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Como Se Tor nar Um

TRADER
e Viver Da
BOLSA DE
VALORES

Por Hugo R. Teixeira


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Primeira Edição

Revisada em Agosto de 2013

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 2


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

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Retornos passados não garantem retornos futuros parecidos.

Portanto, o autor não garante retornos específicos, apenas a sua satisfação em


relação a este produto.

O seu sucesso nos investimentos dependerá do seu interesse, dedicação, estudo


e motivação.

Mesmo com as lições que serão ensinadas aqui, nada poderá te ajudar caso a sua
seriedade seja falha.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Índice
Introdução …....................................................................................................... 05
O Plano ............................................................................................................... 09
A Mentalidade …................................................................................................. 13
O Poupador …............................................................................................ 15
O Empreendedor ….................................................................................... 18
O Aprendiz ….............................................................................................. 21
As Modalidades …............................................................................................... 25
Day Trading …............................................................................................ 26
Swing Trading …......................................................................................... 30
Position Trading …...................................................................................... 34
Os Mercados ...................................................................................................... 39
Forex …...................................................................................................... 40
Futuros …................................................................................................... 45
Ações …...................................................................................................... 49
As Operações …................................................................................................. 56
Quando Operar …....................................................................................... 59
Quanto Operar …........................................................................................ 68
Como Operar ….......................................................................................... 70
Os Coadjuvantes …............................................................................................. 73
Bancos e Corretoras …................................................................................ 74
Softwares e Dados …................................................................................. 78
O Capital ............................................................................................................. 82
A Ilusão …................................................................................................... 83
A Solução …............................................................................................... 85
O Dia a Dia …....................................................................................................... 89
O Meu Dia a Dia …..................................................................................... 90
O Seu Dia a Dia …...................................................................................... 92
Os Impostos ….................................................................................................... 96
Quanto Pagar …......................................................................................... 97
Como Pagar …........................................................................................... 99
Como Pagar Menos ….............................................................................. 100
O Salário ........................................................................................................... 101
Modelo de Valor Fixo …............................................................................ 102
Modelo de Apropriação Total …................................................................ 103
Modelo de Apropriação Com Limite …..................................................... 104
Modelo de Porcentagem Fixa …............................................................... 105
Modelo de Porcentagem Variável …......................................................... 107
O Futuro …........................................................................................................ 108
Boas Leituras …................................................................................................ 116
Conclusão …..................................................................................................... 124
Obrigado! .......................................................................................................... 128

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Introdução

A diferença entre um presidiário e um assalariado é que apenas o presidiário sabe


que está numa prisão.

O cidadão de hoje em dia não possui nenhum tipo de liberdade para seguir com as
suas próprias escolhas porque o seu caminho já foi definido antes mesmo do seu
nascimento.

Ele nasce, cresce, vai para a escola e para a faculdade, arruma um emprego com
“benefícios”, compra uma casa, um carro, conhece alguém e se casa, faz filhos,
paga impostos e morre.

Sim, é verdade que existem variações.

Talvez ele compre um apartamento ao invés de uma casa ou prefira andar de moto
do que de carro. Ao estudar, talvez escolha medicina ao invés de engenharia.

Tudo isso o dá um certo gostinho de liberdade, mas essa é uma ilusão.

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A verdade é que você pode seguir a estrada do jeito que você bem entender, mas
a estrada é a mesma para todos e por isso, as suas “escolhas” serão parecidas e
todos terão uma vida parecida.

Nasce, cresce, vai trabalhar, faz filhos e morre.

Nasce, cresce, vai trabalhar, não faz filhos e morre.

Diferente de longe, exatamente a mesma coisa de perto.

O pior é que o condicionamento social faz com que seja difícil fazer algo muito fora
da norma porque quando todos os seus amigos estão se casando e trabalhando,
você se torna “esquisito” ao seguir um caminho diferente.

E você não quer ser o esquisito, quer?

Você não quer ser excluído por causa de suas ideias, quer?

Como a maioria das pessoas não quer, elas cedem a pressão e se tornam apenas
outras prisioneiras da mesma estrada pré-definida pela sociedade, esperando o
mesmo fim previsível no corredor da morte.

Porém, algumas têm uma necessidade muito intensa por independência. E ela até
pode ser controlada por um tempo, mas uma hora, mais cedo do que mais tarde,
ela explode.

Então elas não aceitam mais ficar no congestionamento com outros engravatados
no caminho do trabalho e não conseguem mais dizer “sim, senhor” sem ficarem
com raiva e se sentirem inferiores e impotentes.

Aí elas mudam.

Os que pensam de forma diferente acabam sendo obrigados a seguirem caminhos


diferentes porque eles não conseguem mais aceitar a estrada que foi pré-definida
contra o seu melhor interesse.

Quando a adaptação termina, eles se tornam livres.

Alguns viram empresários ou marketeiros online. Outros decidem oferecer serviços


de consultoria ou “freelas” de diversos tipos, feitos sempre de seus notebooks de
qualquer lugar do mundo.

Alguns ficam ricos e outros, muito ricos. Poucos ficam pobres e a maioria acaba na
na classe média alta, todos gozando da mais pura liberdade.

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Entre eles, estão os traders.

A diferença entre os que são livres e os que são traders livres é que o trader possui
uma liberdade ainda maior, uma das maiores de qualquer profissão que existe, não
importa qual seja.

Ele não precisa seguir um horário fixo, não precisa de funcionários, não precisa da
ajuda de terceiros e nem ser criativo ou ter algum talento natural.

Nada disso pois apenas três ferramentas são necessárias:

Ele mesmo;
Um pequeno notebook;
Uma conexão com a internet.

O trader pode trabalhar quando e se quiser de qualquer lugar, seja de um hotel em


Monte Carlo, um albergue no Congo ou até de sua casa em São Paulo.

Ele pode ganhar muito bem, trabalhar muito pouco, conhecer o mundo todo ou se
já tiver “passado da idade”, aproveitar o máximo do conforto na companhia de sua
amada família.

O problema é que ele pode sofrer para chegar lá.

Como ele pode sofrer!

Apesar de ser uma das profissões mais recompensadoras, ela é também uma das
mais difíceis de se aprender, caras de se seguir e caso você não saiba o que está
fazendo, uma das mais estressantes.

Eu já vi famílias e casamentos serem destruídos por traders iludidos e viciados no


“jogo” que não souberam se controlar e perderam tudo no final.

Logo, a ideia de se tornar um trader profissional tem dois lados. No primeiro, você
atinge os seus mais loucos sonhos de liberdade e de fartura. Só que do outro, a
sua vida corre o risco de ser destruída.

Mas esse não será o seu caso.

Para evitar que você precise enfrentar o caminho mais difícil e que inevitavelmente
te levará a um futuro de miséria e frustração, eu criei este e-book.

Devo avisar que eu o escrevi da maneira mais honesta possível e por isso, muitos
traders irão se desanimar com o seu conteúdo e suas verdades.

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Por outro lado, muitos encontrarão a resposta para a pergunta que os torturou por
anos a fio e ainda tortura:

“Será que a vida é apenas isso?”

Porém, antes que você comece a se animar demais com a ideia de viver da bolsa,
entenda que assim como qualquer profissão, você precisa se dedicar para que as
coisas funcionem.

Tudo bem, eu vou te “ensinar a pescar”, mas não se engane: você só vai conseguir
“chegar lá” se você fizer a sua parte também.

Bons estudos!

Hugo R. Teixeira

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O Plano

Qual é a semelhança entre um mecânico, uma empregada doméstica, um gerente


de vendas e um trader?

Todos eles tem a sua profissão.

Algumas são mais fáceis de se aprender e outras são mais difíceis. Existem as que
requerem cursos técnicos ou de faculdade e as que não requerem nada além de
experiência.

O importante a se notar é que todas as profissões, por mais simples ou fáceis que
sejam, exigem que o profissional enfrente uma curva de aprendizado.

Varrer o chão e limpar a casa parece fácil, mas vai demorar décadas até que você
consiga ficar rápido e não deixe um mísero grão de sujeira para trás.

Comandar um grupo de bons vendedores parece difícil e realmente é. Além disso,


você vai levar um tempão até aprender a vender e a ensinar a vender.

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O que eu quero dizer é que não existe a remota possibilidade de você se tornar um
trader e viver da bolsa de valores tirando apenas um final de semana para estudar
ou algo assim.

Essa é uma outra ilusão.

Para um trader atingir o sucesso ele precisará aprender diversas coisas diferentes,
enfrentar uma curva de aprendizado monstruosa e praticar muito, assim como um
mecânico ou até mesmo um cirurgião plástico.

Lembre-se que “viver da bolsa” é uma profissão como qualquer outra.

Agora, a maneira mais segura, rápida e eficiente de se aprender uma profissão é


seguindo um plano.

Se um médico passa no vestibular, se forma, estuda vários anos, faz residência no


hospital e mais um monte de coisas para finalmente exercer a sua profissão, ele
segue um plano.

Se um mecânico faz cursos técnicos, estuda e trabalha “polindo parafusos” até que
tenha a oportunidade de colocar as suas mãos naquele V12 que ele tanto deseja,
ele também segue um plano.

Sendo assim, adivinha?

Não importa quem você seja, quão alta seja a sua inteligência ou até se você já foi
bem sucedido em outras áreas porque mesmo sendo algo difícil como mecatrônica
ou física quântica, você vai precisar de um plano também.

Este e-book foi escrito para te ajudar nisso.

O objetivo dele é te mostrar a estrada que leva ao sucesso na profissão de trader


autônomo e explicar como cada passo deverá ser dado para reduzir as suas
dificuldades futuras.

Porém, como existem milhares de traders diferentes, com gostos, objetivos e até
desejos diferentes, cada pessoa deverá seguir um plano específico que funcionará
para ela e para mais ninguém.

Por isso, nos próximos capítulos você vai conhecer vários passos que deverão ser
seguidos e opções que deverão se escolhidas para que você crie um plano que te
leve aonde você quer chegar.

“Mas quais são esses passos e opções?”

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Vamos entrar em detalhes em cada capítulo, por menor que ele seja. Porém, para
te dar um gostinho do que há por vir, aqui estão as sinopses do que estamos, na
verdade, prestes a “encarar”:

A Mentalidade – A probabilidade de um trader atingir o sucesso sem possuir


a mentalidade correta para esse tipo de profissão é de quase 0%.

No primeiro capítulo, sem sombra de dúvida o mais importante, você vai


aprender a melhorar esse número.

As Modalidades – Você quer ficar o dia todo na frente do PC comprando e


vendendo ativos financeiros ou prefere fazer o mínimo possível? Aqui você
começa a responder essas perguntas.

Os Mercados – Ações? Futuros? Forex? Num mar de diversas alternativas,


qual será a melhor? Depois de conhecê-las você poderá responder.

As Operações – Vai operar ações e trabalhar pouco? Prefere operar forex e


trabalhar muito? Mas quando você vai comprar e vender? Sabe quanto vai
investir? E mais importante, como vai fazer as suas operações?

Os Coadjuvantes – Um trader não pode trabalhar 100% sozinho porque ele


precisa de intermediários. Nesse capítulo vamos falar de corretoras, bancos,
softwares e serviços de dados.

O Capital – Será que você pode viver da bolsa com um capital de R$5? Que
tal R$100 mil? Se você não tem a mínima ideia ou tem ideias erradas, esse
capítulo será extremamente esclarecedor.

O Dia a Dia – “Então eu acordei, fiz minha cama, tomei banho, liguei o note,
comprei ações, ajustei stops e o dia acabou. Essa é a minha rotina, como é
a sua e como melhorá-la?”

Os Impostos – Talvez você não goste de compartilhar o seu sucesso com o


governo. Mas como você é obrigado, é importante aprender a fazer isso da
maneira correta para evitar problemas.

O Salário – Ironicamente, um trader profissional também se paga um tipo de


salário. Esse capítulo mostra quais são as maneiras de se pagar e quais as
suas vantagens e desvantagens.

O Futuro – Como diz o filme “Up in the Air”: “The faster we swim, the slower
we die.” Um trader precisa sempre se adaptar ou irá se afogar. A última parte
do plano te ensina a pender para o lado da adaptação.

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Sim, é muito material, você vai precisar estudar tudo com muita atenção e não, eu
não posso prometer que todos os capítulos serão divertidos (impostos, urgh!), mas
eu garanto que todos são vitais.

Agora, antes de começarmos (felizmente, com um dos divertidos), quero reforçar o


que foi dito antes:

Quem vive de aplicações feitas nos mercados segue uma profissão como qualquer
outra e como tal, requer tempo para ser entendida e uma boa dose de dedicação
para ser dominada.

Portanto, não tenha pressa ao estudar porque uma coisinha que você ignorar sem
querer pode fazer a diferença (nem sempre para o melhor) no futuro.

Com tudo isso em mente, que a sua jornada comece!

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A Mentalidade

Um trader nasce para o sucesso ou se prepara para ele?

Richard Dennis, uma lenda dos mercados de futuros em Chicago na década de 80,
achava que qualquer um podia aprender a operar e atingir o sucesso.

Já o seu amigo e parceiro William Eckhardt pensava que a maioria não conseguiria
porque poucos tem a “habilidade natural”.

Como eram milionários entediados, eles decidiram fazer um experimento para ver
quem estava certo.

Depois de contratarem pessoas quase sem experiência, eles as deram o capital e


o conhecimento para elas operarem para eles (em troca de uma comissão sobre
os lucros), só por curiosidade!

Depois de alguns anos, os resultados do que ficou conhecido como o experimento


dos “Turtle Traders”, estava na mesa.

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E qual foi esse resultado?

Um EMPATE!

Não foi difícil entender o porquê:

Todos os Turtles tiveram as mesmas oportunidades, mas enquanto dois ou três se


tornaram traders genais que até hoje gerenciam hedge funds, outros apresentaram
performances muito inferiores ou desistiram.

Sim, eles desistiram de trabalhar para dois dos melhores traders da história com o
dinheiro deles e com as suas técnicas testadas. Era o dinheiro mais fácil do mundo
e só alguns aproveitaram a oportunidade.

Mas por que isso aconteceu?

Por que tamanha diferença nos resultados de pessoas que teoricamente deveriam
apresentar performances idênticas?

A resposta é simples:

Qualquer um pode se tornar um trader profissional, viver da bolsa ou até formar um


hedge fund, contanto que ele tenha a MENTALIDADE correta!

Apesar do grupo dos Turtles ter sido formado de pessoas inteligentes, muitos não
foram estimulados, pelo ambiente no qual nasceram e cresceram, a desenvolver a
mentalidade que o trading exige.

Essa mentalidade é um conjunto de crenças ou “filtros”, que nos define e nos ajuda
(ou atrapalha) durante as nossas vidas. Nós as formamos de forma sutil e através
da observação com o tempo.

Por exemplo...

Se quando você era criança o seu pai costumava comprar uma televisão nova a
cada dois anos, a tendência é que ao crescer, você queira comprar uma televisão
nova a cada dois anos também.

Se a sua mãe te obrigava a levar um agasalho ao sair, mesmo no verão, a chance


de você fazer o mesmo com os seus filhos será grande.

Talvez você não tenha percebido na hora ou até ignore no futuro, mas o hábito ou
a ideia foi implantada em você pelo seu meio ambiente e nem sempre ela poderá
ser facilmente identificada ou corrigida.

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Logo, é muito importante que você entenda o seguinte:

Os seus amigos, os programas que você assiste, os lugares que você frequenta e
várias outros fatores SEMPRE tem uma influência MUITO mais forte em sua vida
do que você pode imaginar.

Logo, se você absorveu (mesmo sem querer) hábitos e ideias nocivas do seu meio
ambiente relacionadas ao dinheiro, trabalho, esforço e afins, você tem um enorme
problema nas mãos.

Antes de pensar em qualquer coisa relacionada a bolsa, você precisa desenvolver


a “base” da profissão, ou seja, a mentalidade correta.

Agora você vai conhecer as ideias que compõe essa mentalidade para você saber
o que corrigir, o que melhorar e o que dar graças ao seu meio ambiente por você
ter recebido de graça ao longo dos anos.

E vamos começar, é claro, com a mais básica de todas...

O Poupador
Se você não se lembra ou não conhece aquela história da formiga e da cigarra, eu
vou refrescar a sua memória:

A história conta que no verão em um parque qualquer, as cigarras passaram todos


os seus dias fazendo festas, sempre com excessos e sem a mínima preocupação
com o futuro.

Já as formigas foram mais espertas e preferiram aproveitar o tempo para acumular


alimentos para o inverno.

Quando o inverno chegou, as formigas tinham muita comida em estoque e podiam


ficar em casa na tranquilidade. Já as cigarras, que não levantaram um único dedo
durante o verão, ficaram sem nada e morreram de fome.

A moral da história é que você deve ser mais como a formiga, muito menos como a
cigarra e poupar para os dias difíceis.

Infelizmente tal moral é ignorada pela maioria das pessoas porque os incentivos da
sociedade para o consumo são tão fortes que se torna muito tentador se preocupar
apenas com o agora.

Além disso, existem tantos mecanismos que suavizam ou aliviam os “dias difíceis”,
que muitos se acomodam e ignoram o futuro.

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No caso, uma pessoa com um emprego é ajudada por diversas leis que impedem
a sua demissão a qualquer momento e provavelmente também conta com algum
tipo de seguro-desemprego.

Ela mal pensará no futuro porque com a garantia de que os seus “dias difíceis” não
serão tão prováveis ou difíceis assim, a motivação maior é a de consumir.

A motivação é para ela ser como uma cigarra!

O problema é que apesar dessa filosofia de vida ser irresponsável para as pessoas
comuns, ela meio que funciona porque, como já foi dito, os riscos são baixos. Mas
para um trader que pretende viver dos mercados, eles são colossais!

Quer um exemplo?

Aqui vai.

Nos próximos capítulos, você vai entender porque um trader precisa de um grande
capital para “viver da bolsa” e que nem sempre é bom gastar todos os seus lucros
porque eles podem ser usados para aumentar o seu capital no futuro.

Pensando nisso, tente responder:

Como é que um cidadão comum vai acumular o dinheiro para operar quando
todos ao seu redor estão consumindo como se fosse o fim do mundo?

Qual será a motivação em continuar operando quando ele possuir o dinheiro


que precisa para comprar o carro de seus sonhos?

E que tipo de pensamento irá torturar a sua mente quando ele perder algum
desse dinheiro temporariamente e que poderia ter sido usado para comprar
algum objeto de desejo?

Primeiro que ele não vai conseguir acumular o capital. É bem provável que comece
com R$500 e, tentando viver da bolsa, perca tudo devido às taxas e à sua falta de
conhecimento.

Se por algum milagre conseguir o capital, vai gastar tudo em alguma bobagem ou
explodir com os sobes e desces dos mercados. E aí também vai desistir e gastar o
que sobrou em alguma bobagem.

O futuro é parecido para todos porque todos possuem a mentalidade das cigarras,
do excesso, do desperdício e pior, da falta de paciência e de sabedoria ao aceitar
que coisas boas levam tempo para serem conquistadas.

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Felizmente, essa falha de mentalidade é uma das mais simples e rápidas de serem
resolvidas: basta que você leia alguns livros sobre educação financeira.

Eles falam sobre como viver da bolsa de valores?

Eles falam sobre como se tornar um trader?

Eles falam sobre como comprar ativos?

Não, não e não.

O primeiro que eu li, “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, nem chega a citar a
“Gestão do Dinheiro” ou os “Canais de Donchian”. Ele só fica nos termos “Poupar”,
“Evitar Gastos Desnecessários” e “Paciência”.

Outro muito importante, “O Milionário Mora ao Lado”, fala ainda menos do trading,
mostrando no lugar, que a maioria dos milionários americanos leva uma vida típica
de classe média alta, ao contrário do que enganam os filmes.

O importante a entender aqui não é que você precisa ler 300 livros sobre o assunto
(um ou dois são o bastante), mas sim, que o trader não pode existir sem as ideias
de um típico poupador.

Deu para compreender a situação?

Você não pode operar no impulso com a ilusão de que você não vai precisar fazer
sacrifícios. Não, você precisa começar aprendendo a controlar o seu dinheiro ao
invés de deixar ele te controlar através de incentivos consumistas.

É claro que um trader de sucesso pode agir de forma irracional de vez em quando,
mesmo porque uma boa parte da graça da vida está no consumo. Porém, ele vai
consumir DEPOIS porque se consumir antes, será com algo medíocre.

Se você conhece alguém que gasta fortunas colecionando videogames, figurinhas


e afins mas nunca tem dinheiro, você sabe do que eu estou falando.

Essa pessoa poderia largar o consumismo besta, economizar o dinheiro, aplicá-lo


e quando o capital estivesse num nível pelo menos adequado, largar o emprego e
viver dos mercados.

Mas será que ela faz isso?

Claro que não, ela prefere ficar no consumismo, com todos os carnês e dívidas no
cartão de crédito que as bobagem inúteis trazem.

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Agora, você não acha que a liberdade de não depender de um emprego no futuro
vale mais do que acumular tranqueiras como um mendigo?

Eu acho que sim.

Portanto, se você não possui o capital para viver dos mercados (mais sobre isso
depois) ou não tem como consegui-lo rapidamente, saiba que você vai precisar de
uma boa dose de educação financeira.

É vital que você aprenda a ver o dinheiro com outros olhos para que seja possível
trabalhar como trader e para que você não destrua todo o seu capital com gastos
exagerados quando o sucesso começar a surgir.

Porém, já que estamos falando de gastos exagerados, no começo você pode e até
deve aceitar um deles com a maior tranquilidade do mundo.

Me refiro aos “gastos” com investimentos.

O Empreendedor
Muitos podem discordar e eu mesmo tenho as minhas dúvidas de vez em quando,
mas na maior parte do tempo podemos dizer que nós vivemos em uma sociedade
capitalista.

O que manda é o capital e se você o possui e sabe controlá-lo como faria um bom
poupador, você tem acesso a uma das melhores invenções de toda a história da
humanidade, os investimentos.

Voltando às formigas da história, podemos ver o exemplo de uma oportunidade de


investimento que passou despercebida:

A formiga foi bastante prudente ao ter acumulado alimentos para o inverno, isso foi
bom. O que não foi bom é o fato de que ela não fez nada além de acumular mais e
mais alimentos.

É verdade que na vida real a comida estragaria e nada melhor poderia ser feito. Só
que ao substituirmos “comida” por “dinheiro” (que é “comida” na sociedade), não
existe mais o problema de estragar.

Sendo assim, a formiga (ou uma pessoa com capital) poderia usar essas “sobras”
para conseguir ainda mais capital e de maneira mais fácil, talvez vendendo comida
às cigarras através do crédito e cobrando juros.

Eu sei que tal ideia é ridícula (afinal, são formigas!), mas pense:

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 18


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Aplicando essa ideia, eventualmente as formigas não precisariam trabalhar porque


as cigarras, suas “escravas”, fariam todo o trabalho tentando pagar os juros que
foram honestamente conquistados pelas formigas.

No caso, elas transformariam o trabalho em capital, o capital em ainda mais capital


e finalmente, o capital, muito maior do que no começo, em poder.

E adivinha qual profissional faz quase a mesma coisa?

O bom e velho empreendedor.

Um empreendedor tem a missão de pegar os recursos que possui, como capital e


conhecimento e abrir uma empresa para prestar algum serviço, fornecer algo útil
para a sociedade e ganhar dinheiro.

Ele não precisa se tornar um banqueiro aterrorizador de cigarras como no caso


das formigas mas o conceito é o mesmo:

O empreendedor transforma o seu conhecimento e capital em mais capital


através do investimento na criação de uma empresa;

O trader transforma o seu conhecimento e capital em mais capital através do


investimento (trading) em ativos financeiros;

Você percebe o que isso quer dizer?

Apenas que o trader é um outro tipo de empreendedor e por isso, ele deve pensar
como um empreendedor para se tornar um trader eficiente e fazer dessa a sua
profissão definitiva!

É claro que existem diferenças entre as duas profissões, mas de um ponto de vista
fundamental elas partem das mesmas ideias e por isso, exigem que o profissional
pense da mesma maneira.

A tragédia é que levando em conta que uma pequena parcela da sociedade é feita
de empreendedores (na cabeça, não na prática) e que todos somos um produto do
nosso meio ambiente, surge um problema:

Se você e os seus pais ou amigos possuem empregos, a sua chance de possuir a


mentalidade ERRADA, a de empregado, se aproxima de 100% e você NÃO PODE
se tornar um trader sem corrigir tal incompatibilidade.

E adivinha o que vai acontecer com o trader que ignorar tal fato e tentar viver dos
mercados com a mentalidade de empregado?

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 19


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Ele vai quebrar, simples assim.

Só para você ter uma ideia, imagine que um trader qualquer vai operar pensando
em viver da bolsa de valores mesmo sem ter a mínima ideia de como isso é feito e
sem pensar da maneira adequada.

O que vai acontecer?

Para começar, ele vai querer fazer day-trades das 9 às 5 (porque é o horário
no qual ele sempre trabalhou). A ideia de trabalhar menos do que antes será
ignorada porque é “esquisita demais”.

Sua maior preocupação será fazer dinheiro todos os dias, exatamente como
no emprego antigo, algo que nem sempre é possível ou realista para quem
vive dos mercados.

Quando ele não ganhar todo santo dia, ele vai pensar que as suas técnicas
estão erradas e aí, vai entrar em uma jornada em busca dos “segredos” do
trading (algo que não existe).

Tudo vai dar errado mais uma vez e a sua agonia será intensificada pelo fato
de que ele não tem ninguém dizendo (dando ordens sobre) o que fazer, algo
que o relaxava no seu emprego.

Um mês negativo (o que é comum para vários tipos de traders) vai afetar a
sua mente de tal forma que o desespero de não ter a sua renda estável de
sempre vai o atormentar até ele chorar.

Finalmente, depois de muito sofrer, ele vai ficar com raiva, vai abandonar o
seu sonho, vai dizer que isso de viver dos mercados é mentira e terminará o
“piti” me mandando um e-mail mal educado.

Entendeu agora porque tanta gente inteligente e competente explode tão fácil e em
tão pouco tempo nos mercados financeiros?

A culpa está na mentalidade!

Note que o problema não está na mentalidade de empregado em si ou no fato da


pessoa possuir um emprego. O problema está em não substituir a mentalidade de
empregado pela de empreendedor / trader quando surge a necessidade.

Logo, caso você esteja a muitos e muitos anos no caminho dos empregados, saiba
que ainda assim é possível aprender a fugir do “padrão” e trocar uma pela outra,
nem que seja aos pouquinhos.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 20


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“E como se faz isso?”

Novamente, através dos livros.

Não consigo imaginar quem não mudaria drasticamente a sua mentalidade ao ler
livros como “Pai Rico, Pai Pobre”, “O Segredo da Mente Milionária” ou até mesmo
“Trabalhe 4 Horas Por Semana”.

Sobre esse assunto também existem bilhões de livros diferentes e o principal não é
ler todos eles mas sim, entender as diferenças entres as mentalidades em questão
e se acostumar a pensar do jeito certo.

É provável que no começo você fique com raiva de si mesmo por ter trabalhado da
maneira mais difícil e ineficiente possível, mas isso é bom pois te força a encarar
os seus erros e mudar a sua vida.

Nessa hora a frase “antes tarde do que nunca” serve como uma luva.

Enfim, depois de ler muitos livros, biografias de grandes empresários e traders, só


falta um detalhezinho...

O Aprendiz
Quem sabe controlar o seu dinheiro, entende o poder dos investimentos e possui a
mentalidade de empreendedor tem chances de sucesso superiores a maioria dos
traders de hoje em dia.

Essa é a boa notícia.

A má notícia é que isso não é tudo.

Infelizmente não importa quantos livros você estude porque sem a mentalidade de
um aprendiz do trading, nada vai adiantar.

E para que você entenda o que é a mentalidade de aprendiz do trading, antes você
precisa conhecer a mentalidade de aprendiz em geral.

De forma resumida, quem possui a mentalidade de aprendiz sente muito prazer ao


aprender uma certa atividade nova, não importa que ela seja relacionada a motos,
computadores, moda ou é claro, ao trading.

Sendo assim, um aprendiz de moda vai adorar aprender sobre moda e mesmo que
o incentivo financeiro não seja grande coisa, ele irá se tornar um bom profissional
porque é o que ele gosta de fazer.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

É provável que ele enfrente dificuldades gigantes ao longo do caminho, mas como
ele não consegue se imaginar fazendo outra coisa, ele dará um jeito de superar os
obstáculos porque ele sente prazer na atividade.

O que isso significa é simples:

Se você aprendeu a tocar violão, programar, montar um computador ou construir


um muro sozinho com pouca ou quase nenhuma instrução, é possível que você
tenha a mentalidade de aprendiz para essa atividade.

Porém, se você já tentou fazer algo semelhante e após várias tentativas frustradas
precisou contratar um professor, um técnico, um pedreiro ou pediu ajuda ao seu
filho de 12 anos, talvez você não a tenha.

Saiba que isso é normal.

Todas as pessoas (ou pelo menos, uma boa parte delas) possuem a mentalidade
de aprendiz para algumas atividades e não para as outras.

Olha só um exemplo:

Eu gosto dos mercados;


A Ivete Sangalo gosta de cantar;
O Sebastian Vettel gosta de correr de F1;

Mas o que aconteceria se nós trocássemos de lugar?

Tenho certeza de que eu seria uma desgraça cantando e a Ivete bateria e morreria
na primeira curva se fosse brincar com a Red Bull do Vettel, que provavelmente
também não saberia nem cantar ou operar.

Tudo bem que eu poderia ganhar muito dinheiro cantando. Mas como eu não gosto
da ideia, sou um péssimo cantor e não quero melhorar, se eu tentasse, acho que
desistiria logo no primeiro obstáculo.

Algo parecido pode acontecer com você.

Talvez você não goste de aprender a tocar violão e não queira mesmo aprender, só
queira impressionar os seus amigos. Talvez prefira mil vezes pintar quadros sobre
casas ou algo parecido.

O problema é quando essa atividade específica, que te transforma num aprendiz e


te dá o maior prazer do mundo ao aprender e superar obstáculos, não tem nada a
ver com o trading.

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Nesse caso você tem um problema sério que pode colocar em xeque o seu sonho
de viver dos mercados.

E agora você já sabe o porquê:

Quando você não gosta realmente de aprender sobre os mercados e não sente o
mínimo prazer com eles, você provavelmente ficará perdido quando surgirem os
primeiros obstáculos na sua frente.

Pense nisso.

Quem não gosta do trading, não vai estudar bem.


Quem não estudar bem, não vai superar os obstáculos.
Quem não superar os obstáculos, não vai se tornar um trader.
Quem não se tornar um trader, não vai conseguir viver dos mercados.

Agora, eu sei que muitos se aventuram na bolsa de valores pensando no dinheiro


e na liberdade que ela pode trazer. Só que existe apenas um tipo de pessoa que
pode alcançar esse dinheiro e essa liberdade.

De quem estou falando?

Obviamente, da pessoa que...

Gosta de estudar até às 4 da madrugada!


Adora resolver os puzzles e superar os obstáculos!
Não consegue se imaginar fazendo qualquer outra coisa na vida!

Caso você seja um aprendiz do trading, então eu te dou os meus parabéns porque
você só terá problemas na profissão se você fizer tudo errado de propósito ou se
encontrar alguma atividade mais interessante.

Porém, se o seu maior prazer for construir cadeiras, prepare-se porque é provável
que o trading te traga apenas dor caso você não tenha a motivação para superar a
sua difícil curva de aprendizado.

Lembre-se que a maneira mais fácil e prática de se dar bem em uma profissão é
gostando dessa profissão.

“Quando você gosta muito do que faz, você é pago para se divertir. Só que quando
você odeia o que faz, você é pago para sofrer e é obrigado a aceitar o fato de que
você não vai se divertir nunca.”

Simples e verdadeiro.

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Enfim, para terminar esse capítulo, entenda que para ter a mentalidade adequada
ao trading e viver da bolsa de valores, você é obrigado a:

Ser muito responsável com o seu dinheiro;


Pensar como um empreendedor;
Adorar o trading;

Felizmente, operar é uma das coisas mais divertidas e fascinantes que podem ser
estudadas, ainda mais se você gosta de programação, computadores, estatísticas
ou números.

É por isso mesmo que agora nós vamos deixar esses papos psicológicos de lado
(afinal, basta ler alguns livros e gostar da bolsa, não é?) e estudar o que mais
importa, o trading em si.

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As Modalidades

Como você quer trabalhar?

Você quer ficar na frente do computador o dia todo olhando gráficos ou prefere se
dedicar por volta de 20 minutos aos seus ativos e só?

Se gosta de extremos, o que te parece mais interessante?

Operações que duram minutos?

Ou as que duram anos?

Como existem diversas modalidades, todas elas com vantagens e desvantagens, é


necessário definir muito bem qual você prefere para que na hora de operar, o seu
desconforto não seja grande demais.

E agora que você já tem a mentalidade certa, chegou a hora de conhecer as tais
modalidades para que você faça a escolha certa...

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Day Trading
A maioria dos traders começa operando ações, opções, futuros, forex ou qualquer
outro ativo na modalidade do day trading.

“Mas o que é um day trade, afinal?”

Como o próprio nome já indica, um day trade é uma operação completa (compra e
venda ou venda e compra) que é feita em um único dia.

Ou seja...

Se você comprou um ativo às 10 da manhã e vendeu às 11 da manhã, você


fez um day trade.

Se comprou às 11 da manhã e vendeu horas depois, às 5 da tarde, você fez


um outro day trade.

Se comprou e vendeu 30 segundos depois, apesar da duração, você fez um


day trade também.

A duração em horas (ou minutos) é irrelevante pois o único fator que define um day
trade é que a operação toda comece e termine no mesmo dia.

De resto, é claro que a mais popular modalidade de todas possui os seus prós e os
seus contras, como por exemplo...

Poucos Dias Tediosos – Muitas pessoas não querem viajar pelo mundo ou
passar todos os seus dias afogados em hobbys diversos pois elas gostam
mesmo é de trabalhar.

Nesse caso, o “trabalhar pouco” se torna uma péssima opção porque elas se
sentem muito entediadas quando os mercados estão “dormindo”.

Logo, se você não quiser ficar dias ou até semanas de olho no computador
vendo que não há nada (NADA!) para fazer, o day trading oferece o pró de
reduzir um pouco esses dias tediosos.

Aprendizado Acelerado – É fácil entender porque não existe maneira mais


eficiente de aprender a operar do que fazendo day trades:

Se as suas operações duram semanas ou até meses e te obrigam a esperar


a maior parte do tempo, você fará poucas operações e assim, não ganhará
experiência numa intensidade ideal.

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Porém, como no day trading você faz vários trades por dia, você aprende em
um espaço de tempo muito menor e consequentemente, adquire experiência
em um ritmo acelerado.

Então se você deseja superar a curva de aprendizado mais cedo, comprar e


vender no mesmo dia é uma ideia bem melhor do que comprar e vender um
dia depois ou algo além disso.

Resultados Mais Uniformes – Quem faz diversas operações por dia tem a
enorme vantagem de garantir uma linha de crecimento de capital um pouco
mais estável e uniforme.

Isso significa que os seus lucros irão crescer um pouco mais como uma linha
em ascensão do que como uma escadinha cheia de sobes, desces e chatos
e assustadores “buracos”.

Ou seja, quem procura retornos mais constantes terá maiores chances de


encontrar o que procura nos day trades.

É claro que os lucros ainda assim serão instáveis pois a natureza do trading
é essa. Mas se compararmos às outras modalidades, é quase como se você
possuísse um emprego com um salário fixo.

Agora, apesar desses prós interessantes, existem vários contras que podem (e até
devem) te desanimar sem dó e nem piedade.

E isso é uma boa notícia.

A verdade é que o day trading costuma ser a pior modalidade para iniciantes e por
isso, você deve entendê-la bem para não cair no mesmo precipício de frustração
que aterroriza tantos day traders.

“Frustração com o quê?”

Apenas com...

Stress Intenso – Operar bastante no começo para aprender rapidamente é


uma técnica ótima para quem deseja se tornar um bom trader o mais rápido
possível, custe o que custar.

O problema é que esse custo é alto.

Para essa “aceleração” de aprendizado funcionar, você precisa sobreviver a


uma constante batalha psicológica contra os mercados.

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Sim, quando você tem vários anos de experiência, o stress é menor. Só que
até você chegar no ponto em que o ritmo frenético dos day trades pare de te
afetar muito, você vai sofrer para se adaptar.

Para entender melhor, imagine que um trader comum comprou um ativo hoje
pensando em vender daqui a cinco meses ou mais:

Nesse período ele pode errar ou fazer algo estúpido, mas como o trade dura
muito tempo, uma boa parte dos erros desse trader poderão ser corrigidos,
nem que não sejam na hora.

Talvez ele escolha o ativo sem problemas, mas na hora da compra, leve 100
ações ao invés das 1000 que pretendia levar.

E agora?

E agora que ele provavelmente terá a chance de comprar esse mesmo ativo
no dia seguinte ou depois. É comum encontrar o papel pelo mesmo preço ou
até por uma diferença pequena.

Só que no day trading não existe esse luxo.

Se o trader comprou errado, na quantia errada, tarde demais e demorou pra


corrigir (às vezes, nem isso) ou “congelou” devido ao stress, então eu sinto
muito pois o trade já era!

Logo, entenda que começar com day trades é muito estressante e apesar de
acelerar o seu aprendizado, em muitos casos ele simplesmente te incentiva
a desistir mais cedo.

Muito Trabalho – Se além disso você imaginou que o day trading te obriga a
ficar grudado no computador observando ativos, você está certo.

Você precisa ficar atento aos sinais de compra, aos de venda e precisa fazer
tudo na hora certa sem atrasar um segundo porque do contrário, você pode
perder o melhor trade do dia.

É verdade que é possível fazer pausas para almoçar ou tomar café, mas se
você tiver algum trade em andamento durante esse período, é bom que você
volte logo para não perder nada.

Ou seja, se você acha que isso tudo parece coisa de quem ainda possui um
emprego e não deseja continuar em um caminho muito mais livre, mas ainda
assim parecido, o day trading não é para você.

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Mais Taxas e Mais Capital – Outro problema gigante do day trading são as
intermináveis taxas de corretagem que você deve pagar.

Vou falar mais dessas taxas depois, mas o que você deve entender agora é
que quanto mais você opera, mais você paga.

Isto é, se o trader compra hoje pensando em vender em 6 meses, essa única


operação irá custar 2 corretagens (uma pela compra e outra pela venda), ou
seja, pouco dinheiro.

Por outro lado, se o day trader fizer uma mísera operação por dia útil durante
esses mesmos 6 meses, ele precisará arcar com os custos de algo em torno
de 252 corretagens!

Colocando na ponta do lápis, se uma única ordem custa R$5, um day trader
gastaria R$1280 enquanto o outro trader gastaria só R$10!

Logo, se você quiser comprar e vender todos os dias, prepare-se muito bem
porque você vai precisar gastar muito dinheiro com essas taxas e para isso,
o seu capital precisará ser grande também.

Não, não dá para começar a fazer day trades com R$5000 ou menos, a não
ser que você queira gastar tudo nas taxas e perder dinheiro.

Maior Alíquota do Imposto de Renda – Para finalizar o show de horrores, o


day trader enfrenta uma alíquota maior no imposto de renda.

Esse assunto também será melhor explicado depois, mas por enquanto você
só precisa entender o mais básico:

Se você teve lucro em um trade que durou mais de um dia, a sua alíquota de
imposto será de 15%. Ou seja, você deverá “contribuir” com 15% dos lucros
para a Receita.

A boa notícia é que se as suas vendas somarem menos de R$20 mil no mês,
você não precisará pagar nem esses 15%!

A má notícia é que se você for um day trader, não importa se estiver fazendo
muitas ou poucas operações pois a sua alíquota será de 20%.

“...e não é só isso!”

Mesmo que as vendas do day trader fiquem abaixo dos R$20 mil, ele precisa
pagar os impostos, não de 15%, mas de 20%.

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Resumindo...

Apesar do day trading ser bem mais movimentado e te ajudar a aprender muito em
pouco tempo, você é obrigado a enfrentar um stress grande, gastar demais com as
corretagens e pagar mais impostos.

É por esse motivo que eu sou contra a ideia de um iniciante começar dessa forma
(a não ser que seja com um simulador) porque todo o stress e os gastos costumam
esgotar o trader antes dele aprender o suficiente para operar e se tornar capaz de
controlar as suas emoções.

Como mencionado antes, na maioria das vezes o day trading só “ajuda” o trader a
abandonar os mercados mais cedo.

Agora, se mesmo assim você quiser seguir essa modalidade, entenda que não há
nada de errado nisso pois algumas pessoas simplesmente se dão melhor nela,
apesar das dificuldades.

Será que elas se sentiriam bem operando de forma diferente?

Será que elas ganhariam bem operando diferente?

Provavelmente não.

Portanto, se o day trading for a sua praia, entenda que o começo será estressante,
trabalhoso e caro mas se você realmente gostar dele, mais cedo do que mais tarde
você poderá viver só de day trades.

Swing Trading
Uma outra modalidade, pouco conhecida, menos popular mas muito mais eficiente
é a do swing trading.

Nela, as suas operações continuam sendo relativamente curtas e rápidas, mas ao


invés de durarem apenas algumas horas ou minutos, elas levam alguns dias para
chegarem ao seu fim.

Ou seja...

Se você comprou uma moeda do forex na segunda e vendeu na quinta, você


fez um swing trade.

Se você comprou um futuro ontem e vendeu hoje, como a operação durou 2


dias, você fez um swing trade também.

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Agora eu sei o que você quer perguntar:

“Mas até quantos dias o trade pode ser considerado como um swing?”

Depende.

Infelizmente essas modalidades são baseadas na experiência de cada trader e não


existe nenhuma “tabela oficial” que as classifique da mesma forma.

É por esse motivo que um swing trade pode durar 5 dias para o operador X mas 14
dias para o operador Y.

Eu defino swings como operações que duram menos de 2 semanas pois passando
muito disso, a classificação mais lógica é a de position trade, trades que duram de
poucas semanas a vários meses.

Porém, como ainda estamos falando dos swings, vamos conhecer agora os prós e
os contras dessa modalidade tão interessante e tão ignorada pelos iniciantes que
preferem se arriscar na loucura dos day trades.

Entre os seus prós mais intensos, podemos encontrar...

Maior Equilíbrio Entre Movimentação e Duração de Trades – Pense num


trader que costuma ficar o dia todo, todos os dias, esperando algum tipo de
movimentação nos mercados.

Após “pescar” por um tempo, um ativo começa a dar sinais de entrada. Ele o
compra e poucas horas depois, o trade acaba.

Lucro!

E depois?

De volta à espera.

Agora, se você acha que os swing traders gostam dessas operações, típicas
do day trading, você está errado.

O swing trader comum gosta de operações curtas, mas não as que levam 2
horas mas sim, as que levam 1 ou 2 dias.

Portanto, se você não quiser que os seus trades durem segundos, minutos
ou horas e também não quiser que eles durem semanas, meses ou anos, o
swing trading é a escolha mais equilibrada de todas.

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Menos Taxas e Menos Capital – Enquanto um típico day trader executa 10


ou mais ordens por dia, um swing trader levará no mínimo o dobro do tempo
para executar a mesma quantia.

O resultado é que o swing trader acaba gastando muito menos com as taxas
de corretagem do que um day trader.

Além da enorme vantagem de economizar nas corretagens, existe outra que


para muitos, é ainda melhor:

Você pode começar com menos capital!

Se fazer day trades sem pagar corretagens até a morte não chega a ser uma
ideia realista com menos de R$50 mil, a de fazer swing trades com metade
dessa quantia com certeza é.

Menor Alíquota do Imposto de Renda – Sim, aquele trader que fica com o
mesmo ativo por muitos meses paga só 15% de imposto e vendendo menos
de R$20 mil por mês ele fica isento até disso.

Já o nosso amigo day trader precisa pagar 20% e não tem nem um mísero
centavo de isenção, coitado.

Como será então o caso do swing trader?

Será que ele vai pagar mais?

Ou talvez menos?

Nada disso pois as regras que se aplicam ao swing trader são iguais às dos
que ficam meses com um ativo. Logo, você só paga 15% sobre os lucros se
vender mais de R$20 mil no mês.

Muito legal, não acha?

Sim, eu também acho o mesmo.

Só que agora que você conheceu a parte boa, aquela que te anima, chegou a hora
de conhecer a parte ruim, a que te desanima.

Felizmente, os podres dos swing trades pendem mais para o lado dos empecilhos
do que dos podres propriamente ditos.

Ainda assim, aqui estão eles...

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Stress Menor, Mais Ainda Grande – O que mais intensifica o stress de um


trader em uma operação é a sua duração.

Isto é, quando o trade é curto demais, existe o risco do trader não conseguir
pensar direto, algo que, como você já pode imaginar, acontece o tempo todo
com day traders.

Apesar da duração dos swings ser maior do que as dos day trades, como um
iniciante nem sempre se adapta fácil aos mercados, até um período reduzido
pode afetá-lo negativamente.

Eu acredito que são poucos os que terão dificuldades com uma modalidade
“light” como a dos swing trades, mas se o seu objetivo é trabalhar com muita
tranquilidade, eu não posso recomendá-los.

Menos Trabalho, Mas Ainda Grande – Falando em problemas, o maior do


swing trading é que ele ainda te obriga a ficar de olho nos gráficos com uma
certa frequência.

Sim, você continua como um escravo do PC.

Se você quiser sair no meio do pregão para ir passear, tudo bem, mas existe
a chance de algum ativo passar do ponto de compra quando você estiver
longe demais para agir.

O “lado bom do lado ruim” é que hoje nós podemos usar smartphones para
operarmos longe de casa, mas para esse quebra-galho funcionar, você deve
ficar de olho nele o tempo todo...

Como você pode ver, o swing trade é uma versão mais tranquila, eficiente, barata e
flexível do day trading. Os seus prós são interessantes e os seus contras são leves
ou podem ser contornados.

Logo, a pergunta que fica é simples:

“Será que é uma modalidade adequada para o iniciante que deseja aprender tudo
rapidamente para viver da bolsa ou mesmo para o trader profissional que gosta de
operar assim?”

Pode apostar!

Acredito que pelo menos 40% dos leitores deste e-book estarão bem servidos com
essa modalidade, apesar de que a maioria ainda se dará melhor com aquela que é
de longe, a minha preferida...

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Position Trading
Sem sombra de dúvidas, o melhor “custo-benefício” entre trabalho, tranquilidade e
retorno pode ser encontrado na modalidade do position trading.

Em um position trade as suas operações duram entre algumas semanas a muitos


meses, chegando às vezes, a pouquíssimos anos.

Logo, para não perder o costume:

Se você comprou em janeiro e vendeu em março, você com certeza fez um


típico position trade.

Se comprou no começo do ano, ainda não vendeu mas pretende vender na


hora certa, você está em um position trade.

Para quem não sabe, essa é a modalidade na qual eu opero ações, sempre gostei
de operar e não estou nada disposto a mudar tão cedo.

E não é difícil entender o porquê...

Pouco Trabalho – A ideia de viver da bolsa trabalhando 20 minutos por dia


só pode ser realizada através de uma modalidade de médio / longo prazo
como a dos position trades.

Nela, você acorda a hora que bem entender, faz o que quiser e nem precisa
grudar os olhos nos seus ativos: basta reservar alguns minutos todos os dias
para ver se eles estão bem ou não.

Se estiverem, o que é comum, você desliga o computador, vai tomar banho,


vai jantar e por fim, dorme com os anjinhos.

Se não estiverem, você toma as providências necessárias (pequenos ajustes


em 95% das vezes) e aí sim, sai do computador, vai jantar e termina o dia ao
fazer “naninha”.

Agora, eu sei que algumas pessoas acham que trabalhando pouco você não
pode ganhar bem, mas a verdade é que os ganhos dos day, swing e position
traders podem ser parecidos. Sendo assim, a escolha de trabalhar pouco é
exatamente isso, uma escolha.

De forma prática, os day trades exigem o máximo de trabalho enquanto os


swings são mais gentis e exigem bem menos. Porém, nenhum deles bate os
position trades que quase não exigem nada.

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Pouco Stress – E por falar nisso, vale lembrar que os position trades duram
tanto, mas tanto, que mesmo se você estiver perto de explodir, ainda sobrará
tempo para você esfriar a cabeça e agir corretamente.

A vantagem é que além da taxa de erros de um position trader ser menor em


relação aos outros tipos de traders, esses erros costumam ser fáceis de se
corrigir em muitos casos.

Se você pensou que essa característica faz dessa modalidade uma das mais
fáceis para iniciantes, você está certo.

O iniciante pode até não aprender com a rapidez de um day trader, mas com
certeza ele terá mais chances de sobreviver à curva de aprendizado e insistir
quando os momentos difíceis vierem incomodar.

Devagar e sempre (e sem stress) é o lema dos positions.

Poucas Taxas, Menos Capital – Se a quantidade de trades do swing trader


era menor do que a do day trader, a quantidade de trades do swing trader
em relação ao position trader é ainda menor.

E agora você já pode deduzir que com menos trades, você terá de pagar as
terríveis taxas com uma frequência menor também.

Com isso, os seus gastos diminuem mais e o capital necessário para operar
sem que as taxas destruam os seus sonhos pode ser menor.

Eu já conheci vários position traders que começaram a operar sem grandes


dificuldades com apenas R$7 mil, ao passo que um day trader e talvez até
um swing trader explodiriam em dias nessa situação.

Menos Impostos, Menor Frequência – Aqui a taxa também é de 15% com


a vantagem de você estar isento contanto que não venda mais de R$20 mil
por mês, mesmo tendo lucro.

Porém, essa não é a maior vantagem pois além disso, como os seus trades
vão durar muito, em vários meses você não vai vender nada e aí, não vai
precisar pagar impostos também.

E adivinha o que acontece com um capital que fica investido por mais tempo
sem ficar sendo “chupado” o tempo todo pela Receita?

Ele tem mais liberdade de crescer e com ela, a sua facilidade em acumular
um capital significativo é muito maior.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 35


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Ou seja, com os position trades você trabalha menos, paga bem menos nas taxas
de corretagem devido a frequência menor de trades, enfrenta uma alíquota do IR
relativamente baixa (15% e que abaixo de R$20 mil por mês é 0%) e ainda pode
ver o seu capital crescer sem tantos obstáculos.

Legal!

“Então a melhor maneira de se começar a operar nos mercados pensando em um


dia viver deles é sendo um position trader?”

Talvez sim.

Talvez não, afinal, não podemos ignorar os contras...

Pouco Trabalho – Sim, esse pode ser tanto um pró quanto um contra. Para
mim é um pró porque eu não suporto ficar plantado na frente dos gráficos o
dia todo feito uma samambaia.

Mas muitos não conseguem trabalhar míseros 20 minutos por dia sem que
comecem a procurar estímulos novos.

Se você os procura em hobbys diferentes, tudo bem. Mas ao procurar esses


estímulos nos próprios mercados, é provável que você opere mais do que
precise, no impulso e por emoção, e exploda todo o seu capital porque você
não suporta o tédio.

Logo, repito mais uma vez que se você gosta de trabalhar pouco, o position
trading é perfeito para você. Só que se você quiser trabalhar um pouco mais,
não tem jeito, ou você faz swings ou day trades ou você irá perder.

Não se esqueça que mesmo que uma modalidade seja mais “perigosa” pois
ela gera mais custos e stress, mais perigoso ainda é tentar operar contra a
sua personalidade.

Resultados Menos Uniformes – Um bom position trader operando em um


bom mercado em um período bem humorado pode ganhar em um ótimo ano,
qualquer coisa acima de 100%.

Um bom position trader operando em um bom mercado em um período mal


humorado, pode perder até 20% do seu capital no ano.

Ao contrário do day trader ou até do swing trader que podem se dar ao luxo
de ganhar quantias mais previsíveis, o position trader é obrigado a aceitar
retornos imprevisíveis e instáveis.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 36


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Aqui está um exemplo para facilitar o conceito:

Em 2009, qualquer position trader minimamente competente tirou em torno


de 110% da Bovespa porque esse foi um ano bastante animado no qual só
traders sem conhecimento conseguiriam perder dinheiro.

Porém, em 2010 as coisas mudaram e quaquer performance acima de 40%


poderia ser considerada como ótima porque o ano foi mais comportado.

Quando 2011 chegou, tudo foi da água para a água de vaso sanitário porque
o ano foi muito ruim e nele, uma performance acima de 20% seria realmente
admirável já que o ano sugeriu apenas perdas.

Depois disso, 2012 foi um ano no qual 40% ficou de bom tamanho, nada de
especial, mas nada para se reclamar.

Agora, o problema não está em ganhar de maneira instável, não, isso não é
nada pois o problema real está no psicológico do trader.

Se ele estiver em um momento ruim e não for mentalmente forte, é possível


que ele ceda a pressão e se concentre em pensamentos bobos como “...e se
essas perdas continuarem?”, “...e se todo o dinheiro que eu ganhei nesses
anos foi por pura sorte?”

Então se você está acostumado demais em ganhar sempre a mesma coisa,


o position trading, mesmo com os seus anos acima de 100%, poderá com os
seus eventuais anos NEGATIVOS, acabar com a sua vontade de viver da
bolsa, o que seria decepcionante.

De modo geral, podemos dizer que apesar de nenhuma modalidade chegar perto
de ser perfeita, o position trading é a que mais se esforça pois ela não abusa tanto
do psicológico do trader (day trading ainda é pior) e nem de sua carteira.

Sim, não podemos ignorar que ela possui duas desvantagens terríveis que podem
representar um “deal-breaker” para muitos.

Porém, se você não vê os mercados como uma forma de se distrair ou escapar do


mundo real e a sua mente de empreendedor está bem acostumada com a ideia de
enfrentar perdas de vez em quando; não se preocupe pois o position trading pode
ser quase perfeito para você.

É claro, se não for o caso, ainda existem os day e os swings trades que, apesar de
todos os meus alertas contra os perigos dessas modalidades, podem e costumam
servir como uma luva para diferentes tipos de pessoas.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 37


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Para terminar, eu vou repetir o que eu vou continuar repetindo várias vezes até o
final deste e-book:

O mais importante é operar da maneira que mais combina com os seus gostos e
com a sua personalidade!

Portanto...

Se você gostou dos day trades, considere bem os riscos e entenda que eles
são gigantes. Mas se você simplesmente SABE que essa é a modadalide
certa para você, apenas tome muito cuidado e vá em frente!

Se você prefere o equilíbrio dos swings, pense também nos prós e contras,
tente imaginar um tribunal no qual você está tentando atacar a modalidade e
veja o que acontece, talvez ela seja péssima, talvez seja perfeita.

Se você não vê nada além dos position trades, não age como um kamikaze
e não se assusta com a performance de períodos grandes, seja com lucros
acima de 100% ou perdas de mais de 20%, pense nos position trades!

E finalmente...

Depois de ter formulado um plano digno de Eisenhower, adquirido a mesma genial


mentalidade do John D. Rockefeller e ter escolhido, mesmo que temporariamente,
qual modalidade você pretende seguir, adivinha?

Ainda falta um monte de coisas para você considerar, estudar, aprender, absorver,
planejar e por aí vai.

Sendo assim, vamos ficar por aqui e terminar com uma pergunta:

“Ok, agora que decidi com toda a certeza que eu quero fazer day / swing / position
trades, em qual mercado eu devo fazer essas operações?”

É o que iremos descobrir no próximo capítulo...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 38


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Os Mercados

Eu gosto de sorvete de chocomenta.

Não gosto de morango ou chocolate e nem daqueles com nomes bobos, como é o
caso do “bosque nevado” ou do “hamster de algodão”.

Se eu pudesse tomar apenas sorvete de kiwi ou pistache, acho que eu nunca mais
tomaria sorvete na vida.

O importante a notar é que assim como eu estou confortável com a minha escolha
de sabor de sorvete e não quero trocar, você precisa estar confortável com a sua
escolha de mercado.

E quer saber de uma coisa, amigo leitor?

Existem vários mercados, mais do que podemos contar nos dedos e, se fizermos a
escolha errada, não importa que o resto do plano seja perfeito pois o fracasso será
simplesmente inevitável.

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Para evitar esse final ruim e te ajudar a definir o seu plano, vamos agora conhecer
alguns dos mais importantes mercados do mundo.

Esses mercados são:

Forex;
Futuros;
Ações;

E como não poderia deixar de ser, vamos começar com o primeiro deles, um dos
mais líquidos e polêmicos.

Estou falando do...

Mercado Forex
Quando você faz uma viagem à Miami e compra dólar ou alguma empresa exporta
um produto para a China, uma transação de câmbio é realizada:

Para os Estados Unidos, você troca o real pelo dólar.

Para a China, a empresa troca o real pelo dólar e depois, pelo yuan.

Sem a possibilidade de trocarmos moedas umas pelas outras, o comércio mundial


não poderia existir como existe hoje, o que atrapalharia drasticamente os negócios
de todo o mundo.

Porém, felizmente trocamos moedas o tempo todo e de vez em quando podemos


ganhar com os seus movimentos:

Se você adora as castanhas defumadas importadas do Chile, uma queda do


peso chileno ou uma valorização do real fazem com que elas fiquem muito
mais acessíveis.

Se você, por qualquer motivo que seja, odeia os carros da Mercedes, uma
forte queda do real ajuda a “limpar” as ruas desses carros pois com o preço
maior, a procura diminui.

Se você quiser viajar para fazer compras em dólar mas do nada ele subir de
R$1,80 para R$2,40 a sua viagem ficará mais cara e talvez você não possa
mais comprar tudo o que deseja.

Só que você não precisa “especular” no mercado de castanhas para tirar vantagem
de um câmbio favorável ou apenas aceitar as cotações que surgirem.

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Não, você pode tirar vantagem de qualquer combinação de moedas, como o dólar
e o euro ou a libra esterlina e o franco suíço, no mercado no qual essas operaçôes
são oferecidas ao público.

Este mercado, que movimenta volumes inacreditáveis e fica aberto de domingo à


noite até a sexta à tarde é o popular forex.

Como não seria a excessão, ele possui vantagens...

Mercado Global – Existe apenas um único mercado forex no mundo todo e


assim, o americano vai operar no mesmo mercado, o italiano vai operar no
mesmo mercado e é claro, o brasileiro ou o português vão operar no mesmo
mercado também.

Por si só, essa não é uma vantagem. Porém, quando você está estudando
um mercado novo e todo o globo opera nesse mercado, é muito, mas muito
mais fácil encontrar materiais de estudo sobre ele.

Além disso, caso você utilize algum software técnico e precise de ajuda para
resolver uma situação incomum, você terá pessoas do mundo todo para te
ajudar através de fórums e blogs.

Finalmente, o fato do forex ser global lhe permite compartilhar as suas ideias
sobre os mesmos ativos com pessoas de diversas nacionalidades, algo que
seria apenas impossível em mercados locais.

Flexibilidade de Horário – Uma característica muito interessante do forex é


que ele funciona 24 horas por dia, 5 dias por semana.

A vantagem é que se você odeia, tanto quanto eu, acordar cedo ou trabalhar
em horários fixos, com o forex você pode escolher o seu horário de trabalho
sem a mínima pressão.

Quem opera ações, por exemplo, pode trabalhar em qualquer horário desde
que ele se encaixe dentro do pregão. Logo, se você quiser trabalhar às 5 da
manhã com ações, sinto muito mas isso não será possível.

Porém, tudo muda no forex pois qualquer horário útil (que como dito, começa
a valer no domingo à noite e termina na sexta à tarde) pode ser selecionado
sem o menor problema.

E é claro, se você quiser trocar horários e trabalhar às 5 da manhã na sexta,


6 da tarde na quarta e 11 da noite na segunda de forma nada fixa, sinta-se
livre porque também é possível.

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Alavancagem e Vendas à Descoberto – Outro pró muito relevante é que no


mercado de moedas você tem um acesso fácil e rápido a ferramentas como
alavancagem e vendas à descoberto.

Com a alavancagem você usa o dinheiro da corretora para manter posições


maiores do que o seu dinheiro original permitiria. Dessa forma os seus lucros
pequenos se tornam grandes (apesar de que os seus prejuízos pequenos se
tornam grandes também).

Já com as vendas à descoberto, você vende um ativo sem tê-lo e caso o seu
preço diminua, você compra o ativo depois, zera a sua posição e embolsa a
diferença.

Logo, no forex você aumenta os seus lucros com a alavancagem e quando o


mercado estiver de mau humor, você vende à descoberto para ganhar com a
queda dos preços.

Capital Inicial Pequeno – Finalmente, como não existem as chatas taxas de


corretagem (o custo de comprar e vender) no forex, você pode operar sem o
medo delas destruírem o seu capital.

É claro que as corretoras não iriam trabalhar de graça e é por isso que você
até não paga as corretagens mas em compensação paga os spreads, que
também não são legais.

Mas se em um mercado com taxas fixas de corretagem o trader pobre paga


proporcionalmente muito mais do que o rico, no forex eles pagam a mesma
proporção, que se torna pequena para ambos.

A vantagem prática é simples:

Você continua correndo o risco de perder dinheiro e se quebrar, mas isso só


vai acontecer se você operar mal porque as taxas em si serão incômodas e
indesejáveis sim, mas inofensivas também.

Com todas essas características fantásticas, acredito que ficou claro que o forex é
de longe, o melhor mercado para o trader que deseja viver da bolsa de valores e
operar até o fim dos dias.

Apenas que não.

Infelizmente o forex possui certos contras que conseguem impressionar ainda mais
que os seus prós e tendem a desanimar (assim como os day trades), aqueles que
têm vontade de começar nele.

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Entre os seus terríveis contras se encontram...

Falta de Regulação – Se você teve a sorte de nascer em Portugal (talvez o


azar, considerando a situação econômica atual da Europa) ou em outro país
que não o Brasil, sinta-se livre em pular este contra.

Agora, se você teve o azar de nascer no Brasil (ou a sorte – incrível como a
qualidade dos países está difícil de ser definida hoje em dia), infelizmente é
complicadíssimo operar forex pois ele não é regulado aqui.

Ninguém sabe o motivo real para essa falta de regulação e são poucos os
que se importam com o problema.

Porém, o que importa é que se você quiser operar forex, você será obrigado
a enviar o seu dinheiro para o exterior pois não existem corretoras brasileiras
e nenhuma espécie de órgão regulador.

Isso significa que o forex se torna mais inseguro pois qualquer problema que
aconteça (como a corretora “perder” o seu dinheiro ou executar operações
sem a sua permissão), você fica a ver navios.

Se quiser reclamar, corre o risco de ser ignorado ou não conseguir explicar o


que aconteceu quando o atendente for um francês que fala inglês e o inglês
de vocês dois for horrível.

Se quiser processar, vai precisar entrar com um processo internacional, algo


que pode demorar, tende a gerar muitas despesas e para piorar, talvez não
resolva o problema nunca.

Sim, apesar das chances de acontecer algo ruim serem muito baixas (menos
do que as pessoas imaginam), se trata de um risco que quase não existe em
um país cujo mercado é regulado.

Scam Happy Market – O mundo é um antro de trapaceiros, trambiqueiros e


pessoas desonestas tentando tirar vantagem de iniciantes ingênuos iludidos
com sonhos de riqueza.

No Brasil e em outros países que não possuem o inglês como língua oficial,
ironicamente, o problema é bem menor.

Mas quando se usa o inglês em um dos mais populares mercados do mundo


e que pode ser acessado de qualquer país, acredite:

A chance de você se deparar com algum golpe é gigantesca.

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Talvez aquele “fundo forex” que promete retornos mensais de 10% ao mês
esteja mentindo descaradamente.

Talvez aquele “sistema profissional e testado “de U$5000 não seja capaz de
render 1% todos os dias como prometido.

A verdade é que os mercados são uma selva e como o forex é a pior delas,
você poderá tropeçar se não tomar muito cuidado.

Faca de Dois Gumes – E por falar em tropeçar, caso você não saiba ou não
possua o equilíbrio emocional para usar a alavancagem ou operar vendido, é
provável que você exploda em dias.

Existem milhares de histórias de iniciantes, também iludidos e ingênuos, que


quiseram ganhar quantias enormes de dinheiro alavancando demais o pouco
capital que tinham.

O resultado típico é que o iniciante perde tudo no mesmo dia ou ganha muito
por sorte e perde até o ultimo centavo logo depois.

Às vezes alguns iniciantes acreditam que o euro irá despencar, por exemplo,
e o vendem e vendem e vendem (às vezes alavancando ao mesmo tempo) e
quando tudo dá errado, eles não apenas perdem tudo mas acabam devendo
para a corretora também.

Burocracia Nas Transferências – Por fim, quando a corretora está no seu


país de origem, você apenas pega o seu dinheiro e o envia através de uma
transferência bancária.

O problema surge quando a corretora está no exterior.

Como todas as corretoras de forex estão no exterior, você é obrigado a lidar


com transferências internacionais, pagar taxas e se não quiser transferir de
conta para conta, precisará fazer tudo pelo cartão.

Vale lembrar que se você for transferir pelo cartão, a não ser que o seu seja
um American Express Black, ele não terá um limite grande o suficiente para
que você consiga transferir o suficiente para viver da bolsa.

“Mas Hugo, você disse que dá para começar com pouco no forex!”

Sim, quem mora no exterior e faz transferências para a corretora sem custos
pode começar com pouco. Mas o brasileiro que for obrigado a encarar toda a
burocracia e as taxas precisa de muito.

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Espero que isso tenha lhe mostrado que começar no forex é uma ideia ruim para a
maioria dos iniciantes. Começar nele fazendo day trades é pior ainda!

É claro que se você mora em um país no qual ele é bem regulado, como é o caso
da Suíça, Hong Kong ou Singapura, o forex se torna uma opção se você for capaz
de se controlar ao alavancar.

Só que se você é um brasileiro que ainda mora no Brasil, o seu inglês é péssimo,
você não pode evitar as taxas de transferência e o seu capital é pequeno, esqueça
as moedas, pelo menos por enquanto.

Quando o forex se tornar mais acessível e seguro para os brasileiros, ele será uma
das melhores opções de mercados. Hoje, porém, ele serve para poucos traders, na
maioria das vezes, apenas os mais avançados.

“Pô, mas se eu sou um iniciante, o que é que eu posso operar?”

Bem, você sempre pode ficar com a “escolha padrão” dos traders há mais de cem
anos, o clássico...

Mercado de Futuros
Antes de qualquer coisa, uma pergunta:

“O que você acha que um contrato futuro faz?”

Como esse termo ainda confunde muita gente, antes de entrarmos nos seus prós e
contras, farei uma breve introdução para você entender o que um “contrato futuro”
significa e o que ele pode fazer.

A ideia é simples:

Com um contrato futuro, seja de milho, boi gordo ou qualquer outra coisa, você faz
um “hedge”, que é um tipo de trade que possui o objetivo de proteger o seu capital
contra flutuações indesejadas.

Bem fácil, não acha?

Eu sei que muitos discordam mas felizmente, a ideia pode ser facilmente explicada
com o breve exemplo abaixo:

Se você trabalha com milho e não pode sofrer flutuações muito fortes nos preços,
você “trava” esses preços comprando e vendendo contratos de datas diferentes ao
mesmo tempo.

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Levando em conta que os contratos de um mesmo produto tendem a custar quase


sempre a mesma coisa, o que pode acontecer é simples:

Se o preço do contrato pra janeiro subir, o de março tende a subir na mesma


proporção e com isso, você perde em janeiro mas ganha em março e fica no
0 a 0, ou seja, protegido.

Se o preço do contrato pra janeiro cair, o de março também tende a cair na


mesma proporção e aí você ganha em janeiro, perde em março mas tudo
acaba em pizza.

Essas operações de hedge são especialmente úteis para aquelas companhias que
dependem de uma boa estabilidade nos preços de certas commodities para que os
seu lucros não desapareçam.

Pense nas companhias aéreas que gastam rios e mais rios de dinheiro com litros e
mais litros de combustível a cada viagem:

Quando o preço dos barris de petróleo sobe, o que acontece?

A margem delas é esmagada e por isso, fazer hedge com futuros para se proteger
contra esses movimentos não é apenas um luxo mas sim, uma necessidade que
ao não ser atendida, põe a saúde da empresa em risco.

Agora eu sei o que você está pensando:

“Hmm, legal, mas eu não trabalho com commodities, não quero fazer hedge e não
dou a mínima para as companhias aéreas.”

Nesse caso, saiba que uma parte enorme da líquidez dos mercados futuros existe
devido as compras e vendas de traders, como eu e você.

E adivinha qual é a intenção desses traders?

Ganhar dinheiro com os sobes e desces dos preços dos contratos, não importa o
que esses “contratos” representem.

Na verdade, você não precisa saber nada sobre o produto em si, exatamente como
na história do trader de soja que nunca viu um grão de soja na vida e não tinha a
mínima ideia da utilidade dele.

“Será que soja serve para fazer combustível?”

“Será que soja serve para comer?”

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Tanto faz, o importante é que nós podemos ganhar bastante dinheiro e até viver da
bolsa operando esses contratos, o resto é irrelevante.

Porém, será que esse caminho vale a pena?

Para descobrirmos a resposta, podemos sempre analisar mais um monte de prós e


contras, começando com os prós...

Mercado Pioneiro – A maioria das técnicas que eu ensino em meus blogs e


e-books surgiram antes no mercado de futuros e foram adaptadas para os
outros mercados, como o de ações ou o forex.

Conceitos de compra e venda, a ideia de “manter o que dá lucro e se livrar


do que dá prejuízo” e algumas das ferramentas que iremos conhecer fazem
parte da lista de contribuições desse mercado para o trading.

Isso significa que um trader terá uma rentabilidade um pouco maior e trades
que seguem as tendências com um pouco mais de facilidade e estabilidade
nos mercados futuros.

É vital notar que a diferença é pequena e ao primeiro olhar, insignificante, só


que após vários anos operando, um “nada” aqui e outro ali farão a diferença
na sua carteira com o passar do tempo.

Alavancagem e Vendas à Descoberto – Aqui também existe a facilidade de


alavancar o seu capital e vender ativos à descoberto.

Mesmo em países mais burocráticos como o Brasil é possível operar dessas


maneiras sem grandes dificuldades. Logo, você não precisa estar no exterior
para se beneficiar deste mercado.

E sim, apesar de até agora ambos os mercados possuírem tal vantagem, no


próximo você vai descobrir porque a sua falta é tão significativa e costuma
atrapalhar tanto os traders mais avançados.

Capital Inicial Pequeno Para Minis – Se por um lado operar futuros pode
ficar caro, por outro existem os minis, que são versões mais acessíveis dos
contratos futuros cheios.

Ou seja, se você não tiver o capital necessário para movimentar os contratos


mais caros, você pode operar minis, mais baratos.

E não é só nos contratos que existe a vantagem de começar com pouco pois
as corretoras também cobram menos (centavos) para quem opera minis.

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Boa Regulação – Ao contrário do mercado de moedas, o de futuros possui


todas as regulações possíveis e imaginárias no Brasil.

Sendo assim, se você for um brasileiro que ficou chateado com tal impecilho
no forex, fique tranquilo porque operar futuros aqui é totalmente seguro do
ponto de vista legal.

O mesmo vale para aqueles que possuírem um mercado de futuros (que, ao


contrário do forex, será local) bem regulado em seus próprios países, sejam
na Europa, América, Ásia etc.

Porém, agora devemos conhecer os podres que, felizmente, não são tão chegados
a este mercado e tendem a ficar longe dele.

Aqui estão os indesejáveis...

Faca de Dois Gumes – Sim, se você abusar da alavancagem ou vender à


descoberto de forma irresponsável no forex, você vai explodir.

Se abusar da alavancagem e vender à descoberto sem ter a mínima ideia do


que está fazendo nos futuros, você vai explodir também.

Esse contra vale para todo e qualquer mercado no qual é possível alavancar
ou descobrir e por isso, tais mercados sempre serão mais perigosos para os
iniciantes iludidos e irresponsáveis.

Como eu acredito que não seja o seu caso, esse não chega exatamente a
ser um contra para você, mas para eles com certeza é.

Suporte Fraco – Ao contrário do forex que é mundialmente conhecido e do


mercado de ações brasileiro que é conhecido no Brasil, o de futuros não é
tão bem suportado pelas comunidades locais.

Quando alguém lança um livro, ele provavelmente será sobre ações, se uma
nova ferramenta surgir, a comunidade irá trabalhar para que ela funcione
melhor com ações em primeiro lugar.

Em outros países (com a excessão dos EUA , que possui comunidades para
todos os mercados possíveis e imagináveis), o problema persiste.

É verdade que poucos vão sentir falta de uma boa comunidade, mas se você
estiver configurando uma ferramenta para funcionar especificamente com o
milho ou a soja e não conseguir, você terá dificuldades para encontrar ajuda
ou precisará pagar por ela.

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Baixa Variedade de Ativos – Infelizmente o mercado de futuros possui uma


variedade pequena de ativos diferentes (excluindo datas diferentes), o que é
ainda pior se o compararmos com o mercado de ações.

Para variar, esse contra não existe nos EUA porque a variedade lá é imensa,
mas quem mora em outro país será obrigado a enfrentar um dos mais chatos
e prejudiciais dos contras.

É o seguinte:

Caso você possua um capital acima de R$1kk (kk = milhão), esse poderá ser
um problema irrelevante. Se você quiser fazer day trades com poucos ativos,
o mesmo pode ser dito.

Ou seja, se você possuir o capital e/ou quiser fazer trades muito curtos, você
não terá nenhum problema.

Porém, se o seu capital é pequeno, você não pode operar todos os futuros e
provavelmente precisará ficar só nos minis, o que automaticamente joga um
dilema nas suas mãos:

Ou você se contenta em operar só IBOVESPA, Dólar, Boi Gordo e Café em


escalas menores (como intraday e swing, no máximo) para existirem vários e
constantes sinais para trades ou então, troca de mercado.

Apesar de tudo, podemos dizer que assim como o swing trading, esse mercado de
futuros é mais equilibrado de todos.

É verdade que com pouco dinheiro você fica preso às escalas temporais pequenas
e é obrigado a operar poucos ativos, mas se você não gosta das escalas maiores
(ou não está nos EUA), o mercado de futuros é ótimo.

Além disso, se você for emocionalmente equilibrado, não precisa tanto de um bom
suporte e não se incomoda em operar poucos ativos, não deixe de considerar os
futuros porque neles pode estar o seu.

Mercado de Ações
Estimo que 90% dos iniciantes brasileiros começam operando no que é conhecido
aqui como a “bolsa de valores”.

Mesmo sendo um termo genérico que não possui equivalentes em outras línguas e
cujo significado depende do contexto, na maioria das vezes esse contexto indica o
mercado de ações.

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Para quem não conhece o mecado de ações, a ideia é simples:

Quando uma empresa precisa de mais capital para investir nela mesma, ela pode
vender pequenas participações nos seus lucros futuros em troca de uma aplicação
inicial de dinheiro.

Ou seja, a empresa “se vende” ao acionista em um processo conhecido como IPO


e em troca, paga esse acionista com juros sobre o capital próprio e dividendos, os
famosos proventos, depois.

Quando o acionista não desejar mais a participação na empresa, ele ainda pode se
livrar das suas ações no mercado.

Isso significa que...

Se você comprou uma ação da Vale, você a comprou de alguém que não a
queria mais e que deve ter comprado de uma outra pessoa que não a queria
mais também.

Se você vendeu uma ação da Tam, você a vendeu para alguém que acredita
nos seus lucros futuros ou na sua valorização como ação.

Como você pode imaginar, os traders se importam mais (ou apenas) com os sobes
e desces dos preços dos ativos. Logo, se a ação for de uma empresa ótima cujos
preços só despencam, você não vai querer saber dela.

Por outro lado, se a empresa for medíocre mas os seus preços estiverem subindo
como se odiassem a gravidade, você vai ficar de olho nela para entrar assim que
surgir um sinal de compra.

Operar assim parece bom, mas...

Será que é isso o que você deseja fazer?

Será que é nesse mercado que você deve operar?

A maneira mais garantida de descobrir é operando sozinho por um tempo e tirando


as suas prórias conclusões, o que nem sempre é eficiente e portanto, vale a pena
facilitar o processo.

E adivinha como se facilita isso?

Analisando todos os seus prós e contras para ver se o mercado tem boas chances
de combinar com a sua personalidade, é claro!

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Sendo assim, vamos mais uma vez começar com os prós:

Mercado Nacional – Como a popularidade do mercado de ações no Brasil é


muito alta, existem diversas maneiras de se aprender a investir nele e ainda
mais tipos de suporte.

Você encontra livros, cursos, revistas, sites, palestras e fórums dedicados ao


mercado de ações por todos os lugares.

Encontra também softwares instaláveis e não-instaláveis, serviços de dados


em real time, consultorias e isso apenas para começar.

A vantagem é que caso você encontre alguma dificuldade, seja ao aprender


ou ao operar, ela será facilmente superada.

Boa Regulação – Nenhuma corretora pode oferecer serviços no Brasil sem


antes possuir as devidas regulações.

Logo, a chance de você cair em um golpe e ver a corretora sumir com o seu
dinheiro é mínima pois elas não podem nem começar a funcionar sem os
documentos necessários.

Outra vantagem é que existe um seguro de R$60 mil que te protege no caso
da corretora quebrar. Se isso acontecer e você tiver R$40 mil, por exemplo,
não-investidos na corretora, você receberá os R$40 mil de volta através dos
órgãos reguladores.

Segurança Para Iniciantes – Pensando também nos iniciantes iludidos que


alavancam e/ou descobrem de forma irresponsável, esses mesmos órgãos
criaram dispostivos de proteção para eles.

Ou seja, o iniciante até pode alavancar e descobrir, mas antes ele é obrigado
a enfrentar uma certa burocracia.

Por um lado isso é péssimo (é o primeiro dos contras, na verdade), mas pelo
outro é bom pois impede que muitas pessoas ingênuas e que nem merecem
explodir, explodam.

Você já deve imaginar a importância disso:

Quanto mais você sobrevive, mais você opera, mais você aprende, menores
se tornam os obstáculos e com o tempo, você se torna um bom trader. Mas
se você explodir no começo, é provável que você desista dos seus sonhos
sem antes ter tentado direito.

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Competitividade Das Corretoras – De vez em quando eu acho que a única


coisa que os brasileiros gostam mais do que carros de baixa qualidade são
corretoras de valores.

Porém, ao contrário das carroças nacionais, existem tantas corretoras que a


competição se torna alta e com isso, elas lutam com a faca nos dentes para
tentar conquistar os clientes.

Eu lembro que a maioria trabalhava com as taxas da tabela da Bovespa, que


eram muito caras. Depois, começaram a oferecer corretagens fixas, por volta
de R$18-20 para comprar ou vender.

Só que com o tempo os R$20 caíram para R$15, para R$10 e agora existem
várias corretoras que cobram apenas R$5 por ordem executada e outras que
cobram até R$1,99!

É claro que taxas menores ainda são taxas e podem atrapalhar os iniciantes
com pouco capital, mas devido a grande competição entre as corretoras, os
serviços tem melhorado e os preços, diminuído.

Na prática, é verdade que as coisas ainda não estão perfeitas, só que assim
como vários outros aspectos do Brasil, elas estão chegando lá e eu acredito
que ficarão ótimas com o tempo.

Alta Variedade de Ativos – Se você não gosta da ideia de operar 4 minis ou


alguns pares do forex, a de operar (ou pelo menos, ficar de olho) em mais de
100 ações pode te agradar bastante.

Não importa que você esteja no Brasil, em Portugal, na Ucrânia ou no Japão


pois a variedade de ações é sempre muito alta.

Você pode operar qualquer modalidade que quiser, pode selecionar diversos
tipos de ativos diferentes (como os das empresas do setor elétrico, bancário,
imobiliário etc) e pode até fazer hedges!

A vantagem é que você não se torna obrigado a operar certos ativos e então,
fica mais livre para operar do jeito que você deseja operar, aquele que mais
combina com a sua personalidade.

Novamente, uma importante questão de conforto.

Porém, o que não chega nem perto de ser confortável são os contras do mercado
de ações. Mas como devemos conhecer todos eles por segurança, é exatamente
isso o que iremos fazer a seguir...

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Faca de Dois Gumes – Sim, a burocracia impede que os iniciantes quebrem


com a velocidade que eles quebrariam se pudessem tomar as suas próprias
(e péssimas) decisões.

Mas será que você é um iniciante ingênuo, impulsivo, iludido, desequilibrado


e com graves problemas emocionais?

Caso seja, o mercado de ações vai te ajudar a investir de maneira segura ao


te proteger de você mesmo.

Só que se você for bem educado, equilibrado e realista, os empecilhos para


alavancar e para descobrir viram um contra.

Acredito que seja diferente em Portugal, mas no Brasil você só pode operar
alavancado ou descobrir ações se antes assinar os documentos necessários
e, às vezes, possuir +R$20 mil na sua conta da corretora.

Para piorar tudo, existem taxas para alavancar e descobrir que atacam o seu
capital com a mesma intesidade que as corretagens atacam o de quem tem
pouco capital ou enfrenta os spreads do forex.

Baixa Tendência à Movimentos Bem Definidos – O segundo e, felizmente,


último contra das ações diz respeito a dificuldade em ganhar bem operando
em uma direção ou outra.

Ao contrário dos mercados forex e futuros nos quais é mais fácil identificar e
aproveitar uma tendência de alta ou de baixa, com ações tudo complica pois
os movimentos são menos definidos.

O resultado é que o trader terá dificuldades maiores em conquistar retornos


satisfatórios sem antes se dedicar à procura de ativos que costumam seguir
tendências facilmente.

Ou seja, o mercado é ótimo para iniciantes, mas se você for muito iniciante,
você terá performances de iniciante pois as realmente boas só podem ser
conquistadas por traders mais experientes.

Com tudo isso na mesa e levando em conta os prós e contras das ações, fica fácil
classificarmos esse mercado como muito prático para traders avançados e muito
seguro para traders iniciantes.

Eu acredito que traders do mundo todo possuem chances maiores quando iniciam
no mercado de ações do seu próprio país antes de se aventurarem nos mercados
mais alavancados e/ou internacionais.

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Enfim, agora que conhecemos os três mercados mais populares, você não deve se
esquecer que as moedas, os futuros e as ações podem ser o fim, mas para muitos,
são apenas o começo.

Existem também os mercados de bonds (o maior do mundo, mas pouco acessível),


ADR's (ações americanas), ETF's (fundos de índice), opções (derivados de ações)
e outros que muita gente nem sabe que existe.

Esses dias mesmo eu conheci um cara que só operava metais preciosos nos EUA
e li um livro que contava a história de uma mulher gestora de fundo hedge que só
operava ações à descoberto!

O que eu quero dizer com isso é que vai levar tempo até você encontrar o mercado
ideal para operar.

Com o tempo e a experiência, é possível que você encontre o máximo de conforto


e a máxima rentabilidade em um desses mercados ou em qualquer outro que não
foi mencionado neste e-book.

Talvez encontre essas características desejáveis em um mercado comum, mas de


uma maneira totalmente incomum, como a mulher que descobre ações ou o cara
que opera metais preciosos como o ouro.

Porém, isso costuma ficar para depois.

Como nem todos os mercados ou maneiras de operar são práticas para iniciantes,
sejam brasileiros ou não, é melhor que você comece aos poucos, com calma em
um mercado bom para iniciantes.

E qual será o melhor mercado para você começar?

Isso vai depender de vários fatores, como por exemplo:

Quem você é;
Onde você está;
O que você quer fazer;
O que você pode fazer;
O que você não pode fazer;
Quanto você possui agora mesmo;
Quanto você pode conseguir rapidamente.

Então, levando em conta todas essas variáveis, eu quero que você faça o simples
mas não tão rápido e nem tão fácil exercício de parar por um instante e pensar na
situação sem pressa.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 54


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Depois, quando tudo estiver mais claro na sua mente e você tiver uma ideia mais
bem definida do que fazer, tome a sua decisão.

É claro, se você ainda estiver com dificuldades em escolher um caminho, talvez as


minhas recomendações possam te ajudar.

No geral, eu recomendo o mercado...

Forex – caso você não seja brasileiro ou more em um país no qual o forex é
levado a sério e não tenha uma personalidade impulsiva, inconsequente e
impaciente demais.

Futuros – caso possua um bom capital (para contratos cheios) ou, se quase
não possui nada, more nos EUA ou goste da ideia de operar mini-contratos
na modalidade dos day ou swing trades.

Ações – caso seja um iniciante que deseja começar em um caminho prático,


seguro, acessível e, se tiver pouco dinheiro, goste da ideia de fazer position
ou swing trades.

Novamente, no futuro você poderá se jogar nas opções ou nos bonds sem nenhum
problema. Mas enquanto você estiver no começo, é melhor operar com o mínimo
drama possível antes de encarar águas desconhecidas.

E por falar em águas desconhecidas, recomendo que você faça um intervalo agora
e pegue um copo de água ou de chocolate quente pois o próximo capítulo será um
dos maiores deste e-book.

A boa notícia é que será um dos mais úteis...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 55


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

As Operações

Você pensa corretamente.

Você tem um plano bem definido.

Você pretende operar uma certa modalidade em um certo mercado, mesmo que no
futuro troque os dois.

Sabendo disso você já está avançado na parte mais chata e teórica do tal viver da
bolsa de valores.

Porém, ainda falta responder a pergunta:

“Legal, mas como que eu opero os ativos em si?”

Basicamente, se você espera que os seus trades funcionem, você deve ser capaz
de entender o timing dos mercados, o conceito de posições equilibradas e é claro,
as suas alternativas para colocar tudo isso em prática.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Em outras palavras, para operar os ativos, você precisa antes conhecer e aprender
a explorar um edge.

Deixe-me te dizer uma coisa que a esmagadora maioria dos traders que deseja se
profissionalizar não sabe:

O trabalho de um trader não é comprar e vender ativos.

O trabalho de um trader é explorar um edge.

Para entender o que é um edge (não confundir com um hedge de proteção porque
são coisas totalmente diferentes), pense no seguinte:

Um jogo de cara ou coroa.

Jogando com uma moeda não-viciada, após 1000 rodadas é bastante provável que
você encontre 500 caras e 500 coroas.

É claro que nem sempre os valores serão exatos pois de vez em quando a moeda
irá gerar resultados como 504 caras e 496 coroas, por exemplo. Porém, na maioria
dos casos os números ficarão próximos de 500 e 500 pois essa é a probabilidade
da moeda em questão.

O problema é que você não pode ganhar nada com isso.

Você não pode apostar sempre em cara pois você perderá aqui, ganhará ali e após
várias rodadas, ficará na mesma. O mesmo vale para a coroa: você pode apostar e
apostar e no final vai terminar aonde começou.

Portanto, em um jogo de cara ou coroa com uma moeda comum, dizemos que não
existe nenhum edge pois não há nenhuma vantagem em apostar nem no lado da
cara e nem no da coroa.

Pensando nisso, fica a questão:

“E se usarmos uma moeda diferente?”

Se ao invés de uma moeda comum, usarmos uma moeda viciada que tende a dar
cara 60% das vezes, obviamente ela dará coroa nas 40% restantes, ou então, 600
caras e 400 coroas a cada 1000 rodadas.

“Será que agora surge um edge?”

Sim, com certeza!

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Apostando sempre em cara, após várias rodadas você terá acertado ~60% delas e
errado o resto. Você perderá aqui, várias vezes seguidas, ganhará ali, mas com o
tempo terá um bom dinheiro.

Legal, não acha?

O que é mais legal ainda é que você não precisa necessariamente acertar mais do
que errar para acumular o mesmo dinheiro.

Se uma moeda gera cara em 30% das vezes contra 70% das coroas mas gera um
lucro de R$5 contra uma perda de R$1, você também ganha.

Afinal, você terá após 100 rodadas:

R$150 de lucros nas 30 caras (30 x 5 = 150)


R$70 de perdas nas 70 coroas (70 x 1 = 70)
R$80 de saldo final (150 - 70 = 80)

Ou seja, você pode apostar em cara todas as vezes que mesmo acertando menos
de um terço das rodadas você irá ganhar dinheiro porque esse cara ou coroa não
passa de um jogo de números no qual você tem um edge.

Adivinha o que a bolsa tem a ver com isso?

Tem tudo a ver porque...

A bolsa também é um jogo de números!

A bolsa é só uma cara ou coroa mais complicada!

Portanto, se você for operar com um edge ao seu lado, você praticamente já ganha
antes mesmo de começar porque com ele as suas chances de sucesso aumentam
de modo dramático e se tornam previsíveis.

Além de ganhar nos mercados, você opera com mais tranquilidade porque ao jogar
uma “cara ou coroa complicada” sabendo que você deve vencer de qualquer jeito,
o seu humor muda completamente.

Você começa a ver os trades com outros olhos...

Comprou um ativo e ganhou dinheiro? “Ótimo, tanto faz, próximo.”


Comprou um ativo e perdeu? “Droga, tanto faz, próximo.”
Ganhou 10 vezes seguidas? “Tanto faz, próximo.”
Perdou 10 vezes seguidas? “Próximo!”

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Agora, como encontrar um bom edge nos mercados é vital para que você opere da
maneira mais mecânica, fria, fácil, tediosa e lucrativa possível, você deve conhecer
o dispositivo que te ajuda a explorá-lo.

Este dispositivo é conhecido como “sistema de trading”, que é um apenas conjunto


de regras que te diz como operar. Logo, se o sistema te manda comprar usando a
ferramenta X e gastando Z, é isso o que você faz.

Todas as vezes.

Sem olhar para trás.

Porém, antes de seguir um sistema você precisa saber usá-lo e para tal, você deve
saber que além da modalidade e do mercado escolhidos, existem dois elementos
técnicos em um sistema típico.

Esses elementos são:

Quando – te ajuda a operar com um timing (análise técnica) que seja o mais
perfeito, seguro e rentável possível.

Quanto – te impede tanto de encarar riscos kamikazes quanto de se arriscar


como Coragem, o Cão Covarde.

Nesse capítulo, que será muito mais prático que os anteriores, você vai aprender a
usar esses dois elementos e descobrir como eles se tornam sistemas que podem
ser copiados ou criados do zero.

Mas vamos com um passo de cada vez, partindo dos conceitos mais básicos que
te ensinam basicamente...

Quando Operar
Que tal começarmos com um exemplo?

Imagine que você está olhando ativos aleatórios no mercado quando encontra um
cujo preço no fechamento foi de singelos R$17.

“Legal, ele custa R$17, e daí?”

E daí, nada.

Como um único preço não tem a mínima utilidade sozinho, você deve esperar por
mais alguns para saber o que fazer.

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Durante 24 dias você anota todos os preços em um papel e então, termina com os
valores abaixo:

R$17 – R$18 – R$17 – R$16 – R$15 – R$16 – R$15 – R$16


R$17 – R$18 – R$19 – R$20 – R$19 – R$19 – R$20 – R$19
R$20 – R$19 – R$18 – R$19 – R$20 – R$21 – R$22 – R$23

Após tentar encontrar algum significado nos números, você começa a notar alguns
detalhes que demostram o conceito mais importante de toda a análise técnica, sem
o qual ela não poderia existir.

Observe e aprenda:

Na primeira linha, o ativo sobe de R$17 para R$18, perde a força, despenca
até os R$15 mas por algum motivo não passa disso, apenas fica “batendo”
nos R$15 e nos R$16 como se não pudesse cair mais.

Depois de alguns dias, ele volta a subir bem, passando pelos R$17, R$18 e
R$19. Porém, quando chega nos R$20, a força some e ele volta a “dançar”,
como se não quisesse continuar subindo.

Novamente ele fica na frescura de cair para R$19 e R$18. Mas poucos dias
depois a força volta e ele passa para R$19, R$20 e daí, ao invés de dançar
como antes, ele explode para R$23!

Se esse vai e volta te pareceu um pouco confuso, não se preocupe pois tudo ficará
claro quando você entender o que aconteceu.

Preste muita atenção nisso porque se você quer mesmo viver da bolsa de valores,
você não tem o direito de não entender o seguinte:

Na primeira linha, o ativo não despenca dos R$15 porque os participantes do


mercado acreditam que nesse preço, aquele ativo está barato. Como muita
gente está comprando-o por tal valor, surge uma espécie de “suporte” que o
impede de cair ainda mais.

Após várias compras, o ativo retorna ao topo dos R$18 e sobe até os R$20,
um patamar no qual muitos acham que ele ficou caro. Por isso eles vendem,
o que gera uma “resistência” que o impede de subir.

O interessante é que apesar das vendas em R$20, os outros acham que ele
ainda está barato e continuam comprando. Como a força dos compradores é
maior do que a dos vendedores, a “resistência” dos R$20 é rompida, o que
deixa claro que o papel tem forças para continuar subindo.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

De forma mais resumida...

Se um papel fica entre uma máxima de R$8 e uma mínima de R$4 mas do
nada chega a R$9, isso mostra que ele é uma boa compra e tem forças para
subir pois do contrário, ele não teria chegado a R$9.

Por outro lado, se ele cair para R$3, isso mostra que o movimento de queda
deve continuar pois se o papel tivesse força, ele teria pelo menos continuado
na faixa entre R$8 e R$4.

Enfim, agora que você entendeu o importante (e chato) exemplo numérico, que tal
um gráfico?

Nesta imagem “emprestada” do meu outro e-book, “A Tríplice do Trading”, você vê


a representação dos números mais facilmente, ou seja:

Ele mostra o papel caindo de R$7,9 para R$7,2 e R$6,6.

Ao chegar nos R$6,3 (seta cinza), surge um suporte (que é a força de quem
acha que “por esse preço tá barato!” - linha cinza) e impede os preços de
caírem mais.

O papel sobe do suporte de R$6,3 para R$7,2 e então surge uma resistência
(“por esse preço tá caro!”) que o força para baixo.

Sem forças para subir, ele volta ao suporte de R$6,3, onde ele é rompido (ou
“empurrado” - seta vermelha), indicando a tendência de queda que por sua
vez, é confirmada logo depois com o papel caindo até R$4,7.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Agora, é verdade que este exemplo serve mais para identificarmos um suporte, só
que usando os gráficos nós podemos identificar as resistências com exatamente a
mesma facilidade.

Eis um novo exemplo:

Neste segundo gráfico você vê uma típica resistência, ou seja:

Ele mostra um ativo subindo com muita intensidade até R$25, onde o preço
começa a cair porque a força vendedora acha que “por R$25 tá caro, então
acho melhor vender!”

Nesse ponto dos R$25, indicado pela seta e linha cinzas, é gerada a tal da
resistência pela força vendedora.

O ativo cai até R$23,2 e tudo muda pois nesse valor, muitos participantes do
mercado acreditam que vale a pena comprar o ativo porque ele ficou mais
barato, o que gera um suporte nesses R$23,2.

Agora é a vez da força compradora jogar os preços para cima, fazendo com
que eles se recuperem rapidamente.

E então, depois de enrolar por 3 longos dias, o ativo rompe a resistência dos
R$25 (seta verde) e os preços sobem com força até os R$28, como mostra o
lado direto do gráfico.

Novamente, o caso aqui se baseia na ideia do ativo que fica entre dois valores por
um certo período de tempo.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Se esse ativo não sai da faixa entre R$15 e R$10, você só deve comprá-lo se ele
passar de R$15 ou, caso você tenha o ativo, vendê-lo se ficar abaixo de R$10.

Sendo assim...

Se a resistência estiver em R$15, você compra quando o ativo atingir o valor


de R$15,01 ou R$15,02.

Se o suporte estiver em R$10, você vende quando o ativo atingir os R$9,99


ou R$9,98.

Vale notar que você não pode se dar ao luxo de esperar demais para comprar ou
vender um ativo pois tais atrasos aumentam o risco das suas operações e quase
garantem o seu fracasso.

Tenha cuidado pois esse erro é muito comum!

Existem vários traders que compram ativos esperando que eles gerem lucros altos
mas quando a operação dá completamente errado, eles preferem ignorar o fato e
começam a racionalizar.

É nessas situações que surge aquela sequência fatal de pensamentos ilógicos que
destrói com o capital de tantos traders do Brasil e do mundo.

Esses infelizes e futuros pobres traders pensam...

“Hmmm, tudo bem, deveria ter vendido por R$9,98 e agora está em R$8, eu
sei que parece que fiz errado mas eu sei que esse papel vai subir!”

“Ok, agora caiu para R$7 mas isso não me incomoda porque como ele ficou
barato, o preço deve subir a qualquer momento!”

“Sim, verdade, ele está em R$6 e eu acho que fiz bobagem, vou reconhecer
o erro e vender quando voltar aos R$7 para não assumir tanto prejuízo.”

“Não voltou para R$7 e agora está em R$4 mas ainda dá tempo de salvar já
que eu vou vender quando o papel voltar para os R$6.”

“O quê? Chegou em R$1? Nããããããooooooo...”

Então você já sabe...

Ativo rompeu a resistência? Compre na hora, sem hesitar!


Ativo rompeu o suporte? Venda na hora, sem hesitar!

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Agora, apesar dos suportes e das resistências funcionarem em qualquer mercado,


às vezes eles são difíceis de se identificar só pelo olhar.

A solução são os “Canais de Donchian”, uma ferramenta composta de duas linhas,


a superior com as resistências e a inferior com os suportes, que pode ser vista nos
exemplos abaixo...

Aqui a seta verde mostra o momento exato no qual o ativo rompe a resistência por
volta dos R$26 (ou seja, sinal de compra) e segue a sua forte tendência de alta.

Neste segundo, a setinha vermelha mostra quando um outro ativo rompe o suporte
(sendo assim, um sinal de venda) e começa a despencar.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 64


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Apesar da eficácia dos canais, muitos não gostam de S&R e podem operar melhor
com ferramentas mais simples, como as que indicam sinais de compra ou venda
através de cruzamentos.

As médias móveis são o representante da vez.

Como o próprio nome já indica, uma média móvel é uma linha feita a partir de uma
média dos preços de um ativo durante um período pré-determinado.

Isso quer dizer que uma média móvel de 18 irá mostrar a média de preços durante
esses 18 períodos, sejam eles minutos, dias, semanas ou até anos, dependendo
do tipo de gráfico escolhido.

Enquanto uma média móvel por si só é inútil, duas linhas de períodos diferentes se
cruzam com frequência e geram sinais de compra e venda.

No caso, se a linha de período menor cruzar a de período maior para cima, o sinal
é de compra e se a linha de período menor cruzar a de período maior para baixo, o
sinal é de venda.

Aqui vai um exemplo...

Na seta verde, a linha de período menor (também verde) cruza a maior (vermelha),
sobe bem e algum tempo depois, cruza para baixo (seta vermelha), terminando a
operação com lucros na venda.

O legal das médias é que você pode encontrar o seu edge mudando os períodos,
adicionando médias (não existe um limite) ou até usando médias de outros tipos.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Um tipo muito popular é o exponencial que no mesmo ativo mostra os sinais, tanto
o de compra quanto o de venda, de forma adiantada, o que garante lucros maiores
em relação ao tipo anterior, o simples.

Observe como o exemplo abaixo é mais “rápido” que o anterior:

Enfim, sempre existem aquelas pessoas que além de não gostarem dos S&R, não
gostam também das médias móveis e preferem tirar o seu edge de uma maneira
mais artística e intuitiva e menos bem definida e fixa.

Para elas, a ideia de operar padrões como o “Ombro-Cabeça-Ombro-Invertido” que


vemos abaixo pode ser bem vinda.

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Esse padrão estranho é formado quando um ativo qualquer...

Perde valor (arco azul esquerdo);


Se recupera pouco;
Perde mais valor (arco azul central);
Se recupera bem;
Perde valor (arco azul direto);
Se recupera pouco;

Ele pode ser utilizado da seguinte forma:

Se o pescoço (que é a linha de tendência – resistência inclinada e cinza) for


rompida (o que acontece na seta verde), o ativo tende a se valorizar e então,
você deve comprar.

Se o pescoço não for rompido (o que deixa de confirmar o padrão), é melhor


vender à descoberto contando com a possibilidade do preço cair novamente,
como antes na linha de tendência.

Logo, quando você compra no rompimento da resistência (ou no caso, pescoço) ou


vende nessa mesma resistência quando ela não consegue ser rompida, adivinha o
que acontece?

Você tem um possível edge!

É claro que existem outras ferramentas que podem ser usadas na busca pelo edge
mas eu não vou me estender porque análise técnica é como beber água: você não
precisa conhecer muito além de S&R (incluindo donchian) e MM's.

Quem quiser mais informações pode encontrá-las no Google de graça ou em livros


sobre análise técnica (dica - são todos iguais).

Porém, não importa quantas ferramentas você conheça porque o rendimento delas
depende demais (para não dizer totalmente) da modalidade, do mercado etc. que
forem escolhidos.

Também não podemos ignorar que se você sabe o que vai operar e quanto tempo
os seus trades devem durar, você ainda precisa saber a resposta de uma pergunta
cuja importância é extrema:

“Quanto dinheiro você vai aplicar por trade?”

Sim, existe mais uma variável a ser considerada antes que você possa explorar o
seu edge corretamente...

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Quanto Operar
Voltando ao jogo de “cara ou coroa” no qual a probabilidade da moeda em dar cara
é de 60%, tente responder o seguinte:

O que vai acontecer se você apostar todo o seu dinheiro, até o último centavo, em
cara na primeira rodada?

Depende...

Se der cara, você vai dobrar o seu dinheiro e poderá continuar jogando com
o objetivo de ganhar mais.

Se der coroa, você vai perder todo o dinheiro e será obrigado a abandonar o
jogo mesmo tendo o edge da moeda.

Isso quer dizer que se você “aplicar” tudo em cara e ganhar várias vezes seguidas,
sempre reinvestindo o que ganhou, mas em uma única rodada receber uma coroa,
você vai perder todos os lucros, inclusive o original!

Não vai adiantar nada se você encontrar uma moeda que gere cara em 99,9% das
rodadas porque apostando 100% sem parar, uma hora dessas, mais cedo ou mais
tarde, você vai tirar coroa e vai acabar sem um centavo.

O outro lado da situação não é melhor.

Se ao invés de arriscar tudo você arriscar quase nada, é claro que você vai ganhar
dinheiro com o tempo, mas será pouco dinheiro em tempo demais.

Logo, é importantíssimo que um trader opere de maneiras que permitam que o seu
edge seja explorado de forma equilibrada, sem correr riscos absurdos e sem deixar
de correr riscos “at all”.

Essa maneira de escolher as quantias ideais é conhecida como gestão do dinheiro,


position sizing ou money management e é aplicada atráves de técnicas chamadas
de modelos.

Assim como é o caso da análise técnica, existem diversos modelos que podem ser
escolhidos, desde os mais simples até os mais complicados.

Um dos mais simples consiste em pegar o seu capital, dividí-lo em X partes iguais
e investir cada parte (ou bloco) em um ativo diferente.

No caso, X costuma ficar entre 6 e 12, sendo 8 um valor muito popular.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 68


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Já um dos mais complicados (e eficazes) pode ser usado quando você arrisca uma
porcentagem fixa em cada operação. Ou seja, se você arriscar 2% mas o trade der
errado, você perde 2% do seu capital e só.

Para operar assim você precisa precisa saber antes quando irá comprar e quando
irá vender se o trade for para o sul logo no começo.

Por exemplo...

Se você deseja comprar por R$10 na linha de cima de donchian e a linha de baixo
estiver nos R$8, você compra o máximo número de ativos de modo que, se tudo
der errado e você for obrigado a vender por R$8, essa perda destrua o seu capital
em apenas X%.

Note que de R$10 a R$8 existe uma diferença muito acima de 2%, porém, isso é o
que menos importa pois o modelo protege o seu capital como um todo. É possível
perder 20% em uma ação enquanto a perda representa apenas 2% ou 3% do seu
capital se você comprou as quantias certas.

Para saber quais são essas quantias, basta calcular o tamanho da posição usando
a tabela do “modelo de porcentagem relativa ao stop”, em formato Microsoft Excel,
que acompanha este e-book.

E agora repito (você não pode esquecer): não arrisque demais!

Existem traders que se tornam famosos devido às suas conquistas nos mercados
financeiros. Às vezes é um adolescente que ganhou R$100 mil em um dia aqui ou
uma dona de casa que ganhou R$1 milhão em futuros ali.

O que essas histórias nunca mencionam é que tais quantias sempre são atingidas
sem que o trader esteja seguindo um modelo seguro da gestão do dinheiro, o que
garante apenas uma coisa:

Com alguma sorte o trader pode se dar bem se acertar alguns trades seguidos, só
que com todo o risco, uma hora ele vai “tirar uma coroa”, vai perder tudo e dessa
vez ninguém vai escrever uma notícia sobre ele.

Portanto, se você já caiu na ilusão de enriquecer logo na bolsa, agora você já sabe
que isso só é possível (momentaneamente) quando o trader tem muita sorte, corre
riscos gigantescos e/ou opera de maneira 100% insustentável.

Lembre-se que o objetivo da gestão do dinheiro é te manter no jogo explorando um


edge com a segurança que mesmo após vários trades terríveis, você ainda terá o
suficiente para se recuperar e ganhar mais depois.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 69


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Como Operar
O termo “edge” significa vantagem.

Quem possui um edge, possui uma vantagem sobre uma pessoa, sobre um grupo
de pessoas ou é claro, sobre algum ativo financeiro.

Algumas vezes esse edge pode ser muito bem definido como foi nos exemplos dos
jogos de cara ou coroa, mas em outras, pode ser difícil de se calcular e apresentar
com estatísticas.

Ou seja, o bônus de analisar moedas, médias, canais de donchian e descobrir que


“você deve acertar 50% das vezes, ganhando 35% nos acertos mas perdendo 19%
nos prejuízos” é uma característica única dessas ferramentas.

Quem usa ferramentas intuitivas, como padrões gráficos, fibonacci ou candlesticks,


não goza de tal bônus porque o que pode ser um “ombro-cabeça-ombro” para um
trader pode não ser para o outro, o que impede os cálculos das estimativas.

É por isso que após conhecer todas as variáveis possíveis, você precisa decidir se
prefere operar um edge formado através das estatísticas ou um formado pela sua
intuição, baseada apenas nos conceitos do trading.

Em outras palavras...

Você quer seguir um sistema sem precisar pensar em quase nada, operando
da mesma maneira trade após trade, quase como um robô ou...

Você quer operar analisando os ativos individualmente, com calma e levando


em conta diversos fatores gráficos, como um artista?

De modo geral, se o trader é um iniciante, o mais recomendado é que ele siga um


sistema testado porque ao operar apenas com a sua intuição, ele correr o risco de
quebrar porque a sua falta de experiência não garante que a sua intuição exista ou
seja decente e confiável.

Além da vantagem de ser mais fácil operar sem precisar ficar analisando os ativos
individualmente, quem começa operando assim se tranquiliza com a certeza que o
seu edge realmente existe e que enquanto ele continuar “escolhendo cara”, ele vai
ganhar dinheiro com o passar dos anos.

Já a desvantagem é que se o trader não encontrar um sistema bom e confiável, ele


pode acabar operando achando que possui um edge ótimo quando na verdade não
possui nada.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 70


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Isso significa que para seguir esse caminho da forma correta e eficaz, você precisa
escolher entre duas alternativas:

Criar o seu próprio sistema de trading do zero;


Procurar um bom sistema que seja compatível com os seus gostos.

Se você prefere criar o seu próprio sistema com direto às estatísticas, você precisa
transformar as suas decisões em regras e fazer “análises quantitativas financeiras”
sobre elas, ou em termos leigos, fazer “backtests”.

Para isso existem softwares como o Metastock, o TradeSim ou o Amibroker. Como


o Amibroker é o mais barato e fácil de usar, foi ele mesmo que eu usei para ensinar
backtests no “A Tríplice do Trading” e que recomendo atualmente.

Por outro lado, se você não quiser criar nada, prefere usar um sistema já testado e
com a garantia de que ele possui mesmo um edge, o jeito é procurá-lo no Google
tomando cuidado para não encontrar um abacaxi.

Honestamente?

No futuro você vai acabar fazendo os seus próprios backtests pois raramente você
vai encontrar sistemas que combinam com os seus gostos sempre. Logo, será útil
aprender a testar uma hora dessas.

Porém, você pode adiar esses estudos por alguns anos se no meio tempo usar um
sistema testado e aprovado como o que eu criei, usei, recomendo para iniciantes e
apresento para você nos bullet points abaixo:

Mercado – Ações Small Caps da Bovespa


Modalidade – Position Trading (Gráficos Diários)
Ferramenta Técnica – Canais de Donchian 75 / 35
Gestão do Dinheiro – Porcentagem Relativa de 2,5%

Como é o caso de todo sistema, ele é super específico e não deve funcionar se for
usado com forex, futuros, ações que não sejam small caps da Bovespa ou operado
nas modalidades de day ou swing trade.

É seguro, porém, substituir os canais de donchian 75 / 35 por 74 / 32 ou o risco de


2,5% para 2,4% ou 2,35% pois quando um sistema é bem feito (como é o caso do
meu, modéstia à parte), alterações ligeiras mantém o edge intacto.

Enfim, se usado corretamente e com disciplina, a tendência é que você atinja uma
média acima de 35% líquidos ao ano, acertando apenas 50% dos trades mas com
ganhos médios muito superiores às perdas médias.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 71


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Agora, se você não quiser seguir sistemas bem definidos demais com estatísticas
que praticamente dispensam o seu trabalho como trader, saiba que o preparo para
operar do modo artístico é bem diferente.

Aqui a ideia é conhecer muito bem as ferramentas que você deseja utilizar e então,
olhar gráficos antigos dos ativos desejados analisando os padrões que teriam sido
operados no passado.

Ou seja, é basicamente um backtest feito de forma totalmente manual com o intuito


de implantar na sua mente um pouco da experiência absorvida pelos traders que
operaram dessa forma antes.

Talvez você não tenha operado aquele “três montanhas” do ativo ABC em 2003 ou
aquela “mulher grávida” do XYZ em 2012, mas estudando esses padrões você se
acostuma a reconhecê-los e ganha alguma experiência.

Enfim, se tudo isso parece ser complicado e trabalhoso, é porque é mesmo.

Criar ou encontrar um sistema com um edge, seja ele testado com softwares ou de
forma manual, é algo que exige paciência e dedicação. Porém, metade do trabalho
estará terminado quando você encontrar o seu (ou copiar o meu).

Depois?

Faltarão poucos passos.

E adivinha qual é o próximo passo?

Sair do computador e ir no banco e nos correios!

Sim, todo trader precisa cuidar de mais alguns detalhes antes de operar...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 72


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Os Coadjuvantes

Você já tem o seu edge, não é?

Então tire o seu dinheiro da carteira, segure-o em suas mãos, pense no ativo que
deseja e aguarde.

Se o seu dinheiro se transformar magicamente no ativo, me contate e me ensine a


sua mágica, eu pago muito bem.

Se não aconteceu nada, sinto muito mas você também vive em um mundo no qual
um trader não vive sem alguns intermediários.

Os mais vitais desses “coadjuvantes” são:

Bancos e Corretoras;
Softwares e Pacotes de Dados.

Para variar, agora nós vamos conhecer um pouco de cada um...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 73


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Bancos e Corretoras
Sim, seria mais fácil se pudéssemos comprar os ativos diretamente dos mercados,
mas infelizmente isso não é possível.

Para que uma operação possa ser feita, o dinheiro do trader deve ir de sua carteira
para a sua conta bancária e daí, para a sua conta em uma corretora que trabalha
com o mercado desejado.

Apesar do processo não ser eficiente, existem maneiras de escolhermos bancos e


corretoras para diminuirmos a intensidade do empecilho que é precisarmos desses
intermediários.

Sendo assim, a pergunta que fica é:

“Então qual banco e corretora eu devo escolher?”

Em um mar de opções, algumas características de bancos ou corretoras podem te


ajudar ou até destruir os seus planos. É por isso que você precisa analisar certas
variáveis para fazer a escolha certa.

Começando com as contas em bancos, as suas variáveis são:

Custo da Conta – Para ter uma conta corrente você precisa pagar uma taxa
de manutenção que, mesmo sendo insignificante para muitos, pode fazer a
diferença com o tempo.

Algumas pessoas gostam da possibilidade de usufruir de benefícios que elas


nem sabem que existem enquanto outras precisam gastar mais de R$100 ao
mês para ter acesso a funções diferentes.

Se você não for uma delas, entenda que quanto menos dinheiro você gastar,
melhor para você no futuro.

Portanto, você pode abrir uma conta básica em um banco como o Bradesco
ou o Itaú, usar aquela conta de universitário que você nem sabia que ainda
existe ou então, abrir uma conta grátis.

Se você está fora do Brasil, abra uma conta em um banco saudável que, se
possível, ofereça descontos para estudantes.

Se você está no Brasil e pretende usar a conta normalmente, escolha a mais


básica do Itaú, BB ou qualquer outro. E se não pretende usar a conta fora da
bolsa, abra uma de “Serviços Essenciais” (grátis) e fim de papo.

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Custo das Transferências – Quando a sua conta corrente estiver lotada de


dinheiro eletrônico você vai precisar transferir esse dinheiro para a corretora,
o que gera um custo.

Quem for operar mercados internacionais como o forex precisa pagar taxas
que vão de R$50 a R$250 reais em um banco comum e chegam até os 10%
na Western Union e, às vezes, nos cartões de crédito, débito e PayPal se os
valores enviados forem pequenos.

Como a ideia de usar o cartão ou fazer transferências pequenas e pagar tais


taxas é ilógica e kamikaze, novamente fica claro que quem deseja viver dos
mercado com o forex precisa de bala na agulha.

Por outro lado, quem for operar no Brasil terá a vantagem de lidar com taxas
muito menores, inclusive se o seu capital for pequeno e o seu plano de viver
da bolsa estiver “on hold” por alguns anos.

Aqui, quem tem uma conta no banco X e quer operar com uma corretora que
trabalha com o Y, precisará pagar um DOC (<R$3k, compensa em D+1) ou
um TED (>R$3k, compensa em D+0) pela operação.

Os custos de DOC's e TED's ficam entre R$7 e R$10 para quem transfere o
dinheiro pela internet e entre R$12 e R$15 para quem o transfere direto pelo
caixa da agência.

A boa notícia é que se você abrir uma conta em um banco com o qual a sua
corretora trabalha, você irá pagar R$0.

Por exemplo, como a corretora TOV trabalha com o Itaú, quem trabalha com
o Bradesco até precisa pagar um DOC ou um TED, mas quem trabalha com
o Itaú também não paga nada.

Portanto, se você quiser pagar taxas, tudo bem. Mas se for possível escolher
um banco bem aceito pelas corretoras, você provavelmente poderá trabalhar
sem fazer um único DOC ou TED.

Sim, esses “detalhezinhos” são importantes.

O triste é que são poucos os traders que pensam neles e por isso, a maioria acaba
com um capital derretido pelas taxas.

Sendo assim, certifique-se que a sua conta corrente não esteja roubando recursos
preciosos com taxas obcenas de manutenção e que as suas transferência sejam
baratas ou melhor, de graça.

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Agora, outro jeito de proteger o seu capital é escolhendo uma corretora de valores
que também não o destrua com ácido.

As variáveis dessa vez são:

Custo da Conta – Assim como nos bancos comuns, em uma corretora você
precisa pagar uma taxa para a conta existir. No Brasil ela é conhecida como
“taxa de custódia”.

O lado bom de mais um taxa irritante é que apesar de ficar entre R$7 a R$20
por mês, em alguns casos você pode evitá-la.

Quem opera ações encontra corretoras que não exigem o pagamento caso
você compre ou venda alguma coisa em um mês. Ou seja, se você fez uma
operação sequer, você fica isento.

No mercado de futuros a notícia é ainda melhor pois essa taxa simplesmente


não existe.

Já no mercado que até agora se mostrou o menos acessível, o forex, ela não
costuma ser cobrada. Porém, em alguns casos raros, o custo pode atingir
até R$210 por ano.

Custo das Operações – Ações e futuros cobram corretagens enquanto os


pares do forex cobram spreads, que podem não ser corretagens em si mas
funcionam como se fossem.

Considerando que não há a mínima possibilidade de evitar taxas ou spreads


sem conhecer alguém da corretora ou participar de alguma promoção, você
precisa aceitar mais um tipo de gasto.

A ideia para isso é a mesma de antes, ou seja, pagar menos.

Uma boa corretora de ações terá corretagens acessíveis, ficando sempre na


faixa de R$2 e R$15. Logo, escolhendo a MyCap, Socopa, Rico, Mirae Asset
e afins, você não terá problemas.

Nos futuros, a maioria das corretoras cobra R$0,30 por contrato pelos cheios
mais populares e nos minis, você encontra até R$0,25 por contrato, portanto,
guie-se por esses valores.

Finalmente, no forex o objetivo é encontrar os menores spreads. Como eles


variam de par para par, as comparações devem ser feitas diretamente. Visite
o FxIntel ou o MyFxBook para facilitar.

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Qualidade do Suporte – A corretora custa quase nada, a taxa de custódia é


de R$0 ou perto disso e todo mundo fica feliz correndo na estrada de tijolos
amarelos, certo?

Errado pois nada vai adiantar se um dia você abrir o home broker, notar que
todo o seu dinheiro desapareceu e o suporte da corretora levar meses para
perceber o erro e corrigir o problema.

Ou seja, você precisa de um suporte decente.

Para ter uma boa ideia da qualidade do suporte de uma corretora, o melhor
a se fazer é testá-lo. Use o chat, mande e-mails, ligue para eles e visite-os,
se for possível.

É claro que nada disso garante que a corretora poderá te ajudar quando a
“merda atingir o ventilador” mas você terá pistas sobre a sua qualidade, algo
que pode influenciar na sua escolha de corretora.

Qualidade da Publicidade – Sempre, eu repito, SEMPRE desconfie de uma


corretora que te promete rios de dinheiro sem que você precise fazer nada
além de abrir uma conta.

Em mercado regulados localmente (ações no Brasil, futuros na França etc.),


você raramente verá peças suspeitas, porém, nos internacionais o nível cai e
costuma indicar um empresa pouco honesta.

Sendo assim, se a corretora publica peças “boas demais para ser verdade”
em blogs cheios de palpites, fique de olho pois a que estampa a sua marca
em carros de Fórmula 1 e exalta as suas ferramentas e preços baixos tende
a ser um pouco mais confiável.

Não foi tão difícil, foi?

Afinal, você só precisa de uma conta barata em um banco de qualidade com taxas
de transferência grátis ou pelo menos aceitáveis e outra em uma corretora com a
menor taxa de manutenção ou custódia possíveis, corretagens ou spreads baixos
e é claro, um suporte decente.

Parece pedir demais mas como a maioria das pessoas são preguiçosas, algumas
empresas oferecem nada e pedem muito e outras oferecem tudo e pedem nada,
tudo depende do público-alvo dessa empresa.

Então saiba que em qualquer mercado ou país você pode encontrar bons serviços,
basta procurar corretamente, com muita paciência e cuidado.

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Softwares e Dados
Após abrir as contas e transferir o capital, você terá acesso ao home broker que a
corretora disponibiliza.

Para quem não sabe, o home broker é a ferramenta que um trader utiliza ao operar
nos mercados, ou seja, ela serve resumidamente para comprar, vender e agendar
ordens direcionadas aos ativos.

Na teoria, a utilidade dela acaba por aí.

Porém, como os clientes das corretoras não se contentam com o mínimo, os home
brokers servem hoje como uma ferramenta dupla, isto é, você compra e vende sim,
mas se quiser, pode analisar os gráficos dos ativos também.

Outro ponto bacana é que com a possibilidade de fazer análises, você tem acesso
direto às cotações dos ativos e por isso, você não precisa pagar a mais por elas ou
ficar tentando adivinhar os preços.

Mas há um problema.

Assim como existem várias coisas “2 em 1” que estão mais para “1,2 em 1”, o caso
aqui é parecido pois das duas funções oferecidas, a parte da análise costuma ser
cheia de bugs ou então, excessivamente simples.

É por motivos como esses que alguns traders definem como vão operar analisando
os gráficos em uma plataforma melhor antes e enviando as suas ordens de compra
ou de venda no home broker depois.

Portanto, caso a sua corretora não ofereça o que você precisa, pode valer a pena
considerar uma outra plataforma de análise, nem que você pague por ela e pelas
cotações separadamente ou use uma gratuita.

De qualquer forma, aqui estão os tipos mais comuns:

Integrada – Essa pode ser acessada do browser de sua escolha, seja ele o
Chrome, Firefox, Internet Explorer ou qualquer outro.

Você encontra a plataforma com os recursos necessários, se cadastra, paga


a taxa de uso (em alguns casos), faz o login e então, vai analisar o que você
bem entender.

O melhor é que além desses serviços já fornecerem as cotações, é possível


encontrar algumas que são gratuitas, o que sempre ajuda.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 78


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O pior é que as opções de personalização das ferramentas técnicas dessas


plataformas costumam ser péssimas.

Um bom exemplo é o dos Canais de Donchian.

Nas poucas plataformas que o oferecem, você pode usar um valor só, tanto
para X quanto para Y. Assim não dá para ter 75 / 35, só 75 / 75 ou 35 / 35, o
que te obriga a inserir dois canais (um de 75 e outro de 35) e ignorar todas
as linhas que sobrarem.

Se você sabe programar e quer criar as suas próprias ferramentas técnicas,


essa opção também deixa a desejar, o que não acontece com uma...

Instalável – Aqui você paga e faz o download de um software, instala no seu


computador com Windows (90% são para ele) e aí, fica livre para programar
e analisar o que você quiser.

Algumas também oferecem recursos extras como backtests com simulações


de Monte Carlo, análise automática de candlesticks e várias outras para que
o pacote valha a pena para o trader.

Esse é o lado bom.

O lado ruim é que apesar dos problemas das integradas sumirem, surge um
novo porque como uma instalável não vem com as cotações dos ativos, você
só poderá analisá-los se encontrar as cotações em outro lugar.

É verdade que existem excessões e você pode encontrar plataformas já com


os dados. Porém, como essas nunca oferecem algo além do básico, se você
quiser algo bom mesmo, o jeito é aceitar que a brincadeira poderá ficar mais
cara que o previsto.

Avançada – Se você assinar uma instalável diretamente pela corretora com


o pacote de dados fornecido (ou indicado) por eles, você terá acesso ao que
eu chamo de plataforma avançada.

Na prática você tem um “2 em 1” digno que, ao contrário dos quebra-galhos


que os home brokers oferecem, pode valer a pena.

Outra vantagem é que os custos diminuem por você ter comprado os dados,
o software e estar usando os serviços da corretora. Afinal, se o pacote todo
saiu do mesmo lugar, também sai dele um bom desconto.

Porém, a desvantagem é que mesmo assim o preço tende a continuar alto.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 79


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Honestamente?

Plataformas integradas, como a do ADVFN.com, são fantásticas quando você não


está afim de logar no home broker mas precisa fazer uma consultinha rápida aos
preços de um ativo.

Já as plataformas instaláveis, como a do Metastock, Amibroker ou Ninja Trader são


ideais se você precisa de funções específicas ou se as oferecidas pelas corretoras
forem ruins ou muito caras.

“Legal, mas se a plataforma da corretora não servir e eu precisar de outra, onde é


que eu vou achar as cotações?”

Isso depende...

Se você deseja fazer position trades com ações ou futuros brasileiros,


você pode acessar todas as cotações EOD (end-of-day, atualizadas no final
do pregão) da Bovespa de graça.

Por volta das 6h30m (depende do horário de verão) a própria Bovespa libera
as cotações, alguns sites as pegam e as compilam de uma forma um pouco
mais prática de se usar e as liberam, também de graça, através de softwares
como o GrapherOC.

Se você quer fazer position trades com ações ou futuros internacionais,


entenda que como são países demais, é impossível listar os procedimentos
de todos eles aqui.

Porém, acredito que traders de outros países encontrarão cotações EOD das
suas respectivas bolsas no Kinetick (link abaixo) ou é claro, na internet após
algumas horas de pesquisa.

Por outro lado, como day traders precisam de cotações em tempo real e ninguém
as fornece de graça...

Se o objetivo é fazer day trades com ativos brasileiros, existe a Quantsis,


que inclusive funciona com o GrapherOC, e a TradeZone.

Se o plano é fazer day trades com ativos internacionais, existem opções


como o IQFeed (compatível com o Amibroker) e o Kinetick (otimizado para o
Ninja Trader) e, como visto acima, cobre os ativos de diversas maneiras.

De modo geral, todo e qualquer trader pode encontrar o que deseja, nem que para
isso ele precise pesquisar ou abrir a carteira.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 80


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Agora, eu sei que eu falei das muito das taxas mas eu apenas o fiz porque muitos
traders acreditam que gastando rios de dinheiro com bancos, corretoras, bancos e
dados, as suas chances vão melhorar.

Isso não é verdade.

A maioria dos traders não vai tirar 1% a mais por ano gastando mais que o mínimo,
não importa a qualidade dos produtos adquiridos, pois o mínimo costuma ser mais
do que o suficiente.

Logo, não há vantagem no excesso, só disperdício.

Porém, os que realmente precisam de produtos e serviços diferenciados devem se


tranquilizar no fato de que os custos são uma parte do jogo e quem não os aceitar,
não pode jogar e quem não pode jogar, não pode ganhar.

E por falar em ganhar, antes que um trader possa viver dos mercados, ele precisa
enfrentar um último obstáculo.

Esse sim é difícil...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 81


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O Capital

Qualquer um pode operar ações, futuros, forex ou qualquer outra coisa com pouco
ou quase sem capital.

Você investe R$200 em um fundo aqui, mais R$700 em um ETF ali e se for viável,
investe R$5000 em ações depois.

Toda essa acessibilidade é fantástica pois permite que o iniciante comece a operar
sem precisar de grandes quantias de dinheiro.

Porém, a vantagem termina aí.

Infelizmente, apesar de ser completamente possível investir aos poucos para juntar
milhões no futuro, a pessoa que deseja viver da bolsa não pode esperar muito pois
ela precisa do dinheiro para o agora.

Ou seja, você até pode começar com pouco, mas você não pode mesmo viver dos
mercados sem antes ter muita bala no canhão.

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Entenda que para a sua carreira de trader profissional e autônomo funcionar, você
precisa fundamentalmente de duas coisas:

Um sistema com um edge;


O capital adequado.

Sem um edge, não importa que você tenha R$10 milhões para operar porque você
vai queimar mais rápido que o Hindenburg enquanto ouve algum mané gritar “ohh,
the humanity!” na sua cara.

Sem o capital adequado, não importa que o seu sistema seja robusto e o seu edge
seja fantástico porque mesmo que as porcentagens dos seus lucros sejam altas, o
lucro em R$ não será o bastante.

É por essa e por outras que neste capítulo nós vamos encarar a ilusão do viver da
bolsa sem capital e então, conhecer algumas soluções que podem resolver esse
problema tão desagradável.

Então, agora que chegou a hora da “pílula vermelha”, aperte bem os cintos porque
essa pode doer...

A Ilusão
Na hora certa vamos falar mais sobre esse assunto, mas o que você precisa saber
agora é que um trader se paga um salário.

Existem diversas maneiras de se pagar um salário, sendo uma das mais simples, a
de se pagar por volta de 1% do seu capital todos os meses.

Nesse caso, a quantia em R$ do seu salário de 1% precisa ser alta o bastante para
que ela cubra as suas despesas.

Portanto, para saber quanto dinheiro você precisa, antes de tudo você deve definir
quanto dinheiro você quer.

Ou seja...

Se você deseja ganhar R$1k por mês, então você vai precisar de um capital
em torno de R$100k.

Se você quiser ganhar R$5k, vai precisar de um capital de R$500k.

Se quiser ganhar R$25k sem ter pelo menos R$2,5kk em conta, você poderá
encontrar grandes dificuldades.

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Aí você pergunta...

“Pô, mas eu só tenho R$10k para operar, isso significa que eu só posso me pagar
por volta de R$100 por mês?”

Sim, é isso.

Quando você se paga 1% ao mês, o seu capital tem mais espaço para crescer pois
apesar da % do salário ser pequena, a sua rentabilidade real será maior, algo entre
2% e 4%. Logo, você se paga menos do que ganha, o seu capital e salário em R$
crescem e você opera sem grandes pressões.

Porém, se você se pagar +3%, a sua rentabilidade real também deverá ficar acima
disso pois do contrário, você irá se pagar mais do que ganha, o seu capital não vai
crescer com facilidade e a pressão por resultados será tão forte que um dia desses
você vai acabar no hospital, ou pior ainda, no cemitério.

Sim, é verdade que se você não se importa muito em ver o seu capital crescer, não
será tão ruim se pagar uns 2% ao mês. Mas como esse valor é alto demais para o
iniciante, ele acaba ficando preso aos 1% por motivos de segurança.

Com isso posto, agora que você entendeu que não dá para viver da bolsa sem que
o seu capital permita um bom salário em R$, responda:

“Será que 1% por mês é o suficiente?”

Caso seja, meus parabéns, você não terá problemas e poderá viver da bolsa assim
que o seu edge for definido.

Por outro lado, caso 1% esteja longe do que você precisa para viver em R$, então
restam apenas quatro caminhos:

Operar arriscando tudo na gestão do dinheiro enquanto se paga um salário


grande e reza para que tudo funcione;

Desistir dos seus sonhos, como fazem pelo menos 95% das pessoas (e não
apenas traders) ao longo de suas tristes vidas;

Pesquisar outras profissões, como fazem aqueles que até querem dinheiro e
liberdade, mas não necessariamente nos mercados;

Aguentar as pontas no seu emprego atual enquanto dá um jeito de acumular


mais capital e investe o que possui até que o seu 1% seja o suficiente em R$
para que você viva sem nenhum tipo de desconforto financeiro.

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E agora, o que fazer?

Existem alguns traders que, contra todas as probabilidades, ganham fortunas nos
mercados antes de perceberem que arriscaram demais. Então eles corrigem o seu
modo de operar e vivem da bolsa com segurança depois.

O problema é que para cada história de sucesso que envolve riscos grandes e que
até mereceriam um filme, existem outras dezenas de histórias nas quais os manés
kamikazes acabam mortos.

Ou seja, pode até dar certo, mas não vale a pena contar com isso, o que faz com
que esse plano seja apenas um sonho, uma ilusão.

Já a ideia de desistir dos seus sonhos é imperdoável e nenhum homem ou mulher


que se preze merece respeito ao seguir esse caminho, principalmente se o sonho
em questão for algo simples, como viajar o mundo, comprar uma Ferrari ou ganhar
15kgs de músculos.

Por outro lado, a ideia de desistir não dos seus sonhos, mas dos mercados em si
pode ser viável para muitos pois o “viver da bolsa” oferece vantagens encontradas
em várias outras profissões.

Ninguém precisa trabalhar com ações para ter liberdade e dinheiro. Quem preferir
pode abrir uma empresa, fazer “freelas”, desenvolver o layout de sites na internet,
oferecer consultoria etc. basta ficar atento para não perder as oportunidades que
surgirem por aí.

Agora, se você não quiser se arriscar loucamente, desistir da sua vida e ama muito
os mercados para pensar em outra coisa, o caminho que resta é o mais popular e
viável para a maioria dos traders.

É o que eu chamo de...

A Solução
A maioria dos traders iniciantes começa a operar com um capital adequado para a
bolsa (i.e. as taxas não os matam) mas totalmente inadequado para o objetivo de
viver da bolsa.

Você sabe o que eles fazem?

Eles “aguentam as pontas” caso o trabalho deles seja ruim, estudam os mercados
com muita dedicação, investem o pouco que têm, dão um jeito de conseguir mais
capital e uma hora, eles acabam chegando lá.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 85


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O que acontece depois é bem previsível.

Eles começam a se pagar 1% do capital que possuem, largam os seus empregos e


vão viver as suas vidas ao máximo antes que elas acabem, o que é inevitável para
todos mas ignorado pela maioria.

Enfim, essa fase de acumulação consiste em operar o seu sistema com um edge e
no meio tempo, conseguir mais dinheiro.

Sendo assim...

Se você tem um emprego, lute por um aumento, economize o que puder de


forma obcecada e com disciplina, encontre um bom sistema e opere-o para
adquirir alguma experiência.

Além dessa ser uma solução simples, a maioria dos traders que eu conheço
começaram assim e após alguns anos de sacrifício e paciência atingiram os
seus objetivos, o que prova a eficácia do modelo.

Se você não tem um emprego mas acha a ideia agradável, procure um que
seja útil e que te ajude a acumular o capital, nem que não seja um emprego
real mas sim, “bicos”.

Esses dias eu conheci um trader que levantou capital cortando a grama dos
vizinhos e pintando os números das suas casas nas guias.

Você pode fazer o mesmo nos finais de semana até se já tiver um emprego
durante a semana e estiver disposto a trabalhar mais. Esse tipo de coisa dá
trabalho sim, mas faz toda a diferença.

Se você tem um negócio, considere expandí-lo ou pense nas maneiras em


que você pode melhorar os seus lucros, talvez investindo em uma campanha
de publicidade ou cortando gastos.

Muitos não sabem, mas o que me ajudou demais a levantar o capital foi um
negócio de jogos de XBOX que eu tinha no Mercado Livre. Com o tempo eu
passei a vender almanaques importados do Batman e do Spider Man para
aumentar os meus rendimentos. Funcionou muito bem.

Sim, o Batman me ajudou a viver da bolsa...

De qualquer forma, talvez pareça ser difícil melhorar um negócio que você já
conhece, mas sempre há um jeito de conseguir aquele “extra” para ajudar o
seu capital a crescer.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 86


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Se você não tem um negócio mas acha a ideia legal, como um trader com
a sua inseparável mentalidade de empreendedor acharia, monte um negócio
do zero, nem que seja algo simples.

Não importa que seja uma única máquina de vender refrigerantes ou quatro
tiozinhos que você contratou para vender sorvete: sempre existem maneiras
simples de se empreendeer.

Apenas fique de olho nas oportunidades pois elas existem em abundância,


basta que você seja criativo o suficiente para encontrar a solução que facilite
um pouco mais a sua jornada (ou a substitua, caso a bolsa não seja mesmo
a opção ideal).

Enfim, se você não tem capital ou uma fonte de renda para te ajudar a acumular os
recursos, saiba que essa não é uma desculpa decente para não operar, muito pelo
contrário, é uma desculpa de perdedores.

Entenda que “quem quer, dá um jeito e quem dá um jeito, pode até sofrer muito no
começo, mas uma hora chega lá”.

Apenas note que se o seu plano for mesmo o de viver dos mercados e não apenas
aproveitar o estilo de vida que a profissão oferece, você precisa estar certo de que
deseja seguir o caminho.

Eu tenho um exemplo muito bom para ilustrar essa vontade de seguir com a bolsa,
uma história que vou compartilhar agora.

É o seguinte...

Sabe quando alguém resolve se tornar um médico ou um engenheiro?

Esse alguém considera todos os prós e os contras, pensa nas possibilidades e, se


não mudar de ideia pouco depois, mantém a sua decisão e segue com a profissão
sem olhar para trás.

Porém, apesar de muitos escolherem as suas profissões assim, eu nunca analisei


os prós e os contras antes de operar profissionalmente.

Comigo e com muitos traders de sucesso que eu conheço, foi uma constatação ou
“descoberta” ao invés de uma decisão normal.

Eu não pensei por algum tempo e disse:

“Ok, eu decidi ser um trader!”

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 87


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Não, foi mais nos moldes de:

“Putz, eu vou ser um trader, caramba!”

Acredito que comigo foi assim porque após estudar os mercados por vários meses
a fio, eu percebi que não poderia fazer outra coisa com a mesma felicidade porque
o meu desejo sempre se voltava aos mercados.

Era um caminho difícil?

Sim.

Era um caminho pouco acessível?

Sim.

Eram as probabilidades de fracasso maiores?

Com certeza, mas como era o que eu queria fazer, eu só podia aceitar que eu seria
um trader de qualquer jeito, apesar dos obstáculos que precisariam ser superados,
inclusive o do capital inicial pequeno.

Portanto, se você também sente que o caminho dos mercados não é uma escolha
sua mas sim, uma constatação como “eu tenho pés!” ou “eu gosto de garotas!”, dê
um jeito e levante o capital!

Peça um aumento, arrume um emprego, melhore ou crie um negócio e não importa


o que seja, tenha calma, mantenha o foco e quando o seu 1% for o suficiente, dê o
passo final...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 88


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O Dia a Dia

Com a mentalidade, sistema, contas e dados em ordem, o último passo é explorar


o seu edge operando os ativos.

Para que o processo funcione, você deve seguir um dia a dia pré-definido, ou seja,
uma rotina adequada.

O problema é que como o que serve para um trader pode não servir para o outro,
cada um precisa definir o seu próprio dia a dia para que ele atenda bem às suas
necessidades.

Do contrário, ninguém pode viver da bolsa.

Sendo assim, agora nós vamos descobrir como que um trader realmente trabalha,
o que ele faz, o que ele deixa de fazer, no que ele pensa e como ele age ao longo
do seu dia a dia de modo geral.

Começando, para variar, com um exemplo...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 89


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O Meu Dia a Dia


Quando um trader iniciante não tem muita ideia do que um trader autônomo encara
todos os dias, ele tem dificuldades ao encarar os seus.

É por isso que antes de brincarmos de “alfaiate de traders”, eu devo explicar o meu
dia a dia para que possamos usá-lo como um modelo depois.

Aqui vamos nós...

Como alguns já sabem, eu sou um position trader que opera apenas small caps da
Bovespa com um sistema baseado nos Canais de Donchian usando o Amibroker e
as cotações EOD do GrapherOC em minhas análises.

Para que o edge desse sistema possa ser bem explorado, eu preciso ficar de olho
nessas small caps para ajustar ordens de compra ou de venda ao menos uma vez
ao dia e com isso, deixar o home broker fazer o resto no meu lugar.

Por exemplo...

Se uma ação estiver custando R$12 e a linha superior dos Canais estiver próxima
desse valor, eu abro o home broker e coloco uma ordem start para que a ação seja
comprada se o preço passar dos R$12.

Em alguns casos isso não acontece e a ordem fica lá até que eu a cancele. Só que
quando a resistência é rompida pra valer, a ordem é executada e as ações entram
na minha carteira pouco depois.

Note que eu não preciso estar na frente do computador nessa hora, eu só preciso
ajustar a ordem start quando o ativo estiver perto de romper porque o home broker
faz o resto sozinho.

Enfim, se a ordem for realmente cancelada, eu volto a observar os ativos. Mas se


ela for executada, o próximo passo é ajustar uma outra ordem, stop loss, para me
proteger de eventuais perdas.

Se a linha inferior dos Canais estiver situada em R$10, eu entro mais uma vez no
home broker e ajusto a ordem stop para que, caso os ativos queiram “conhecer” os
R$9,99, a operação termine no mesmo instante.

De vez em quando a corretora cancela as minhas ordens, mas como todos os dias
eu analiso os ativos para ver o que está perto de romper (ou não) e entro no home
broker para ajustar as ordens necessárias, mesmo quando a corretora atrapalha a
minha vida eu tenho tempo de sobra para corrigir os problemas.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 90


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Sendo assim, o meu trabalho consiste em olhar os gráficos das ações small cap da
Bovespa, ajustar ordens start e stop e só.

Eu não visito sites de notícias.

Eu não leio palpites de analistas.

Eu não procuro ferramentas novas.

Além do “analisa e ajusta” de todos os dias, duas vezes ao ano eu estudo a minha
performance para ver se está indo tudo bem, backtesto o meu sistema para o caso
de encontrar novas ideias de trading e atualizo a lista de small caps para evitar os
ativos cujo ritmo de crescimento diminuiu.

Com isso, o meu dia típico fica mais ou menos assim:

Eu acordo (já de tarde);


Leio e respondo os e-mails do leitores;
Atualizo as cotações com o GrapherOC após o pregão;
Analiso todas as small caps com o Amibroker;
Ajusto as ordens na corretora;
Vou para a cama.

Parece pouco e é mesmo.

Todo o trading consome por volta de 20 minutos diários, muito raramente passando
disso e muitas vezes ficando aquém dessa marca. Em alguns dias eu não preciso
ajustar nada e o trabalho acaba em 5 minutos.

É verdade que trabalhando mais, talvez o dia todo como um day trader, eu poderia
ter ganhos um pouco maiores, o que possibilitaria um salário acima daqueles 1%
mencionados anteriormente.

O problema é que ao criar o seu dia a dia pensando no trading, você precisa definir
se pretende trabalhar com o objetivo de conquistar ganhos máximos ou se prefere
a liberdade máxima.

Eu prefiro muito mais a liberdade.

Mas e se você quiser os ganhos máximos, fazendo swing trades no forex às 3 da


manhã usando cotações em tempo real e sem ordens start e stop?

Aí você precisa de uma rotina totalmente diferente, que é o que você vai aprender
a definir a seguir...

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O Seu Dia a Dia


A ideia aqui é considerar os diversos fatores e variáveis mencionadas em todos os
capítulos até então e uní-los em uma coisa só.

Em outras palavras, você deve programar o seu dia a dia da mesma forma em que
você monta um quebra-cabeça.

Não entendeu?

Então preste atenção porque eu vou usar como modelo de explicação a rotina que
apresentei nas páginas anteriores.

O raciocínio é esse...

Eu odeio acordar cedo demais e ficar plantado no computador e por isso eu


resolvi fazer position trades porque eles me permitem trabalhar pouco e a
qualquer hora do dia.

Os ativos que eu opero são small caps da Bovespa porque essas ações de
empresas pequenas tendem a render mais do que as grandes, é muito fácil
para um brasileiro operar ações brasileiras no Brasil (duh!) e de um ponto de
vista legal, a segurança é alta.

No caso das operações em si, os suportes e resistências me atraem porque


além dos conceitos serem lógicos e terem sobrevivido ao teste do tempo, eu
posso usar os Canais de Donchian para localizá-los facilmente.

Como o meu home broker não compartilha o meu amor pelos Canais, eu uso
uma plataforma paga, que é o Amibroker, para acessar a ferramenta e fazer
backtests que definem as melhores configurações possíveis para ela e para
o modelo da gestão do dinheiro que eu uso.

Infelizmente o Amibroker não possui as cotações necessárias, mas já que os


position trades devem ser ajustados diariamente e não a cada 15 minutos ou
segundos, eu posso usar as cotações EOD grátis do GrapherOC.

Apesar de economizar nas cotações, às vezes eu pago alguns TED's porque


uma de minhas corretoras atuais, a TOV Corretora, não trabalha com o meu
banco atual, que é o Bradesco. Em compensação, eu ainda uso uma conta
de universitário que custa apenas R$4 por mês.

Ao operar, eu analiso os ativos para saber quais estão perto de romper e uso
as ordens start e stop para automatizar os trades no home broker.

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Faz sentido, não acha?

Sim, e muito!

Tudo funciona perfeitamente (pelo menos pra mim) porque as peças do puzzle são
compatíveis entre si, ou seja...

A minha necessidade de acordar tarde é compatível com o mercado e com a


modalidade que eu escolhi;

O mercado é compatível com o país no qual eu moro;

Os ativos são compatíveis com o meu desejo por boas rentabilidades;

A ferramenta técnica é compatível com a minha apreciação pela simplicidade


e pelos bons e velhos conceitos;

A plataforma instalável que eu uso é compatível com essa ferramenta que eu


escolhi para operar;

As cotações são compatíveis com a modalidade, horário e, obviamente, com


a plataforma na qual eu faço as análises dos ativos.

Novamente, tudo se encaixa.

Se eu mudar muitas coisas, o planejamento pode ir para o brejo porque mesmo se


eu gostar do resultado, o dia a dia pode se tornar fisicamente impossível de seguir
com as mudanças.

Por exemplo...

De vez em quando eu trabalho de madrugada porque como as ordens start e stop


funcionam automaticamente, eu só preciso deixá-las ajustadas para o próximo dia,
caso ele seja um dia útil.

Logo, na abertura do pregão na segunda, todas as ordens devem estar lá e após o


término, eu devo observar o que aconteceu ou deixou de acontecer e ajustar tudo
novamente para o dia seguinte.

Porém, e se eu fizesse day trades ao invés de positions?

Aí o dia a dia fracassaria porque 20 minutos de trabalho não são o suficiente se as


ordens start e stop mudam sem parar devido a canais que mudam a cada 10 ou 15
minutos. Logo, eu seria obrigado a fazer diversos ajustes no mesmo dia.

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Além disso, com a troca de modalidade, o sistema precisaria ser modificado para o
edge não sumir, o que exigiria mudanças nas configurações da ferramenta técnica
e talvez, na plataforma.

Ahh sim, como são day trades, as cotações EOD perdem a sua utilidade, o que me
forçaria a assinar um caro pacote de dados porque sem cotações em tempo real é
impossível operar essa modalidade.

Percebeu a diferença?

Eu troquei os positions pelos day trades e o meu horário se tornou irreal, o edge foi
perdido e as cotações se tornaram inúteis, tudo porque as “peças” do dia a dia se
tornaram incompatíveis umas com as outras.

Nesse caso, a solução seria voltar à rotina de antes ou então, criar uma totalmente
do zero de forma que todas as peças se encaixassem.

É isso ou é fracasso.

Portanto, agora que você conhece o efeito catastrófico dessas incompatibilidades,


o óbvio se fazer é impedir que elas apareçam em primeiro lugar.

Para isso, certifique-se que...

O seu horário de trabalho seja agradável;


A sua modalidade seja compatível com esse horário;
O seu mercado seja compatível com o horário e a modalidade;
A ferramenta técnica também seja agradável;
A plataforma escolhida facilite o uso dessa ferramenta;
O acesso às cotações possa ser feito através da plataforma;
As taxas dos bancos e das corretoras não te atrapalhem demais.
O seu edge não desapareça durante o processo!

No geral, preste atenção nos detalhes e não se esqueça de pensar no seu próprio
bem estar ao criar o seu dia a dia.

E depois?

É só operar.

Aqui não há segredo.

Apenas seja disciplinado, operando nos mesmos horários e usando as ferramentas


de sempre nas mesmas configurações.

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Isso não quer dizer que você precisa operar como um “deus da guerra”, sem medo
e pegando os mercados pelo pescoço, não. Você só precisa operar corretamente e
não sair da linha, nunca.

Entenda que o único fator que separa os perdedores dos vencedores, define o seu
caráter e revela se você pode mesmo viver dos mercados, não é o que você pensa
ou o que você sente mas sim, o que você faz.

Você pode estar, literalmente, borrando as calças de medo ao iniciar um trade, mas
contanto que você continue explorando o seu edge sem hesitar, os seus resultados
serão idênticos aos dos outros traders.

Por outro lado, se você não quiser jogar dinheiro fora com “fraldas jeans”, um bom
livro sobre a psicologia do trading, como o “Trading in the Zone” do Mark Douglas,
pode te ajudar bastante.

Enfim, agora a sua missão é simples:

Definir um dia a dia cujas variáveis sejam compatíveis com os seus gostos e
entre elas mesmas;

Seguir essa rotina com disciplina, sem espernear como uma criança mimada
quando os doces acabarem.

É isso.

É só isso.

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Os Impostos

Parabéns!

Se você fez tudo certo até agora, você já tem o seu edge, um belo capital, um dia a
dia fantástico e o melhor, lucros!

Viva os lucros!

Com eles você pode viajar, comprar coisas, fazer cursos ou até ficar em casa sem
fazer nada enquanto as outras pessoas estão vivendo.

Hey, cada um faz o que quer, não é?

Porém, antes que você possa aproveitar os frutos do seu trabalho, você precisa se
pagar um salário adequado.

E antes de se pagar esse salário, você precisa abandonar uma boa parte dos seus
lucros para pagar alguns impostos...

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Quanto Pagar
Que tal uma tabela para ilustrar o drama?

Forex Futuros Ações


Day Trades 15% 20% 20%
Outros Trades 15% 15% 15% *

Como você pode ver, a Receita Federal não faz distinção entre os swing e position
trades. Para ela existem apenas os day trades, que duram um dia, e os outros, que
duram mais de um dia, tanto faz quantos.

De resto?

As alíquotas são claras:

Se você ganhou R$50k no forex com swing trades, você vai pagar 15%.
Se ganhou R$100k nos futuros com position trades, vai pagar 15%.
Se ganhou R$10k nas ações com day trades, vai pagar 20%.

A única diferença entre elas está no fato de que nos “outros trades” do mercado de
ações, existe aquela isenção de impostos para quem vender no máximo R$20k em
um único mês.

Isso que dizer que:

Se vendeu menos de R$20k no mês, você não paga um centavo;


Se vendeu mais de R$20k, você paga a alíquota sobre todos os lucros.

Agora, se as alíquotas em si parecem não ter segredos, para manter a tradição, as


coisas podem complicar no forex.

Talvez você tenha estranhado a alíquota de 15% para day trades ao invés dos 20%
das ações e futuros. A culpa é da própria Receita com as suas leis referentes aos
“Ganhos de Capital em Moeda Estrangeira”.

Como não existe regulação do forex no Brasil, nós usamos essas leis porque elas
são as que mais se aproximam da natureza do forex.

Porém, elas não dizem se os day trades feitos em moeda estrangeira são sujeitos
à mesma alíquota de 20% dos day trades nacionais ou à de 15% que elas mesmas
explicam. Logo, o certo é levar tudo ao pé da letra e seguir a regra que, felizmente,
exige o pagamento de uma taxa de reduzidos 15% para day trades.

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Enfim, conhecendo a alíquota a se pagar (sendo clara ou não, fazendo sentido ou


não), resta saber quanto em R$ você deve pagar.

Para isso, basta somar o resultado dos trades que foram fechados no mesmo mês,
deduzir os seus gastos e perdas anteriores e aí, aplicar a alíquota em % que você
vai encontrar o valor exato em R$.

Por exemplo...

Você começa o mês de janeiro operando ações mas ao final do mês, percebe que
acumulou perdas de R$10k. Nesse caso, você não paga nada pois ninguém paga
impostos sobre prejuízos.

Porém, em fevereiro você compra e vende várias ações, tem bons resultados mas
fica perdido ao pagar os impostos.

E agora?

E agora que o primeiro passo é descobrir quais e quantas ações você vendeu para
chegar nos lucros, algo fácil de se fazer quando você mantém o controle sobre as
operações nos mercados.

Se os seus trades perdedores deram o prejuízo de R$5000 e os vencedores deram


o lucro de R$35000, você tira um de outro e chega no resultado final de R$30000,
que representa o lucro bruto do mês.

Com o valor em mãos, você deduz os gastos com as corretagens (inclusive o ISS),
os emolumentos e, mais importante, com as perdas dos meses anteriores (perdas
do mesmo mercado, na mesma modalidade, SEMPRE) que neste exemplo, são os
R$10k do mês de janeiro.

Logo, se antes você precisava pagar 15% sobre R$35k, após deduzir os gastos de
R$1k, por exemplo, e as perdas anteriores de R$10k, você chega em R$24k, que é
o valor no qual a taxa de 15% será realmente aplicada.

Quanto é 15% de R$24k?

São R$3,6k.

Portanto, basta pagar esse valor até o último dia útil do mês seguinte (no caso, até
30 de março) que, pelo menos nos meses de janeiro e fevereiro, os seus impostos
estarão de acordo com as leis.

Sim, você deve fazer isso todos os meses.

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Como Pagar
Seja com ações, forex, futuros, opções ou ativos estrangeiros, o brasileiro paga os
seus impostos através dos DARF's, um tipo de boleto bancário que pode ser pago
em qualquer banco.

Quando você sabe quanto deve em impostos, você loga no site do seu banco, clica
em Pagamentos – DARF (ou semelhante) e quando o formulário aparece, você só
preenche os dados e o paga.

Os dados a serem preenchidos são:

1. Nome e Telefone – (os cadastrados na corretora)


2. Período de Apuração – (o dia em que você fez os cálculos)
3. Número do CPF ou CNPJ – (o que estiver cadastrado na corretora)
4. Código da Receita – (6015 para ações e futuros, 8523 para forex)
5. Número de Referência – (coisa deles, então ignore)
6. Data de Vencimento – (último dia útil do mês seguinte)
7. Valor Principal – (quanto você deve)
8. Valor da Multa – (nada, se você for responsável)
9. Valor do Juros e/ou Encargos – (idem)
10. Valor Total – (soma de 7 + 8 + 9)
11. Autenticação Bancária – (coisa do banco, ignore)

Quer um dica?

Pague pelo internet banking porque os dados fixos ficam gravados e nos próximos
DARF's você quase não tem trabalho para preencher o resto. Se você levar 3 ou 4
minutos para fazer tudo já será demais.

Quer outra dica?

Evite não apenas o trabalho de preencher os DARF's mas também o de calculá-los


usando um serviço como o do site Bússola do Investidor ou aqueles oferecidos (às
vezes, de forma gratuita), pelas próprias corretoras.

Não ignore o que eu vou falar!

Não há nada mais chato e irritante do que calcular o valor de um boleto referente a
um imposto que você nem quer pagar. Então se você tiver alguma forma de evitar
esses cálculos, não seja bobo, apenas use-a.

Por outro lado, se você for um libertário voraz como o Ron Paul ou o Andrew Ryan,
saiba que existem formas de não pagar ou pagar menos...

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Como Não Pagar


Quem conhece o poder dos juros compostos entende o dano que todos esses 15%
fazem na sua acumulação de capital.

Felizmente existem três maneiras muito boas de se reduzir ou aniquilar o problema


de uma vez por todas.

São elas:

Evitar o day trading;


Operar apenas ações;
Mudar para um outro país;

Em primeiro lugar, o day trader paga 20% e trabalha feito um condenado enquanto
os outros trabalham menos e pagam só 15%. Logo, se você operar de uma forma
diferente, a sua alíquota diminui.

Considerando também que existe a isenção de impostos para vendas até R$20 mil
em ações, se você não tiver tanto dinheiro assim ou não vender volumes grandes
com frequência, pode valer a pena operar só ações.

E é claro, se você não quiser pagar absolutamente nada por uma simples questão
de princípios, você pode se mudar para Cingapura, Hong Kong ou Nova Zelândia e
pagar o abusivo e explorador imposto de ganhos sobre o capital de 0%.

Mas não se esqueça:

Se nada disso for viável, aceite a situação e pague os impostos porque para quem
deseja um dia acumular um capital realmente admirável, um pequeno escorregão
hoje pode custar caro amanhã.

Depois não diga que eu não avisei...

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O Salário

Agora sim!

Depois das taxas de corretagem, softwares, serviços de dados e impostos, todo o


drama finalmente acabou!

O que é seu é seu e de mais ninguém!

Ninguém mais pega!

Ninguém mais rouba!

Logo, a única coisa a fazer é se pagar um salário decente e aproveitar o que a vida
pode oferecer de melhor.

“Mas como é que um trader se paga?”

Através dos modelos que vamos conhecer a seguir...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 101


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Modelo de Valor Fixo


O primeiro modelo segue a filosofia da simplicidade.

Se você gasta R$5000 por mês, mesmo que os seus lucros mensais ultrapassem a
marca, você continuará se pagando R$5000 e nenhum centavo a mais.

Esse modelo exige que o seu capital seja grande o suficiente para que você ganhe
mais de X por mês e que o seu edge, mercado e modalidade possam garantir tais
retornos todos os meses, mesmo nos mais sofridos.

Ou seja, é mais para day e swing traders.

O motivo é simples:

Como um day ou swing trader opera com uma frequência grande, o seu edge pode
ser explorado o tempo todo, o que até não garante resultados super altos mas com
certeza garante uma estabilidade alta.

Já o position trader com os seus 8 trades por mês, encontra uma estabilidade bem
fraca pois em um mês ele ganha 2%, no outro perde -4% e depois perde -3% para
no seguinte, ganhar 16%.

Logo, day e swing traders podem usar esse modelo porque todos os meses devem
apresentar lucros devido a alta quantidade de trades, enquanto os position traders
talvez prefiram evitá-lo porque em um mês ruim, eles ficam sem salário.

É aquela história do “pode mas não deve”.

Em um mundo cheio de crédito, a ideia de viver de lucro em lucro não é impossível


para um position trader. Você ganha em janeiro, estica os lucros, ganha em março,
gasta o que sobrou de janeiro, estica novamente e por aí vai.

Não é um modo muito confortável de se viver porque existe muita pressão e além
disso, como em alguns anos um position trader pode ter prejuízos, nem sempre os
cartões o ajudam a aguentar as pontas.

A minha opinião?

Caso você não seja um day, swing trader ou um bilionário que ganha milhões mas
só bebe Coca Cola, anda de Gol e vive com os R$6k de sempre, existem modelos
um pouco mais interessantes.

Existem também alguns mais perigosos...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 102


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Modelo de Apropriação Total


Sim, o segundo modelo é o que apresenta os maiores riscos a quem o usa para se
pagar um salário.

A ideia é muito simples:

Se você ganha X no mês, você se paga X.


Se você ganha Y no mês, você se paga Y.
Se você perde Z, você fica sem nada.

Isso significa que se em janeiro você ganhar R$3kk, você fica com tudo (ou melhor,
com o que sobrar depois dos impostos) e se ganhar R$0, fica com R$0.

O que você ganha é seu, você gasta e acabou.

Gasta quanto quiser, sempre.

O perigo do modelo está no fato do trader gastar todos os lucros sem pensar duas
vezes ao invés de reinvestir a maior parte para conquistar retornos ainda maiores
no futuro com a ajuda dos juros compostos.

Quando um trader opera assim, ele até ganha bem nos meses positivos, mas esse
“bem” é amaldiçoado pelo status quo pois ele nunca tem aquela sensação boa de
ver retornos cada vez maiores.

Para completar, nos meses negativos ele sofre com uma forte pressão psicológica,
a mesma do modelo anterior, porque ele não tem nenhum salário. Se estiver bem
no meio de um drawdown (período só de perdas), a situação piora porque ele fica
sem ganhar nada enquanto o seu capital diminui sem parar.

Quer mesmo saber?

Recomendo este modelo para traders idosos ou muito ricos que não têm a mínima
vontade de acumular um patrimônio maior porque o atual já é muito mais do que o
suficiente.

Ou seja, com certeza não serve para os traders jovens ou para aqueles que estão
começando agora.

Por outro lado, caso você não seja rico, idoso ou jovem e iniciante demais, há um
outro modelo que fica no meio termo.

Estou falando de um modelo híbrido conhecido como...

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Modelo de Apropriação Com Limite


O terceiro é uma mistura do primeiro com o segundo.

Aqui você se paga todos os lucros e os gasta como bem entender, mas só até um
certo limite.

Se esse limite for de R$30k, você pode gastar tudo como se fosse uma criança em
uma loja de brinquedos, contanto que você não passe dos R$30k, mesmo se você
ganhar mais do que isso no mês.

Por exemplo...

Os seus gastos médios são de R$15k por mês mas em um deles, você consegue a
quantia de R$200k e logo decide comprar um carro.

No modelo de apropriação total você descontaria os seus gastos médios do total e


ficaria com R$185k para gastar no carro, mas aqui você precisa impor o seu limite,
definido por você mesmo previamente.

Não existe nenhuma equação ou backtest para definir o limite ideal, você escolhe o
valor que quiser e acabou.

Enfim, se o limite for de R$50k, você desconta os seus gastos de R$15k e gasta os
R$35k que sobraram no carro de forma parcelada (que compensa para os traders
com boas rentabilidades – o grosso do capital continua na bolsa) ou à vista (se um
compromisso com carnês te desanima).

Esse é o modelo.

A diferença é que enquanto o segundo é mais para aqueles que querem aproveitar
a vida sem acumular nada, o terceiro é para os que desejam extrair um pouco mais
dos seus capitais, também aproveitando a vida no meio tempo.

E aí você pergunta / xinga:

“Pô Hugo, eu tenho 24 anos mas não sou o presidente do Uruguai, um aposentado
ou um quase aposentado, o que eu faço?”

Bem, para você existe um modelo mais adequado.

Não simplesmente “outro” modelo.

Esse é o “seu” modelo...

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Modelo de Porcentagem Fixa


Sim, você está certo.

O quarto modelo é o mesmo que eu expliquei no capítulo sobre o capital, porém, é


aqui que eu vou entrar em detalhes.

Como você já sabe, o princípio é o de se pagar uma pequena porcentagem do seu


capital como salário todos os meses, até nos negativos.

Ou seja...

Se o seu salário for de 1.5%, você vai se pagar 1.5% do seu capital por mês;
Se o salário for dos típicos 1%, você vai se pagar esses típicos 1%;
Se for de 0.5%, você vai pagar esses 0.5% e mais nada.

Não importa que o mês tenha sido o melhor ou o pior da sua vida e que o valor em
R$ varie de mês a mês, o importante é que o valor em % permaneça inalterado e
você o use como salário.

Dessa ideia surge uma pergunta:

“Legal, mas quanto eu devo me pagar?”

Para encontrar uma porcentagem equilibrada que não apresente um salário grande
(perigoso e insustentável) ou pequeno demais (chato e frustrante), um trader deve
considerar alguns fatores.

Esses fatores são:

A sua rentabilidade em geral;


A sua vontade de acumular dinheiro logo.

Em relação à rentabilidade, imagine que você está sofrendo muito nos mercados e
os seus retornos não passam de 1% ao mês.

Será que você pode se pagar 1.5%?

É óbvio que não pois como a sua rentabilidade não chega perto disso, nem com o
modelo de apropriação total você pode se pagar 1.5%.

Por esse motivo, o primeiro fator exige que antes de definir uma porcentagem para
o seu salário, você deve se certificar que a sua rentabilidade mensal média (ênfase
na palavra “média”) seja, no mínimo, o dobro da porcentagem desejada.

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Ou seja...

Se você ganha 4% ao mês, não se pague mais de 2%.


Se você ganha 2%, não se pague mais de 1%.
Se ganha 1%, aprenda a viver com 0.5%.

Fazendo isso você ganha X, se paga X/2 (metade) e os outros X/2 (também) ficam
nos mercados sendo reinvestidos para que o seu capital cresça e apresente lucros
cada vez maiores.

É um bom plano, não acha?

Sim, mas muitos traders discordam.

Isso também é normal e às vezes, inteligente.

Quando um trader começa a viver da bolsa, normalmente a sua maior prioridade é


acumular mais capital para que no futuro o seu 1% ou 1.5% represente um salário
em R$ de valores superiores.

Além de procurar edges melhores para tirar performances melhores, a forma mais
fácil de acelerar essa acumulação de capital é diminuindo o seu salário para que o
seu capital cresça com mais facilidade.

Sendo assim, ao invés de se pagar metade da sua rentabilidade mensal e deixar a


outra metade nos mercados, você pode se pagar um quarto e deixar os outros três
nos mercados.

Caso queira ir além, você pode se pagar porcentagens ainda menores, como 0.1%
se a sua rentabilidade for de 1%, 0.25% se ficar entre os 2% ou nada, se você tiver
a intenção de ser “hardcore”.

Conheço diversos traders que não se pagaram um centavo enquanto trabalhavam


em seus empregos antigos pois estavam dando duro para começarem a viver dos
mercados com um capital mais adequado.

É um esforço muito grande?

Sim, mas te ajuda no começo e compensa no final.

Enfim, é isso.

Recomendo esse modelo para os traders profissionais iniciantes e jovens, ou seja,


abaixo de 40 anos, com o mínimo de ambição em suas vidas.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 106


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Modelo de Porcentagem Variável


O quinto e último modelo é uma versão do quarto modelo com uma pequena dose
de flexibilidade.

A ideia é alterar suavemente a porcentagem do seu salário caso o mercado indique


que aumentá-la para aproveitar bons períodos ou diminuí-la para se proteger dos
ruins, possa valer a pena.

Aqui estão os exemplos práticos:

Se o seu salário for de 1% e surgir um mercado altista fortíssimo, você pode


se render ao pequeno luxo de se pagar 1.25%.

Se ele for de 2% e surgir o oposto, um mercado baixista horrível, você pode


se tranquilizar se pagando 1.5%.

De modo geral, esse modelo também é para o trader jovem cuja prioridade número
1 é acumular muito capital.

A diferença entre ele para o trader do modelo anterior é que esse não abre mão de
se divertir de vez em quando e não gosta de se pagar tanto quando a sua mente o
pede para continuar com mais calma.

O seu objetivo?

Oferecer um conforto e uma liberdade maior para o trader quando ele for se pagar
o salário que sustentará o seu estilo de vida cheio de alegria, felicidade, satisfação
e é claro, tranquilidade psicológica e financeira.

Afinal, depois de tanto trabalho, isso é o mínimo a se esperar...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 107


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O Futuro

Você conhece a seleção natural?

Então você sabe que não são os mais fortes, ricos ou inteligentes que sobrevivem,
são os capazes de se adaptar facilmente.

Um trader precisa se adaptar ou precisa desistir.

Sim, eu sei que o trabalho típico se resume a seguir a mesma rotina diariamente e
se pagar de vez quando.

Porém, quem não for capaz de identificar mudanças no seu sistema, capital e nos
seus desejos, não pode prosperar.

É por esse motivo que esse capítulo não existe para te ajudar a viver da bolsa mas
sim, para te ajudar a viver dela para sempre.

Com isto posto, agora nós vamos analisar o futuro...

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 108


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Do Sistema
Um bom sistema é um sistema robusto.

Isso significa que esse sistema possui a capacidade de sobreviver aos melhores e
piores períodos nos mercados sem dificuldades.

No capítulo sobre o edge eu apresentei um sistema bastante simples baseado nos


conceitos de suporte e resistência, sendo explorados atráves dos práticos e fáceis
Canais de Donchian.

Esse sistema é robusto porque é simples, se baseia no que há de mais básico no


mundo do trading e é claro, porque os seus conceitos vieram dos estudos sobre a
psicologia de diversos traders pelo mundo.

O ponto negativo é que ele só funciona nos position trades feitos nas small caps da
Bovespa com os valores indicados.

Se você usá-lo para fazer swing trades?

Vai dar errado.

Se você usá-lo para operar futuros?

Vai dar errado também.

Logo, apesar de ser um sistema muito bom, a maioria dos leitores deste e-book vai
querer seguir um caminho diferente.

É aí que está o problema.

Se esse “caminho diferente” não for explorado com um sistema robusto (o que é o
caso de 70% dos sistemas, bons e ruins), você não vai poder apostar para sempre
na sua robustez.

Muito pelo contrário, você será obrigado a apostar que uma hora o seu sistema vai
quebrar, o seu edge vai desaparecer e se você não quiser ir com ele, será preciso
agir antes que seja tarde.

Portanto, quando você já estiver operando há algum tempo com uma boa dose de
sucesso, lembre-se que tudo isso vai acabar do nada se você ignorar os sinais de
que o sistema não funciona mais.

Felizmente é fácil perceber esses sinais.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 109


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O primeiro deles, o mais óbvio, pode ser percebido quando o governo ou qualquer
órgão regulador destrói o seu edge.

Se você vive de vendas à descoberto, por exemplo, e os governantes do seu país


resolverem proibí-las temporariamente por causa de alguma crise estúpida criada
por eles mesmos, você estará acabado.

Me lembro que o grande Jesse Livermore teve problemas gravíssimos para ganhar
dinheiro no mercado de ações quando o seu órgão regulador teve a ideia genial de
inventar regras novas.

O resultado foi que ele nunca mais ganhou um centavo e, incentivado também por
diversos problemas pessoais, acabou se matando.

É claro que se o governo ou seja lá quem for te atrapalhar, você até pode reclamar
mas ainda assim a responsabilidade será sua e consequentemente, serão também
todos os prejuízos e as dores de cabeça.

Então fique de olho no que o seu governo faz!

Agora, o segundo sinal pode ser notado quando um sistema deixa de se comportar
como sempre se comportou.

Por exemplo...

Se durante anos o seu sistema apresentou retornos parecidos mas do nada, eles
começaram a diminuir sem que existam períodos semelhantes nos seus backtests
ou nos seus trades, é provável que a má fase não seja uma má fase real mas sim,
um sinal de que o seu sistema já era.

E aí você pergunta:

“Pô, mas isso é vago demais, então como é que eu vou saber quando ou se o meu
sistema está indo para o saco?”

Apesar dos procedimentos não serem 100% eficientes porque o diagnóstico de um


sistema só pode ser feito por um trader com experiência no seu próprio sistema, a
melhor maneira de evitar o problema é:

Fazer backtests com frequência;


Estudar os seus trades mais antigos;
Analisar a performance do seu sistema.

Em outras palavras, fique sempre de olho no seu sistema!

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 110


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Da Slippage
Quando você quer comprar uma ação que custa R$10, você tem duas alternativas
de ordens para a operação:

Ordem Limitada;
Ordem à Mercado;

Com a primeira, a sua ordem fica na bolsa de valores até que alguém te venda as
ações por R$10. Se ninguém quiser te vender por esse preço, a ordem fica parada
esperando um cancelamento.

Com a segunda, a ordem é executada imediamente, tanto faz o preço. Logo, se no


momento do envio a ação estiver sendo negociada por volta de R$10,05 você vai
pagar R$10,05 para comprar essa ação.

Caso a única pessoa disposta a vender a ação queira vendê-la por R$10,14 e você
não estiver afim de esperar, você vai pagar R$10,14.

Essa diferença nas compras e vendas à mercado (ordens “agendadas” como starts
e stops sofrem do mesmo mal) é conhecida como “slippage”.

Agora, quando o seu capital é pequeno e não passa dos 3 dígitos, ela se torna um
mero aborrecimento porque apesar de perder alguns reais, são poucos.

Só que quando o seu capital é grande, nem sempre você encontra alguém para te
vender as ações que você precisa no preço desejado.

Aí está o novo problema.

Enquanto o trader “pobre” que deseja comprar 1000 ações por R$10 precisa pagar
R$10,05 ou algo simular, o “rico” que deseja 10000 pelos mesmos R$10 pode ser
obrigado a pagar R$10,05 nas primeiras 2000, R$10,11 nas outras 3000, R$10,22
nas próximas 1500 e por aí vai.

Ou seja, quanto mais dinheiro ele ganha, mais ações ele opera, mais slippage ele
paga e menor se torna a sua margem de lucro.

Isso significa que se você se tornar um bom trader, uma hora você vai precisar se
adaptar ao aumento de capital / slippage e trocar de mercado.

É claro, se você trabalha em algum mercado super líquido, esse problema demora
para surgir. Só que se você também gosta de operar small caps, saiba que se tudo
der certo, não será por muito tempo...

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Dos Impostos
Você é um trader de sucesso que possui o máximo de liberdade, muito dinheiro e a
vontade de acumular mais.

Você é um homem livre que não responde a ninguém, não segue ninguém e trilha
o seu próprio caminho.

Você gasta 15% dos lucros com impostos no Brasil enquanto em Hong Kong você
não gastaria nada.

E agora?

E agora que quando eu fiz a sugestão de se mudar de país para gastar menos em
impostos eu estava falando sério!

Não adianta racionalizar dizendo que você não se importa em “contribuir” pagando
o que é “justo” ou que você não se importa em acumular mais capital porque você
já tem o suficiente.

Se você é um trader jovem, ambicioso e que acredita que a vida tem muito mais a
te oferecer do que oferece hoje, não há como negar os fatos:

As coisas ficariam muito mais fáceis se você não precisasse jogar tanto dinheiro no
lixo porque alguns manés ignorantes não entendem que taxar investimentos é uma
das piores formas de atrapalhar esses investimentos.

E não, isso não é o pior que pode acontecer...

Recentemente, um certo país europeu cheio de líderes sábios e racionais resolveu


taxar punir os seus cidadãos bem sucedidos com uma baixa e quase insignificante
alíquota de 75% no imposto de renda.

É claro que esse imposto não tem nada a ver com as ações, futuros ou moedas do
forex negociadas pelos cidadãos desse país e muito menos com os negociados no
Brasil pelos brasileiros.

Mesmo assim a mensagem é clara:

Como nenhum trader tem o controle sobre os impostos que serão aplicados sobre
os seus ganhos, é vital conhecer países melhores. Se não for para se mudar, pelo
menos para saber para onde correr numa emergência.

Novamente, uma simples questão de sobrevivência e adaptação.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Da Sua Satisfação
Até hoje eu não conheci um trader de sucesso que não tivesse uma forte espécie
de “alergia” ao status quo.

Esses traders possuem os seus sistemas, as suas técnicas, as suas rotinas e eles
as seguem com toda a disciplina necessária para fazer com que tudo isso funcione
de forma rentável e satisfatória.

Porém, não importa que demore alguns ou vários anos porque uma hora ou outra,
mais cedo ou mais tarde, eles se cansam de operar do mesmo jeito e para evitar a
depressão, recomeçam mais uma vez.

A lição aqui é clara:

Se você não quiser que a sua vida profissional perca o “sal” aos pouquinhos, você
vai precisar recomeçar algumas vezes também.

Pode ser de forma suave.

Pode ser de forma dramática.

Talvez você mude de ações para futuros.

Talvez troque as médias móveis pelos candlesticks.

Talvez resolver operar ouro nos Emirados Árabes Unidos.

Na verdade, tanto faz que seja relacionado aos mercados porque tudo na vida, por
melhor que possa parecer a um primeiro olhar, tudo enche o saco depois de algum
tempo, dias, meses ou anos.

Tudo, sempre.

Você pode comprar uma Ferrari e andar feito um lunático por vários meses, só que
uma hora a graça desaparece e você fica apenas com um carro caro e chato com
um IPVA saído de um filme de terror.

Você pode se mudar de uma favela para uma mansão, só que após alguns meses
você se acostuma com a mansão e a ideia irracional de que “as coisas lá na favela
nem eram tão horríveis assim” entra na sua cabeça.

No trading, hoje você pode chamar os Canais de Donchian de fascinantes, só que


amanhã, vai chamá-los de chatos, mesmo se ainda funcionarem.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Agora, eu não quero entrar em uma discussão filosófica tentando descobrir porque
tantas pessoas (e traders) se cansam das coisas tão facilmente e logo começam a
correr atrás das próximas novidades porque muitos já desperdiçam as suas vidas
debatendo esse tipo de assunto.

Alguns acham que a culpa é dos meios de comunicação que mandam as pessoas
consumirem porque “a facilidade vem do consumo”.

Outros acreditam que precisamos de variedade porque como a vida é fácil demais,
sem mudanças nós não manteríamos bons níveis de satisfação.

O conceito até possui um nome:

A lei dos retornos diminutos diz que a cada aumento de qualquer coisa importante
para você, os retornos (financeiros ou psicológicos) diminuem.

Logo, você pode aceitar tais retornos cada vez menores, sejam de dinheiro ou de
felicidade ou rejeitar o status quo e se adaptar.

Como ainda estamos falando dos mercados, você pode mudar de mercado, trocar
de modalidade ou até usar uma ferramenta nova (ou configurações novas), talvez
uma criada por você mesmo.

De qualquer forma, não se esqueça que você pode ter dinheiro e tempo livre, mas
se você não estiver aguentando nem logar no seu home broker para ajustar alguns
stops, saiba que em pouco tempo a casa vai cair.

E você não vai querer correr o risco de ver todo o seu trabalho ir para o espaço só
porque as coisas ficaram meio chatas, vai?

Então seja inteligente e...

Preste atenção no seu sistema e certifique-se que ele está funcionando da


maneira correta.

Caso opere ações, acompanhe a slippage para saber exatamente quando o


momento de dar adeus chegou.

Se não suporta os impostos ou deseja que o seu capital cresça mais rápido,
reveja os seus planos e considere uma mudança.

Finalmente, mantenha as coisas interessantes no trading porque senão logo


elas ficarão interessantes por conta própria, não de uma maneira legal e sim,
de uma cheia de lágrimas porque você deixou tudo desandar.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Para terminar, se eu pudesse resumir todas essas lições (não apenas a última) em
uma frase, apesar de ser clichê, eu escolheria:

“Stay hungry, stay foolish.”

Ou seja, continue com muita sede por conhecimento e não pare de ser curioso, se
adaptar, crescer e nunca deixe o tédio dominar a sua vida!

Acredito que o Steve Jobs nunca tentou viver da bolsa, só que pensando assim, eu
aposto que se tentasse, ele iria conseguir.

E você pode conseguir também.

Basta não parar nunca.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Boas Leituras

Quando eu era um iniciante sem a mínima noção sobre nada, o meu único objetivo
era estudar o máximo até cair.

Nas épocas mais intensas eu cheguei a ficar até às 4 horas da manhã num sábado
lendo livros em inglês sobre os mercados.

E nos dias comuns?

Era pior, um livro por dia, todos os dias, até nos úteis.

Agora, eu não vou recomendar que você fique consumindo materiais relacionados
à bolsa feito um condenado.

Mas se você quiser, eu posso te ajudar.

É por isso que nesse capítulo eu quero dar algumas sugestões dos livros que mais
tiveram impacto na minha formação como trader...

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Casais Inteligentes Enriquecem Juntos


Eu nunca teria me envolvido com a bolsa de valores se não fosse
por este livro sobre educação financeira.

Por mais básico que seja, ele abriu os meus olhos para o mundo
dos juros compostos e da acumulação de capital.

O conceito do “poupa e investe”?

Nunca teria ouvido falar se não fosse por ele.

Logo, se você quiser operar sem entender a importância da educação financeira e


correr o risco de gastar os seus lucros logo no começo com alguma bobagem, esta
obra pode te ajudar a impedir isso.

O Segredo da Mente Milionária


Quer descobrir um pouco mais sobre o efeito de colocar os seus
objetivos no pedestal?

Então o livro do T. Harv Eker será ótimo para esclarecer as coisas


apesar do seu título a là “O Segredo” (que eu não recomendo pois
é péssimo).

O autor fala das suas tentativas em montar negócios, das vitórias,


dos fracassos, o que ele aprendeu, o que os outros pensaram etc.

Se trata de uma leitura extremamente fácil, rápida e para aqueles traders (ou não)
com uma mentalidade inadequada, muito útil.

O Milionário Mora ao Lado


Esse livro incrível possui estatísticas sobre os hábitos de consumo
de centenas de milionários americanos.

O fato mais chocante?

Eles andam de carro popular, gastam sem exageros e não vivem


como personagens de filmes de Hollywood.

Se você acha que sabe identificar um milionário pelo carro que ele
dirige, as roupas que veste ou onde ele mora, você terá uma surpresa.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

O Homem Mais Rico da Babilônia


Fácil, rápido e barato.

Apesar da maioria dos livros desse capítulo serem sobre histórias


reais, esse daqui é uma ficção.

Ele conta a história de um homem cujos problemas financeiros fez


com que ele se tornasse um escravo.

Não vou estragar o final mas ele envolve a educação financeira.

Como muitos se cansam de livros de “auto-ajuda”, a história de George S. Clason


representa uma agradável mudança no estilo da escrita.

Pai Rico, Pai Pobre


Um dos clássicos.

Esse conta como o autor seguiu ou deixou de seguir os conselhos


dos seus “dois pais”.

O seu pai verdadeiro era um funcionário público sem dinheiro ou


vontade de empreender e poupar.

Já o pai do seu amigo era um empresário de sucesso.

Também falando do modo de pensar, a história é muito recomendada para os que


precisam mudar de mentalidade e para isso, desejam ler tudo sobre o assunto.

Quem Pensa Enriquece


Lançado em 1937, o popular livro do Napoleon Hill é um dos mais
mencionados nas listas de “livros top” de pessoas de sucesso que
eu conheci até hoje.

O autor entrevistou diversos milionários e bilionários durante anos


para encontrar padrões de comportamento que pudessem explicar
tanto sucesso.

E sim, ele encontrou os padrões.

Como esse livro é domínio público, você o encontra em inglês aqui.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

As a Man Thinketh
Ao ler essa obra do James Allen eu levei um soco bem no meio da
cara em duas ocasiões:

Esse foi um dos poucos que no meio da leitura eu encontrei uma


frase extremamente sábia que me fez parar e pensar “nossa, eu
nunca tinha pensado nisso antes!”

Até hoje eu recomendo as suas curtas páginas para aqueles cuja


mentalidade (é claro) fica no meio do caminho.

Apesar de raríssimo no Brasil, ele também é domínio público e você pode baixá-lo
em inglês no link desta página aqui.

Trabalhe 4 Horas Por Semana


Existem pessoas que trabalham 8 horas por dia e acham que não
há mais nada que elas possam fazer.

Existem pessoas que trabalham da mesma forma, não aceitam os


resultados e tentam mudar.

O best seller do Tim Ferriss não fala sobre a bolsa mas te ajuda a
aceitar que é possível sim viver trabalhando pouco e/ou ganhando
bem se você tiver o mínimo de coragem.

Eu o recomendo para os “descrentes” que rejeitam tudo o que é “diferente” e que


precisam de ajuda para aceitar que eles estiveram errados a vida toda.

Screw It, Let's Do It


Quando a sua mentalidade não põe nada no pedestal, você acaba
com uma mentalidade como a do Richard Branson.

Cheio de exemplos e histórias, essa impressionante leitura mostra


o jeito de pensar do dono da Virgin, o jeito certo.

Se você ainda não acha que a única coisa que te impede de fazer
o que você quer fazer é a sua mentalidade (sempre ela!), caso ele
não te ajude, nada mais vai ajudar.

Recomendo para todos os traders, empreendedores, lixeiros, hamsters etc.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Memórias de Um Operador da Bolsa


O meu livro de cabeceira conta a história de Larry Livingston, um
pseudônimo de Jesse Livermore, que foi um dos melhores traders
de todos os tempos.

Sim, foi esse mesmo que se matou, mas a história termina antes
disso e só fala sobre o trading.

Conceitos de psicologia, suportes e resistências (sem usar esses


termos) e muito mais são cobertos aqui.

Quem me ouve, acha que eu leio vários livros mas na verdade eu leio os mesmos
várias vezes. Como esse é um dos que eu mais leio, eu o recomendo.

How To Trade In Stocks


Esse foi escrito pelo próprio Jesse Livermore!

Também o li diversas vezes e sempre aprendo algo que não tinha


aprendido antes.

Os assuntos são os de sempre:

Psicologia do trading (sobre a capacidade do trader em seguir os


seus próprios métodos), suportes e resistências etc.

Apesar da última parte (que fala do sistema dele) ser bastante confusa, não vale a
pena deixar esse ótimo livro de lado.

How I Made 2kk in The Stock Market


Um dançarino começa a operar ações, ganha no começo e desse
momento em diante fica viciado na bolsa.

Aqui, Nicolas Darvas conta como ele acumulou $2kk (quando isso
era bastante dinheiro) mesmo sendo obrigado a comer o pão que
o diabo amassou ocasionalmente.

Eu o li em um único dia porque além de te ensinar muita coisa útil


(sobre psicologia e S&R, é claro), ele é divertido.

Portanto, se você tiver um tempo, não deixe de conferí-lo pois ele é único.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Way of The Turtle


Desse eu não esperava nada mas hoje ele está no meu “Top 3” de
livros sobre o trading, junto com o Memórias de Um Operador da
Bolsa e o Trading in The Zone (próxima página).

O autor, um ex-turtle, conta como foram os dias do experimento e


explica porque ele se deu melhor do que os outros.

Se você apostar em “operar sem ser uma maria mole emocional”,


você estará completamente certo.

Agora, talvez você não leia todos os livros que eu recomendei, mas ignorar o ótimo
Way of The Turtle seria irracional.

Trade Your Way to Financial Freedom


O Van K. Tharp foi o grande responsável em popularizar o que ele
chama de position sizing (gestão do dinheiro).

Só levando isso em conta, o livro já merece respeito, com o resto


então, merece ainda mais.

A melhor parte é a da metáfora das bolas de neve que explica os


elementos de um sistema como se fizessem parte de uma guerra
de, adivinha, bolas de neves.

Posso dizer que eu também não estaria aqui se não fosse por esse livro, um pouco
chato às vezes, mas super interessante nas outras.

Definitive Guide to Position Sizing


Como o próprio nome sugere, o segundo livro do Van K. Tharp diz
respeito única e exclusivamente ao position sizing.

Nele, você conhece vários modelos diferentes, modos de analisar


as estatísticas com uma confiabilidade maior e muito mais.

É verdade, os seus detalhes e informações são meio “over-kill” em


alguns pontos e vários traders ficarão com dor de cabeça se não
lerem tudo aos pouquinhos.

Ainda assim, se você quiser saber o máximo sobre position sizing, esse é o livro.

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Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Trading in The Zone


Nos três e-books que eu escrevi até hoje, eu recomendo o grande
“Trading in the Zone” do Mark Douglas em todos.

O motivo é simples:

Ele é o melhor livro sobre a psicologia do trading que existe.

Se você não o leu ainda, eu desisto de tentar te convencer, saiba


que a perda é apenas sua.

Mas se você nunca ouviu falar dele e tem interesse no assunto, seja esperto e não
pense duas vezes: apenas o leia o mais rápido possível.

Enhancing Trader Performance


Outro livro sobre a psicologia do trading muito bacana é o pesado
e interessante “Enhancing Trader Performance”.

Ele é pesado porque de vez em quando o autor se aprofunda nos


conceitos de uma forma um pouco complicada de entender. Não
chega a atrapalhar mas cansa.

E ele é interessante pois o autor tem experiência com centenas de


traders e explica os padrões dos seus comportamentos.

Confesso que aprendi e pensei em coisas que nunca passaram pela minha cabeça
antes e por isso, eu o recomendo também.

Série Market Wizards


Entrevistas com traders de sucesso!

A série Market Wizards é composta do primeiro “Market Wizards”,


do segundo “New Market Wizards” e do mais recente e específico
“Stock Market Wizards”.

Todas as entrevistas são fáceis de ler, rápidas (com excessões) e


de vez em quando, são feitas com alguns dos melhores traders do
mundo como Paul Tudor Jones ou Ed Seykota.

Portanto, quando você quiser um típica “leitura de avião”, lembre-se dessa série.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 122


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Quando os Gênios Falham


Eles eram os mais inteligentes do mundo acadêmico na época e o
capital que levantaram dos clientes era gigante.

Mesmo assim, tudo deu errado e o fundo dos gênios explodiu.

Um dos livros mais interessantes dessa lista conta uma lição até
simples demais:

Quando você não aplica o básico do trading, nada funciona.

Recomendo para os traders com um ego excessivamente grande que não aceitam
que todos nós somos formigas perante aos mercados e precisamos agir como tal
para sobrevivermos.

~$~
É claro, não vou dizer que os meus outros e-books mudaram a minha vida porque
eles foram escritos depois disso!

Por outro lado, talvez eles mudem a sua...

O “Como Investir na Bolsa de Valores Com Pouco Dinheiro” ensina o iniciante com
pouco capital a acumular mais com investimentos em fundos, ETF's e ações.

Já com “A Tríplice do Trading” ele aprende a criar um bom sistema e a testá-lo com
direito à todas as estatísticas possíveis, do começo ao fim.

Você encontra uma prévia em PDF do primeiro aqui e do segundo aqui.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 123


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Conclusão

Sinto muito, eu não consigo.

Depois de recomeçar essa conclusão diversas vezes tentando criar algo motivador,
eu percebi que isso não é justo com você.

O motivo pode não te agradar e com certeza vai desagradar ou até mesmo ofender
alguns dos leitores mas ele não pode ser ignorado:

A profissão de trader não merece ser colocada no pedestal!

Você não está tentando construir um foguete, provar a teoria das cordas ou ganhar
um trilhão de dólares.

Você não está tentando acabar com a fome, com o câncer ou com as incessantes
guerras que destroem o mundo.

Não, nada disso.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 124


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Você quer mais tempo e dinheiro.

Você quer se livrar da sua rotina atual.

É simples.

É fácil.

Como eu disse algumas vezes ao longo deste e-book, nem todos vão atingir esses
objetivos nos mercados porque talvez eles notem que outras atividades ofereçam
resultados iguais de maneiras diferentes.

O “trader wannabe” de hoje pode se tornar o empresário de amanhã, o corretor de


imóveis da semana que vem ou o aposentado que vive exclusivamente de cupons
do tesouro direto no próximo ano.

Porém, não importa o caminho que te leve a esses objetivos, mercado ou não, não
se esqueça que eles mal chegam perto de serem difíceis e por isso você não tem o
mínimo direito de desistir.

Pense agora:

Eu poderia dizer que pouquíssimos traders vão conseguir viver da bolsa porque ela
é só para pessoas assim e assado e que existem dificuldades grandes, absurdas e
blá blá blá e mi mi mi.

Mas quer saber a verdade?

Não há nada de especial em viver da bolsa.

Não há nada de especial em trabalhar pouco e ganhar bem.

Você não vai se tornar magicamente um exemplo de sucesso ao atingir o nível de


sustentabilidade desejado nos mercados porque apesar de levar tempo e dar mais
trabalho do que muitas profissões, isso não é difícil o suficiente para se orgulhar.

Entendeu?

Se você quer mais dinheiro e tempo livre e você consegue, você só cumpriu com a
sua obrigação e não merece os parabéns.

Se você quer essas coisas, não consegue e desiste no meio do caminho, você não
pode dizer que “era difícil demais mesmo” mas sim, você deve sentir vergonha por
ter cuspido nos seus sonhos, sonhos simples e fáceis.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 125


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Novamente, não há nada de especial em se tornar um trader, ter muito tempo livre
ou ganhar relativamente bem.

Você não está fazendo nada de especial.

Você está apenas fazendo o que você deseja fazer.

Se falhar?

Então você é um perdedor.

Se vencer?

Então você não é um perdedor, mas também não é um vencedor necessariamente


pois essa vitória não vale tanto assim.

Tá, eu sei que alguns vão dizer:

“Minha vida sempre foi muito difícil e então, no meu caso, viver da bolsa e mandar
o meu chefe ir pastar seria uma vitória enorme sim, valeria demais sim, então fica
na sua, seu pivete mimado!”

Porém, quem pensa dessa forma, coloca os seus objetivos no pedestal e até sem
querer, perde a batalha antes de lutar.

Deixe-me compartilhar uma observação curiosa:

Eu conheço pessoas que fizerem coisas tão incríveis e impressionantes que eu até
fico com vergonha. Porém, essas pessoas também não consideram os seus feitos
como impressionantes e nunca os colocam no pedestal.

Sabe qual é a lição?

Que quando você pensa que o seu objetivo é “uma montanha a ser escalada”, tudo
fica mais difícil. Mas se você pensa que o objetivo não é especial, como é no caso,
você acredita mesmo que dá para chegar lá.

O John D. Rockefeller não pensava em acumular 1 trilhão de dólares (já corrigidos)


mas como ele não colocou a quantia no pedestal, ele acumulou.

O Warren Buffett não imaginava que poderia ganhar bilhões investindo na base do
buy and hold mas como ele também não colocou tais quantias no pedestal, sem a
limitação psicológica da ideia, ele chegou lá e hoje pode se dar ao luxo de competir
com o Bill Gates e o Carlos Slim pelo título de “homem mais rico do mundo”.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 126


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Portanto, entenda agora de uma vez por todas:

Se tornar um trader e viver da bolsa nem sempre é um passeio no parque mas não
chega a ser um passeio no inferno.

O que você faz?

Você encontra um edge.

Você junta o capital adequado.

Você opera sempre do mesmo jeito.

Você se paga um salário todos os meses.

Você se adapta quando as situações exigem.

Acabou.

Sem segredos.

Sem grandes dificuldades.

Só uma longa curva de aprendizado.

Então siga o seu caminho com calma e dedicação, não pule as etapas e nunca dê
atenção aos “traders” que colocam a bolsa no pedestal para não se sentirem como
os perdedores que são quando desistirem de vez.

Se o homem foi à lua, enviou um robô à marte, construiu o Burj Al Arab, inventou a
TV, o alfabeto, a álgebra e escreveu Pulp Fiction, acho que você pode se esforçar
um pouquinho e viver dos mercados.

Acha que eu estou certo?

Então prove.

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 127


Como Se Tornar Um Trader e Viver da Bolsa de Valores ♥ 1ª Edição

Obrigado!

Antes de você me enviar um e-mail para me agradecer ou xingar, eu gostaria de te


dizer “muito obrigado” por ter lido este e-book.

Reforço tais palavras se você for um leitor dos blogs.

Falando neles, caso você não os conheça, sinta-se livre para aprender ainda mais
(e de graça) nos links:

SenhorMercado.com.br
ComoInvestirnaBolsadeValores.com

É isso, espero que tenha gostado e aprendido muito.

Obrigado novamente e nos vemos na próxima!

Copyright © 2013 Hugo R. Teixeira | Página 128

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