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Conexão de

Turbinas Eólicas
à Rede Elétrica
Análise de Operação Normal e Transiente

Pedro A.C. Rosas

Série Engenharia Eólica


Recife, Janeiro 2006
Resumo

A interação dinâmica de turbinas eólicas com a rede elétrica é


determinada pelos parâmetros de vento, características estruturais e
aerodinâmicas da turbina, estratégias de controle e operação e
características da rede elétrica existente.
Os efeitos dinâmicos de turbinas eólicas são examinados em duas
categorias básicas: análise de transientes e análise em operação normal. A
análise de transientes enfatiza o comportamento elétrico do sistema turbina-
rede na faixa de milissegundos para as seguintes situações:
• operação de dispositivos especiais (partida suave e compensação
de energia reativa);
• momentos de partida da turbina (nível de tensão).
A análise estática enfoca o nível de tensão em operação normal e a
influência das turbinas na rede elétrica com relação a distúrbios da forma de
onda, devido a componentes harmônicos.
Toda a análise experimental é baseada em uma turbina de eixo
horizontal (OHM-30) instalada no Centro Brasileiro de Energia Eólica, com
as seguintes características básicas: potência nominal 30 kW, diâmetro do
rotor 13 m, altura da torre 20m. Além da caracterização precisa de todos os
componentes elétricos, esta turbina foi instrumentada por um período de 12
meses, propiciando importantes subsídios para modificações operacionais e
de estratégias de controle que são abordadas neste trabalho.
A multidisciplinaridade de projeto do turbinas eólicas é também
apresentada através da influência dos aspectos aerodinâmicos, estruturais
e de controle. Resultados teóricos e experimentais enfocando estes
aspectos são analisados.

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Índice

1. Introdução _______________________________________________________ 6

1.1. Centrais Eólicas __________________________________________________ 6

1.2. Inserção de Energia Eólica em Redes Elétricas_________________________ 6

2. COMPONENTES E CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS________________ 11

2.1. Aspectos Gerais de Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal________________ 11

2.2. Rotor ___________________________________________________________ 13

2.3. Sistema de Transmissão Mecânica __________________________________ 14

2.4. Geradores Elétricos em Turbinas Eólicas ____________________________ 16

2.4.1. Máquinas Síncronas ______________________________________________ 16

2.4.2. Máquinas Assíncronas ____________________________________________ 17

2.5. Tecnologias de Geração de Eletricidade em Turbinas Eólicas ___________ 19

2.5.1. Freqüência Variável ______________________________________________ 19

2.5.2. Freqüência Fixa __________________________________________________ 20

2.6. Sistema de Controle ______________________________________________ 20

2.6.1. Conexão e Desconexão de Turbinas Eólicas __________________________ 22

2.6.2. Compensação da energia reativa ___________________________________ 23

2.7. Tipos de Conexão de Turbinas Eólicas à Rede Elétrica _________________ 24

2.7.1. Conexão Usando Um Transformador por Turbina Eólica ________________ 24

2.7.2. Conexão Usando Um Transformador Para Cada Grupo de Turbinas ______ 25

3. Metodologia de análise da Conexão de Turbinas Eólicas À rede elétrica___ 27

3.1. Análise da Instalação de Turbinas Eólicas e dos Componentes __________ 28

3.1.1. Análise da Instalação da Turbina Eólica ______________________________ 28

3.1.2. Caracterização das Turbinas Eólicas ________________________________ 32

3.2. Metodologia de Análise de Desempenho das Turbinas Eólicas___________ 33

3.1.1 Potência Média ______________________________________________________ 33

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3.1.2 Disponibilidade da Turbina _____________________________________________ 33

3.1.3 Disponibilidade da Rede Elétrica ________________________________________ 34

3.1.4 Tempo de Geração de Eletricidade ______________________________________ 34

3.1.5 Operação dos Tiristores _______________________________________________ 35

3.1.6 Falhas da Turbina____________________________________________________ 35

3.1.7 Freqüência de Ocorrências_____________________________________________ 36

3.3. Metodologia de Análise em Regime Permanente_______________________ 37

3.3.1. Variação da Potência. _____________________________________________ 38

3.3.2. Demanda de Potência Reativa ______________________________________ 38

3.3.3. Variação da Tensão Durante a Geração ______________________________ 39

3.3.4. Distorções Harmônicas ___________________________________________ 40

3.4. Análise em Regime Dinâmico ______________________________________ 44

3.4.1. Variação de Tensão na Partida _____________________________________ 44

3.4.2. Sistema de Compensação de Fase __________________________________ 45

3.4.3. Conexão e Desconexão do Sistema de Compensação de Energia Reativa _ 45

3.4.4. Qualidade de Energia em Condições Especiais da Turbina ______________ 46

3.4.5. Desalinhamento do Rotor em Relação ao Vento Incidente_______________ 47

3.4.6. Vibração Excessiva da Turbina Eólica _______________________________ 47

4. Análise Experimental – Turbina Eólica OHM 30 ________________________ 48

4.1. Detalhamento da Turbina Eólica ____________________________________ 48

4.1.1. Rotor da Turbina Eólica ___________________________________________ 48

4.1.2. Sistema de Transmissão __________________________________________ 51

4.1.3. Gerador ________________________________________________________ 52

4.1.4. Conexão com a Rede Elétrica e Sistema de Controle ___________________ 54

4.2. Análise de Funcionamento: Turbina OHM 30 __________________________ 57

4.3. Análise em Regime Permanente (média de 5 minutos dos parâmetros) ____ 60

4.3.1. Análise do Fluxo de Potência. ______________________________________ 61

4.3.2. Análise da Variação de Tensão _____________________________________ 62

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4.3.3. Análise da Forma de Onda de Tensão e de Corrente ___________________ 63

4.3.4. Análise com a Turbina Desligada ___________________________________ 64

4.3.5. Análise com a Turbina Funcionando Normalmente_____________________ 65

4.3.6. Análise dos Registros da Operação dos Tiristores _____________________ 66

4.4. Análises em Regime Transiente (registros em micro segundos)__________ 68

4.5. Análise da Operação Normal da Turbina _____________________________ 70

4.6. Análise das Operações do Sistema de Controle _______________________ 74

4.7. Operação da Turbina _____________________________________________ 74

4.8. Funcionamento do Sistema de Compensação de Energia Reativa ________ 80

4.9. Análise de Condições de Operação Especiais. ________________________ 82

4.9.1. Funcionamento do Rotor Desalinhado. ______________________________ 83

Índice de Figuras

Figura 2.1. Componentes das turbinas eólicas de eixo horizontal. ________________________________________ 12


Figura 2.2. Componentes do sistema de transmissão de turbinas eólicas. __________________________________ 14
Figura 2.3. Curva característica de uma máquina assíncrona – turbina OHM 30.____________________________ 18
Figura 2.4 Sistema de geração de eletricidade em freqüência variável. ____________________________________ 19
Figura 2.5 Sistema de geração de eletricidade em freqüência fixa.________________________________________ 20
Figura 2.6 Diagrama esquemático da operação do sistema de controle. ___________________________________ 21
Figura 2.7 Principais operações do sistema de controle. _______________________________________________ 22
Figura 2.8 Diagrama do sistema de partida de uma turbina eólica. _______________________________________ 23
Figura 2.9 Conexão através de um transformador por turbina. __________________________________________ 25
Figura 2.10 Conexão através de um transformador por conjunto de turbinas. ______________________________ 26
Figura 3.11 Metodologia de análise da qualidade de energia elétrica em turbinas eólicas._____________________ 27
Figura 3.12 Diagrama da conexão de turbinas eólicas à rede elétrica. ____________________________________ 28
Figura 3.13 Descrições para as análises do local e de turbina eólica. _____________________________________ 29
Figura 3.14 Orografia de um terreno com a locação de uma central eólica. ________________________________ 30
Figura 3.15 Vista tridimensional da orografia apresentada na Figura 3.14. ________________________________ 30
Figura 3.16 Localização da turbina e sensor de anemometria com relação às esteiras.________________________ 31
Figura 3.17. Descrição da rede elétrica local.________________________________________________________ 32
Figura 3.18. Diagrama esquemático para análise da variação de tensão. __________________________________ 40
Figura 3.19. Diagrama indicando a forte conexão entre os efeitos estruturais e elétricos.______________________ 46
Figura 4.20 Vista da turbina OHM 30 instalada no Centro Brasileiro de Energia Eólica. (1996) ________________ 49

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Figura 4.21 Dados experimentais da curva de potência da turbina OHM-30 (diâmetro: 12,8m; rotação: 71rpm; pitch: -
1o). Curva de potência teórica utilizada para comparação.______________________________________________ 51
Figura 4.22 Vista do gerador da turbina OHM 30_____________________________________________________ 52
Figura 4.23 Funcionamento do torque gerador da turbina OHM 30 em relação ao escorregamento. _____________ 54
Figura 4.24 Diagrama da instalação elétrica da turbina OHM 30.________________________________________ 57
Figura 4.25. Localização dos pontos de registro nas medidas de regime permanente. _________________________ 60
Figura 4.26 Fluxo de potências e convenção de sinais. _________________________________________________ 61
Figura 4.27. Medidas instantâneas da potência gerada. ________________________________________________ 61
Figura 4.28. Medidas instantâneas na tensão em função da potência ______________________________________ 62
Figura 4.29. Medidas instantâneas na tensão em função do tempo ________________________________________ 63
Figura 4.30. Diagrama das análises da forma de onda de tensão e corrente.________________________________ 64
Figura 4.31. Formas de onda de tensão e corrente (turbina desconectada da rede elétrica) ____________________ 64
Figura 4.32. Histograma mostrando o nível de cada harmônico__________________________________________ 65
Figura 4.33. Formas de onda de tensão e corrente (turbina conectada à rede elétrica) ________________________ 65
Figura 4.34 Histograma mostrando o nível de cada. ___________________________________________________ 66
Figura 4.35 Formas de onda de tensão e de corrente alteradas devida a operação dos tiristores.________________ 67
Figura 4.36 Componentes harmônicas da forma de onda de tensão e corrente na partida da turbina OHM 30. _____ 68
Figura 4.37 Metodologia das medidas e análises de transientes realizadas._________________________________ 69
Figura 4.38 Sensores e local de medição das grandezas. _______________________________________________ 70
Figura 4.39 Diagrama indicando a localização dos locais de medidas. ____________________________________ 71
Figura 4.40 Diagrama das análises realizadas._______________________________________________________ 71
Figura 4.41 Forma de onda de tensão da rede elétrica sem a turbina eólica.________________________________ 71
Figura 4.42 Transformada de Fourier para a tensão sem a turbina OHM 30. _______________________________ 72
Figura 4.43 Formas de onda durante a operação da turbina em ventos “moderados”(5-6 m/s). _________________ 73
Figura 4.44 Transformada de Fourier para a tensão com a turbina OHM 30 funcionando. ____________________ 73
Figura 4.45 Diagrama das medições realizadas. ______________________________________________________ 74
Figura 4.46 Localização dos sensores durante as medições de operação do sistema de controle. ________________ 74
Figura 4.47 Formas de onda de tensão e corrente do início de operação da turbina OHM 30 __________________ 75
Figura 4.48 Formas de onda de desligamento da turbina eólica OHM 30.__________________________________ 76
Figura 4.49 Ampliação da frenagem da turbina OHM 30. ______________________________________________ 77
Figura 4.50 Ampliação do momento acionamento dos tiristores. _________________________________________ 78
Figura 4.51 Posição do rotor em relação ao vento incidente. ____________________________________________ 79
Figura 4.52 Operação de compensação de fase .______________________________________________________ 80
Figura 4.53 Entrada de operação do banco de capacitores da turbina OHM 30._____________________________ 81
Figura 4.54 saída de operação dos capacitores da turbina OHM 30. ______________________________________ 82
Figura 4.55 Posicionamento do rotor em relação ao vento incidente.______________________________________ 83
Figura 4.56 Desalinhamento do rotor em relação ao vento incidente. _____________________________________ 84

Índice de Tabelas

Tabela 1.1. Aspectos fundamentais da qualidade de tensão. ______________________________________________ 8

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Tabela 1.2. Principais efeitos das turbinas eólicas na rede elétrica. _______________________________________ 10
Tabela 3.3 Resumo de problemas causados pelas turbinas eólicas. _______________________________________ 42
Tabela 4.4 Resumo das características da turbina OHM 30._____________________________________________ 50
Tabela 4.5 Características do sistema de transmissão da turbina OHM 30. _________________________________ 52
Tabela 4.6 Características do gerador usado na turbina OHM 30 ________________________________________ 53
Tabela 4.7 Dados relativos ao programa da turbina OHM 30. ___________________________________________ 55
Tabela 4.8 Parâmetros do sistema de controle (turbina OHM 30) ________________________________________ 55
Tabela 4.9 Descrição dos parâmetros da rede elétrica da turbina OHM 30 _________________________________ 56
Tabela 4.10 Resumo estatístico para a turbina OHM 30 período de dezembro de 1997 a setembro de 1998 (parâmetros
da tabela descritos no Capítulo 3)._________________________________________________________________ 60
Tabela 4.11 Resumo das medidas na turbina OHM 30 (2 a 3 de outubro de 1996)____________________________ 63
Tabela 4.12 Resumo das análises das componentes harmônicas na formas de onda de tensão e de corrente na turbina
OHM 30 (3 de outubro de 1996) __________________________________________________________________ 67

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1. Introdução

1.1. Centrais Eólicas

O potencial eólico encontrado em diversos locais indica que as contribuições para


geração de eletricidade a partir de turbinas eólicas podem alcançar proporções
significativas. Em alguns países é estimado possível exceder a energia consumida no
local e exportar energia. Entretanto a conversão da energia eólica em elétrica apresenta a
importante característica de ausência do controle da potência gerada.

Diferente de centrais termelétricas e hidroelétricas, as centrais eólicas apresentam uma


grande influência de fatores externos na geração de eletricidade. Os principais fatores
são: o recurso eólico e a dependência direta da rede elétrica – fatores como redes fracas,
variações de parâmetros como tensão e freqüência elétrica alteram a geração de
eletricidade nas turbinas.

A falta de controle sobre a potência gerada pode ocasionar em desvios nos parâmetros
da tensão e freqüência da rede elétrica.

Estes desvios podem ser prejudiciais a consumidores que estiverem usando a mesma
rede elétrica bem como as turbinas eólicas que podem ter suas operações
comprometidas, estes desvios são definidos como variações da qualidade de energia
elétrica.

Este livro analisa a relação existente entre a qualidade de energia e as turbinas eólicas.

1.2. Inserção de Energia Eólica em Redes Elétricas

A ligação de turbinas eólicas à rede elétrica pode ser efetuada de diversas maneiras e de
uma forma geral sem o uso de acumuladores.

Na maioria das vezes, as instalações ocorrem em linhas de distribuição existentes com


consumidores de energia elétrica, configurando se como um sistema de geração disperso.

Este novo conceito de geração de eletricidade exige que ambos, geradores e


consumidores, utilizem a rede elétrica de forma compartilhada. A conexão elétrica de
geradores ou consumidores que ocasionem distúrbios na qualidade da energia, pode

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resultar em sérios danos aos equipamentos elétricos de ambos, independente da fonte do


distúrbio.

Para a manutenção dos padrões da qualidade da energia elétrica são especificadas, em


normas, as formas de conexão de cada tipo de gerador ou consumidor, bem como os
parâmetros e limites de inserção de “ruídos” por cada consumidor.

Existem muitos problemas para limitar e melhorar a qualidade de energia. O primeiro e


fundamental é a definição “qualidade de energia” que, na maioria das vezes, é
relacionada diretamente com a tensão, sendo então referida como qualidade de tensão.

Quando aplicada a redes elétricas compartilhadas com sistemas de geração de


eletricidade a partir de turbinas eólicas, a qualidade de tensão deve ser observada em
diversos aspectos.

Os aspectos analisados na qualidade de tensão, em turbinas eólicas, são divididos em


três grupos relacionados com a freqüência de variação, apresentados na Tabela 1.1.

As variações na qualidade de tensão gerada por turbinas eólicas são relacionadas a


vários componentes, onde o principal é o vento. A Tabela 1.2 apresenta as principais
relações causa e efeito nas variações da qualidade de tensão devido as turbinas eólicas.

Os níveis dos distúrbios relacionados com a qualidade de tensão na conexão das turbinas
eólicas, estão diretamente condicionados à rede elétrica local. O parâmetro observado em
redes elétricas diz respeito a sua possibilidade de transmitir potência (rcc –relação de
curto-circuito). Em geral, ele é relacionado com a potência instalada e de curto-circuito.
Neste aspecto é considerada uma rede elétrica forte aquela em que a potência de curto-
circuito é 50 vezes superior à potência instalada no local. Para valores inferiores à esse
são chamadas redes elétricas fracas.

As redes elétricas consideradas fortes são aquelas onde os efeitos das turbinas eólicas
na qualidade de tensão são pequenos, enquanto nas redes fracas os distúrbios tomam
projeções muito superiores. Assim, uma turbina que instalada em uma rede elétrica forte
não causa nenhuma alteração na tensão local, pode, quando instalada em um local com
rede fraca, modificar seriamente os níveis de tensão, comprometendo a operação dos
equipamentos elétricos.

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Para a determinação do nível de influência de turbinas eólicas na rede, os principais


aspectos analisados são:

• Variabilidade da potência;

• Demanda de energia ativa durante a geração de eletricidade;

• Variação de tensão durante a geração de eletricidade;

• Variação de tensão devido à partida das turbinas;

Tabela 1.1. Aspectos fundamentais da qualidade de tensão.

Escalas de freqüência Considerações gerais


O valor eficaz da tensão deve ser mantido nos limites de
Regime estacionário operação das proteções, para confirmar a segurança dos
consumidores e a proteção da rede elétrica
Variações chamadas de Flicker, dependem da freqüência e
devem ser mantidas dentro dos padrões especificados em
normas, para assegurar o conforto dos consumidores e
0 a 30 Hz impedir o efeito luminoso Flicker nas lâmpadas
incandescentes e assegurar a operação correta dos
equipamentos. Níveis elevados de Flicker podem ocasionar
flutuações da velocidade em máquinas rotativas.
Esta faixa compreende as distorções harmônicas na forma
de onda de tensão. Devem ser mantidos dentro das
50 a 2500Hz normas, os níveis de componentes harmônicos para
assegurar conforto e segurança na operação de
equipamentos conectados à rede elétrica.

Porém, com o aumento da sensibilidade dos equipamentos eletrônicos, deve-se também


observar maiores detalhes da conexão elétrica das turbinas, tais como: o efeito do
cancelamento de flutuações de tensão devido à existência de várias turbinas e as
relações entre a potência produzida e as características do vento, como a turbulência.

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Além das normas e recomendações internacionais, alguns centros de pesquisa


desenvolveram metodologias específicas para análise do comportamento das turbinas
relativas à qualidade de energia. Em alguns países como a Alemanha, para solicitação de
financiamento para a construção de centrais eólicas, é imprescindível a apresentação das
análises experimentais das turbinas que devem compor esta central, dentro de uma
metodologia específica. Em outros, como a Dinamarca, a autorização para a instalação
depende destas análises, sem as quais as turbinas não podem funcionar.

Estas metodologias são análises experimentais realizadas em campo de testes. Existem


três fatores negativos para aplicação destas técnicas: a condição específica da rede
elétrica do local de testes, a não observação do fenômeno de cancelamento das
flutuações devido à existência de mais de uma turbina. Finalmente, as análises
experimentais da qualidade de energia exigem o monitoramento de diferentes escalas de
tempo, consequentemente, isto demanda equipamentos especiais de medida e
armazenamento de dados.

Apesar destes pontos negativos, as análises experimentais permitem uma análise do


comportamento real da qualidade de tensão gerada por turbinas eólicas. As questões de
rede elétrica específica e o fator de cancelamento podem ser ajustados através de
parâmetros específicos.

As análises através de métodos específicos, normalmente realizadas em locais para a


emissão de certificados de correta operação das turbinas eólicas, devem ser realizadas
por vários motivos, em especial em países onde a energia eólica ainda não possui uma
confiabilidade. Neste aspecto, as análises e testes experimentais, além de contemplar os
aspectos de qualidade de energia, deverão abranger os aspectos de confiabilidade.

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Tabela 1.2. Principais efeitos das turbinas eólicas na rede elétrica.

Causa Efeito
Aumento da produção de energia Variação do valor eficaz da tensão
Flutuações dinâmicas da tensão
Variação temporal da velocidade de vento Flutuações da potência ativa gerada e
da reativa demandada
Flutuações de potência causadas por:
• Efeito de sombra da torre
Flutuações dinâmicas da tensão
• Perfil vertical do vento
Cintilação (Flicker)
• Desalinhamento do eixo do rotor
• Variação errada do ângulo das pás
• Turbulência atmosférica
Turbinas eólicas com:
• Sistema de inversão e retificação Flutuações dinâmicas da tensão
• Dispositivo de partida suave Cintilação (Flicker)
• Sistemas de compensação de energia
reativa variável
Variações de vento acima dos limites de
funcionamento das turbinas.
Regime transitório de entrada e saída dos
Picos de valor de tensão
geradores:
Cintilação (Flicker)
• Conexão e desconexão dos geradores
• Conexão e desconexão dos bancos de
capacitores

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2. COMPONENTES E CARACTERÍSTICAS OPERACIONAIS

Turbinas eólicas são equipamentos complexos que envolvem componentes aeronáuticos,


mecânicos, elétricos e eletrônicos. Neste capítulo são apresentados os principais
componentes de turbinas eólicas de eixo horizontal e como cada um interage com a rede
elétrica.

2.1. Aspectos Gerais de Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal

Os principais parâmetros usados para descrever turbinas eólicas são:

• Altura do cubo: referente a altura entre o eixo do rotor e o solo;

• Área do rotor: referente a área varrida pelas pás;

• Solidez: razão entre a área das pás e a área do rotor;

• Razão de velocidade da ponta da pá: razão entre a velocidade da ponta de pá em


relação ao ar. Esse termo também é conhecido como tip speed ratio.

• Potência nominal: máxima potência contínua produzida no ponto de conexão com


a rede.

As turbinas usadas em centrais eólicas têm uma potência nominal variando entre 200 e
750 kW. São considerados usuais os rotores entre 25 e 50 metros de diâmetro.
Atualmente, estão sendo realizadas pesquisas em turbinas com potência gerada da
ordem de MW, porém, não são consideradas comerciais.

Os principais componentes das turbinas eólicas de eixo horizontal relacionados com a


geração de eletricidade são: rotor, multiplicador, gerador, sistema de controle e conexão
elétrica, apresentados na Figura 2.1. O local onde se encontram instalados o gerador, o
multiplicador e o sistema de giro é denominado de Nacele.

As turbinas eólicas funcionam dentro de parâmetros operacionais, tais como: tensão,


corrente, freqüência e nível de harmônicos. Em redes elétricas fortes, o impacto das
turbinas eólicas na freqüência elétrica é desprezível, entretanto, podem ocorrer variações
da tensão e distorções harmônicas na rede elétrica local.

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É comum em turbinas eólicas, a utilização de geradores assíncronos conectados em


baixa tensão (até 600V). Um transformador instalado na base da torre, faz a integração ao
sistema elétrico local em média tensão (13,8 ou 69kV).

Devido a característica do gerador assíncrono, são utilizados um dispositivo de partida


suave e um sistema de compensação de energia reativa. Cada um destes componentes
será descrito nas seções a seguir.

Multiplicador de velocidade
Nacele Acoplamento elástico
Pás
Sensores de vento

Rotor

Gerador elétrico
Sistema de
freio
a disco

Torre de sustentação

Controle de giro

Sistema de
controle

Sistema de freio
aerodinâmico

Figura 2.1. Componentes das turbinas eólicas de eixo horizontal.

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2.2. Rotor

As turbinas aplicadas em centrais eólicas apresentam normalmente duas ou três pás.


Podem ser encontradas turbinas com uma pá, entretanto as perdas e complicações
provenientes desta configuração são elevadas e muitas vezes não compensam a redução
no preço total do rotor. As suas principais características são:

• Uso de materiais leves e resistentes na fabricação - fibra de vidro e madeira têm sido
muito utilizadas;

• Desempenhos aerodinâmico com o uso de perfis especiais;

• Potência nominal;

• Peso, número e balanceamento das pás – relacionado com a dinâmica da


conversão de energia, especificamente com o momento de inércia;

• Forma de regulação da velocidade e da potência do rotor (passo fixo ou variável) e


operação em freqüência fixa ou variável;

• Método de partida da turbina (passo fixo ou variável);

• Controles contra sobre velocidades do rotor em caso de emergência;

• Comportamento dos parâmetros aerodinâmicos para condições ambientais diversas


e acúmulo de poeira (poluição) nas pás;

• Uso de boas características de descolamento (stall);

• Produção de baixo nível de ruído;

• Uso de perfis com menor sensibilidade às rugosidades.

O emprego de novos aerofólios e o investimento em novos projetos de pás de turbinas


eólicas, acarretaram no uso de perfis com maior sustentação próximo a raiz, reduzindo
gradualmente até chegar a ponta da pá com baixa sustentação (lift).

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O desempenho aerodinâmico dos rotores de turbinas eólicas deve contemplar diversos


parâmetros. Os principais são: a curva de potência, a curva de torque do rotor e a curva
do coeficiente de potência, bem como o comportamento dos mesmos ao longo do tempo,
considerando o acúmulo de poeira modificando o perfil aerodinâmico.

Há, basicamente, duas formas para regular a potência extraída do vento nos rotores:
passo variável (o ângulo das pás é variado), também conhecida como tecnologia de
regulação por pitch e passo fixo (o ângulo das pás é fixo e a regulagem se dá através do
fenômeno de stall).

Integram-se a estes parâmetros, os relativos à

operação de rotores: freqüência fixa – a rotação das pás é mantida constante para
diferentes velocidades de vento; freqüência variável – a rotação das pás varia de acordo
com o vento incidente.

2.3. Sistema de Transmissão Mecânica

A energia gerada pelo rotor extraída dos ventos é transmitida ao gerador através do
sistema de transmissão localizado na nacele. Ele é composto de multiplicador de
velocidade, eixo de baixa velocidade, eixo de alta velocidade e um sistema de freio
(Figura 2.2).

Multiplicador de
Eixo de velocidade
baixa
Freio
velocidade

Rotor Gerador

Eixo de alta
velocidade

Figura 2.2. Componentes do sistema de transmissão de turbinas eólicas.

As principais características de operação dos sistemas de transmissão são:

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• Momentos de inércia do multiplicador e dos eixos de baixa e alta velocidades –


relacionados com a dinâmica de funcionamento das turbinas eólicas;

• Elasticidade do multiplicador e dos eixos de baixa e alta velocidades – este fator está
relacionado à dinâmica de transferência das vibrações do rotor;

• Amortecimento do multiplicador e dos eixos de baixa e alta velocidades – este fator


apresenta o amortecimento das vibrações, provenientes do rotor, inseridas pelos
eixos.

Na análise do desempenho do gerador é interessante transpor todas as grandezas para o


eixo de alta velocidade. Dessa forma, o comportamento do sistema de transmissão é
apresentado nas Eqs.2. 1 e 2. 2, que representam a transmissão mecânica e a interação
entre o rotor e o gerador, respectivamente.

••
J R θ R = M R − M Tr (2. 1)

2. 1

•• M Tr
JG θG = − MG (2. 2)
m
2. 2

Onde:

θR é o ângulo de torção do eixo de baixa velocidade;

θG é o ângulo de torção do eixo de alta velocidade;

m é a relação de transmissão do multiplicador;

MR é o momento no eixo de baixa velocidade;

MG é o momento no eixo de alta velocidade;

MTr é o momento do multiplicador;

JR é o momento de inércia do rotor;

JG é o momento de inércia do gerador.

Há tecnologias que não utilizam multiplicadores de velocidade. Os geradores usados são


especiais e fabricados como parte integrante do rotor. Em tais casos, os parâmetros

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

importantes a serem observados são a inclusão de amortecimentos e elasticidades devido


ao eixo de transmissão.

2.4. Geradores Elétricos em Turbinas Eólicas

Todas as turbinas eólicas conectadas à rede elétrica utilizam geradores trifásicos em


corrente alternada. Eles são divididos em duas grandes classes.

• Geradores síncronos – funcionam exatamente na mesma freqüência da rede


elétrica em que estão conectados.

• Geradores assíncronos – funcionam em uma freqüência um pouco superior a


freqüência da rede elétrica em que estão conectados, são também chamados
de geradores de indução.

Geradores síncronos e assíncronos possuem uma parte fixa chamada de estator. O


estator é similar para ambas as máquinas. Ambos os tipos de estator são conectados à
rede elétrica trifásica alternada, são feitos de aço laminado e consistem de enrolamentos
trifásicos que produzem um campo magnético girante em uma freqüência constante.

As principais diferenças entre as máquinas síncronas e assíncronas são apresentadas


nas seções a seguir.

2.4.1. Máquinas Síncronas

Nas máquinas síncronas um enrolamento em corrente contínua, no interior da máquina,


proporciona o campo magnético que irá interagir com o campo girante, criando assim as
condições para a geração de eletricidade. Neste caso, o campo criado estará rigidamente
acoplado ao campo magnético girante e o rotor deverá girar na freqüência constante,
chamada, em sincronismo. Em alguns tipos especiais de máquinas síncronas os
enrolamentos de campo são substituídos por imãs permanentes.

A inexistência de contatos elétricos entre o rotor e o estator é a principal vantagem do uso


de máquinas com excitação permanente e a desvantagem é a impossibilidade de controle
da potência e da tensão gerada. Nas máquinas com excitação externa, a principal
vantagem é o controle da tensão e potência geradas; em contrapartida, a desvantagem é

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

o uso de um circuito externo e contato elétrico entre o rotor e o estator, demandando uma
manutenção mais específica.

O uso destas máquinas em turbinas eólicas estava restrito a locais isolados. Contudo,
com o desenvolvimento da eletrônica de potência, as máquinas síncronas passaram a
desempenhar um importante papel em sistemas de geração de eletricidade em freqüência
variável, usando conversores de freqüência.

Os conversores de freqüência são responsáveis por manter a tensão e a freqüência fixa


na conexão com a rede elétrica e permitir ao gerador funcionar em freqüência variável,
evitando os problemas de perda de sincronismo e de conexão elétrica.

2.4.2. Máquinas Assíncronas

A geração de eletricidade nas máquinas assíncronas ocorre com o acionamento do rotor


do gerador, acima da velocidade síncrona. Com as características de não possuir
problemas de sincronismo e gerar eletricidade na tensão e freqüência especificadas pela
rede elétrica, tornaram-se muito atrativas em aplicações de energia eólica.

Sua diferença principal em relação às máquinas síncronas reside na forma de criação do


campo do rotor, não existindo contatos elétricos entre o rotor e o estator. A energia para
excitação é transmitida através do fenômeno da indução magnética.

As freqüências da tensão e corrente induzidas dependem da velocidade de rotação do


rotor expressas pelo escorregamento (Eq. 2. 3).

ns − n
s= (2. 3)
ns

2. 3

onde s é escorregamento, ns é a velocidade síncrona (rede elétrica) e n a velocidade do


rotor.

A característica fundamental das máquinas assíncronas é a sua curva de torque em


função da velocidade de giro do rotor, também expressa em termos do fator
escorregamento, apresentada na Figura 2.3.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Observando este gráfico, em velocidades do rotor inferior à velocidade síncrona (s > 0), a
máquina assíncrona funciona como motor, em velocidades acima da velocidade síncrona
(s < 0), comporta-se como gerador (Eq.2. 4).

1  pV12 (r2 / s ) 
T=   (2. 4)
ω s  ( R1 + r2 / s ) 2 + ( X 1 + x 2 ) 2 
2. 4

onde: T é o conjugado mecânico;

ωs é a velocidade síncrona;

R1 é a resistência equivalente do estator;

X1 é a reatância equivalente do estator;

r2 é a resistência equivalente do rotor;

x2 é a reatância equivalente do rotor;

V1 é a tensão transferida ao rotor (calculada com o circuito equivalente)

s é o escorregamento

Motor Gerador
Mm

Mn
Torque (Nxm)

Região de funcionamento

Mn

S>0 S<0
-720
-1,50

Escorregamento

Figura 2.3. Curva característica de uma máquina assíncrona – turbina OHM 30.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

2.5. Tecnologias de Geração de Eletricidade em Turbinas Eólicas

As turbinas eólicas podem gerar eletricidade em diversas configurações. Duas tecnologias


básicas são definidas: turbinas eólicas com freqüência fixa e turbinas eólicas com
freqüência variável.

2.5.1. Freqüência Variável

Sistemas eletrônicos conversores de freqüência são responsáveis pelo acionamento em


freqüência variável. O gerador usado pode ser síncrono ou assíncrono. A seleção do
gerador define o tipo de conversor usado.

Quando usado o gerador síncrono, por exemplo, os de imã permanente (PMG –


Permanent Magnetic Generator), são criadas as condições iniciais para gerar eletricidade,
sendo desnecessário o uso de conversores eletrônicos bidirecionais.

Quando empregado geradores assíncronos em freqüência variável é necessário o uso de


conversores eletrônicos bidirecionais que criarão as condições iniciais de funcionamento
do gerador.

O sistema de controle das turbinas, em ambos os casos, é o responsável pela


manutenção e operação dos conversores, podendo ajustar o fator de potência no PCC –
gerando energia reativa ou consumindo dependendo da necessidade (Figura 2.4) através
de modificação de parâmetros nos conversores.

Potência Reativa

Turbina Eólica
Freqüência ~ ~
= =
~ Concessionária

Potência Ativa

Figura 2.4 Sistema de geração de eletricidade em freqüência variável.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

2.5.2. Freqüência Fixa

A geração de eletricidade em freqüência fixa, envolve a conexão direta das turbinas


eólicas à rede elétrica. O mais comum é o uso de geradores assíncronos. Neste caso
existe uma demanda de energia reativa compensada localmente.

Potência Reativa

Turbina Eólica
Freqüência fixa
~
Potência Ativa

Figura 2.5 Sistema de geração de eletricidade em freqüência fixa.

2.6. Sistema de Controle

As turbinas eólicas conectadas à rede elétrica são caracterizadas pelo uso de um sistema
de controle responsável pela operação, conexão e desconexão da turbina e pelo sistema
de compensação de energia reativa.

As funções relacionadas com a geração de eletricidade são monitoradas pelo sistema de


controle central, que otimiza/protege a operação das turbinas eólicas além de registrar as
ações por ele efetuado e os erros apresentados durante a operação.

No sistema de controle são processados os dados referentes a todas as grandezas


elétricas e mecânicas da operação das turbinas, e através de sistemas de compensação
de energia reativa e de partida são monitoradas a qualidade de energia local.

Os principais parâmetros medidos abrangem:

• Grandezas elétricas: a freqüência da rede local, a tensão e a corrente em cada


fase. Com estes dados são observadas as faixas de segurança de operação das
turbinas em relação a nível de desequilíbrio. São calculadas a potência elétrica
gerada e o fator de potência no ponto de conexão com a rede elétrica e acionado

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

quando necessário os sistemas de compensação de energia reativa e de partida


suave;

• Grandezas mecânicas: as temperaturas do gerador, multiplicador, tiristores e


ambiente, pressão do sistema hidráulico de freio, vibração da nacele. Todos dados
relativos à proteção dos equipamentos e operação;

• Vento: velocidade e direção – relativa à otimização da operação.

No caso de uso de um sistema de conversores, o sistema de controle monitora a


operação dos mesmos.

Um diagrama esquemático é apresentado na Figura 2.6 demonstrando sucintamente a


operação do sistema de controle na análise dos dados referentes à operação da turbina.

Aquisição dos dados (instantânea)


Tensão Velocidade do vento Freio
Corrente Direção do vento Pressão do sistema hidráulico
Temperaturas Giro da nacele Velocidade de rotação

Apresentação dos dados (unidades de engenharia) Cálculos de parâmetros

• Tensão • Giro da nacele • Potência


• Corrente • Velocidade do vento • Fator de potência
• Temperatura • Velocidade angular

Armazenamento
• Ação
Erros • Velocidade do vento • Energia
• Potência • Contador ativo
• Sinalização • Contador de tempo

Figura 2.6 Diagrama esquemático da operação do sistema de controle.

As principais operações do sistema de controle são apresentadas no diagrama da Figura


2.7, e detalhadas a seguir:

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Monitoração do Sistema de Controle

Conexão e desconexão da Turbina

Compensação de Reativo

Proteção Mecânica e Elétrica

Figura 2.7 Principais operações do sistema de controle.

2.6.1. Conexão e Desconexão de Turbinas Eólicas

Em turbinas eólicas conectadas à rede elétrica o sistema de controle tem a função de


também monitorar a conexão e desconexão dos geradores.

O uso de máquinas assíncronas na maioria das turbinas, conduz a uma análise mais
detalhada do processo de conexão das mesmas com a rede elétrica.

Os geradores assíncronos durante o acionamento precisam de uma corrente inicial de


magnetização (In Rush) de elevada magnitude (valores podem chegar a 8 vezes a
corrente nominal). Considerando 700 kW a potência média das máquinas usadas
atualmente, a magnitude da conexão destes geradores diretamente podem ocasionar
sérios distúrbios à rede elétrica.

Neste contexto, um dispositivo de partida suave composto de um conjunto de tiristores


são usados para providenciar uma conexão/desconexão suave com a rede elétrica (soft-
starter).

Através dos tiristores é possível limitar a corrente de magnetização. A Figura 2.8


apresenta um diagrama com a localização dos tiristores durante a partida.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Tiristores
Rede elétrica
Transformador
T1 elevador

~ T2
Turbina
Rede elétrica
eólica T4 T5 T6 T3
(gerador assíncrono)
T1, T2 e T3 contactores de
funcionamento em regime.
T4, T5 e T6 contactores de
Banco de acionamento dos capacitores.
capacitores

Figura 2.8 Diagrama do sistema de partida de uma turbina eólica.

Após a conexão à rede elétrica os dispositivos de partida suave (soft-start) são desligados
através de uma conexão direta através de um contactor.

2.6.2. Compensação da energia reativa

A grande maioria das turbinas eólicas conectadas à rede elétrica utilizam geradores
assíncronos, este tipo de gerador demanda energia reativa para sua excitação. O fluxo
desta energia na rede elétrica resulta em perdas.

Em sistemas conectados, as concessionárias limitam a máxima demanda de energia


reativa, bem como o consumo.

Para evitar o consumo desta energia é usada um sistema de compensação de energia


reativa ( na grande maioria dos sistemas bancos de capacitores).

A demanda de energia reativa, nos geradores assíncronos, apresenta uma característica


variável com a potência ativa gerada. Os bancos de capacitores são equipamentos que
permitem uma compensação invariável, deste modo, os capacitores são projetados para
uma compensação média. Alguns sistemas de controle utilizam um sistema de
compensação de energia reativa variável.

O acompanhamento da demanda de energia reativa é uma tarefa importante durante a


geração de eletricidade, tendo em vista a multa aplicada pelas concessionárias e, aliado a

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

este fator, o nível de tensão pode variar reduzindo assim a qualidade da energia no ponto
de conexão com o concessionário.

2.7. Tipos de Conexão de Turbinas Eólicas à Rede Elétrica

O último elemento de integração de turbinas eólicas é a forma de conexão à rede.


Existem diversas formas de conexão entre as concessionárias e as centrais eólicas, a
escolha muitas vezes está condicionada a problemas de grande concentração de turbinas
ou até mesmo ao nível de potência.

O principal elemento na conexão de turbinas eólicas é a definição do ponto de conexão


com a rede denominado de PCC – (Point of Common Coupling).

O PCC é o local onde efetua a ligação entre a central eólica e a concessionária elétrica,
nele são colocados os instrumentos de medição da energia gerada. Também é neste
ponto onde são realizadas as análises de interações entre as turbinas e a rede elétrica.

As principais grandezas envolvidas no PCC são o nível de tensão e a potência de curto


circuito da rede.

Além do PCC ainda é importante estabelecer a forma de conexão entre as turbinas no


interior da central eólica, dependendo dos custos envolvidos pode-se estabelecer duas
formas fundamentais de conexão entre as turbinas eólicas:

2.7.1. Conexão Usando Um Transformador por Turbina Eólica

Esta é a forma mais usual de conexão entre turbinas, ela é caracterizada pelo uso de um
transformador por turbina e a conexão entre as turbinas efetuada em média (alta) tensão
(>10kV). Em geral, este tipo de conexão é aplicado a turbinas de potência nominal
superior a 600kW.

Apresenta as características de independência – caso o transformador queime, só uma


turbina estará desligada – e custo – para este nível de potência é muitas vezes vantajosa
a aplicação desta configuração.

Neste caso, o transformador fica localizado próximo à torre ou é parte integrante da


nacele (Figura 2.9).

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Grupos seguintes

Turbina n: 380 V 13.8 kV


380 V
750 kW
Substação
PCC SEE interligação

Transformador PI
elevador
800 kVA

Grupos seguintes

Figura 2.9 Conexão através de um transformador por turbina.

2.7.2. Conexão Usando Um Transformador Para Cada Grupo de Turbinas

Quando as turbinas eólica são de médio porte (100 kW – 300kW), em geral os custos
levam ao uso de um transformador para cada conjunto de turbinas (Figura 2.10) para
efetuar a conexão entre elas.

Isto apresenta características de diminuir a potência do transformador. Quando


funcionando em conjunto, as turbinas apresentam um fenômeno de cancelamento
estatístico de picos de potência.

A potência do transformador, para este caso, não será exclusivamente a potência de cada
turbina somada, e sim este valor multiplicado pelo fator de cancelamento (Eq.2. 5.).

1
f canc = NTur (2. 5)
N Tur

2. 5

onde fcanc é o fator de cancelamento, NTur é o número de turbinas agrupadas.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Turbina 1:
400 V
150 kW

Turbina 2: 400 V 13.8 kV


400 V
150 kW
Substação
PCC SEE interligação

Transformador PI
elevador
800 kVA

Turbina n:
400 V
150 kW

Figura 2.10 Conexão através de um transformador por conjunto de turbinas.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

3. Metodologia de análise da Conexão de Turbinas Eólicas À rede elétrica

As turbinas eólicas são uma fonte de geração que depende exclusivamente da matéria
prima “vento”. Devido à grande variação na velocidade do vento, a potência elétrica
gerada pode, em situações especiais, introduzir distúrbios na rede elétrica.

Atualmente não existem normas específicas para a medição dos parâmetros de qualidade
de energia relativos a turbinas eólicas. Entretanto, existem recomendações na
determinação de parâmetros que garantirão a qualidade da energia fornecida por centrais
eólicas.

Para as análises experimentais da operação de turbinas eólicas com relação à qualidade


de energia elétrica é apresentada na Figura 3.11 a metodologia apropriada.

Metodologia aplicada a medidas de qualidade de energia


Participa em todas análises

Descrições das Turbinas e do Local

Estatísticas de Operação das Turbinas Eólicas

Regime Permanente (estático)

Variação de Potência Variação de tensão

Interferência Harmônica

Regime Transiente (dinâmico)

Variação de Tensão

Interferência Harmônica de Alta Freqüência

Interferência Harmônica de Baixa Freqüência

Condições Especiais de Operação

Figura 3.11 Metodologia de análise da qualidade de energia elétrica em turbinas eólicas.

Todos os aspectos importantes da metodologia, indicada acima, são apresentados nos


tópicos a seguir.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

3.1. Análise da Instalação de Turbinas Eólicas e dos Componentes

O detalhamento da instalação, bem como dos componentes, é fundamental para análise


de funcionamento das turbinas eólicas (Figura 3.12).

13,8 kV

Transmissão elétrica
em média tensão

Turbina eólica

Conexão elétrica
em baixa tensão à
380 V rede

Figura 3.12 Diagrama da conexão de turbinas eólicas à rede elétrica.

Estas descrições são importantes no sentido de caracterizar a máquina, o local com a sua
orografia, o regime de ventos e a forma de conexão à rede elétrica (Figura 3.13).

3.1.1. Análise da Instalação da Turbina Eólica

O detalhamento da Instalação leva em consideração os aspectos do local onde está a


turbina eólica – destacando os seguintes pontos: orografia do terreno, locação da turbina
e da torre anemométrica, características do comportamento do vento local e a rede
elétrica de conexão.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

A representação orográfica apresenta os detalhes do terreno e da região próxima à


turbina eólica. Neste parâmetro são observados em especial os obstáculos presentes no
local da instalação diretamente relacionadas com as direções dos ventos e topografia do
terreno, determinando as esteiras de interferências.

As Figura 3.14 e Figura 3.15 apresentam um exemplo típico de um terreno onde está
instalada uma central eólica. Cada linha representa uma isolinha de nível. A1 representa
a locação da torre anemométrica, os números representam as turbinas instaladas no
local, e H1, a casa de controle e conexão com a rede elétrica.

Caracterização do Local e da Turbina

Determinação das características do local

Orografia do terreno

Localização dos obstáculos

Localização da torre anemométrica


Determinação das características do vento

Descrição do vento no local

Descrição da direção do vento

Descrição da intensidade de turbulência

Descrição do comportamento da velocidade com relação à altura


Caracterização da turbina eólica

Descrição do rotor

Descrição do sistema de transmissão mecânica

Descrição do gerador

Descrição do sistema de controle

Descrição da conexão com a rede elétrica

Figura 3.13 Descrições para as análises do local e de turbina eólica.

A caracterização dos ventos no local deve incluir os parâmetros de velocidade e direção,


intensidade de turbulência e gradiente de variação da velocidade em relação à altura.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Figura 3.14 Orografia de um terreno com a locação de uma central eólica.

Figura 3.15 Vista tridimensional da orografia apresentada na Figura 3.14.

A Figura 3.16 apresenta um diagrama esquemático indicando a localização da turbina


eólica e dos sensores de anemometria bem como as esteiras de turbulências causadas. A
região indicada, refere-se a um fato importante da influência muito grande do rotor em um
raio de duas vezes o seu diâmetro, obrigando a localização da torre anemométrica fora
deste círculo.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Direção do vento Torre anemométrica

Raio de perturbação do
vento devido ao rotor da
turbina

Esteira de turbulência da torre


anemométrica
Turbina eólica

Esteira de turbulência da turbina

Figura 3.16 Localização da turbina e sensor de anemometria com relação às esteiras.

Os parâmetros importantes a serem considerados na análise do comportamento da


interação da turbina eólica com a rede elétrica são apresentados a seguir:

• Freqüência elétrica;

• Nível de tensão de geração de eletricidade;

• Corrente nominal da turbina;

• Nível de tensão da conexão com a rede elétrica;

• Corrente de curto-circuito na conexão elétrica;

• Potência de curto-circuito na conexão elétrica;

• Relação de curto-circuito na conexão elétrica;

• Compensação de energia reativa no local;

• Impedância do transformador elevador na conexão elétrica;

• Tipo de linha de transmissão em média tensão;

• Tipo de linha de distribuição em baixa tensão;

• Nível de corrente e de tensão da proteção.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

A determinação de todos os aspectos é de extrema relevância durante a caracterização


da operação de uma turbina eólica. Os aspectos de nível de curto-circuito caracterizam a
rede elétrica, aliado a tensão e freqüência do ponto de conexão. A Figura 3.17 apresenta
um diagrama esquemático de conexão de uma turbina com a rede elétrica.

Sub-estação

69 kV 13.8 kV Média Tensão


13.8 kV

Baixa Tensão
PCC Y ∆
380 V
Transformador
By-pass elevador
~
Gerador Consumidores 220/380V
Soft-starter
Banco de
capacitores

Figura 3.17. Descrição da rede elétrica local.

3.1.2. Caracterização das Turbinas Eólicas

O desempenho das turbinas eólicas depende fundamentalmente das características dos


seus componentes, especialmente com respeito ao sistema de controle. Os principais
parâmetros descritos para acompanhamento do desempenho das turbinas são
apresentados a seguir, conforme apresentado no Capítulo 2.

• Localização e número das pás;

• Curva de potência da turbina;

• Freqüência de operação;

• Tipo de gerador usado;

• Tecnologia de acionamento do gerador (freqüência fixa ou variável);

• Níveis de tensão máximos para funcionamento da turbina;

• Níveis de corrente máximos para funcionamento da turbina;

• Máximo desequilíbrio de corrente e tensão permitido;

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

• Mínima velocidade de vento para acionamento do sistema de direcionamento;

• Tempo de integração para detecção dos erros de tensão e corrente;

• Máximo tempo após o freio acionado para a turbina parar por completo.

3.2. Metodologia de Análise de Desempenho das Turbinas Eólicas

As análises de desempenho das turbinas eólicas consistem em monitorar o seu


funcionamento por um período longo (meses, anos, etc) no intuito de verificar o correto
funcionamento das turbinas comparando-se com o projeto das mesmas. Servindo de base
para comparações entre diferentes turbinas.

Os parâmetros mais importantes na análise de desempenho de turbinas eólicas são


apresentadas a seguir:

3.1.1 Potência Média

O fator “potência média” é definido como a média da potência gerada pela turbina durante
o período de observação. Este fator é calculado através da Eq. 3.1

E
P= (3.1)
∆T

3.1
Onde

P – potência média;

E – energia gerada no período;

∆T – período de tempo.

Este parâmetro é importante na análise de desempenho da turbina.

3.1.2 Disponibilidade da Turbina

A disponibilidade da turbina é um fator definido como sendo a porcentagem de tempo em


que a turbina esteve disponível para gerar eletricidade e o tempo total. Este fator não
considera a possibilidade da turbina ter gerado energia ou a rede estar disponível a
receber esta energia.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

TO
D (%) = x100 (3.2.)
TT

3.2
Onde:

D – disponibilidade da turbina;

TO – tempo em que a turbina estava apta a gerar eletricidade;

TT – tempo total.

Este parâmetro é usado para comparar diferentes turbinas visando o seu desempenho.

3.1.3 Disponibilidade da Rede Elétrica

A disponibilidade da rede elétrica é definida como sendo a relação percentual do período


em que a rede elétrica esteve disponível para receber energia gerada pelo tempo total.

TE
DE (%) = x100 (3.3)
TT

3.3
Onde:

DE – disponibilidade da rede elétrica;

TE – tempo que a rede elétrica estava apta a receber eletricidade;

TT – tempo total no período estudado.

Este parâmetro é importante para demonstrar as características da rede elétrica local, e


permite observar se a turbina gerou menos energia que o esperado, devido à
indisponibilidade da rede elétrica.

3.1.4 Tempo de Geração de Eletricidade

O tempo de geração de eletricidade expressa o tempo em que a turbina gerou


eletricidade. Este fator muitas vezes é expresso em função do tempo total, em
percentagem, definido pela Eq.3.4.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

TG
GE (%) = x100 (3.4)
TT
3.4

Onde:

GE – percentagem de tempo em que a turbina gerou eletricidade em relação ao tempo


total;

TG – tempo de geração de eletricidade;

TT – tempo total do período.

Considera-se este um parâmetro importante para acompanhamento da operação das


turbinas, com relação ao seu desempenho, de uma maneira global.

3.1.5 Operação dos Tiristores

Este fator é importante na análise da qualidade de energia elétrica observando-se o efeito


dos tiristores no processo de partida das turbinas. Ele é definido como sendo a relação
entre o tempo de operação dos tiristores e o tempo total, expresso pela Eq. 3.5.

TY
QT (%) = x100 (3.5)
TT
3.5

Onde:

QT – percentagem de tempo em que os tiristores funcionaram;

TY – tempo total em que os tiristores funcionaram;

TT – tempo total do período.

O tempo de operação dos tiristores está diretamente relacionado com a quantidade de


vezes em que componentes harmônicos na forma de onda de corrente e tensão foram
inseridos na rede elétrica.

3.1.6 Falhas da Turbina

Este fator determina o momento em que a turbina estava apresentando falhas, sem no
entanto, deixar de gerar eletricidade. Existem erros que não precisam parar a turbina.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Este fator é expresso como sendo a relação do tempo em que a turbina apresentou falhas
em relação ao tempo total no período, podendo ser expressa pela Eq. 3.6.

TF
QF (%) = x100 (3.6.)
TT
3.6

Onde:

QF – percentagem de tempo de falha;

TF – tempo de falha;

TT – tempo total.

Este é um parâmetro importante na análise de operação das turbinas. Ele não apresenta
isoladamente os problemas destas, mas da interação com a rede elétrica. É muito
importante, também, na investigação de falhas.

3.1.7 Freqüência de Ocorrências

As freqüências de ocorrências dizem respeito a entrada e saída de operação da turbina e


outras operações de chaveamento. Dependem do regime do vento local e das
características da turbina eólica. São importantes no aspecto de auxiliar a análise das
medições realizadas nas turbinas. As medições da freqüência de ocorrências objetivam a
indicação da real magnitude das operações de chaveamento.

Neste aspecto devem ser determinados especificamente:

• Número total de conexões feitas com a rede elétrica devido ao aumento na


velocidade do vento acima da velocidade de entrada em operação, durante o
período de medições.

• Número total de conexões feitas com a rede elétrica devido à diminuição na


velocidade do vento abaixo da velocidade de saída em operação, durante o
período de medição.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

3.3. Metodologia de Análise em Regime Permanente

Para avaliar a qualidade da energia elétrica produzida por turbinas eólicas devem ser
analisados, em separado, os seguintes tópicos:

• Variação da potência;

• Demanda da potência reativa;

• Variações da tensão durante a geração;

• Distorções harmônicas.

Os valores medidos nesses parâmetros são dependentes do local, do tipo de turbina, do


regime de vento e das características da rede elétrica.

Para as análises, a rede elétrica pode ser dividida em duas condições:

• Condições normais de operação – são definidas como o funcionamento


contínuo da turbina eólica conectada à rede elétrica normal;

• Condições especiais de operação –são definidas principalmente como as


operações de chaveamento, ocorrendo apenas em curtos intervalos de tempo,
relacionados com a conexão à rede elétrica por efeito de contingência.

Os equipamentos usados para medir estes parâmetros devem possuir as seguintes


características:

• Sistema de aquisição de dados com característica linear em toda a faixa de


freqüência / amplitude dos parâmetros medidos;

• Intervalo mínimo para a coleta de dados 0,5Hz;

• Calibração dos instrumentos de medição permitindo a verificação das mesmas


durante todo o período de testes;

• Coleta de dados garantindo que nenhuma característica particular da turbina


eólica seja favorecida ou desprezada;

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

• Calibração realizada por laboratórios usando métodos padrões;

• Dados errôneos descartados.

3.3.1. Variação da Potência.

A variação da potência representa o desvio padrão da potência elétrica produzida e


medida no PCC. Este é um parâmetro importante nos cálculos de projeto de instalação
das centrais eólicas e na especificação das proteções elétricas.

Além do aspecto de proteção, a energia gerada pelas turbinas muitas vezes pode
provocar flutuações rápidas, chamadas de cintilação (flicker). Uma grande variabilidade
da potência pode causar incômodo a consumidores locais.

Os procedimentos para análise da variação da potência consideram o método de


agrupamento das potências medidas em conjuntos com as velocidades de vento (método
dos bins).

A freqüência para a medição da potência gerada deverá ser de 1Hz. Recomendações


internacionais apontam para o uso de médias em 10 minutos, e a variância das 600
amostras acumulada em conjuntos (bins), cada conjunto é especificado pela velocidade
do vento.

3.3.2. Demanda de Potência Reativa

Um dos principais problemas nas redes elétricas é o fluxo de energia reativa. A energia
reativa é proveniente do uso de equipamentos que causam uma diferença angular na
forma de onda da corrente em relação à de tensão.

De uma maneira geral as turbinas eólicas usam geradores assíncronos e a principal


necessidade de determinar este parâmetro reside em se observar a variação de potência
reativa demandada durante a operação das máquinas.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

3.3.3. Variação da Tensão Durante a Geração

A demanda de potência reativa representa para a rede elétrica um fluxo de corrente que
não produz trabalho, só perdas. Existindo perdas ao longo das linhas de transmissão e
distribuição ocorrerá a variação de tensão.

A variação de tensão durante a geração de eletricidade tem um papel determinante para o


dimensionamento dos sistemas de proteção e de controle de potência reativa. É também
possível prever as variações de tensão dos consumidores locais em função da potência
gerada pela turbina eólica.

O comportamento da tensão no ponto comum de acoplamento – PCC (Point of Commom


Coupling) em relação ao consumo de potência reativa e produção de potência ativa é
descrita na Eq. 3.7.

(V²)² + {2(QXs-PRs)-E1²}(V²) + (QXs-PRs)² + (PXs+QRs)² = 0 (3.7)


3.7

Onde:

V – tensão no ponto de acoplamento;

P – potência líquida total gerada pela turbina eólica;

Q – demanda total de potência reativa da turbina eólica;

Xs – reatância equivalente no ponto de acoplamento;

Rs – resistência equivalente no ponto de acoplamento;

E1 – tensão nominal de trabalho da rede elétrica.

A partir da Eq. 3.7 a variação percentual da tensão é calculada usando a Eq.3.8:

V 
∆V =  − 1 ⋅ 100% (3.8)
 E1 
3.8

Onde:

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∆V – variação de tensão no ponto de acoplamento;

V – tensão no ponto de acoplamento;

E1 – tensão nominal de trabalho da rede elétrica.

Na Figura 3.18 é apresentado um diagrama esquemático com os passos para a análise


da variação de tensão no PCC – (Point of Commom Coupling).

Variação do vento

Variação de potência ativa Demanda de potência reativa

(V²)² + {2(QXs-PRs)-E²}(V²) + {(QXs-PRs)² + (PXs+QRs)²} = 0

Variação de tensão durante a geração

Figura 3.18. Diagrama esquemático para análise da variação de tensão.

3.3.4. Distorções Harmônicas

As distorções harmônicas representam um distúrbio na rede elétrica. Este fator vem


sendo analisado recentemente devido à crescente presença de equipamentos
sofisticados, que necessitam de uma rede elétrica sem ruídos na forma de onda.

Nos equipamentos que compõem as turbinas eólicas de freqüência e velocidade


constantes, são poucos os que podem ocasionar esta distorção. Entretanto, de forma
geral, relacionando-se os equipamentos que compõem as turbinas eólicas, os que
provocam maiores quantidades de distorções harmônicas são:

• Sistemas de conversão/inversão – quando usados, eles provocam uma distorção


devido ao uso de equipamentos não lineares (diodos e tiristores), este tipo de
equipamento é usado em turbinas de freqüência variável;

• Bancos de capacitores – não são responsáveis diretos pela criação de distorções


harmônicas, mas por possuírem uma impedância relacionada com o inverso da

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

freqüência, propiciam uma condição de baixa impedância, permitindo o fluxo de


componentes harmônicas a partir da rede elétrica;

• Partida suave – equipamento responsável pela conexão de turbinas. Pode ocasionar


em pequenos períodos, distorções harmônicas. Este equipamento é muito usado em
turbinas eólicas de freqüência e velocidade constantes.

Harmônicas fluem na linha de transmissão originados por diversas fontes e comprometem


o conforto dos consumidores, a segurança de alguns equipamentos e principalmente, a
operação de máquinas em processos industriais.

As componentes harmônicas são causadoras de perdas, aquecimento em máquinas


elétricas, maior solicitação dos isolamentos dos equipamentos e redução da vida útil dos
mesmos.

Além de prejuízos à indústria, os harmônicos podem causar mau funcionamento e falhas


de alguns equipamentos nas turbinas eólicas, conforme apresenta a Tabela 3.3.

A análise das perturbações devido a distorções harmônicas é realizada através da


transformada rápida de Fourier - FFT (Fast Fourier Transform). A amplitude e a freqüência
de cada componente harmônica são analisadas e comparadas com as normas existentes.

Para as medições das distorções harmônicas são utilizados instrumentos registradores de


harmônicos, que armazenam a forma da onda da corrente e da tensão em regime normal
e transitórios de funcionamento.

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Tabela 3.3 Resumo de problemas causados pelas turbinas eólicas.

Equipamento Problema causado por harmônicos


Imprecisão nas operações de monitoramento e proteção do sistema;
Sistema de controle
Distúrbios no sistema de comunicação de dados

Freqüentes queimas de fusíveis

Banco de capacitores Danificação das células capacitivas

Aquecimento elevado

Perdas e aquecimento elevado

Gerador elétrico Torques oscilatórios

Ruídos

Ressonância entre a indutância do transformador e as capacitâncias


do sistema

Transformador elevador
Vibrações no núcleo (fadiga dos isolamentos)

Correntes de seqüência zero no enrolamento delta (triângulo)

A análise deve contemplar três momentos de operação das turbinas:

• Turbina eólica desligada da rede elétrica.

Objetivo principal é analisar as distorções harmônicas da forma da onda de tensão da


rede elétrica no ponto comum de acoplamento, registrando a amplitude e o ângulo da fase
relativa para cada componente harmônica.

Esta medida será a referência do comportamento da rede independente da operação da


turbina eólica, identificando as componentes existentes.

• Turbina eólica conectada e operando em potência mínima (ou próximo).

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Nesta fase as análises são orientadas para o período de poucos ventos e pouca potência
gerada. Neste momento uma pequena potência estabelece um fluxo de corrente pequeno
e as distorções provocadas pelas componentes harmônicas alteram muito a forma de
onda da corrente e tensão.

Assim, são observadas as distorções harmônicas da forma da onda de tensão e corrente


no ponto comum de acoplamento, registrando a amplitude, o ângulo de fase relativo para
cada harmônico e a potência ativa produzida pela turbina eólica.

Considerando especificamente a turbina de freqüência fixa, este teste serve para observar
o comportamento do banco de capacitores fornecendo potência reativa para a rede
elétrica e a condição que ele cria para a circulação de correntes harmônicas. Os bancos
de capacitores tem uma reatância (equivalente a resistência) que depende da freqüência,
tendo a relação indicada na Eq. 3.9.

1
Xc = (3.9)
jwC

3.9

Onde:

Xc – reatância capacitiva;

j – operador de números complexos;

w – freqüência angular;

C – capacitância.

Desta maneira, as componentes harmônicas estão sempre relacionadas com freqüências


superiores e assim o banco de capacitores se torna um ponto de baixa impedância.
Assemelha-se a um curto-circuito para correntes de altas freqüências e pode compor uma
situação ideal para o fluxo de componentes harmônicos da rede elétrica para a turbina.

Em máquinas de freqüência variável que usam conversores, estas medidas servem para
avaliar o comportamento dos conversores. É comum os inversores produzirem elevadas
distorções quando operando em baixas potências comparadas com a nominal, e nestas
medidas são observadas as distorções geradas pelos conversores nestes momentos.

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• Turbina eólica conectada e operando em potência nominal (ou próximo).

Nesta condição as correntes envolvidas são elevadas e as componentes harmônicas que


fluem na rede, ocasionam uma pequena distorção na forma de onda de corrente e tensão.
O importante destas análises está relacionada com o fluxo de componentes harmônicas e
a existência de ressonância no circuito elétrico turbina-rede. Em turbinas que usam
conversores de freqüência, este parâmetro é importante para apresentar a quantidade de
harmônicos gerados pelos conversores em potência nominal.

3.4. Análise em Regime Dinâmico

Análises em regime dinâmico são desenvolvidas para observar as variações de tensão


em intervalos de tempo muito pequenos. Os principais aspectos analisados em regime
dinâmico, no tocante à conexão elétrica, são as distorções da forma de onda de tensão e
de corrente, quando da operação dos componentes ativos da turbina.

3.4.1. Variação de Tensão na Partida

Em turbinas eólicas as partidas e mudanças de operação podem ocasionar interferências


na qualidade da tensão local. Estas operações estão relacionadas com a magnetização
dos geradores. A entrada em operação dos geradores assíncronos, nas turbinas eólicas,
demanda uma alta corrente de magnetização (corrente de IN-RUSH). A circulação de
correntes elevadas provoca uma queda momentânea da tensão nos terminais da máquina
e, consequentemente, no ponto de acoplamento com a rede elétrica.

Os principais fatores relacionados com a qualidade de energia nessas condições são,


portanto, a magnitude dos distúrbios (variações de tensão e corrente) e a freqüência de
ocorrência desses distúrbios.

O afundamento da tensão causada devido à partida da máquina assíncrona, em termos


percentuais, no ponto de acoplamento é dado pela Eq. 3.10.

Vd =
(R s
2
+Xs
2
) ⋅ 100% (3.10)
(Rs + Rw + R L ) 2
+ (X s + X w + X L )
2

3.10

Onde,

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Vd – tensão mínima da diminuição;

RL – resistência série entre o gerador e o ponto de acoplamento;

XL – reatância série envolvendo a turbina eólica e o ponto de acoplamento;

Rs – resistência equivalente do circuito do gerador durante a partida;

Xs – reatância equivalente do circuito do gerador durante a partida.

Em caso de uso de equipamentos que suavizem a partida, limitando a corrente de


magnetização (soft start), deve ser acompanhada uma análise da interferência na rede
elétrica devido à geração de componentes harmônicas.

3.4.2. Sistema de Compensação de Fase

As turbinas que utilizam os dispositivos de partida suave, também usam os tiristores para
uma desconexão suave das turbinas eólicas.

O processo de desligamento das turbinas devido à diminuição do vento é feito com


acionamento dos tiristores por alguns momentos. Neste período, se o vento aumentar a
turbina não perde a energia cinética e se encontra pronta para gerar eletricidade. Este
processo é chamado de compensação de fase e caracteriza-se por pulsos enviados ao
gerador a partir da rede elétrica só para manter a velocidade do conjunto rotor-gerador.
Caso o vento não aumente, a turbina é então desligada da rede.

Todo este processo tem a duração máxima de 5 minutos. Entretanto, o uso dos tiristores
enviando pulsos para o gerador pode ocasionar picos de corrente e componentes
harmônicas de elevada intensidade, sendo analisadas as formas de onda de tensão e
corrente durante a operação das máquinas.

3.4.3. Conexão e Desconexão do Sistema de Compensação de Energia


Reativa

As turbinas eólicas de freqüência fixa, como expresso anteriormente, precisam de um


sistema de compensação de energia reativa, muitas vezes bancos de capacitores. A
conexão dos capacitores apresenta-se como um curto circuito durante os primeiros
momentos e, durante a desconexão, pode ocasionar ruídos elétricos na rede.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Neste aspecto, durante estes momentos são analisadas as formas de onda de tensão e
corrente durante o período transiente.

Além destes fatores, outro aspecto importante analisado é que durante a operação dos
tiristores os capacitores devem estar desligados, devido às componentes harmônicas de
elevada intensidade.

Todos estes parâmetros são analisados com relação às formas da onda da tensão e da
corrente durante a operação de partida das máquinas, compensação de fase, conexão e
desconexão dos capacitores .

3.4.4. Qualidade de Energia em Condições Especiais da Turbina

Em algumas condições especiais de operação as turbinas podem ocasionar uma


interferência na rede elétrica. Duas considerações especiais básicas podem ser definidas:
desalinhamento do rotor em relação ao vento incidente e vibração excessiva da estrutura
da turbina.

Estas condições são o resultado da interação turbina eólica – rede elétrica, onde a
vibração ocasionada pela excitação da estrutura, seja pelo vento ou outra causa, transfere
a oscilação do torque para a rede elétrica (Figura 3.19).

P1 Multiplicador
Gerador

Rotor

P2
Rede Elétrica

Vento

Figura 3.19. Diagrama indicando a forte conexão entre os efeitos estruturais e elétricos.

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3.4.5. Desalinhamento do Rotor em Relação ao Vento Incidente

O desalinhamento do rotor em relação ao vento incidente (Yaw error) pode ocorrer devido
à diferença na direção do vento e, em alguns momentos, devido ao acionamento incorreto
do sistema de giro. Durante este período, pode ser presenciado o efeito de uma força
oscilatória nas pás, provocando uma variação cíclica da potência gerada. A variação da
potência gerada, por sua vez varia a tensão no ponto de acoplamento.

Deste modo, são analisados durante a ocorrência do rotor desalinhado em relação à


velocidade do vento incidente, os registros das formas de onda de tensão e corrente e a
potência média quadrática (rms- root mean square).

3.4.6. Vibração Excessiva da Turbina Eólica

O uso de componentes flexíveis na fabricação das turbinas eólicas (pás, torres e etc.)
aliado a um acoplamento rígido com a rede elétrica pode em alguns momentos transferir a
vibração da turbina para a rede elétrica.

Esta vibração se traduz através de uma variação cíclica no torque gerador, implicando em
uma variação da potência gerada. Finalmente, a variação de potência ocasiona uma
variação de tensão, neste caso cíclica.

De forma análoga, variações bruscas na tensão na rede elétrica provocam vibrações nos
componentes estruturais da turbina, principalmente no rotor.

As análises destes comportamentos são realizadas através dos registros da forma de


onda de tensão e corrente, e da potência média gerada (rms).

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4. Análise Experimental – Turbina Eólica OHM 30

Este capítulo apresenta uma aplicação da metodologia às análises de funcionamento de


uma turbina eólica. Como exemplo será analisada a turbina eólica OHM 30, instalada no
Centro Brasileiro de Energia Eólica.

4.1. Detalhamento da Turbina Eólica

4.1.1. Rotor da Turbina Eólica

A turbina eólica experimental instalada no Centro Brasileiro de Energia Eólica é uma


turbina eólica de eixo horizontal, com um rotor de três pás posicionado na frente da torre
em relação à direção de vento incidente – “up wind”(Figura 4.20).

As pás são rigidamente conectadas ao cubo, que transmite o torque aerodinâmico ao eixo
de baixa velocidade da turbina.

As características básicas da turbina eólica OHM 30 são apresentadas na Tabela 4.4.

O rotor da turbina OHM 30 foi desenvolvido para um melhor desempenho em ventos


moderados encontrados no NE do Brasil. Neste aspecto, o coeficiente de potência
máximo desta turbina deverá ocorrer a uma velocidade de projeto próximo à 7m/s.

As pás de turbinas eólicas são compostas de duas séries de perfis aerodinâmicos: a


série FFA-W3-XXX (desenvolvida pelo instituto de aeronáutica da Suécia) e a série LM2-
XX (desenvolvida pela fábrica de pás LM). Eles reúnem as características de bom
desempenho aerodinâmico em velocidades de vento moderada e permitem uma pequena
variação dos coeficientes aerodinâmicos mesmo na ocorrência de acúmulo de sujeira na
borda de ataque do perfil.

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Figura 4.20 Vista da turbina OHM 30 instalada no Centro Brasileiro de Energia Eólica.
(1996)

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Tabela 4.4 Resumo das características da turbina OHM 30.


Controle de potência stall (passo fixo)
Diâmetro do rotor 12,8m
Número de pás 3 (sentido horário de rotação)
Perfis usados nas pás LM2 e FFA-W3
Material das pás fibra de vidro/poliester
Ângulo de cone 0o
Ângulo de tilt 6o
Velocidade de rotação 72 rpm
Corda média 359mm
Massa de cada pá 60 kg
Momento de inércia 6.335 kgm²
Relação de transmissão 16.7
Freio mecânico Disco, hidráulico
ponta da pá atuada
Freio aerodinâmico
centrifugamente
Velocidade de partida 3,5m/s
Velocidade de corte 25m/s
Altura do eixo do rotor 20m
Peso total da nacele 1.700kg

Medidas realizadas para a determinação da curva de potência foram realizadas. Uma


grande quantidade de pontos foram coletados entre 3,5m/s e 16m/s (Figura 4.21). Os
resultados experimentais mostram uma excelente concordância entre a curva de potência
calculada teoricamente e os dados reais da turbina em operação.

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POTÊNCIA (kW)
35

30

25

20

15

10 EXPERIMENTAL
TEÓRICO

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
VELOCIDADE DE VENTO (m/s)

Figura 4.21 Dados experimentais da curva de potência da turbina OHM-30 (diâmetro:


12,8m; rotação: 71rpm; pitch: -1o). Curva de potência teórica utilizada para comparação.

4.1.2. Sistema de Transmissão

O sistema de transmissão envolve o eixo de baixa rotação, o multiplicador de velocidade


e o eixo de alta rotação.

O eixo de baixa velocidade, com o freio a disco está conectado diretamente ao rotor da
turbina eólica. O multiplicador transfere a energia extraída do vento em uma rotação de 72
rpm, para o gerador em 1200 rpm. O eixo de alta velocidade é responsável pela
transferência de potência entre ambos.

Os parâmetros mais significativos do sistema de transmissão são apresentados na Tabela


4.5.

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Tabela 4.5 Características do sistema de transmissão da turbina OHM 30.

Posição de funcionamento Em linha

Torque máximo 7500 Nm

Rotação máxima (Gerador) 4000 r.p.m.

Rotação máxima (Rotor) 140 r.p.m.

Freqüência de rotação (rotor) 72 r.p.m.

Freqüência de rotação (gerador) 1200 r.p.m.

Potência máxima transferida 55kW

4.1.3. Gerador

O gerador usado é uma máquina assíncrona, fabricação nacional (Figura 4.22). Suas
características foram testadas, e estão expressas na Tabela 4.6.

Figura 4.22 Vista do gerador da turbina OHM 30

A partir das características apresentadas na Tabela 4.6 e do ensaio em vazio da máquina,


foram determinadas: a curva de saturação do gerador e a curva de torque em função da
velocidade do rotor.

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Tabela 4.6 Características do gerador usado na turbina OHM 30

Tensão 380V

Conexão Triângulo (Delta)

Freqüência nominal 60 Hz

Velocidade de rotação 1200 r.p.m.

Número de pares de pólos 6

Fator de potência nominal 0,88

Corrente nominal 46 A

Carcaça modelo 200L – 1292

Resistência equivalente de estator 0,2558 Ohms

Resistência equivalente de rotor 0,2386 Ohms

Indutância equivalente de 0,110545 H


magnetização

Indutância equivalente de estator 0,002465 H

Indutância equivalente de rotor 0,005752 H

Inércia 0,3554 kgm²

Escorregamento nominal 5,0 %

Eficiência nominal 90,2 %

Fabricante WEG

A curva característica de torque x escorregamento considerando os parâmetros da Tabela


4.6, é apresentada na Figura 4.23.

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480
s = -0.05
ω = 1260 rpm
280
T = -244.39 Nxm
P = -32.25 KW
Torque (Nxm)

80

-120

-320

-520

-720
1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 -0,25 -0,50 -0,75 -1,00 -1,25 -1,50

Escorregamento

Figura 4.23 Funcionamento do torque gerador da turbina OHM 30 em relação ao


escorregamento.

4.1.4. Conexão com a Rede Elétrica e Sistema de Controle

A conexão elétrica é em baixa tensão (380V). Um transformador elevador, converte a


baixa tensão para a média tensão (13,8kV) e assim a turbina se torna integrada ao
sistema elétrico local. O diagrama da Figura 4.24. apresenta, de modo esquemático, a
forma de conexão da turbina eólica.

Os parâmetros da rede elétrica devem ser acompanhados das características e


parâmetros do sistema de controle da turbina eólica.

As características do sistema de controle da turbina OHM 30 são apresentadas na Tabela


4.7, e os parâmetros referentes ao programa são apresentados na Tabela 4.8.

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Tabela 4.7 Dados relativos ao programa da turbina OHM 30.

Proteção de pára-raios Tiristores à terra

Nível de tensão máxima permitido pelos pára-raios 500V

Corrente máxima – proteção 80 A

Partida suave Tiristores


controlados

Sistema de compensação de energia reativa Capacitores


passivos

Potência do banco de capacitores de compensação 13 kVAr

Tensão de alimentação 380/220V

Tabela 4.8 Parâmetros do sistema de controle (turbina OHM 30)


Máxima tensão admissível para operação da turbina 242 V
Máxima tensão admissível para operação dos capacitores 240 V
Variação máxima de tensão em um período de tempo estabelecido 11 %
Desequilíbrio de tensão máximo entre fases 12%
Desequilíbrio de corrente máximo 10 %
Mínima tensão admissível para operação da turbina 207 V
Mínima tensão admissível para operação dos capacitores 205 V
Variação de freqüência máxima admitida 2 Hz
Freqüência máxima de operação do rotor 74 rpm
Freqüência máxima de operação gerador 1400 rpm
Temperatura máxima de operação de gerador 120 °C
Temperatura máxima de operação multiplicador 90 °C
Temperatura máxima de operação dos tiristores 45 °C
Período de amostragem (medidas em tensão) 10 minutos
Período de amostragem (medidas em corrente) 10 minutos
Velocidade de vento mínima de acionamento do sistema de giro 2,5 m/s

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Na Tabela 4.9 são apresentados os parâmetros da rede elétrica. Os parâmetros


demonstram uma rede elétrica forte, com uma relação de curto-circuito em torno de 1000.
A relação de curto-circuito é um parâmetro aplicado à redes elétricas que determina o
grau de robustez da rede elétrica (rede fraca é aquela com rcc < 50).

Tabela 4.9 Descrição dos parâmetros da rede elétrica da turbina OHM 30

Tensão 380 V
Freqüência 60 Hz
Modo de Instalação Eletroduto no solo e
aérea
Proteção na parte aérea até o Fusíveis
transformador
Seção dos cabos projetados em baixa 25 mm²
tensão
Tensão no ponto de acoplamento 13,8 kV
Potência de curto circuito na 35 MW
Concessionária
Proteção em Média tensão no Fusíveis e pára-raios
Transformador
Tipo de linha de Distribuição Radial aérea trifásica
Tipos predominantes de consumidores Residencial e comercial
locais
Potência do Transformador elevador 75 kVA
Impedância do Transformador 10 %
Base de geração do sistema Hidroelétrica
Impedância de curto circuito 0,7246+j 1,4868 pu
Base de cálculo para impedância 100MVA, 13.8kV

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Figura 4.24 Diagrama da instalação elétrica da turbina OHM 30.

4.2. Análise de Funcionamento: Turbina OHM 30

Os principais aspectos analisados durante a operação da turbina são os dados


estatísticos registrados no sistema de controle.

Os registros acumulados no sistema de controle, e transferidos para o sistema de controle


remoto, são processados mensalmente. Os dados referentes a disponibilidade da rede,

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

energia gerada, defeito na rede, e registros das operações de conexão com a rede
elétrica são fundamentais na análise do comportamento das turbinas.

No período de dezembro de 1997 a setembro de 1998 foi realizada uma análise


minuciosa das falhas ocorridas que provocaram a paralisação da turbina e,
consequentemente, a não geração de eletricidade.

As falhas de sobre e sub-tensão, falta de energia, corrente assimétrica e rede instável são
causadas pela rede elétrica. A sobretensão e a sub-tensão da rede elétrica foram
provocadas por problemas da linha de transmissão e da regulação do transformador
errada. Durante estes erros a turbina ficava desligada da rede elétrica.

As falhas que ocorreram na turbina eólica, três ocasiões, foram: sobre velocidade do
gerador, sensor de torção dos cabos, e três giros completos para um direção.

O erro de sobrevelocidade do gerador foi ocasionado pela falta de energia da rede em um


momento em que a turbina estava gerando uma potência elevada. Quando isto ocorreu o
freio a disco foi acionado, mas a falta de um torque frenante proporcionado pela rede
elétrica, impossibilitou o freio a disco parar a turbina imediatamente, permitindo por um
momento um aumento da velocidade do rotor e consequentemente do gerador, resultando
no erro de sobrevelocidade do gerador.

Os dados referentes às falhas de operação ao longo do ano, auxiliam na análise de


desempenho da turbina. A

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Tabela 4.10 apresenta um resumo das estatísticas medidas na turbina OHM 30, no
período de dezembro de 1997 a setembro de 1998. Nesta tabela verifica-se que a
potência média gerada (sem quaisquer falhas) é de 10,71 kW e a potência média gerada
(com as falhas elétricas e mecânicas) é de 7,96 kW. Com estes valores, verifica-se que
uma redução da ordem de 25,7% na eletricidade gerada é devida à ocorrência de falhas
elétricas e mecânicas, evidenciando a grande importância da minimização destes
problemas.

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Tabela 4.10 Resumo estatístico para a turbina OHM 30 período de dezembro de 1997 a
setembro de 1998 (parâmetros da tabela descritos no Capítulo 3).

Energia gerada 52.640 kWh


Potência média gerada (sem quaisquer falhas) 10,71 kW
Potência média gerada (com falhas mecânicas e elétricas) 7,96 kW
Disponibilidade da turbina 75,70%
Disponibilidade da rede elétrica 74,33%
Parcela do tempo de geração de energia 63,52%
Quantidade de tempo de falhas da turbina 1,57%

4.3. Análise em Regime Permanente (média de 5 minutos dos parâmetros)

As análises de regime permanente são divididas em três grupos: análise do fluxo de


potência, análise da variação da tensão e análise das formas de onda de tensão e
corrente.

Para os registros desta etapa, foi usado um equipamento que registra três sinais de
tensão e três sinais de corrente, com freqüência de amostragem de cinco segundos.

Um diagrama esquemático da instalação, apresentando a localização do instrumento de


medição, é apresentado na Figura 4.25.

Medição de tensão e corrente


Turbina OHM 30

~ CELPE

Figura 4.25. Localização dos pontos de registro nas medidas de regime permanente.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

4.3.1. Análise do Fluxo de Potência.

Durante o registro dos parâmetros, é importante indicar a convenção dos fluxos de

energia ativa e reativa na turbina (considerado positivo o sentido indicado)

apresentados na Figura 4.26.

~
Capacitores
13 kVAr Fluxo de energia reativa
Fluxo de energia ativa

Figura 4.26 Fluxo de potências e convenção de sinais.

O fluxo de potência ativa durante o funcionamento da turbina eólica OHM 30, é


apresentado na Figura 4.27. Este registro apresenta a variabilidade de potência gerada
pela turbina OHM 30.

16000

14000

12000

10000
Potência (W)

8000

6000

4000

2000

0
19:11
19:41
20:11
20:41
21:11
21:41
22:11
22:41
23:11
23:41
0:11
0:41
1:11
1:41
2:11
2:41
3:11
3:41
4:11
4:41
5:11
5:41

Horário

Figura 4.27. Medidas instantâneas da potência gerada.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Os geradores assíncronos são caracterizados pelo aumento do consumo de energia


reativa em função do aumento da potência ativa gerada. É usado um banco de
capacitores para suprir este fluxo de energia reativa, evitando o fluxo desta energia a
partir da rede elétrica.

4.3.2. Análise da Variação de Tensão

O nível de tensão está relacionado com o fluxo de potência ativa e reativa, como
apresentada na Figura 4.28. Nesta figura é ressaltado um aumento do nível de tensão em
função do aumento da potência gerada.

O comportamento da tensão da rede elétrica em função da tempo, apresentado na Figura


4.29 ressalta uma variação diurna devida aos momentos de pico e de baixa carga no
sistema elétrico.

A variação de tensão ao longo do dia, é explicada pela variação da carga instalada na


linha elétrica que alimenta o CBEE, demonstrando uma sobretensão durante a
madrugada e uma diminuição no nível de tensão nos horários de 9:00 e 14:00h, que estão
relacionados com os momentos de início de expediente e 18:00h está relacionado
diretamente com a carga dos consumidores residenciais.

405

400

395
Tensão (V)

390

385

380

375

370
228

2285

3265

3737

4320

4656

4968

5292

5658

5994

6378

6708

7026

7236

7500

7905

8322

8820

9384

10060

11030

12730

Potência Ativa (Watts)

Figura 4.28. Medidas instantâneas na tensão em função da potência

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

410.00

405.00

400.00

395.00

390.00
Tensão [Volts]

385.00

380.00

375.00

370.00

365.00

360.00

355.00
18:00

19:00

20:00

21:00

22:00

23:00

10:00

11:00

12:00

13:00

14:00

15:00

16:00

17:00

18:00
0:00

1:00

2:00

3:00

4:00

5:00

6:00

7:00

8:00

9:00
Tempo

Figura 4.29. Medidas instantâneas na tensão em função do tempo

Um resumo das medidas realizadas na turbina eólica é apresentada na Tabela 4.11.

Tabela 4.11 Resumo das medidas na turbina OHM 30 (2 a 3 de outubro de 1996)

Potência ativa máxima 10,74 kW


Potência ativa mínima 42 W
Potência ativa média 2,93 kW
Potência reativa máxima 3,89 kVAr
Potência reativa mínima -1,48 kVAr
Potência reativa média 2,17 kVAr
Tensão máxima registrada 403,2 V
Tensão mínima 373,4 V
Tensão média 387,1 V
Tensão padrão 380,0 V
Variação máxima da tensão em relação ao 6%
padrão
Variação da tensão média em relação ao 2%
padrão

4.3.3. Análise da Forma de Onda de Tensão e de Corrente

Os últimos aspectos analisados em regime permanente são as medidas das formas de


onda de tensão e de corrente em médias de 5 minutos. Este aspecto está relacionado
com interferências harmônicas inseridas por turbinas eólicas em regime permanente.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Esta análise é dividida em três fases bem definidas, conforme apresenta o diagrama na
Figura 4.30.

Análise das Formas de Onda da Tensão e Corrente em Regime Permanente

Registros com a Turbina Desligada


Comparações
Registros com a turbina funcionando normalmente

Registros de operação dos tiristores

Figura 4.30. Diagrama das análises da forma de onda de tensão e corrente.

4.3.4. Análise com a Turbina Desligada

A determinação da fonte geradora de harmônicas na rede elétrica não é uma tarefa trivial.
No entanto, é possível determinar a quantidade de harmônicos presentes na rede com a
turbina desligada.

Registros da forma de onda de tensão com a turbina desligada da rede elétrica são
apresentados na Figura 4.31.

Figura 4.31. Formas de onda de tensão e corrente (turbina desconectada da rede elétrica)

As componentes harmônicas presentes são melhor visualizadas na Figura 4.32, após o


uso de transformada de Fourier (FFT).

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Figura 4.32. Histograma mostrando o nível de cada harmônico

4.3.5. Análise com a Turbina Funcionando Normalmente

A determinação do nível de distorção harmônica causada pela inserção da turbina OHM


30 no ponto de conexão com a rede elétrica foi realizada com a turbina operando com
vento “moderado” (5-6 m/s). A Figura 4.33 apresenta os registros das formas de onda de
tensão e corrente com os ventos “moderados”, onde a potência gerada média é de 13 kW.

Figura 4.33. Formas de onda de tensão e corrente (turbina conectada à rede elétrica)

Calculando as componentes de Fourier (FFT) da Figura 4.33, é possível visualizar os


resultados na Figura 4.34.

É de fundamental importância a realização de uma comparação dos resultados


apresentados na Figura 4.34 (turbina em operação) e na Figura 4.32 (turbina desligada da
rede elétrica). Esta comparação indica a não existência de harmônicos significativos que

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

interfiram na rede elétrica. Esta conclusão pode ser visualizada através da Tabela 4.12,
onde os dados precisos são indicados.

Figura 4.34 Histograma mostrando o nível de cada.

4.3.6. Análise dos Registros da Operação dos Tiristores

Esta condição de operação implica na maior possibilidade de geração de componentes


harmônicas. Esta condição foi medida com a motorização da turbina com os tiristores.

As formas de onda apresentadas na Figura 4.35, são as formas de tensão e de corrente


durante a operação dos tiristores.

Na Tabela 4.12 são apresentados os valores registrados de incidência de cada harmônico


na forma de onda de tensão e de corrente.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Tabela 4.12 Resumo das análises das componentes harmônicas na formas de onda de
tensão e de corrente na turbina OHM 30 (3 de outubro de 1996)
Fase 1 Fase 2 Fase 3

Amplitude dos Amplitude dos Amplitude dos


harmônicos (%)
harmônicos (%) harmônicos (%)
da freqüência
da freqüência fundamental da freqüência
fundamental fundamental
Fundamental

Fundamental

Fundamental
#3

#5

#7

#3

#5

#7

#3

#5

#7
V 100 0.0 4.5 0.0 100 0.0 4.5 0.0 100 0.0 4.0 0.0
Turbina
desconectada
A 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

V 100 0.0 3.0 0.0 100 0.0 3.0 0.0 100 0.0 3.0 2.0
Turbina
conectada
A 100 0.0 9.0 0.0 100 0.0 8.5 0.0 100 0.0 8.0 0.0

V 100 0.0 4.5 0.0 100 0.0 4.0 2.0 100 0.0 4.5 2.0
Turbina - regime
transitório
A 100 0.0 8.0 0.0 100 0.0 6.0 0.0 100 0.0 7.0 0.0

Figura 4.35 Formas de onda de tensão e de corrente alteradas devida a operação dos
tiristores.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Para comparação, são realizadas transformadas de Fourier e apresentadas na Figura


4.36.

Figura 4.36 Componentes harmônicas da forma de onda de tensão e corrente na partida


da turbina OHM 30.

4.4. Análises em Regime Transiente (registros em micro segundos)

As últimas análises realizadas nas turbinas são de ordem dinâmica. Estas descrevem o
comportamento da turbina durante a partida, operação normal, condições específicas de
operação do sistema de controle e condições adversas.

A metodologia das medidas/análises realizadas é apresentada na Figura 4.37.

Nestas medidas foram registradas as formas de onda de tensão e de corrente, com uma
amostragem na freqüência de 50MHz, oferecendo uma boa apresentação dos níveis de
harmônicos e modificação da forma de onda por interferência de fatores externos.

O equipamento usado para os registros é próprio para análise de perturbações na


operação de sistemas elétricos.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Na Figura 4.38, são apresentados os sensores de corrente e de tensão ligados no


sistema de controle da turbina OHM 30.

Análise em Regime Transiente

Análise da Operação Normal da Turbina

Registro da Tensão com a turbina desligada

Registro de Tensão em Condição Normal

Análise das Operações do Sistema de Controle

Início e Parada de Funcionamento da Turbina

Entrada e Saída do Sistema de Compensação de Energia Reativa

Sistema de Compensação de Fase

Análise de Condições Especiais de Operação

Desalinhamento do Rotor em Relação ao Vento Incidente

Vibração Excessiva da Estrutura da Turbina

Figura 4.37 Metodologia das medidas e análises de transientes realizadas.

As localizações dos sensores em relação à rede elétrica e designação de cada parâmetro


medido são apresentadas nas seções a seguir:

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Figura 4.38 Sensores e local de medição das grandezas.

4.5. Análise da Operação Normal da Turbina

Neste etapa são apresentados os registros de operação da turbina durante dois


momentos distintos, sem a turbina eólica, e com a turbina eólica gerando.

Na operação normal da turbina são observadas as grandezas:

1. Corrente e tensão do gerador, colocando-se sensores entre o sistema de controle e o


gerador elétrico;

2. Corrente e tensão de conexão com a rede elétrica, instalando os sensores no ponto de


conexão com a rede elétrica (PCC);

Na Figura 4.39, são apresentadas as localizações dos sensores e a nomenclatura


aplicada a cada um deles.

Os aspectos relevantes analisados nesta seção são apresentados na Figura 4.40. O


primeiro aspecto é a análise da tensão no ponto de acoplamento comum – PCC (Point of
Comom Coupling) – com a turbina desligada, e o segundo é a análise da turbina
funcionando em vento “moderado”. Este resultado é similar ao apresentado na seção
4.3.3 (análise da forma de onda em regime permanente – médias de 5 minutos).

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Tensão e corrente
do gerador

~
Tensão e corrente
do no ponto de
conexão - PCC

Figura 4.39 Diagrama indicando a localização dos locais de medidas.

Análise da Operação Normal da Turbina

Análise da Tensão no PCC com a Turbina Desligada


Análise da Tensão no PCC com a Turbina Ligada

Figura 4.40 Diagrama das análises realizadas.

A presença de componentes harmônicas na rede elétrica com a turbina desligada é


apresentada na Figura 4.41. E a transformada de Fourier da tensão é visualizada na
Figura 4.42.
VPCC

Figura 4.41 Forma de onda de tensão da rede elétrica sem a turbina eólica.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

3.00%

2.50%
Tensão na fase 1 (DHT = 2,45%)
Tensão na fase 2 (DHT = 2,56%)
2.00%
Tensão na fase 3 (DHT = 2,85%)
V fundamental = 213,5 V
Vh(%)

1.50%

1.00%

0.50%

0.00%
#2

#3

#4

#5

#6

#7

#8

#9

# 10

# 11

# 12

# 13
Ordem da componenete harmônica

Figura 4.42 Transformada de Fourier para a tensão sem a turbina OHM 30.

Com a turbina funcionando em ventos moderados (5-6m/s), foram registradas as formas


de onda de tensão e de corrente no PCC (V PCC e I PCC) e a forma de onda da corrente
gerada (I Turbina) apresentadas na Figura 4.43. Uma transformação de Fourier da forma
de tensão no ponto de conexão com a turbina funcionando é apresentada na Figura 4.44.

É importante ressaltar que os valores analisados em médias de 5 minutos na seção 4.3.6


(Análise dos Registros da Operação dos Tiristores) estão em acordo com as análises em
amostragens da ordem de 50MHz, confirmando a inexistência de significativos
componentes harmônicos, que interfiram na qualidade de tensão local.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

60 V/ divisão
V PCC – tensão

V PCC
no ponto de
conexão com o
concessionária

7 A/ divisão I PCC – Corrente no


I PCC

ponto de conexão
com a
concessionária

I Turbina– corrente
7 A/ divisão
I Turbina

gerada pela turbina


OHM 30

Figura 4.43 Formas de onda durante a operação da turbina em ventos “moderados”(5-6


m/s).

3.00%

Tensão na fase 1 (DHT = 2,32%)


2.50% Tensão na fase 2 (DHT = 2,45%)
Tensão na fase 3 (DHT = 2,67%)
2.00% V fundamental = 216,3 V
Vh(%)

1.50%

1.00%

0.50%

0.00%
#2

#3

#4

#5

#6

#7

#8

#9

# 10

# 11

# 12

# 13

Ordem da componente harmonica

Figura 4.44 Transformada de Fourier para a tensão com a turbina OHM 30 funcionando.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

4.6. Análise das Operações do Sistema de Controle

Neste tópico, o principal aspecto analisado são os afundamentos de tensão devida a


funcionamento da turbina (tiristores) e operação do sistema de compensação de energia
reativa (capacitores), em condições especiais. A Figura 4.45 apresenta um roteiro das
medições realizadas.

Análise do comportamento da tensão devido a funções monitoradas pelo sistema de controle

Funcionamento da Turbina

Sistema de compesação de Fase

Entrada

Saída

Compensação de reativo

Entrada

Saída

Figura 4.45 Diagrama das medições realizadas.

Para estas medições foram colocados os sensores da forma apresentada na Figura 4.46.

Tensão e
corrente Tensão e
Turbina corrente
PCC

Figura 4.46 Localização dos sensores durante as medições de operação do sistema de


controle.

4.7. Operação da Turbina

Durante a operação foram realizadas três medições: entrada e saída de funcionamento e


sistema de compensação de fase.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

O início do funcionamento da turbina é acompanhado de um dispositivo de partida suave


(soft-start), responsável pela limitação da corrente de magnetização dos geradores.

Na Figura 4.47, são apresentados os registros da forma de onda de tensão e corrente


durante a partida da turbina eólica OHM 30.

O processo de parada da turbina é muito semelhante ao da partida. É importante ressaltar


as formas de onda de tensão gerada no lado da turbina analisando se existe ressonância
eletromagnética (Figura 4.48).
70 V/divisão
V PCC

V PCC –
Tensão no
ponto de
conexão
20 A/divisão
I PCC

I PCC –
Tensão no
ponto de
conexão

Figura 4.47 Formas de onda de tensão e corrente do início de operação da turbina OHM
30

75/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

V Turbina-
Tensão no
gerador
60 A/divisão
V Turbina

V PCC-
Tensão no
ponto de
60 V/divisão
V PCC
6 A/divisão
I PCC

I PCC-
corrente no
ponto de

I Turbina-
corrente
6 A/divisão

no gerador
I Turbina

Figura 4.48 Formas de onda de desligamento da turbina eólica OHM 30.

O desligamento da turbina pode ser analisado em três fases. A primeira é o desligamento


do banco de capacitores, a segunda é o acionamento dos tiristores para parar a turbina e,
finalmente, a completa desconexão à rede (Figura 4.49).

76/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

60 A/divisão
V Turbina

Momento 1
Desligamento
dos capacitores
60 V/divisão
V PCC

Momento 2
Entrada de
operação dos
6 A/divisão

triristores
I PCC

Momento 3
Saída de
operação dos
tiristores
6 A/divisão
I Turbina

Figura 4.49 Ampliação da frenagem da turbina OHM 30.

A ampliação apresentada na Figura 4.50 apresenta o momento exato de acionamento dos


tiristores no sentido de parar a turbina.

77/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

60 A/divisão
V Turbina

Entrada
de
operação
dos
triristores
60 V/divisão
V PCC
6 A/divisão
I PCC
6 A/divisão
I Turbina

Figura 4.50 Ampliação do momento acionamento dos tiristores.

O processo de compensação de fase ocorre durante os momentos de ventos baixos (3,5


– 4,5m/s) em que a turbina deverá ser desligada. Porém, o sistema de controle é
programado para neste momento passar a funcionar alguns momentos como motor
através dos tiristores.

A compensação de fase foi provocada através da colocação do rotor em total


desalinhamento com a direção de vento predominante (90°)(Figura 4.51). A Figura 4.52
apresenta os registros.

78/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Estes gráficos ressaltam, que apesar dos impulsos de potência para manter a inércia do
rotor, não existem significativos afundamentos ou picos de tensão no PCC. Entretanto, em
locais com redes fracas, os efeitos dos picos de potência podem provocar cintilação
(flicker).

Vento

Rotor

Figura 4.51 Posição do rotor em relação ao vento incidente.

79/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

Operações dos
tiristores para
manter a inércia
da turbina.
1 kVAr/divisão
Q – Demanda
Q

média de energia
reativa (rms)
5 kW/divisão
P

P – Demanda
média de
energia ativa
(rms)

I PCC –
20 A/divisão

Corrente no
I PCC

ponto de
conexão
60 V /divisão

V PCC –
V PCC

Tensão no
ponto de

Figura 4.52 Operação de compensação de fase .

4.8. Funcionamento do Sistema de Compensação de Energia Reativa

Com relação as análises de sistema de compensação de energia reativa, foram


analisadas a entrada e saída dos capacitores.

A entrada em operação dos capacitores foi registrada através da partida livre da turbina, e
são apresentadas as formas de onda na Figura 4.53.

80/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

60 V/divisão
V PCC
4 A/divisão
I Turbina
4 A/divisão
I PCC

Figura 4.53 Entrada de operação do banco de capacitores da turbina OHM 30.

Nota-se que durante estas operações não foram detectadas nenhuma ocorrência de
distúrbios significativos à qualidade da tensão na rede elétrica.

A Figura 4.54 apresenta os registros das formas de onda de tensão da turbina e da rede
onde é indicado o momento de desconexão do banco de capacitores.

81/85
Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

60 V/divisão
V Turbina

Desconex
ão do
banco de
capacitore
s
60 V/divisão
V PCC
11 A/divisão
I PCC
11 A/divisão
I Turbina

Figura 4.54 saída de operação dos capacitores da turbina OHM 30.

4.9. Análise de Condições de Operação Especiais.

Em algumas condições especiais de operação as turbinas podem ocasionar interferência


na rede elétrica. Duas considerações especiais básicas podem ser definidas:
desalinhamento do rotor em relação ao vento incidente e vibração excessiva da estrutura
da turbina. O principal aspecto analisado é a existência de variações cíclicas na tensão
gerada pela turbina eólica devido ao efeito das condições especiais de operação.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

4.9.1. Funcionamento do Rotor Desalinhado.

Para analisar os efeitos de rotor desalinhado, foi acionado o sistema de giro da nacele
(Figura 4.55), e foram registradas as curvas de potência ativa e reativa (Figura 4.56).

Vento incidente

Rotor desalinhado

Figura 4.55 Posicionamento do rotor em relação ao vento incidente.

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Versão Preliminar: Integracao de centrais eolicas nas redes eletricas

2 kVAr/divisão
Q PCC
2 kW/divisão
P

Figura 4.56 Desalinhamento do rotor em relação ao vento incidente.

Este erro apresenta um pico e uma variação de potência de pequena escala, que não
altera no nível de tensão da turbina OHM 30. A causa deste pico de potência pode ser
associado ao tempo de integração do sistema de controle para acionar o sistema de giro,
e no momento em que foi acionado o mesmo, a turbina foi alinhada ao vento incidente.

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