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Mitose – preparação, observação e

identificação das diferentes fases da mitose


de vértices vegetativos de raízes de Allium
cepa (cebola)

Biologia Molecular da Célula


1º Ano de Bioquimica
Ano Letivo 2020/2021
Docente: Jorge Pereira
Discente: Edward Sousa (2109220)
21 de dezembro de 2020
Neste estudo, foram observadas, identificadas e descritas as diferentes fases
mitóticas no meristema da cebola (Allium cepa). Para tal, foi feita uma
preparação contendo as extremidades das raízes da cebola as quais foram
tratadas com orceína acética (2%); corante que permitiu evidenciar os núcleos
das células (e consequentemente, os seus cromossomas) facilitando o processo
de identificação (Rossi et al., 2011). Cada uma das fases mitóticas foram
identificadas. Após da identificação de cada fase, foram fotografadas,
esquematizadas através de esboços e classificadas tomando em conta para tal
os aspetos mais importantes de cada fase.

INTRODUÇÃO
A mitose define-se como o processo através do qual a célula se divide a partir
da separação do seu núcleo; dando origem a duas células-filhas que possuem a
mesma quantidade de cromossomas do que a célula que lhes deu origem
(Moreira, 2015). Uma vez que a célula está preparada, ocorre a mitose que é
descrita por dois processos bem diferenciados: a cariocinese que corresponde à
divisão do núcleo e ocorre através da profase, metafase, anafase e telofase; e a
citocinese que corresponde à divisão do citoplasma, e ocorre de maneira
diferentes nas células animais relativamente às células vegetais: a deposição de
vesiculas provenientes do complexo de Golgi forma o fragmoplasto que permite
a citocinese em células vegetais onde não ocorre estrangulamento (Moreira,
2015). A mitose está relacionado com a divisão de células somáticas; ou seja,
células corporais que possuem o conjunto gênico completo (Soares, 2013). O
processo que ocorre previamente à mitose é a interfase onde dá-se a produção
de diversos constituintes que levam ao aumento das dimensões da célula antes
da sua divisão (funciona como preparação para a ocorrência de uma nova
divisão celular). A interfase pode ser dividida
em três períodos: a fase G1, S e G2
(Moreira, 2015).
Após cada divisão mitótica as duas células
filhas podem entrar em interfase. O
processo, como verificado na figura 1, inicia-
se pela fase G1, onde a partir de uma
intensa atividade bioquímica a célula
Figura 1 – Esquema do ciclo celular (M = aumenta o seu tamanho e o seu número de
Mitose). G1, G2, G0 e S correspondem às organelos. No período S as novas
fases da interfase. moléculas de DNA associam-se a proteínas
básicas chamadas histonas, formando os
cromossomas, a célula sintetiza uma cópia
completa do seu DNA (replicação semi-
conservativa do DNA) e ocorre a duplicação de
centrossomas (desconhecido, 2016). Finalmente
na fase G2 formam-se mais proteínas e
estruturas membranares que serão utilizadas
nas células-filhas resultantes da mitose
Figura 2 – Diferentes fases da mitose. (Moreira, 2015).
O processo mitótico (figura 2) inicia-se pela profase que corresponde ao
processo mais longo; aqui ocorre a condensação gradual da cromatina em
cromossomas bem definidos e o afastamento dos centrossomas para os polos
opostos da célula; forma-se o fuso acromático (Moreira, 2015). Seguidamente
ocorre a metafase, onde os cromossomas atingem a sua máxima condensação
e organizam-se no plano equatorial da célula (Moreira, 2015). Depois na
anafase, ocorre a divisão simultânea de cada cromossoma pelo seu centrómero;
logo cada cromossoma recém formado (que anteriormente era um dos dois
cromatídeos constituintes de um só cromossoma) ascende ao longo dos feixes
de microtúbulos, ficando num dos polos da célula, ao final do processo existem
conjuntos idênticos de cromossomas em cada polo (Moreira, 2015). Finalmente
na telofase inicia-se a reorganização dos núcleos das células filhas, as fibras do
fuso acromático desorganizam-se, forma-se novamente o invólucro nuclear e
ocorre a descondensação das células; é reconstituído o nucléolo (Moreira,
2015).
O meristema apical na cebola é encontrado
nos ápices da raiz (figura 3) e é o responsável
pela formação do corpo primário da planta. O
sistema apical é considerado primário
segundo o seu tempo de aparecimento pois é
o primeiro a se formar (Desconhecido, 2014).
É a partir do meristema apical que ocorre o
crescimento longitudinal da planta (Dos
Santo, 2019); o análise desta estrutura ao
microscópio ótico permitiria então uma fácil
visualização das diferentes fases da mitose.
Figura 3 – ápice de raiz de
Allium cepa.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para o processo experimental foi usado o método descrito por Pereira (2020).
Para possibilitar o crescimento de raízes com o objetivo de observar o meristema
apical, foi preparada uma cebola raspando as suas raízes, deixando-as
mergulhar parcialmente em água comum entre um e dois dias (figura 3). O
resultado final foi a obtenção de raízes de aproximadamente 2cm, como
observado nas seguinte fotografias (Rossi et al., 2011).

Figura 4 – Exemplo da preparação das raízes da cebola (Allium cepa).

Logo, foram cortadas porções de 1cm de três raízes da cebola previamente


preparada e foram colocadas numa caixa de Petri onde foram cobertas
totalmente com um volume suficiente de ácido clorídrico (HCl) 1N. Logo a
preparação foi guardada numa estufa a 60ºC por aproximadamente doze (12)
minutos. Estes dois processos permitiram a dissolução das paredes celulares
das células do meristema da cebola, o que possibilitou a observação do seu
núcleo e evitou a sobreposição de muitos conjuntos celulares. Foi removido
posteriormente o HCl lavando cada porção de raiz três vezes com água destilada
e foi selecionada 2-3mm da porção final. Esta fração corresponde ao meristema
apical, ou seja, à zona de crescimento longitudinal da planta onde é possível
observar células indiferenciadas de pequenas dimensões com grandes núcleos
(Dos Santos, 2019). O fragmento restante foi rejeitado, pois seriam observadas
só células em interfase. Logo, foram transferidas as porções escolhidas para
uma lâmina de vidro onde foram adicionadas três gotas de orceína acética (2%).
A orceína acética é formada por orceína e ácido acético. O ácido acético na
mistura permite manter a integridade das estruturas celulares enquanto que a
orceína cora os cromossomas fazendo que se destaquem das outras estruturas
(Rossi et al., 2011). Com uma lamparina procedeu-se ao aquecimento da
amostra: o processo foi repetido três vezes, até a emissão de vapores sem deixar
ferver; este aquecimento teve como finalidade fornecer energia à reação química
acelerando a coloração dos cromossomas. Finalmente foi colocada uma lamela
na preparação e foi pressionada levemente com o polegar, retirando o excesso
de corante usando papel absorvente. A amostra já preparada foi observada ao
microscópio ótico com uma ampliação de 400x.

RESULTADOS
A seguir são apresentadas as fotografias de cada fase observada na amostra de
Allium cepa. Cada fase foi esquematizada e devidamente identificada, os
argumentos apresentados para esta caracterização estão apresentados na parte
da discussão.

Figura 5.a – Fotografia e esboço da interfase.


Figura 5.b – Fotografia e esboço da profase em três (3) células diferentes.

Figura 5.c – Fotografia e esboço da metafase.

Figura 5.d – Fotografia e esboço da anafase.


Figura 5.e – Fotografia e esboço da telofase.

DISCUSSÃO
Durante a interfase “ocorre a síntese de diversos constituintes que conduzem ao
crescimento e à maturação celulares” (Moreira, 2015). Na figura 5.a a célula
apresentada é maior e mais alongada relativamente às células que se encontram
em mitose (figura 5.b, 5.c, 5.d e 5.e) e possui uma coloração do núcleo menos
intensa, devido à pouca condensação de cromatina no seu núcleo; isto é, esta
célula encontra-se na fase imediatamente após a mitose: a interfase, este facto
justifica-se pela intensa atividade de síntese de constituintes que faz aumentar
as dimensões da célula e que ficam acumulados no citosol e no núcleo. Outros
aspetos importantes que permitem caraterizá-la são os factos dela não ser
binucleada (indicando que não está em telofase) e de encontrar-se em
populações grandes: “A interfase é um período relativamente longo quando
comparado com a mitose” (Moreira, 2015); é de esperar então que as
populações de células nesta fase sejam elevadas. “A profase é a etapa mais
longa da mitose” (Moreira, 2015); consequentemente, é possível inferir que a
profase encontra-se em maiores quantidades do que o resto das fases. Isto é o
que acontece na figura 5.b, onde várias células em profase são observadas. Para
a investigação tomaram-se como modelos as células 1, 2 e 3 da figura; onde é
possível observar uma espécie de textura granulada nos seus núcleos; estes
granulos correspondem à cromatina no seu processo de condensação em
cromossomas bem definidos (Moreira, 2015). É possível ainda reconhecer
alguns cromatídeos totalmente condensados; no entanto, neste ponto a
cromatina da célula ainda não condensou completamente. Na figura 5.c foi
observada a metafase onde a célula teve um alinhamento de cromossomas
totalmente condensados no plano equatorial; caracteristica que é própia de dita
fase (Moreira, 2015); a condensação completa dos cromossomas foi evidenciada
pois eram fácilmente reconhecíveis ao microscópio. Na anafase, os
cromossomas constituidos por dois cromatídeos dividem-se pelo seu centrómero
e cada par de cromossomas formados ascendem para polos opostos da célula
(Moreira, 2015); na figura 5.d é possível observar dito afastamento, onde os
cromossomas constituidos por um cromatídeo afastam-se simultaneamente para
os polos da célula. Na figura 5.e é possível observar uma célula binucleada,
cujas colorações dos seus núcleos são menos intensas do que o resto das
células na sua vizinhança (a condensação da cromatina é inferior, o seu material
genético encontra-se mais disperso relativamente à metafase e à anafase). Esta
célula formou-se imediatamente depois da anafase e encontra-se na telofase
devido ao facto dela possuir dois núcleos-filhos (ainda não ocorreu a citocinese).
A condensação da cromatina é reduzida, logo, os cromossomas deixaram de ser
claramente observáveis. As ultimas três fases observadas foram casos raros que
só foram encontrados um número reduzido de vezes devido ao facto de serem
relativamente rápidas comparadas com a profase.
Conclui-se que através da preparação da amostra usando a técnica referida, com
a correta aplicação de orceína acética (2%) é possível visualizar as diferentes
fases da mitose nas células do meristema apical de Allium cepa por meio da
coloração dos cromossomas o que facilita a observação do comportamento dos
seus núcleos. A aplicação deste corante facilita a identificação das diferentes
fases da mitose ao microscópio ótico mantendo ao mesmo tempo a integridade
das suas estruturas celulares (Rossi et al., 2011).

REFERÊNCIAS
Desconhecido, 2014, Aula 2: Meristemas, encurtador.com.br/brwDJ, acedido em
21/12/2020
Deconhecido, 2016, Fases do ciclo celular, encurtador.com.br/brJX5, acedido
em 21/12/2020
Dos Santos, V., 2019, Meristemas, encurtador.com.br/hwzVX, acedido em
20/12/2020
Moreira , C., 2015, Citocinese, encurtador.com.br/BN158, acedido em
21/12/2020
Moreira, C., 2015, Interfase, encurtador.com.br/hmtM1, acedido em 20/12/2020
Moreira, C., 2015, Mitose, encurtador.com.br/duKO2, acedido em 20/12/2020
Rossi, B., Gomes, M., Chikuchi, H., Galembeck, E., 2011, preparo de lâmina para
observação de mitose de célula vegetal ao microscópio óptico,
encurtador.com.br/ksx39, acedido em 20/12/2020
Soares, N., 2013, Célula somática, encurtador.com.br/egCH0, acedido em
20/12/2020

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