kN
SC (2 x 2 m)
6,1 12,2 13,6 12,6
220 kN
SD (2 x 2 m)
3,1 6,2 7,2 6,7
110 kN
(Memória de cálculo: Anexo D)
59

6.5 DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO ESTRUTURAL DA FUNDAÇÃO EM


CASCA

A seguir são apresentados os resultados referentes ao dimensionamento estrutural das


fundações em cascas parabolóides hiperbólicas. Por se tratar de estruturas pouco usuais
apresenta-se o detalhamento básico dos elementos que constituem a sapata hypar, quais
sejam: vigas de borda, vigas inclinadas e as cascas. O Anexo E apresenta a memória de
cálculo para determinação, verificação das seções de aço, enquanto o anexo B apresenta
detalhamento das seções críticas.

Dimensões da viga de borda e seção do aço:

Figura 6.4 – Detalhes das dimensões da viga de borda (unidades em mm)


60

Dimensões da viga inclinada e seções do aço:

Figura 6.5 – Detalhes das dimensões da viga inclinada (unidades em mm)

Dimensões gerais das seções das sapatas e do aço:

Figura 6.6a – Detalhes das dimensões gerais da sapata hypar (unidades em mm)
61

Figura 6.6b – Detalhes das dimensões gerais da sapata hypar (unidades em mm)

Área extra de aço provida nas vigas de borda:

Figura 6.6c – Detalhamento de aço extra na viga de borda (unidades em mm)

Cantos das vigas de borda com aço para puncionamento:


62

Figura 6.6d - Detalhamento de aço para puncionamento (unidades em mm)

6.5.1 Resumo do cálculo de materiais


A partir dos resultados obtidos no dimensionamento estrutural das cascas, apresenta-se a
Tabela 6.4 que resume as quantidades de concreto e aço obtidos para as fundações
analisadas. A memória dos cálculos encontra-se no Anexo E.

Tabela 6.4 – Consumo de concreto e aço das sapatas parabolóides hiperbólicas


Sapatas Quantidades (unitário) Total (parcial)
3
Tipo Qtde. Concreto (m ) Aço (kN) Concreto (m3) Aço (kN)
SA (3 x 3 m)
2 1,89 1,28 3,78 2,56
440 kN
SB (2,5 x 2,5 m)
2 1,41 0,83 2,82 1,66
330 kN
SC (2 x 2m)
8 1,00 0,53 8 4,24
220 kN
SD (2 x 2 m)
4 1,00 0,53 4 2,12
110 kN
Total dos materiais (metade da planta) 18,60 m3 1058 kg
Total de aço para a fundação da edificação inteira 2116 kg
Total de concreto para a fundação da edificação inteira 37,20 m3
Taxa de armadura 56,9 kg/m3
Total de concreto para opção de redimensionamento da
casca para 15 cm de espessura (corrigido em 13,5 %) * 42,2 m3
* percentual obtido por cálculo de inspeção
63

6.6 DIMENSIONAMENTO ANALÍTICO ESTRUTURAL DA FUNDAÇÃO EM


SAPATAS PLANAS

A seguir apresenta-se síntese do dimensionamento estrutural das sapatas planas


abordado neste trabalho. O Anexo F apresenta a memória de cálculo para os resultados
do dimensionamento.

Detalhamento das seções:

Figura 6.7 – Detalhamento do dimensionamento da sapata SA (unidades em cm)

Figura 6.8 – Detalhamento do dimensionamento da sapata SB (unidades em cm)


64

Figura 6.9 – Detalhamento do dimensionamento das sapatas SB e SC (unidades em cm)

6.6.1 Resumo do cálculo de materiais

A partir dos resultados obtidos no dimensionamento estrutural das sapatas planas,


apresenta-se a Tabela 6.5 que resume as quantidades de concreto e aço obtidos para as
fundações analisadas. A memória dos cálculos encontra-se no Anexo F.

Tabela 6.5 – Consumo de concreto e aço das sapatas planas


Sapatas Quantidades (unitário) Total (parcial)
3
Tipo Qtde. Concreto (m ) Aço (kN) Concreto (m3) Aço (kN)
SA (3 x 3 m)
2 4,77 2,30 9,54 4,60
440 kN
SB (2,5 x 2,5 m)
2 2,58 1,31 5,16 2,62
330 kN
SC (2 x 2 m)
8 1,39 0,73 11,12 5,84
220 kN
SD (2 x 2m)
4 1,39 0,73 5,56 2,92
110 kN
Total dos materiais (metade da planta) 31,38 m3 1598 kg
Total de aço para a fundação da edificação inteira 3196 kg
Total de concreto para a fundação da edificação inteira 62,76 m3
Taxa de armadura 50,9 kg/m3
65

6.7 MODELAGEM NUMÉRICA PARA O COMPORTAMENTO GEOTÉCNICO


E ESTRUTURAL DE UMA SAPATADA FUNDAÇÃO

A modelagem numérica por meio do Método dos Elementos Finitos foi conduzida no
software comercial SAP2000, em apenas uma unidade representativa da fundação
(sapata(SA)), uma vez que esta sapata corresponde à maior e mais carregada dentre as
estruturas consideradas neste trabalho. As Figuras 6.10 e 6.11 apresentam croqui do
modelo numérico das fundações em casca e plana, respectivamente. A memória de
cálculo para a configuração das molas encontra-se no Anexo G.

Figura 6.10 – Planta de carregamento das sapatas parabolóide hiperbólicas (kN)


66

Figura 6.11 – Planta de carregamento das sapatas planas (kN)

6.7.1 Aspectos da configuração para modelagem das sapatas

Para o modelo de sapata parabolóide hiperbólico, sua geometria foi discretizada em 144
elementos planos quadriláteros de quatro nós para a casca, 48 elementos de barras para
as vigas de borda e 24 elementos, também de barras para as vigas inclinadas. A
espessura da casca e as seções das vigas estão descritas no quadro da Tabela 6.6. Foi
adotado para o comportamento estrutural da casca o modelo de membrana, ou seja, os
efeitos de flexão e cortante são nulos. Para as vigas foram computados apenas os
esforços axiais, ou seja, as inércias à flexão e ao cortante foram eliminadas do modelo.
A interação da estrutura com o meio foi determinada com a adoção de molas conforme
Tabela 6.6e pela inserção de restrição aos deslocamentos em x e y para o nó central da
estrutura, evitando desta forma, o movimento de corpo rígido. Para o modelo de sapata
plana, sua geometria foi discretizada em 36 elementos planos quadriláteros de quatro
nós. Os dados geométricos e materiais para ambos os modelos de sapatas constam na
Tabela 6.6.
67

Tabela 6.6 – Dados para entrada no SAP2000 das sapatas parabolóide hiperbólica e plana

Viga ksv ksh


Carga Viga de Espessura
inclinada
(kN) borda (m) Casca (m) (MN/m3) (MN/m3)
(m)
Sapata
hypar 440 0,20 x 0,20 0,30 x 0,20 0,12 2,99 20,93
SA
Sapata
plana 440 0,50 2,99 12,96
SA
2
Módulo de Elasticidade do concreto: Ec = 0,85 × 5600 × 25 = 23,8 GPa

Peso específico do concreto: 𝛾 = 25 𝑘𝑁 𝑚3

Coeficiente de Poisson concreto: 𝜇 = 0,2

Cabe ressaltar que para as análise numéricas de recalque imediato considerou-se ações
características nas sapatas, enquanto que para a determinação dos esforços, o peso
próprio e ações foram majorados em 1,4. Procedimento equivalente foi adotado na
obtenção das respostas analíticas.

6.7.2 Diagramas da modelagem numérica e quadros comparativos dos resultados

As Figuras 6.12 e 6.16 apresentam os deslocamentos nas sapatas obtidos com a


modelagem numérica, feita no SAP2000, via MEF. A Figura 6.13 apresenta a
distribuição dos esforços normais absorvidos pelas vigas de borda e inclinadas,
enquanto as Figuras 6.14 e 6.15 mostram, respectivamente, as tensões de tração e de
compressão na casca. As Tabelas 6.7 a 6.9 apresentam comparativo das respostas
numéricas e os resultados dos cálculos analíticos efetuados.
68

Figura 6.12 – Sapata (SA) - Diagrama dos deslocamentos (mm)


69

Figura 6.13 – Sapata (SA) - Diagrama dos esforços axiais nas vigas de borda e inclinadas (kN)
70

Figura 6.14 – Sapata (SA) - Diagrama das tensões axiais de traçãonas cascas (kPa)
71

Figura 6.15 – Sapata (SA) - Diagrama das tensões axiais de compressão nas cascas (kPa)

Figura 6.16 – Sapata Plana (SA) - Diagrama dos deslocamentos (mm)


72

Tabela 6.7 – Comparativo dos resultados de cálculo de recalques imediatos das sapatas
Recalques,  (mm)
Sapatas
Método T., G. apud SAP2000 SAP2000

SA (3 x 3 m) Bowles (1996) Plana Hypar

440 kN 17,2 24,8 21,0

Tabela 6.8 – Comparativo dos resultados de cálculo das tensões axiais na sapata hypar (vigas)
SapataHypar Cálculoanalítico da Teoria da Modelagem numérica SAP2000
(Vigas) Membrana (Figura 6.13)

SA (3 x 3 m) Vigas de Vigas Vigas de Vigas


440 kN borda inclinadas borda inclinadas
Esforços axiais
165 kN -369 kN 228 kN -457 kN
máximos nas vigas
Tensões
equivalentes 4,1 MPa -6,2 MPa 5,7 MPa -7,6 MPa
(inferência)
Obs.: Valores do cálculo analítico obtidos das expressões de aplicação no Anexo E

Tabela 6.9 – Comparativo dos resultados de cálculo das tensões axiais nas sapatas hypar (casca)
Tensões axiais nas cascas
Sapata Cálculo analítico da Teoria da Modelagem numérica SAP2000
Hypar Membrana (Figuras 6.14, 6.15)
(Casca) Tensão de Tensão de
Tensão de Tensão de
Compressão Compressão
Tração global Tração máxima
SA (3 x 3 m) global máxima
440 kN
0,6 MPa 0,6 MPa 13,4 MPa 12,0 MPa

Obs.: Valores do cálculo analítico obtidos das expressões de aplicação no Anexo E

6.8 ANÁLISE E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS DAS FUNDAÇÕES EM


CASCA PARABOLÓIDE HIPERBÓLICA

Uma vez que as análises efetuadas tem por objetivo avaliar o emprego de sapatas em
cascas parabolóide hiperbólicas como alternativa às sapatas convencionais planas,
ambas em concreto armado, este estudo de caso para um edifício residencial com três
pavimentos está limitado ao dimensionamento das fundações para apenas as sapatas,
73

sendo que o projeto da fundação prevê a execução das vigas baldrames para o
assentamento das paredes de alvenaria autoportante que não foram calculadas.

De acordo com o critério econômico (corrente no meio técnico) a área efetiva das
sapatas na planta da fundação não deve ser maior que 60 % da área de influência da
edificação no terreno em que a alternativa pelo radier será mais vantajosa. Neste
trabalho, considerando a área retangular de influência da edificação no terreno: At = 16
m × 19 m = 304 m2 e a área efetiva das sapatas: As = 24 × 4 m2 + 4 × 6,25 m2 + 4 × 9
m2 = 157 m2, verifica-se que a relação se encontra em 52 %, portanto, a construção da
fundação em sapatas pode ser executada.

Para comparação geotécnica foram verificados analiticamente os recalques imediatos


(eventuais adensamentos primários e secundários não foram abordados) das sapatas por
dois métodos clássicos, sendo que o método de Timoshenko pode ser creditado como
determinante, tendo em vista a recomendação explícita de Bowles (1996), em função
dos melhores resultados verificados. O limite adotado de 25 mm de recalques absolutos
para construções residenciais está referendado em recomendações de autores conforme
Tabelas do Anexo A: A.6, A.7, A.8 e A.9.

O dimensionamento geotécnico para as sapatas parabolóide hiperbólicas foi realizado


com base nos critérios clássicos para fundações superficiais planas. Na própria norma
indiana aponta que as diferenças favoráveis quanto ao desempenho de recalque para as
sapatas parabolóide hiperbólicas são discutíveis e de pouca relevância e, portanto a
recomendação é que se faça o dimensionamento como se fosse para as sapatas planas.
As Figuras 6.12 e 6.16, bem como a Tabela 6.7 indicam que os recalques obtidos na
modelagem numérica são ligeiramente superiores aos obtidos pela teoria de
Timoshenko e Goodier (1951) apud Bowles (1996). Comparando-se as soluções
numéricas, observa-se um desempenho ligeiramente superior para as fundações em
parabolóide hiperbólico (recalque de 21,0 mm) em relação as estruturas planas (recalque
de 24,8 mm).
74

Verifica-se pela Tabela 6.8 que os valores calculados analiticamente pela teoria da
membrana, para as tensões axiais nas vigas, apresentam-se ligeiramente inferiores aos
obtidos via modelagem numérica (Figura 6.13), enquanto na Tabela 6.9, os valores
comparados para as tensões nas cascas, obtidos numericamente, mostraram-se
superiores com diferenças mais significativas (Figuras 6.14 e 6.15), embora seja notório
não ser possível uma comparação rigorosa, já que os valores apurados via MEF no
regime elástico apresentam concentrações de tensão (principalmente nas regiões
próximas à aplicação das cargas ao contrário do cálculo analítico, que determina valores
globais para a estrutura considerada. Entretanto, tanto os valores numéricos quanto os
analíticos são significativamente inferiores às tensões admissíveis dos materiais (vide
memória de cálculo Anexo E). Em relação à distribuição dos esforços solicitantes
observa-se comportamento semelhante ao reportado na literatura (Figura 6.13), ou seja,
os esforços normais nas vigas inclinadas são maiores no ápice (457 kN) e decrescem
linearmente até o encontro com as vigas de borda, que por sua vez apresentam esforço
máximo de 228 kN no centro, decrescendo para as extremidades.

Os resultados de consumo dos materiais são favoráveis às sapatas parabolóide


hiperbólicas, - mesmo corrigindo os valores para uma mudança de espessura da casca de
12 cm para 15 cm, como estabelece a norma IS:9456-1980 (1982) - tanto em relação ao
consumo de concreto com uma redução de 40 %, quanto para o aço com uma redução
também, muito significativa, de 34 %, segundo os resultados apresentados nas Tabelas
6.4 e 6.5
75

7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

7.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos do estudo de caso composto por um edifício residencial em três


pavimentos mostrou que o consumo de aço foi reduzido em 34 %, enquanto o consumo
de concreto estrutural foi reduzido em 40 %. Tal diferença não causa surpresa, pois
enquanto um elemento plano de fundação sofre esforços de flexão quando sujeito a uma
carga vertical, incluindo seu próprio peso, o elemento parabolóide hiperbólico sustenta a
carga aplicada, primariamente por forças relacionadas ao comportamento de casca
(compressão e tração ou cisalhamento, todas elas atuando dentro do plano da
superfície). Nas estruturas em parabolóide hiperbólico, mesmo quando presente, os
esforços de flexão assumem apenas valores de importância secundária.

É obvio que qualquer estrutura tomará a forma apenas quando os materiais de


construção são combinados com a mão-de-obra. Portanto, o entusiasmo inicial pelas
superfícies curvas como fundação, ocasionado pela economia em larga escala sobre os
materiais, deverá ser temperado pelo fato de que estas necessitam de mão-de-obra extra
para escavação e reaterro. Deve ser lembrado também que, mesmo quando a quantidade
total de escavação para execução das fundações em casca seja igual ou mesmo menor
do que para as estruturas planas, o custo unitário do trabalho por quantidade de material
é maior para as estruturas curvas, em função da sua complexidade geométrica.

Levando-se em conta os dois fatores mencionados acima, pode ser concluído que a
adoção do parabolóide hiperbólico será economicamente viável sempre que a economia
sobre o custo dos materiais (concreto e aço) supere o custo extra demandado pelo
trabalho. Apesar do que foi afirmado acima, deverá se apreciado que custos de materiais
e trabalho não são conceitos estáticos, mas variam com o tempo e de região para região.
76

7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para este ponto do presente estudo fica a proposição de trabalho futuro no sentido de
levantar os dados quantitativos da produtividade da mão-de-obra ao realizar esta
construção. A partir daí tornar possível conhecer a relação mais precisa da escala de
economia alcançada com a adoção do parabolóide hiperbólico com relação ao custo
global da estrutura. Além disso, desenvolver uma metodologia construtiva específica
para as sapatas parabolóide hiperbólicas que estude e padronize a utilização de
ferramentas e materiais adequados, criando procedimentos passíveis de aplicação em
treinamento para a mão-de-obra.

Outra sugestão para continuidade deste estudo é a de um projeto de prototipagem deste


tipo de fundação, seja em escala real, para alguma construção útil ou em escala mínima,
compatível com alguma limitação técnica e de custos e que seja provida com
instrumentação laboratorial mínima de maneira a observar e analisar os comportamentos
em diferentes dimensões, carregamentos e diferentes condições de qualidade de suporte
do solo.

Uma proposição relevante seria a de que se escrever norma brasileira de engenharia


específica para as estruturas de fundações superficiais em cascas, ou aditar a NBR-6122,
1996, Projeto e execução de fundações, ABNT, para esta tecnologia. A norma indiana
IS:9456-1980 (1982) Indian Standard poderá servir de espelho.
77

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.demecanica.com/Geotecnia/geotecnia.htm, acesso em 8 de outubro de 2009.
80

ANEXO A - Aspectos de cálculo geotécnico das fundações


superficiais

Para o dimensionamento analítico geotécnico dentre os critérios clássicos de diversos


autores para tensões admissíveis em sapatas convencionais planas quadradas e para
verificação de recalques destaca-se o critério do cálculo de recalque desenvolvido da
teoria da elasticidade por Timoshenko e Goodier (1951), apud Bowles (1996) e
melhorado no procedimento por Bowles (1996). Bowles pondera que não existe (até
aquela data) melhor procedimento do este proposto e evidenciado pelos resultados
comparados entre os diversos critérios com resultados medidos conforme Tabela A.1.

Tabela A.1 – Comparação de resultados de recalques „calculados‟ x „medidos‟ fornecidos dos casos e
métodos citados nas referências
Recalque, mm
N ou E, p,
Referência H, m B, m L/B D/B μ Is If Calcu- Medi-
qc MPa MPa
lado do
D’Appolonia 7,6 –
4B 12,5 1,6 0,5 25* 57,5 0,33 0,16 0,589 0,75 8,4
et al (1968) 10,2
Schmertmann
(1970) 5B 8,5 8,8 0,78 40 14,8 0,4 0,18 0,805 0,87 36,8 38,7
Caso 1
20,3 –
Caso 2 5B 9,8 4,2 1 120 29,7 0,3 0,16 0,774 0,75 17,0
22,9
Caso 5 5B 62 1,0 0 65 16,8 0,45 0,07 0,50 1,0 67,1 63,0
Caso 6 B 87 2,2 0,1 90 11,0 0,3 0,20 0,349 0,98 297,2 269,2
Caso 8 5B 2 1,0 0,55 18 5,3 0,3 0,11 0,51 0,6 8,9 6,9
Tschebotarioff
0,8 B 27,4 1,1 0,1 12* 12,9 0,3 0,34 0,152 0,95 99,1 99,1
(1973)
Davisson e 12-
27,4 37,8 1 0 18,7 0,3 0,15 0,255 1,0 142,2 134,6
Salley (1972) 30*
Fischer et al
518,2 152,4 1 0,2 - 2786,6 0,45 0,34 0,472 0,93 12,7 12,7
(1972)
Webb e
45,7 53,9 1 0 - 52,7 0,3 0,22 0,161 1,0 32,3 38,1
Melvill (1971)
Swiger (1974) 4B 9,8 1 0 - 186,7 0,3 0,13 0,493 1.0 6,1 6,1
Kantey (1965) 3,5 B 6,1 1 0 50 12,4 0,3 0,19 0,483 1,0. 82,6 81,3
* O valor é N, caso contrário é qc
Adaptado para unidades SI da Tabela 5-3, Bowles (1996)
81

A.1 Critérios utilizados para o cálculo das tensões admissíveis para sapatas
convencionais planas quadradas

Critério de capacidade de carga pelo NSPT para recalque de 25 mm – (fonte:


Bearing capacity from NSPT - Meyerhof – Bowles, apud Bowles (1996))

2
N70 B + F3 D
qa = 1 + 0,33 (A. 1)
F2 B B

para: 0 ≤ D ≤ B e B > F4 = 1,2 m; D é a profundidade de embutimento e B é a menor


largura da sapata.

Figura A.1- Ábaco das tensões admissíveis para sapatas conforme Equação (A.1) (fonte: Fig. 4-7 Bowles
(1996))
82

Tabela A.2 – Fatores Fi para a Equação Meyerhof-Bowles


Fatores Fi (N70, SI)
F1 = 0,04 F2 = 0,06 F3 = 0,3 F4 = 1,2
Fonte: Bowles (1996) pg. 264

Tensão admissível por correlação NSPT


Teixeira, (1996), apud Aoki (2003) determinou a tensão admissível para sapatas
retangulares assentes em superfície de solos puramente argilosos com a fórmula de
Skempton (1951): r = c Nc, com Nc = 6, de modo que, considerando-se c = 0,01 NSPT
(MPa) e um fator de segurança igual a 3, tem-se:

0,01 NSPT 6 NSPT


σa = = MPa (A. 2)
3 50

Tensão admissível por correlação NSPT - (fonte: Guidi, (1975), apud Caputo (1981))

B
σa = 13,3 NSPT 1 + 0,3 kPa (A. 3)
L

Capacidade de Carga - (fonte: Terzaghi, apud Bowles (1996), Tab. 4-1)

qu
qa = (A. 4)
SF

q u = c Nc Sc + q Nq + 0,5 γ B Nγ Sγ (A. 5)

Onde
qa é a capacidade admissível de suporte da fundação;
SF é o fator de segurança, adotado o valor 3;
qu é a capacidade última de suporte da fundação;
c é a coesão do solo;
Nc é o coeficiente da capacidade de suporte devido a coesão;
Sc é o coeficiente de forma da capacidade de suporte devido a coesão;
q é a sobrecarga;
Nq é o coeficiente da capacidade de suporte devido a sobrecarga;
83

 é o peso específico do solo;


B é a largura da fundação;
N é o coeficiente da capacidade de suporte devido ao peso do solo;
S é o coeficiente de forma para capacidade de suporte devido ao peso do solo.

Tabela A.3 - Fatores N para a equação da capacidade de carga de Terzaghi


, grau Nc Nq N Kp
0 5,7* 1,0 0 10,8
5 7,3 1,6 0,5 12,2
10 9,6 2,7 1,2 14,7
15 12,9 4,4 2,5 18,6
20 17,7 7,4 5,0 25,0
25 25,1 12,7 9,7 35,0
30 37,2 22,5 19,7 52,0
34 52,6 36,5 36.0
35 57,8 41.4 42,4 82,0
40 95,7 81,3 100,4 141,0
45 172,3 173,3 297,5 298,0
48 258,3 287,9 780,1
50 347,5 415,1 1153,2 800,0
*Nc = 1,5 •  + 1. [Veja Terzaghi (1943), p. 127]
Fonte: Tabela 4-2, Bowles (1996)

Tabela A.4 - Fatores S para a equação da capacidade de carga de Terzaghi

𝐚𝟐
Terzaghi (1943) 𝐍𝐪 = ∅
𝐚 𝐜𝐨𝐬 𝟐 (𝟒𝟓 + )
𝟐

𝟎,𝟕𝟓 𝛑 − 𝐭𝐠 ∅
𝐚=𝐞 𝟐

𝐪𝐮 = 𝐜 𝐍𝐜 𝐒𝐜 + 𝐪𝐍𝐪 + 𝟎, 𝟓𝛄 𝐁 𝐍𝛄 𝐒𝛄 𝐍𝐜 = 𝐍𝐪 − 𝟏 𝐜𝐨𝐭𝐠 ∅
𝐭𝐠 ∅ 𝐊 𝐩𝛄
𝐍𝛄 = −𝟏
𝟐 𝐜𝐨𝐬𝟐 ∅
para: corrida circular quadrada

sc = 1,0 1,3 1,3 para valores típicos e para valores de Kpγ


veja Tabela A.3
sγ = 1,0 0,6 0,8

Fonte: Tab. 4-1 - Bowles (1996)


84

A.2 Critérios utilizados para a verificação de recalque imediato para sapatas


convencionais planas quadradas

O método para recalque imediato conforme Timoshenko e Goodier, (1951), apud


Bowles (1996), usa as expressões abaixo, já vistas no item 5.2, com as Equações (5.12),
(5.12a), (5.12b) e (5.12c).

q o B′ (1 − μ2 )
∆H = (A. 6)
Es m Is IF

(1 − 2 μ)
Is = I1 + (A. 7)
1 − μ I2

2 2 2 2
1 1 + M2 + 1 M2 + N2 M + M2 + 1 N2 + 1
I1 = M ln + ln (A. 8)
π 2
M 1 + M2 + N2 + 1
2
M + M2 + N2 + 1

N −1 M
I2 = tg tg−1 em radianos (A. 9)
2π 2
N M2 + N2 + 1

Onde
H é o deslocamento vertical (recalque);
qo é a capacidade admissível de suporte da fundação;
μ é o coeficiente de Poisson;
M é igual a L‟ / B‟;
N é igual a H / B‟;
H é igual a 5 B;
B‟ é igual a B / 2 (centro), e igual a B (canto Ii);
L‟ é igual a L / 2 (centro), e igual a L (canto Ii);
m é igual a 4 (centro), igual a 2 (lados), e igual a 1 (cantos);
IF, verificado no ábaco da Figura 5.3;

Observações:
85

1 - A profundidade z para o cálculo da média do módulo Es é z = H = 5 B, ou até a


camada encontrada dura com o seu módulo Esz2 = 10 Esz1 da camada superior
adjacente.
2 - Assumindo que as sapatas têm comportamento rígido, será considerada a mesma
formulação, porém, modificada para o cálculo de sapatas rígidas em que o autor,
Bowles, estabelece uma redução no fator Is de 0,93, reduzindo o recalque tomado agora
apenas no centro.
86

Tabela A.5 – Valores de I1 e I2 para o cálculo do fator de influência Is das Equações 5.12a e A.7 para
valores das razões N = H/B‟ e M = L/B

Fonte: Tabela 5-2, Bowles (1996)


87

A.3 Critério para os limites de recalques

O conceito de recalque absoluto admissível para a engenharia de fundações não tem na


literatura uma determinação clara, obviamente se não levar em conta os seus efeitos
como os de recalque diferencial, da distorção angular, bem como pela característica da
estrutura, tipo de utilização, tipos de solos, etc. No entanto, não é raro notar indicações
de autores para alguns exemplos estudados, um limite característico como o de 25 mm.
Neste trabalho não se pretende estudar o recalque de adensamento e o dimensionamento
será feito adotando a limitação de 25 mmm para o recalque absoluto imediato, já que
com este valor é razoável estimar que haja segurança para os efeitos de distorção ou
diferencial.

Apresenta-se a seguir algumas referências de limites como de Skempton e Mac Donald


(1956), Bjerrum (1963), Grant et al (1974) e Eurocódigo, apud Das (1999), nas Tabelas
A.6, A.7, A.8 e A.9, respectivamente.

Tabela A.6 – Valores limites para serem usados em edificações


Recalque absoluto Areia 32 mm
máximo (STmáx) Argila 45 mm
Fundação isolada em areia 51 mm
Recalque diferencial
Fundação isolada em argila 76 mm
máximo
Radier em areia 51 – 76 mm
(STmáx)
Radier em argila 76 – 127 mm
Distorção angular
1 / 300
máxima ( máx)

Tabela A.7 – Limites de distorção angular para várias estruturas


Categoria de dano potencial ( máx)
Limite seguro para parede flexível de tijolo 1 / 150
Perigo de dano estrutural à maioria dos edifícios 1 / 150
Trinca de painéis e paredes de tijolo 1 / 150
Inclinação visível em edifícios rígidos altos 1 / 250
Primeira trinca de paredes de painéis 1 / 300
Limite seguro para nenhuma trinca em edifícios 1 / 500
Perigo para quadros estruturais com diagonais 1 / 600
88

Tabela A.8 – Correlação de recalque absoluto máximo e distorção máxima para vários edifícios
Tipo de solo Tipo de fundação Correlação
Argila Fundação superficial isolada STmáx (mm) = 30000 máx
Argila Radier STmáx (mm) = 35000 máx
Areia Fundação superficial isolada STmáx (mm) = 15000 máx
Areia Radier STmáx (mm) = 18000 máx

Tabela A.9 – Recomendações do Comitê Europeu de Padronização para recalques


Item ParâmetroMagnitude Estruturas
25 mm Fundação superficial isolada
ST
50 mm Fundação em radier
Valores limites de 5 mm Quadros com estruturas rígidas para isolamento
serviço ST 10 mm Quadros com estruturas flexíveis para isolamento
20 mm Quadros sem estruturas para isolamento
 1 / 500
Movimento ST 50 mm Fundação superficial isolada
máximo aceitável ST 20 mm Fundação superficial isolada
para fundações   1 / 500
Recommendation of European Committee for Standardization on Differential Settlement
Parammeters – Eurocode 1 and 7, Brussels, Belgium, 1994

A.4 Sobre o SPT ABNT NBR 6484 e as correlações de parâmetros do solo com o
NSPT

O ensaio de penetração dinâmica e prospecção SPT, normatizado pela ABNT NBR


6484, possui a eficiência de transferência de energia de impacto do martelo ao
amostrador de e = 70 %, ou seja,

E
e= (A. 10)
Eo

Onde e é a eficiência;
E é a energia dinâmica transferida à haste;
Eo é a energia potencial teórica.

Para algumas correlações oriundas da literatura americana em que o padrão assumido de


transferência de energia é de 60 %, será necessário majorar o valor da seguinte maneira:
89

A correção para o valor de penetração de referência será realizada pela relação linear
entre a energia empregada e a energia americana que corresponde ao sistema
mecanizado,

e
N60 = NSPT (A. 11)
60

Onde N60 é o NSPT corrigido.

Para as areias, Bowles (1996) propôs uma correlação direta para o ângulo de atrito e o
índice N70:

∅ = 0,45 N70 + 20o (A. 12)

Onde N70 = (NSPT × energia aplicada) / 0,7

De Godoy (1983) apud Aoki et al (2003):

∅ = 0,4 NSPT + 28o (A. 13)

De Teixeira (1996) apud Aoki et al (2003):

∅= 2
20 NSPT + 15o (A. 14)

Para a coesão, Teixeira e Godoy (1996) apud Aoki et al (2003) sugerem a seguinte
correlação para a estimativa do valor da coesão não drenada cu com o índice de
resistência à penetração NSPT:

cu = 10 NSPT kPa (A. 15)

Para a inspeção dos resultados destes cálculos, ângulo de atrito das areias e coesão não
drenada, segue a Tabela A.10 de Alonso (1983) com as faixas estimadas destes valores
em função da correlação NSPT.
90

Tabela A.10 – NSPT e estimativa de resistência


Argilas NSPT Índice de consistência Coesão, cu (kPa)
Muito mole <2 0 <0
Mole 2-4 0 - 0,25 10 - 25
Média 4-8 0,25 - 0,50 25 - 50
Rija 8 - 15 0,50 - 0,75 50 - 100
Muito rija 15 - 30 0,75 - 1,00 100 - 200
Dura > 30 > 1,00 > 200
Areias Densidade relativa, Dr Ângulo de atrito, φo
Muito fofa <4 < 0,20 < 30
Fofa 4 - 10 0,20 - 0,40 30 - 35
Média 10 - 30 0,40 - 0,60 35 - 40
Compacta 30 - 50 0,60 - 0,80 40 - 45
Muito compacta > 50 > 0,80 > 45
Adaptado das Tabs. 4.2 e 4.3 de Alonso (1983)

Para a coesão, parâmetro de resistência ao cisalhamento característico das argilas, na


condição drenada, não existem correlações simples com o NSPT disponíveis na literatura
e esta dificuldade está associada com o fato de que é necessário conhecer mais
informações, tais como: história das tensões do solo, velocidade de carregamento e de
dissipação do excesso de poro-pressão, que são fatores que influenciam no seu valor,que
é normalmente inferior do que para a condição não drenada.

Tonus (2009) produziu a Tabela A.11 com valores estatísticos para os parâmetros
resistentes efetivos da coesão e do ângulo de atrito interno do solo que foram colhidos
por inferência de seu estudo. A autora pesquisou históricos de diversos ensaios
disponíveis na literatura e com as devidas correlações e aplicação estatística apresentou
tabelas específicas.

Acrescenta-se, para referência, um exemplo reproduzido de Vesic (1975), apud Aoki


(2003) no qual apresenta um par de valores de ensaios para o mesmo solo, argila mole,
na condição drenada e não drenada. O exemplo contém os valores: cu = 22 kPa e u = 0
obtidos em ensaio rápido, não drenado e c‟ = 4 kPa e ‟ = 23o, obtidos em ensaio lento,
drenado.
91

Tabela A.11–Parâmetros resistentes efetivos da coesão e do ângulo de atrito interno do solo


Solo Residual Colúvio
Parâmetro Estatístico c  c 
(kN/m2) (graus) (kN/m2) (graus)
Média 21,07 32,33 13,47 28,20
Desvio Padrão 17,61 6,73 14,32 5,7
Coeficiente de Variação (%) 84 21 106 20
97,5% Probabilidade de Ocorrência 13 - 29 29 - 36 6 - 21 25 - 31
Valores a serem adotados 13 29 6 25
Análises estatísticas de dados da literatura - Fonte: Tonus (2009)

Para o módulo de deformabilidade do solo, Teixeira e Godoy (1996), apud Aoki (2003)
apresentaram a fórmula associada com os fatores da Tabela A.12:

Es = α q c q c = K NSPT Es = α K NSPT MPa (A. 16)

Onde
qc é o índice de resistência do solo CPT;
K é o fator de conversão de NSPT em qc;
α é o fator da correlação para o módulo de elasticidade.

Para inspeção dos resultados deste cálculo a Tabela A.13 de Bowles (1996), apresenta
faixas de valores do módulo de elasticidade para os tipos de solos e suas consistências e
compacidades.

Tabela A.12 – fatores K e α para a expressão do módulo de deformabilidade


Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,2
Solo Areia Silte Argila
α 3 5 7
Fonte: Teixeira e Godoy (1996), apud Aoki (2003)
92

Tabela A.13 - Valores típicos do módulo de elasticidade do solo


Módulo de Elasticidade
Tipo de solo
Es (MPa)
Argila muito mole 2 – 15
Argila mole 5 – 25
Argila média 15 – 50
Argila dura 50 – 100
Argila arenosa 25 – 250
Areia siltosa 5 – 20
Areia fofa 10 – 25
Areia compacta 50 – 81
Areia fofa e pedregulhos 50 – 150
Areia compacta e pedregulhos 100 – 200
Silte 2 - 20
Fonte: Bowles (1996)

A Tabela A.14 de Godoy (1972) apud Aoki (2003) correlaciona o índice NSPT com os
pesos específicos das argilas e das areias e a Tabela A.15 de Bowles (2006) apresenta o
coeficiente de Poisson para os solos de argilas, silte e areia.

Tabela A.14 – Correlação SPT, peso específico de solos argilosos e arenosos

N (golpes) Consistência Peso específico (kN/m3)


≤2 Muito mole 13
Solos 3-5 Mole 15
argilosos 6 - 10 Média 17
11 - 19 Rija 19
 20 dura 21
Areia
Compacidade Úmida Saturada
seca
<5 Fofa
16 18 19
Solos 5-8 Pouco compacta
Medianamente
arenosos 9 - 18 17 19 20
compacta
19 – 40 Compacta
18 20 21
> 40 Muito compacta
19 – 40 Compacta
18 20 21
> 40 Muito compacta
Fonte: Godoy (1972) apud Aoki (2003)
93

Tabela A.15 - Valores típicos do coeficiente de Poisson


Tipo de solo Poisson (υ)
Argila saturada 0,40 – 0,50
Argila parcialmente saturada 0,10 – 0,30
Argila arenosa 0,20 – 0,30
Silte 0,30 – 0,45
Areia comum 0,30 – 0,40
Fonte: Bowles (1996)
94

ANEXO B - Detalhamento da seção crítica

Para melhorar os fatores de carga, alguns detalhes construtivos são necessários nas
seções críticas, conforme previsto na norma IS:9456-1980,(1982). Estas melhorias são
brevemente descritas abaixo:

B.1 Centro das vigas de borda


A área extra de aço que deve ser acrescentada na seção central da viga poderá ser
tomada como a quantidade extra requerida para trazer a percentagem de aço na seção
trapezoidal central da viga para 5 %. A maneira como esta área será acrescentada
poderá ser obtida dobrando-se o aço proveniente da viga inclinada em 90o, continuando
as armações em direções opostas dentro da viga de borda como mostrado na Figura
B.1a, ou de outro modo, o simples acréscimo de barras curtas longitudinais, cruzando a
seção central da viga.

Figura B.1 – Provisão extra nas seções críticas (fonte: IS:9456-1980, 1982)

B.2 Cantos
A tração resultante nas diagonais interiores dos cantos das vigas de borda poderá ser
resistida pelo preenchimento com aço nominal, como mostrado na Figura B.1b.

B.3 Junção da base do pilar com a viga inclinada


Como precaução extra contra falha por cisalhamento, um enchimento na junção da base
do pilar com a viga inclinada, poderá ser considerado conforme mostrado na Figura
B.1c. Este enchimento será particularmente importante quando a seção da viga inclinada
for composta apenas do enchimento triangular, sem a extensão retangular adicional.
95

ANEXO C - Memória de cálculo da distribuição proporcional


do carregamento do edifício para as sapatas

Área em planta da metade do edifício:


Área da edificação principal + metade da área de hall e escadas = 14 m × 7,5 m + 3,5
m2 = 115,5 m2

Carregamento para metade do edifício:


Carga adotada = 10,8 kN/m2 × np pavimentos
10,8 × 3 × 115,5 = 3742 kN

Pesos atribuídos às sapatas relativos às suas respectivas áreas de influência de


carregamento por inspeção gráfica:
p = 1,0 para S5 e S12 (SA)
p = 0,75 para S8 e S9 (SB)
p = 0,5 para S2, S4, S7, S11, S15, S13, S10, S6 (SC)
p = 0,25 para S1, S3, S14, S16 (SD)

Somatório de pesos:
∑p = 2 × 1,00 + 2 × 0,75 + 8 × 0,50 + 4 × 0,25 = 8,5

Carga unitária para os pesos:


Cu = 3742/ 8,5 = 440,2 kN

Carga característica das sapatas:


Grupo de peso = 1,00 → 44,02 kN → 440kN
Grupo de peso = 0,75 → 330kN
Grupo de peso = 0,50 → 220kN
Grupo de peso = 0,25 → 110kN
96

ANEXO D - Memória de cálculo do dimensionamento


analítico geotécnico da fundação

CÁLCULO DOS PARÂMETROS FÍSICOS E DE RSISTÊNCIA DO SOLO EM


FUNÇÃO DO NSPT

Para o módulo de elasticidade das camadas do solo com NSPT igual a 4, 8 e 10 e com a
Equação (A.16) e a Tabela A.12:
Es = α qc; qc = K NSPT; Es = α K NSPT (MPa)

Es4 = 7 × 0.2 × 4 = 5,6 MPa


Es8 = 3 × 0.9 × 8 = 21,6 MPa
Es10 = 3 × 0.9 × 10 = 27,0 MPa

Para o coeficiente de Poisson, por inferência com a Tabela A.15:

υ4 = 0,30
υ8 = 0,35
υ10 = 0,35

Para os parâmetros de resistência ao cisalhamento da argila, a coesão efetiva e o ângulo


de atrito interno, foi adotado o par de valores do exemplo de Vesic (1975), apud Aoki
(2003):

c‟ = 4 kPa e ‟ = 23o

Para as areias, o ângulo de atrito vem da Equação (A.13):


 = 0,4 NSPT + 28o

8 = 0,4 × 8 + 28o = 31o


10 = 0,4 × 10 + 28o = 32o

O peso específico de cada camada do solo será adotado de acordo com a correlação por
NSPT constante da Tabela A.14:

γ4 = 15 kN/m3
γ8 = 19 kN/m3

γ10 = 20 kN/m3
97

CÁLCULO DA CAPACIDADE DE SUPORTE NECESSÁRIA PARA AS SAPATAS

Considera-se o embutimento D = 1 m para todas as sapatas

(SA):
3 × 3 m = 9 m2; Carga = 440 kN
q0 = 440 / 9 = 49,0 kN / m2  50 kPa

(SB):
2,5 × 2,5 m = 6,25 m2; Carga = 330 kN
q0 = 330 / 6,25 = 52,8 kN / m2  5 3 kPa

(SC):
2 × 2 m = 4 m2; Carga = 220 kN
q0 = 220 / 4 = 550 kN / m2 = 55 kPa

(SD):
2 × 2 m = 4 m2; Carga = 110 kN
q0 = 110 / 4 = 27,5 kN / m2  28 kPa

CÁLCULO DA CAPACIDADE DE SUPORTE PARA AS SAPATAS

Método de Meyerhof-Bowles
Equação (A.1)
qa (kPa) = N70 / F2 [(B + F3) / B]2 (1 + 0,33D / B)

Dados (Tabela 6.1 e Tabela A.2)

(SA):
qa = (4 / 0,06) [(3 + 0,3) / 3]2 (1 + 0,33 × 1 / 3) = 89,54 kPa

(SB):
qa = (4 / 0,06) [(2,5 + 0,3) / 2,5]2 (1 + 0,33 × 1 / 2,5) = 94,67 kPa

(SC):
qa = (4 / 0,06) [(2 + 0,3) / 2]2 (1 + 0,33 × 1 / 2) = 102,72 kPa

(SD):
qa = (4 / 0,06) [(2 + 0,3) / 2]2 (1 + 0,33 × 1 / 2) = 102,72 kPa
98

Métodode Teixeira e Mello


Equação (A.2)
σa (MPa) = 0,01 NSPT6 / 3 = NSPT / 50;

σa (MPa) = 0,01 × 4 × 6 / 3 = 4 / 50 = 0,08 MPa = 80 kPa

Método de Caputo
Equação (A.3)
σa (t/m2) = 1,33NSPT (1 + 0,3 B / L);

σa (t/m2)= 1,33 × 4 (1 + 0,3 × 1) = 6,916 t/m2 = 69,16 kPa

Método de Terzaghi
Equações (A.4) e (A.5)
qa = qu / SF
qu = c Nc Sc + q Nq + 0,5  B N S

Dados (Tabela A.3 e Tabela A.4):


Nc = 21,5; Nq = 10,0; N = 7,5; Sc = 1,3; S = 0,8;
q = 1 m × 15 kN / m3 = 15 kN / m2; SF = 3

(SA):
qu = 4 ×21,5 × 1,3 + 15 × 10,0 + 0,5 × 15 × 3 × 7,5 × 0,8 = 396,28 kPa
qa = 1396,28 / 3 = 132,09 kPa

(SB):
qu = 4 ×21,5 × 1,3 + 15× 10,0 + 0,5 × 15 × 2,5 × 7,5 × 0,8 = 373,78 kPa
qa = 373,78 / 3 = 124,59 kPa

(SC):
qu = 4 ×21,5 × 1,3 + 15 × 10,0 + 0,5 × 15 × 2,0 × 7,5 × 0,8 = 351,28 kPa
qa = 351,28 / 3 = 117,09 kPa

(SD):
qu = 4 ×21,5 × 1,3 + 15× 10,0 + 0,5 × 15 × 2,0 × 7,5 × 0,8 = 351,28 kPa
qa = 351,28 / 3 = 117,09 kPa
99

VERIFICAÇÃO DE RECALQUE IMEDIATO DAS SAPATAS

Método de Timoshenko, Goodier e Bowles


Equações (A.6) e (A.7), Tabela A.5 e ábaco da Figura 5.3
H = q0 B‟ (1 – μ2) / Es m IS IF
IS = I1 + (1 – 2μ) / (1 – μ) I2
Fator de rigidez = 0,93 IS

Dados da sapata (SA):


qo = 50 KPa;
BxL = 3 m × 3 m;
H = 5 B = 15 m;
Es (médio) = 5,6 MPa;
D = 1 m;
L / B = 1;
D / B = 0,33;
μ = 0,3

Centro (flexível):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) ×0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)
m=4

H = 50 × 1,5 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,75  18,5 mm

Lado (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)
m=2

H = 50 × 3 × (1 – 0,32) / 5,6 × 2 × 0,455 × 0,75  16,6 mm

Canto (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)
m=1

H = 50 × 3 × (1 – 0,32) / 5,6 × 1 × 0,455 × 0,75  8,3 mm

Centro (rígida):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)
100

H = 50 × 1,5 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,93 × 0,75  17,2 mm

Dados da sapata (SB):


qo = 53 KPa;
BxL = 2,5 m × 2,5 m;
H = 5 × B = 12,5 m;
Es (médio) = 5,6 MPa;
D = 1 m;
L / B = 1;
D / B = 0,4;
μ = 0,3;

Centro (flexível):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 53 × 1,25 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,75  16,4 mm

Lado (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 53 × 2,5 × (1 – 0,32) / 5,6 × 2 × 0,455 × 0,75  14,7 mm

Canto (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 53 × 2,5 × (1 – 0,32) / 5,6 × 1 × 0,455 × 0,75  7,4 mm

Centro (rígida):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 53 × 1,25 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,93 × 0,75  15,3 mm

Dados da sapata (SC):


qo = 55 KPa;
BxL = 2 m × 2 m;
H = 5 B = 10 m;
Es (médio) = 5,6 MPa;
101

D = 1 m;
L / B = 1;
D / B = 0,5;
μ = 0,3;

Centro (flexível):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,78 (ábaco da Figura 5.3)

H = 55 × 1 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,75  13,6 mm

Lado (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 55 × 2 × (1 – 0,32) / 5,6 × 2 × 0,455 × 0,75  12,2 mm

Canto (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 55 × 2 × (1 – 0,32) / 5,6 × 1 × 0,455 × 0,75  6,1 mm

Centro (rígida):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,78 (ábaco da Figura 5.3)

H = 55 × 1 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,93 × 0,75  12,6 mm

Dados da sapata (SD):


qo = 28 KPa;
BxL = 2 m × 2 m;
H = 5 B = 10 m;
Es (médio) = 5,6 MPa;
D = 1 m;
L / B = 1;
D / B = 0,5;
μ = 0,3;

Centro (flexível):
IS = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,78 (ábaco da Figura 5.3)
102

H = 28 × 1 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,78  7,2 mm

Lado (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 28 × 2 × (1 – 0,32) / 5,6 × 2 × 0,455 × 0,75  6,2 mm

Canto (flexível):
IS = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455 (Tabela A.5)
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3)

H = 28 × 2 × (1 – 0,32) / 5,6 × 1 × 0,455 × 0,75  3,1 mm

Centro (rígida):
IS = 0,498 + (1 – 2 ×0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507 (Tabela A.5)
IF = 0,78 (ábaco da Figura 5.3)

H = 28 × 1 × (1 – 0,32) / 5,6 × 4 × 0,507 × 0,93 × 0,78  6,7 mm


103

ANEXO E - Memória de cálculo do dimensionamento


analítico estrutural da fundação em casca

DADOS DAS SAPATAS E MATERIAIS

(SA):
B = 3,0 m, peso 1,00, P = 440 kN,

(SB):
B = 2,5 m, peso 0,75, P = 330 kN

(SC):
B = 2,0 m, peso 0,50, P = 220 kN

(SD):
B = 2,0 m, peso 0,25, P = 110 kN

Largura da base do pilar quadrado, d = 300 mm

Solo: Argila siltosa mole


(reação do solo assumida vertical e uniforme)

Concreto (C25), fck = 25 MPa = 0,025 kN/mm2


Aço (CA-50), fyk = 500 MPa = 0,500 kN/mm2

CÁLCULO DA TENSÃO DE RUPTURA NA SAPATA


pu = 1,5 (pn = pv) = 1,5 P / Ashell

(SA):
pu = 1,5 × 440 kN / (3,0 m)2
pu = 73,33 kN/m2

(SB):
pu = 1,5 × 330 kN / (2,5 m)2
pu = 79,2 kN/m2

(SC):
pu = 1,5 × 220 kN / (2,0 m)2
pu = 82,5 kN/m2
104

(SD):
pu = 1,5 × 110 kN / (2,0 m)2
pu = 41,3 kN/m2

GEOMETRIA (Figura 4.4)

(SA):
Base do quadrante da casca, a = 1,5 m,
Adotando f / a = 0,5 → f = 0,75 m,
inclinação da casca: k = f / (a b)
k = 0,75 / (1,5 × 1,5) = 1/3 m-1.

(SB):
Base do quadrante da casca, a = 1,25 m,
Adotando f / a = 0,5 → f = 0,625 m,
inclinação da casca: k = f / (a b)
k = 0,625 / (1,25 × 1,25) = 0,4 m-1.

(SC):
Base do quadrante da casca, a = 1,0 m,
Adotando f / a = 0,5 → f = 0,50 m,
inclinação da casca: k = f / (a b)
k = 0,50 / (1,0 × 1,0) = 0,5 m-1.

(SD):
Base do quadrante da casca, a = 1,0 m,
Adotando f / a = 0,5 → f = 0,50 m,
inclinação da casca: k = f / (a b)
k = 0,50 / (1,0 × 1,0) = 0,5 m-1.

CÁLCULO PARA A TENSÃO DE MEMBRANA NAS SAPATAS


Equação (4.1)
t = Nxy = pu / 2k,

(SA):
t = 73,33 / (2 × 1/3) = 110 kN/m = 110 N/mm.

(SB):
t = 79,2 / (2 × 0,4) = 99 kN/m = 99 N/mm.
105

(SC):
t = 82,5 / (2 × 0,5) = 82,5 kN/m = 82,5 N/mm.

(SD):
t = 41,3 / (2 × 0,5) = 41,3 kN/m = 41,3 N/mm.

CÁLCULO PARA AS CASCAS

ÁREA DE AÇO REQUERIDA NAS CASCAS EM DIREÇÕES PARALELAS ÀS


BORDAS
(mm2 / mm) = (t / fyd)
(fyd = fyk / γ = 500 / 1,15 = 0,87 × 500)

(SA):
asr = 110 / (0,87 × 500) = 0,25 mm2/mm
Provimento de barras de 6,3 mm, seção = 31,17 mm2
Espaçamento:
s = 31,17 / 0,25 = 124,69 mm 120 mm
Área de aço provida:
asp = 31,17 / 120 = 0,259 mm2/mm > 0,25 mm2/mm, O.K.

(SB):
asr = 99 / (0,87 × 500) = 0,23 mm2/mm
Provimento de barras de 6,3 mm, seção = 31,17 mm2
Espaçamento:
s = 31,17 / 0,23 = 135,52 mm 120 mm
Área de aço provida:
asp = 31,17 / 120 = 0,259 mm2/mm > 0,23 mm2/mm, O.K.

(SC):
asr = 82,5 / (0,87 × 500) = 0,19 mm2/mm
Provimento de barras de 6,3 mm, seção = 31,17 mm2
Espaçamento:
s = 31,17 / 0,19 = 164,05 mm 120 mm
Área de aço provida:
asp = 31,17 / 120 = 0,259 mm2/mm >> 0,19 mm2/mm, O.K.

(SD):
106

asr = 41,3 / (0,87 × 500) = 0,10 mm2/mm


Provimento de barras de 6,3 mm, seção = 31,17 mm2
Espaçamento:
s = 31,17 / 0,10 = 311,7 mm 120 mm
Área de aço provida:
asp = 31,17 / 120 = 0,259 mm2/mm >> 0,10 mm2/mm, O.K.

ESPESSURA DA CASCA, h, REQUERIDA COM BASE NA TENSÃO DE TRAÇÃO


LIMITE EM SEÇÃO EQUIVALENTE DE CONCRETO
σtl = T / [Ac + (m – 1) As]. É obtida da Equação (4.6)
Onde
T = N / γ (força de tração agindo na seção do concreto)
m =280 / 3 σcbc
σcbc = 0,35 fck,
m = 280 / (3 × 0,35 × 25) = 10,67
σtl = 0,38 (fck)2/3 = 0,38 × 252/3 = 3,25 N/mm2

(110 / 1,5) / [h × 1 + (10,67 – 1) × 0,259] = 3,25


h = 20,06 mm < 120 mm → h = 120 mm, para todas as sapatas.

PERCENTAGEM DE ÁREA DE AÇO NAS CASCAS (AS), (SB), (SC), (SD):


31,17 mm2 ( 6,3 mm, seção) / (120 mm × 120 mm) × 100 = 0,216 % > 0,15 % O. K.

TENSÃO DE TRAÇÃO EFETIVA EM SEÇÃO EQUIVALENTE DE CONCRETO


COM A ESPESSURA DE 120 mm DAS CASCAS
σte = T / [Ac + (m – 1) As]. É obtida da Equação (4.6)
Onde
T = N / γ (força de tração agindo na seção do concreto)
m = 280 / 3 σcbc
σcbc = 0,35 fck,
m = 280 / (3 × 0,35 × 25) = 10,67

(SA):
σte = (110 / 1,5) / [120 + (10,67 – 1) × 0,259]
σte = 0,599 N/mm2, 3,25 N/mm2, garantindo a seção contra fissuração.

(SB):
σte = (99 / 1,5) / [120 + (10,67 – 1) × 0,259]
107

σte = 0,539 N/mm2, 3,25 N/mm2, garantindo a seção contra fissuração.

(SC):
σte = (82,5 / 1,5) / [120 + (10,67 – 1) × 0,259]
σte = 0,449 N/mm2, 3,25 N/mm2, garantindo a seção contra fissuração.

(SD):
σte = (41,3 / 1,5) / [120 + (10,67 – 1) × 0,259]
σte = 0,225 N/mm2, 3,25 N/mm2, garantindo a seção contra fissuração.

COMPARAÇÃO DE TENSÕES ADMITIDAS E SOLICITADAS EM SEÇÃO


EQUIVALENTE DE CONCRETO, NA DIAGONAL PERPENDICULAR DAS
CASCAS

Tensão admissível de compressão


σca = 0,4 fck / γs = 0,4 × 25 / 1,5 = 6,67 N/mm2.

Tensão de compressão solicitada, ignorando o aço

(SA):
σcs = (110 / 1,5) / 120 = 0,61 N/mm2 6,67 N/mm2

(SB):
σcs = (99 / 1,5) / 120 = 0,55 N/mm2, 6,67 N/mm2

(SC):
σcs = (82,5 / 1,5) / 120 = 0,46 N/mm2, 6,67 N/mm2

(SD):
σcs = (41,3 / 1,5) / 120 = 0,23 N/mm2, 6,67 N/mm2
Indicando que nenhum aço é requerido na compressão.

CÁLCULO PARA AS VIGAS DE BORDA

MÁXIMA TRAÇÃO NO CENTRO

(SA):
T = 110 N/mm × 1500 mm = 165000 N
108

(SB):
T = 99 N/mm × 1250 mm = 123750 N
(SC):
T = 82,5 N/mm × 1000 mm = 82500 N

(SD): T = 41,3 N/mm × 1000 mm = 41300 N

CÁLCULO DO AÇO PARA AS VIGAS

Área de aço requerida

(SA):
asbr = 165000 / (0,87 × 500) = 379 mm2

(SB):
asbr = 123750 / (0,87 × 500) = 284 mm2

(SC):
asbr = 82500 / (0,87 × 500) = 190 mm2

(SD):
asbr = 41300 / (0,87 × 500) = 95 mm2

(SA):
Provimento de barras de 6,3 mm, seção = 122,7 mm2
No. de barras = 379 / 122,7 = 3,088 4
asbp = 4 × 122,7 = 490,8 mm2 > 379 mm2, O.K.

(SB):
Provimento de barras de 10 mm, seção = 78,5 mm2
No. de barras = 284 / 78,5 = 3,61 4
asbp = 4 × 78,5 = 314,2 mm2 > 284 mm2, O.K.

(SC):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2
No. de barras = 190 / 50,3 = 3,78 4
asbp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2 > 190 mm2, O.K.
109

(SD):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2
No. de barras = 95 / 50,3 = 1,89 4
asbp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2 > 95 mm2, O.K.

A ÁREA DA SEÇÃO REQUERIDA DO CONCRETO PARA A TENSÃO DE


TRAÇÃO LIMITE EM SEÇÃO EQUIVALENTE DE CONCRETO DAS VIGAS DE
BORDA
σtl = T / [Ac + (m – 1) As]. É obtida da Equação (4.6)
Onde
T = N / γ (força de tração agindo na seção do concreto),
m = 280 / 3 σcbc e σcbc = 0,35 fck,
m = 280 / (3 × 0,35 × 25) = 10,67
σtl = 0,38 (fck)2/3 = 0,38 × 252/3 = 3,25 N/mm2.

(SA):
(165000 / 1,5) / [A + (10,67 – 1) × 490,8] = 3,25
110000 / (A + 4746,04) = 3,25
Ar = 29100 mm2
(SB):
(123750 / 1,5) / [A + (10,67 – 1) × 368,1] = 3,25
82500 / (A + 3559,53) = 3,25
Ar = 21825 mm2
(SC):
(82500 / 1,5) / [A + (10,67 – 1) × 245,4] = 3,25
55000 / (A + 2373,02) = 3,25
Ar = 14550 mm2
(SD):
(41300 / 1,5) / [A + (10,67 – 1) × 122,7] = 3,25
27533 / (A + 1186,51) = 3,25
Ar = 7285 mm2

CÁLCULO DAS DIMENSÕES DA VIGA


Tomando a largura da viga igual a 200 mm, a seção adotada é mostrada na Figura 6.4

Área provida:
Seção do triângulo = 200 / 2 × 100 = 10000 mm2,
110

Altura do retângulo = (29100 – 10000) / 200 = 95,5 → 200 mm


Ap = 10000 + (200 × 200) = 50000 mm2 para (SA), (SB), (SC) e (SD)

Percentagem de área de aço para a área de concreto total

(SA):
490,8 / 50000 × 100 = 0,98% > 0,15 %, O.K.

(SB):
314,2 / 50000 × 100 = 0,63% > 0,15 %, O.K.

(SC):
201,2 / 50000 × 100 = 0,40% > 0,15 %, O.K.

(SD):
124,8 / 50000 × 100 = 0,25% > 0,15 %, O.K.

Percentagem de área de aço para a maior área de concreto requerida

(SA):
490,8 / 29100 × 100 = 1,69% > 0,5 %, O.K.

(SB):
314,2 / 29100 × 100 = 1,08% > 0,5 %, O.K.

(SC):
201,2 / 29100 × 100 = 0,69% > 0,5 %, O.K.

(SD):
124,8 / 29100 × 100 = 0,69% > 0,5 %, O.K.

CÁLCULO PARA AS VIGAS INCLINADAS

Comprimento da viga
2
a2 + f 2

(SA):
(1,52 + 0,752)1/2 = 1,677 m

(SB):
(1,252 + 0,6252)1/2 = 1,398 m
111

(SC):
(1,02 + 0,52)1/2 = 1,118 m

(SD):
(1,02 + 0,52)1/2 = 1,118 m

ÁREA DA SEÇÃO, AC REQUERIDA, ASSUMINDO COM 0,5 % DE AÇO


2
É obtida de Cmáx = Cu, da equação da Figura 4.1:Cmáx = 2 t a2 + f 2 ,
e da Equação(4.4): Cu = 0,4 fck A (1 – p/100) + 0,67 fyk Ap/100

(SA):
2 × 110 × 1,677 × 1000 = 0,4 × 25 × (Ac – 0,005 Ac) + 0,67 × 500 × Ac × 0,005
368940 N = (Ac – 0,005 Ac) × 0,4 × 25 + 0,005 Ac× 0,67 × 500
368940 N = (10 Ac – 0,05 Ac + 1,68 Ac) N/mm2
Ac = 368940 N / 11,63 N/mm2 = 31723 mm2

(SB):
2 × 99 × 1,398 × 1000 = 0,4 × 25 × (Ac – 0,05 Ac) + 0,67 × 500 × Ac × 0,05
276804 N = (Ac – 0,005 Ac) × 0,4 × 25 + 0,005 Ac × 0,67 × 500
276804 N = (10 Ac – 0,05 Ac + 1,68 Ac) N/mm2
Ac = 276804 N / 11,63 N/mm2 = 23801 mm2

(SC):
2 × 82,5 × 1,118 × 1000 = 0,4 × 25 × (Ac – 0,05 Ac) + 0,67 × 500 × Ac × 0,05
184470 N = (Ac – 0,005 Ac) × 0,4 × 25 + 0,005 Ac× 0,67 × 500
184470 N = (10 Ac – 0,05 Ac + 1,68 Ac) N/mm2
Ac = 184470 N / 11,63 N/mm2 = 15862 mm2

(SD):
2 × 41,3 × 1,118 × 1000 = 0,4 × 25 × (Ac – 0,05 Ac) + 0,67 × 500 × Ac × 0,05
92347 N = (Ac – 0,005 Ac) × 0,4 × 25 + 0,005 Ac× 0,67 × 500
92347 N = (10 Ac – 0,05 Ac + 1,68 Ac) N/mm2
Ac = 92347 N / 11,63 N/mm2 = 7940 mm2

ÁREA DE AÇO REQUERIDA RELATIVA A 0,5% DA SEÇÃO DE CONCRETO

(SA):
asr = 31723 mm2 × 0,005 = 159 mm2

(SB):
112

asr = 23801 mm2 × 0,005 = 119 mm2

(SC):
asr = 15862 mm2 × 0,005 = 79 mm2

(SD):
asr = 7940 mm2 × 0,005 = 40 mm2

(SA):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2,
No. de barras = 159 / 50,3 = 3,2 → 4,
asp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2

(SB):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2,
No. de barras = 119 / 50,3 = 2,4 → 4,
asp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2

(SC):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2,
No. de barras = 79 / 50,3 = 1,6 → 4,
asp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2

(SD):
Provimento de barras de 8 mm, seção = 50,3 mm2,
No. de barras = 40 / 50,3 = 0,8 → 4,
asp = 4 × 50,3 = 201,2 mm2

CÁLCULO DAS DIMENSÕES DA VIGA


Tomando a largura da viga igual a largura do pilar, 300 mm, a seção adotada é
mostrada na Figura 6.5, considerando a necessidade de adequado cobrimento do aço.

Área provida para (SA), (SB), (SC) e (SD):


Seção do triângulo = 300 / 2 × 75 = 11250 mm2,
Altura do retângulo = (13539 – 11250) / 300 = 7,63 → 80 mm

Ap = 11250 + (300 × 80) = 35250 mm2


Ap > maior área requerida para (SA) = 31723 mm2 → O.K.
113

Percentagem de área de aço para (SA), (SB), (SC) e (SD):


201,2 / 35250 × 100 = 0,57 % > 0,5%, O.K.

Capacidade de compressão da seção da viga “versus” solicitação


Equação (4.3)
Cu = 0,4 fck Ac + 0,67 fyk As
Equação da Figura (4.1)
2
Cmáx = 2 t a2 + f 2 :

(SA):
Cu = 0,4 × 25 × (35250 – 201,2) + 0,67 × 500 × 201,2 = 417890 N
Cmáx= 2 × 110 × 1,677 × 1000 = 368940 N
417890 N > 368940 N → O. K.

(SB):
Cu = 0,4 × 25 × (35250 – 201,2) + 0,67 × 500 × 201,2 = 417890 N
Cmáx = 2 × 99 × 1,398 × 1000 = 276804 N
417890 N > 276804 N → O. K.

(SC):
Cu = 0,4 × 25 × (35250 – 201,2) + 0,67 × 500 × 201,2 = 417890 N
Cmáx = 2 × 82,5 × 1,118 × 1000 = 184470 N
417890 N > 184470 N → O. K.

(SD):
Cu = 0,4 × 25 × (35250 – 201,2) + 0,67 × 500 × 201,2 = 417890 N
Cmáx = 2 × 41,3 × 1,118 × 1000 = 184470 N
417890 N >184470 N → O. K.

Área do aço que poderia ser suprimida:


(aço que excede aos 5 % da área da seção retangular da viga)
asup = 201,2 – 24000 × 5 / 100 → nenhuma barra.

PROVISÃO NOMINAL DE ESTRIBOS


Para ambas as vigas de borda e inclinadas, são consideradas barras de 6 mm (28,27
mm2) e espaçamento de 200 mm.

Volume de aço para os estribos das vigas de borda Vevb

(SA):
Vevb = (4 × 3000 mm / 200 mm) × 140 mm × 5 × 28,27 mm2 = 1187340 mm3
114

(SB):
Vevb = (4 × 2500 mm / 200 mm) × 140 mm × 5 × 28,27 mm2 = 989450 mm3

(SC):
Vevb = (4 × 2000 mm / 200 mm) × 140 mm × 5 × 28,27 mm2 = 791560 mm3

(SD):
Vevb = (4 × 2000 mm / 200 mm) × 140 mm × 5 × 28,27 mm2 = 791560 mm3

Volume de aço para os estribos das vigas inclinadas: Vevi

(SA):
Vevi = (4 × 1677 mm / 200 mm) × 220 mm × 5 × 28,27 mm2 = 1042993 mm3

(SB):
Vevi = (4 × 1398 mm / 200 mm) × 220 mm × 5 × 28,27 mm2 = 869472 mm3

(SC):
Vevi = (4 × 1118 mm / 200 mm) × 220 mm × 5 × 28,27 mm2 = 695328 mm3

(SD):
Vevi = (4 × 1118 mm / 200 mm) × 220 mm × 5 × 28,27 mm2 = 695328 mm3

SEÇÕES CRÍTICAS

Centro da viga de borda com aço extra (até máximo de 5%) para prevenir tensão
máxima
aext, máx = Aeb × 5 % - as,prov,
aext, máx = 29100 × 5 / 100 – 490,8 = 964 mm2

Procedimento:
Trazer duas barras da viga inclinada dobrando-as para direções opostas, dentro da viga
de borda ou complementar com mais duas barra extras, tudo com traspasse de 30 % de
comprimento para cada lado, ver Figura 6.6b.

Área extra de aço provida nas vigas de borda, aext,pr,


aext,pr = 4 × 122,7 = 490,8 mm2 < 964 mm2, para (SA), (SB), (SC) e (SD)

Cantos das vigas de borda com aço para puncionamento


115

Prover aço nominal nos cantos preenchidos, conforme mostrado no esquema da Figura
6.6c.

QUANTIDADES MATERIAIS (CÁLCULO EXPEDITO)

Volume (teórico) de concreto para a sapata (Equação [6.10], de Kurian (2006))

162498 2
Vcs = B m3 (casca)
106
292,8
+ PB m3 (viga de borda)
106
11,1
+ 6 PB m3 (viga de borda)
10

Vcs = 0,16 B2 + 0,0004 P B m3 , P kN , B(m)

(SA):
Vcs = 0,16 × 32 + 0,0004 × 440 × 3 = 1,968 m3

(SB):
Vcs = 0,16 × 2,52 + 0,0004 × 330 × 2,5 = 1,33 m3

(SC):
Vcs = 0,16 × 22 + 0,0004 × 220 × 2 = 0,816 m3

(SD):
Vcs = 0,16 × 22 + 0,0004 × 110 × 2 = 0,728 m3

Quantidade (teórica) de aço para a sapata (Equação [6.11], de Kurian (2006))

7,738
Ss = 78,5 P B kN (casca)
106
7,143
+ 78,5 P B (kN) (viga de borda)
106
5,590
+ 78,5 P B (kN) (viga inlinada)
106

Ss = 0,0016 P B kN P kN , B m , peso específico do aço: 78,5 kN m3

(SA):
116

SS = 0,0016 × 440 × 3 = 2,112 kN

(SB):
SS = 0,0016 × 330 × 2,5 = 1,320 kN

(SC):
SS = 0,0016 × 220 × 2 = 0,704 kN

(SD):
SS = 0,0016 × 110 × 2 = 0,352 kN

QUANTIDADES MATERIAIS (POR INSPEÇÃO)

Área da casca da sapata (quadrada)


f2
Acs = 4 a2 +
3

(SA):
Acs = 4 {(1,5 m)2 + (0,75 m)2 / 3} = 9,75 m2

(SB):
Acs = 4 {(1,25 m)2 + (0,625 m)2 / 3} = 6,77 m2

(SC):
Acs = 4 {(1,0 m)2 + (0,5 m)2 / 3} = 4,33 m2

(SD):
Acs = 4 {(1,0 m)2 + (0,5 m)2 / 3} = 4,33 m2

Comprimento da viga inclinada


2
Cvi = 4 a2 + f 2

(SA):
Cvi = 4 (1,52 + 0,752)0,5 m = 6,71 m

(SB):
Cvi = 4 (1,252 + 0,6252)0,5 m = 5,59 m

(SC):
Cvi = 4(1,02 + 0,52)0,5 m = 4,47 m
117

(SD):
Cvi = 4 (1,02 + 0,52)0,5 m = 4,47 m

VOLUME DE CONCRETO

Volume da casca
Vc = Acs × espessura da casca

(SA):
Vc = 9,75 m2 × 0,12 m = 1,17 m3

(SB):
Vc = 6,77 m2 × 0,12 m = 0,81 m3

(SC):
Vc = 4,33 m2 × 0,12 m = 0,52 m3
(SD):
Vc = 4,33 m2 × 0,12 m = 0,52 m3

Volume da viga inclinada


Vvi = Asvi Cvi

(SA):
Vvi = 0,3 m × 0,118 m × 6,71 m = 0,237 m3

(SB):
Vvi = 0,3 m × 0,118 m × 5,59 m = 0,198 m3

(SC):
Vvi = 0,3 m × 0,118 m × 4,47 m = 0,158 m3

(SD):
Vvi = 0,3 m × 0,118 m × 4,47 m = 0,158 m3

Volume da viga de borda


Vvb = Asvb Cvb

(SA):
Vvb = 0,2 m × 0,2 m × 12 m = 0,48 m3

(SB):
Vvb = 0,2 m × 0,2 m × 10 m = 0,40 m3
118

(SC):
Vvb = 0,2 m × 0,2 m × 8 m = 0,32 m3

(SD):
Vvb = 0,2 m × 0,2 m × 8 m = 0,32 m3

Volume de concreto da sapata


Vcs = Vc + Vvi + Vvb

(SA):
Vcs = 1,17 + 0,237 + 0,48 = 1,89 m3

(SB):
Vcs = 0,81 + 0,198 + 0,40 = 1,41 m3

(SC):
Vcs = 0,52 + 0,158 + 0,32 = 1,00 m3

(SD):
Vcs = 0,52 + 0,158 + 0,32 = 1,00 m3

QUANTIDADES DE AÇO DOS ELEMENTOS DAS SAPATAS

(SA):
Volume de aço para a casca: Vsc = 2 asc Acs
Vsc = 2 × 0,259 mm2 / mm × 9750000 mm2 = 5050500 mm3
Volume de aço para as vigas de borda: Vsvb =asvb Cvb
Vsvb = 490,8 mm2 × 12000 mm = 5889600 mm3
Volume de aço extra para as vigas de borda: Vsbe = Vsvb / 2
Vsbe = 5889600 mm3 × 30 % = 1766880 mm3
Volume de aço para as vigas inclinadas: Vsvi = asvi Cvi
Vsvi = 201,2 mm2 × 6708 mm = 1349650 mm3
Volume de aço para estribos: Vevb + Vevi
Vevb + Vevi = 1187340 + 1042993 = 2230333 mm3

(SB):
Volume de aço para a casca: Vsc = 2 asc Acs
Vsc = 2 × 0,259 mm2 / mm × 6770000 mm2 = 3506860 mm3
Volume de aço para as vigas de borda: Vsvb = asvb Cvb
Vsvb = 314,2 mm2 × 10000 mm = 3142000 mm3
119

Volume de aço extra para as vigas de borda: Vsbe = Vsvb / 2


Vsbe = 3142000 mm3 × 30% = 942600 mm3
Volume de aço para as vigas inclinadas: Vsvi = asvi Cvi
Vsvi = 201,2 mm2 × 5590 mm = 1124708 mm3
Volume de aço para estribos: Vevb + Vevi
Vevb + Vevi = 989450 + 869472 = 1858922 mm3

(SC):
Volume de aço para a casca: Vsc = 2 ascAcs
Vsc = 2 × 0,259 mm2 / mm × 4330000 mm2 = 2242940 mm3
Volume de aço para as vigas de borda: Vsvb = asvb Cvb
Vsvb = 201,2 mm2 × 8000 mm = 1609600 mm3
Volume de aço extra para as vigas de borda: Vsbe = Vsvb / 2
Vsbe = 1609600 mm3 × 30% =482880 mm3
Volume de aço para as vigas inclinadas: Vsvi = asvi Cvi
Vsvi = 201,2 mm2 × 4472 mm = 899766 mm3
Volume de aço para estribos: Vevb + Vevi
Vevb + Vevi = 791560 + 695328 = 1486888 mm3

(SD):
Volume de aço para a casca: Vsc = 2 asc Acs
Vsc = 2 × 0,259 mm2 / mm × 4330000 mm2 = 2242940 mm3
Volume de aço para as vigas de borda: Vsvb = asvb Cvb
Vsvb = 201,2 mm2 × 8000 mm = 1609600 mm3
Volume de aço extra para as vigas de borda: Vsbe = Vsvb / 2
Vsbe = 1609600 mm3 × 30% =482880 mm3
Volume de aço para as vigas inclinadas: Vsvi = asvi Cvi
Vsvi = 201,2 mm2 × 4472 mm = 899766 mm3
Volume de aço para estribos: Vevb + Vevi
Vevb + Vevi = 791560 + 695328 = 1486888 mm3

VOLUME E PESO DE AÇO TOTAL


Vst= Vsc + Vsvb + Vsbe + Vsvi +Vevb + Vevi

(SA):
Vst = 0,0050505 + 0,0058896 + 0,00176688 + 0,00134965 + 0,002230333
Vst = 0,016286963 m3
Ss = 0,016286963 m3× 78,5 kN / m3 = 1,28 kN

(SB):
Vst = 0,00350686 + 0,003142 + 0,0009426 + 0,001124708 + 0,001858922
120

Vst = 0,01057509 m3
Ss = 0,01057509 m3 × 78,5 kN / m3 = 0,83 kN

(SC):
Vst = 0,00224294 + 0,0016096 + 0,00048288 + 0,000899766 + 0,001486888
Vst = 0,006722074 m3
Ss = 0,006722074 m3 × 78,5 kN / m3 = 0,53 kN

(SD):
Vst = 0,00224294 + 0,0016096 + 0,00048288 + 0,000899766 + 0,001486888
Vst = 0,006722074 m3
Ss = 0,006722074 m3 × 78,5 kN / m3 = 0,53 kN
121

ANEXO F - Memória de cálculo do dimensionamento


analítico estrutural da fundação em sapatas planas

Aço CA-50 (fyk = 500 MPa), Concreto C25 (fck = 25 MPa)


Pilar (0,3 x 0,3m)
Sapata (SA), dimensão (3 x 3 m) P = 440 kN
Sapata (SB), dimensão (2,5 x 2,5 m) P = 330 kN
Sapata (SC), dimensão (2 x 2 m) P = 220 kN

Cálculo da altura d
Da Equação (5.1) e da Figura 5.1d

(SA):
d  (3 – 0,3) / 4 = 0,675 m; d  1,44 [440 × 1,96/ (0,85 × 25000)]0,5 = 0,290 m
d → = 0,70 m
h = 0,70 m + 0,05m (cobrimento) = 0,75 m

(SB):
d  (2,5 – 0,3) / 4 = 0,55 m; d  1,44 {330 × 1,96/ (0,85 × 25000)}0,5 = 0,251 m
d → = 0,55 m
h = 0,55 m + 0,05m (cobrimento) = 0,60 m

(SC):
d  (2 – 0,3) / 4 = 0,425 m; d  1,44 [220 × 1,96/ (0,85 × 25000)]0,5 = 0,205 m
d → = 0,45 m
h = 0,45 m + 0,05m (cobrimento) = 0,5 m

Cálculo da tensão T
Da Equação (5.2)

(SA):
Tx = Ty = 440 × (3 – 0,3) / (8 × 0,70) = 212 kN

(SB):
Tx = Ty = 330 × (2,5 – 0,3) / (8 × 0,55) = 165 kN

(SC):
Tx = Ty = 220 × (2 – 0,3) / (8 × 0,45) = 104 kN
122

Cálculo da armadura necessária


Da Equação (5.3) e da Figura 5.1b

(SA):
Asx = Asy = 1,61 × 212 / 50 = 6,8 cm2

(SB):
Asx = Asy = 1,61× 165 / 50 = 5,3 cm2

(SC):
Asx = Asy = 1,61× 104 / 50 = 3,3 cm2

Verificação da armadura mínima


Da Equação (5.4)

(SA):
Asmín = 0,15 × 300 × 75 / 100 = 33,8 cm2 → 2 × 28 Ø 12,5 mm c/ 10cm

(SB):
Asmín = 0,15 × 250 × 60 / 100 = 22,5 cm2 → 2 × 19 Ø 12,5 mm c/ 12cm

(SC):
Asmín = 0,15× 200 × 50 / 100 = 15,0 cm2 → 2 × 13 Ø 12,5 mm c/ 15cm

Volume de concreto por inspeção

(SA):
Vc = 32 × 0,4 + 0,35 / 3 [32 + 0,32 + (32 × 0,32)0,5] = 4,766 m3

(SB):
Vc = 2,52 × 0,3 + 0,3 / 3 [2,52 + 0,32 + (2,52 × 0,32)0,5] = 2,584 m3

(SC):
Vc = 22 × 0,25 + 0,25 / 3 [22 + 0,32 + (22 × 0,32)0,5] = 1,391 m3

Quantidade de aço das sapatas


Ms = (Varmad. + Vcoluna + Vgaiola) 78,5 kN / m3
123

(SA):
Vs = 2,2 × 28 × 1,227 (290 + 2 × 30) + 4 × 1,227 × 100 = 29349 cm3
Ms = 0,029349 × 78,5 = 2,304 kN

(SB):
Vs = 2,2 × 19 × 1,227 (240 + 2 × 25) + 4 × 1,227 × 100 = 16716 cm3
Ms = 0,016716 × 78,5 = 1,312 kN

(SC):
Vs = 2,2 × 13 × 1,227 (190 + 2 × 20) + 4 × 1,227 × 100 = 9295 cm3
Ms = 0,009295 × 78,5 = 0,729 kN
124

ANEXO G - Memória de cálculo do módulo de reação vertical


ksv e horizontal ksh para as sapatas hypar e planas

MÉTODO DE BOWLES:
Com a Equação (5.14)
ks = H / q = 1 / (B‟ m Is IF E‟s)

(SA) Dados:
B = 3,0 m;
L = 3,0 m;
D = 1,0 m;
H = 5 B;
qa = 89,54 kPa;
Es = 5,6 MPa (média para a profundidade de 5B abaixo da base);
μ = 0,3.

Solução:
E‟s = (1 – μ2) / Es
E‟s = (1 – 0,32) / 5,6 = 0,1625 m2 / MN;

Para o centro:
H / B‟ = 5 B / (B / 2) = 10;
L / B = 1;
I1 = 0,498 e I2 = 0,016, da Tabela A.5;

Com a Equação (A.7):


Is = 0,498 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,016 = 0,507;
D / B = 0,33;
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3);

Com a Equação (5.14) para B‟ e m = 4:

ks = 1 / (1,5 × 0,507 × 4 × 0,75 × 0,1625) = 2,70 MN/m3

Para o canto:
H / B = 5 B / (B) = 5;
L / B = 1;
I1 = 0,437 e I2 = 0,031, da Tabela A.5;

Com a Equação (A.7):


125

Is = 0,437 + (1 – 2 × 0,3) / (1 – 0,3) × 0,031 = 0,455;


D / B = 0,33;
IF = 0,75 (ábaco da Figura 5.3);

Com a Equação (5.14) para B e m = 1:

ks = 1 / (3 × 0,455 × 0,75 × 0,1625) = 6,01 MN/m3

Para um valor médio usam-se os pesos de contribuição, 4 para o centro e 1 para o canto:

ks,avg = (4 × 270 + 6,01) / 5 = 3,36 MN/m3

APROXIMAÇÃO PARA CALIBRAR O RESULTADO:


(SA):
Da Equação (5.15)
ks = 40 (SF) qa (kN/m3)

ks = 40 × 1 × 89,54 = 3582 kN/m3 = 3,58 MN/m3

MÉTODO DE PERLOFF:
(SA):
Da Equação (5.16)
ksv = Es / {(1 – μ2) Iw B}

ksv = 5,6 / {(1 – 0,32) × 0,82 × 3} = 2,5 MN/m3

MÉTODO DE KLEPIKOV:
(SA):
Da Equação (5.17) e da Tabela 5.5
ksv = Es/ {ω A(1/2) (1 – μ2)}

ksv = 5,6 / {0,82 × 3 × (1 – 0,32) } = 2,5 MN/m3

RESULTADO MÉDIO PARA (SA):

ksv(SA) = (3,36 + 3,58 + 2,50 + 2,50) / 4 = 2,99 MN/m3


126

EMPREGO DA CORRELAÇÃO GEOMÉTRICA DAS SAPATAS PARA O


CÁLCULO DO kSv PARA AS DEMAIS SAPATAS:
Da Equação (5.8)
(ksv)Fund = (ksv)(SA) B(SA) / BFund

(SB):
(ksv)Fund = 2,99 × 3 / 2,5 = 3,59 MN/m3

(SC):
(ksv)Fund = 2,99 × 3 / 2,0 = 4,49 MN/m3

(SD):
(ksv)Fund = 2,99 × 3 / 2,0 = 4,49 MN/m3

EMPREGO DA CORRELAÇÃO GEOMÉTRICA DA PLACA COM AS SAPATAS


PARA O CÁLCULO DO ksh:

Das Equações (5.8) e (5.9):


(ksh)Fund,cor = (ksh)Placa × BPlaca / BFund × (0,5 + m) / (1,5 × m)
m=L/B

Da Tabela 5.6:
(teste com placa de (30 x 30 cm) sobre argila mole: ksh = 80 MN/m3)

Para o caso da sapata hypar:


(SA):
m = 3,0 m/0,3 m = 10
(ksh)Fund,cor = 80 MN/m3 × 0,3 m/0,3 m × (0,5 + 10)/(1,5 × 10) = 56,00 MN/m3

Para o caso da sapata plana:


(SA):
m = 3,0 m/0,5 m = 6
(ksh)Fund,cor = 80 MN/m3 × 0,3 m/0,5 m × (0,5 + 6)/(1,5 × 6) = 34,66 MN/m3

Do módulo vertical:
(Calculado para a sapata (SA) (3 x 3 m): ksv = 2,99 MN/m3)

Para o caso da sapata hypar:


(SA):
(ksh)Fund,cor = 2,99 MN/m3 × 3,0 m/0,3 m × (0,5 + 10)/(1,5 × 10) = 20,93 MN/m3
127

Para o caso da sapata plana:


(SA):
(ksh)Fund,cor = 2,99 MN/m3 × 3,0 m/0,5 m × (0,5 + 6)/(1,5 × 6) = 12,96 MN/m3

Por questão óbvia serão adotados os índices calculados do módulo vertical.

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